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Teoria Geral das Provas CONCEITO Provar significa demonstrar a veracidade de um enunciado sobre um fato tido por ocorrido no mundo real. Prova como atividade probatória: conjunto de atividades de verificação e demonstração, mediante as quais se procura chegar à verdade dos fatos relevantes para o julgamento. (Direito à prova = desdobramento do direito de ação) Prova como resultado: Formação da convicção do órgão julgador no curso do processo quanto à existência (ou não) de determinada situação fática. Prova como meio: forma como se levará o processo. PRINCIPIOS Proporcionalidade: Autorresponsabilidade das partes: as partes assumem as consequências de sua inatividade, erro ou negligência, em relação à prova de suas alegações. Exemplificando, na hipótese de processo penal por crime de ação penal pública, caso o Ministério Público não comprove a prática do fato delituoso, a consequência será a absolvição do acusado. Oralidade: deve ser dada preponderância à palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída. princípio da concentração: Toda a colheita da prova e o julgamento devem ocorrer em uma única audiência (audiência de instrução e julgamento), ou ao menos no menor número de audiências (é possível cindir a referida audiência – arts. 400, §1º e 411, §2º, CPP). princípio do imediatismo: O magistrado deve ter contato direto (e imediato) com a prova produzida, formando mais facilmente sua convicção. princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias: deve-se trabalhar com a regra da irrecorribilidade das decisões interlocutórias. Isso, no entanto, não significa dizer que decisões arbitrárias não possam ser impugnadas. Haverá sempre a possibilidade de a matéria ser discutida em preliminar de futura apelação, seja por cerceamento à acusação, seja por cerceamento à defesa, sem prejuízo, obviamente, dos remédios constitucionais do mandado de segurança e do habeas corpus; princípio da identidade física do juiz: Consiste no fato de que o juiz que preside a instrução do processo, colhendo as provas, deve ser aquele que julgará o feito, vinculando-se à causa (art. 399, §2º, CPP). Liberdade probatória: adota-se, no âmbito processual penal, a mais ampla liberdade probatória, seja quanto ao momento ou tema da prova, seja quanto aos meios de prova que podem ser utilizados. Liberdade probatória quanto ao momento da prova: As provas podem ser produzidas a qualquer momento, salvo exceções - art 231. Exceções: o rol de testemunhas deve ser apresentado na própria peça acusatória - art. 41. Quanto à defesa, o momento é o da apresentação da resposta à acusação, nos exatos termos do art. 396-A. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. Ainda, durante o julgamento no júri não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. Compreende-se na proibição desse artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros. Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte Princípio do favor rei: decorre do princípio da presunção de inocência. Baseia-se na predominância do direito de liberdade do acusado quando colocado em confronto com o direito de punir do Estado, ou seja, na dúvida, sempre prevalece o interesse do réu. Contraditório: prova, tecnicamente é aquela colhida sob o crivo do contraditório, com a atuação das partes; Imediatidade do juiz: a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá julgar (identidade física do juiz); Comunhão das provas: Uma vez produzida, a prova pertence ao juízo e pode ser utilizada por qualquer das partes e pelo juiz, ajudando na busca pela verdade real, mesmo que tenha sido requerida por apenas uma das partes. FATOS QUE DISPENSAM PROVAS Fatos axiomáticos: É o fato óbvio. Ex: Pessoa decapitada, não precisa provar que ela está morta. Fatos públicos e notórios. são os de conhecimento geral em determinado meio. Ex 1: Não precisa provar que Lula foi presidente do Brasil. Ex 2: Mata uma mulher em razão do gênero feminino. Não precisa provar a condição de mulher. Fatos irrelevantes. Tudo aquilo que é irrelevante, para o processo. Ex: Alguém é acusado de homicídio, não precisa provar no processo qual é a cor da arma. Presunções legais: verdades que a lei estabelece. Podem ser absolutas (juris et de iure), que não admitem prova em contrário, ou relativas (juris tantum), que admite prova em contrário. Exemplo: menor de 18 anos é inimputável. Não é preciso provar o Direito, pois, se seu conhecimento é presumido por todos, principalmente do juiz, aplicador da Lei. Como exceção à regra, será necessário provar: leis estaduais e municipais. Ex.: Seu cliente teria praticado fraude de IPTU. Só que você alega que ele aderiu ao refis, parcelando o débito. Refis é matéria municipal. Tem que juntar a lei municipal. leis estrangeiras; normas administrativas; costumes. PROVA E ELEMENTOS INFORMATIVOS Art. 155, CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Elementos informativos é toda a matéria probatória colhida extraprocessualmente. Prova é toda matéria probatória colhida em juízo perante contraditório e ampla defesa. O juiz, na sentença, só pode condenar o réu com base em prova (matéria probatória colhida mediante contraditório e ampla defesa) porém, os elementos informativos podem servir para complementar os meios de prova colhidos no processo. Os elementos informativos não podem servir exclusivamente para a condenação (por isso que o IP não serve de prova, pois não há contraditório e ampla defesa). O fundamento para declarar a nulidade de uma sentença por falta de prova é o artigo 155 do CPP. Se não existirem provas o réu deverá ser obrigatoriamente absolvido com fundamento no princípio constitucional da presunção de inocência. PROVAS CAUTELARES, NÃO REPETÍVEIS E ANTECIPADAS Provas cautelares: - São aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova por decurso do tempo. São produzidas na fase policial, porém, sob a presidência de um juiz, ou seja, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. Dependem de autorização judicial, mas tem seu contraditório postergado/diferido. Ex: interceptaçãos telefônica. Provas perecíveis / não repetíveis: São aquelas que quando produzidas não tem como serem produzidas novamente, não dependem de autorização judicial e seu contraditório também é diferido. Ex: Lesão cicatrizada, testemunha que faleceu, objeto que para periciar precisa ser destruído. Nesse caso, o juiz precisa garantir o contraditório postergado ou diferido. Ele vai pegar a prova já produzida e vai dar oportunidade as partes de se manifestarem sobre ela. Ex: Tem um laudo de uma prova que não pode ser repetida. Aí, o juiz, na posse do laudo, vai intimar as partes para se manifestarem sobre o laudo. Provas antecipadas: possuem contraditório real, exemploclássico da testemunha que está hospital em fase terminal, nesse caso, depende de autorização judicial. Sua colheita é feita em momento processual distinto daquele legalmente previsto, por isso a classificação. TERMINOLOGIA DA PROVA Prova: é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Finalidade da prova: é influenciar no convencimento do julgador. Sujeitos da prova: é a pessoa ou coisa de quem ou de onde dimana a prova; a pessoa ou coisa que afirma ou atesta a existência do fato provando. Prova pessoal é toda afirmação pessoal consciente, destinada a fazer fé dos fatos afirmados, como a testemunha que narra o fato que presenciou. Prova real de um fato consiste na atestação inconsciente, feita por uma coisa, das modalidades que o fato provando lhe imprimiu. Reais, por exemplo, são o lugar, a arma, o cadáver, a ferida etc. Forma da prova: Quanto à forma da prova, ou seja, a maneira pela qual a prova se apresenta em juízo, a prova pode ser: Documental: a afirmação escrita ou gravada. Testemunhal: afirmação pessoal oral, compreendendo as produzidas por testemunhas, declarações da vítima e do réu. Material: é aquela que resulta da verificação existencial de determinado fato, que demonstra a sua materialização, ( o corpo de delito, os exames periciais, os instrumentos do crime.) Fonte de prova: pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova Fontes pessoais: ofendido, peritos, acusado, testemunhas Fontes reais: documentos, em sentido amplo Elemento de prova: todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz. Ex. depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento. Meio de prova (arts. 158 a 250 do CPP) instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no processo Ex. testemunha, documento, perícia. Podem ser lícitos (admitidos no processo ) ou ilícitos (são inadmissíveis as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais, devendo ser desentranhadas dos autos do processo) Fonte de prova: pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova. Ex. denúncia. Meio de investigação/obtenção da prova: procedimentos (em regra, extraprocessuais) regulados por lei, com o objetivo de conseguir provas materiais, e que podem ser realizados por outros funcionários que não o juiz. Ex. busca e apreensão; Ordinários: pode ser utilizado para qualquer delito (busca domiciliar) Extraordinários: (técnicas especiais de investigação) = utilizado para crimes mais graves. Caracterizam-se pela surpresa e pela dissimulação (LeI12.850/13). Objeto de prova: fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação Destinatário da prova: × 1ª corrente: A teoria majoritária adotada no Brasil entende que o destinatário da prova é o juiz. × 2ª corrente (Afrânio da Silva Jardim/ Ada Pellegrini Grinover): Existe uma corrente divergente que diz que os destinatários da prova são o juiz e as partes do processo (defesa e acusação) 3ª corrente (Auri, Renato Brasileiro): O destinatário direto seria o juiz, os intermediários as partes. Importante: diferenciar FONTE X MEIOS DE PROVA X MEIOS DE OBTENÇÃO Fontes: Derivam do fato delituoso em si, sendo introduzidas no processo através dos meios de prova. Meios de prova: Instrumento através do qual as fontes de prova são introduzidas no processo. É uma atividade endoprocessual, ou seja, é produzido no interior do processo com a participação do juiz e das partes. Consagra-se, assim, o contraditório e a ampla defesa. Meios de obtenção de prova: Procedimento extrajudicial que possui como objetivo localizar fontes de prova. Em regra, realizado na fase investigatória. CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS Prova direta x indireta Prova direta: prova direta é aquela que permite conhecer o fato por meio de uma única operação inferencial. Cita-se, como exemplo, o homicídio realizado na frente de outra pessoa. Prova indireta: se parte de um fato ou circunstância conhecida ou provada, e por dedução se chega aquilo que se pretende provar. Assim p chegar à determinada conclusão o juiz é obrigado a realizar pelo menos duas operações inferenciais. Por exemplo, gato e rato em uma caixa fechada, só sai o gato, testemunha só vê o gato saindo. Prova-se que saiu apenas o gato de lá, mas não se tem a prova direta que ele comeu o rato, é uma prova indireta, pois o rato não está em nenhum lugar. A prova indireta também é conhecida como sinônimo de indícios (art. 239) É possível condenar alguém com base em indícios (usado como sinônimo de prova indireta)? Sim, desde que se trate de indícios plurais, coerentes e coesos, e não de um único indício isolado. Prova semiplena : possui menor valor persuasivo, não autoriza um juízo de certeza, mas de mera probabilidade. É considerada relevante quando houver decretação de medidas cautelares. Indaga-se: é possível condenar alguém com base em uma prova semiplena? Não. CPP, art. 312 - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova (juízo de certeza) da existência do crime e indício (prova semiplena) suficiente de autoria. Prova emprestada Consiste na utilização em um processo de prova que foi produzida em outro, sendo que esse transporte da prova é feito por meio de certidão extraída daquele Pode ter origem em processo criminal, administrativo ou civil. Súmula 591 – STJ: permitida a prova emprestada no processo administrativo, disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa A maioria entende que é cabível, desde que tenha sido produzida em seu processo originário com contraditório e ampla defesa. O STJ possui julgados em que afirma que é possível a prova emprestada proveniente de ação penal que não participaram as partes. Renato Brasileiro salienta que este entendimento é equivocado, não há como chamar de prova emprestada a prova produzida sem a participação da parte. Seria, em verdade, prova documental Forma: Deve ser feita através de documentos. Valor probatório: terá o mesmo valor que possuía no processo de origem Requisitos: O contraditório deverá ter sido observado quanto às mesmas partes no processo de origem. Do contrário, é considerada uma prova documental, não tendo o valor de prova emprestada. Prova nominada x inominada Prova nominada: É a prova prevista em lei. Ex.: exame de corpo e delito (art. 158 e seguintes) Prova inominada: É a prova que não possui previsão legal. De acordo com o princípio da liberdade quanto aos meios de prova. Assim, ainda que o meio de prova não tenha previsão legal, será admitido, desde que não seja uma prova ilícita, imoral e antiética. Ex.: reconhecimento fotográfico por e-mail (comum nos casos de estupro) Prova típica x prova atípica Prova típica: É prova que possui seu procedimento probatório previsto em lei. Ex.: reconhecimento de pessoas (art. 226 do CPP). Obs.: o reconhecimento é uma prova nominada (previsto em lei) e típica (procedimento probatório previsto em lei). Prova atípica: É a prova que não possui seu procedimento previsto em lei. Ex.: reconstituição do crime e interceptação ambiental. Obs.: é prova nominada (prevista em lei) e atípica (procedimento não está previsto m lei PROVA ANÔMALA x PROVA IRRITUAL Prova anômala: Foi prevista na lei para ser utilizada de determinada maneira, mas o juiz ou as partes estão utilizando para outra finalidade .Ou seja, é aquela prova típica produzida sem a observância de seu procedimento probatório. É prova obtida por meios ilegítimos, podendo caracterizar uma nulidade absoluta ou relativa,a depender do caso concreto. Ex.: a testemunha - seu conhecimento deve vir aos autos através de um depoimento prestado em juízo, e não através de uma mera certidão juntada aos autos, sob pena de violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa Prova irrtual: É aquela produzida sem a observância o modelo típico previsto em lei. É prova ilegítima. Ex.: reconhecimento em juízo que não segue o procedimento descrito no art. 226 do CPP. Obs.: a jurisprudência dá pouca importância para o procedimento do reconhecimento, admitindo-o, ainda que não seja feito com as formalidades do art. 226 CRITÉRIOS DE DECISÃO (STANDARDS PROBATÓRIOS) O juiz, no Processo Penal, é chamado a proferir várias decisões em momentos diversos. Contudo, o seu grau de convencimento não precisa ser o mesmo. Por exemplo, o juízo de certeza na sentença condenatória não é o mesmo ao se decretar uma interceptação telefônica. Em suma: é o grau de convencimento que se exige do magistrado para a prolação de uma decisão, que irá variar de acordo com a decisão proferida. ÔNUS DA PROVA É a quem compete produzir a prova. O Código diz que quem alega o fato tem o ônus de prova-lo. Doutrinariamente isso se desdobra: A) Cabe a acusação provar: a materialidade e a autoria, ou seja, a tipicidade. Não é o réu que tem que provar a inocência, mas sim a acusação que tem que provar a culpa. Provada a autoria e a materialidade, ou seja, a tipicidade, ocorre a inversão do ônus da prova. B) Cabe a defesa provar: compete a defesa, uma vez provada a materialidade e a autoria, provar excludentes de antijuridicidade, de culpabilidade, de punibilidade. Ex: Tem um cliente acusado de homicídio. A defesa diz que o homicídio foi culposo. Quem tem que provar o dolo é a acusação. O juiz pode produzir provas de ofício? Toda produção probatória no Brasil é gerida pelo princípio da verdade real. Pelo princípio da verdade real, no processo penal, o juiz pode, de ofício, ir em busca das proas, com a finalidade de reconstituir o fato conforme foi praticado. O CPP diz que é uma faculdade do juiz produzir provas de ofício . Finalidade de dirimir dúvidas. Sempre que ele tiver uma dúvida sobre o fato ele pode, do curso da instrução até a sentença, produzir provas de ofício. É o que a doutrina chama de prova complementar / derivada / subsidiária. Pode produzir prova de ofício, ainda que antes do processo, quando para proteger provas cautelares e perecíveis (as chamadas provas emergenciais). - Todas as regras do artigo 156 são regras facultativas - Existem casos em que o juiz é obrigado a fazer a prova de ofício: Citação por edital, quando o réu não é encontrado. Em regra, ao juiz é facultado produzir prova de ofício, (art. 156 do CPP). Excepcionalmente, ele será obrigado quando a lei expressamente definir a obrigatoriedade. Ex: citação por edital quando o réu não é localizado. SISTEMA DE AVALIAÇÃO (VALORAÇÃO) DA PROVA É a forma no qual o julgador, o Estado juiz, aprecia a prova. Sistema tarifado/ sistema da prova tarifada (sistema francês) Pelo critério do sistema tarifado a lei estabelece o meio para provar o fato. A lei determina o meio para provar o fato. Ex: A lei diz que a única forma de provar um estuporo é através da perícia; a única forma de provar um arrombamento é a prova pericial técnica. É necessário ter a prova certa para o fato determinado. Sistema da intima convicção (é o que prevalece nos países que adotam o common law) Por esse critério, que é o oposto dos anteriores, o juiz pode decidir livremente. Ou seja, a lei não estabelece para ele o meio de prova específico. Ex: Pode provar a morte de alguém com um documento, com uma filmagem, com uma perícia, da forma que o juiz quiser. Sistema do livre convencimento motivado (aplicado nos países que adotam o civil law) É igual ao anterior, mas tem que motivar o porquê da utilização da prova. Toda decisão precisa ser fundamentada, todo juízo de valor precisa ser fundamentado. O Brasil adota todos os sistemas. Adota o sistema tarifado quando diz que só pode provar um homicídio através do exame do corpo de delito. No júri, os jurados (que são juízes populares) não precisam fundamentar sua decisão. No júri é utilizado o sistema da intima convicção. No mais, adotamos o sistema do livre convencimento motivado. Prevalece o sistema do livre convencimento motivado. Efeitos da adoção do Sistema do Convencimento Motivado pelo ordenamento brasileiro: Não existe prova de valor absoluto (ausência de hierarquia). Ausência de limitação quanto aos meios de prova provas inominadas. O juiz deve valorar todas as provas produzidas no processo, mesmo que para afastálas (exemplo: mesmo que o juiz não acolha, se ele a afastar, deverá declarar por motivo não é crível). Assim, não basta o direito a produzir a prova, surge o direito de que a prova seja apreciada pelo juiz contraditório. Somente são válidas as provas constantes do processo, conhecimentos privados do juiz não tem validade. DA PROVA ILEGAL 157 do CP: Trata do instituto da prova ilícita. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em Prova ilícita: É aquela que viola uma norma de direito material ou de direito constitucional. Ex: prova baseada no depoimento de uma testemunha em que o depoimento foi colhido sob tortura. Ex2 : Escuta telefônica feita sem autorização judicial. Ex3: Busca e apreensão sem mandado em imóvel. Ex4: violar correspondência. Ex 5: Sigilo entre advogado e cliente. Prova ilegítima: É aquela que viola direito processual. Ela viola regra da norma processual. Ex:1 Laudo não oficial realizado por apenas um perito (tem que ser dois). Ex 2: testemunha de defesa que é ouvida antes da testemunha de acusação. Ex 3: Interrogatório do réu que é o primeiro ato da instrução. Prova irregular: é uma criação do doutrinador Paulo Rangel. É uma prova que regula procedimento de validade de uma prova. Ex 1: A ausência da assinatura de um perito no laudo. Ex 2: A testemunha que não rubricou todas as páginas de seu depoimento. Prova irregular é uma modalidade de prova ilegítima. !!!!! ATENÇÃO !!!!!! pois o artigo 157 trata das provas ilícitas, não trata das provas ilegítimas nem das provas irregulares. A prova ilícita é retirada do processo, desentranhada dos autos. Aplica o artigo 157 do CPP. Essa regra não se aplica as provas ilegítimas e irregulares. Essas provas geram nulidade, do processo ou do ato. Aplica a teoria das nulidades. As provas irregulares geram nulidades sanáveis. As provas ilegítimas geram nulidades insanáveis. TEORIA DA PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO Art. 157 §1º Teoria dos frutos da árvore envenenada Para essa teoria, toda prova que deriva de uma prova ilícita também será ilícita. Ex: produzida uma prova A, dessa prova A chega-se a uma prova B. A prova A é declarada ilícita, a prova B é considerada ilícita por derivação. Dessa forma, tanto a prova A quanto a prova B serão desentranhadas do processo. A prova ilícita por derivação é uma aplicação da teoria americana da árvore dos frutos envenenados, cuja imagem traduz com bastante propriedade a ideia da prova ilícita: se a árvore é envenenada, seus frutos serão contaminados. Exemplo de aplicação: Testemunha A presta depoimento perante o juiz esclarecendo fatos do crime. Posteriormente, descobre-se que essa testemunha foi encontrada apenas em decorrência de uma interceptação telefônica ilegal. Logo, seu testemunho é contaminado e considerado ilícito. Exceções: 1. Hipótese da prova absolutamente independente: É uma situação óbvia. Tem uma prova A que gera uma prova B. Tem uma prova C que gera uma prova D. Se a prova A for ilícita ela não vai contaminar a prova D, vez que não há nexo causal entre elas. 2. Princípio da descoberta inevitável: Temuma prova A que gera uma prova B. Tem uma prova C que também gerou uma prova B. A prova A é uma prova ilícita, ela será extirpada do processo. A prova B não será extirpada do processo, pois ela foi purificada pela prova C. Chegar a B seria inevitável, pois ela também derivou da prova B. 3. Princípio da proporcionalidade Por esse princípio ou essa teoria uma prova ilícita seria validada se a intenção for proteger um bem jurídico mais relevante. Ex: Tortura seria admitida para impedir um ataque terrorista. 4. Teoria da excludente da licitude da prova Toda prova ilícita amparada por uma das excludentes do art. 23 do CP se tornaria lícita (estado de necessidade). OBS: Essa teoria só se aplica em favor da defesa; o bem jurídico violado pela prova tem que ser menor que o bem jurídico liberdade. LIMITAÇÕES À TEORIA DA PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO Com o passar dos anos, a Suprema Corte Americana entendeu que a Teoria da Prova Ilícita por Derivação não poderia ser aplicada de forma ilimitada. Diante disso, surgiram teorias que visam a licitude da prova, Algumas dessas teorias já vem sendo aplicadas no ordenamento jurídico Brasileiro. Teoria da fonte independente Trata-se da prova obtida de forma independente, não sendo contaminada pelo veneno da prova ilícita (de um lado ela tem relação com a ilícita, mas por outro lado tem uma fonte independente que a torna lícita). A Teoria da Fonte Independente já era adotada pelo STF (RHC 90.376, HC 83921), vindo a ser inserida no art. 157, §1º: Art. 157, § 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma FONTE INDEPENDENTE das primeiras. Teoria da descoberta inevitável Se restar demonstrado que a prova derivada da ilícita seria produzida de qualquer modo, independentemente da prova ilícita originária, tal prova deve ser considerada válida. O STJ (HC 52.995) foi o primeiro Tribunal Superior a adotar a Limitação da Descoberta Inevitável. O STF possui alguns precedentes (HC 91.867) adotando a referida teoria Teoria da limitação da mancha purgada Ocorre quando um ato posterior, totalmente independente, afasta a ilicitude originária. O vício da ilicitude originária é atenuado em virtude do espaço temporal decorrido entre a prova primária e a secundária, ou por conta de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória ou da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a persecução criminal. Há precedente do Superior Tribunal de Justiça adotando essa limitação. Teoria da boa-fé Quando a prova for produzida com total pureza de intenção, com a crença de se estar agindo dentro dos termos legais, pode ela ser aceita, ainda que ilícita. não há registros de sua aplicação na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. A teoria do risco Se busca dar fundamento à validade da prova obtida mediante violação ao direito à intimidade, com a utilização de escutas telefônicas, filmagens e fotografias clandestinas.
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