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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 INTRODUÇÃO AO TEMA ........................................................................... 4 3 CONDUTA NUTRICIONAL ......................................................................... 6 3.1 Prescrição nutricional para o indivíduo vegetariano ............................. 8 4 VITAMINAS ............................................................................................... 11 4.1 Vitamina A .......................................................................................... 11 4.2 Vitamina D .......................................................................................... 12 4.3 Vitamina E .......................................................................................... 14 4.4 Vitamina K .......................................................................................... 14 4.5 Tiamina ............................................................................................... 15 4.6 Riboflavina .......................................................................................... 15 4.7 Niacina ............................................................................................... 15 4.8 Vitamina B6 ........................................................................................ 16 4.9 Folato ................................................................................................. 16 4.10 Vitamina B12 ................................................................................... 17 4.11 Vitamina C ....................................................................................... 17 4.12 Ácido pantotênico ............................................................................ 18 4.13 Biotina ............................................................................................. 18 4.14 Colina .............................................................................................. 18 5 MINERAIS ................................................................................................. 19 5.1 Cálcio ................................................................................................. 19 5.2 Fósforo ............................................................................................... 20 5.3 Magnésio ............................................................................................ 20 2 5.4 Ferro ................................................................................................... 21 5.5 Iodo .................................................................................................... 21 5.6 Zinco................................................................................................... 22 5.7 Selênio ............................................................................................... 22 5.8 Cobre .................................................................................................. 23 5.9 Flúor ................................................................................................... 23 5.10 Manganês ....................................................................................... 23 5.11 Molibdênio ....................................................................................... 23 5.12 Cromo ............................................................................................. 24 5.13 Arsênio, boro, níquel, silício e vanádio ............................................ 24 6 PADRÕES DE DIETAS VEGETARIANAS ................................................ 24 7 VEGETARIANISMO NA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS ..... 29 7.1 Sobrepeso e obesidade...................................................................... 30 7.2 Doenças cardiovasculares ................................................................. 30 7.3 Hipertensão ........................................................................................ 31 7.4 Diabetes ............................................................................................. 31 7.5 Neoplasias .......................................................................................... 33 7.6 Câncer de cólon ................................................................................. 33 7.7 Câncer de mama ................................................................................ 34 7.8 Outras neoplasias e outras doenças .................................................. 34 8 ANOREXIA NERVOSA X VEGETARIANISMO ........................................ 35 9 ORTOREXIA X VEGETARIANISMO ........................................................ 36 10 AGROTÓXICOS .................................................................................... 37 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 40 12 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ....................................................... 44 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 INTRODUÇÃO AO TEMA Fonte: Pixabay.com De acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) é considerado vegetariano o indivíduo que exclui da sua alimentação todos os tipos de carne, aves, peixes e derivados, podendo ou não utilizar laticínios ou ovos (SVB, 2012). A dieta vegetariana é composta por alimentos de origem vegetal, como grãos e cereais integrais, leguminosas, vegetais, frutas, sementes, castanhas e nozes (ORLICH et al 2014; SLYWITCH, 2015). As principais dietas vegetarianas são: a dieta ovolactovegetariana, que exclui carnes da alimentação, mas utiliza ovos, leite e laticínios; dieta lactovegetariana, não utiliza carnes, ovos, mas consome leite e laticínios; dieta ovovegetariana, se abstêm de todas as carnes e laticínios mas consome ovos e vegetariana estrita: não utiliza nenhum derivado animal na sua alimentação (SLYWITCH, 2012). Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) de 2018 é crescente o número de indivíduos brasileiros que se declaram vegetarianos (14%) em relação ao ano de 2011 (9%) (SVB, 2018). As razões mais comuns para adesão ao vegetarianismo são a preocupação com a saúde, com o meio ambiente e o bem-estar dos animais (LIMA, 2018). Os vegetarianos também citam razões econômicas, considerações éticas, questões sobre a fome no mundo e crenças religiosas como motivos para seguir o padrão alimentar que escolheram (FESTA 2015). Outros ainda, especialmente mulheres, relacionam dietas 5 vegetarianas com a redução calórica e adotam como medida de controle de peso (PIMENTEL, 2014). O interesse por estudos sobre o impacto das dietas vegetarianas na prevenção de doenças e manutenção da saúde tem crescido, principalmente em relação aos riscos-benefícios na escolha desse padrãoalimentar, pois o número de adeptos vem aumentando em todo o mundo (CASTRO, 2016). Em relação ao perfil nutricional, as dietas vegetarianas apresentam níveis mais baixos de gordura saturada, colesterol e proteína animal, além de níveis elevados de carboidratos, fibras, magnésio, potássio, folato, vitaminas antioxidantes e a presença de compostos bioativos (SLYWITCH, 2015; SVB, 2012, PIMENTEL, 2014). A maioria dos nutrientes ingeridos podem estar adequados nas dietas vegetarianas, no entanto, é preciso estar atento à ingestão de ferro, zinco, cálcio e ômega 3. A vitamina B12 requer maior atenção e se necessário, deve ser suplementada (SLIWHICH, 2015). O risco da baixa ingestão de alguns nutrientes não faz com que dietas vegetarianas não sejam recomendáveis, pois, as evidências científicas mostram que os benefícios superam os possíveis riscos (CAMPBELL, 2017; PIMENTEL, 2014). Ainda, segundo o posicionamento publicado pela American Dietetic Association (ADA) e Academy of Nutrition and Dietetics (AND) as dietas vegetarianas balanceadas são adequadas a todos os estágios dos ciclos de vida, inclusive na gestação, lactação, infância e adolescência (SLYWITCH, 2012). Existem autores que afirmam que populações vegetarianas que vivem em condições alimentares satisfatórias, associadas a outros fatores de estilo de vida possuem boa saúde e maior expectativa de vida (ORLICH, M.J., & FRASER, 2014, CASTRO, 2016, CAMPBELL, 2017). Estudos apresentam que a dieta vegetariana contribui para o controle e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (PIMENTEL, 2014; BAENA, 2015), diminuição do risco de doença cardiovascular (BARNARD et al 2019), menores taxas de obesidade, diminuição do risco de hipertensão arterial, menor risco de desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (SLYWITCH, 2015), síndrome metabólica e muitos tipos de câncer (CAMPBELL, 2017; FESTA, 2015) quando comparada com o padrão da dieta onívora da população em geral. Outros estudos têm mostrado associação entre o consumo de carnes vermelhas e processadas e o risco aumentado de mortalidade, síndrome metabólica, diabetes tipo 2, dislipidemias, 6 hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer em diferentes populações (BARNARD et al 2019; PIMENTEL, 2014; CASTRO, 2016; FESTA, 2015). Além da alimentação, outros fatores interferem diretamente na saúde e qualidade de vida e devem fazer parte da rotina de autocuidado por parte dos adeptos ao vegetarianismo. Por exemplo, a prática regular de exercícios físicos associada à alimentação vegetariana balanceada é fundamental para a prevenção e tratamento das DCNT. Além disso, a prática do exercício físico também apresenta benefícios, tanto físicos quanto mentais, proporcionando uma melhor qualidade de vida (SILBERMAN et al 2009). Outro aspecto relacionado à qualidade de vida é o sono. A carga horária de sono é essencial para as funções biológicas e fortalecimento do sistema imunológico. É responsável também pela manutenção e equilíbrio geral do organismo, pela reparação dos tecidos, consolidação da memória e regulação da temperatura corporal. A qualidade do sono interfere diretamente nas demais atividades diárias, por estar diretamente relacionada com os níveis de estresse. O estresse também é associado a efeitos nocivos à saúde. É definido como uma reação psicológica, com componentes físicos, mentais e químicos a determinados estímulos que irritam, amedrontam e excitam as pessoas. Mantido por longos períodos esse quadro pode ser prejudicial à saúde (MULLER, 2007). 3 CONDUTA NUTRICIONAL Fonte: Pixabay.com 7 A dieta vegetariana difere da alimentação onívora em aspectos que vão além da supressão ao consumo de carne. Há um despertar para investigações na literatura científica acerca dos benefícios à saúde humana em práticas alimentares excludentes de alimentos de origem animal, que priorize o consumo de fontes vegetais. Em relação à prática do vegetarianismo pela população, cabe ao nutricionista estar preparado ao debate e orientações sobre esta opção de conduta alimentar (SANTOS, 2017). A alimentação vegana e vegetariana de todos os tipos deve ser acompanhada por um profissional da nutrição especializado. A dieta vegetariana tem algumas particularidades, carências e excessos de alguns nutrientes, portanto a elaboração do plano alimentar e prescrição de uma suplementação quando necessária devem ser calculados cautelosamente, a fim de suprir todas as necessidades nutricionais de cada indivíduo. O que precisa ser compreendido dentro desse contexto são os seguintes aspectos (SLYWITCH, 2015): • Qualquer dieta mal planejada, seja ela vegetariana ou onívora, pode ser prejudicial à saúde, levando a deficiências nutricionais; • As dietas vegetarianas, quando atendem às necessidades nutricionais individuais, podem promover o crescimento, desenvolvimento e manutenção adequados e podem ser adotadas em qualquer ciclo de vida do indivíduo; • Indivíduos com distúrbios alimentares (anorexia nervosa, bulimia, ortorexia e outros), em algum momento da evolução da doença, estão sujeitos a adotar dietas restritivas de qualquer tipo, vegetarianas ou não e devem ser avaliados nesse contexto; • A adequação nutricional da dieta vegetariana estrita (vegana) é mais difícil de atingir e exige planejamento e orientação alimentar cuidadosos, incluindo suplementação específica (vitamina B12, principalmente). Ao profissional nutricionista cabe orientar o planejamento alimentar dos indivíduos, visando à promoção da saúde, respeitando a individualidade bioquímica e opções pessoais quanto ao tipo de dieta. Aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais da relação entre o indivíduo e os alimentos devem sempre ser considerados, no processo da atenção dietética (SLYWITCH, 2015). Uma dieta saudável não se resume apenas em deixar de consumir produtos de origem animal, mas sim, em manter a ingestão de alimentos o mais saudáveis possível 8 e diminuindo o consumo de produtos industrializados, refinados e transgênicos. Alimentos refinados possuem baixo valor nutritivo, alto índice glicêmico, e quando consumidos em excesso podem contribuir para a obesidade, constipação intestinal e outras comorbidades (SLYWITCH, 2015 apud VIEIRA 2019). 3.1 Prescrição nutricional para o indivíduo vegetariano Um indivíduo eutrófico de 70 kg que ingere 2.000 kcal ao dia, consome 28,5 kcal/kg/dia e necessita de 56 g de proteína (0,8g/kg/dia), 2.660 mg de lisina, 1.000 mg de cálcio, 8 mg de ferro e 11 mg de zinco. O Ministério da Saúde (MS), numa dieta com quase 2.000 kcal, preconiza a seguinte distribuição dos grupos alimentares (SVB, 2012): Grupo alimentar Quantidade de porções Cereais e tubérculos, raízes e derivados 6 Feijões 1 Frutas 3 Legumes e verduras 3 Leite e derivados 3 Carne e ovos 1 Óleos, gorduras e sementes oleaginosas 1 Açúcares e doces 1 Fonte: Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), 2012. Utilizando os valores médios de nutrientes dos grupos, essa disposição fornece 1.943 kcal, 76,2 gramas de proteína, 3.966 mg de lisina, 25 g de fibras, 945,6 mg de cálcio, 15,4 mg de ferro e 13,5 mg de zinco (SVB, 2012). Na dieta ovolactovegetariana, a troca de alimentos ficaria da seguinte forma (SVB, 2012): 9 Grupo alimentar Quantidade de porções Cereais integrais 6 Feijões 4,5 Frutas 3 Legumes e verduras 3 Leite e derivados 3 Carne e ovos 0 Óleos, gorduras e sementes oleaginosas 1 Açúcares e doces 1 Fonte: Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), 2012. Essa composição fornece 1.946 kcal, 65,5 g de proteína, 4.051 mg de lisina, 36,8 g de fibras, 979 mg de cálcio, 17,6 mg de ferro, 11,3 mg de zinco. Na dieta vegetariana estrita, a troca do leite de vaca por leite vegetal enriquecido com cálcio fornecerá o mesmo teor de cálcio do cardápioacima. Esse padrão básico de elaboração da dieta pode ser modificado de várias formas, lembrando que deve haver pelo menos 2 porções do grupo de feijões na dieta vegetariana estrita (SVB, 2012). Mesmo uma dieta com maior teor de cereais oferece a quantidade proteica preconizada (SVB, 2012): Grupo alimentar Quantidade de porções Cereais integrais 7 Feijões 2 Frutas 3 Legumes e verduras 3 Leite e derivados 3 Carne e ovos 0 Óleos, gorduras e sementes oleaginosas 1 Açúcares e doces 1 Fonte: Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), 2012. 10 Essa composição fornece 1.958 kcal, 60,7g de proteína, 3.618 mg de lisina, 29,4 g de fibras, 962,2 mg de cálcio, 16,6 mg de ferro e 10,8 mg de zinco (SVB, 2012). Uma forma bem diferente de compor uma dieta (vegetariana estrita) é (SVB, 2012): Grupo alimentar Quantidade de porções Cereais integrais 6 Feijões 2 Frutas 7 Legumes e verduras 6 Leites vegetais fortificados 2 Carne e ovos 0 Sementes oleaginosas 2 Açúcares e doces 0 Fonte: Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), 2012. Nessa situação, teremos 1.976 kcal, 64,6 g de proteína, 3.512 mg de lisina, 48,8 g de fibras, 1.047 mg de cálcio, 19,2 mg de ferro e 11,9 mg de zinco. Quando há o intuito de otimizar o consumo de verduras e frutas sem aumentar o consumo de fibras, o uso de sucos verdes coados é uma possibilidade. Dessa forma, é importante que o profissional nutricionista perceba que há possibilidades diferentes de distribuir os grupos alimentares, não havendo uma composição única de cardápio, seja onívoro, seja vegetariano. Deve-se ter cuidado para atingir o nível necessário de nutrientes, mesmo que a composição dos grupos seja diferente da preconizada normalmente pelas diretrizes onívoras. Para otimizar nutrientes específicos, é importante que, dentro de cada grupo alimentar, sejam escolhidos os alimentos mais ricos (SVB, 2012). 11 4 VITAMINAS Fonte: Pixabay.com As vitaminas são substâncias orgânicas, presentes naturalmente nos alimentos, indispensáveis ao funcionamento do organismo humano. As vitaminas são divididas em duas classes, as lipossolúveis (A, D, E e K) que são solúveis em solventes orgânicos, e podem se armazenar na gordura corpórea, e se consumida em excesso podem ser tóxicas; e as vitaminas hidrossolúveis (C e complexo B) que normalmente não são armazenas em quantidades elevadas no organismo, necessitando de um suprimento diário (RUBERT et al 2017). 4.1 Vitamina A A vitamina A é essencial para a reprodução, a visão e a resposta imunológica. Sua deficiência pode resultar em cegueira noturna e xeroftalmia. A necessidade de vitamina A foi determinada pelo FNB/IOM (2001), com base na ingestão necessária para assegurar uma reserva corporal adequada. A partir da EAR (Estimated Average Requirement - Necessidade Média Estimada), de 625 mcg/dia para homens e 500 mcg/dia para mulheres, definiu-se a RDA (Recommended Dietary Allowances - Ingestão Dietética Recomendada) de 900 mcg/dia para homens e 700 mcg/ dia para mulheres, considerando a EAR mais 2 vezes o coeficiente de variação. Para a definição de UL (Tolerable Upper Intake Level - Nível Máximo de Ingestão Tolerável) 12 para mulheres em idade reprodutiva, considerou-se o risco de teratogenicidade e, para os demais adultos, o risco de anomalias hepáticas. Quanto ao betacaroteno e outros carotenoides, apesar de muitas evidências epidemiológicas demonstrarem efeitos benéficos em relação ao menor risco de doenças crônicas, os dados foram considerados insuficientes para estabelecer uma recomendação específica de ingestão com esse objetivo. Sugere-se, no entanto, aumentar o consumo de frutas e vegetais (5 porções/dia), fornecendo-se cerca de 5,2 a 6 mg/dia de carotenoides e contribuindo com aproximadamente 50 a 65% da RDA de vitamina A para o homem (CUPPARI 2014). 4.2 Vitamina D A vitamina D é indispensável para a homeostase do cálcio e do fósforo e para a diferenciação celular. Para explicar o efeito do cálcio e da vitamina D sobre a saúde, a pedido de agências norte-americanas e canadenses, o IOM (2010) atualizou o relatório IOM/FBN (1997) referente às DRI (Dietary Reference Intakes - valores de referência para a ingestão de nutrientes) de vitamina D e cálcio com base na avaliação de estudos de revisão sistemática. Utilizou-se a saúde óssea como principal indicador, por apresentar relação causa-efeito. Em 1997, as evidências na literatura eram insuficientes para estimar a EAR e a RDA, sendo calculada a AI para todos os grupos populacionais. Desde 2010, utilizam-se a EAR e a RDA para todas as faixas etárias, exceto para crianças menores de 1 ano, nas quais ainda se utiliza AI (Adequate Intake - Ingestão Adequada) (400 UI/dia) (CUPPARI 2014). O relatório publicado pelo IOM em 2010 trata de três questões centrais: quais resultados de saúde são decorrentes do consumo de cálcio e vitamina D; qual é a quantidade necessária desses nutrientes para se obter resultados de saúde desejáveis; e o quanto pode ser considerado excessivo. Após abrangente revisão da literatura científica disponível, apenas a associação do cálcio e vitamina D com a saúde óssea era respaldada cientificamente, sendo então considerada para o cálculo das DRI. Foi ponderado que a relação desses nutrientes para a prevenção de doenças, como obesidade, diabete, doenças cardiovasculares, entre outras, não está pautada em estudos conclusivos, não sendo, portanto, considerada para cálculo das DRI (CUPPARI 2014). 13 As DRI para vitamina D foram baseadas na associação da saúde óssea com níveis séricos de 25-hidroxivitamina D (25-OHD), visto este ser um marcador integrado da exposição da vitamina D, o qual reflete a síntese endógena dessa vitamina decorrente da exposição solar e de ingestão diária de alimentos, produtos fortificados e/ou suplementos, bem como de outros fatores. Níveis séricos de 25-OHD de 16 ng/mL (40 nmol/L) equivalem aproximadamente à EAR e níveis de 20 ng/mL (50 nmol/L) à RDA (CUPPARI 2014). Em 1997, as AI para a vitamina D eram de 200 UI/dia para indivíduos com até 50 anos, de 400 UI/dia para a faixa etária de 51 a 70 anos e de 600 UI/dia para aqueles com idade igual ou superior a 71 anos. Atualmente, a RDA é de 600 UI/dia para todas as faixas etárias e ambos os sexos, exceto para indivíduos com idade igual ou superior a 71 anos, cuja recomendação é de 800 UI/dia (CUPPARI 2014). Os valores de UL foram estabelecidos considerando-se a relação da curva em forma de U da vitamina D com todas as causas de mortalidade, doenças cardiovasculares, alguns tipos de cânceres, quedas e fraturas. Dessa maneira, obteve-se UL de 4.000 UI/dia para indivíduos com idade igual ou superior a 9 anos (CUPPARI 2014). Estudos recentes sugerem que a deficiência de vitamina D constitui grande desafio para a saúde pública mundial, não apenas para a população de vegetarianos ou veganos. Existem múltiplas dificuldades para a sua síntese na pele e sua ocorrência natural se concentra em poucos alimentos (gordura de peixe, cogumelos e ovos). Por outro lado, o papel da vitamina D não se limita mais à saúde óssea, mas sua deficiência tem sido associada a inúmeras condições, como: neoplasia, doença cardíaca, doença vascular, doença reumática, doença degenerativa, envelhecimento e até depressão (BAENA 2015). Para a maior parte das pessoas, as principais fontes alimentares de vitamina D são os ovos e os alimentos fortificados, como os laticínios. Já os veganos ficam restritos a alguns alimentos fortificados e aos suplementos alimentares. Os alimentos fortificados e os suplementos alimentares podem apresentar dois tipos principais de vitamina D: o ergocalciferol (D2) obtido de leveduras ou o colecalciferol (D3) obtido de animais. Apesar de controvérsias, estudos recentes demonstram que os dois tipos, D2 e D3, apresentam absorção intestinalequivalente (BAENA 2015). 14 Embora alguns estudos tenham demonstrado que uma ingestão menor de vitamina D em vegetarianos e, em especial, em veganos do que em não vegetarianos, o estudo Adventist Health Study-2 não encontrou nenhuma diferença no nível sérico de vitamina D em vegetarianos, sugerindo que outros fatores além da dieta influenciam a obtenção de vitamina D (BAENA 2015). 4.3 Vitamina E A vitamina E é um importante antioxidante e protege os fosfolipídios insaturados da membrana celular contra degeneração oxidativa. Está presente nos óleos vegetais, cereais integrais e frutas secas oleaginosas. Juntamente com outros antioxidantes (vitamina C, selênio, betacaroteno e outros carotenoides), atua no organismo combatendo o estresse oxidativo causado pelas espécies reativas de oxigênio e por outros radicais livres. O IOM/FNB (2000) estimou a necessidade diária de vitamina E do adulto baseando-se em estudos de deficiência induzida em humanos e ensaios de hemólise in vitro causada por peróxido de hidrogênio. A EAR de vitamina E para adultos é de 12 mg/dia e a RDA é de 15 mg/dia, para ambos os sexos. O UL foi fixado em 1.000 mg/dia na forma de suplemento, considerando o risco de hemorragia (CUPPARI 2014). 4.4 Vitamina K A vitamina K atua como coenzima na síntese de diversas proteínas envolvidas na coagulação do sangue e no metabolismo ósseo. Está presente nos vegetais folhosos verdes-escuros. Em decorrência da insuficiência de dados para se estimar a EAR, o IOM/FNB (1997), estabeleceu a AI de vitamina K para adultos a partir de dados de consumo representativos da população norte-americana saudável. A AI foi estimada em 120 e 90 mcg/dia para homens e mulheres, respectivamente. Como não se tem registro de efeitos adversos associados ao consumo excessivo de vitamina K, seja na forma de alimentos ou suplementos, o UL não foi definido (CUPPARI 2014). 15 4.5 Tiamina A tiamina (vitamina B1) é fundamental para o metabolismo de carboidratos e a função neural. Em 1998, o IOM/FNB estabeleceu a necessidade de tiamina do adulto (EAR = 1 mg para homens e 0,9 mg para mulheres) baseando-se em estudos experimentais cuidadosamente controlados. A RDA de tiamina para o adulto (1,2 mg para homens e 1,1 mg para mulheres) foi estabelecida considerando-se 2 vezes o coeficiente de variação de 10%, visando a suprir as necessidades de 97 a 98% dos indivíduos de um grupo populacional. O UL de tiamina não pode ser determinado, uma vez que os estudos sobre efeitos adversos associados ao consumo excessivo dessa vitamina, seja na forma de alimentos ou suplementos, são insuficientes e inadequados para a avaliação quantitativa do risco. A vitamina B1 pode ser encontrada nos cereais integrais, frutas e verduras (CUPPARI 2014). 4.6 Riboflavina A riboflavina (vitamina B2) é essencial para o metabolismo de carboidratos, aminoácidos e lipídios. Em 1998, o IOM/FNB estabeleceu a EAR de riboflavina a partir de estudos experimentais realizados com adultos. A RDA de riboflavina para o adulto (1,3 mg para homens e 1,1 mg para mulheres) também foi estabelecida considerando 2 vezes o coeficiente de variação de 10%, visando a suprir as necessidades de 97 a 98% dos indivíduos de um grupo populacional. Assim como para a tiamina, os dados sobre efeitos do consumo excessivo de riboflavina foram considerados insuficientes para a definição do UL. Cereais integrais e frutas, são fontes de vitamina B2 (CUPPARI 2014). 4.7 Niacina A niacina (vitamina B3) é essencial para o metabolismo de carboidratos, aminoácidos e lipídios. A EAR de niacina do adulto foi estabelecida em 1998 pelo IOM/FNB (12 mg de equivalentes de niacina – NE – para homens e 11 mg para mulheres). Para definir a RDA (16 mg de NE para homens e 14 mg para mulheres), considerou-se 2 vezes o coeficiente de variação de 15%. O UL foi baseado no risco 16 associado ao consumo excessivo dessa vitamina na forma de suplementos, já que não há evidências de efeitos adversos associados à forma natural da vitamina presente nos alimentos (frutas, verduras, cereais integrais, alimentos fortificados) (CUPPARI 2014). 4.8 Vitamina B6 A vitamina B6 atua como coenzima para mais de 100 enzimas envolvidas no metabolismo de aminoácidos e também no metabolismo de neurotransmissores, glicogênio, esfingolipídios, heme e esteroides. A EAR de vitamina B6 do adulto (1,1 mg/dia para ambos os sexos) foi determinada a partir de estudos experimentais relacionando a ingestão dessa vitamina à excreção urinária de seus metabólitos. A RDA (1,3 mg/dia) foi estabelecida assumindo 2 vezes o coeficiente de variação de 10%. A definição do UL (100 mg/dia) considerou os efeitos adversos do consumo excessivo dessa vitamina a partir da suplementação (CUPPARI 2014). 4.9 Folato O folato atua como coenzima em diversas reações no metabolismo de aminoácidos e nucleotídeos, sendo essencial para a biossíntese de ácidos nucleicos e a maturação de hemácias. A EAR de folato do adulto foi estabelecida pelo IOM/FNB em 1998, a partir de estudos experimentais utilizando diferentes indicadores: folato eritrocitário, concentração plasmática de folato e homocisteína. A RDA (400 mcg/dia para ambos os sexos) foi determinada em equivalentes de folato dietético (EFD), considerando as variações na biodisponibilidade do folato dependendo da origem (1 mcg de EFD = 1 mcg de folato da dieta = 0,6 mcg de ácido fólico ingerido juntamente com a alimentação - fortificação ou suplementação e 0,5 mcg de ácido fólico ingerido com o estômago vazio - suplementação). Considerando as evidências ligando a deficiência de folato à ocorrência de defeitos de fechamento do tubo neural, o FNB/IOM recomendou a suplementação diária de 400 mcg para as mulheres em idade fértil capazes de engravidar no período periconcepcional. O UL de ácido fólico (1.000 mcg/dia) refere-se a todas as formas de suplementos e/ou alimentos fortificados (CUPPARI 2014). 17 4.10 Vitamina B12 A vitamina B12 (cianocobalamina) participa como coenzima de diversas reações e é essencial para a formação do sangue e a função neurológica. O FNB/IOM (1998) definiu a EAR de vitamina B12 para o adulto (2 mcg/dia para ambos os sexos) e a RDA (2,4 mcg/dia). Para os adultos acima de 51 anos e idosos, considerando-se que 10 a 30% deles podem não absorver adequadamente a vitamina B12 dos alimentos, recomendou-se a ingestão de alimentos fortificados ou a suplementação visando a suprir a EAR. Os estudos sobre efeitos adversos do consumo excessivo de B12 foram considerados inadequados para a definição do UL (CUPPARI 2014). Os vegetarianos e, em especial os veganos, apresentam, geralmente, redução do nível sérico de vitamina B12, que se agrava com a duração da dieta. Embora possa demorar anos, os vegetarianos estritos podem desenvolver sintomas de deficiência se não houver suplementação. Os resultados do Estudo EPIC-Oxford revelaram deficiência de vitamina B12 em 52% dos veganos, 7% dos vegetarianos e em 1% dos onívoros. Embora a vitamina B12 não esteja limitada a alimentos de origem animal, outros alimentos, como fungos, algas marinhas e vegetais fermentados, não são considerados seguros, confiáveis e suficientes para suprir as necessidades e evitar estados carenciais. Essas fontes alimentares alternativas de vitamina B12 também foram responsabilizadas pela disponibilização de formas inativas, que interferem na absorção e no metabolismo das formas ativas (BAENA 2015). Apesar de existir algum espaço para controvérsia, a maioria dos pesquisadores concorda com a recomendação de consumo regular de fonte ativa de vitamina B12, por meio de alimentos fortificados ou de suplemento alimentar para todos os vegetarianos e, em particular, para os veganos e para as vegetarianas grávidas ou lactantes (BAENA 2015). 4.11 Vitamina C A vitamina C desempenha diversas funçõesmetabólicas importantes, entre as quais se destaca a atuação como antioxidante e biossintetizador de aminoácidos e de colágeno. Visando a proporcionar proteção antioxidante, o IOM/FNB (2000) estimou a EAR de vitamina C do adulto. Considerando um coeficiente de variação de 10%, foi 18 estabelecida a RDA (75 mg/dia e 90 mg/dia, para homens e mulheres, respectivamente). Por causa do aumento do estresse oxidativo e do turnover de vitamina C causado pelo tabagismo, recomendou-se um adicional diário de 35 mg para os fumantes. Nessas doses, houve baixa excreção de metabólitos urinários, indicando que a dosagem não é excessiva. O UL foi fixado em 2.000 mg/dia, tomando- se como base o risco de diarreia osmótica. Existem diversas fontes de vitamina C que podem facilmente ser incluídas nas refeições diárias: laranja, limão, acerola, pimentão, brócolis, camu-camu, etc (CUPPARI 2014). 4.12 Ácido pantotênico O ácido pantotênico (vitamina B5) é essencial para o metabolismo de ácidos graxos, proteínas e carboidratos. Considerando-se que os estudos foram insuficientes para a definição da necessidade de ácido pantotênico, foi estabelecida apenas a AI – de 5 mg/dia para ambos os sexos. Pela falta de evidências de efeitos adversos do consumo excessivo de ácido pantotênico, também não pôde ser definido o UL. A vitamina B5 pode ser encontrada em cereais integrais como a aveia e o trigo (CUPPARI 2014). 4.13 Biotina A biotina atua como coenzima em reações de carboxilação. Em decorrência da insuficiência de estudos para a estimativa de sua EAR, o IOM/FNB (1998) definiu apenas a AI (30 mcg/dia para ambos os sexos), baseando-se na extrapolação de dados de lactentes e também em algumas estimativas de ingestão em adultos (CUPPARI 2014). 4.14 Colina A colina funciona como precursor para a síntese de acetilcolina, de fosfolipídios de membrana e de fosfatidilcolina. O IOM/FNB (1998) definiu a AI (550 mg/dia para homens e 425 mg/dia para mulheres) e o UL (3,5 g/dia) para adultos (CUPPARI 2014). 19 5 MINERAIS Fonte: Pixabay.com Os sais minerais são de suma importância para o organismo, cerca de 4% a 5% do corpo é constituído por eles. Os mesmos possuem papéis essenciais para regulação da atividade e manutenção celular, facilitam o transporte de diversas substâncias, mantêm a atividade muscular e nervosa e promovem a constituição de ossos e dentes (MARQUES et al 2020). 5.1 Cálcio Além de fundamental para a formação de ossos e dentes, o cálcio exerce outras funções no organismo: transporte em nível de membrana celular, contração muscular, transmissão de impulsos nervosos e secreção glandular. Em 2010, o IOM publicou as novas DRI para o cálcio, considerando seus efeitos na saúde óssea, uma vez que os estudos da relação desse mineral com prevenção de doenças foram considerados inconsistentes e inconclusivos. Os valores foram determinados a partir do teor presente no leite materno para menores de 1 ano, de estudos de balanço de cálcio para indivíduos com idade de 1 a 50 anos e de provas observacionais e clínicas para aqueles com idade superior a 50 anos. Para determinação da UL, foram considerados os efeitos adversos, como hipercalcemia, hipercalciúria, calcificação de tecidos e nefrolitíase (CUPPARI 2014). 20 Estudos demonstram que a ingestão de cálcio em lacto-ovovegetarianos não difere da ingestão de não vegetarianos, mas a ingestão de cálcio em veganos é menor. Da mesma forma, a densidade mineral óssea não difere entre lacto- ovovegetarianos e não vegetarianos, mas em veganos é menor. O significado clínico desses achados é contraditório, alguns estudos não encontraram diferenças. Outros, como o estudo EPIC-Oxford, observaram risco maior de fraturas na população vegana com baixa ingestão de cálcio. Veganos podem encontrar alimentos com boa biodisponibilidade de cálcio nos produtos de soja fortificados e em inúmeros vegetais. Contudo, vários fatores podem interferir no aproveitamento do cálcio. Por exemplo, a presença da vitamina D facilita a absorção intestinal do cálcio, mas ingestão reduzida de proteína dificulta. Já o excesso de proteína animal, o sódio e a cafeína facilitam a excreção de cálcio (BAENA 2015). 5.2 Fósforo O fósforo está amplamente distribuído no organismo e, juntamente com o cálcio, participa da formação de ossos e dentes, além de desempenhar diversas funções. O IOM/ FNB (1997) estimou a EAR de fósforo do adulto utilizando como critério o nível de ingestão associado à manutenção da concentração de fosfato sérico na faixa de normalidade. A RDA (700 mg/dia para ambos os sexos) foi estabelecida considerando-se 2 vezes o coeficiente de variação de 10%. O UL para a faixa etária dos 19 aos 70 anos, foi fixado em 4.000 mg/dia, levando-se em conta o risco de efeitos adversos (CUPPARI 2014). 5.3 Magnésio O magnésio está presente em ossos, músculos, tecidos moles e fluidos corporais e atua como cofator para mais de 300 sistemas enzimáticos. A EAR de magnésio para o adulto foi estimada a partir de estudos de balanço (IOM/FNB, 1997). Para definir a RDA (400 e 310 mg/dia para homens e mulheres, respectivamente), considerou-se um coeficiente de variação de 10%. O UL foi estabelecido com base em efeitos adversos decorrentes do consumo excessivo de magnésio de origem não alimentar (CUPPARI 2014). 21 5.4 Ferro O ferro é componente de diversas proteínas, incluindo hemoglobina e enzimas. O IOM /FNB (2001) utilizou um modelo fatorial para determinar a EAR de ferro para o adulto. Para estimar a necessidade do sexo masculino, considerou-se apenas o gasto basal relativo ao peso corporal; para mulheres no período pré-menopausa, levou-se em conta também a perda menstrual. Assim, a necessidade média foi estimada em 6 mg/dia para o sexo masculino e 8,1 mg/dia para o sexo feminino, e a RDA foi de 8 mg e 18 mg/dia, respectivamente. O UL foi fixado em 45 mg/dia, considerando o risco de efeitos adversos (distúrbios gastrintestinais) (CUPPARI 2014). O ferro não heme encontrado em vegetais folhosos verdes escuros, grãos integrais, frutas secas e beterraba apresenta absorção menor do que o ferro heme encontrado na carne animal. Adicionalmente, substâncias presentes nos alimentos, como vitamina C, polifenóis e fitatos, podem facilitar ou dificultar a absorção intestinal do ferro. A resultante dessas interferências parece ser pouco importante em dietas diversificadas e pouco processadas, nas quais nenhum dos fatores predomina de forma significante (BAENA 2015). Em geral, as dietas vegetarianas são ricas em ferro não heme e a ocorrência de deficiência do íon não difere da encontrada em indivíduos não vegetarianos, apesar de os estoques serem menores nos vegetarianos. Estudos recentes sugerem um exagero no cálculo das necessidades de ferro para os vegetarianos. Apesar das limitações na biodisponibilidade do ferro de origem vegetal, o estoque do íon no organismo constitui fator determinante na regulação fisiológica da absorção e da excreção do íon, adaptando o indivíduo a grandes variações tanto na necessidade quanto na ingestão. Segundo esses autores, essa regulação fisiológica seria mais importante do que o tipo de ferro ingerido. Por outro lado, estoques menores de ferro gerariam benefícios, com a diminuição da produção de espécies reativas de oxigênio e a redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas (BAENA 2015). 5.5 Iodo Componente essencial dos hormônios da tireoide (T3 e T4) envolvidos na regulação de diversas enzimas e processos metabólicos. O acúmulo de iodo na 22 tireoide e o turnover foram utilizados para a definição da EAR, estimada em 95 mcg/dia para ambos os sexos. A RDA de 150 mcg/dia foi determinada considerando um coeficiente de variação de 20%. O UL foi fixado em 1.100 mcg/dia, levando em conta o risco de elevação da concentração de hormôniotireoestimulante (TSH) e disfunção da tireoide (CUPPARI 2014). 5.6 Zinco O zinco atua como componente essencial de enzimas responsáveis pela manutenção da integridade estrutural de proteínas e pela regulação da expressão da informação genética, entre outras funções importantes. A EAR de zinco do adulto foi estimada a partir do método fatorial. A RDA é de 11 mg/dia e 8 mg/dia para homens e mulheres, respectivamente. Embora não haja evidências de efeitos adversos da ingestão de zinco pela alimentação, a definição do UL considerou o consumo de zinco total, incluindo alimentos, água e suplementos. Segundo as recomendações da OMS/FAO (2002), foram definidos três níveis de ingestão, considerando a biodisponibilidade do zinco da dieta (alta, moderada e baixa), ou seja, 43, 72 e 144 mg para homens e 36, 59 e 119 mg para mulheres (CUPPARI 2014). Em geral, as dietas vegetarianas são ricas em zinco, que pode ser encontrado com facilidade em vários alimentos de origem vegetal, como nozes, sementes e grãos integrais. A ocorrência de deficiência de zinco em vegetarianos não difere da encontrada em indivíduos não vegetarianos. De forma similar ao mecanismo descrito para o ferro, o estoque de zinco do organismo constitui fator determinante na regulação fisiológica da absorção e excreção do íon, adaptando o indivíduo às variações de ingestão ou a presença de eventuais substâncias, como os fitatos, que dificultem a absorção intestinal (BAENA 2015). 5.7 Selênio O selênio, como componente das selenoproteínas, juntamente com as vitaminas C e E e com o betacaroteno, constitui um eficiente sistema antioxidante para o organismo. A estimativa da necessidade de selênio considerou a ingestão necessária para maximizar a atividade da selenoproteína glutationa peroxidase 23 plasmática. A EAR de selênio, segundo o IOM/FNB (2001), é de 45 mcg/dia e a RDA é de 55 mcg/dia, para ambos os sexos. O UL determinado para o adulto é 400 mcg/dia, considerando o risco de selenose. O selênio pode ser encontrado nas nozes e castanhas (CUPPARI 2014). 5.8 Cobre O cobre é componente de diversas enzimas, as quais desempenham importantes funções no organismo. A EAR de cobre do adulto é 700 mcg/dia, e a RDA, 900 mcg/dia, segundo o IOM/FNB (2002). O UL para o adulto foi fixado em 10 mg/dia, considerando o risco de efeitos adversos (CUPPARI 2014). 5.9 Flúor O flúor tem papel importante na prevenção da cárie dental. O IOM/FNB (1997) definiu a AI de flúor tomando como base seu efeito cariostático e a ingestão de populações norte-americanas que consomem água fluoretada. A AI para o adulto foi estimada em 4 mg/dia e 3 mg/dia para homens e mulheres, respectivamente. O UL (10 mg/dia) foi determinado levando-se em conta o risco de fluorose (CUPPARI 2014). 5.10 Manganês O manganês está envolvido na formação dos ossos e no metabolismo de aminoácidos, lipídios e carboidratos. Por causa da insuficiência de dados para estimar EAR, o IOM/ FNB (2002) definiu a AI para o adulto em 2,3 mg/dia para homens e 1,8 mg/dia para mulheres. O UL foi fixado em 11 mg/dia, com base no risco de elevação na concentração sanguínea e neurotoxicidade (CUPPARI 2014). 5.11 Molibdênio É considerado um micronutriente essencial em virtude de sua atuação como cofator enzimático. A EAR do adulto foi determinada com base em estudos controlados de balanço de molibdênio. A RDA para ambos os sexos é 45 mcg/dia e o 24 UL é de 2 mg/dia, considerando-se o risco de comprometimento da reprodução e do crescimento (CUPPARI 2014). 5.12 Cromo O cromo potencializa a ação da insulina in vivo e in vitro. O IOM/FNB (2002) determinou a AI de cromo para o adulto (35 mcg/dia para homens e 25 mcg/dia para mulheres) a partir da ingestão média observada, em decorrência da insuficiência de dados para a estimativa da necessidade. O UL não foi determinado, pois poucos efeitos adversos sérios têm sido associados à ingestão excessiva de cromo (CUPPARI 2014). 5.13 Arsênio, boro, níquel, silício e vanádio Embora existam evidências do efeito benéfico desses minerais em alguns processos fisiológicos para várias espécies animais, inclusive o homem, os dados disponíveis ainda são insuficientes para que se possa definir as respectivas DRI. Estimativas do UL foram estabelecidas para boro (20 mg/dia), vanádio (1,8 mg/dia) e níquel (1 mg/dia) (CUPPARI 2014). 6 PADRÕES DE DIETAS VEGETARIANAS Fonte: Pixabay.com 25 As dietas vegetarianas são populares. Aqueles que as escolhem podem estar motivados por questões filosóficas, religiosas ou ecológicas ou por um desejo de ter um estilo de vida mais saudável. Evidências consideráveis fundamentam os benefícios para a saúde de uma dieta vegetariana. Os estudos dos Adventistas do Sétimo Dia indicam que a dieta resulta em taxas menores de diabetes tipo 2, câncer de mama e de cólon e doenças cardiovasculares e da vesícula biliar (MAHAN et al 2013). Dos milhões de norte-americanos que se dizem vegetarianos, muitos eliminam as carnes “vermelhas”, mas consomem peixe, aves e derivados do leite. Um lactovegetariano não come carne, peixe, aves ou ovos, mas consome leite, queijo e outros derivados do leite. Um ovolactovegetariano também consome ovos. Um vegano não consome nenhum alimento de origem animal. A dieta vegana é a única dieta vegetariana que possui algum risco real de fornecer nutrição inadequada, mas esse risco pode ser evitado pelo planejamento cuidadoso (American Dietetic Association (ADA), 2009). Um novo tipo de semivegetariano é conhecido como flexitariano. Os flexitarianos geralmente aderem a uma dieta vegetariana pelo propósito de boa saúde e não por seguirem uma ideologia específica. Eles consideram uma refeição com carne ocasional como aceitável (MAHAN et al 2013). As dietas vegetarianas tendem a ter menor teor de ferro do que as dietas onívoras, apesar de o ferro não heme nas frutas, nos vegetais e nos cereais não refinados ser normalmente acompanhado no alimento ou na refeição contendo grandes quantidades de ácido ascórbico que auxilia na assimilação do ferro. Os vegetarianos não possuem um risco maior de deficiência de ferro do que aqueles que não são vegetarianos (ADA, 2009). Os vegetarianos que não consomem nenhum derivado do leite podem ter baixas ingestões de cálcio, e as ingestões de vitamina D podem ser inadequadas entre aqueles das latitudes setentrionais onde há menos exposição à luz solar. O cálcio em alguns vegetais é inativado pela presença de oxalatos. Apesar de os fitatos nos cereais não refinados também poderem inativar o cálcio, isso não é um problema para os vegetarianos ocidentais, cujas dietas tendem a ser baseadas mais em frutas e vegetais do que em cereais não refinados das culturas do Oriente Médio. Os veganos a longo prazo podem desenvolver anemia megaloblástica por causa de uma deficiência de vitamina B12, encontrada apenas em alimentos de origem animal. As 26 quantidades elevadas de folato nas dietas veganas podem mascarar o dano neurológico de uma deficiência de vitamina B12. Os veganos devem ter uma fonte confiável de vitamina B12, tais como cereais matinais fortificados, bebidas fortificadas ou um suplemento. Apesar de a maioria dos vegetarianos atingir ou exceder as necessidades de proteína, suas dietas tendem a ter menor teor de proteína do que aquelas dos onívoros. Essa ingestão menor pode ajudar os vegetarianos a reterem mais cálcio de suas dietas. Além disso, a menor ingestão de proteína normalmente resulta em menor teor de gordura dietética porque muitos produtos animais de alto teor proteico também são ricos em gordura (ADA, 2009). As dietas vegetarianas bem planejadas são seguras para lactentes, crianças e adolescentes e podem preencher todas as suas necessidades nutricionais para o crescimento. Elas também são adequadas para mulheres grávidas e lactantes. A chaveé que as dietas precisam ser bem planejadas. Os vegetarianos devem ter uma atenção especial para garantir que obtenham o teor adequado de cálcio, ferro, zinco e vitaminas B12 e D. As combinações calculadas de fontes de proteína complementares não são necessárias, especialmente se as fontes de proteína forem razoavelmente variadas. A Tabela 1 a seguir ressalta muitos dos fitoquímicos e componentes funcionais presentes em muitas dietas à base de vegetais (MAHAN et al 2013). Tabela 1: Fitoquímicos e Componentes Funcionais nos Alimentos Carotenoides Composto Função Fontes Alimentares β-caroteno Pode neutralizar os radicais livres que danificam as células, auxilia nas defesas antioxidantes Cenouras, frutas alaranjadas, abóbora-cheirosa, cantalupo Luteína Descobriu-se muito sobre seu papel na proteção dos olhos contra a oxidação; também está sendo investigada quanto ao seu potencial na redução de risco de câncer de cólon, mama, pulmão e pele Vegetais de cor verde-escura, couve-galega, espinafre, couve- portuguesa, milho, ovos 27 Licopeno Protege a saúde da próstata reduzindo o risco de câncer de próstata; também pode auxiliar na preservação da saúde óssea Produtos de tomate processados, goiaba, toranja vermelha, melancia Dialil sulfetos Juntamente com a promoção da saúde do coração auxilia na produção de enzimas que beneficiam o sistema imunológico Cebola, alho, cebolinha-verde, alho- poró, cebolinha Ácido elágico Pode bloquear a produção corporal de enzimas necessárias para o crescimento do tumor; causa morte da célula cancerosa in vitro; funciona como antioxidante; possíveis atividades antivirais e antibacterianas Morangos, framboesas, romãs, uva- do-monte, nozes Flavonoides Composto Função Fontes Alimentares Antocianinas Mais estudadas; podem neutralizar os radicais livres, reforçar as defesas antioxidantes, especialmente a nível de DNA; contribuem para a saúde do coração e função da visão e do cérebro pela redução da oxidação de LDL-colesterol Frutas vermelhas (especialmente de cor escura), cerejas, uvas vermelhas Lignanas Atuam como fitoestrogênios, podem auxiliar a função imunológica e contribuir para a manutenção da saúde do coração; podem ajudar a bloquear alguns cânceres relacionados a hormônios Semente de linhaça, centeio, alguns vegetais Limoneno Aumenta as concentrações de enzimas hepáticas que ocorrem naturalmente e que estão envolvidas na desintoxicação de carcinógenos Óleos essenciais de frutas cítricas e outros vegetais Ácido fítico Pode suprimir as reações de oxidação no cólon que produzem radicais livres; reduz a taxa de digestão do amido e, desse modo, a glicemia no organismo é convertida em compostos relacionados com a comunicação celular; pode ser efetivo na redução do crescimento do tumor Farelo de trigo, semente de linhaça, sementes de gergelim, feijões e outros alimentos com alto teor de fibras 28 Pró- antocianidinas (taninos condensados ou pró-cianidinas) O componente ativo da uva-do-monte que contribui para a saúde do trato urinário, mas também pode ter um papel na saúde do coração Uva-do-monte, cacau, canela, amendoins, vinho, uvas, morangos, casca de amendoim (pele) Fenóis Podem contribuir para a defesa antioxidante enquanto mantêm a saúde visual Maçãs, peras, frutas cítricas, salsa, cenoura, brócolis, repolho, pepinos, abóbora, inhame, tomates Fitoestrogênios Genisteína e daidzeína; podem contribuir para a saúde óssea, função cerebral e função imunológica; a relação entre fitoestrogênios e o câncer ainda está sendo debatida Feijão-soja, derivados de feijão-soja Estanóis e esteróis vegetais Podem potencializar os benefícios de uma dieta saudável para o coração associada ao exercício, reduzindo assim o risco de cardiopatia Milho, soja, trigo, alimentos fortificados, bebidas, pastas fortificadas, chocolate fortificado, óleo de amendoim Prebióticos Composto Função Fontes Alimentares Prebióticos Ingredientes alimentares não digeríveis tais como fibras dietéticas que fornecem alimento sobre o qual as bactérias intestinais crescem; podem melhorar a saúde gastrintestinal e a função imunológica; a inulina e a oligofrutose são os prebióticos mais comumente estudados Grãos integrais (especialmente farinha de aveia), linho e cevada; verduras, frutas vermelhas, bananas e outras frutas; leguminosas; cebolas, alho, mel, alho-poró Probióticos Composto Função Fontes Alimentares Probióticos Bactérias benéficas que melhoram a saúde gastrintestinal e podem melhorar a absorção de cálcio Iogurte (com cultura viva, ativa), kefir, e outros derivados do leite fermentados; vegetais fermentados tais como kimchi e chucrute; e produtos de soja fermentados tais como miso e tempeh 29 Compostos organossulfúricos Composto Função Fontes Alimentares Compostos organossulfúricos Acredita-se que combatam o crescimento de células cancerígenas; podem ser úteis no tratamento da artrite Alho, cebolas, cebolinhas, frutas cítricas, brócolis, repolho, couve- flor, couve de Bruxelas Fonte: MAHAN et al 2013. DNA: ácido desoxirribonucleico; LDL: lipoproteína de baixa densidade. 7 VEGETARIANISMO NA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS Fonte: Pixabay.com As transformações ocorridas na sociedade pelo processo de modernização resultaram em melhorias de saneamento básico, moradia e disponibilidade de alimentos, mas também trouxeram mudanças na composição da dieta, que passou a contar com alto teor de gordura saturada, açúcar e alimentos refinados, além de se tornar pobre em fibra alimentar. Essa dieta, denominada “dieta ocidental”, reflete-se no estado nutricional dos indivíduos (CUPPARI, 2014). O padrão de morbidade e mortalidade mundial permite apontar o estilo de vida moderno como fator importante na etiologia de grande parte das doenças da atualidade, em decorrência de situações como tabagismo, consumo excessivo de 30 bebidas alcoólicas, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo e estresse, que concorrem para a crescente epidemia de obesidade, hipertensão arterial, diabete e dislipidemias. O aumento da carga imposta pelas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) evidencia a necessidade de se rever o atendimento nos serviços de saúde, buscando sua prevenção e um tratamento mais efetivo (CUPPARI, 2014). 7.1 Sobrepeso e obesidade Grandes estudos prospectivos, como o EPIC Oxford (European Prospective Investigation on Cancer) e o ADVENTIST-2 (Adventist Health Study-2) demonstraram que vegetarianos, em especial os veganos, são mais magros que os onívoros consumidores de carne. Entre as possíveis explicações para esta associação estão: o consumo elevado de fibras, grãos integrais, nozes e sementes, bem como o consumo reduzido de gordura e energia pelos vegetarianos. Por outro lado, o consumo de carne vermelha também apresentou associação positiva com o risco de desenvolver sobrepeso e obesidade (BAENA, 2015). 7.2 Doenças cardiovasculares As evidências mais fortes dos benefícios da dieta vegetariana estão relacionadas à redução do risco das doenças cardiovasculares e à mortalidade por doença coronariana. Muitos estudos demonstraram redução da incidência de doenças cardiovasculares e a análise comparada de cinco grandes estudos longitudinais encontrou redução de 24% da mortalidade por doença isquêmica do coração em vegetarianos quando comparados a consumidores de carne animal. Esses achados não chegam a surpreender, visto que vegetarianos, geralmente, apresentam perfil de risco cardiovascular mais favorável do que não vegetarianos: menores níveis de colesterol total e de colesterol do tipo LDL (lipoproteínade baixa densidade), menor peso corporal e menor incidência de hipertensão e diabetes. Entre as possíveis explicações para esses benefícios estão o consumo reduzido de gorduras saturadas e a maior ingestão de fibras solúveis, grãos integrais, legumes, nozes e proteína de soja das dietas vegetarianas. Embora nutrientes isolados possam proporcionar 31 benefícios para o risco cardiovascular, a combinação de alimentos da dieta vegetariana deve conferir um efeito maior, talvez, sinérgico (BAENA, 2015). Vários estudos correlacionaram o consumo de carne com a elevação do risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Entretanto, uma metanálise recente demonstrou que apenas o consumo de carne processada está associado à elevação do risco de doenças cardiovasculares. Por fim, vários estudos demonstraram redução do risco cardiovascular com dietas baseadas, preferencialmente, em vegetais. Por exemplo: a dieta do Mediterrâneo (BAENA, 2015). 7.3 Hipertensão Estudos demonstraram que a dieta vegetariana pode ajudar na prevenção e no tratamento da hipertensão. O Estudo EPIC Oxford demonstrou que a ingestão de carne está associada a maior incidência de hipertensão e a valores mais elevados, tanto de pressão sistólica quanto de diastólica. O Estudo ADVENTIST-2 (Adventist Health Study-2) confirmou esses achados, com a observação da redução da probabilidade de tratamento de hipertensão em vegetarianos (BAENA, 2015). Ensaios clínicos randomizados também demonstraram que a dieta vegetariana reduz a pressão arterial tanto em indivíduos normo como em hipertensos. Embora seja bem aceito que tanto a perda de peso quanto a redução da ingestão de sódio possam baixar a pressão arterial, o efeito da dieta vegetariana parece não se limitar a esses fatores. Esses achados são consistentes com os resultados do estudo DASH (Dietary Approuches to Stopping Hypertension), que demonstrou que dieta rica em frutas, vegetais, grãos-integrais e laticínios desnatados reduz, significativamente, a pressão arterial em indivíduos normo e hipertensos leves (BAENA, 2015). 7.4 Diabetes A dieta vegetariana proporciona benefícios importantes para a prevenção e para o tratamento do diabetes mellitus. Estudos longitudinais demonstraram que vegetarianos apresentam redução de risco de diabetes tipo 2 quando comparados a indivíduos em dieta não vegetariana. O Estudo ADVENTIST encontrou associação significativa entre a ingestão de carne e o risco de diabetes. Os vegetarianos 32 apresentaram, aproximadamente, a metade do risco de desenvolver o diabetes, independentemente do peso corporal, da atividade física e de outros fatores associados à dieta. No Estudo ADVENTIST-2, os veganos apresentaram apenas um terço da ocorrência de diabetes observada em indivíduos não vegetarianos, enquanto lacto-ovo-vegetarianos, pesco-vegetarianos e semivegetarianos apresentaram ocorrências de diabetes intermediárias entre as dos veganos e dos não vegetarianos (BAENA, 2015). A explicação para a redução de risco de desenvolver diabetes em vegetarianos ainda não está clara e tem sido atribuída tanto à ausência de carne quanto à ingestão preferencial de vegetais. Vários estudos demonstraram associação positiva entre a ingestão de: carne vermelha, carne processada, proteína animal ou ferro heme e risco de desenvolver diabetes tipo 2 e diabetes gestacional. Nos estudos ADVENTIST (Adventist Mortality Study e Adventist Health Study), os indivíduos que consumiram carne animal, semanalmente, desenvolveram 29% mais diabetes comparados aos que não comeram carne. Já os indivíduos que consumiram carne processada foram 38% mais propensos a desenvolver diabetes. Para aqueles que aderiram a uma dieta por mais de 17 anos, os vegetarianos apresentaram 74% menos probabilidade de desenvolver diabetes do que os que ingeriram carne pelo menos uma vez por semana (BAENA, 2015). Uma revisão sistemática de estudos observacionais sobre o consumo de carne e o desenvolvimento de diabetes tipo 2 estimou o risco relativo comparando a quantidade de carne consumida, pequena versus grande, e encontrou os seguintes valores: para a carne animal, para a carne vermelha e para a carne processada, respectivamente. Os autores ainda calcularam o aumento do risco de desenvolver diabetes em 20% para um consumo de 120 g/dia de carne vermelha e em 57% para o consumo de 50 g/dia de carne processada (BAENA, 2015). Além da carne animal, outros fatores relacionados à dieta vegetariana foram associados à redução do risco de desenvolvimento ou mesmo do controle do diabetes tipo 2, incluindo: a menor ingestão de gordura saturada e a maior de fibras, grãos integrais, legumes e nozes. Por exemplo: a substituição da carne vermelha por proteína de soja ou vegetal reduziu o risco de doença renal em pacientes com diabetes tipo 1 e 2 (BAENA, 2015). 33 Os ensaios clínicos que testaram o efeito da dieta vegetariana em pacientes diabéticos demonstraram uma importante redução de peso corporal nos vegetarianos, o que contribui para a prevenção e para o tratamento do diabetes tipo 2. Por fim, ensaios clínicos com dieta vegana em diabéticos do tipo 2 demonstraram melhora importante no controle glicêmico, no perfil lipídico e na redução da necessidade de medicamentos (BAENA, 2015). 7.5 Neoplasias Geralmente, os vegetarianos apresentam menor ocorrência de neoplasias e maior expectativa de vida quando comparados à população controle de uma mesma comunidade. Todavia, o conceito de dieta vegetariana encontrado nos estudos variou amplamente, quanto à tolerância a alimentos de origem animal, ao nível de processamento dos alimentos e ao controle de fatores de confusão associados ao risco de desenvolver neoplasias, como o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo, entre outros (BAENA, 2015). 7.6 Câncer de cólon Nesse cenário de grande heterogeneidade, o Fundo Mundial de Pesquisas em Câncer (The World Cancer Research Fund) relatou a existência de evidências científicas convincentes para a elevação do risco de desenvolver câncer de cólon associada ao consumo de carne vermelha ou de carne processada. Os estudos ADVENTIST corroboram esse posicionamento, com a observação da redução do risco de desenvolver o câncer de cólon nos indivíduos vegetarianos. Entretanto, o estudo EPIC-Oxford não encontrou diferenças no risco de desenvolvimento de câncer de cólon entre vegetarianos e não vegetarianos (BAENA, 2015). Uma explicação para a redução do risco de câncer do cólon em vegetarianos seria o consumo elevado de fibras, acelerando o volume fecal que, por sua vez, aumenta a mobilidade intestinal, aumentando o trânsito de substâncias carcinogênicas e, portanto, diminuindo a superfície de contato e o tempo de exposição da mucosa a esses agressores. Adicionalmente, vegetarianos com ingestão rica em fibras, quando comparados a indivíduos com ingestão rica em carne, apresentam 34 diminuição da proliferação de células colônicas, modificação do perfil bacteriano intestinal e diminuição da concentração de agentes mutagênicos, todos com potencial para reduzir o risco de neoplasias. Contudo, os efeitos protetores das dietas a base de vegetais, ricos em fibras, no desenvolvimento do câncer de cólon ainda permanece controverso (BAENA, 2015). 7.7 Câncer de mama Estudos sugerem que mulheres aderentes à dieta vegetariana por muitos anos apresentam redução do risco de desenvolver câncer de mama associado ao consumo elevado de vegetais (frutas, legumes e soja) e ao consumo reduzido de carne vermelha. Uma possível explicação para a redução da ocorrência de câncer de mama em vegetarianas está fundamentada na diminuição da exposição estrogênica da mama, observada pela redução do nível sérico hormonal, pelos ciclos menstruais mais longos e pela menarca tardia. Estudos recentes não conseguiram reproduzir esses achados, que permanecemobscuros, sem confirmação (BAENA, 2015). Outra possível explicação para a redução de risco de desenvolver câncer de mama com as dietas vegetarianas sugere que vegetais, grãos integrais, legumes e frutas, ricos em fibras e nutrientes, como o ácido fólico, são também ricos em compostos bioativos, chamados fitoquímicos, que apresentam inúmeras propriedades antioxidantes e antiproliferativas (BAENA, 2015). Por fim, alguns estudos sugerem que o consumo de carne animal, em particular, de carne processada, contribui para o desenvolvimento de neoplasias. A produção aumentada de espécies ativas de oxigênio resultante da oferta excessiva de ferro heme ou a exposição a compostos cancerígenos produzidos pelo processo de cocção da gordura animal seriam os principais fatores carcinogênicos associados ao consumo de carne. Contudo, essas teorias não são definitivas e demandam confirmação científica (BAENA, 2015). 7.8 Outras neoplasias e outras doenças Vários estudos correlacionaram a ocorrência de outras neoplasias ao aumento do consumo de carne vermelha ou proteína animal ou ao baixo consumo de vegetais 35 ou fitoquímicos da dieta. Contudo, estas observações ainda envolvem muitas controvérsias e poucas evidências foram produzidas. Evidências científicas ainda limitadas sugerem que a dieta vegetariana também reduz o risco de outras importantes condições, como a doença diverticular do cólon, a litíase renal, a litíase biliar, a artrite reumatoide, a gota, a doença renal, a doença de Crohn e a retocolíte ulcerativa (BAENA, 2015). 8 ANOREXIA NERVOSA X VEGETARIANISMO Fonte: Pixabay.com A anorexia nervosa é um distúrbio complexo do comportamento alimentar que envolve componentes de ordem psicológica, fisiológica e social. A anorexia nervosa é uma doença. Como a carne é um alimento calórico com elevado teor de gordura, é natural que pessoas com anorexia, em algum momento da evolução, a retirem do cardápio, assim como diversos outros alimentos calóricos (massas, queijos amarelos, doces). O anoréxico pode se aproveitar do fato de a população, de forma geral, ainda ter ideias errôneas sobre a dieta vegetariana e usar o pretexto de ser vegetariano como forma de esconder das pessoas com quem convive os indícios de que sofre de anorexia nervosa (SVB, 2012). Em 1987, um estudo avaliou 116 pacientes com anorexia nervosa e encontrou o discurso do vegetarianismo em 54,3% delas. Em apenas 6,3% das avaliadas, a opção 36 pelo vegetarianismo fora feita antes do surgimento da doença. De forma complementar, poderíamos pensar que 45,7% dessas mulheres anoréxicas comem carne, e que 93,7% delas já a comiam antes de apresentar a doença, o que induz à conclusão errônea de que o consumo de carne leva à anorexia. A maior preocupação de manter uma dieta saudável, o que, consequentemente, traz benefícios à saúde, leva à ideia errônea de alguns pesquisadores de que o vegetariano sofre de distúrbios alimentares. Esse erro conceitual é encontrado em estudos na literatura indexada. O profissional de saúde, diante do paciente com alteração da imagem corporal, precisa ficar atento ao discurso de que o peso abaixo do adequado se deve à adoção da dieta vegetariana, pois essa dieta não provoca magreza excessiva, a não ser por erro nutricional ou quando há anorexia nervosa como causa primária (SVB, 2012). 9 ORTOREXIA X VEGETARIANISMO Fonte: Pixabay.com A ortorexia é uma alteração do hábito alimentar ainda não reconhecida como doença. Ortho significa correto e Orexis, apetite. A ortorexia pode ser considerada O vegetarianismo não leva à anorexia, mas alguns anoréxicos podem aproveitar o desconhecimento da população e usar a desculpa do vegetarianismo para esconder a doença em seu meio social (SVB, 2012). 37 uma alteração do hábito alimentar em que a pessoa mostra "obsessão" pelo consumo de alimentos saudáveis, como um "culto" ao alimento saudável. Essa "obsessão" decorreria do desejo de melhorar a saúde, tratar doenças ou perder peso (SVB, 2012). Dentro desse contexto, alguns indivíduos poderiam retirar a carne do cardápio, o que significa que o distúrbio pode levar à adoção de uma dieta com pouca carne ou vegetariana. O vegetarianismo não leva à ortorexia. Para reforçar essa ideia, conforme vimos anteriormente na anorexia, o motivo de saúde não é o que leva a maioria dos indivíduos a se tornarem vegetarianos. Os distúrbios alimentares são doenças que se manifestam como comportamentos alimentares que trazem consequências negativas à saúde dos que as apresentam, e não o contrário (SVB, 2012). 10 AGROTÓXICOS Fonte: Pixabay.com De todos os xenobióticos, os agrotóxicos são o fator que mais provoca dúvidas em relação ao consumo de alimentos de origem vegetal. Os organoclorados foram os primeiros pesticidas produzidos e, mais tarde, surgiram os organofosforados, carbamatos, piretroides e derivados de trianzinas. A comercialização e distribuição no Brasil de vários organoclorados (DDT, Aldrin, Heptacloro, Clordano, Dieldrin, BHC, Hexaclorobenzeno, Canfeno Clorado) foram proibidas em 3 de setembro de 1995. 38 Como parte deles é altamente lipossolúvel, sua capacidade de infiltração em tecido gorduroso é elevada e eles percorrem rapidamente a cadeia alimentar da natureza após a pulverização em vegetais. Além disso, os organoclorados têm degradação lenta. Um estudo feito em Hong Kong entre 1993 e 1995 para avaliar o nível de organoclorados em amostras de leite de vaca encontrou nível de DDE e BHC que excedia os valores máximos permitidos pelo Coder - Committee on Pesticide Residues, muito embora a China tivesse proibido o uso desses compostos em 1983, ou seja, dez anos antes da realização do estudo. No Brasil, essa realidade não é diferente. Diversos estudos comprovaram a contaminação de várias bacias hídricas. Mais de 10 anos depois do uso de DDT na natureza, ainda se encontrou contaminação em todas as matrizes de galinhas poedeiras numa região do Rio de Janeiro, com comprometimento dos ovos utilizados para consumo humano (SVB, 2012). Os pesticidas clorados penetram no organismo por contato cutâneo, vias respiratórias e trato digestório. O DDT e o Dicofol contaminam o organismo humano primariamente por alimentos com maior teor de gorduras. Animais alimentados com ração são mais expostos à contaminação por consumir a colheita proveniente de regiões com agricultura industrial que usa pesticidas em larga escala. Estudos com vegetarianas demonstram que o seu leite materno está menos contaminado do que o de onívoras, explicado pelo fato de os agrotóxicos serem lipossolúveis. Com isso, os consumidores secundários e terciários da cadeia alimentar ficam mais expostos, pois ao comerem outro animal ingerem tudo o que se acumulou no seu tecido adiposo ao longo de toda a vida. O vegetariano estrito será exclusivamente consumidor primário (SVB, 2012). A maior contaminação humana por organoclorados é proveniente do consumo de carne e derivados animais. Um estudo avaliou a ingestão teórica diária máxima baseada nos níveis de resíduos máximos, calculada como percentual da ingestão diária aceitável. As carnes e ovos foram os maiores responsáveis pela ingestão elevada de pesticidas organoclorados, que, no caso do Aldrin, chegava a 348% da ingestão diária aceitável na população geral e a 146% a 183% nos vegetarianos. Os autores, apesar desse dado, ainda defendem a ideia errônea de que, teoricamente, a dieta vegetariana teria maior probabilidade de contaminação com outros pesticidas devido ao consumo maior de frutas e verduras (SVB, 2012). 39 Se compreendemos que, pelas diretrizes do Ministério da Saúde, se aceita o consumo de até 100 gramas de carne numa dieta saudável, sua substituição por feijões não trará aumento do nível de agrotóxicos. Os animais, por serem consumidores primários ou secundáriose pelo elevado teor de gordura corporal, acumulam resíduos de pesticidas ao longo da vida. O ser humano, como parte final dessa cadeia alimentar, recebe esses xenobióticos concentrados ao ingerir a gordura animal (SVB, 2012). 40 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American Dietetic Association (ADA). Position of the American Dietetic Association: vegetarian diets. J Am Diet Assoc. 2009; 109:1266. BAENA, Renato Corrêa. Dietas vegetarianas: riscos e benefícios. Revista Diagnóstico e tratamento, São Paulo, v.20, edição 2, p. 56-64, mar/2015. BARNARD, Neal D. et al. Plant-Based Diets for Cardiovascular Safety and Performance in Endurance Sports. Nutrients, Washington DC USA, V. 11, p. 130- 133, publicado em 10 de janeiro de 2019. CAMPBELL, T. Colin. An Historical Perspective. The Past, Present, and Future of Nutrition and Cancer. Part 2. Misunderstanding and Ignoring. Journal Nutrition and Câncer. Publicado em 25 de julho de 2017. V.69, 2017.P. 962 á 968. CAMPBELL, Thomas Colin. 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