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1 UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UFPBVIRTUAL COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS - LÍNGUA INGLESA FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO Márcia Maria de Medeiros Travassos Saeger 2 SUMÁRIO Palavras da professora pesquisadora .......................................................... 03 UNIDADE I: CONHECENDO SOBRE A PSICOLOGIA 04 1. Construção histórica da Psicologia ........................................................... 04 2. As escolas da Psicologia e sua relação com a identidade da área .......... 11 3. Psicologia: conceito e aplicações ............................................................. 15 UNIDADE II: PSICOLOGIA EDUCACIONAL 21 1. O processo de construção social do indivíduo ......................................... 21 2. Psicologia da Educação: história, conceito, objetivo e correntes teóricas 26 3. Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem ................................ 33 UNIDADE III: O PROCESSO DE EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE 38 1. O processamento da informação .............................................................. 38 2. Tecnologias e educação ........................................................................... 42 3. Psicologia e educação: propostas futuras ................................................ 47 Referências .............................................................................................................. 51 3 Palavras da professora pesquisadora Caro(a) discente, É com alegria que saúdo a você e apresento a disciplina Fundamentos Psicológicos da Educação. O processo de ensino- aprendizagem é uma relação entre todos nós, que formamos a Educação à Distância, portanto, sua participação é fundamental para que tenhamos um ambiente de completa interação. Nesta disciplina, iremos trabalhar com temáticas que nos auxiliem no entendimento sobre as contribuições da Psicologia para a Educação. O ambiente proposto para nossas discussões será enriquecido com a sua contribuição. Lembre-se de que a rede de conhecimentos que pretendemos construir só poderá existir, de fato, numa esfera de colaboração entre todos, num processo de compartilhamento de saberes e contribuindo para o crescimento individual e profissional de cada um de nós. Boa caminhada! Profª MSc. Márcia Maria de Medeiros Travassos Saeger 4 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE I CONHECENDO SOBRE A PSICOLOGIA CAPÍTULO 1: CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA Antes de iniciarmos nossos estudos sobre a Psicologia Educacional nos tempos atuais, é importante conhecermos os fundamentos históricos e como se deu o processo de construção da Psicologia, a fim de nos situarmos quanto à temática. A história da Psicologia é marcada por diversas correntes de pensamento, tendo seu fundamento científico determinado por Wilhem Wundt, em meados do Século XIX. Para Wundt, a Psicologia é uma ciência empírica, tendo como objeto de estudo a experiência imediata, entendendo-se por experiência imediata os aspectos subjetivos da experiência, residindo no mundo interno dos sujeitos. Wundt entendia que a Psicologia constituía-se uma ciência independente de teorias metafísicas1, o que o fez recusar as concepções metafísicas sobre o objeto da Psicologia, determinando assim seu objeto de estudo, objetivos e métodos de pesquisa. Seu trabalho provocou diversos estudos em Psicologia, acatando ou atacando a psicologia wundtiana. 1 O estudo do ser ou da realidade, e se destina a buscar respostas para perguntas complexas como: O que é realidade? O que é a vida? O que é natural? O que é sobrenatural? O que nos faz essencialmente humanos? (INFOESCOLA, 2015). 5 Exemplo destes estudos reside na Teoria Behaviorista, de John Watson, em fins do Século XIX, que afirmava ser possível uma ciência do comportamento, que seria a Psicologia, indo de encontro à perspectiva de Wundt. Contudo, muitos estudiosos da área discordam de que o comportamento é o objeto de estudo da Psicologia, ainda que a vejam como ciência. Por esta razão, a ciência do comportamento é hoje conhecida como análise comportamental. Ainda citando as correntes do pensamento da Psicologia, William James e John Dewey propuseram, nos Estados Unidos, em fins do Século XIX e começo do Século XX o Funcionalismo, que buscava, nas funções de adaptação, a síntese entre o seu organismo e o ambiente, ou seja, a mente dos sujeitos poderia ser estudada por meio de seus comportamentos, e estes deveriam se adaptar às condições ambientais para que pudessem sobreviver. No que diz respeito ao campo da educação, Dewey trouxe importantes contribuições, por considerar que o ensino, ao ser orientado para o aluno, ao invés do assunto, poderia formar o ser humano, a partir de sua adaptação ao contexto social através da educação. Outra teoria de bastante importância para os estudos da Psicologia é a Teoria da Gestalt, proposta por Max Wetheimer, Kurt Koffka e Wolfgan Koller, na segunda década do século XX, período marcado por mudanças significativas na filosofia e nas ciências. Acatando e tomando como ponto de partida a experiência imediata, proposta por Wundt, a Teoria da Gestalt, surgida na Alemanha, repensou funções psíquicas como a percepção, a memória e a aprendizagem, representando assim os primeiros modelos sistêmicos em Psicologia, numa abordagem mais centrada nas pessoas. A partir da recusa da relação estímulo-resposta defendida pelo comportamentalismo de John Watson, a gestaltismo defendia que o todo se opunha à soma das 6 partes na investigação sobre a mente. Considerando que a Gestalt enfatizava as percepções dos sujeitos, e sendo estas baseadas na experiência imediata e nas relações com o mundo onde ele vive, não se pode afirmar que uma percepção sobre algo é “totalmente errada”, pois cada sujeito cognoscente possui a sua gestalt. O princípio da Teoria da Gestalt, com base nos diferentes entendimentos sobre um mesmo fenômeno, contribuiu para a construção das bases epistemológicas de outras ciências, sobretudo as que trabalham com a informação como foco de pesquisa, uma vez que as interpretações e apreensões da informação e os processos de construção do conhecimento não são padronizados, posto que acontecem com base nas significações individuais. A Psicologia Cognitiva, notadamente interessada nos elementos essenciais da consciência, buscava explicar as percepções do indivíduo sobre o mundo e como ele se utiliza do conhecimento que possui para desenvolver funções cognitivas, tais como falar, raciocinar, memorizar, ou mesmo buscar soluções para problemas. Estas estruturas cognitivas impulsionaram os estudos de Jean Piaget, sobre o desenvolvimento infantil, trazendo importantes contribuições para o campo da educação. A teoria da Epistemologia Genética, proposta por Piaget, partia da relação lógica entre a Psicologia e a Biologia, buscando uma explicação científica para o processo de construção do conhecimento do homem. Para tanto, Piaget desenvolveu um conjunto de métodos qualitativos de investigação, composto por três etapas, a saber: observação do comportamento espontâneo dos sujeitos; observação do comportamento a partir de uma situação experimental provocada; diálogo estabelecido entre o pesquisador e o indivíduo. Salientamos que Piaget propôs que a investigaçãofosse realizada com crianças. Os princípios da teoria de Piaget permitiram explicar os processos de ensino-aprendizagem por meio da aprendizagem por descoberta, consideração 7 das diferenças entre os indivíduos, relação do indivíduo com o ambiente, facilidade de aprendizagem e avaliação contínua. Dentre as correntes clássicas da Psicologia, cita-se ainda a Psicanálise, criada pelo neurologista Sigmund Freud, por sua proposta de definir o inconsciente do indivíduo como objeto de estudo. Freud, que incialmente buscou tratar distúrbios psíquicos, contribuiu para o conhecimento do comportamento humano através da organização da mente dos indivíduos. Os resultados de seus estudos fizeram surgir a Psicologia Clínica e contribuíram para o entendimento de problemas comportamentais provocados por distúrbios mentais e sentimentos ou desejos reprimidos, estabelecendo assim forte relação entre o inconsciente e o consciente humano. Ao longo da história da Psicologia, para além das correntes clássicas apresentadas, sinalizando um movimento de avanço em relação aos estudos sobre o indivíduo, surgiram outras abordagens, dentre elas as abordagens da psicologia dos grupos. Ressalte-se aqui a contribuição do alemão Kurt Lewin, através das dinâmicas de grupo, que, trabalhando com egressos da Segunda Guerra Mundial, identificou que o todo (ou seja, o grupo) é maior que a soma de suas partes (relação com a Teoria Sistêmica, trabalhada na Administração e outras ciências), enfatizando ainda que havendo a modificação de uma das partes, a estrutura do todo também é modificada. Surgida no fim dos anos 1950 e início dos anos 1960, a Psicologia Humanista foi de encontro às perspectivas do Behaviorismo (análise comportamental) e Psicanálise (inconsciente como objeto de estudo), consideradas por muitos humanistas como dominantes no campo da Para discussão no Moodle! A teoria de Jean Piaget: um dos princípios da teoria de Piaget era a consideração das entre os indivíduos. Por que elas influenciam na aprendizagem? 8 Psicologia. Com forte influência da Psicologia da Gestalt e contribuições de Abraham Maslow, a corrente humanista era centrada no conhecimento do indivíduo, considerado ponto de partida dos processos de reflexão, tendo consciência do mundo em que está inserido, dos fenômenos e da sua própria experiência consciente. As revoluções surgidas em meio a rebeliões estudantis em várias partes do mundo, marcadas por uma juventude que ia de encontro à dominação de um segmento da sociedade e a servidão de outro, iconizadas pelo movimento de Maio de 1968, em Paris, afetou hospitais e escolas, aliando assim a Psicologia, Psiquiatria, Sociologia e Educação. Como crítica à centralização e rigorosa hierarquia em hospitais psiquiátricos e escolas fez surgir a Psicoterapia Institucional, em 1950, e a Pedagogia Institucional, em 1962. A contemporaneidade é marcada pela revolução tecnológica e por novos modos de produção de conhecimento e interação social, fortemente assinalados pelo uso das tecnologias. Acompanhando estas inovações, surgem problemáticas sociais novas, uma vez que os indivíduos estão imersos em um contexto de interação social cada vez mais forte. Neste contexto, surge na Psicologia um processo de ruptura com a psicologia científica, em face à necessidade de se considerar a subjetividade. Isto porque o estudo da mente dos indivíduos deve levar em consideração a construção e as influências do contexto social no qual ele está imerso. Nos estudos sobre a subjetividade, aponta-se como principal referência a obra de Lev Vygotsky2, psicólogo russo que, juntamente com pensadores de outras áreas do conhecimento, abrem um caminho interdisciplinar para a Psicologia. No Brasil, especificamente, a Psicologia foi impulsionada, ao final do Século XIX, pela ligação com a medicina e com a educação. Na medicina, o trabalho da Psicologia foi desenvolvido com fins de controle social, buscando identificar anormalidades relacionadas às chamadas “raças inferiores”, por se acreditar que eles poderiam prejudicar a ordem social da época. Sendo assim, 2 Lev Vygotsky foi o responsável pela teoria da Psicologia sócio-histórica, que defendia a construção social do conhecimento e ressaltava que o processo de ensino e aprendizagem deveria ser mediado pela escola e pelo professor. Foi graças a esta teoria que a Psicologia pôde avançar no entendimento da mente humana a partir das relações entre individual e social. 9 nas instituições psiquiátricas, o trabalho suplantava o tratamento das perturbações mentais, pois, em função da discriminação racial, os negros e mestiços eram vistos como vulneráveis a enfermidades, por sua natureza indolente. Na área da educação, a Psicologia contribuiu por se tratar da fonte de conhecimento sobre os indivíduos, seu desenvolvimento mental, sentimentos e construção do comportamento, num período em que o país estava em desenvolvimento e o analfabetismo da população era um dado preocupante. A expansão da escola pública no país fez aumentar a necessidade de educadores que conhecessem os processos de desenvolvimento do indivíduo. Como consequência da expansão da educação, as estatísticas sobre o rendimento do ensino público mostraram elevados índices de reprovação e evasão da escola pública, provocando assim a necessidade de se entender a fundo as causas daqueles fatos. A Psicologia auxiliou também fornecendo o conhecimento científico que embasaria esta investigação, considerando que as dificuldades dos alunos eram provenientes da organização familiar e das relações socioculturais estabelecidas, pois teriam influência direta em seu comportamento. ATIVIDADES DO CAPÍTULO 1 1) Com base nas correntes teóricas apresentadas nesta primeira aula, que marcam a construção histórica da Psicologia, elabore um esquema que apresente a sequência destas correntes e sua principal característica. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 10 2) O que podemos apontar como principal agente de mudanças tanto na perspectiva da Psicologia, quanto nas demais ciências, nos tempos atuais? Explique sua resposta. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3) Como se deu o início da Psicologia no Brasil? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Caro(a) aluno(a), Lembre-se que a leitura do texto e a resolução da atividade proposta irão auxiliá-lo para a compreensão da construção da Psicologia, enquanto ciência. Esta primeira noção é fundamental para que você possa entender como a Psicologia contribui para a compreensão de nosso comportamento. Bons estudos! 11 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE I CONHECENDO SOBRE A PSICOLOGIA CAPÍTULO 2: AS ESCOLAS DA PSICOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A IDENTIDADE DA ÁREA A discussão que pretendemos trazer neste capítulo gira em torno da identidade teórica, ou paradigmática no campo daPsicologia. Na verdade, esta busca por identidade, afirmação de um objeto de estudo e de um conjunto de metodologias próprias não é vista apenas na Psicologia, mas na maioria das ciências, sejam elas humano-sociais ou sociais aplicadas. A discussão sobre paradigmas tomou força com a publicação do livro “A estrutura das revoluções científicas”, de Thomas Kuhn. A visão kuhniana sobre os paradigmas e o estágio de maturidade da ciência, ao poder constituir um paradigma, uma vez que ele vai fornecer os fundamentos sobre os quais a comunidade científica desenvolve suas atividades, influenciou bastante a discussão desta questão na Psicologia. A presença das chamadas “escolas de pensamento” nas ciências marca um estágio conhecido como pré-paradigmático, pois estas escolas refletem um conjunto de discussões de autores que discordam total ou parcialmente uns dos outros. O estágio paradigmático de uma ciência é atingido quando estas discordâncias se encerram e a ciência ganha um núcleo duro, um objeto de estudo bem definido e abarca um conjunto de teorias, ou paradigma, que dá sustentação à ciência como um todo, sem quebras. Desta forma, com base no que apresentamos no capítulo anterior sobre as escolas de pensamento da Psicologia, tendo início na visão de Wudnt, que 12 entendia que a Psicologia era uma ciência empírica, cujo objeto residia nas experiências imediatas, passando por escolas que se apoiaram nesta ideia, como a Psicologia da Gestalt, e outras que se opunham à ideia das experiências imediatas, como o Behaviorismo, como podemos entender a situação paradigmática no campo da Psicologia? Será que podemos afirmar que a Psicologia é uma ciência que já alcançou o estágio paradigmático? É certo que as respostas para estes questionamentos não são absolutas e não seremos nós, mais um grupo de estudiosos sobre o tema, que as acharemos de forma tão simples, uma vez que a análise destas questões requer um grande aprofundamento na literatura. Mas, com base nas poucas inferências que apresentamos na primeira aula, que tal buscarmos responder, ainda que de forma objetiva, a estes questionamentos? Vamos lá! O primeiro questionamento foi: como podemos entender a situação paradigmática no campo da Psicologia? É certo que para buscar respostas a estas perguntas, vamos adotar uma linha para sustentar nosso argumento, qual seja a visão kuhniana sobre conhecimento e paradigmas nas ciências em geral, e não apenas na Psicologia. Para Kuhn, os problemas de difícil solução podem marcar a “substituição” de um paradigma por outro, que apresente novo conjunto de proposições que dê conta de solucionar os problemas da ciência. Esta noção de quebra paradigmática ou substituição de um paradigma por outro deve ser entendida aqui não como o abandono das ideias do paradigma anterior, mas a sua substituição por um conjunto de noções aperfeiçoadas, complementares, que vão tornar mais completo o discurso científico do campo. Em resumo, os paradigmas vão, ao longo das discussões dos autores com diferentes visões ou em busca de soluções para problemas que não se esgotam, sendo aperfeiçoados. Mas, ainda que trabalhemos com a ideia de que os paradigmas novos apresentam meios mais eficientes de continuar buscando soluções para a problemática alvo da ciência, eles não deixam de ser algo inovador, diferente. Voltamos então, para responder nosso questionamento, à noção pré- paradigmática kuhniana, existente enquanto as escolas de pensamento diferentes forem se lançando no campo científico, uma complementando a outra, apresentando visões concordantes ou discordantes sob o nome de uma 13 “nova” escola de pensamento. Se a construção da Psicologia foi marcada por várias escolas de pensamento, conforme mostramos na aula anterior, e ainda hoje não se tem clara a noção de que uma nova escola não poderá surgir, uma vez que as novas descobertas marcam novas abordagens paradigmáticas, podemos considerar que a situação paradigmática no campo da Psicologia é a mesma que a grande maioria das ciências humano-sociais: vivemos ainda no estágio pré-paradigmático. Aliás, esta consideração, que passa longe de se propor como uma conclusão impassível de discursões, seja para a área da Psicologia ou outras ciências, foi fundamentada com base, apenas, na evolução do pensamento da Psicologia e na noção kuhniana sobre paradigmas. Ainda assim, tomando como base nossas simples considerações, que mais servem de subsídio para alimentar a discussão em grupo sobre a temática, o segundo questionamento também fica respondido, de forma implícita, com a primeira resposta, acreditando-se que ainda é cedo para afirmar que a Psicologia já atingiu seu estágio de maturidade paradigmática. Contudo, não podemos deixar de ressaltar que a discussão sobre os paradigmas de uma ciência, em nosso caso específico da Psicologia, não pode se confundir com a clara noção de seu conceito e suas aplicações, já que os construtos teóricos buscam, com as devidas diferenças, resolver um mesmo problema, relacionado ao objeto de estudo da ciência. Por isso, nossa próxima etapa é apresentar o conceito e as aplicações da Psicologia, para que, após estas noções gerais sobre o campo, possamos adentrar, especificamente, na Psicologia da Educação. ATIVIDADES DO CAPÍTULO 2 1) Com base na leitura deste texto, o que você entende por paradigma? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 14 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2) Discuta sobre a relação entre as escolas da Psicologia e a identidade da área, considerando a visão paradigmática da ciência. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Caro(a) aluno(a), Nossa proposta, neste capítulo, foi fomentar a discussão sobre a identidade das ciências, especialmente a Psicologia, com base na visão paradigmática que oferece “maturidade” ao campo. A Psicologia, assim como a grande maioria das ciências humano-sociais, vive um processo de constantes descobertas sobre seu objeto de estudo, já que nosso comportamento não é padronizado e sofre influências do meio em que vivemos. Bons estudos! 15 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE I CONHECENDO SOBRE A PSICOLOGIA CAPÍTULO 3: PSICOLOGIA – CONCEITO E APLICAÇÕES A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, entendendo-se as ações dos indivíduos, seus pensamentos, sentimentos, percepções, formas de raciocínio, memória e as atividades biológicas que fazem com que o corpo funcione. Deste modo, a tarefa do Psicólogo reside na descrição, explicação e até mesmo na prevenção do comportamento e dos processos mentais humanos, valendo-se de métodos científicos como meio de validar as respostas encontradas, em lugar dos resultados provenientes da especulação. Considerados mais confiáveis, estes métodos científicos são resultantes das várias pesquisas e contribuições teóricas das correntes do pensamento da Psicologia, ao longo de sua evolução. O trabalho do Psicólogo irá contribuir não apenas para a solução de conflitos mentais, mas também para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos. Veja, no quadro a seguir, uma pequena atividade proposta para testar nossos conhecimentossobre a Psicologia, baseada na ideia de Robert Feldman (2015). 16 Analise cada uma das afirmações a seguir, assinalando se são verdadeiras ou falsas. 1) Os bebês amam suas mães, principalmente porque elas atendem suas necessidades biológicas básicas, como o fornecimento de alimentos ______. 2) Os gênios geralmente têm uma adaptação social pobre _______. 3) A melhor maneira de garantir que um comportamento desejado irá continuar depois de concluído um treinamento é recompensar este comportamento toda vez que ele ocorre durante o treinamento, em vez de recompensá-lo apenas periodicamente _______. 4) Os pais devem fazer tudo o que puderem para garantir que seus filhos tenham alta autoestima e tenham a forte sensação de que são competentes ______. 5) O QI das crianças tem pouco a ver com seu desempenho na escola _______. 6) Quando as pessoas chegam à velhice, suas atividades de lazer mudam radicalmente _______. 7) A maioria das pessoas se recusaria a aplicar choques elétricos dolorosos em outras pessoas _______. 8) As pessoas que falam sobre suicídio são pouco propensas a tentar realmente se matar _______. A evolução do pensamento sobre a Psicologia e seu objeto de estudo, mencionada anteriormente, resultou no surgimento de várias subáreas. Ressalta-se que, mesmo que nem todas estas subáreas tenham interações diretas entre si, elas estão relacionadas em função do objeto de estudo comum a todas, qual seja a compreensão do comportamento dos indivíduos. Por esta razão, indica-se que a proximidade entre estas subáreas reside nas questões que tratam deste objeto de estudo. a) Psicologia experimental � ramo da Psicologia que estuda os sentidos, visões de mundo e percepções dos indivíduos. Mesmo que um Psicólogo possua outra especialização, ele irá utilizar técnicas experimentais; b) Psicologia cognitiva � considerada uma subespecialidade da Psicologia experimental, a Psicologia cognitiva inclui o pensamento, as formas de raciocínio, a busca pela solução de problemas, a linguagem e a memória do indivíduo; c) Psicologia do desenvolvimento � estuda, como o próprio nome sugere, o desenvolvimento do indivíduo, desde seu nascimento até a morte; 17 d) Psicologia da personalidade � trata do comportamento do indivíduo ao longo do tempo e como se dá sua uniformidade, identificando também o que marca as diferenças entre os indivíduos; e) Psicologia da saúde � analisa a relação entre fatores psicológicos e problemas de saúde ou de ordem física, tratando de temas como depressão e estresse; f) Psicologia clínica � este ramo da Psicologia busca estudar, diagnosticar e tratar transtornos psicológicos, como crises vivenciadas no dia a dia, até depressões profundas. Se observarmos bem, podemos estabelecer relações entre estas subáreas, a partir do foco do objeto de estudo, conforme ilustrado na figura abaixo. Figura 1 – Subáreas da Psicologia e as relações por foco do objeto Fonte: Elaboração própria (2015) 18 Considerando que a Psicologia tem por objetivo fundamental o estudo do comportamento do indivíduo, com aplicações diretas a partir de suas subáreas, trazemos mais uma vez à tona as discussões sobre a influência das tecnologias no comportamento dos indivíduos, em suas relações e interações com o meio no qual eles estão inseridos. As redes sociais configuram espaços que propiciam a interação de pessoas de todo o mundo, a qualquer tempo, reduzindo as noções espaciotemporais, graças à internet. Assim, o comportamento dos indivíduos passa também a sofrer influências do meio social virtual, trazendo duas subáreas da Psicologia com aplicações contemporâneas: a Psicologia social e a Psicologia transcultural. A Psicologia social se propõe a estudar como pensamentos, sentimentos e ações dos indivíduos podem ser afetados por outros, abarcando temas como amor ou agressão. Estudos revelam que a Psicologia social e a Psicologia da saúde estão diretamente relacionadas, pois, muitos dos fatores sociais que afetam o comportamento dos indivíduos podem trazer danos à sua saúde. Observe alguns destes fatores, dispostos na figura a seguir. Figura 2 – Fatores do contexto social que podem afetar a saúde Fonte: Fernandes; Santos; Techio (2015) 19 Já a Psicologia transcultural estuda como o comportamento dos indivíduos pode se diferenciar com base nos sistemas culturais em que eles estão imersos. Por último, mas não menos importante, já que constitui o tema fundamental de nossa disciplina, aponta-se a Psicologia Educacional, que trabalha com um conjunto de conhecimentos sobre as bases do desenvolvimento e da aprendizagem de indivíduos de todas as idades e em diferentes tipos de instituições. É importante diferenciarmos a Psicologia Educacional da Psicologia Escolar. Enquanto a primeira, que pode ser desenvolvida por profissionais de outras áreas ligadas à educação, busca solucionar problemas relacionados à aprendizagem dos indivíduos, a segunda se propõe a compreender as razões do insucesso de crianças na escola, sendo uma especialização da Psicologia. Diferenciamos ainda a Psicologia Educacional da Psicologia Escolar quanto à abrangência de atuação, pois a Psicologia Escolar é própria da área de Psicologia, ao passo que a Psicologia Educacional está imersa nas áreas de Educação (Pedagogia) e Psicologia. Assim, em um ambiente escolar, o acompanhamento relativo às causas do baixo rendimento de crianças deve ser feito por um Psicólogo Escolar, enquanto que o estudo das influências que o comportamento destas crianças tem em seu processo de aprendizagem pode ser feito por um Pedagogo ou mesmo por um Psicólogo, ou ainda pelos professores da escola. A questão é que estes estudos da Psicologia Educacional buscarão, nos fundamentos da Psicologia, as bases para investigação. ATIVIDADES DO CAPÍTULO 3 1) Explique o que você entende por Psicologia. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 20 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2) Quais as principais subáreas da Psicologia e como estas áreas podem ser relacionadas? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3) Relacione as subáreas da Psicologia com as proposições abaixo: a) Psicologia experimental 1. Em que idade as crianças começam, geralmente, a desenvolver apego emocional a seus pais? b) Psicologia cognitiva 2. Acredita-se que filmes que retratam violência contra a mulher podem estimular um comportamento agressivo em alguns homens. c) Psicologia do desenvolvimento 3. Luís é único em seu modo de reagir a situações de crise, com um temperamento calmo e uma visão positiva. d) Psicologia da personalidade 4. Quais métodos pedagógicos motivam mais os alunos do ensino fundamental a realizar as tarefas com êxito? e) Psicologia da saúde 5. O emprego de Janete é exigente e estressante e ela se pergunta se seu estilo de vida está tornando-a mais propensa a doenças. f) Psicologia clínica 6. Um psicólogo está intrigado com o fato de que algumas pessoas são muito mais sensíveis a estímulos dolorosos do que outras. g) Psicologia social 7. Um medo intenso de multidões leva um homem a buscar tratamento para seu problema. h) Psicologia educacional 8. Que estratégias mentais estão envolvidas na resolução de problemas complexos?Caro(a) aluno(a), Dando continuidade aos estudos sobre a Psicologia, aqui aprendemos que, apesar da construção constante de sua identidade paradigmática, a área possui um objeto bem definido e para que possa estudá-lo a fundo, se divide em várias subáreas, com contribuições específicas para o entendimento de nosso comportamento e nossas mentes. Bons estudos! 21 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE II PSICOLOGIA EDUCACIONAL CAPÍTULO 1: O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO Desde pequenos, no ambiente escolar, seja estudando as características dos seres humanos ou dos seres vivos em geral, identificamos, resguardando as devidas proporções, um processo de desenvolvimento progressivo. Esta noção progressiva se apresenta para nós quando aprendemos que “o ser vivo nasce, cresce, reproduz-se e morre”. Nas ciências biológicas aprendemos que este é o argumento básico para diferenciarmos seres vivos de seres não vivos. Mas, na medida em que vamos crescendo e aprofundando os estudos, percebemos que entre o processo de nascer e morrer há muito mais estágios do que crescer e reproduzir-se. Aprendemos desde que nascemos. Nosso desenvolvimento se dá, de forma inicial, com nossos familiares e com as pessoas com as quais interagimos. Nesta fase inicial, não apenas as pessoas, mas o ambiente, os objetos, tudo contribui para o aprendizado inicial. A chegada da escola possui influência essencial em nosso processo de aprendizagem, já que a construção do conhecimento será especialmente fomentada no ambiente escolar. A partir daí, nossos caminhos ficam abertos para diversas possibilidades, sobretudo quanto às escolhas relativas ao campo profissional. Mas, o que não podemos deixar de lembrar, em nenhum momento, é que sempre estamos imersos em um meio social, que, em todas estas fases citadas, terá influências diretas. Este meio social é que vai promover nosso desenvolvimento, pois é a partir da interação com a sociedade que iremos buscar a satisfação de nossas necessidades, sejam elas de ordem primária ou secundária, como classificou 22 Maslow3 e pode ser ilustrado na figura 3, ou ainda aquelas de ordem física (alimento, abrigo, segurança) e necessidades de ordem psicológica (afeto, estima, reconhecimento). Figura 3 – Pirâmide das necessidades de Maslow Fonte: Gestão interativa (2015). Maslow, que era Psicólogo, construiu a hierarquia das necessidades humanas com base na observação dos desejos de seus pacientes. Os anseios por eles demonstrados representam uma manifestação consciente das suas necessidades, constituindo assim o caminho para atingir os fins desejados. Tendo garantido as necessidades básicas à sua sobrevivência, o indivíduo vai em busca de atingir as necessidades de realização pessoal, a depender de sua motivação para tanto. É no convívio e na interação com a sociedade que o indivíduo irá desenvolver suas habilidades e adquirir conhecimento, sobretudo com o 3 Abraham Maslow, um dos expoentes da Psicologia Humanista e também muito referenciado na Escola das Relações Humanas, na Administração, dividiu as necessidades humanas em cinco categorias, dispostas em uma pirâmide, estando na base as necessidades primárias e em direção ao topo as necessidades secundárias. 23 aprendizado no ambiente de trabalho. Aliás, o trabalho permite que o indivíduo possa alcançar certos fins, utilizando assim o conhecimento já existente e criando novos conhecimentos. Nesta esfera, sabendo que o indivíduo se desenvolve a partir da interação no meio social, o papel da Psicologia é investigar que mudanças podem ocorrer nos processos, sejam eles cognitivos, afetivos, emocionais, ligados à relação indivíduo-sociedade. Para tanto, a Psicologia busca a interação com outros campos do saber, como a Biologia, Antropologia, Pedagogia, Sociologia, Medicina. Esta interação entre os diferentes campos do saber se faz necessária em função do próprio contexto social, que, por abarcar indivíduos com características físicas e cognitivas diferentes, e por pertencerem a culturas e contextos econômico-sociais diferentes, apresentarão comportamentos distintos em face a um mesmo objeto de estudo, ou diante de um mesmo evento. Exemplos disto estão nas salas de aula, formadas por indivíduos de idades diferentes, provenientes de ambientes familiares e realidades econômico-culturais diferentes e com motivações também diferentes. Estes indivíduos são postos em um mesmo ambiente, sendo conduzidos por um único profissional e, certamente, apresentarão comportamentos distintos tanto em relação ao ambiente escolar, quanto em relação à construção do conhecimento. Além disso, a influência que as tecnologias têm neste processo também não pode ser esquecida, uma vez que, as diferenças entre as pessoas muitas vezes são acentuadas em função do acesso ou não às tecnologias. Exemplos disso são percebidos no ambiente escolar e em indivíduos cada vez mais Para discussão no Moodle! As necessidades humanas: como podemos relacionar o desenvolvimento das necessidades humanas ao papel da escola? 24 jovens. Aqueles que não possuem smartphones ou tablets, com acesso à internet e ligados em um tempo cada vez maior nas redes sociais, ficam, de certa forma, marginalizados, por não se incluírem no “contexto moderno”. Por isto, é de fundamental importância que o professor desenvolva a habilidade de lidar com as diferenças de comportamento de seus alunos, desde pequenos. Não se pode esperar que o ritmo de acompanhamento da disciplina seja o mesmo para todos, ou que as crianças reajam da mesma forma diante de uma atividade ou avaliação. Apresentamos comportamentos diferentes em nosso dia a dia e na escola não ocorre diferente. No que diz respeito à educação, a Psicologia fornece importantes contribuições, por meio da Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, cujos conceitos serão trabalhados nos próximos capítulos. O entendimento de que os indivíduos irão apresentar comportamentos diferentes no ambiente escolar, em função de se desenvolverem em um contexto social que irá influenciar em seu comportamento é fundamental para que os profissionais da educação possam lidar de forma eficiente com as diferenças entre os alunos. ATIVIDADES DO CAPÍTULO 1 1) Explique por que falamos que as características do indivíduo estão relacionadas ao meio social. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2) Como você entende o papel da Psicologia? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 25 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3) Vimos que a Psicologia interage com outros campos disciplinares. Quais são eles? Como estas áreas podem contribuir com a Psicologia? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Caro(a) aluno(a), Conhecemos aqui o papel da Psicologia diante da difícil tarefa de analisar nossos comportamentos e reações, sabendo que a construçãode nosso comportamento se dá com base nas interações sociais que realizamos diariamente. A noção de nossas diferenças é fundamental para o bom desempenho do professor, que deve buscar, nos recursos que a Psicologia oferece, meios para planejar suas ações considerando o todo. E você, que está caminhando para o exercício docente, se sente preparado para lidar com seus futuros alunos em sala de aula? Bons estudos! 26 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE II PSICOLOGIA EDUCACIONAL CAPÍTULO 2: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO – HISTÓRIA, CONCEITO, OBJETIVO E CORRENTES TEÓRICAS O processo educacional é composto por aspectos que vão desde a história da educação até as políticas que norteiam a educação no país. Assim, as várias questões formuladas para buscar soluções aos problemas educacionais recebem contribuições de campos do saber variados, conforme a figura 4. Figura 4 – Áreas que contribuem para a Educação Fonte: Mello (2014). Dentre as áreas que contribuem para a Educação, encontra-se a Psicologia da Educação, subárea da Psicologia que é dedicada à compreensão do ensino e aprendizagem em ambientes educacionais. A Psicologia Educacional auxilia ao professor no entendimento de como se dá o desenvolvimento dos alunos no ambiente escolar e no contexto em que vivem, 27 além de proporcionar formas de compreensão sobre o processo de construção do conhecimento. Os primeiros estudos sobre Psicologia Educacional datam do final do Século XIX, com importantes contribuições de William James, John Dewey e E. L. Thordike. William James discutiu a Psicologia Educacional voltada para a educação de crianças, defendendo a observação como meio de compreender a maneira ideal de ensinar crianças. Para James, os professores deveriam aprofundar as aulas em níveis superiores em relação ao conhecimento e compreensão das crianças, contribuindo para a expansão de suas mentes. Em 1894, John Dewey fundou, na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, o primeiro laboratório de psicologia educacional. De seus estudos, resultaram ideias importantes para a Psicologia Educacional, como o entendimento de que a criança é um aprendiz ativo, e que a educação deve proporcionar meios para que a criança aprenda como pensar e também se adaptar ao mundo externo à escola. Dewey também contribuiu por defender a unicidade no modo de fornecer a educação para as crianças, sendo este um processo baseado na competência, independente do contexto socioeconômico no qual elas estão inseridas. Por fim, E. L. Thorndike defendia que a Psicologia Educacional deveria ter alicerce científico, com foco na mediação. Com isso, Thorndike enfatizou que um dos papéis mais importantes da escola é desenvolver as habilidades de raciocínio das crianças. Para discussão no Moodle! Os estudos de John Dewey datam do fim do século XIX. Será que nos tempos atuais conseguimos atingir o modelo de ensino defendido por ele? 28 Esta contribuição da base científica de Thorndike é presente até os dias de hoje na Psicologia Educacional, uma vez que a prática educacional deve partir de um método científico, aliado ao poder de improviso do educador, uma vez que as situações e os sujeitos não são iguais. A Psicologia Educacional objetiva oferecer conhecimento de pesquisa de modo que ele seja aplicado ao processo de ensino de forma eficiente. Este conhecimento de pesquisa é resultante não apenas da base científica, mas também das experiências vivenciadas e da noção fortemente presente no campo educacional de que a aprendizagem será significativa a partir da adaptação pedagógico-didática aos alunos. Conforme já mencionamos, ao diferenciar a Psicologia Educacional da Psicologia Escolar, todos os profissionais que trabalham com a educação, sejam psicólogos, pedagogos ou professores, necessitam do embasamento da Psicologia Educacional para exercer seu trabalho de modo a propiciar o desenvolvimento do aluno. Este embasamento científico é reconhecido através de estudos sobre: a) relação professor-aluno; b) motivação para a aprendizagem; c) fatores que contribuem para a aprendizagem humana; e, d) dimensões do processo de aprendizagem. a) Relação professor-aluno Trabalhar com a relação professor-aluno necessita de um olhar para o contexto onde esta relação é estabelecida, uma vez que, conforme já discutimos, o ambiente e as pessoas ao nosso redor influenciam em nosso comportamento, e consequentemente, nas formas e construção do conhecimento e aprendizagem. A relação professor-aluno se estabelece com base em um processo de comunicação, onde, o professor prepara conteúdos, extrai seus entendimentos e busca a melhor forma de compartilhá-los com os alunos. Existe todo um processo de construção do conhecimento, através das aulas expositivas, dos materiais impressos, das anotações em quadro, fichamentos, pesquisas e todos os recursos utilizados neste processo. 29 Contudo, pela própria relação entre informação e conhecimento, nem sempre todas as informações que o professor disponibiliza ao aluno terão a apreensão desejada, uma vez que cada sujeito cognoscente vai “importar” aquelas informações e modificar seu estoque de conhecimentos de formas particulares. Para que haja conhecimento, a informação deverá ser suficientemente entendida pelo sujeito, que passará a conhecer mais, após a apreensão daquela informação. Exemplificando tal premissa para a realidade da sala de aula, quando disponibilizamos ao aluno um conteúdo, seja verbalmente ou por escrito, buscamos direcionar os caminhos pelos quais ele irá entender aquele conteúdo. Mas, somos incapazes de mensurar em que medida o aluno apreendeu aquele conteúdo, pois esta é uma relação íntima de cada aluno. As interações entre aquilo que ele já conhecia e o novo conteúdo que apresentamos serão diferentes. Por isso, percebemos na turma, no decorrer das aulas, que alguns alunos captam a mensagem que buscamos transmitir de forma rápida e acrescentam novas informações, ao passo que outros não compreendem a ideia de imediato. Esta diferenciação de comportamentos, em um mesmo ambiente e diante de um mesmo fenômeno (aquele conteúdo que apresentamos ao aluno) deverá ser considerada na relação professor-aluno, levando o professor à necessidade de buscar novas formas de transmitir o conteúdo, a fim de que seja criado um espaço para a construção do conhecimento. b) Motivação para a aprendizagem Quando falamos sobre as necessidades humanas, vimos que a motivação leva o indivíduo a buscar atingir suas necessidades de forma cada vez mais rápida. Os vários estudos sobre motivação revelam que ela está diretamente ligada aos interesses e necessidades de cada um. Destarte, para que o aluno possa se sentir motivado para a aprendizagem, os educadores deverão conhecer, inicialmente, quais os seus interesses, o que estimula este aluno e desperta sua atenção. É certo que não podemos estabelecer aqui uma relação mecanicista de causa e efeito, posto 30 que nem sempre os indivíduos irão reagir da mesma forma. Além disso, o processo de aprendizagem não pode ser construído unicamente em cima de uma relação de dependência destes estímulos. Contudo, o que buscamos ressaltar aqui é que os incentivos à aprendizagem, através da motivação do aluno, terão, certamente, efeitos positivos no que diz respeito a despertar seu interesse por conhecer mais. O sucesso desta premissa está diretamente atrelado às novas metodologias de ensino que o educador passe a empregar com os alunos. Nos tempos de hoje, percebemos os esforços empregados nas escolas para retirar o aluno exclusivamente da sala de aula e oferecer outros recursosexpositivos e didáticos. Exemplificamos com as aulas de campo, aulas em laboratório, o incentivo às pesquisas em fontes diferentes do material didático, além do uso de recursos tecnológicos, acompanhando a inserção das tecnologias na educação. c) Fatores que contribuem para a aprendizagem humana Carl Rogers, psicólogo norte-americano, propôs a teoria da aprendizagem humana, na qual os fatores que contribuem para que a aprendizagem ocorra estão relacionados ao fator humano. Sua teoria, proposta com base na observação realizada em seu consultório, partia da consideração do indivíduo como um todo, quebrando assim as relações formais e criando um relacionamento interpessoal. Este tipo de relacionando foi pensado também para a educação, contribuindo para uma aprendizagem significativa. Segundo a teoria rogeriana, além dos conteúdos expressos, a postura e a empatia do professor irão influenciar diretamente na aprendizagem. O aluno estabelece relações com o professor, a partir do contato entre ambos e estas relações poderão contribuir para o sucesso (ou não) da aprendizagem. Desta forma, o educador deverá reconhecer, com o auxílio dos recursos teóricos da Psicologia, que as condições e pessoas do ambiente irão influenciar no comportamento e na aprendizagem dos alunos e que ele faz 31 parte dos sujeitos que povoam este ambiente. Sua postura diante dos alunos e sua forma de se expressar terão influências no processo de aprendizagem. d) Dimensões do processo de aprendizagem O processo de aprendizagem, como já discutido, compreende todo um contexto. Fazem parte dele diferentes atores, com papéis diretos, e outros atuam de forma indireta. Na escola, os educadores têm relação direta com a aprendizagem. Como todo processo, a aprendizagem envolve fases, mas, nunca vistas de forma isolada. Ao contrário, o processo de aprendizagem é composto por dimensões interligadas e indissociáveis. Figura 5 – Dimensões do processo de aprendizagem Fonte: Adaptado de Illeris (2015). A figura 5 traz as três dimensões do processo de aprendizagem, mostrando a relação triangular entre elas. O conteúdo corresponde a tudo aquilo que foi aprendido pelo indivíduo, contribuindo para o aumento de seu conhecimento. O incentivo diz respeito ao processo de impulsionamento do indivíduo para o aprendizado, contendo os aspectos motivacionais. Os conteúdos e os incentivos para a aprendizagem serão diretamente influenciados pelas interações que este indivíduo irá manter com o ambiente. 32 ATIVIDADES DO CAPÍTULO 2 1) Como você pode definir a Psicologia Educacional e o que ela objetiva? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2) Certo professor acredita que todas as crianças devem receber educação de forma igualitária e que a educação deve enfocar a criança como um todo. De que ícone da Psicologia Educacional esta visão é resultante? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3) Quais as principais ideias dos pensadores que deram corpo à Psicologia Educacional? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4) Discorra sobre as dimensões do processo de aprendizagem. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Caro(a) aluno(a), Após discutirmos sobre a Psicologia, seus fundamentos, conceito e objetivos, aprendemos sobre algumas de suas subáreas e agora, estamos tratando de nosso foco principal: a Psicologia da Educação. Esta área específica da Psicologia busca oferecer, através do conhecimento produzido por estudos científicos, mecanismos para que o processo de aprendizagem seja mais eficiente. Bons estudos! 33 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE II PSICOLOGIA EDUCACIONAL CAPÍTULO 3: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM Vimos ao longo de nossa disciplina que a Psicologia estuda o comportamento do indivíduo. No campo da educação, a Psicologia busca oferecer o conhecimento necessário para ser aplicado ao processo de ensino e aprendizagem. Contudo, é errôneo pensarmos que a aprendizagem tem início com a vida escolar, uma vez que, enquanto membros de uma família e inseridos em um contexto social, temos contato com nossos familiares, amigos, vizinhos e com o corpo social em geral, seja este contato estabelecido de forma pessoal ou mesmo através dos meios de comunicação. Desta forma, antes de iniciarmos nossa vida escolar, já aprendemos com aqueles com quem mantemos nossas relações, diretas ou indiretas. O que percebemos é o aperfeiçoamento das primeiras noções que recebemos na vida a partir da escola. Assim, a escola, através das disciplinas, vai aprofundar aquela visão que já construímos do mundo e de temas específicos, como a linguagem, a escrita, a matemática e todas as disciplinas que formam nosso conhecimento. Então, pode surgir o seguinte questionamento: qual o papel da escola, se já começamos a aprender antes de chegarmos lá? De fato, aprendemos sobre diversos temas antes da escola com aqueles que nos cercam, mas este não é um processo organizado. Assim, o papel da escola é de sistematizar o processo de educação, seja da criança, do adolescente ou mesmo de adultos. 34 Desta forma, na escola, ao invés de um processo espontâneo de aprendizado, temos uma organização da forma como o raciocínio deverá ser estimulado, facilitando assim a produção de novos conhecimentos. E agora você deve estar se perguntando novamente: e neste processo, como a Psicologia pode contribuir? Se vimos no capítulo anterior que a Psicologia Educacional é a subárea da Psicologia dedicada à compreensão do ensino e aprendizagem em ambientes educacionais, então podemos entender que o processo de aprendizagem será mais eficiente a partir do momento em que o professor conheça as bases do desenvolvimento e da aprendizagem, fundamentando-se nos conhecimentos oferecidos pela Psicologia. Em resumo, as características psíquicas que o homem apresenta quando adulto, são reflexos de seu desenvolvimento desde criança, e esta identificação é uma das grandes contribuições da Psicologia do Desenvolvimento. As funções psicológicas da criança, traduzidas em suas reações motoras, emocionais, sociais e intelectuais são descritas pela Psicologia do Desenvolvimento. Os estudos da Psicologia do Desenvolvimento se baseiam nos métodos da observação e experimentação, como boa parte das correntes psicológicas, mas também se apoiam no método transversal, estudando a criança imersa em um grupo, e no método sequencial, realizando um compêndio de informações sobre o desenvolvimento psicológico do indivíduo ao longo do tempo. Por isso, Desenvolvimento corresponde ao processo de construção ativa das características do indivíduo, a partir das relações que ele estabelece com o ambiente e com o meio social, relação esta que irá promover a formação de suas habilidades. Considerando que o homem, diferente de outras espécies, não herda suas características, mas as forma ao longo de seuprocesso de desenvolvimento, a Psicologia do Desenvolvimento busca estudar como as funções psicológicas que diferenciam o homem de outras espécies nascem e se desenvolvem. 35 no processo de educação, é tão importante o conhecimento sobre o desenvolvimento infantil e sua eficiente condução, a fim de que os reflexos no adulto sejam identificados e associados às características de sua personalidade desde a infância. A Psicologia da Aprendizagem estuda a apropriação do conhecimento existente na sociedade pela criança, considerando que este é um processo construído a partir da interação social, sendo um processo pessoal e construído ao longo do tempo. São apontados como principais pensadores da Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem: Henri Wallon, Jean Piaget, Lev Vygotsky e Sigmund Freud. As ideias difundidas por cada um destes pensadores são dispostas no quadro a seguir. Pensador Henri Wallon Jean Piaget Lev Vygotsky Sigmund Freud Teoria Desenvolvimento físico e psíquico Estruturas cognitivas Teoria sócio- interacionista Psicanálise Principais ideias - O desenvolvimento humano é influenciado social e psicologicamente; - Não existe uma única verdade sobre o processo de aprendizagem; - A emoção influencia no desenvolvimento humano. - A inteligência evolui, na medida em que as estruturas cognitivas se aperfeiçoam; - O conhecimento será resultante das interações entre o indivíduo e o ambiente; - O desenvolvimento se dará a partir das construções internas de cada um; - Educação orientada para a autonomia do indivíduo. - O conhecimento é construído a partir da interação entre o indivíduo e a sociedade; - Desenvolvimento e aprendizagem são indissociáveis; - A apreensão do ambiente social e físico para a criança ocorre através da fala; - O desenvolvimento é um processo mediado. - Contribuiu com a educação por viabilizar o estudo do desenvolvimento humano, da mente e das estruturas mentais; - O desenvolvimento psicológico e sexual das crianças refletiu no campo da educação, por permitir compreender o comportamento das crianças. Aprendizagem é a apropriação dos conteúdos que o indivíduo percebe ao interagir no meio em que está inserido, estimulada sobretudo pelo uso da linguagem. A significação de tudo o que está à volta do indivíduo vai influenciar na aprendizagem sobre aquele objeto ou conceito. Assim, quanto mais características forem conhecidas, maior será a aprendizagem, cada vez mais rica de significados e representações. 36 Percebemos, como defendeu Vygotsky, que o desenvolvimento e a aprendizagem são processos interligados e dependentes. O processo de ensino-aprendizagem encontra relação direta com a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem por constituírem correntes de pensamento que irão contribuir com subsídios para as ações do professor, a fim de que ele possa planejá-las conhecendo as situações que podem influenciar no comportamento dos alunos em meio ao contexto em que estão inseridos e como eles poderão construir sua rede de conhecimentos. ATIVIDADES DO CAPÍTULO 3 1) Como se dá o processo de aprendizagem na vida do indivíduo? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2) Como a escola tem papel diferenciado na aprendizagem da criança? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3) Vimos que a Psicologia Educacional tem relação direta com o processo de ensino-aprendizagem. Explique esta relação. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 37 4) Jean Piaget e Lev Vygotsky, dois expoentes da Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, propuseram, respectivamente, a teoria das estruturas cognitivas e a teoria sócio interacionista. Que aspecto podemos apontar como sendo comum a estas duas correntes de pensamento? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Caro(a) aluno(a), Lembre-se que o processo de aprendizagem deve ser pensado antes da escola, já que aprendemos com as pessoas com quem convivemos desde o nosso nascimento. Assim, não podemos esquecer que a criança, ao iniciar sua vida escolar, já possui um pequeno leque de conhecimentos, obtidos de forma pouco organizada, com base forte em suas percepções. Na escola, este conhecimento será sistematizado e a Psicologia, através do conhecimento sobre o comportamento humano e como se dá nosso desenvolvimento cognitivo e social, irá contribuir de maneira fundamental para que este processo ocorra com eficiência, por meio da condução dos educadores. Bons estudos! 38 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE III O PROCESSO DE EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE CAPÍTULO 1: PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO O processo de aprendizagem tem base na informação, item fundamental para que o aluno possa construir uma teia de conhecimentos, a partir das significações que percebe ao seu redor. A informação pode estar em tudo à sua volta, seja de forma registrada (escrita, em desenhos, símbolos, imagens), comunicada de forma oral ou mesmo expressa em movimentos ou até na ausência deles. Perceba que falamos o tempo todo em informação e conhecimento e, para muitos, estes são conceitos similares. Contudo, alertamos que informação e conhecimento representam conceitos diferentes, apesar de sua conexão direta. A informação corresponde a uma representação de algo, mas só será transformada em conhecimento se for compreendida pelo indivíduo. É a partir da apreensão da informação que o estoque de conhecimentos aumentará. Sem a ocorrência desta apreensão, a informação deixa de ter um significado e passa a ser considerada apenas um dado. A aprendizagem ocorrerá com a construção de uma rede de conhecimentos, adquiridos nas interações do indivíduo com a sociedade. Desta forma, as abordagens contemporâneas que tratam da aprendizagem têm dirigido considerável atenção à relação entre o material utilizado para a aprendizagem e os processos psicológicos que se fazem necessários para que a aprendizagem possa ocorrer de fato. Para isto, tem 39 sido necessário estudar o processamento da informação pelo aprendiz, identificando onde e como a informação é obtida, selecionada, interpretada e transformada. Se a aprendizagem corresponde à apropriação dos conteúdos que o indivíduo percebe ao interagir no meio em que está inserido, deve ser baseada em um eficiente processamento de informação, sendo este, por sua vez, estimulado ao longo da trajetória educacional do aprendiz. Mas, se estamos falando em processamento de informação, como se dá o armazenamento da informação em nossas mentes? Através da memória, que, segundo omodelo proposto por Atkinson e Shiffrin, em 1968, se divide em dois sistemas que permitem o armazenamento da informação: a memória de curto prazo, ou memória sensorial e de trabalho; e, memória de longo prazo, que apresenta duração e capacidade infinitas e armazena todas as informações que temos e não estamos utilizando. O modelo de duplo armazenamento de memória é conhecido por Teoria do processamento da informação. A aprendizagem busca a interação destes dois “tipos” de memória (de curto e de longo prazo), uma vez que é dependente das transferências relevantes para a memória de longo prazo e de sua recuperação quando necessário. A figura 3 resume a proposta da Teoria do processamento da informação. Figura 6 – Etapas da Teoria do processamento da informação Fonte: Adaptado de Atkinson e Shiffrin (1968). 40 As etapas ilustradas na figura acima mostram que as informações provenientes do meio entram na memória de longo prazo através da memória de curto prazo ou memória de trabalho. Por isto, se faz necessário um eficiente mecanismo de organização da informação na memória de curto prazo, para que ela permaneça por mais tempo retida. Este caminho percorrido pela informação, da memória de curto prazo para a memória de longo prazo, corresponde ao processamento da informação (coleta, seleção, interpretação e transformação). Assim, as estratégias de aprendizagem devem auxiliar o aprendiz a controlar este processamento da informação, a fim de que ele possa armazenar e recuperar a informação na memória de longo prazo de forma eficiente. A partir deste controle, será possível ao aluno desenvolver estratégias de aprendizado, por meio da condução do professor, de modo a compreender os conceitos e estimular o raciocínio de forma rápida, superando obstáculos na solução de problemas e desenvolvendo a criatividade. O estímulo ao controle no processamento de informação deve ser priorizado pelos professores desde o início da educação da criança, motivando- a para aprender, por meio de desafios, e contribuindo para que ela desenvolva seu raciocínio de forma mais rápida. ATIVIDADES DO CAPÍTULO 1 1) Com base nas leituras realizadas, como você consegue estabelecer a relação entre informação e conhecimento? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 41 2) O processamento da informação é dividido em algumas etapas. Quais são elas e como você pode relacioná-las? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3) Descreva a Teoria do Processamento da Informação. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4) Vimos que o processamento da informação é fundamental para que o indivíduo possa se desenvolver de maneira eficiente. Como você pode explicar a relação com o processamento da informação e o desenvolvimento cognitivo do indivíduo, desde criança? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Caro(a) aluno(a), Nossa aprendizagem se dá por meio do processamento das informações. Um dos papéis do educador é utilizar mecanismos, com base nos recursos oferecidos também pela Psicologia, para estimular o desenvolvimento de nossa mente, de modo a realizarmos o processamento da informação de maneira cada vez mais rápida. O estímulo à criatividade e à capacidade pela rápida solução de problemas é essencial para nosso desenvolvimento. Quanto mais cedo este processo tiver início, melhor. Lembre-se disso! Bons estudos! 42 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE III O PROCESSO DE EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE CAPÍTULO 2: TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO A contemporaneidade é marcada pela presença da tecnologia e da internet no cotidiano das pessoas. Atualmente, tão logo nascemos, entramos em contato com recursos eletrônicos variados e na medida em que vamos crescendo, o uso destes recursos aumenta. Com a internet, a comunicação entre pessoas de todo o mundo se tornou um processo que supera os limites de espaço e tempo, e o acesso à informação e às tecnologias vem sendo cada dia mais fácil, seja no próprio espaço de casa, na escola ou mesmo por meio de programas governamentais, para possibilitar o contato com as tecnologias para aqueles que não possuem tais condições. No campo da educação não ocorre diferente, uma vez que a tecnologia está inserida em todos os aspectos, seja nas atividades cotidianas, seja no uso de recursos tecnológicos para o desenvolvimento de projetos e facilitação nas disciplinas ou mesmo para a condução de todo um processo de ensino, como ocorre em nosso curso, através da modalidade de ensino à distância. Percebemos, com isto, que nossa vida escolar, seja na escola fundamental ou no ensino superior, é marcada, nos tempos atuais, pelo imperativo tecnológico. 43 O que fazer, então? A presença da tecnologia em nosso dia a dia é fato que não necessita mais de argumentação ou questionamentos. A questão agora em discussão é voltada para identificar como a escola pode utilizá-la como um recurso a mais para contribuir para a aprendizagem dos estudantes. Observe a figura 7 e os aspectos que marcam a presença da tecnologia na educação. Percebemos que, desde a revolução tecnológica e a internet, vários foram os focos de discussão, mas, a preocupação atual reside justamente na inserção da tecnologia na escola. Figura 7 – Aspectos da tecnologia na educação FONTE: SANTROCK (2015). Esta preocupação remete a um problema ainda sem solução para o Brasil: a situação desigual do ensino. Encontramos, por todo o país, realidades opostas quanto às possibilidades que a escola oferece, sobretudo quando confrontamos a escola pública com a rede de ensino particular. A preocupação atual reside no imperativo tecnológico e nos usos da tecnologia na educação, mas, ainda encontramos locais em que o problema é de ordem básica: falta uma estrutura mínima para que a escola funcione. 44 As iniciativas governamentais, de empresas privadas e de organizações sem fins lucrativos para minimizar os efeitos da desigualdade no ensino e da ausência da tecnologia na escola, com o desenvolvimento de projetos de inclusão digital, demanda que os educadores conheçam e insiram em seu planejamento o uso de recursos tecnológicos, incluindo-os no currículo escolar, de modo a potencializar o processo de aprendizagem. Além disso, a utilização da tecnologia dirigida a partir do planejamento escolar irá contribuir para o uso racional da mesma, a fim de que possamos crescer sabendo utilizar da melhor maneira possível as ferramentas que nos são disponibilizadas. Sendo assim, como podemos verificar o uso das tecnologias de modo a direcionar o processo de aprendizagem para caminhos mais eficientes? É necessário que sejam identificados os conteúdos que podem ser ministradosatravés de aplicativos educativos, incentivando assim a reflexão, as fontes de informação e pesquisa, a construção de redes colaborativas de informação e, sobretudo, que a internet e os recursos tecnológicos sejam utilizados como fontes de disseminação do conhecimento construído. Ademais, o uso das tecnologias na educação deve passar por um contínuo processo de avaliação, tanto no que diz respeito aos reflexos na aprendizagem dos alunos, quanto em relação às trocas de conhecimento que oferecem entre alunos e professores. Esta avaliação contínua se faz necessária para que a escola fuja de uma postura altamente dependente da tecnologia. Enfatizamos aqui a importância da adoção de recursos tecnológicos e reconhecemos, com base em inúmeras pesquisas já publicadas, como a tecnologia pode auxiliar no processo de aprendizagem, mas, não podemos Para discussão no Moodle! Como vivenciamos, nos tempos de hoje, o uso das tecnologias na escola? 45 pensar a tecnologia como o único recurso que viabilize este processo, e sim, mais um meio para a aprendizagem. Mas, onde está a contribuição da Psicologia Educacional neste contexto? Em toda parte, é a resposta mais simples e ao mesmo tempo, a mais completa! Isto porque, se a Psicologia Educacional busca contribuir com o processo de aprendizagem com seus conhecimentos científicos sobre a construção de nossa mente e nosso comportamento, irá, por consequência, subsidiar as ações que usem a mediação tecnológica para a construção de conhecimentos. Se nosso comportamento é influenciado pelo contexto social em que vivemos e com base nas relações sociais que estabelecemos, e a contemporaneidade é marcada por um contexto altamente tecnológico, então nosso comportamento terá influências desta forte marca que a tecnologia deixa em nosso dia a dia. ATIVIDADES DO CAPÍTULO 2 1) Disserte sobre a presença da tecnologia em nossas vidas, no cotidiano. Use, como base, sua experiência pessoal, ao longo de sua vida acadêmica. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2) Como a tecnologia pode ser utilizada na escola, de modo a contribuir com o processo de aprendizagem do estudante? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 46 _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3) Relacione, com base na visão adquirida ao longo da disciplina, a Psicologia, a educação e a tecnologia. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Caro(a) aluno(a), Em vias de finalizar nossa disciplina, nada mais apropriado que uma das temáticas mais discutidas no campo da educação: a tecnologia. Ela está presente em todos os aspectos de nosso dia a dia, irá influenciar em nosso comportamento, já que estamos inseridos numa sociedade que vem vivenciando a revolução tecnológica e terá, certamente, impactos em nossa aprendizagem. Enquanto educadores, deveremos saber como utilizá-la de forma a contribuir com o processo de aprendizagem, buscando auxílio no entendimento da construção cognitiva e comportamental de cada aluno, por meio da Psicologia Educacional. Lembre-se disso! Bons estudos! 47 UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 UNIDADE III O PROCESSO DE EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE CAPÍTULO 3: PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO – PROPOSTAS FUTURAS Vimos, ao longo das discussões da disciplina, o processo de construção da Psicologia Educacional, as teorias nas quais ela se apoia e as relações que mantém com outros campos do saber. Discutimos a necessidade de entender o contexto social no qual estamos imersos, de fazer uso eficiente dos recursos que tempos disponíveis para o ensino, de modo a permitir um eficiente processo de construção do conhecimento. Aliás, vimos também que o conhecimento é construído com base nas interações sociais, a partir dos significados que damos às informações que recebemos. Fazemos parte de um contexto socioeconômico marcado por diferenças em ordens diversas, onde reside o imperativo tecnológico e uma constante necessidade de adaptação ao que se apresenta como inovação. As comunicações acontecem a uma velocidade cada vez maior, em função das tecnologias, assim como o acesso à informação. É certo que todos estes fatores terão influências no processo de aprendizagem da criança, uma vez que eles marcam o contexto onde elas estão inseridas. Neste sentido, considerando todos os argumentos até agora expostos, os estudos sobre a Psicologia Educacional não mais se limitam a informar o que ela significa, quais são seus objetivos ou campos de atuação. Muitos destes estudos vêm apresentando propostas inovadoras no que diz respeito aos novos caminhos que a escola deve traçar, objetivando a construção do conhecimento e o desenvolvimento de uma consciência crítica dos cidadãos. 48 Tais propostas residem em: novas estruturas para a formação de professores, análise do histórico de vida dos alunos e na construção de um novo cenário escolar. a) Novas estruturas para a formação de professores A formação docente vem sendo praticada com base em um processo de geração de resultados, baseada em indicadores e na visão do professor como uma mercadoria. Sua autonomia enquanto profissional é cada vez menor e o docente está ligado a uma estrutura burocrática e norteada pelo capitalismo. Se o ambiente vai influenciar no comportamento das pessoas, não podemos pensar que este será um processo relativo apenas aos alunos. O professor também será influenciado e suas ações, a partir de um contexto limitante, serão, por consequência, limitadas. Desta forma, se faz necessário um novo contexto para a formação e atuação do docente, onde sejam considerados: o real espaço de trabalho do docente; identificação dos obstáculos à atividade docente no ambiente escolar; fomento de um processo de construção, a partir do diálogo entre os docentes; repensar o verdadeiro papel do docente na escola e na sociedade como um todo. É com base nesta nova estruturação para a formação docente que o planejamento escolar deverá ser traçado, uma vez que a equipe terá real conhecimento das oportunidades e ameaças existentes no ambiente. A visão real do contexto escolar permitirá ao professor atuar de maneira mais proativa no processo de aprendizagem do aluno. b) Análise do histórico de vida dos alunos As proposituras de um novo cenário para a educação também devem se fundamentar na investigação do histórico de vida dos alunos. Se aprendemos que nosso conhecimento é construído desde as primeiras relações sociais que estabelecemos, conhecer a respeito destas relações que norteiam a vida do aluno é fundamental para a atividade do educador.
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