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Leonardo Souza – Medicina UNIFAP ANATOMIA DOS OLHOS E PROCESSO DE FORMAÇÃO DA IMAGEM OBJETIVOS: • CONHECER A ANATOMIA DO OLHO EM SEUS SEGMENTOS ANTERIOR E POSTERIOR o CONHECER O TRAJETO DO NERVO ÓPTICO E A ORGANIZAÇÃO DE SUAS FIBRAS • ENTENDER COMO SE PROCESSA A FORMAÇÃO DA IMAGEM DESDE A CAPTAÇÃO ATÉ A FORMAÇÃO NO CÓRTEX CEREBRAL • ENTENDER AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS QUE CURSAM COM DEFEITOS NO CAMPO VISUAL A ESTRUTURA DO OLHO ANATOMIA GERAL DO OLHO Pupila: abertura que permite a passagem da luz até a retina • Aparência escura por conta da absorção da luz pela retina Íris: dá cor aos olhos e está envolta da pupila • Possui 2 músculos que permitem alterar o diâmetro da pupila quando se contraem, um o aumenta e o outro o diminui Córnea: superfície externa do olho que cobre a pupila e a íris Esclera: parte branca dos olhos, continuação da córnea • É uma resistente parede do globo ocular • Possui 3 pares de músculos → músculos extraoculares o Permitem a movimentação do globo ocular dentro da órbita ocular Conjuntiva: membrana que se dobra para trás desde a parte interna das pálpebras, aderindo-se à esclera Órbita ocular: compartimento ósseo no crânio onde se situa o globo ocular O nervo óptico reúne todos os axônios da retina e emerge da parte posterior do olho, atravessa a órbita e alcança a base do encéfalo, próximo à hipófise APARÊNCIA OFTALMOSCÓPICA DO OLHO Oftalmoscópio: aparelho utilizado para exame de fundo de olho (retina) Leonardo Souza – Medicina UNIFAP • Característica mais evidente: vascularização superficial → vasos originados de uma região circular pálida denominada papila óptica o Também é o ponto por onde as fibras do nervo óptico atravessam a retina saindo do olho Ausência de fotorreceptores na papila óptica e nas regiões por onde passam os vasos sanguíneos (pois eles são opacos e impedem a passagem da luz para os fotorreceptores localizados atrás deles) • Mesmo assim, nossa percepção do mundo é contínua e não cheia de “buracos” pois há mecanismos no córtex visual que “preenchem” essas regiões lacunosas Mácula lútea: região de aspecto amarelado no centro da retina dedicada à visão central • Características: ausência de grandes vasos sanguíneos → melhora da qualidade visual central o Os vasos sanguíneos se curvam a partir da papila óptica em direção à mácula o As fibras do nervo óptico traçam uma trajetória a partir da mácula até a papila óptica Fóvea: ponto escuro com cerca de 2mm de diâmetro • Fóvea = “poço” → ponto em que a retina é mais delgada • Ponto de referência anatômica, pois define o centro da retina o Retina nasal: parte da retina que se situa mais próxima ao nariz em relação à fóvea o Retina temporal: parte da retina que se situa mais próxima às têmporas em relação à fóvea o Superior: parte da retina acima da fóvea o Inferior: parte da retina abaixo da fóvea ANATOMIA DA SECÇÃO TRANSVERSAL DO OLHO Cristalino: lente flexível → as mudanças em seu formato ajustam o foco para diferentes distâncias visuais • A córnea é a maior responsável pelo poder de refração dos olhos → luz viaja pelo ar e incide na córnea (meio aquoso) → depois passa pelo cristalino de um meio aquoso para outro (pouca refração) Leonardo Souza – Medicina UNIFAP • Estrutura suspensa por ligamentos (zônula ciliar) que se ligam aos músculos ciliares, os quais se conectam à esclera → formação de um anel dentro do olho • Divide o olho em 2 compartimentos com fluidos ligeiramente diferentes: o Humor aquoso: fluido mais aquoso situado entre a córnea e o cristalino ▪ Nutre a córnea (ela não tem vasos sanguíneos) o Humor vítreo: fluido mais viscoso e gelatinoso situado entre o cristalino e a retina ▪ Sua pressão mantém o globo ocular esférico CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A FORMAÇÃO DA IMAGEM PELO OLHO O olho coleta raios de luz emitidos ou refletidos por objetos no ambiente e os focaliza sobre a retina, formando as imagens → essa focalização é fruto dos poderes de refração da córnea e do cristalino REFRAÇÃO PELA CÓRNEA A refração curva os raios que incidem sobre os olhos para que eles convirjam em um único ponto na retina → assim não vemos manchas claras, mas sim pontos de luz, objetos Os raios de luz que chegam perpendiculares à superfície da córnea não sofrem mudança de angulação/direção, mas os raios que chegam em outros ângulos sofrem mudança de angulação de tal forma que todos convergem sobre um ponto na parte posterior da retina Distância focal: distância entre a superfície refletora até o ponto onde os raios de luz convergem • Depende da curvatura da córnea → quanto menor o raio de curvatura da córnea, menor a distância focal o Dioptria: equação que expressa a recíproca da distância focal em metros A interface água-córnea é incapaz de produzir refração da luz suficiente para focalizar uma imagem → por isso ao abrir os olhos debaixo d’água não enxergamos com nitidez ACOMODAÇÃO DO CRISTALINO O cristalino contribui com a refração e consequente focalização da imagem, estando mais envolvido na formação de imagens nítidas de objetos muito próximos (distâncias menores de 9m) em relação ao olho O processo de acomodação é uma refração adicional gerada pelo cristalino em função da sua curvatura • Os músculos ciliares formam um anel ao redor do cristalino e, durante esse processo, eles se contraem e aumentam de volume → reduz a tensão nos ligamentos suspensores (zônula ciliar) → cristalino torna-se mais arredondado → aumento da curvatura do cristalino → aumento do seu poder de refração • Relaxamento dos músculos ciliares provoca um efeito oposto, reduzindo a tensão dos ligamentos suspensores do cristalino → distensão do cristalino → torna-se mais achatado → reduz a curvatura do cristalino → redução do poder de refração • Essa capacidade de acomodação torna-se menor com a idade REFLEXO PUPILAR À LUZ A pupila ajusta-se continuamente a diferentes intensidades de luz • Esse processo envolve conexões entre a retina e neurônios no tronco encefálico que controlam os músculos que constringem a pupila • Esse reflexo é consensual: mesmo a luz atingindo apenas um dos olhos, o reflexo pupilar ocorrem em ambos • A ausência desse reflexo consensual é considerada sinal de algum distúrbio neurológico grave localizado no tronco encefálico • Isso contribui para fazer objetos distantes parecerem menos desfocados Leonardo Souza – Medicina UNIFAP O CAMPO VISUAL Pontos a partir dos quais o indivíduo não vê mais determinado objeto demarcam os limites do campo visual para o olho examinado ACUIDADE VISUAL Capacidade do olho distinguir entre 2 pontos próximos qual é qual é chamada de acuidade visual • Depende, sobretudo, do espaçamento dos fotorreceptores na retina e da precisão de refração do olho Quadro do teste de Snellen: testa a capacidade do olho em discriminar caracteres (letras e números) a uma distância de 6m ANATOMIA MICROSCÓPICA DA RETINA Sistema básico de processamento da informação na retina • Fotorreceptores: respondem à luz influenciando o potencial de membrana das células bipolares conectadas a eles o Células horizontais: recebem aferentes dos fotorreceptores e projetam neuritos lateralmente para influenciar células bipolares vizinhas e fotorreceptores vizinhos o As únicas células sensíveis à luz são os fotorreceptores cones e bastonetes • Células bipolares: influenciam o potencial de ação das células ganglionares o Células amácrinas: recebe aferentes das células bipolares e projetam feixes lateralmente para influenciar células ganglionares vizinhas, células bipolares e outras células amácrinas • Células ganglionares: disparam potenciais de ação → esses impulsos se propagam, via nervo óptico, para o resto do encéfalo o Única fonte de sinais de saída da retina, nenhum outro tipo celular projeta axôniosno nervo óptico o Únicos neurônios da retina que disparam potenciais de ação Leonardo Souza – Medicina UNIFAP A ORGANIZAÇÃO LAMINAR DA RETINA As células que compõem a retina estão organizadas em camadas Disposição invertida das camadas celulares: a luz deve atravessar a seguinte ordem de camadas: • Humor vítreo → células ganglionares → células bipolares → fotorreceptores • São relativamente transparentes → distorção da imagem é mínima • Um dos motivos para essa disposição invertida é o fato de que o epitélio pigmentar, situado logo abaixo dos fotorreceptores, possui papel essencial na manutenção dos fotorreceptores e dos fotopigmentos o Também absorve qualquer luz que atravesse completamente a retina → minimiza a dispersão da luz no fundo do olho → minimiza imagens borradas Camada de células ganglionares: camada retiniana mais interna Camada plexiforme interna: contém os contatos sinápticos entre as células bipolares, amacrinas e ganglionares Camada nuclear interna: contém os corpos celulares de células bipolares, horizontais e amácrinas Camada plexiforme externa: contém contatos sinápticos entre os fotorreceptores e as células bipolares e horizontais Camada nuclear externa: contém os corpos celulares dos fotorreceptores Camada dos segmentos externos dos fotorreceptores: contém elementos fotossensíveis da retina → embebidos no epitélio pigmentar ESTRUTURA DOS FOTORRECEPTORES Cada fotorreceptor apresenta 4 regiões: • Segmento externo → contém uma pilha de discos membranosos → fotopigmentos sensíveis à luz localizados nas membranas desses discos absorvem a luz → alteração do potencial de membrana do fotorreceptor Leonardo Souza – Medicina UNIFAP o Fotorreceptores do tipo bastonetes: segmento externo longo e cilíndrico contendo muitos discos membranosos → mais de 1000x mais sensíveis à luz que os cones → trabalham mais em ambientes escotópicos (iluminação mais noturna) ▪ Todos os bastonetes contêm o mesmo fotopigmento ▪ Não há muitos bastonetes na fóvea central da retina → estão em maior número na retina periférica o Fotorreceptores do tipo cone: segmento externo mais curto que gradualmente diminui de espessura, contendo menor número de discos membranosos → trabalham mais em ambientes fotópicos (iluminação mais diurna) ▪ Existem 3 tipos de cones, cada qual com um pigmento diferente → diferentes cones são sensíveis a diferentes comprimentos de onda da luz ▪ Apenas os cones são responsáveis pela nossa capacidade de ver cores ▪ A maior parte dos cones localiza-se na fóvea → a proporção diminui muito em direção à periferia da retina o Retina “duplex” • Segmento interno • Corpo celular • Terminal sináptico DIFERENÇAS REGIONAIS NA ESTRUTURA DA RETINA E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA VISÃO Leonardo Souza – Medicina UNIFAP Em secções transversais, nota-se que a fóvea aparece como uma depressão na retina, o que é fruto do deslocamento lateral que existe de células acima dos fotorreceptores, permitindo que a luz atinja os fotorreceptores sem passar pelas demais camadas celulares da retina → isso maximiza a acuidade visual Não somos bons em discriminar cores em nossa retina periférica devido ao menor número de cones A visão central é cega em condições escotópicas, enquanto a retina periférica é muito mais sensível a baixos níveis de luz FOTOTRANSDUÇÃO Conversão de energia luminosa pelos fotorreceptores em alterações do potencial de membrana FOTOTRANSDUÇÃO NOS BASTONETES De uma forma semelhante, no fotorreceptor, a estimulação do fotopigmento pela luz ativa proteínas G, as quais, por sua vez, ativam uma enzima efetora que altera a concentração citoplasmática de um segundo mensageiro. Essa alteração determina o fechamento de um canal iônico na membrana, e o potencial de membrana é, então, alterado Corrente do escuro: movimento de cargas positivas (Na+) através da membrana que ocorre na ausência de luz, tornando o potencial de membrana menos negativo • A luz reduz a quantidade de GMPc (estimulador da abertura dos canais de Na+) → fechamento dos canais de Na+ → hiperpolarização dos fotorreceptores A resposta hiperpolarizante à luz nos bastonetes: Leonardo Souza – Medicina UNIFAP • Absorção da radiação eletromagnética pelo fotopigmento rodopsina, localizado nas membranas dos discos empilhados do segmento externo dos bastonetes o Rodopsina: proteína receptora (opsina) com um agonista previamente ligado (retinal – derivado de Vit A) ▪ Absorção da luz determina uma alteração na conformação do retinal de tal forma que a opsina é ativada → esse processo é um tipo de desbotamento (altera a capacidade de absorção de luz da rodopsina, que passa a absorver diferentes comprimentos de onda) • Literalmente muda da cor púrpura para a amarela • O desbotamento da rodopsina estimula a transducina (uma proteína G presente na membrana do disco) → a transducina ativa a enzima efetora fosfodiesterase (PDE), a qual hidrolisa o GMPc presente no citoplasma dos bastonetes no escuro • A hidrólise dos GMPc reduz a concentração dele no citoplasma dos bastonetes → isso determina o fechamento dos canais de Na+ e consequente hiperpolarização da membrana dos bastonetes Grande sensibilidade do sistema visual humano a pequenas quantidades de luz: fruto da amplificação do sinal, pois muitas moléculas de proteína G transducina são ativadas a partir da sensibilização de um fotopigmento e cada enzima PDE pode hidrolisar vários GMPc Os bastonetes são mais sensíveis à luz que os cones porque contêm mais discos em seus segmentos externos, o que significa mais fotopigmentos, além do fenômeno da amplificação FOTOTRANSDUÇÃO NOS CONES A visão durante o dia depende inteiramente dos cones, cujos fotopigmentos necessitam de maio nível de energia para sofrerem desbotamento que os dos bastonetes (a luz do dia satura a resposta dos bastonetes) A única diferença do processo de fototransdução dos cones para o dos bastonetes é o tipo de opsinas dos discos membranosos dos segmentos externos dos cones • Cada cone de nossas retinas contém um dos 3 tipos de opsinas que conferem aos fotopigmentos diferentes sensibilidades espectrais: o Cones para o azul (comprimentos de onda curtos) o Cones para o verde (comprimentos de onda médios) o Cones para o vermelho (comprimentos de onda longos) Leonardo Souza – Medicina UNIFAP Teoria tricromática de Young-Helmholtz: o encéfalo atribui cores com base numa comparação fotométrica dos 3 tipos de cones • Luzes coloridas geralmente contêm um amplo e complexo espectro de comprimentos de onda, que podem ativar parcialmente todos os 3 tipos de cones. As razões entre as ativações determinam a cor ADAPTAÇÃO À ESCURIDÃO E À CLARIDADE A transição da visão diurna (baseada nos cones) para a visão noturna (baseada nos bastonetes) não é instantânea Diversos fatores explicam a adaptação ao escuro: • Dilatação da pupila • Principal fator: o Regeneração da rodopsina para uma configuração molecular anterior ao desbotamento o Ajustes no circuito funcional da retina → informações vindas de mais bastonetes estejam disponíveis para cada célula ganglionar Adaptação à claridade: • Aumento de sensibilidade quando no escuro → olho quando volta à luz torna-se temporariamente saturado (desconforto) • Reversão das alterações na retina que ocorreram na adaptação ao escuro O PROCESSAMENTO NA RETINA E SUAS EFERÊNCIAS Via mais direta para o fluxo de informação na retina: fotorreceptor do tipo cone → célula bipolar → célula ganglionar • Em cada estação sináptica, as respostas são modificadas por conexões laterais de células horizontais e amácrinas • Os fotorreceptores liberam neurotransmissores quando despolarizados, sendo o aminoácido glutamato o neurotransmissor liberado o Despolarização dos fotorreceptores: escuro → o escuro é o estímulo preferidopara um fotorreceptor liberar neurotransmissores o Hiperpolarização dos fotorreceptores: luz O CAMPO RECEPTIVO Área da retina em que a luz aplicada muda a taxa de disparos dos neurônios, de tal forma que a luz que incide em qualquer outra região fora desse campo não teria efeito sobre a taxa de disparos dos neurônios • É especificado pelo padrão de luz sobre a retina que determina uma resposta neural Leonardo Souza – Medicina UNIFAP • É um termo geral para descrever a especificidade de neurônios ao estímulo ao longo dos sistemas sensoriais OS CAMPOS RECEPTIVOS DAS CÉLULAS BIPOLARES Podem ser divididos em 2 classes, conforme sua resposta ao glutamato liberados pelos fotorreceptores • ON: quando a luz, incidindo sobre um cone, despolariza células bipolares, essas células despolarizadas são chamadas de células bipolares do tipo ON, pois foram acionadas pela luz o Apresentam receptores acoplados à proteína G (metabotrópicos) • OFF: quando a luz, incidindo sobre um cone, hiperpolariza células bipolares, essas células hiperpolarizadas são chamadas de células bipolares do tipo OFF, pois elas são inibidas pela luz o Apresentam receptores glutamatérgicos ionotrópicos Leonardo Souza – Medicina UNIFAP FOTORRECEPTORES EM CÉLULAS GANGLIONARES Células ganglionares da retina intrinsicamente fotossensíveis (CGRif): alguns poucos neurônios na retina que utilizam melanopsina como fotopigmento • Funcionam como células ganglionares normais, com uma capacidade a mais de fotorreceptoras A fotossensibilidade dessas células, contudo, difere da dos bastonetes e cones em alguns aspectos • As CGRif despolarizam-se à luz, ao contrário dos bastonetes e cones que hiperpolariza-se • Essas células não são ideias para um bom padrão de visão e elas não são utilizadas para esse fim o Sua função está mais relacionada ao fornecimento de informações a áreas visuais subcorticais que possibilite sincronizar o comportamento às mudanças diárias no nível da luz (ritmos circadianos) PROCESSAMENTO EM PARALELO Diferentes atributos visuais são processados simultaneamente utilizando-se vias distintas Um exemplo é o fato de que temos 2 olhos que fornecem 2 fluxos paralelos de informação, os quais são processados no sistema visual central e comparados para se obter a profundidade Leonardo Souza – Medicina UNIFAP A VIA ÓPTICA A partir da célula fotorreceptora, a via óptica consiste em uma cadeia de 3 neurônios que processam a informação visual e a transmitem para o córtex, sendo: • 2 primeiros na retina o Células bipolares o Células ganglionares • 3° neurônio: localizado no corpo geniculado lateral (CGL) do tálamo o Os axônios do tálamo projetam-se pelas radiações ópticas ao córtex visual primário (estriado) 3 principais vias de células ganglionares: • Células ganglionares do tipo midget: maior parte das células (70%) que se projetam para o corpo geniculado lateral (CGL) do tálamo e são a origem da via parvocelular o Codificam com resolução espacial alta e temporal baixa → adequadas para análise de imagens estáticas, mas não para imagens em movimento • Células ganglionares do tipo parasol: constituem 10% das células que se projetam para o CGL e são a origem da via magnocelular o Codificam com resoluções espacial baixa e temporal alta e sinais acromáticos (incolor) → adequadas para detecção de contraste, movimento e forma • Células ganglionares biestratificadas: constituem 8% das células que se projetam para o CGL e são a origem da via coniocelular o Analisam sinais das cores azul e amarelo o Projetam-se por toda a sua camada coniocelular no CGL e estão espalhadas por todas as camadas do CGL dedicadas às outras vias (parvocelular e magnocelular) Leonardo Souza – Medicina UNIFAP QUIASMA ÓPTICO E TRATO ÓPTICO Cada lado do cérebro analisa o campo visual contralateral CORPOS GENICULARES LATERAIS (CGL) Cada CGL recebe informações do campo visual contralateral de todos os tipos de células ganglionares → os diferentes tipos de informações com seus respectivos canais são segregados nas camadas do CGL (cada via se projeta mais sua respectiva camada celular) Ao alcançar o CGL, os campos visuais são lateralizados → o campo visual esquerdo projeta-se para o lado direito do cérebro e vice-versa • A organização das fibras no CGL reflete o campo visual e a projeção para diferentes camadas responde pelos movimentos, contraste, cor e forma RADIAÇÕES ÓPTICAS Do CGL, os axônios projetam-se para o córtex visual primário por meio das vias de radiações ópticas Nas radiações ópticas, as fibras dos campos visuais superior e inferior tomam diferentes vias: • Campo visual inferior: a metade inferior do campo visual projeta-se para a porção superior da retina e daí para o CGL → do CGL essas fibras se projetam para a parte superior da radiação óptica → passando pelo lobo parietal e para a metade superior do sulco calcarino • Campo visual superior: a metade superior do campo visual se projeta para as porções inferiores da retina e daí para o CGL → do CGL essas fibras circundam o corno inferior do ventrículo lateral do lobo temporal (essas fibras inferiores formam a alça temporal ou alça de Meyer) → por fim se projetam para a metade inferior do sulco calcarino • Campo visual médio: a parte do meio do campo visual projeta-se para fóvea central → essas fibras tomam uma via direta do CGL ao sulco calcarino por meio do lobo parietal o A fóvea central possui a maior representação cortical no córtex visual primário Leonardo Souza – Medicina UNIFAP PROCESSAMENTO CORTICAL DA VISÃO CÓRTEX VISUAL PRIMÁRIO Córtex visual primário ou córtex estriado: localizado nas superfícies superior e inferior do sulco calcarino no lobo occipital, onde terminam mais de 90% dos axônios do CGL A organização encontrada em todo o sistema visual é mantida no córtex visual primário pelas colunas retinotópicas de neurônios • As vias paralelas se projetam em camadas distintas no córtex visual, em grupos separados de neurônios o Carregam informações como contraste, movimento, acuidade, cor o Esses sinais são integrados e convergem para os neurônios de outputs no córtex visual primário • Esteropsia: percepção de profundidade o Se dá por inputs de cada olho transportando informações sobre a mesma área do campo visual convergindo para neurônios individuais no córtex visual primário Do córtex visual primário, a informação visual remontada é separada em 2 novos feixes e retransmitida para as áreas de associação visual: • Via ventral: envolvida na percepção de cores e formas o Anatomicamente se projeta para o lobo temporal o Relacionado com os “o quê” dos inputs visuais ▪ Reconhecimento de objetos e análise de suas relações espaciais ▪ Reconhecimento de cores, padrões e formas o Lesões nesses locais levam a problemas de orientação visual, discriminação de formas e reconhecimento de objetos, déficits de atenção a estímulos visuais Leonardo Souza – Medicina UNIFAP • Via dorsal: envolvida no movimento e análise espacial o Anatomicamente se projeta, sobretudo, para o lobo parietal o Relacionado com o “onde” e “como” dos inputs visuais ▪ Análise do espaço visual em relação a deslocamentos ▪ Interação com objetos (manipulação), facilidade nos movimentos oculares dirigidos e coordenação olho-mão • Embora distintos, esses feixes são muito integrados para a geração de análises coerentes de todos os inputs visuais o Eles recebem os mesmos inputs do sistema visual, mas possuem objetivos comportamentais distintos VISÃO DE CORES PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES DE CORES Comparação das respostas em diferentes cones permite a extração de informações de cores (um único cone não distingue cores) Neurônios de oponência única: o primeiro passo dessa via ocorre em 2 tipos de neurônios de oponência na retina → célulasvermelho-verde comparam a ativação L (cones do tipo L) à ativação M (cones do tipo M) • São neurônios de oponência individual que fazem parte da via parvocelular Neurônios de oponência dupla: as células azul-amarelo comparam a ativação S (cones do tipo S) a uma combinação de ativação de L e M (que produz o amarelo) • São neurônios de oponência dupla, pois analisam L em relação ao M e o resultado disso (L/M = amarelo) em relação ao S (azul) • São parte da via coniocelular Essas células ganglionares projetam-se para o CGL, mas o processamento que ocorre no tálamo ainda é desconhecido → do CGL a informação é retransmitida para o córtex visual primário, onde a informação chegam e feixes separados e projeta-se em camadas separadas → no córtex visual primário os sinais de cor são comparados de um lado a outro do campo visual e pela convergência para outros neurônios de Leonardo Souza – Medicina UNIFAP oponência dupla → áreas distais nos córtices de associação captam mais informações e calculam aspectos detalhados da cor • Células vermelho-ciano: comparam inputs do canal L da retina (vermelho) a uma combinação de canais M e S → resulta em ciano • Células azul-amarelo: comparam os canais S da retina (azul) a combinação de canais L e M → resulta em amarelo INFLUÊNCIA DA COR A análise da cor influencia o comportamento por interconexões com outras porções corticais • Diferentes cores são associadas a diferentes emoções, preferências, assimilação de informações mais complexas REFLEXOS ÓPTICOS REFLEXO PUPILAR À LUZ Ajusta a abertura da pupila para controlar a quantidade de luz que passa para a retina • Vias aferentes e eferentes: o a alça aferente desse reflexo começa nos fotorreceptores da retina → a informação é enviada via nervo óptico e trato óptico ao núcleo pré-tectal do mesencéfalo em ambos os lados → ativação da alça eferente do reflexo o núcleos viscerais do nervo oculomotor (nervo de Edinger-Westphal) em ambos os lados recebem inputs → fibras pré-ganglionares parassimpáticas se deslocam, junto com o nervo oculomotor, dos núcleos viscerais do nervo oculomotor para as órbitas → faz sinapse no gânglio ciliar o a partir disso, os neurônios pós-sinápticos formam os nervos ciliares curtos → inervam o músculo esfíncter da pupila → localizado na íris, quando se contrai faz a pupila se contrair também o qualquer compressão no nervo oculomotor afeta as fibras parassimpáticas desse nervo → prejuízos ao reflexo pupilar ▪ o reflexo pupilar pode dar dicas sobre a pressão intracraniana aumentada Resposta Direta x Resposta Consensual: as fibras do núcleo pré-tectal projetam-se para os núcleos viscerais do nervo oculomotor em ambos os lados → dessa forma, a estimulação direta em um olho com a luz fará ambas as pupilas se dilatarem Leonardo Souza – Medicina UNIFAP REFLEXO DE DILATAÇÃO DA PUPILA Não é testado clinicamente, mas ocorre naturalmente em reposta emocional que ativa o SNS e faz as pupilas se dilatarem Componente aferente: via hipotálamo posterior → • fortes estados emocionais estimulam o hipotálamo posterior → suas fibras passam pelo tronco encefálico para os neurônios pré-ganglionares simpáticos no corno intermédio da medula espinal ao nível de T1, onde fazem sinapses e passam pela cadeia simpática até o gânglio cervical superior → as fibras pós-sinápticas deixam o gânglio e dirigem-se com a artéria carótida até o crânio, onde se juntam ao nervo oftálmico, o qual leva essa fibras para a órbita, onde entram nos nervos ciliares longos e inervam o músculo dilatador da pupila → contração desse músculo faz a pupila dilatar Leonardo Souza – Medicina UNIFAP REFERÊNCIAS: Bear, Connors, Paradiso - Neurociências 4ª Ed. 2017; Krebs – Neurociência ilustrada 2013
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