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11www.biologiatotal.com.br FIS IO LO GI A HU MA NA CONTRAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO CONTRAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO O músculo esquelético compõe cerca de 40% do nosso corpo. Ele é constituído por numerosas fibras longas de 10 a 80 micrômetros de diâmetro que, por sua vez, são formadas por subunidades ainda menores. De maneira geral, podemos dizer que cada fibra é inervada por apenas uma terminação nervosa. SARCOLEMA: É a membrana celular da fibra muscular, composta por um revestimento de polissacarídeos de fibrilas colágenas. O sarcolema está presente nas extremidades da fibra muscular onde se fundem com a fibra do tendão, que está agrupado em feixes, formando os tendões dos músculos que se inserem nos ossos. MIOFIBRILAS: As fibras musculares são compostas por centenas de milhares de miofibrilas. Cada miofibrila é composta por aproximadamente 1.500 filamentos de miosina e 3.000 filamentos de actina, que são proteínas polimerizadas responsáveis pela contração muscular. Os filamentos dessas duas proteínas são em partes interdigitados, isso confere à miofibrila uma aparência alternada de faixas escuras e claras. As faixas claras correspondem aos filamentos de actina, ou também chamados faixas I. As faixas escuras correspondem aos filamentos de miosina e extremidades dos filamentos de actina superpostos, eles também são chamados de faixas A. Os filamentos de miosina sofrem pequenas projeções laterais, são as pontes cruzadas. A contração muscular acontece como resultado da interação entre os filamentos de actina e as pontes cruzadas. Os filamentos de actina estão ligados, pelas suas extremidades ao disco Z. A partir daí os filamentos de actina se ligam aos filamentos de miosina. O disco Z é formado por proteínas que não a actina e miosina, e esses filamentos que cruzam a miofibrila também as conectam umas as outras. Por estas características a fibra muscular possui aparência estriada. SARCÔMERO: segmento da miofibrila que está entre dois discos Z. Quando a fibra muscular está contraída e os filamentos de actina e miosina estão sobrepostos completamente, o comprimento do sarcômero é cerca de 2 micrometros. SARCOPLASMA: Líquido intracelular que preenche os espaços entre as miofibrilas. Nele contém grande quantidade de potássio, magnésio, fosfato e várias enzimas, além de grande quantidade de mitocôndrias que se encontram paralelas às miofibrilas e são responsáveis por fornecer energia para a contração. RETÍCULO SARCOPLASMÁTICO: Retículo endoplasmático especializado do músculo esquelético, de extrema importância para a contração muscular. 12 FIS IO LO GI A HU MA NA CONTRAÇÃO MUSCULAR: Para que a contração muscular tenha início os potenciais de ação seguem pelo nervo motor até as terminações nas fibras musculares. Aí secretam acetilcolina, substância neurotransmissora que age na membrana da fibra muscular abrindo canais que são regulados por ela. Abertos, esses canais permitem a passagem de íons sódio para o lado de dentro da membrana das fibras musculares e então tem início o potencial de ação na membrana que percorre toda a fibra muscular. Agora que a membrana está despolarizada o retículo endoplasmático que tem armazenado íons cálcio libera grande quantidade desses íons. Eles promovem a atração dos filamentos de actina e miosina que deslizam um sobre o outro, no processo de contração. A bomba de Ca++ da membrana permite que os íons cálcio voltem para dentro do retículo e permaneçam armazenados lá até novo potencial de ação, cessando a contração muscular. O mecanismo de contração acontece pelo deslizamento dos filamentos: quando o sarcômero está relaxado os filamentos de actina que se estendem de dois discos Z sucessivos, pouco se sobrepõe. Quando contraído, esses filamentos estão tracionados entre os filamentos de miosina e se sobrepõem totalmente. O disco Z é tracionado junto com os filamentos de actina. A interação das pontes cruzadas dos dois tipos de filamentos gera uma força que faz com que eles deslizem uns sobre os outros e é ativado pelo potencial de ação que passa pela fibra muscular, liberando íons cálcio. O FILAMENTO DE MIOSINA: Formado por muitas moléculas de miosina que, por sua vez, são formadas por duas cadeias polipeptídicas de alto peso molecular e então são chamadas de cadeias pesadas, e por quatro cadeias polipeptícas de menor peso molecular, portanto são chamadas de cadeias leves. As duas cadeias pesadas se entrelaçam e formando a cauda da molécula de miosina. A cabeça da miosina é formada pelo dobramento de uma 13www.biologiatotal.com.br FIS IO LO GI A HU MA NA das pontas de cada uma dessas cadeias. Além disso, duas cadeias leves também formam a cabeça da miosina e elas ajudam a regular o funcionamento da cabeça durante a contração muscular. Formado por mais ou menos 200 moléculas de miosina, o filamento é formado por agrupados dessas moléculas, formando o corpo. As cabeças se projetam para fora desse corpo, estendidas através de um braço formando as pontes cruzadas. As pontes cruzadas são flexíveis nas suas dobradiças. É o movimento dos braços e cabeças da miosina que possibilita a contração muscular. O filamento de miosina ainda é retorcido, isso permite a extensão das pontes cruzadas em todas as direções em torno do filamento. O FILAMENTO DE ACTINA: formado por actina, tropomiosina e troponina, o filamento de actina é na verdade um duplo filamento da molécula proteica da actina-F. Eles formam uma dupla- hélice, assim como acontece com as moléculas de miosina. Cada um desses filamentos em dupla- hélice é constituído por moléculas de actina-G polimerizadas que estão ligadas a uma molécula de ADP. A função dessas moléculas de ADP está, provavelmente, relacionada com a interação das pontes cruzadas de miosina para a produção da contração muscular. Os filamentos de actina estão fortemente ligados ao disco Z por suas bases. As extremidades estão projetadas para ambas as direções ficando nos espaços entre as moléculas de miosina. ALTERAÇÕES QUE PERMITEM A CONTRAÇÃO MUSCULAR A contração do músculo demanda energia. Grande quantidade de ATP é degradada formando ADP e quanto mais trabalho é realizado pelo músculo, mais ATP é degradado, o que é chamado de efeito Fenn. A sequência de fatos deste efeito pode ser descrito assim: 1) As pontes cruzadas da miosina ligam-se ao ATP. A enzima ATPase que está na cabeça das moléculas de miosina cliva o ATP, deixando como produtos dessa reação o ADP e o íon fosfato, que permanecem ligados à cabeça. Nesse momento o filamento de miosina ainda não está ligado à actina. 2) O complexo troponina-tropomiosina é formado por três subunidades proteicas: subunidade troponina I, que tem afinidade com a actina, a subunidade troponina T, que tem afinidade com a tropomiosina e a subunidade troponina C, com afinidade com os íons cálcio. A forte afinidade da troponina com os íons cálcio é o que desencadeia o processo de contração. Isso acontece quando o complexo se liga aos íons cálcio e as cabeças da miosina se ligam em locais ativos que estão no filamento de actina. 3) A ligação da ponte cruzada com o local ativo no filamento de actina gera mudança na conformação da cabeça da miosina que inclina na direção do braço da ponte cruzada. Neste momento acontece um movimento de força que puxa o filamento de actina. A energia para que o movimento de força aconteça já tinha sido armazenada quando da 14 FIS IO LO GI A HU MA NA clivagem do ATP na alteração conformacional que aconteceu na cabeça. 4) A cabeça da ponte cruzada está inclinada e possibilita a liberação de ADP e íons fosfato que estavam ligado à cabeça. Agora uma nova molécula de ATP se liga causando o desligamento da cabeça pela actina. 5) Quando a cabeça da miosina é desligada da actina, uma nova molécula de ATP é clivada e então se inicia um novo ciclo, com um novo movimento de força. 6) A cabeçaé novamente engatilhada, se liga ao novo local ativo, se descarrega e outro movimento de força acontece. Com a sobreposição dos filamentos de actina- miosina o sarcômero tem aletrações no seu comprimento. No ponto D, os filamentos de actina e miosina estão esticados, mas sem se sobreporem. A tensão deste ponto é zero. À medida que o sarcômero encurta, os filamentos de actina e miosina se sobrepõem e a tensão aumenta, então o comprimento do sarcômero diminui. Os filamentos de actina e as pontes cruzadas dos filamentos de miosina se sobrepõem e mesmo com esse encurtamento o sarcômero terá tensão máxima até atingir o ponto B, quando encurta ainda mais. Aqui as extremidades dos filamentos de actina estão se sobrepondo e também os filamentos de miosina. Quando o comprimento do sarcômero diminui até o ponto A, a força de contração é rapidamente reduzida. Os dois discos Z do sarcômero estão em contato com as extremidades dos filamentos de miosina. As contrações continuam acontecendo, o sarcômero está cada vez menor, os filamentos de miosina tem suas extremidades enrugadas e a força de contração é quase zero, mas o músculo está totalmente contraído. EXCITAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO - LIBERAÇÃO DE ACETILCOLINA Assim que o impulso nervoso chega até a junção neuromuscular, vesículas de acetilcolina são liberadas dos terminais. Quando um potencial de ação se propaga, os canais de cálcio controlados por voltagem se abem e então os íons cálcio são liberados para dentro do terminal nervoso. Considera-se que esses íons tem influência sobre as vesículas de acetilcolina que se fundem com a membrana neural liberando acetilcolina, por exocitose, no espaço sináptico. 15www.biologiatotal.com.br FIS IO LO GI A HU MA NA A membrana da fibra muscular apresenta receptores de acetilcolina, que são canais iônicos controlados por acetilcolina. Eles estão perto das fendas subneurais que estão abaixo das barras densas, onde a acetilcolina é liberada. Quando duas moléculas de acetilcolina se ligam a estes canais promovem mudança conformacional e abertura do canal. O canal colinérgico aberto permite a movimentação dos íons sódio, potássio e cálcio através da abertura. Íons negativos não tem passagem por conta de cargas negativas estarem presentes na abertura destes canais, isso repele íons de carga semelhante. A abertura dos canais controlados por acetilcolina possibilita a passagem de grande quantidade de íons sódio para dentro da fibra, levando cargas positivas o que provoca alteração potencial local positiva dentro da membrana da fibra muscular, chamado potencial de placa motora. Esta sequencia de eventos inicia um potencial de ação que se propagando pela membrana causando a contração muscular. ANOTAÇÕES 16 EX ER CÍ CI OS 8 EXERCÍCIOS 1 2 3 5 6 7 (UESPI) Os atletas olímpicos geralmente possuem grande massa muscular devido aos exercícios físicos constantes. Sobre a contração dos músculos esqueléticos, é correto afirmar que: a) Os filamentos de miosina deslizam sobre os de actina, diminuindo o comprimento do miômero. b) A fonte de energia imediata para contração muscular é proveniente do fosfato de creatina e do glicogênio. c) Na ausência de íons Ca2+, a miosina separa- se da actina provocando o relaxamento da fibra muscular. d) A fadiga durante o exercício físico é resultado do consumo de oxigênio que ocorre na fermentação lática. e) A ausência de estímulo nervoso em pessoas com lesão da coluna espinal não provoca diminuição do tônus muscular. Observe a figura abaixo e indique e comente o que cada letra está representando: Descreva de forma sucinta todas as etapas intrínsecas durante a excitação da fibra muscular. Descreva de forma sucinta as etapas intrínsecas que resultam na contração muscular. As proteínas contráteis responsáveis pela contração muscular são: a) actina, miosina, tropomiosina e mielina. b) actina, mielina, tropomiosina e troponina. c) mielina, miosina, troponina e fibrina. d) actina, miosina, troponina e tropomiosina. e) tropomiosina, troponina, miosina e mielina. Descreva os eventos correlacionados ao cálcio para a contração muscular. Cite e comente os tipos de somação. Quais são os tipos de fibras musculares? Um sarcômero é formado por uma: a) banda I e duas bandas A. b) linha Z e duas sem bandas I. c) banda H e uma linha Z. d) banda I e duas sem bandas A. e) banda A e duas sem bandas I. 4 9 17www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS 10 ANOTAÇÕES Indique a alternativa INCORRETA. Quando o músculo esquelético sofre contração, os (as): a) bandas A se encurtam. b) sarcômeros se encurtam. c) bandas H se encurtam. d) bandas I se encurtam. e) bandas A permanecem iguais. 18 FIS IO LO GI A HU MA NA GABARITO DJOW CONTRAÇÃO DO MUSCULO ESQUELÉTICO 1 - [C] 2 - (a) Linha M- Localizado no centro da zona H. (b) Linha Z- Local onde os filamentos de actina estão ligados (c) Zona H- Local onde apenas os filamentos de miosina são encontrados. (d) Faixa A- Filamentos de miosina. (e) Faixa I- Filamentos de actina. (f) Sarcômero- Segmento de miofibrila situado entre dois discos Z. 3 - O potencial de ação chega ao neurônio motor ocasionando na produção e liberação de acetilcolina na fenda sináptica. Esse neurotransmissor se liga ao receptor do tipo nicotínico presente na placa motora, ocasionando a abertura de canais de sódio. Com a entrada de sódio, o potencial de membrana da célula é perturbado e a consequência disso é a despolarização o que levará à contração muscular. 4 - O sistema nervoso somático é estimulado a liberar acetilcolina em região de placa motora ocasionando na ativação de receptores do tipo canal de sódio, deste neurotransmissor. Com a entrada de sódio para o lado interno da membrana, o potencial de membrana é perturbado é assim ativam os canais de sódio voltagem dependente levando ao processo conhecido como despolarização. Com a despolarização ocorre a liberação de cálcio do reticulo sarcoplasmático para o citosol e assim esse se liga a troponina ocasionando no deslocamento da tropomiosina e consequentemente na adesão da cadeia leve da miosina com o filamento de actina. Ao se ligar na actina, a cadeia leve da miosina que é uma ATPase, libera o ATP hidrolisado e parte dessa energia altera sua conformação, tracionando os filamentos de actina que estão aderidos à linha Z. Dessa maneira a contração ocorre até o momento que outro ATP se ligue na cadeia leve da miosina deslocando sua associação com a actina, relaxando o miócito esquelético. 5 - [D] 6 - O retículo sarcoplasmático, presente nas fibras musculares são locais de armazenamento de cálcio. A célula quando está relaxada possui baixo nível de cálcio no citoplasma. Com a chegada de um estímulo (potencial de ação), ocorrer altereações na permeabilidade das membranas, bem como a membrana deste retículo. Essas alterações permitem a saída do cálcio e este, por sua vez, forma um complexo com a troponina para que as proteínas contráteis (actina e miosina) se relacionem permitindo a contração das miofibrilas. O excesso de cálcio será bombeado novamente para o interior do retículo sarcoplasmático, ocasionando no relaxamento muscular. 7 - Os principais tipos de somação são: frequência e tetanização, fibras múltiplas, fadiga muscular, contratura, câimbra e rigor mortis. Tetanização= os estímulos somam-se para atingir uma contração até que a própria ocorra de fato. Fibras múltiplas= Intensidades de contração diferentes irão depender da intensidade do estímulo. Músculo esquelético= Mesmo em repouso, um pequeno número de tensão ainda é presente, isso é denominado tônus muscular. Fadiga muscular= Geralmente provocada pela interrupção do fluxo sanguíneo para um músculo em contração. Dessa maneira o suporte nutricional e de oxigênio são interrompidos e a função prejudicada. Contratura= Realização de um movimento maior que a capacidade do músculo naquele momento ocasionando na indisponibilidadedo grupo muscular. Câimbra= Ausência de energia disponível para bombear o cálcio ocasionada pelo gasto excessivo de trabalho realizado pelo músculo. Rigor Mortis= Nome dado a contração muscular provocada após a morte. Isso é ocasionado porque o ATP não é mais sintetizado e assim a cadeia leve da miosina permanece ligada à actina, mantendo assim o músculo contraído. 8 - A classificação das fibras musculares faz-se de acordo com o metabolismo energético dominante, da velocidade de contração e da sua coloração histoquímica, a qual depende das atividades enzimáticas. São classificadas em Tipo I e II. As do tipo I, são aquelas de contração lenta ou vermelhas (devido à densi¬dade capilar e ao conteúdo em mioglobina). São fibras oxidativas de abalo lento, com diâmetro menor, possuem maior fornecimento sanguíneo e possuem uma quantidade elevada de mitocôndrias e enzimas oxidativas. Por isso são relacionadas com um metabolismo energético de predomínio aeróbico, resultando uma grande produção de ATP, permitindo esforços duradouros epor isso resistentes à fadiga. As do tipo II ou fibras brancas são relacionadas com a contração rápida, as quais se sub¬dividem na lIa, IIb, e IIc. Essas fibras possuem diâmetro maior com predomínio do metabolismo energético de tipo anaeróbico. Possuem grandes quantidades de enzimas ligadas a este tipo de metabolismo, como por exemplo a CPK (creatinofosfoquínase), necessária à regeneração rápida de ATP a partir da fosfocreatina (CP). As quantidades das enzimas desidrogenase láctica (LDH) e fosfofrutoquinase (PFK) estão em grandes quantidades. O músculo constituído por este tipo de fibras tem uma velocidade de contração, uma velocidade de condução na membrana e uma tensão máxima maior do que nas fibras do tipo I, porém fadigam rapidamente. De forma mais conceitual, as fibras tipo IIa são as oxidativas de abalo rápido, contraem-se rapidamente, mas fadigam lentamente e as fibras do tipo IIb são glicolíticas de abalo rápido, contraem- se rapidamente, mas também fadigam rapidamente, pois possuem poucas mitocôndrias e dependem da glicólise anaeróbica para gerar ATP e, são de coloração esbranquiçada, pois são ricas em glicogênio. 9 - [E] 10 - [A] REFERÊNCIAS GUYTON, Arthur, Fisiologia Humana, Guanabara Koogan, 13ª Ed. 2017.
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