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GESTÃO EM SERVIÇO SOCIAL

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GESTÃO EM SERVIÇO 
SOCIAL
Autoras: Rosimere de Souza 
 Isabel Lopes Monteiro
Dados Pessoais
Nome: _________________________________________________________
Turma:____________ Matrícula:__________ Curso: __________________
Endereço: _____________________________________________________
Cidade: _____________________________________ UF: _______________
CEP: ________________ Telefone: _________________________________
E-mail: ________________________________________________________
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI 
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro 
Benedito - Cx. P. 191 - 89.130-000 
INDAIAL/SC - Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-
9090 - www.uniasselvipos.com.br
Programa de Pós-Graduação EAD
 Reitor: Prof. Ozinil de Souza Martins
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Prof. Marcio Moisés Selhorst
 
 Equipe Pedagógica do IBAM: Anna Marina Fontes Ribeiro 
 Dora Apelbaum
 Mara Darcy Biasi 
 Márcia costa Alves da Silva 
 
 Revisão de Conteúdo: Delaine Martins Costa
 Revisão Gramatical: Iara de Oliveira 
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci 
361.307
S729g Souza, Rosimere de
 Gestão em serviço social / Rosimere de Souza; 
 Isabel Lopes Monteiro. Indaial : Uniasselvi, 2013. 
 89 p. : il
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830- 691-5
 1. Serviço social. 2. Estudo – Ensino – Gestão.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2013
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
PARCERIA ENTRE
IBAM E UNIASSELVI
No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo, 
observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência 
das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz 
à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de 
um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas. 
A institucionalização dos processos de gestão e a profissionalização dos 
servidores públicos passam a ser instrumentos estratégicos para alavancar 
condições de melhor execução de atividades e projetos, bem como dos meios de 
controle necessários para avaliação de resultados da atuação governamental. 
Inúmeras iniciativas são implementadas para dar consistência a este 
modelo de gestão governamental que se apoia na valorização da transparência, 
da participação e do controle social, que não podem existir sem instrumentos 
adequados e pessoas qualificadas. É neste contexto que se forma a parceria do 
IBAM com a UNIASSELVI. 
Aprimorar o sistema de gestão pública, apoiar a formação de profissionais 
que queiram ser ou já são do quadro do setor público e ampliar a informação 
para o cidadão sobre como deve funcionar o governo são os propósitos iniciais 
do MBA em Gestão Pública que passa a integrar o programa de pós-graduação 
da UNIASSELVI. A equipe de Professores Autores que o compõe se destaca pelo 
desempenho profissional em projetos da Administração Pública e como docentes 
universitários.
A experiência da UNIASSELVI em processos educacionais em nível superior, 
aliada à do IBAM, que há 60 anos atua, em nível nacional e internacional, para 
o aprimoramento da administração pública, é composição de excelência para 
enriquecer o cenário que se quer alcançar. 
O IBAM e a UNIASSELVI desejam a todos os participantes uma boa jornada 
de estudos. Aos que se dirigem ao setor público, que consolidem sua formação; 
e, aos demais, que ampliem o nível de informação sobre governo e aprendam a 
articular-se com ele como cidadãos.
Paulo Timm
Superintendente Geral do Instituto 
Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Pró-Reitor de Pós-Graduação a Distância
UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2013
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Rosimere de Souza
Mestre em Serviço Social (1997) e 
graduada em Serviço Social (1989) pela 
PUC – Rio de Janeiro. Tem Experiência na 
elaboração, implementação, supervisão e 
coordenação de programas e projetos sociais nas 
áreas temáticas de direitos humanos, direito da criança 
e do adolescente, meio ambiente, gênero, juventude, 
enfrentamento à homofobia, combate à violência, entre 
outros. Experiência com desenvolvimento de ações de 
mobilização de recursos: negociação com financiadores 
nacionais e internacionais, órgãos do governo de todas 
as esferas, empresariado, agências de cooperação 
e fundos internacionais, elaboração de propostas 
técnicas e orçamentárias. Experiência em construção e 
condução de metodologias de avaliação de programas 
e projetos sociais. Experiência com elaboração de 
relatórios técnicos. Experiência com moderação de 
grupos de discussão em exercícios de avaliação, 
planejamento e elaboração de projetos. Docência 
livre sobre temas relativos aos direitos 
humanos e direitos sociais.
Isabel Lopes Monteiro
Especialista em Políticas Públicas pela 
Pontifícia Universidade Católica do Rio de 
Janeiro (PUC - 1986), em Gerontologia Social 
e Violência e Saúde pela Fio cruz (ENSP-1999 e 
2006) e Atenção Domiciliar a Pessoas Idosas “Modelo 
de Gestão pela Agência Española de Cooperación 
Internacional – AECI - Embaixada da Espanha /
Colômbia-2007. Possui graduação em Serviço Social 
pela Universidade Gama Filho (UGF - 1982). Atuação 
profissional nos seguintes temas: controle social, 
negligência e maus-tratos contra idosos e papel do idoso 
na sociedade brasileira. Publicou na Revista ENLACE: 
Instituto de Mayores y Servicios Sociales (Imserso): 
Centro de Atenção e Prevenção a Violência Contra a 
Pessoa Idosa (CEPAL/Chile-2007) e Qualificar para 
Cuidar: Idosos Residentes em Favelas (Espanha/
IBISS-2012).
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
A reformA do eStAdo e oS impActoS nAS políticAS públicAS 
no brASil .....................................................................................9
CAPÍTULO 2
AdminiStrAção de progrAmAS e 
projetoS em Serviço SociAl.......................................................25
CAPÍTULO 3
geStão de ServiçoS SociAiS e geStão SociAl .............................47
CAPÍTULO 4
entidAdeS privAdAS e poSSibilidAdeS de cooperAção com 
o Setor público nA geStão de ServiçoS SociAiS ........................63
7
APRESENTAÇÃO
 Caro (a) pós-graduando (a):
 
O universo da gestão dos serviços sociais compreende um conjunto de 
atividades voltadas para a formulação, organização, financiamento, gerenciamento, 
execução, monitoramento e avaliação de ações nas áreas de saúde, educação, 
habitação, cultura, lazer, assistência social dentre outras elencadas entre os 
direitos sociais.
Destaca-se que este campo teve um desenvolvimento acelerado no contexto 
da Reforma do Estado, na conjuntura da democratização pós Constituição Federal 
de 1988.
A Gestão Social surge nesta conjuntura em meio ao debate sobre o 
desenvolvimento de novas formas de gestão das ações públicas de atendimento 
às demandas sociais, capazes de agregar a participação popular nos processos 
de decisão, monitoramento e avaliação de serviços, projetos e programas, com 
vistas ao aprimoramento das ações e consequente efetividade dos resultados. 
A Gestão Social é também um conceito que leva em consideração a estreita 
vinculação de micro contextos (as localidades, ascomunidades, os grupos) com 
ambientes e realidades globais e globalizantes em suas diversas expressões, 
social, econômica, cultural, política, dentre outras.
Esta disciplina tem o objetivo de contribuir para a reflexão sobre os diversos 
aspectos que envolvem a análise de gestão social de serviços sociais como, por 
exemplo, os impactos dos ajustes macroeconômicos e da Reforma do Estado nos 
processos de gestão das políticas sociais, bem como facilitar a compreensão dos 
processos e as inovações no campo da gestão de serviços sociais, bem como o 
papel do gestor neste contexto. 
O Caderno de Estudos está dividido em quatro capítulos os quais abordam 
os seguintes assuntos dispostos em seguida.
No capítulo 1: A REFORMA DO ESTADO E OS IMPACTOS NAS POLÍTICAS 
PÚBLICAS NO BRASIL analisam-se os processos sociais que resultaram 
na redução do papel do Estado no campo social e, por conseguinte, de suas 
atribuições e responsabilidades frente às desigualdades sociais.
O capítulo 2: ADMINISTRAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS EM 
8
SERVIÇO SOCIAL está organizado em três partes. A primeira analisa a prática 
do serviço social, suas derivações e as novas competências profissionais a partir 
do resgate do surgimento do trabalho social, os aspectos políticos e sociais que 
marcaram as primeiras escolas de serviço social até as práticas institucionais.
A segunda parte promove a reflexão sobre o cotidiano das demandas 
institucionais na construção de projetos profissionais críticos, na busca pela 
reconstrução do serviço social sobre o entendimento das demandas das classes 
trabalhadoras, o significado da profissão e o seu projeto ético político, na esfera 
pública e a participação da sociedade. A terceira e última parte deste capítulo 
se concentra numa discussão mais ampliada das políticas de seguridade social 
e os programas de transferência de renda, os mecanismos de enfrentamento 
das desigualdades sociais e suas contradições frente à concepção universal de 
proteção social.
No capítulo 3: GESTÃO DE SERVIÇOS SOCIAIS E GESTÃO SOCIAL visa 
aprofundar o conceito de Gestão Social e sua interface com o conceito de gestão 
de serviços públicos sociais, bem como os diversos agentes e entidades que 
interagem neste universo.
Por fim, o capítulo 4: ENTIDADES PRIVADAS E POSSIBILIDADES DE 
COOPERAÇÃO COM O SETOR PÚBLICO NA GESTÃO DE SERVIÇOS 
SOCIAIS apresenta as características e o ambiente do terceiro setor e aponta 
alguns instrumentos e mecanismos que viabilizam a cooperação entre os seus 
atores na gestão de serviços sociais. 
As autoras.
CAPÍTULO 1
A reformA do eStAdo e oS impActoS 
nAS políticAS publicAS no brASil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Apresentar os impactos dos ajustes macroeconômicos e da Reforma 
do Estado nos processos de gestão das políticas sociais.
 3 Examinar os novos arranjos introduzidos pela Reforma do Estado nas ações 
das políticas sociais dos governos e nos setores não públicos da área social. 
11
A RefoRmA do estAdo e os ImpActos 
nAs polítIcAs públIcAs no bRAsIl
 Capítulo 1 
contextuAlizAção 
 
A Reforma do Estado, consolidada pela Constituição Federal de 1988, foi um 
marco importante na trajetória das políticas sociais. Muitos dos aspectos dessa 
Reforma se refletiram diretamente nas relações entre o Estado e a sociedade, na 
participação popular, nas relações de poder e de classe e, por consequência, no 
trabalho cotidiano dos profissionais da área social, entre eles, os processos de 
gestão das políticas sociais. Por tal motivo, neste capítulo, vamos voltar a atenção 
para os processos sociais que resultaram na redução do papel do Estado no 
campo social e, por conseguinte, de suas atribuições e responsabilidades frente 
às desigualdades sociais. 
À luz dos antecedentes históricos serão identificados os principais 
fatores que contribuíram para a Reforma do Estado e suas implicações 
na gestão social das políticas públicas. 
Mas, antes de tudo, o que quer dizer Reforma do Estado? 
Caracteriza-se pela delimitação do tamanho do Estado, do ponto de 
vista administrativo, e de suas responsabilidades, o que se expressa na 
redução do seu domínio institucional e na redefinição do seu papel. 
Nesse contexto, a atuação do Estado nas políticas sociais vem 
sendo reduzida e, ao mesmo tempo, abre-se espaço para as ações de 
natureza privada, empreendidas pelas organizações sociais sem fins 
lucrativos, pelas fundações e pelas áreas de responsabilidade social de 
empresas. Para alguns, este processo tem se configurado como uma 
desresponsabilização do Estado na área social. 
Esta estratégia caracteriza-se por ideários liberais e neoliberais, isto é, 
o Estado transfere para o mercado e, principalmente, para as organizações 
privadas, o trato com a Questão Social.
A expressão Questão Social surge para denominar o fenômeno 
do pauperismo da população trabalhadora. Ela resulta do capitalismo 
e do aumento da produção industrial, da concentração de renda e do 
monopólio do capital. É produto e expressão da contradição entre 
capital e trabalho e se corporifica por meio da conscientização da 
classe trabalhadora da exploração de sua mão de obra pelo capital. 
(SOUZA, 2012, p. 19).
Mas o quer 
dizer Reforma 
do Estado? 
Caracteriza-se 
pela delimitação do 
tamanho do Estado, 
do ponto de vista 
administrativo, 
e de suas 
responsabilidades, 
o que se expressa 
na redução do 
seu domínio 
institucional e na 
redefinição do 
seu papel.
12
 Gestão em Serviço Social
O impacto das reformas administrativas sobre as políticas sociais é objeto 
de interesse de todos aqueles que, direta ou indiretamente, atuam no campo das 
políticas públicas. Há diversos profissionais que interagem na implementação 
dos serviços de saúde, assistência social, habitação, educação, previdência 
social, tornando multidisciplinar o campo de atuação da política social e, portanto, 
complexo como veremos a seguir. 
A reformA do eStAdo e SuA 
influênciA noS novoS proceSSoS de 
geStão SociAl no brASil
Os antecedentes históricos que ancoraram a ideologia neoliberal e sua 
implementação no mundo, na América Latina e no Brasil são fundamentados 
em um modelo de desenvolvimento econômico baseado no fortalecimento do 
mercado e do que o movimenta: a lei da oferta e da procura. Um mercado livre e 
forte que exonera a ingerência do estado na economia e que se fortalece no final 
da década de 1970 em um cenário de recessão econômica. É em tal cenário que 
se desenvolvem muitos dos aspectos da Reforma do Estado. Este ator precisa 
criar novos mecanismos e arranjos que possam responder às exigências do novo 
modelo econômico em curso de forma eficaz, eficiente e efetiva.
Vale destacar que a supremacia do neoliberalismo se fortaleceu a partir do 
governo de Margaret Thatcher (1979 a 1990), na Inglaterra, e de Ronald Reagan 
(1981 a 1989), nos EUA, e ganhou maior adesão entre os países que, anteriormente, 
mantinham seus fundamentos no modelo do Estado de Bem-estar Social (Welfare 
State). A proposta neoliberal trazia promessas de liberdade e prosperidade 
econômica, ao mesmo tempo em que era contrária aos modelos nacionalistas e 
desenvolvimentistas, adotados pela maioria dos governos da América Latina.
Welfare State: “[...] pode ser sintetizado na sistematização 
de uma esfera pública, onde a partir das regras universais e 
pactuadas, o fundo público, em suas diversas formas, passou ao 
pressuposto do financiamento da acumulação do capital, de um 
lado, e de outro, o financiamento da reprodução da força de trabalho, 
atingindo globalmente toda população por meio de gastos sociais.” 
(OLIVEIRA,1998, p. 19-20).
13
A RefoRmA do estAdo e os ImpActos 
nAs polítIcAs públIcAs no bRAsIl
 Capítulo 1 
Atividade de Estudos:
1) A ideologia neoliberal e sua implementação no mundo, na 
América Latina e no Brasil são fundamentados em um modelo de 
desenvolvimento econômicobaseado no fortalecimento do mercado 
e do que o movimenta: a lei da oferta e da procura. Um mercado 
livre e forte que exonera a ingerência do estado na economia e que 
se fortalece no final da década de 1970 em um cenário de recessão 
econômica. Discorra sobre os principais reflexos desse modelo 
econômico nas políticas de desenvolvimento social. 
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Na década de 1980, sob a chancela de instituições financeiras como o Fundo 
Monetário Internacional - FMI - e o Banco Mundial, os prazos de pagamentos das 
dívidas externas contraídas em razão da crise fiscal e econômica foram dilatados 
e a América Latina precisou adequar-se a esse novo modelo de desenvolvimento 
econômico. 
No Brasil, a política neoliberal se instalou definitivamente na década de 
1990 e foi incorporada pelos governos seguintes. O advento do Plano Real é um 
exemplo de iniciativa neoliberal, que buscava combater a inflação, através do 
ajuste fiscal, o qual dolarizava a economia, na intenção de que a moeda brasileira 
fosse valorizada. 
14
 Gestão em Serviço Social
Não bastou muito para que as exigências advindas desse novo modelo 
econômico, naquele período, desencadeassem, entre outros efeitos, um forte 
impacto sobre a máquina administrativa. Foi neste período que o Estado transferiu 
para o setor privado algumas de suas atribuições. 
De acordo com Nogueira (2004), direta ou indiretamente, tudo o que era 
estatal foi diminuído: as organizações administrativas, as instituições políticas, os 
serviços públicos, o número de funcionários, as escolas e universidades públicas, 
a “classe política”, os partidos e o poder Legislativo. 
 Já nos países da América Latina e, em especial, no Brasil, o advento da 
dívida externa agregado aos ajustes da economia, aos cortes nos gastos públicos 
e às propostas que apontavam para privatizações das empresas públicas tiveram 
grandes repercussões nos sistemas públicos de proteção social que, entre outros 
agravos, colaborou para a precarização do trabalho, dando novos contornos para 
a Questão Social no país.
Vejamos o que nos diz Iamamoto (2001, p.16 -17): 
A questão social expressa, portanto disparidades econômicas, 
políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por 
relações de gênero, características étnico-raciais e formações 
regionais, colocando em causa as relações entre amplos 
segmentos da sociedade civil e o poder estatal. 
 
A PARTICIPAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA
O “Milagre Econômico”, ocorrido no período da ditadura militar 
(1968 a 1973), gerou grande euforia da classe média, porém as 
classes baixas não alcançaram esse milagre. O milagre durou pouco, 
pois a crise do petróleo, em 1973, de dimensões mundiais, elevou a 
dívida externa a patamares altíssimos. 
A desigualdade social elevada acarretava um alto índice de 
mortalidade infantil e de menores abandonados; 30% dos municípios 
da federação não tinham abastecimento de água. Nessa época, o 
Brasil atingiu o 9º Produto apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, 
Paquistão e Filipinas. De acordo com estudo do Banco Mundial, em 
1976, 70 milhões de brasileiros eram desnutridos ou subnutridos, 
representando cerca de 64,5% da população da época.
No governo do último presidente militar, general João Figueiredo 
15
A RefoRmA do estAdo e os ImpActos 
nAs polítIcAs públIcAs no bRAsIl
 Capítulo 1 
(1979 a 1985), deu-se início ao processo de recessão econômica 
que atingiu duramente o país, em especial, os assalariados.
Em 1985 assume o primeiro presidente civil, José Sarney, com a 
inflação de 223,8%, herdada do governo anterior. 
O Plano Cruzado, em 1986, promoveu um choque na economia. 
Criou uma nova moeda; acabou com a correção monetária; congelou 
preços e salários. Com medidas destinadas a eliminar a inflação, em 
1986, a inflação ficou em 58,5%.
Fonte: Extraído e adaptado de: Disponível 
em: <http://www.algosobre.com.br/historia/milagre-
economico-o.html>. Acesso em: 02 mar. 2013.
Apesar da eleição indireta, Tancredo Neves aceitou o desafio de 
se candidatar à Presidência da República e, com o apoio de Ulysses 
Guimarães, venceu as eleições, sendo eleito o primeiro presidente 
civil em mais de 20 anos, no dia 15 de janeiro de 1985.
O ano de 1989 pode ser apontado como o ano da retomada dos sonhos e 
da utopia da construção de um país democrático e menos desigual no Brasil. A 
ditadura fora extinta quatro anos antes, com a saída de cena do último presidente 
general, aquele que dissera “preferir cheiro de cavalo a cheiro de povo”.
Além disso, o ano de 1989 foi coroado de sucessivos fatos marcantes no 
mundo, tais como:
 – a queda do muro de Berlim; 
 – a morte de três mil manifestantes na Praça Celestial da Paz, em Pequim; 
 – o Prêmio Nobel da Paz concedido ao Dalai Lama. 
Assim como em toda América Latina, o Brasil passou a aderir, na década 
de 1990, aos programas compensatórios, como solução para as vulnerabilidades 
16
 Gestão em Serviço Social
produzidas pelas desigualdades sociais, geradas por este novo modelo capitalista 
de produção e desenvolvimento. Nessa mesma época, os programas sociais 
compensatórios eram definidos a partir de critérios políticos partidários, emendas 
parlamentares, transferência de recursos financeiros aos estados e municípios e 
resultava na execução de ações pontuais. Ações que o advento da Lei Orgânica 
de Assistência Social – LOAS – buscou mitigar.
Como visto, no período que representa o fim da ditadura militar e dá início 
ao processo democrático no país, acentuaram-se as desigualdades sociais. A 
pobreza atingiu os maiores patamares, comprometendo, inclusive, o processo 
democrático e repercutindo em áreas como as de saúde, educação, moradia, 
além da distribuição de renda, o que veio a contribuir para o esgarçamento das 
relações sociais. 
O prof. de História Social Fábio Pestana Ramos, que escreve sobre o golpe 
de Estado e a ditadura militar pelo prisma político-econômico, afirma que no final 
da década de 1970, o Brasil era um dos campeões mundiais de mortalidade 
infantil e de desnutrição. O número de crianças abandonadas chegou à casa 
dos dez milhões; a dívida externa cresceu rapidamente, fazendo o país refém 
do Fundo Monetário Internacional (FMI) e das altas taxas de juros cobradas. Os 
gastos do governo, a dívida externa e outros problemas estruturais conduziram 
a uma inflação que atingiu proporções nunca antes vistas, corroendo o poder de 
consumo da população mais pobre e beneficiando os ricos e o capital especulativo. 
(RAMOS, 2011).
Havia ainda uma acentuada concentração de renda no período de 1960 a 
1985, em que os rendimentos da População Economicamente Ativa - PEA foram 
distribuídos em: 50% mais pobres, em 1960, que detinham 17,4%, enquanto o 1% 
mais ricos participava com 11,9%. Em 1985, os 50% mais pobres diminuíram sua 
participação para 13%, ao passo que o 1% mais ricos superou essa massa de 
trabalhadores pobres, pois retinha 14,4% do total dos rendimentos auferidos no 
ano. (RAMOS, 2011).
Conforme Nogueira (2004, p. 84): “Falas, promessas e intenções tornaram-
se mais generosas,e importantes avanços legais foram alcançados. A despeito 
disso, o fosso permaneceu dilatado.” Ainda de acordo com o autor, os anseios do 
povo por melhorias nas áreas setoriais básicas não estavam sendo alcançados. 
Ao contrário, instalava-se um novo modelo capitalista de desenvolvimento 
econômico globalizado e globalizante, inclusive das desigualdades sociais. 
Este cenário e a pressão dos movimentos organizados levaram os 
governantes a repensar as consequências da pobreza e as relações entre o 
econômico e o social. Com o início da abertura política, no final da década de 
17
A RefoRmA do estAdo e os ImpActos 
nAs polítIcAs públIcAs no bRAsIl
 Capítulo 1 
1970, emergiram novos grupos sociais organizados, que passaram a discutir os 
rumos da sociedade frente à proposta de Reforma do Estado, abrindo caminho 
para a consolidação de novos direitos na Constituição Federal de 1988. Destaca-
se, por exemplo, a instituição de direitos não consagrados nas Constituições 
anteriores – os direitos sociais, por exemplo - e de novas formas de participação 
da população na gestão das políticas públicas, na forma dos Conselhos (artigo 
204 da CF 1988). 
LEGISLAÇÂO DESTAQUE
Vamos ver o que diz a Constituição Federal sobre os Direitos 
Sociais! 
O artigo 6°, da CF/88, que se encontra dentro do Título sobre 
os Direitos e Garantias Fundamentais, trata dos direitos sociais que 
devem ser respeitados, protegidos e garantidos a todos pelo Estado:
1. Direito à educação: direito de cada pessoa ao desenvolvimento 
pleno, ao preparo para o exercício da cidadania e à qualificação para 
o trabalho. 
2. Direito à saúde: direito ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde, 
bem como à redução do risco de doença e de outros agravos. 
3. Direito ao trabalho: direito a trabalhar, à livre escolha do 
trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à 
proteção contra o desemprego. 
4. Direito à moradia: direito a uma habitação permanente que 
possua condições dignas para se viver. 
5. Direito ao lazer: direito ao repouso e aos lazeres que permitam 
a promoção social e o desenvolvimento sadio e harmonioso de cada 
indivíduo. 
6. Direito à segurança: direito ao afastamento de todo e qualquer 
perigo e garantia de direitos individuais, sociais e coletivos. 
7. Direito à previdência social: direito à segurança no 
desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou 
noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias 
independentes da sua vontade. 
8. Direito à maternidade e à infância: direito da mulher, durante a 
gestação e o pós-parto, e de todos os indivíduos, desde o momento 
de sua concepção e durante sua infância, à proteção e à prevenção 
contra a ocorrência de ameaça ou violação de seus direitos. 
18
 Gestão em Serviço Social
9. Direito à assistência aos desamparados: direito de qualquer 
pessoa necessitada à assistência social, independentemente da 
contribuição à seguridade social. 
Fonte: Extraído e adaptado de: BRASIL. Constituição 
Federal de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
Com a gradativa transferência da execução das políticas públicas da esfera 
federal para as esferas estaduais e municipais – um dos aspectos da reforma 
do Estado - começam a surgir e a se desenvolver os diversos pilares que dão 
sustentabilidade a essas formas de gestão descentralizadas:
 – aspectos legais: marcados pelas leis complementares que instituem e 
regulamentam as políticas públicas e suas descentralizações - como a 
Lei nº 8080/1990 que institui o SUS (Sistema Único de Saúde), a Lei nº 
8.742/1993 (alterada pela Lei n° 12435/2011) ou LOAS (Lei Orgânica de 
Assistência Social) que dispõe sobre a organização da Assistência Social 
e institui o Sistema Único de Assistência Social e a Lei nº 9.394/1996 
ou LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Além dessas leis 
estruturantes do sistema, são importantes as resoluções dos respectivos 
conselhos das áreas afins, as Portarias (incluindo as interministeriais) e as 
Normas Operacionais. 
 – diversos arranjos institucionais: destinados à prestação dos serviços 
públicos, tais como as secretarias de governo, as coordenadorias, as 
unidades de atendimento, os programas territorializados, entre outros, e 
voltados também para a ampliação da participação da população na gestão 
das políticas públicas, a exemplo dos conselhos setoriais, conselhos de 
programas e temáticos e as comissões municipais, entre outros. 
 – mecanismos e instrumentos de gestão: planos setoriais; consórcios 
intermunicipais ou regionais; pactos de adesão, entre outros. 
Destaque especial deve ser dado para a área da Assistência Social, cuja 
consolidação como política pública na CF de 1988 foi resultado da luta dos 
movimentos sociais e de categorias profissionais organizadas. 
Vamos ver o que diz a Constituição Federal de 1988 sobre a Assistência 
Social. O artigo 203 a define como: 
Dever do Estado e direito do cidadão, Política de Seguridade 
Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, que 
19
A RefoRmA do estAdo e os ImpActos 
nAs polítIcAs públIcAs no bRAsIl
 Capítulo 1 
se realiza através de um conjunto de ações integradas de 
iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento 
às necessidades básicas de todos que dela necessitar.
Com o advento da Lei Orgânica de Assistência Social/LOAS - Lei nº 
8.742/1993 (alterada pela Lei n° 12435/2011), evidencia-se em seus artigos 
a proposta de organização das ações socioassistenciais em Sistema Único de 
Assistência Social – SUAS a ser cofinanciado e executado por todos os entes 
federados. Esta disposição inaugurou um processo intenso de regulamentações 
de conceitos e instrumentos de gestão para a efetiva implementação da política 
de forma universal. 
A LOAS, Lei no 8042/1993, organiza a Assistência Social no 
Brasil, institui o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e 
orienta os municípios, os estados e o Distrito Federal a instalar os 
Conselhos de Assistência Social.
Atividade de Estudos: 
1) O artigo 203 da Constituição Federal de 1988 define como dever 
do Estado e direito do cidadão a Política de Seguridade Social 
não contributiva, que provê os mínimos sociais, e que se realiza 
através de um conjunto de ações integradas de iniciativa pública 
e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades 
básicas de todos que dela necessitar. Com base nesse artigo 
constitucional aponte quais as políticas públicas que compõem a 
seguridade social.
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 Gestão em Serviço Social
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políticAS SociAiS e A contribuição do 
voluntAriAdo e dA SociedAde civil
Vamos agora voltar à atenção para a lógica que permeia as políticas sociais 
e a contribuição do voluntariado e da sociedade civil, aspectos importantes no 
âmbito do serviço social.
 Na atualidade, assiste-se a uma reconfiguração na estruturada prestação 
dos serviços sociais públicos no país: 
 – Na década de 1980 observou-se uma grande mobilização da sociedade 
civil em torno de ações locais que contribuíram para a emergência de 
demandas específicas de diversos grupos sociais e também para a 
afirmação das identidades de gênero, étnico/raciais, etárias. 
 – Na década de 1990 o país viveu a era da solidariedade com o incentivo do 
governo federal na época. 
 – Na década de 2010 a institucionalização das diretrizes que orientaram a 
organização das políticas públicas impulsionou um amplo processo de 
reordenamento institucional das organizações de governo e da sociedade 
civil, as ONGs, as OSs, as OSCIPs. 
Sociedade civil: É parte de um binômio e faz contraponto com 
o Estado. Corresponde à população de cidadãos, ou esfera privada, 
e abrange suas variadas formas de organização e expressão, com 
ou sem fins lucrativos, podendo ser legalmente constituídas ou 
espontâneas e informais. 
21
A RefoRmA do estAdo e os ImpActos 
nAs polítIcAs públIcAs no bRAsIl
 Capítulo 1 
ONGs: Organizações não governamentais.
OSs: Organizações Sociais.
OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
Embora o termo “ONG” tenha sido utilizado na década de 1940 pela ONU para 
designar diferentes entidades executoras de projetos humanitários ou de interesse 
público (LANDIM, 1993), no Brasil, a expressão se referia, principalmente, às 
organizações de “Cooperação Internacional”, formada por Igrejas (católica e 
protestante), organizações de solidariedade ou governos de vários países. Essas 
organizações priorizavam a ajuda às organizações e aos movimentos sociais nos 
países do sul, com o intuito de “consolidar a democracia”. (COUTINHO, 2005).
Para Fernandes (1994), as ONGs pioneiras deste país surgem no 
contexto da ditadura militar, período em que já vigorava uma nova estratégia 
de desenvolvimento latino americana, a Autoritária Modernizante (1964-1978), 
a qual dava continuidade ao crescimento econômico advindo do Nacional 
Desenvolvimentismo, mas gerava uma profunda repressão política e cultural, 
excluindo as classes populares e, até mesmo, as tradicionais autoridades 
religiosas, como as da Igreja Católica, dos círculos mais íntimos do poder.
 
Não por acaso, várias das ONGs que emergiram após os anos de 1970 
possuíam não só financiamentos internacionais, mas também “[...] o apoio de alas 
progressistas da Igreja Católica, que reviu suas posições quanto à organização 
da população para participar de movimentos e mobilizações conscientizadoras.” 
(GOHN, 2000, p. 12). 
Para muitos autores, esses organismos não governamentais que compõem o 
“terceiro setor” vêm ocupando espaços na execução de serviços sociais públicos 
devido à retração do poder público. 
Terceiro Setor : De acordo com Fernandes (1994, p. 21), o 
termo “terceiro setor” significa: “[...] um conjunto de organizações 
e iniciativas privadas que visam à produção de bens e serviços 
públicos. Este é o sentido positivo da expressão”. Acrescenta: “Bens 
e serviços público nesse caso implicam uma dupla qualificação: não 
geram lucros e respondem a necessidades coletivas”.
Montaño (1999) destaca que não é a crise do Estado-providência que deriva 
22
 Gestão em Serviço Social
o surgimento e o crescimento do chamado terceiro setor. Para o autor, “[...] o 
crescimento do chamado “terceiro setor” é consequência direta e explícita do 
projeto neoliberal” (MONTAÑO, 1999, p. 66), simultaneamente à redução do gasto 
social do Estado e a desobrigação do capital do financiamento da política social.
Sobre o novo padrão de intervenção social adotado pelos Estados no 
contexto do neoliberalismo, Mota (2008, p.167) assevera que: 
Este processo é responsável por um redirecionamento do 
papel do Estado que ao invés de políticas sociais públicas, 
que garantam a reprodução da força de trabalho, adota a 
perspectiva de Estado mínimo para o social e máximo para 
o capital, tendo este como pressupostos a desregularização 
da força de trabalho, associada a uma desresponsabilização 
perante a “questão social”. Esse processo de transformação 
do padrão de intervenção do Estado na “questão social” dá 
origem a um tipo de intervenção que preconiza a participação 
do chamado terceiro setor ou de parte da sociedade civil. 
Landim (1993, p.17) chama a atenção para Fórum Global, realizado em 
1992, no Rio de Janeiro: 
[...] onde a Conferência Paralela à UNCED, ou Conferência 
da Sociedade Civil Mundial, demonstrava não só a existência, 
mas também a vocação transnacional das ONGs. Ficou 
empiricamente provada através da variedade de raças, línguas 
e personagens “exóticas” de tudo quanto é parte do mundo 
que desembarcou no Parque do Flamengo, convivendo em 
um clima de reconhecimento mútuo que conformava certa 
idéia de conjunto – diversidade e “unidade” palpável também 
para os milhares de brasileiros participantes ou curiosos que 
transitaram por ali, nesses dias. 
Dessa forma, entende-se que, para a autora, a chamada “década perdida” 
- a década de 1980 - não o foi para essas instituições que, de acordo com os 
indicativos acima, passaram por um movimento especial de reprodução. “Na 
década de 2000 o mundo assistiu às edições do Fórum Social Mundial que 
acontecia em paralelo ao Fórum Econômico Mundial.” (LANDIM, 1993, p.17).
23
A RefoRmA do estAdo e os ImpActos 
nAs polítIcAs públIcAs no bRAsIl
 Capítulo 1 
AlgumAS conSiderAçõeS 
O capítulo apresentou os principais fragmentos históricos da política social 
e econômica que configuraram as políticas sociais na América Latina e no Brasil.
As análises fundamentaram-se no modelo globalizado instituído pelo projeto 
neoliberal, que influenciou as políticas de desenvolvimento econômico, colocando 
em xeque os preceitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988.
 Foi demonstrado, também, que o corolário de uma política focalizada 
no desenvolvimento econômico e na redução dos gastos com políticas de 
desenvolvimento social resulta em políticas sociais fragmentadas que fortalecem 
o agravamento das desigualdades sociais e abrem espaços para políticas 
compensatórias e minimistas.
 Por fim, pode-se entender que este modelo de gestão pública globalizada 
abre espaço para a entrada de instituições não governamentais, pois o Estado, ao 
fracionar suas funções, transfere responsabilidades para a sociedade civil, reduz 
seu espectro de atuação, deixando uma lacuna a ser preenchida por entidades 
que integram o “Terceiro Setor”. 
 Para Landim (1993, p. 17): 
A chamada “década perdida” pode ser considerada como 
uma [...] fórmula que deu certo a qual – a depender do que se 
tem escrito e dito sobre a terra – anuncia-se como fenômeno 
apropriado para florescer no clima dos anos 90, onde se 
tem colocado como questão de peso, nos campos políticos 
a intelectuais e a nível mundial, a redefinição dos papéis do 
Estado e de uma sociedade civil, nos processos de mudança 
política e de desenvolvimento econômico a social. 
 
referênciAS
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS. Lei no 8042/1993. 
Brasília: PR, 1993.
COUTINHO, Joana. ONGs: caminhos e (des)caminhos. Lutas Sociais, São 
Paulo, v. 14, n. 13, p.57-65, jul. 2005. Semestral. Disponível em: <http://www.
pucsp.br/neils/downloads/v13_14_joana.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2013.
24
 Gestão em Serviço Social
FERNANDES, Rubens C. Privado Porém Público: O terceiro Setor na América 
Latina. 2. ed. Rio de Janeiro: Relume – Dumará, 1994.
GOHN, Maria da G. Os sem terra, ONGs e cidadania. 2 ed. São Paulo: Cortez, 
2000.
IAMAMOTO, M. V. Renovação e Conservadorismo: Ensaios críticos. São 
Paulo: Cortez Editora, 2001.
LANDIM, L. A Invenção das ONGs: do serviço invisível a profissão sem nome. 
Rio de Janeiro: Museu Nacional; Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1993.
MONTAÑO, C.E. Terceiro Setor e Questão Social: Crítica ao Padrão 
Emergentede Intervenção Social. São Paulo: Cortez Editora, 1999.
MOTA, Ana E. O Mito da Assistência Social: ensaios sobre Estado, Política e 
Sociedade. São Paulo: Cortez Editora, 2008.
NOGUEIRA, Marco A. Um estado para a Sociedade Civil: temas éticos e 
políticos de gestão democrática. São Paulo: Cortez Editora, 2004.
OLIVEIRA, Francisco. Os Direitos do Anti-valor: a economia política da 
hegemonia imperfeita. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. 
ONU. La pobreza en America Latina: dimensiones y políticas. Santiago de 
Chile. (Estúdios e Informes de la CEPAL). 1985. 
RAMOS, Fábio Pestana. 1964: o golpe de Estado e a ditadura militar pelo 
prisma político-econômico. 30 de maio de 2011. Disponível em: <http://
fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/05/1964-o-golpe-de-estado-e-ditadura.
html>. Acesso em: 10 jan. 2013.
SOUZA, Rosimere de. Políticas Sociais. Indaial: Uniasselvi, 2012. 
CAPÍTULO 2
AdminiStrAção de progrAmAS e 
projetoS em Serviço SociAl
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os 
seguintes objetivos de aprendizagem:
 3 Apresentar uma revisão da trajetória da atuação prática do serviço social e as 
novas competências profissionais.
 3 Analisar e debater sobre as novas demandas emergentes no contexto da 
Questão Social e algumas respostas que podem ser oferecidas para o seu 
enfrentamento.
27
AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAl
 Capítulo 2 
contextuAlizAção 
 
Nesta etapa, vamos abordar temas que subsidiarão a sua compreensão 
sobre o trabalho social, quais sejam: a genealogia do serviço social, a reprodução 
das relações sociais e suas manifestações e os mecanismos de enfretamento das 
desigualdades sociais.
Vamos contemplar campos de discussão relacionados às dimensões teórico-
metodológica e operativa do serviço social na administração de programas 
e projetos que, ao longo de sua trajetória, vêm sofrendo transformações no 
enfrentamento às desigualdades sociais. 
O capítulo está organizado em três partes: a primeira se concentra na prática 
do serviço social, suas derivações e as novas competências profissionais. Para 
compreendê-la vamos partir de um delineamento histórico: o surgimento do trabalho 
social, os aspectos políticos e sociais que marcaram as primeiras escolas de 
serviço social até as práticas institucionais. A segunda parte nos leva a refletir sobre 
o cotidiano das demandas institucionais na construção de projetos profissionais 
críticos, na busca pela reconstrução do serviço social e sobre o entendimento das 
demandas das classes trabalhadoras e o significado da profissão. 
Por último, vamos nos concentrar numa discussão mais ampliada das 
políticas de seguridade social e os programas de transferência de renda, os 
mecanismos de enfrentamento das desigualdades sociais e suas contradições 
frente à concepção universal de proteção social. 
cotidiAno dAS demAndAS 
inStitucionAiS à conStrução de 
projetoS profiSSionAiS críticoS 
Para iniciar a reflexão sobre as derivações da atuação profissional do serviço 
social, vamos retornar à década de 1930, quando surgiram as primeiras escolas 
de serviço social, sob a influência da Igreja Católica e das Ligas das Senhoras 
Católicas, respectivamente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tanto a Igreja quanto 
as Ligas influenciaram e organizaram a estrutura do Curso Intensivo de Formação 
Social para Moças, dividido em três eixos: Formação Científica; Formação Técnica 
e Formação Moral e Doutrinária, princípios inerentes à profissão.
28
 Gestão em Serviço Social
Em 1936, foi implantado o primeiro Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) 
de São Paulo, no qual foi oferecido o “Curso Intensivo de Formação Social para 
Moças”, ministrado por Mademoiselle Adéle Loneux, da Escola Católica de Serviço 
Social de Bruxelas. As atividades do CEAS se orientaram para a formação técnica 
especializada de quadros para a ação social e para a difusão da doutrina social 
da Igreja. (IAMAMOTO, 2009).
De acordo com Iamamoto (2009), em 1936, a partir dos esforços 
desenvolvidos por esse grupo da Igreja e do CEAS, foi fundada a Escola de 
Serviço Social de São Paulo. A visão das atividades para o serviço social se 
ampliou e foram inseridas outras demandas, que envolviam trabalhos com colonos 
e imigrantes, com a finalidade de “[...] realizar o conjunto de trabalhos necessários 
ao reajustamento de certos indivíduos ou grupos às condições normais de vida” 
(IAMAMOTO, 2009, p. 177), que na época representava um grande avanço para 
o serviço social. Novos métodos organizacionais foram inseridos, dando início ao 
Serviço Social de Casos Individuais, que oportunizou a criação do Departamento 
de Serviço Social do Estado. 
No ano de 1898 foi realizado, em Nova York (EUA), o curso 
destinado à aprendizagem da ação social. O impulso trazido pela 
criação da escola foi muito importante para a sistematização do 
ensino do Serviço Social, bem como para o seu processo de 
profissionalização e institucionalização. “Na segunda metade do 
século XIX, em 1908, fundou-se na Inglaterra a primeira escola de 
Serviço Social do mundo”. (MARTINELLI, 2006, p. 106). 
Outro aspecto relevante foi o avanço do campo de atuação, como destaca 
Iamamoto (2009, p.187-188). Em função do aumento das demandas, o número 
de assistentes sociais diplomadas não foi suficiente para dar conta das atividades 
requisitadas. Os mecanismos utilizados pelos mantenedores das escolas de 
formação foram os de criar cursos intensivos para auxiliares sociais, fornecer 
bolsas de estudos para as Assistentes Sociais em formação e acelerar a formação 
de profissionais.
Com essas iniciativas, os mantenedores financiavam as bolsas de estudos 
para abreviar o tempo de formação de Assistentes Sociais:
29
AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAl
 Capítulo 2 
[...] permitiram, ao mesmo tempo, uma “purificação” da 
formação técnica especializada enquanto profissão, na medida 
em que grande parte dos alunos das escolas de Serviço Social 
passou a se constituir de funcionários de grandes instituições 
[...]. Nesse momento se instala uma luta no Serviço Social, 
não atrelada, apenas, ao mercado de trabalho e, sim, pelo 
reconhecimento da profissão e pela exclusividade, para 
diplomados, frente o grande número de vagas disponíveis nos 
serviços públicos e autarquias. (IAMAMOTO, 1982, p.187).
Atividade de Estudos: 
1) De acordo com Iamamoto (2009), a década de 1930 foi marcada por 
acontecimentos importantes para o desenvolvimento da profissão 
de Serviço Social no Brasil. Descreva esses acontecimentos.
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Ainda de acordo com a autora, das atividades doutrinárias e 
assistenciais desenvolvidas pelas primeiras Assistentes Sociais 
podemos destacar: plantão de atendimentos, visitas domiciliares, 
reuniões educativas, tratamento de casos. Além de inquéritos familiares, 
pesquisas sobre as condições de moradia, a situação sanitária 
econômica e moral do proletariado.
 A atuação das assistentes sociais se ampliava chegando às 
empresas, com atendimentos individuais e de grupos, organização de 
atividades de lazer e educativas, benefícios sociais. Também passaram 
Das atividades 
doutrinárias e 
assistenciais 
desenvolvidas 
pelas primeiras 
Assistentes 
Sociais podemos 
destacar: plantão 
de atendimentos, 
visitas domiciliares, 
reuniões 
educativas, 
tratamento de 
casos. Além 
de inquéritosfamiliares, 
pesquisas sobre 
as condições 
de moradia, a 
situação sanitária 
econômica e moral 
do proletariado.
30
 Gestão em Serviço Social
a fazer parte do serviço social médicos, com funções diversas na área de saúde, 
voltadas para o atendimento direto aos clientes, com informações, triagem, 
orientações e encaminhamentos.
Durante esse período, grandes modificações ocorrem no cenário 
político e econômico no país, advindas dos avanços da indústria. 
O êxodo de contingentes da população, vindos da área rural para 
os grandes centros na busca de novas oportunidades, alterou o 
cenário político e econômico da cidade e a crescente autonomia 
das organizações sindicais. Por outro lado, o Estado Novo varguista 
procurou controlar os movimentos de grupos independentes, formados 
pelas classes de proletariados, e criou novas instituições, como: 
Seguro Social, Salário Mínimo, Assistência Social, Justiça do Trabalho 
e outras. 
O período do Estado Novo foi, a um só tempo, de 
grande avanço nas políticas sociais e econômicas, sobretudo 
devido à implantação de uma ampla legislação trabalhista - para 
os trabalhadores urbanos - e de apoio à industrialização, e de 
expressivo retrocesso em termos de liberdade política, com 
a extinção dos partidos políticos, a censura e a repressão. O 
Tribunal de Segurança Nacional, criado para julgar participantes da 
Intentona Comunista, passou a julgar os adversários do regime. (A 
CONSOLIDAÇÃO, 2013).
Com o advento da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) e do possível 
engajamento do país, o governo criou campanhas assistencialistas, realizadas 
pela Legião Brasileira de Assistência – LBA. Sposati (2004, p. 20) aponta para o 
fato histórico da criação dessa instituição:
Em outubro de 1942 a L.B.A. se torna uma sociedade civil 
de finalidades não econômicas, voltadas para “congregar as 
organizações de boa vontade”, aqui a assistência social como 
ação social é ato de vontade e não direito de cidadania.
A origem da Legião Brasileira da Assistência está intimamente 
ligada à participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Originária 
da urgência de mobilizar o trabalho civil em apoio ao esforço de 
guerra transformou-se rapidamente na primeira instituição social 
O Estado Novo 
varguista procurou 
controlar os 
movimentos 
de grupos 
independentes, 
formados pelas 
classes de 
proletariados, e criou 
novas instituições, 
como: Seguro 
Social, Salário 
Mínimo, Assistência 
Social, Justiça do 
Trabalho e outras.
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AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAl
 Capítulo 2 
de âmbito nacional. Neste clima de vibração cívica, surgiu a LBA, 
sob a inspiração da Primeira Dama do país, Sra. Darcy Sarmanho 
Vargas e com o apoio da Federação das Associações Comerciais e 
da Confederação Nacional da Indústria.
Para obter mais informações, leia: 
LBA – Trajetória de uma instituição no contexto das políticas 
públicas. Revista Debates Sociais, Rio de Janeiro, n. 59, p.105, 
2001.
Naquela época, a assistência social desenvolvida pela LBA imprimia 
a marca do governo federal e era sempre presidida pela primeira dama 
da república. Como observou Sposati (2004), essa ação da LBA 
trouxe para a assistência social o vínculo emergencial e assistencial, 
característica que predominou na trajetória da assistência social. 
Iamamoto (2001) complementam que a LBA tinha por objetivo promover 
assistência às famílias cujos chefes encontravam-se mobilizados pela 
guerra e desenvolver ações sociais.
Durante a era Vargas, outras escolas e campos de atuação do 
serviço social foram surgindo. O Curso de Trabalho Social, na Escola 
de Enfermagem Ana Nery; a Fundação Leão XIII, para atender as 
demandas educacionais da população residente em favelas do Rio de 
Janeiro, e, ainda, o Serviço Social da Indústria - SESI e o Serviço Social 
do Comércio – SESC foram as primeiras instituições com recursos e 
sob a direção do empresariado que tiveram por objetivo a prestação de serviços 
assistenciais, abrangendo, também, uma parcela da população urbana. Voltemos 
às palavras de Iamamoto (1982, p. 249) “O Serviço Social deixa de exercer 
apenas às atividades de coordenação dos serviços assistenciais para se situar 
mais profundamente ao confronto direto entre o capital e o trabalho”.
A profissão de Assistente Social foi regulamentada no Brasil em 
1957 através da Lei nº 3.252 de 27.08.1957, sendo revisada para 
atender mudanças na legislação e da Constituição Federal de 1988. 
Hoje, a Lei nº 8.662 de 07.06.1993 regulamenta a profissão.
Durante a era 
Vargas, outras 
escolas e campos 
de atuação do 
serviço social 
foram surgindo. O 
Curso de Trabalho 
Social, na Escola 
de Enfermagem 
Ana Nery; a 
Fundação Leão 
XIII, para atender 
as demandas 
educacionais da 
população residente 
em favelas do 
Rio de Janeiro, e, 
ainda, o Serviço 
Social da Indústria 
- SESI e o Serviço 
Social do Comércio 
– SESC
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 Gestão em Serviço Social
Os anos 1960 foram considerados por muitos como os “anos dourados”, pois 
se tratava de uma época em que a ideologia desenvolvimentista foi amplamente 
difundida. Vale lembrar que o governo de Juscelino Kubitschek foi definido 
pela expansão econômica, o que dava o sentido de prosperidade, riqueza, 
soberania, paz social e segurança. Com a ascensão da indústria automobilística 
e os investimentos na educação, acreditava-se que as desigualdades sociais 
diminuiriam, uma vez que havia forte investimento na industrialização e, por 
conseguinte, o fortalecimento da economia. Porém, isso não ocorreu: ao mesmo 
tempo em que a ideologia desenvolvimentista ganhava novas adesões e força 
política, as questões que impulsionariam o desenvolvimento social se distanciavam. 
Uma das marcas do governo JK foi sem dúvida a construção 
da capital brasileira, Brasília. A inauguração da nova capital federal, 
em 21 de abril de 1960, foi um dos marcos dos anos JK e um fator 
de estímulo à integração nacional a partir do Centro-Oeste brasileiro.
Para obter mais informações sobre este assunto, acesse o site:
www.infoescola.com/historia-do-brasil
Histórico Sintético do Serviço Social
1938 – criação do Conselho Nacional de Serviço Social, no 
Estado Novo de Getúlio Vargas (Decreto-lei nº 525).
1946 - inauguração da PUC de São Paulo (Decreto-lei n° 9.632, 
de 1946). 
1946 – estabelecimento da Associação Brasileira de Escolas de 
Serviço Social - ABESS responsável por criar uma metodologia para 
o Serviço Social.
1946 – criação da Associação Brasileira de Assistência Social - 
ABAS.
1947 - realização do I Congresso Brasileiro de Serviço Social.
1957 – Regulamentação da profissão pela Lei n° 3.252, em 27 
de agosto de 1957 que, após 36 anos, em 1993, foi substituída pela 
Lei n° 8.662.
Fonte: IAMAMOTO, M. V. Relações Sociais e Serviço 
Social no Brasil. 17. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
33
AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAl
 Capítulo 2 
Em 1961, foi realizado o II Congresso Brasileiro de Serviço Social com o tema 
central “Desenvolvimento Nacional para o Bem-estar Social”. Realizado no ano 
em que a vitória de Jânio Quadros representava a possibilidade da formação de 
uma nação forte, com atuação especial no social, significava uma nova estratégia 
desenvolvimentista. O Serviço Social foi, então, situado como instrumento de 
consecução dos objetivos nacionais e teve de organizar diversas modalidades de 
atuação em Desenvolvimento de Comunidade. (IAMAMOTO, 1982).
Mota (2008, p. 28) nos remete ao final dos anos 1970 e às crises geradas 
pelos “modelos de Welfare State” e pelo exaurimento das experiências do 
“socialismo real”, refratando-se a crise, primeiro nos países periféricos capitalistas 
centrais e, em seguida, nos periféricos. Esse período vai recolocar a questão 
social, ampliada e redefinida, incorporando traços e características reveladoras 
de que a desigualdade social é inerente ao desenvolvimento do capitalismo e das 
forças produtivas.Estado de bem-estar social (em inglês: Welfare State), também 
conhecido como Estado-providência é um tipo de organização 
política e econômica que coloca o Estado como agente da promoção 
(protetor e defensor) social e organizador da economia. Nessa 
orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde 
social, política e econômica do país em parceria com sindicatos e 
empresas privadas, em níveis diferentes. (KLAES, 2006).
Para Mota (2008), ocorreu o surgimento de mais um modelo hegemônico, 
adotado pelos EUA, que utilizava estratégias para derrubar os ideais dos 
opositores, pretendendo instalar uma espécie de governo mundial pautado em 
uma ideologia universal, que utilizaria a abertura de mercado para os países 
periféricos, por meio do Fundo Monetário Internacional - FMI e da Organização 
Mundial do Comércio - OMC. Um novo espaço transnacional foi criado, 
englobando desde o patenteamento de pesquisas genéticas até a mercantilização 
da natureza, passando pela privatização dos bens públicos e a transformação de 
serviços sociais em negócios, a exemplo da saúde, previdência, educação. 
 Como sintetizou Mota (2008, p. 31) “essas mudanças, mediadas pelo 
uso de novas tecnologias e pela redefinição das dimensões de espaço/tempo e 
território, convivem com a ampliação do desemprego e com situações de miséria 
e indigência”. 
34
 Gestão em Serviço Social
A seguir, vamos aprofundar a discussão acerca das transformações 
ocorridas no serviço social, as dimensões da prática profissional e os movimentos 
que impulsionaram a categoria a romper as fronteiras filantrópicas, tutelares e 
paternalistas. 
o exercício do SociAl, SuAS 
derivAçõeS e AS novAS competênciAS 
profiSSionAiS
Analisando o período pós-guerra até a década de 1970, vimos que foi 
uma época marcada pelo capitalismo econômico, alavancado pelos moldes de 
produção taylorista/fordista. Nessa época, o campo do Serviço Social aumentou 
o nível de profissionalização e participação no processo de desenvolvimento 
social, uma vez que a política intervencionista do Estado submetia-se às regras 
do capital econômico.
Taylorismo/ Fordismo: 
Esse processo produtivo de trabalho caracterizou-se pela mescla 
da produção em série (fordismo) com o cronômetro taylorista, além 
da vigência de uma separação nítida entre elaboração e execução. 
Para o capital, tratava-se de apropriar-se do savoir-faire do trabalho, 
‘suprimindo’ a dimensão intelectual do trabalho operário, que era 
transferida para as esferas da gerência científica. A atividade do 
trabalho reduzia-se a uma ação mecânica e repetitiva. (ANTUNES, 
1999, p.37).
No Brasil, esta época foi marcada pelo desenvolvimento de políticas 
compensatórias e assistencialistas nas quais a concepção do trabalho do serviço 
social era entendida como benefícios prestados pelo Estado em favor dos mais 
pobres em que prevalecia à concepção de assistidos ou tutelados ou beneficiários, 
e não de cidadãos de direitos. 
 
Neto (2009, p. 10) destaca que:
35
AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAl
 Capítulo 2 
[...] se é verdade que a Assistência Social vincou 
historicamente o que alguns analistas visualizam como a 
particularidade do Serviço Social, é igualmente verdade que, 
dominantemente até os anos 70 do século passado, aquele 
vinco estava hipotecado à benemerência, ao favor e a distintas 
formas de filantropia. 
A operacionalização dos programas e projetos de governo era realizada 
regionalmente junto aos governos locais e às entidades filantrópicas. Já a 
distribuição dos recursos financeiros se dava através de convênio com a LBA e 
outros órgãos do governo ou por repasse às instituições por emenda parlamentar.
Iamamoto (2008) nos convida a pensar mudanças que vêm afetando o 
mundo da produção, a esfera do Estado e das políticas públicas e analisar como 
elas vêm estabelecendo novas mediações nas expressões da questão social 
hoje, nas demandas à profissão e nas respostas do Serviço Social.
Assim, a autora sintetiza o campo atual:
[...] um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no 
presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade 
e construir propostas de trabalho criativas e capazes de 
preservar e efetivar direitos, a partir das demandas emergentes 
no cotidiano. (IAMAMOTO, 2008, p. 20).
Nesse novo contexto, as profissionais passaram a assumir atividades 
que ultrapassaram os limites antes específicos da esfera profissional e foram 
inseridas em equipes interdisciplinares as quais demandavam sua participação na 
formulação e na execução de políticas públicas, bem como na gestão de políticas 
sociais que, por sua vez, exigiam novas técnicas e abordagens gerenciais. Como 
sintetizado pela mesma autora “requer, pois, ir além das rotinas institucionais 
e buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências e 
possibilidades nela presentes passíveis de serem impulsionadas pelo profissional”. 
(IAMAMOTO, 2008, p. 21).
Para o serviço social, esse momento histórico nos leva a entender o novo fazer 
profissional e suas dimensões, que estão intrinsecamente ligadas às pesquisas 
investigativas nos campos teóricos, metodológicos, técnicos, operativos, éticos, 
políticos e pedagógicos. Como destaca Iamamoto (2005, p. 55):
Essas indicações trazem elementos para compreender 
algumas das particularidades do intelectual Assistente Social: 
ele não se enquadra na linha dos grandes pensadores 
dedicados à atividades de elaboração científica e de criação do 
saber. Sendo o Serviço Social uma disciplina de intervenção 
da realidade, as atividades teóricas não têm o eixo do labor 
profissional. 
36
 Gestão em Serviço Social
Acrescenta Iamamoto (2008, p. 48) que “aqueles que ficarem prisioneiros de 
uma visão burocrática e rotineira do papel do Assistente Social e de seu trabalho 
entenderão como ‘desprofissionalização’ ou ‘desvio de funções’, as alterações 
que vêm se processando nessa profissão”.
A autora chama a nossa atenção para o Código de Ética Profissional, 
instrumento regulador do serviço social como profissão liberal, embora não sendo 
essa a prática reconhecida ou utilizada pela categoria. De acordo com a autora, “[...] 
o Assistente Social é um trabalhador especializado, que vende a sua capacidade 
de trabalho para algumas entidades empregadoras, predominantemente de 
caráter patronal, empresarial ou estatal, que demandam essa força de trabalho 
qualificada e a contratam. Esse processo de compra e venda da força de trabalho 
especializada em troca de um salário faz com que o Serviço Social ingresse no 
universo da mercantilização, no universo do valor.” (IAMAMOTO, 2008, p. 23-24).
Iamamoto (2008, p. 215) analisa que:
[...] Os empregadores determinam as necessidade sociais 
que o trabalho do assistente social deve responder; delimitam 
a matéria sobre a qual incide esse trabalho, interferem nas 
condições em que se operam os atendimentos, assim como 
os seus efeitos na reprodução das relações sociais. Eles 
impõem ainda exigências trabalhistas e ocupacionais aos seus 
empregadores especializados e mediam as relações com o 
trabalho coletivo por eles articulado [...].
 O aperfeiçoamento profissional e as lutas históricas da categoria 
tornaram-se instrumentos fundamentais para o projeto ético-político, o qual 
tem como respaldo os avanços do Código de Ética Profissional, de 1993; as 
Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social (Associação Brasileira de Ensino 
e Pesquisa em Serviço Social - ABEPSS), também de 1993, e a Lei Federal nº 
8662/93 - que regulamenta a profissão.
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
Princípios Fundamentais:
• Reconhecimento da liberdade, como valor ético central e 
das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e 
plena expansão dos indivíduos;
• Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do 
arbítrio e do autoritarismo;
37
AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAlCapítulo 2 
• Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa 
primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis 
sociais e políticos das classes trabalhadoras;
• Defesa do aprofundamento da democracia, como socialização 
da participação política e da riqueza socialmente produzida;
• Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que 
assegure universalidade de acesso a bens e serviços relativos aos 
programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
• Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito 
incentivo ao respeito, à diversidade, à participação de grupos 
socialmente discriminados e à discussão das diferenças;
• Opção por um projeto profissional vinculado ao processo 
de construção de uma ordem societária, sem dominação-exploração 
de classe, etnia e gênero;
• Articulação com os movimentos sociais de outras 
categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e 
com a luta dos trabalhadores;
• Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à 
população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva de 
competência profissional;
• Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem 
discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, 
religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física.
Fonte: CFESS. Conselho Federal de Serviço Social. 
Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais. Aprovado 
em 15 de março de 1993. Disponível em: <http://www.cfess.
org.br/arquivos/CEP_1993.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2013.
Atividade de Estudos:
1) Em que consiste o Art. 2º do Código de Ética Profissional do 
Assistente Social, regido pela Lei Federal nº 8662/93 e atualizado 
outubro de 2010, sobre o exercício da profissão de Assistente Social? 
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 Gestão em Serviço Social
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Ao refletir sobre o cotidiano da intervenção profissional em diferentes áreas 
de atuação, verifica-se que os atendimentos às demandas exigem respostas 
concretas e imediatas, uma vez que estão relacionados às necessidades 
básicas dos indivíduos, o que implica proporcionar, de imediato, o ingresso aos 
direitos acessados. 
Contudo, é importante observar que o serviço social, ao ser inserido no 
campo universitário, passou a integrar-se aos grupos políticos progressistas, 
entre eles, os movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos, na luta em favor 
de liberdade civil e política e, assim, os debates da categoria acirraram a batalha 
na direção de mudanças que levariam à ruptura com o modelo tradicionalista. A 
contribuição histórica que expressou o desejo da categoria de transformação da 
práxis político-profissional do Serviço Social na sociedade brasileira ocorreu no 
III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), mais conhecido como o 
“Congresso da Virada”. (CFESS, 1996, p. 175). 
Do ponto de vista de Iamamoto (2006, p. 10), a formação profissional requer:
[...] construir respostas acadêmicas, técnicas e ético-políticas, 
calçadas nos processos sociais em curso. Respostas essas 
que resultam em um desempenho competente e crítico, capaz 
de fazer frente, de maneira efetiva e criadora, aos desafios 
dos novos tempos, nos rumos da preservação e ampliação 
das conquistas democráticas na sociedade brasileira. 
A partir da década de 1990, a formação acadêmica e a prática do serviço 
social passaram a incorporar novos instrumentos de investigação e intervenção 
crítica sobre a questão social, levando em consideração as dinâmicas das 
relações sociais demandadas pela sociedade. Portanto, para o serviço social 
conceber novos espaços de intervenção, torna-se necessário acompanhar os 
movimentos políticos e sociais que repercutem na sociedade e ter clareza sobre 
as representações concretas da realidade social.
39
AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAl
 Capítulo 2 
De acordo com o texto Constitucional, Seguridade Social é 
um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos 
e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à Saúde, 
à Previdência e à Assistência Social. Constituição Federal de 1988 
Títulos VIII, Da Ordem Social, artigos 194 a 204.
A seguir, vamos analisar as políticas de seguridade social, as quais incluem 
a saúde, a previdência e a assistência social, frente ao protagonismo político dos 
assistentes sociais na produção intelectual. 
AS políticAS de SeguridAde SociAl e oS 
progrAmAS de trAnSferênciA de rendA
Você estudou no capítulo anterior que o modelo capitalista baseado no 
Welfare State, implementado nos países capitalistas e, em especial, na América 
Latina, foi responsável pelo distanciamento entre o entendimento do capital, que 
opera sobre as forças trabalhadoras, e as políticas de proteção social universal, 
no campo da seguridade social. 
Esse distanciamento veio a acirrar as desigualdades sociais, pois a lógica 
competitiva, já estabelecida pelo neoliberalismo no mundo capitalista, visava à 
expansão e à apropriação de riquezas e deixava o Estado sujeito ao modelo de 
desenvolvimento econômico e social. 
Vamos voltar à atenção para os sistemas de proteção social, implícitos na 
concepção da Constituição de 1988 e suas configurações, na garantia de defesa 
de direitos universais, que no campo da seguridade social nunca ocorreu por 
falta de integração orçamentária e de gestão das três políticas que a compõem. 
(BOSCHETTI; SALVADOR, 2006, p. 43).
Mota (2008) aponta os avanços e conquistas inegáveis na ampliação do 
acesso aos direitos sociais no Brasil, após a CF 1988, no que se refere aos 
programas e aos benefícios destinados a uma parcela expressiva da sociedade. 
Porém destaca outra face da política de proteção social ou seguridade social, de 
responsabilidade pública, coletiva e universal, que, ainda, segundo a autora, é um 
horizonte que não se concretizou.
40
 Gestão em Serviço Social
Para Sposati (2007), a realidade institucional da gestão da seguridade não 
traduz unidade ou integração para produzir a atenção aos usuários e o acesso a 
seus direitos. A previdência social traz à cena o direito do contribuinte. A saúde e 
a assistência social se apoiam no direito de todos como direito humano e social, 
mas também como condicionado. O direito é de todos desde que: tenham tal 
idade, tal moléstia, tal renda, etc. A noção de “direitos de todos” é atravessada 
por determinadas condições que podem fragilizar o alcance do direito e que, sem 
dúvida, reconstroem com novos elementos a noção de universalidade.
Os princípios universais adotados na CF visam a garantir que todos os 
cidadãos de direito tenham acesso a bens e serviços. Portanto, ao estabelecer 
critérios de elegibilidade para o acesso de usuários a determinados serviços, 
discriminam-se, privam-se os cidadãos e se distorcem os princípios constitucionais 
em detrimento da redução dos gastos públicos em programas sociais focados em 
ações de enfrentamento a pobreza.
Para Mota (2004), embora a arquitetura da seguridade brasileira pós-1988 
tenha a orientação e o conteúdo daquelas que conformam o Estado de Bem-
estar nos países desenvolvidos, as características excludentes do mercado de 
trabalho, o grau de pauperização da população, o nível de concentração de renda 
e as fragilidades do processo de publicização do Estado permitem afirmar que no 
Brasila adoção da concepção de seguridade social não se traduziu objetivamente 
numa universalização dos benefícios sociais. 
Nesse cenário, a assistência social assume sua configuração de política 
pública, com o advento da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, que 
rompe com o caráter de benemerência e assistencialismo, passando a assumir 
responsabilidades na garantia de direitos e a garantir padrões de condições 
dignas, de acordo com as necessidades humanas básicas ou mesmo os mínimos 
sociais. De acordo com Pereira (2000, p. 26):
Mínimo e básico são, na verdade, conceitos distintos, pois, 
enquanto o primeiro tem a conotação de menor, de menos, 
em sua acepção mais ínfima, identificada com patamares de 
satisfação de necessidades que beiram a desproteção social, 
o segundo não. O básico expressa algo fundamental, principal, 
primordial, que serve de base de sustentação indispensável 
ao que ela acrescenta.
Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS nº 8.742, de 7 de 
Dezembro 1993.
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, 
41
AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAl
 Capítulo 2 
é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os 
mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações 
de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às 
necessidades básicas.
Sposati (2007) destaca que após todos esses anos de aprovação da LOAS 
se alcançou a efetivação do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, 
baseado no conteúdo da Política Nacional de Assistência Social (PNAS-2004), 
que estabelece o campo da proteção socioassistencial com centralidade na 
ca¬pacidade protetiva da família. As fragilidades do ciclo de vida, as vitimizações, 
as exclusões são objeto da ação a partir da análise de riscos e vulnerabilidades 
sociais a que estão sujeitos os indivíduos e as famílias. A direção da política é 
afiançar seguranças sociais de acolhida, convívio e capacidade básica de 
automanutenção, que possibilitem inclusão e emancipação.
A política de assistência social tem sua organização direcionada 
para a realização de três funções: proteção social, vigilância social e 
defesa de direitos.
A proteção social hierarquizada em básica e especial opera através 
de benefícios em pecúnia e em bens e uma rede de serviços de acolhida, 
convívio e de desenvolvimento socioeducativo.
O diálogo entre a produção do conhecimento sobre cada uma das 
políticas de proteção social (Previdência Social, Saúde e Assistência 
Social) e sua articula¬ção no âmbito da seguridade social é ainda um 
campo em construção, conforme destaque de Sposati (2007), pois os nexos 
entre as três políticas como modelo de seguridade social ainda são reféns da 
dife¬renciação do conhecimento sobre cada uma delas em particular.
Para Sposati (2007), as bases institucionais para a gestão da política de 
assistência social são ainda bastante difu¬sas entre os governos municipais 
e estaduais. A autora destaca que, no caso dos Governos Estaduais, têm sido 
assinados pactos de aprimoramento de gestão entre governo federal e Estados 
da federação. Os municípios, por sua vez, têm se vinculado ao SUAS através de 
um processo de habilitação que registra graus crescentes de cumprimento das 
exigências da implantação desse sistema.
Outro importante destaque da autora refere-se aos gastos com a Política de 
Assistência Social que ainda estão na ordem de 1% do PIB (0,82% em 2005), 
A proteção social 
hierarquizada em 
básica e especial 
opera através de 
benefícios em 
pecúnia e em 
bens e uma rede 
de serviços de 
acolhida, convívio e 
de desenvolvimento 
socioeducativo.
42
 Gestão em Serviço Social
o que corresponde a cerca de 6% do Orçamento da Seguridade Social (OSS), 
sendo este percentual semelhante ao gasto social direto.
Ao associarmos as competências dos profissionais do serviço social às 
apontadas pelo SUAS nos trabalhos realizados nos Centros de Referência da 
Assistência Social - CRAS e nos Centros de Referência Especial da Assistência 
Social – CREAS, podemos perceber que a ação profissional requer um 
conhecimento prático operativo em face da natureza da ação profissional em que 
a ênfase está no saber fazer (MOTA, 2008).
Ainda de acordo com Mota (2008, p.197):
[...] reside neste processo o maior desafio da formação 
profissional: instrumentalizar os profissionais a empreenderem 
a grande tarefa que é superar a aparência dos fenômenos, 
identificando as múltiplas determinações do real. Sem 
desconsiderar as condições objetivas que estão envolvidas na 
prática profissional e que requerem conhecimentos específicos 
que deem conta das singularidades da Assistência Social, 
reafirmamos uma célebre citação marxiana para justificar a 
importância da formação profissional no desvelamento da 
realidade sobre a qual incidirá a política de Assistência Social: 
se aparência e essência coincidissem, todo o esforço do 
conhecimento seria inútil. 
Dessa forma, conclui-se que a CF de 1988 trouxe grandes avanços para a 
política de proteção social no Brasil, os quais vêm incidir na prática do profissional 
de Serviço Social.
AlgumAS conSiderAçõeS 
Neste capítulo foram abordados temas que originaram a profissão do 
Serviço Social no Brasil, a partir da década de 30, em seu contexto histórico, 
que, sob forte influência da Igreja Católica, deu os primeiros passos para uma 
formação Científica, Técnica, Moral e Doutrinária, com princípios inerentes a uma 
atuação qualificada, num recorte de gênero, ao Curso Intensivo de Formação 
Social para Moças.
O primeiro campo de atuação profissional se ampliou e novas demandas que 
já apontavam para a relação entre o Serviço Social e a “questão social” foram 
incorporadas, uma vez que envolvia grupos de trabalhadores colonos e imigrantes 
que não se ajustavam ao sistema da época.
43
AdmInIstRAção de pRogRAmAs 
e pRojetosem seRvIço socIAl
 Capítulo 2 
O período do Estado Novo foi marcante para o Serviço Social, sendo 
considerado de grande avanço nas políticas sociais. Porém trazia marcas de um 
governo populista, repressivo e cerceador dos direitos políticos.
Durante outras décadas, a profissão passou por grandes desafios e 
enfrentamentos, diante do modelo capitalista, das fragilidades econômicas e das 
desigualdades sociais, geradas por uma política neoliberal, instalada na América 
Latina e adotada no Brasil.
Nesse contexto, as práticas do Serviço Social dos anos 1960, que estavam 
sob a orientação de técnicas tradicionais, foram definidas por Neto (2005, p. 5), 
como: “[...] prática empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada, claramente 
funcionalista que visava a enfrentar as incidências psicossociais da ‘questão 
social’ sobre indivíduos e grupos, sempre pressuposta a ordenação capitalista”. 
Inicia-se, aqui, o processo de um movimento que buscava romper com a linha 
conservadora, a partir de uma reflexão crítica do significado da profissão e seus 
pressupostos ideológicos, teóricos e metodológicos. 
Outro aspecto a ser considerado, que influenciou a prática do Serviço Social, 
foi a Constituição Federal de 1988, que ao incluir a assistência social no campo 
da seguridade social abre novas possibilidades de inserção nas políticas de 
proteção social. Sobre esse aspecto, retornamos à reflexão de Mota (2008), que 
aponta para os desafios no campo da formação profissional: instrumentalizar os 
profissionais a empreenderem a grande tarefa que é superar a aparência dos 
fenômenos, identificando as múltiplas determinações do real, sem desconsiderar 
as condições objetivas que estão envolvidas na prática profissional e que 
requerem conhecimentos específicos que deem conta das singularidades da 
Assistência Social. 
referênciAS
ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho. São Paulo: Boitempo, 2002.
BOSCHETTI, Ivanete; SALVADOR Evilásio. Orçamento da Seguridade e Política 
Econômica: perversa alquimia. Revista Serviço Social e Sociedade,

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