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EXPEDIENTE EQUIPE DIRETIVA Oswaldo Luiz Saenger Presidente – Grupo Projeção José Sérgio de Jesus Reitor e Diretor de Educação Henrique Vinícius Ramos e Silva Diretor de Operações Jonathan Rosa Moreira Pró-Reitor e Diretor Acadêmico da Educação Superior ORGANIZAÇÃO José Sérgio de Jesus Jonathan Rosa Moreira Francisca Carla Santos Ferrer Daniel Barbosa Santos Fabrício Vieira de Santana Thamires de Oliveira Alencar EQUIPE EDITORIAL Daniel Barbosa Santos Francisca Carla Santos Ferrer Luis Eduardo Gauterio Fonseca Fabrício Vieira de Santana DESENVOLVIMENTO E SUPORTE TÉCNICO José Gustavo Dias Alves Thamires de Oliveira Alencar Wellington Douglas Cordeiro de Souza Junior SUPORTE ADMINISTRATIVO E LOGÍSTICO Érika Silva Nascimento ALINHAMENTO ESTRATÉGICO Coleção Projeção lato sensu Volume 2 JOSÉ SÉRGIO DE JESUS (Org) JONATHAN ROSA MOREIRA (Org) FRANCISCA CARLA SANTOS FERRER (Org) DANIEL BARBOSA SANTOS (Org) FABRÍCIO VIEIRA DE SANTANA (Org) THAMIRES DE OLIVEIRA ALENCAR (Org) Copyright © Projeção Brasília - 2020 Diagramação: Fabrício Vieira de Santana Capa: Thamires de Oliveira Alencar Coleção: Projeção lato sensu Volume: 2 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) Elaborada pelo processamento técnico da Biblioteca Central do Centro Universitário Projeção Bibliotecário Luís Eduardo Gauterio Fonseca - CRB 01/1597 658 Alinhamento estratégico / Organizadores, José Sérgio de Jesus ... [et al.] – Brasília: Projeção, 2020. 55 p. ; 30 cm. (Coleção Projeção latu sensu, v. 2) ISBN: 978-65-89213-22-2 1. Ensino Superior 2. Gestão do Conhecimento 3. Comunicação organizacional I. Jesus, José Sérgio de. IV. Título V. Coleção CDU 658 SUMÁRIO 06 .................................................................. Módulo 01 Alinhamento Estratégico 17 ........................................................................ Módulo 02 Gestão do Conhecimento 28 ........................................................................ Módulo 03 Comunicação Organizacional 44 ........................................................................ Módulo 04 Aprendizagem e Cultra Organizacionais ALINHAMENTO ESTRATÉGICO MÓDULO 1 7 APRESENTAÇÃO Caro estudante, seja bem-vindo ao primeiro módulo da unidade curricular “Alinhamento Estratégico”. Neste módulo, você vai conhecer sobre as principais definições relacionadas ao alinhamento estratégico, principalmente, na relação entre as áreas de negócio e a área de tecnologia da informação e comunicação. Nesta mesma perspectiva serão abordados os fundamentos do alinhamento estratégico, especificando conceitos sobre aprendizagem orga- nizacional, gestão da informação, sistemas de informações e suas relações com a estratégia organizacional e planejamento estratégico. Para Pietro et al. (2009, p. 317), a exe- cução bem-sucedida da estratégia é consi- derada pelos executivos como uma prática relevante para o bom desempenho organiza- cional. Para os autores, com base em Porter (1979), o alinhamento é um conceito central retratado pelas pesquisas na área de estraté- gia, que representam, em linhas gerais, dois eixos sobre a questão da vantagem compe- titiva. O primeiro eixo aborda a questão da van- tagem competitiva com ênfase no poder do mercado, sendo o alinhamento uma condição inerente ao ajuste da estratégia às oportuni- dades e ameaças do ambiente de atuação da empresa (PORTER, 1979). Já o segundo eixo foca na visão da empresa baseada em recur- sos, cuja ênfase do alinhamento recai primei- ramente sobre os fatores internos. Para Mo- reira (2013), o alinhamento estratégico entre a Tecnologia da Informação e Comunicação e os negócios pode representar um diferencial competitivo para as organizações. O envolvi- mento geral da administração e a utilização efetiva da tecnologia da informação e comu- nicação desempenham um importante papel para a disseminação dos objetivos organiza- cionais e a implicação desta relação nas uni- dades de negócio é evidente. O alinhamento estratégico foca em ga- rantir a ligação entre os planos de negócios e de Tecnologia da Informação e Comunicação, definindo, mantendo e validando a proposta de valor da tecnologia, alinhando as opera- ções de tecnologia com as operações da or- ganização (ITGI, 2007, p.8). Assim, o alinha- mento estratégico identifica a necessidade de especificar os tipos de integração entre os domínios da tecnologia da informação e co- municação e dos negócios, e isto deve ser um processo contínuo de adaptação e mudança (HENDERSON; VENKATRAMAN, 1999). Para Brodbeck e Hoppen (2003), o im- pacto da tecnologia de informação no de- sempenho dos negócios é alvo de diferentes estudos e discussões. Pesquisadores das áre- as de negócio e de tecnologia da informação realizam estudos para examinar as necessida- des e os benefícios do alinhamento da tecno- logia da informação com o restante dos ne- gócios (p. 10). Os executivos de TI também têm considerado o alinhamento entre as es- tratégias de negócio e de TI como um dos ob- jetivos principais da área, pela possibilidade de identificação de novas oportunidades de negócios e pela obtenção de vantagens com- petitivas baseadas em soluções de tecnologia da informação e comunicação. A Figura 1 apresenta a relação de comu- nicação entre os domínios TIC e negócios. 8 Podemos considerar esta relação como trans- cendente, pois existem trocas, sejam elas neces- sidades solicitadas ou serviços prestados, cujos impactos influenciam em ambos os domínios (MOREIRA, 2013). Figura 1: Domínios de tecnologia da infor- mação e comunicação e negócios e a relação de comunicação. Fonte: Moreira (2013). A Figura 1 traz dois constructos principais: (i) negócios; e (ii) tecnologia da informação e comu- nicação. Observe que o eixo estruturante deste modelo é a comunicação, que viabiliza a troca de informações organizacionais e, consequente- mente, a aprendizagem organizacional. Entretanto, ainda segundo Brodbeck e Ho- ppen (2003, p. 10), apesar da concordância ge- ral sobre o impacto positivo do alinhamento nas organizações, ainda existem alguns elementos inibidores do processo como um todo, tais como problemas de comunicação, perda de recursos ou de comprometimento. Modelos de Alinhamento Estratégico Existem modelos que avaliam a maturidade do alinhamento estratégico entre a área de tec- nologia da informação e comunicação e os ne- gócios da organização, como os propostos por Luftman, Peter Weill e Venkatraman (MOREIRA, 2013), Hambrick e Cannella, Beer e Eisenstat (PRIETO et al., 2009). Modelo de Luftman O modelo de Luftman considera que o ali- nhamento evolui a partir da adaptação conjunta de estratégias entre a TIC e os negócios (MA- CHADO; BLAU, 2005). Luftman aponta que para que exista alinhamento é necessário apoio da alta administração à tecnologia da informa- ção e comunicação, que por sua vez, participa do desenvolvimento estratégico da organização (MACHADO; BLAU, 2005). Luftman define, ainda, um conjunto de cri- térios que avaliam o nível de maturidade dos processos de alinhamento estratégico entre a tecnologia da informação e comunicação e os negócios. Dentre estes critérios, a comunicação da estratégia pode ser considerada como um fa- tor habilitador ou inibidor de sucesso para a or- ganização (LUFTMAN, 1996, p.51). Modelo Peter Weill No modelo de alinhamento estratégico de Peter Weill, uma estrutura de tecnologia da in- formação é composta por uma infraestrutura corporativa e equipes locais de tecnologia da in- formação e comunicação. Esta abordagem traz um elemento regulamentador e padronizador representado pela tecnologia corporativa, e ele- mentos que possibilitam a flexibilidade e a agili- dade no atendimento a demandas sazonais ou específicas do negócio nas unidades representa- das na estrutura pela área de tecnologia da infor- mação e comunicação local (WEILL; SUBRAMA- NI; BROADBENT,2002). No modelo de alinhamento estratégico en- tre tecnologia da informação e comunicação e negócios de Peter Weill é apresentada a propos- ta na qual a tecnologia deve ser dividida em 10 (dez) clusters, os quais são agrupados em dois grandes grupos: 9 Grupo: Camada física Esse grupo é composto por 6 (seis) clusters: (a) Gerenciamento de Canal; (b) Gerenciamen- to de segurança e risco; (c) Comunicação; (d) Gerenciamento de Dados; (e) Infraestrutura de aplicações; e (f) Gerenciamentos de facilities. Fa- cility é o ativo físico de apoio às atividades de uma organização. O gerenciamento de facilities é definido como sendo o processo integrado para apoiar e melhorar a eficácia das principais atividades de uma organização, da gestão e da prestação de serviços de apoio acordadas para o ambiente adequado necessário para atingir os seus objetivos em transformação (ATKIN, 2009, p. 274). Basicamente, nessa camada estão agru- padas todas as atividades eminentemente téc- nicas onde a tecnologia já tem um histórico de proficiência nela. Grupo: Orientada ao negócio Grupo composto por 4 (quatro) clusters: (a) Gerenciamento da TI; (b) Arquitetura e Padroni- zação da TI; (c) Educação em TI; (d) Pesquisa e Desenvolvimento em TIC. Nesta camada, agru- pam-se as atividades mais voltadas às estratégias e às ações de longo prazo. Um aspecto que chama a atenção neste mo- delo é a afirmação de que as iniciativas de tec- nologia da informação e comunicação podem ser habilitadoras ou repressoras nos negócios da organização. Porém, uma crítica a este modelo é o fato dele não demonstrar com clareza como prover este alinhamento e principalmente não abordar a questão da comunicação organizacio- nal como elemento habilitador do alinhamento estratégico, relegando aparentemente as habili- dades pessoais dos CIO’s, desta forma, limitan- do-se apenas em apresentar a partir dos estudos de casos realizados e as características comuns encontradas das companhias que tiveram êxito em seus investimentos em tecnologia. Modelo Venkatraman No modelo de Venkatraman, é percebido uma preocupação com a comunicação organi- zacional, onde apresenta a ideia de que a área de tecnologia se encontra consolidada em seu papel coadjuvante, pois tinha apenas a função de suporte e apoio ao negócio, e passa a ter em alguns momentos a posição de protagonista da estratégia empresarial (VENKATRAMAN, 1999). De acordo com Henderson e Venkatraman (1999, p. 474), “IT strategy should be articuled in terms of an external domain and an internal domain”, ou seja, a estratégia de tecnologia da informação e comunicação tem que ser articula- da em termos de domínios internos e externos, desta forma, transcendendo a visão anterior de que a tecnologia tinha seu papel puramente de apoiador. São apresentadas 4 (quatro) perspec- tivas, compostas pela combinação de 4 (quatro) atratores de ação. Atrator é o conjunto limite para o qual se converge na medida em que o tempo evolui. (SAVI, 2009, p. 9): a) Estratégia de negócio (Business Strategy) b) Estratégia de TI (I/T Strategy) c) Processos e infraestrutura organizacional (Or- ganizational Infrastrutureand Processes) d) Processos e infraestrutura de Serviços de in- formação (I/S Infraestruture and Processes) Partindo da combinação destes atratores são geradas 4 (quatro) perspectivas. • Estratégia de execução (A–C–D): A estraté- gia de negócio seria o indutor da mudança, provocando ajustes da infraestrutura organi- zacional e por último a infraestrutura de tec- nologia se adequaria às novas necessidades organizacionais. 10 • Transformação tecnológica (A–B–D): A es- tratégia de negócio continuaria a ser a indu- tora da mudança, porém agora acionaria a estratégia de tecnologia e depois a infraes- trutura de tecnologia. • Potencial competitivo (B–A–C): A estratégia de tecnologia seria a indutora da mudança a qual provocaria ajustes na estratégia de ne- gócio e consequentemente na infraestrutura organizacional. • Nível de serviço (B–D–C): A estratégia de tecnologia continuaria sendo a indutora da mudança a qual provocaria ajustes na infra- estrutura de tecnologia e consequentemen- te da infraestrutura organizacional. Nas combinações acima se observam uma maior interação entre as estratégias de TIC e negócio, nas perspectivas de transformação tec- nológica e potencial competitivo. Porém, não basta apenas adotar uma das perspectivas. Nes- te sentido, foram apresentados quatro aspectos que comportam as principais diferenças entre “encadeamento tradicional” e o alinhamento es- tratégico defendido nesse modelo. O Quadro 1 apresenta a diferenciação entre o alinhamento estratégico a visão tradicional voltada para os negócios e tecnologia. Quadro 1: Diferenciando alinhamento estra- tégico e a visão tradicional. Fonte: Adaptado de Hendersen e Venkatraman (1999). Quando trata de objetivos da gerência, se faz necessário o monitoramento constante da situa- ção conjuntural da organização para que o ges- tor possa selecionar qual a melhor estratégia a ser adotada, pois, em alguns momentos terá que apoiar o negócio, em outros deverá conduzir ino- vações organizacionais. Este viés dá início a ideia de que o alinhamento é uma situação dinâmica e não puramente estática, pois a cada momento necessitará ser ajustado de acordo com questões situacionais, portanto a questão tempo e espaço é muito relevante na avaliação das ações e estra- tégias a serem adotadas. Modelo de Hambrick e Cannella O Modelo de Hambrick e Cannella, (1989), assim como os demais, traz métricas para os pro- cessos gerenciais de planejamento, implementa- ção e revisão estratégica, com ênfase nas habi- lidades de construção, comunicação e gerência de indicadores de desempenho. Por outro lado, a articulação é fator preponderante do modelo e do planejamento estrategista. Figura 2: Modelo de alinhamento estratégico de Hambrick e Cannella. Fonte: Pietro et al. (2009) Modelo de Beer e Eisenstat Para Pietro et al. (2009), os modelos também se diferenciam pela proposta da identificação de barreiras à implementação da estratégia, diag- nóstico de alinhamento, determinação do papel do estrategista na implementação e a promoção de questionamento das capacidades, incluindo da alta gestão, nas escolhas estratégicas, tal qual apresentado na Figura 3. 11 Figura 3: Modelo de alinhamento estratégico de Beer e Eisenstat. Fonte: Pietro et al. (2009) Considera-se a área de Tecnologia da Infor- mação e Comunicação e a área de negócios como domínios. Cada um desses domínios pode ser composto por um conjunto interativo de objetos (recursos) e seus respectivos estados (distinções e memórias). O fenômeno da comunicação entre o domínio tecnologia e o domínio negócios pode ser observado como uma relação transcendente, a qual apresenta uma troca mútua de experiên- cias. A efetividade da comunicação, alinhamento estratégico, ou o conhecimento dela advindo, pode representar um resultado oriundo dessa relação. Como o alinhamento estratégico é um pro- cesso dinâmico devido às mudanças e evoluções nos negócios da organização, e a partir do pres- suposto de que a comunicação é um dos pila- res mais importantes do alinhamento estratégico entre a tecnologia e os negócios, podemos as- sociar as idiossincrasias presentes na dimensão comunicação da Teoria da Estruturação, com a relação de comunicação entre as áreas de TIC e negócios. Figura 4: Relação transcendente entre os do- mínios de tecnologia e negócios. Fonte: Moreira (2013). A Figura 4 representa essa relação de atribui- ção das propriedades cognitivas no processo de comunicação entre a tecnologia e os negócios. Expressa o dinamismo no relacionamento que envolve as necessidades e os planos de negócio, referentes aos requisitos de negócio da organi- zação, e os serviços e a visibilidade oriundos dos critérios da informação (segurança, qualidade e fiduciário) previstos para a área de tecnologia.Ambas as dimensões (tecnologia e negócios) po- dem ser vistas como emissores e receptores das mensagens contidas nessa relação. As mensa- gens podem estar envolvidas por valores intrín- secos consolidados tanto de seu emissor, quan- to de seu receptor. A identificação da essência da informação presente na mensagem pode ser considerada um fator crítico para a formação de um conhecimento aproximado e entendimento entre os domínios. Caro(a) acadêmico(a), que bom que você chegou até aqui. Se você está neste desafio é porque você leu todo o material de estu- dos (texto-base e leituras complementares) e respondeu o questioná- rio. A realização deste desafio é opcional. Trata-se de uma atividade pro- positivo-atitudinal. Ou seja, não compõe nota e não deve ser postada na plataforma. É apenas para que você tenha a oportunidade de cor- relacionar os conteúdos curriculares às diferentes situações práticas, alcançando a práxis. Vamos lá? • Que tal avaliar o nível de alinhamento estratégico em uma deter- minada organização? • Para tanto, você deve: • Identificar uma empresa que tenha estrutura organizacional que contemple áreas de TI e de gestão administrativo-financeira. • Entrar em contato, se apresentando e solicitando autorização para realização da pesquisa de avaliação, informe que se trata de um trabalho acadêmico e que o objetivo geral é verificar, sob a pers- pectiva dos próprios colaboradores a percepção de alinhamento estratégico entre as áreas de TI e negócios. Este resultado será analisado posteriormente à luz da teoria e você pode compartilhá- -lo aos gestores da organização, contribuindo com seus processos gerenciais. • Para a realização da pesquisa, utilize o questionário apresentado na seção SAIBA + deste módulo. 12 DESAFIO 13 A tecnologia da informação (TI) configura-se como um recurso capaz de suportar o negócio das empresas, proporcionando agilidade, mobilidade e suporte à tomada de decisão. A interligação da estratégia de TI à estratégia empresarial já foi objeto de estudo em relação ao modelo de TI. AFFELDT, Fabrício Sobrosa; VANTI, Adolfo Alberto. Alinhamento estratégico de tecnologia da informação: análise de modelos e propostas para pesquisas futuras. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação Jour- nal of Information Systems and Technology Management, v. 6, n. 2, p. 203-226, 2009. Disponível em: https:// faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=180. Acesso em: 5 out. 2020. Apesar da grande difusão da noção de competências entre empresas brasileiras, sua aplicação, bem como seus resultados práticos, aparecem como um debate com mais sombras do que luzes, mais impasses do que certezas. Na perspectiva de trazer um pouco de claridade a alguns de seus pontos, este capítulo desenvo lve uma breve revisão das principais referências conceituais que forma a noção de competência, vista aqui em suas diferentes dimensões: organizacional, grupal e individual. RUAS, Roberto Lima. Aprendizagem organizacional e competências: novos horizontes da gestão. Bookman, 2005. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=181. Acesso em: 5 out. 2020. O objetivo desse trabalho é apresentar, pela primeira vez no Brasil, uma pesquisa exploratória que analisa o direcionamento para o futuro, de acordo com os conceitos de Prahalad e Hamel (1990), e sua associação com os processos de alinhamento estratégico, de recursos humanos e de tecnolo- gia de informação. Para tal foram operacionalizados os conceitos de direcionamento para o futuro, o de formalização do processo de planejamento, o de alinhamento estratégico da área de tecno- logia de informação e o de alinhamento da área de recursos humanos. O estudo permite a análise de cada uma das variáveis acima descritas, tanto em relação a sua confiabilidade e validade, como também através de análises fatoriais. NOGUEIRA, A. Roberto R.; MOREIRA, Paula C. A. O alinhamento estratégico e a construção do futuro: o ali- nhamento estratégico e a construção do futuro: um estudo exploratório. RAC, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 103-125, maio/ago., 1998. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=182. Acesso em: 5 out. 2020. 1. Alinhamento estratégico de tecnologia da Informação: Análise de modelos e propostas para pesquisas futuras 2. Aprendizagem organizacional e competências: Novos horizontes da gestão 3. O Alinhamento estratégico e a construção do futuro: O alinhamento estratégico e a construção do futuro: Um estudo exploratório LEITURA COMPLEMENTAR A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são sugeridas três leituras: Você sabia que existem questionários validados para aplicação de pesquisas organizacionais para verificação do nível de percepção dos colaboradores acerca dos processos de alinhamento estratégico entre as áreas de tecnolo- gia da informação e comunicação e de negócios? Não bastar dizer e ter nos manuais que a empresa tem alinhamento estra- tégico. Se este alinhamento não for percebido entre os seus colaboradores, dificilmente vão perseguir objetivos comuns e metas compartilhadas, invia- bilizando o alinhamento. Aqui, apresentamos um modelo de questionário validado para avaliação do nível de percepção de alinhamento estratégico entre as áreas de tecnologia da informação e comunicação e de negócios. Este questionário é de Costa (2002), da UFBA, e foi validado por pares em avaliação de mestrado. O questionário é composto de 6 partes: Processo de Planejamento - PP Competências Essenciais - CE Tecnologia e Inovação - TI Cultura Estratégica - CE Aprendizagem Organizacional - AO Gestão por Competência – GC Observe que a pesquisa foi realizada em um contexto específico em um tipo de prestação de serviços específico. Então, você precisa adequá-la à reali- dade da empresa que você futuramente irá pesquisa, caso seja necessário. https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=196 14 SAIBA + 15 Referências AFFELDT, Fabrício Sobrosa; VANTI, Adolfo Alberto. Alinhamento estratégico de tecnologia da infor- mação: análise de modelos e propostas para pesquisas futuras. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação Journal of Information Systems and Technology Management, v. 6, n. 2, p. 203-226, 2009. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view. php?id=180. Acesso em: 5 out. 2020. ATKIN, B.; BROOKS, A. A Total Facilities Management. Oxford: Blackwell Publishing Ltd, 2009. BEER, M.; EISENSTAT, R. A. Developing an organization capable of implementing strategy and learning. Hu- man Relations, v. 49, n. 5, p. 597-603, 1996. BITENCOURT, Claudia Cristina. A gestão de competências gerenciais: a contribuição da aprendiza- gem organizacional. 2001. BRODBECK, Ângela F.; HOPPEN, Norberto. Alinhamento estratégico entre os planos de negócio e de tecnologia de informação: um modelo operacional para implementação. Revista de Administração Contemporânea, v. 7, n. 3, p. 9-33, 2003. HAMBRICK, D. C; CANNELLA JR., A. A. Strategy implementation as substance and selling. Academy of Management Executive, v. III, n. 4, p. 278-285, 1989. HENDERSON, J. C.; VENKATRAMAN, N. Strategic alignment: Leveraging information technology for transforming organizations. In: IBM Systems Journal, 38, 1999. ITGI. Control Objectives for Infor- mation and related Technology – COBIT 4.1. Illinois: Information Technology Governance Institute, 2007. LUFTMAN, J. N. Competing in the Information Age: Strategic Alignment in Practice. Oxford Univer- sity Press. New York, 1996. MACHADO, C. P.; BLAU, J.C.M. Alinhamento estratégico da tecnologia da informação: um estudo de caso na indústria de alimentos. In: XXV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Porto Alegre. 15, 2005. MOREIRA, J. R. A Comunicação da informação organizacional e o alinhamento estratégico TI e negó- cios: Uma abordagemcognitiva. Tecnologias em Projeção, v. 4, n. 2, p. 01-12, 2013. NOGUEIRA, A. Roberto R.; MOREIRA, Paula C. A. O alinhamento estratégico e a construção do fu- turo: o alinhamento estratégico e a construção do futuro: um estudo exploratório. RAC, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 103-125, maio/ago., 1998. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/ mod/resource/view.php?id=182. Acesso em: 5 out. 2020. PORTER, M. E. How competitive forces shape strategy. Harvard Business Review, p. 137-145, 1979. 16 PRIETO, Vanderli Correia; CARVALHO, Marly Monteiro de; FISCHMANN, Adalberto Américo. Aná- lise comparativa de modelos de alinhamento estratégico. Production, v. 19, n. 2, p. 317-331, 2009. RUAS, Roberto Lima. Aprendizagem organizacional e competências: novos horizontes da gestão. Porto Alegre: Bookman, 2005. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/ resource/view.php?id=181. Acesso em: 5 out. 2020. WEILL, P.; SUBRAMANI, M.; BROADBENT, M. IT Infraestructure for strategic Agility. Cambridge: Massachusetts Institute of Technology, 2002. GESTÃO DO CONHECIMENTO MÓDULO 2 18 Nas práticas organizacionais, sobretudo com base nos conceitos mais contemporâne- os, a gestão do conhecimento reflete em uma gama de conceitos correlatos, tais como inte- ligência, informação, gestão, conhecimento, competências, habilidades, ativos intangíveis, aprendizagem, entre outros. Essa abrangência conceitual traz uma dificuldade em limitar as definições e terminologias encontradas nos dicionários, que levam, em algumas práticas, à negação do conhecimento à compreensão de que a gestão do conhecimento é apenas um modismo (WILSON, 2002). De acordo com Silva Junior (2002, p. 202) não é possível identificar na literatura especializada em administração, diferenças substantivas entre esse conceito e o de ges- tão, mas na literatura contemporânea pare- ce haver uma confusão conceitual entre as atividades entendidas como gestão distinta das consideradas na disciplina da Ciência da Administração. Independente do conceito adotado, o consenso é que as organizações aprendem, são dinâmicas, orgânicas e produ- zem conhecimento. Para Campos (2007, p. 106), com base em Popper (2000), existem três tipos de co- nhecimento. O conhecimento do Mundo 1 está representado ou codificado em objetos ou estruturas físicas; é o mundo material do conhecimento. O conhecimento do Mundo 2 refere-se a crenças ou a predisposições de crenças sobre o mundo, o belo (ética) e o jus- to (moral); é o mundo mental do conhecimen- to. Já o conhecimento do mundo 3, o mun- do autônomo dos objetos mentais, engloba as formulações linguísticas compartilháveis, as teorias, os modelos e os postulados de conhecimento sobre o mundo, sobre o belo e sobre o justo. Várias definições usuais de conhecimento são discutidas. A mais comum delas é crença verdadeira justificada, defini- ção adotada por Nonaka e Takeuchi (1997) e considerada do Mundo 2. O argumento, em síntese, é de que não é possível a justificação do conhecimento, já que nunca há evidências suficientes para provar a veracidade ou fal- sidade de um postulado do conhecimento. A própria crítica de Gettier (1963) baseia-se no conceito de justificação. Há, em conse- quência, o questionamento e relativização do conceito de verdade, para além de uma abordagem estritamente realista ou idealista. A definição de conhecimento como informa- ção em contexto (do Mundo 3) é considerada linguística devido ao termo informação não ser frequentemente utilizado para designar as crenças e predisposições do Mundo 2. Fundamentalmente, não há, nessa definição, distinção entre informação e conhecimento, aspecto demonstrável pela impossibilidade de haver informação fora de contexto. A de- finição é racionalista (só tem sentido em um espaço dedutivo, o contexto) e pragmática (só há utilidade no contexto). As relações de conhecimento estão pre- sentes na sociedade humana desde sua ori- APRESENTAÇÃO Caro estudante, seja bem-vindo ao segundo módulo da unidade curricular “Alinhamento Estratégico”. Neste módulo, você vai conhecer sobre as principais definições relacionadas à gestão do conhecimento organizacional, principalmente, na relação entre as áreas de negócio e a área de tecnologia da informação e comunicação. 19 gem, seja por imitação (sociedades antigas), seja por compartilhamento (sociedades modernas). No âmbito organizacional, ao se relacionar ges- tão com administração, a geração de conheci- mento parte dos conteúdos para a prática. Este conteúdo, por sua vez, pode ser existente ou resultado de um processo criativo estimulado pelas empresas. Observe a Figura a seguir. Ela mostra a evolução do processo criativo, tendo como origem a identificação e memória (memo- rização, manualização). O processo estruturante é o compartilhamento. A gestão do conhecimento relaciona dife- rentes disciplinas, que são inter-relacionadas e transversais: • Pesquisa e desenvolvimento • Inovação • Inteligência artificial • Inteligência competitiva • Aprendizagem organizacional • Capital social • Comunicação • Informação Por outro lado, ao implementar as disciplinas que interagem com a gestão do conhecimento organizacional, as empresas passam a adotar, consequentemente, conceitos associados, tais como: • Inteligência • Gestão estratégica • Aprendizagem organizacional • Gestão de competências • Inovação • Propriedade intelectual • Estratégias • Aprendizagem individual e coletiva • Compartilhamento • Apropriação • Proteção Observe que existem conceitos que também convergem em disciplinas, visto sua importância para os processos maduros organizacionais, em uma perspectiva de organização que aprende e que cria novos conhecimentos. Nesse contexto, aprendizagem se dá em três ordens: 1. Primeira ordem: muda o fazer 2. Segunda ordem: mudam os caminhos (méto- dos estratégias) 3. Terceira ordem: muda o olhar: (paradigma) Em uma perspectiva cíclica, as ordens se correlacionam e têm interseções, de modo que a gestão estratégica passa a buscar o alinhamen- to entre áreas estratégicas, como uma forma de dar visibilidade e conhecimento aos requisitos, demandas e possibilidades à todas os setores, para que, colaborativamente (busca de objetivo comum), se possam tratar métodos e estratégias para o alcance dos resultados. 20 VER ENXERGAR MÉTODO Requisitos Meios Desejos Demandas Possibilidades Resultados Satisfação Padrão Desejado FAZER ESTRATEGIAS PRIMEIRA ORDEM:MUDA O FAZER SEGUNDA ORDEM:MUDAM OS CAMINHOS (Métodos) O QUE? COMO? QUEM…QUANDO DEVER SER PODER SER VIR A SER DEVIR APRENDIZAGEM TERCEIRA ORDEM:MUDA O OLHAR (PARADIGMA) GESTÃO ESTRATÉGICA APRENDIZAGEM Dentre as estratégias de gestão do conheci- mento, podemos citar: • Cultura oral • Inteligência competitiva • Estabelecimento de fontes confiáveis de in- formação • Educação e treinamento • Aprendizagem em serviço • Inovação aberta • Formação de comunidades de prática, inte- resse e aprendizagem • Aprendizagem organizacional • Gestão das inovações e mudanças • Benchmarking A gestão estratégica que resulta em aprendi- zagem investe em prioridades estratégicas para apoiar os processos de tomada de decisão, visa- do o desenvolvimento de competências (conhe- cimento, atitudes, habilidades, valores) intangí- veis. Ao se desenvolver processos de gestão de conhecimento, necessariamente, desenvolvem- -se conceitos de dados, informação e conheci- mento. Certamente, você já deve ter visto estes conceitos em sua trajetória acadêmica. Eles, in- clusive, podem variar, dependendo da área de concentração ou área do saber. Aqui, apresentamos, a síntese dos conceitos de dados, informação e conhecimento, com base no clássico de Davenport e Pruzak (1998). O Quadro mostra, também, que os conceitos apre- sentados possuem unidades analíticas. Ou seja, você pode identificar os atributos e as relaçõesde tempo e espaço dos dados, informações e conhecimentos nas organizações. Tais conceitos são considerados ativos intangíveis, ou seja, não são materializados, mas sua importância é incon- testável e cabe aos gestores estratégicos seu compartilhamento em todos os níveis organiza- cionais (micro, meso e macro), dando a ênfase necessária a cada um. 21 Observe o esquema a seguir. Ele traz as expres- sões do conhecimento, o qual pode ser tácito ou explícito. O conhecimento tácito é adquirido por meio da experiência, relacionando imitação, re- produção, treinamento. O conhecimento explíci- to está procedimentado, manualizado e pode ser replicado. 1) Tácito para explícito (externalização) é o pro- cesso de articulação do conhecimento tácito para explícito, expresso na forma de analo- Conceitos Dados Informação Conhecimento Atributos Sem contexto ou significação ou pro- pósito Associada a um con- texto e propósito Informação Sistematizada em um contexto e objeto de apren- dizagem Dimensões Sinais (Números, palavras, imagens, sons, cores e outras formas. Comunicação Inteligência Competência Operacionalização Registros Redução de Incerte- zas Sistematização de Informações Objetos de Interesse Localização Banco de Dados Sistemas de Infor- mação Sistemas de Conhecimentos Pessoas e Organizações 22 gias, hipóteses ou modelos. 2) Explícito para explícito (combinação) envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito. 3) Explícito para tácito (internalização) é o pro- cesso de incorporação do conhecimento ex- plícito para o conhecimento tácito. 4) Tácito para tácito (socialização) é um proces- so de compartilhamento de experiências e, a partir daí, de criação do conhecimento tá- cito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. Quando as empresas investem em gestão do conhecimento, passam a ter consciência de sim mesmo. Assim, desenvolvem consciência emo- cional, autoconhecimento e autoconfiança. Consciência emocional: intuição para tomar decisões Autoconhecimento: reconhecer as potenciali- dades e limitações Autoconfiança: clareza da capacidade e do valor individual A consciência de si mesmo está diretamente relacionada aos níveis de desempenho organi- zacional. Quando mais baixa a consciência, mais baixo o desempenho porque também são baixos os níveis de questionamento, positividade, pro- dutividade, assertividade. Essa perspectiva da alta consciência é válida tanto para a organização como um todo quanto para os colaboradores em termos individuais, pois acarreta transparência, adaptabilidade, busca por conquista, iniciativa e otimismo, resultando em consciência social, com três elementos bem específicos: 1. Empatia: saber perceber as emoções dos de- mais, entender seu ponto de vista, demons- trar interesse ativo. 2. Consciência organizacional: saber observar as tendências, os fluxos de decisão e a políti- ca do ponto de vista da empresa. 3. Serviço: reconhecer e satisfazer as necessi- dades dos clientes, internos e externos. A relação dinâmica complexa da gestão do conhecimento permite a compreensão da gestão caórdica, que consiste na conversão do caos em ordem. Em outras palavras, é a organização (no sentido de organizar) dos processos, converten- do problemas e possibilidades. Para tanto, há de se investir também em liderança para ampliar o desempenho. Em todos os casos, possivelmente, o resultado é sucesso nos negócios, colaborado- res motivados e clientes satisfeitos. A liderança, neste contexto, passa a afetar o ambiente de trabalho na forma como ocorre à co- operação entre os indivíduos, no intercâmbio de conhecimentos, na delegação de responsabilida- des e competências intra e interorganizacionais, em suma exerce influência em toda a dinâmica rede da aprendizagem, bem como no comparti- lhamento do conhecimento organizacional. Os desafios iniciais da liderança direcionam a dois aspectos chaves: primeiro; o de acolher o novo paradigma emergente; e em segundo, o de con- duzir o processo de mudança organizacional rumo à nova sociedade do conhecimento, a par- tir da criação de visão e valor, inovação e assun- ção de riscos necessários (SANTOS et al., 2014, p. 578 – 579). De um lado, é evidente que estamos viven- do em um ambiente cada vez mais turbulento, onde vantagens competitivas precisam ser, per- manentemente, reinventadas e onde setores de baixa intensidade em tecnologia e conhecimen- to perdem, inexoravelmente, participação eco- nômica. Neste contexto, o desafio de produzir mais e melhor vai sendo suplantado pelo desafio, 23 permanente, de criar novos produtos, serviços, processos e sistemas gerenciais. Por sua vez, a velocidade das transformações e a complexida- de crescente dos desafios não permitem mais concentrar estes esforços em alguns poucos indivíduos ou áreas das organizações (TERRA, 2010, p. 2). Assim, emerge a economia do co- nhecimento com base em: • Conhecimento como valor • Globalização e remoção das barreiras co- merciais • Propriedade intelectual • Aumento crescente nos mercados de retor- no A sociedade do conhecimento é a primeira sociedade humana onde o crescimento é po- tencialmente ilimitado. O Conhecimento difere de todos os outros meios de produção, uma vez que não pode ser herdado ou concedido. Ele tem que ser adquirido por cada indivíduo, e to- dos começam com a mesma e total ignorância (DRUCKER, 2000). Embora o foco de estudo das organizações do conhecimento seja feito em torno de empre- sas de tecnologia ou de serviços, é possível en- tender que qualquer organização, independente de seu porte ou setor, desenvolve e possui um estoque de conhecimento. Seguindo este racio- cínio, conhecimento organizacional está implíci- to naquilo que a organização desenvolve como agente econômico, ou seja, nos ativos intangí- veis que suportam sua atuação, como os proces- sos internos, por exemplo; nos ativos humanos que desenvolvem a ação produtiva, produtos e serviços; e no entendimento e relações com clientes e fornecedores (PEREIRA, 2002, p. 2). Para Santos et al. (2014, p. 579), a sociedade vivencia um período de transformação, que se caracteriza por um processo de reorganização e reformulação de sua visão de mundo, dos seus valores básicos e de suas estruturas sociais e po- líticas (CASTELLS, 1999). As atividades que ocu- pavam o lugar central nas organizações deixam de ser aquelas que visam produzir ou distribuir objetos e passam a ser aquelas que produzem e distribuem informação e conhecimento (DRU- CKER, 1993). 24 Caro(a) acadêmico(a), que bom que você chegou até aqui. Se você está neste desafio é porque você leu todo o material de estu- dos (texto-base e leituras complementares) e respondeu o questioná- rio. A realização deste desafio é opcional. Trata-se de uma atividade pro- positivo-atitudinal. Ou seja, não compõe nota e não deve ser postada na plataforma. É apenas para que você tenha a oportunidade de cor- relacionar os conteúdos curriculares às diferentes situações práticas, alcançando a práxis. Vamos lá? • Acesse o site da SBGC (Sociedade Brasileira de Gestão do Conhe- cimento, disponível em http://www.sbgc.org.br/sbgc.html • A SBGC é uma OSCIP que desde 2001 promove a integração entre academia, terceiro setor e organizações públicas e privadas inte- ressadas em praticar, desenvolver e pesquisar o tema Gestão do Conhecimento. Por meio de eventos e de treinamentos contribui para o compartilhamento de conceitos, métodos e técnicas que promovam a socialização do conhecimento, o aumento da efetivi- dade das organizações, a competitividade do País e a qualidade de vida das pessoas. • Navegue no site, na opção conteúdo, e conheça um pouco mais sobre gestão do conhecimento, buscando o modelo de referência e práticas de gestão do conhecimento. DESAFIO 25 O conhecimento tem se tornado um recurso cada vez mais estratégico para as organizações bus- carem sua competitividadee sobrevivência: surgem assim as organizações baseadas no conheci- mento. O objetivo deste artigo é propor bases conceituais para um modelo de gestão para aquelas organizações. Tal modelo parte de uma arquitetura organizacional baseada em quatro fundamen- tos: estratégia, estrutura, tecnologia/processos e pessoas. A estratégia foca o conhecimento como a competência essencial da organização. A estrutura busca a flexibilidade para a criação e dissemi- nação do conhecimento. PEREIRA, Heitor José. Bases conceituais de um modelo de gestão para organizações baseadas no conhecimento. XXII SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – FIA/USP – Salvador, nov. 2002. Anais, CD-ROM, São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/ resource/view.php?id=187. Acesso em: 5 out. 2020. Para potencializar o alcance de novas conquistas, as organizações necessitam conduzir sua Gestão do Conhecimento e sua Inteligência Competitiva de forma sistemática e alinhada com o seu Posi- cionamento Estratégico. O conhecimento empresarial surge como um ativo de especial importân- cia para qualquer trabalho produtivo a partir da progressiva constatação do papel fundamental que exerce nos processos de produção. SILVA, Francisco Antônio Cavalcanti; ESPÍNOLA, Marcos José Costa; VILAR, Rosângela Maria. Gestão do conhe- cimento e inteligência competitiva: desafios para as organizações produtivas. Inf. & Soc. : Est., João Pessoa, v. 16, n. 1, p. 91-100, jan./jun. 2006. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view. php?id=188. Acesso em: 5 out. 2020. A liderança tem um papel importante na criação de valor, inovação e na articulação de estratégias de implantação da gestão do conhecimento. No âmbito da liderança existe uma discussão acerca da ética e autenticidade, principalmente, após os escândalos protagonizados por altos dirigentes de algumas organizações, em especial, nos Estados Unidos. Neste contexto, o objetivo deste artigo é contextualizar a teoria da liderança autêntica, amparada nos pressupostos da autenticidade e por fortes valores éticos/morais. SANTOS, Fabiana Besen; TECCHIO, Edivandro; FIALHO, Francisco Antônio Pereira. Liderança autêntica e gestão do conhecimento. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 12, n. 1, p. 579-588, jan./jul. 2014. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=189. Acesso em: 5 out. 2020. 1. Bases conceituais de um modelo de gestão para organizações baseadas no conhecimento 2. Gestão do conhecimento e inteligência competitiva: desafios para as organizações produtivas 3. Liderança autêntica e gestão do conhecimento LEITURA COMPLEMENTAR A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são sugeridas três leituras: 26 Para Fukunaga (2017), conhecimento e gestão certamente são conceitos que obviamente já existem há certo tempo, mas, a combinação “gestão do conhecimento” é, recente. Na história recente do campo da gestão do co- nhecimento é possível identificar três origens que se deram em localidades bem distintas: Japão, Europa e Estados Unidos. Leia o artigo de Fukunaga (2017) que conta algumas histórias da gestão do conhecimento, sua origem, seu fracasso e seu estado atual. Você pode acessar a obra completa pela URL: http://www.sbgc.org.br/ uploads/6/5/7/6/65766379/3.est%C3%B3rias-curisosas-sobre-a-hist%- C3%B3ria-da-gest%C3%A3o-do-conhecimento-fukunaga-f-2017.pdf Navegue, leia e saiba mais! SAIBA + 27 Referências CASTELLS, M. A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 1998. DRUCKER, Peter. Sociedade pós capitalista. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1993. DRUCKER, P. et al. Gestão do conhecimento. Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 2000. GETTIER, E. L. Is Justified true belief knowledge? Analysis, v. 23, p. 121-123, 1963. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. PEREIRA, Heitor José. Bases conceituais de um modelo de gestão para organizações baseadas no conhecimento. In: XXII SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – FIA/USP – Sal- vador, nov. 2002. Anais, CD-ROM, São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=187. Acesso em: 5 out. 2020. SANTOS, Fabiana Besen; TECCHIO, Edivandro; FIALHO, Francisco Antônio Pereira. Liderança au- têntica e gestão do conhecimento. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 12, n. 1, p. 579-588, jan./jul. 2014. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/ resource/view.php?id=189. Acesso em: 5 out. 2020. SILVA, Francisco Antônio Cavalcanti; ESPÍNOLA, Marcos José Costa; VILAR, Rosângela Maria. Ges- tão do conhecimento e inteligência competitiva: desafios para as organizações produtivas. Inf. & Soc. : Est., João Pessoa, v. 16, n. 1, p. 91-100, jan./jun. 2006. Disponível em: https://faculdadeproje- cao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=188. Acesso em: 5 out. 2020. SILVA JÚNIOR, Celestino A. O espaço da administração no tempo da gestão. In: Política e gestão da educação: dois olhares. Rio de Janeiro: DP&A, v. 1, p. 199-211, 2002. TERRA, José Cláudio Cyrineu. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial. 2005. WILSON, T. D. The nonsense of ‘knowledge management’. Information Research, v. 8, n. 1, 2002. COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL MÓDULO 3 29 A comunicação é um dos fatores mais im- portantes nas organizações (KUNSCH, 2003; GIBSON et al., 1981). A Comunicação Orga- nizacional possui muitas definições, depen- dendo do contexto sob o qual é avaliada e, segundo Medrano (2007), pode ser definida como “um processo que ocorre, que tem lu- gar, entre os membros de uma coletividade social”. Já Kunsch (2003) entende a Comuni- cação Organizacional como uma teoria que estuda como o fenômeno comunicacional se processa dentro das organizações, analisa o sistema, o funcionamento e o processo de mediação da comunicação entre a organiza- ção e seus públicos internos e externos, no âmbito da sociedade global. O domínio da comunicação, seja ela in- terna ou externa, é essencial para a sobre- vivência da organização. O conhecimento dos fluxos e das interações entre os diver- sos níveis da organização pode auxiliar na organização de estruturas comunicacionais eficazes, mediadas por variados canais, inclu- sive por sistemas informatizados. O Quadro 1 apresenta a abordagem teórico-conceitual de Scroferneker (2006), sobre Comunicação Organizacional, que destaca autores e suas diferentes percepções. Quadro 1: Diferentes abordagens de Comunicação Organizacional APRESENTAÇÃO Caro estudante, seja bem-vindo ao terceiro módulo da unidade curricular “Alinhamento Estratégico”. Neste módulo, você vai conhecer sobre as principais definições relacionadas à comunicação organizacional, principalmente, na relação entre as áreas de negócio e a área de tecnologia da informação e comunicação. AUTOR DEFINIÇÃO COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL HALL (1984) “examina a comunicação nas organizações considerando os fatores que afetam o envio, o recebimento, a percepção e as interpretações dessas comunicações. A comunicação é um processo relacional – emissor/re- ceptor – isto é, as relações sociais que se processam entre ambos, os envolvem, como seus efeitos recíprocos à medida que se comunicam”. KREPS (1990) “como um processo através do qual os membros da organização obtêm as informações pertinentes sobre ela e as mudanças que nela ocorrem. Na perspectiva deste autor, a comunicação organizacional desempe- nha uma função de fonte de informação (data-gathering) para os mem- bros da organização. A informação se constitui a variável intermediária que une a comunicaçãoà organização”. GOLDHABER (1991) “partindo da concepção que a organização é um sistema vivo e aberto conectado por um fluxo de informações entre as pessoas que ocupam diferentes posições e representam distintos papéis, define a comunica- ção organizacional como sendo o fluxo de mensagens processadas em uma rede de relações interdependentes”. 30 Para Curral e Chambel (2001), a definição de comunicação é “o processo pelo qual um grupo gera a informação”. Medrano (2007) complemen- ta que a Comunicação Organizacional refere-se, também, aos fluxos de dados – que são coad- juvantes, de algum modo – dos seus processos de comunicação e intercomunicação. A necessi- dade humana de se comunicar leva a comunica- ção organizacional a impulsos unicamente social. Segundo Tubbs e Moss (2003), “a comunicação humana ocorre no contexto das organizações”. ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS O ser humano pertence a grupos e organi- zações desde a sua origem. Do momento em que o ser humano se junta a outros para desen- volver-se é possível falar em organização. A Co- municação Organizacional compreende “frutos de sementes lançadas no período da Revolução Industrial do século passado, que ensejaria gran- des e rápidas transformações em todo o mundo” (MEDRANO, 2007). Ao longo da história existiram escolas de Comportamento Organizacional que podem ser sumarizadas em quatro teorias: (i) clássica; (ii) hu- manista; (iii) de sistemas; e (iv) das contingências, conforme destacado no Quadro 2. Os debates sobre os processos de comunicação nas organi- zações, historicamente vinculada ao domínio das empresas, segundo Deetz (2001), voltou-se nas últimas três décadas para o campo da Comuni- cação Organizacional, e as práticas de comuni- cação continuam como apoio às relações que as organizações estabelecem com grupos externos e internos. AUTOR DEFINIÇÃO COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL RIEL (1995) “engloba relações públicas, estratégias organizacionais (public affairs), marketing corporativo, propaganda corporativa, comunicação interna e externa, enfim um grupo heterogêneo de atividades de comunicação, voltadas, fundamentalmente, para os públicos ou segmentos com os quais a organização se relaciona e depende”. RESTREPO J. (1995) “a comunicação nas organizações deve ser entendida de forma inte- gral, permeando todas as ações organizacionais, viabilizando de manei- ra permanente a construção de sua cultura e identidade, e marcando um estilo próprio e suas formas de projetar-se exteriormente (a cons- trução de sua imagem)”. Fonte: Adaptado de Scroferneker (2006). 31 Quadro 2: A Comunicação Organizacional na história TEORIA CLÁSSICA TEORIA HUMANISTA TEORIA DE SISTEMAS TEORIA DA CONTIN- GÊNCIA Max Weber, Frede- rick W. Taylor, Henri Fayol Elton Mayo, Kurt Lewin, Rensis Likert, Douglas Mcgregos, Chris Argyris E. Trist, Daniel Katz, Rob- ert Kahn Joan Woodward, Tom Buns, Stalker, Paul Lawrence, Jay Lorsch • Comunicação muito formal. • Preponderância escrita. • Vertical descen- dente. • Muito regulada. • Conteúdo bási- co de normas e procedimentos. • Centralização das decisões. • Supervisão pró- xima e controle. • Não considera as necessidades dos empregados. • Nível organiza- cional. • Comunicação for- mal e informal. • Oral e escrita. • Horizontal, vertical e ascendente, verti- cal e descendente. • Flexível. • Conteúdo básico grupal (padrões de necessidades) e interno. • Alta descentraliza- ção na tomada de decisão. • Flexibilidade interna sem considerar ele- mentos externos. • Alta consideração das necessidades dos empregados. • Comunicação formal e informal entre sis- temas e subsistemas. • Oral e escrita. • Horizontal e vertical. • Regulação variável. • Conteúdo básico or- ganizacional interno e externo. • Descentralização variável. • Busca de equilíbrio interno e externo. • Importância da re- troalimentação. • Consideração das necessidades indivi- duais. • Nível individual, subsistemas e siste- mas sem ênfases na informação de entra- da e saída. • Comunicação básica formal dentro e entre sistemas. • Oral e escrita. • Horizontal e vertical, interna e externa. • Regulação variável segundo demandas do entrono (situacional). • Conteúdo básico orga- nizacional e externo. • Descentralização variá- vel segundo as deman- das do contexto. • Comunicação como elemento integrador. • Necessidades totais ou parciais segundo de- manda do contexto. • Nível organizacional ou parcial, segundo de- manda do contexto. Fonte: Adaptado de Medrano (2007). 32 O estudo da comunicação nas organizações ganhou especial destaque a partir dos anos 40. Sexton e Staudt (1959) publicaram uma revisão de literatura sobre a comunicação organizacional e encontraram 178 títulos, a maioria publicados entre 1945 e 1958. Simon (1955) destacou o processo de comunicação como essencial para a organização e Bavelas e Barret (1951) descreveram a comunicação como o processo básico das organizações, a partir doqual todas as outras funções derivam (CURRAL E CHAMBEL, 2001). De acordo com Scroferneker (2006), Os estudos da comunicação organizacional são marcados, tomando como referência dois grandes períodos, de 1900-1970 e de 1970 até o presente momento. No período que se estende de 1900 a 1970, os diferentes conceitos e teorias desenvolvidos apoiaram-se fundamentalmente na Doutrina Retórica Tradicional, na Teoria das Relações Humanas e na Teoria da Gestão Organizacional. [...] A partir de então, as abordagens teóricas centraram-se na Teoria Moderna ou Empírica, na Teoria Naturalista e na Teoria Crítica. A autora faz uma revisão de literatura, abar- cando diversos autores que contextualizam a evolução das teorias sobre a comunicação orga- nizacional, e em suma: Os recentes trabalhos de comunicação organizacional foram moldados pelo interesse na comunicação empresarial e industrial – dos anos 20 aos anos 50 – e pela influência da escola de relações humanas, dos anos 50 até meados de 1970. [...] Os anos 80 trazem uma ‘[...] reviravolta no conhecimento acadêmico da comunicação organizacional’, o que não significou ‘[...] uma ruptura completa com o passado”. É nesse contexto que novas correntes emergem, dentre elas, a teoria Naturalista e a teoria Crítica. [...] A teoria crítica surge no final dos anos 80. Alguns de seus pressupostos teóricos podem ser encontrados no materialismo dialético. A organização é vista sempre como uma arena de conflitos: um campo de batalha – o locus do conflito de classes. [...] a década de 90 caracterizou-se pela a emergência de uma série de teorias e propostas, que buscaram ‘enxergar’ as organizações e (re)interpretá-las. [...] Além da teoria crítica [destaca-se], com base em estudos realizados por Fernández Colado (2001), a teoria narrativa pós-moderna e a teoria da administração baseada em equipes como as propostas básicas que alimentaram a comunicação das organizações nessa década. [...] A teoria narrativa pós-moderna é composta por três narrativas fundamentais: a condição pós-moderna, a economia pastiche e o simulacro. [...] A teoria da administração baseada em equipes se caracteriza, essencialmente, pela comunicação multidirecional nas organizações. Assume destaque o papel dos líderes, identificados como responsáveis por gerar grupos de trabalhos fortes e coesos (SCROFERNEKER, 2006). FUNDAMENTOS TEÓRICOS Gibson et al. (1981) dá uma vertente da Ad- ministração quando se refere à Comunicação Organizacional. Para o autor, as funções admi- nistrativas básicas (planejar, organizar, controlar e dirigir) são operacionalizadas mediante a ativi- dade de comunicação, ressaltando sua importân- cia para o funcionamento das organizações. A estrutura da organização deve propiciar a comunicação basicamente em três direções dife- rentes (GIBSON et al., 1981): (i) de cima para baixo, quando a emissão das mensagens parte dos indivíduos que estão em uma posição hierárquica superior,e normalmen- te são instruções ou determinações para alguma atividade; (ii) de baixo para cima, quando o emissor das mensagens está em um nível hierárquico inferior ao do receptor; e (iii) horizontalmente, que consiste na comu- nicação estabelecida entre os pares. Kunsch (2003), Curral e Chambel (2001), Tubbs e Moss 33 (2003) corroboram com a abordagem de Gibson et al. (1981), quando consideram a existência dos três tipos de fluxos por meio do qual a comuni- cação pode ser feita na organização (ascendente, o descendente e o horizontal). O homem é um ser social, portanto uma co- municação eficaz é essencial. A efetividade da comunicação pode ser influenciada pelos ca- nais pela qual ela é mediada. Enquanto Curral e Chambel (2001) consideram que o canal mais efetivo dentro de uma organização, para que a comunicação de mensagens complexas, seja o encontro presencial por permitir o contato pes- soal, resposta imediata, e para evitar eventuais problemas de comunicação, Quinn (1992) perce- be a importância dos processos organizacionais à medida que as organizações aumentam seu con- teúdo intelectual. Medrano (2007) pontua as questões da res- ponsabilidade social das organizações frente aos embates do mercado, apresentando assim a ci- dadania como um exercício fundamental das or- ganizações. O autor ainda relaciona quatro pers- pectivas a serem consideradas na Comunicação Organizacional: • A perspectiva mecânica: percebe a Co- municação Organizacional como um processo no qual a mensagem passa por um canal de um ponto a outro. • A perspectiva psicológica: o modo como as características do indivíduo afetam sua comu- nicação. • A perspectiva interpretativa-simbólica: significados compartilhados e comportamento social. • A Perspectiva de interação de sistemas: concentra-se em comportamentos externos como as unidades fundamentais de análise. Medrano (2007) enfatiza que a Comunica- ção Organizacional integrada como uma filoso- fia que direciona a convergência entre diversas áreas, como as Relações Públicas (Comunicação Institucional), Comunicação Interna (Comunica- ção Administrativa) e o Marketing (Comunicação Mercadológica). O autor ainda indica as termino- logias que são usadas indistintamente no Brasil para designar todo trabalho de comunicação es- tabelecido em ou por organizações: Comunica- ção Organizacional; Comunicação Empresarial; e Comunicação Corporativa. Kunsch (2003) sistematiza os tipos de comu- nicação e influências primárias na transmissão de informações (Quadro 3), em função do nível de análise, item que será tratado a posteriori neste estudo. 34 CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO TIPO DE COMUNICAÇÃO (nível de análise) INFLUÊNCIAS PRIMÁRIAS NA TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÕES Independente da organização • Interpessoal • Fenômenos cognitivos e papéis e normas sociais Dentro da organização • Interpessoal • Interunidades • Papéis e normas organizacionais mais as normas sociais aplicáveis. • Relações interdepartamentais, efeitos conjuntos das informa- ções trocadas. Externo a uma organização específica • Interorganizacional • Organizacional ambiental • Relações entre as organizações. • Componentes ambientais Fonte: Adaptado de Kunsch (2003). Quadro 3: Tipos de comunicação e influências primárias na transmissão de informações Sob as percepções de Iasbeck (1999) é im- portante levar em consideração a comunicação informal como parte da Cultura Organizacional, pois esta representa subjetividades que estão ocultas no discurso dos indivíduos, principal- mente quando a Comunicação Organizacional é percebida como um processo coletivo de pro- dução de sentidos e não apenas um sistema de informações. PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZA- CIONAL O modelo de comunicação de Gibson et al. (1981) apresenta o processo que envolve a transmissão da informação (mensagem), pelo que o autor considera como comunicador, por algum canal de comunicação até que chegue ao receptor. O resultado desta comunicação pode ser avaliado por feedback do receptor ao comu- nicador, que, por sua vez, pode reiniciar o pro- cesso de comunicação (Figura 1). Figura 1: Modelo de comunicação de Gibson et alli. Fonte: Adaptado de Gibson et alli (1981). • O meio: é o suporte da mensagem. As orga- nizações se comunicam de várias maneiras: face a face, por telefone, reunião, memoran- do, computadores. • O decodificador-receptor: o processo de co- municação para ser bem entendido precisa ser compreendido pelo receptor. Os recep- tores interpretam (decodificam) a mensagem através de experiências e estruturas de refe- rências anteriores. Quanto mais a mensagem decodificada representar aquilo que se foi pretendido pelo comunicador, melhor será a comunicação. 35 • O feedback: é necessário o processo de fee- dback para a comunicação, pois evita as dis- torções que poderão ocorrer na comunica- ção entre mensagem pretendida e proposta. • O ruído: é o conjunto de todos os fatores que distorcem a mensagem pretendida pelo comunicador. No que se refere especificamente aos ruídos no processo de comunicação, Curral e Chambel (2001) relacionam as seguintes categorias: • Problemas semânticos: problemas decorren- tes da complexidade da mensagem do emis- sor para o receptor. • Efeito do estatuto: o nível de estatuto de- termina a autoridade e a tendência de quem emite mais, ou menos, mensagens. • Ausência de feedback: não há certificação da efetividade da comunicação. • Distrações: eventos externos que interferem no processo de comunicação. • Percepção do outro: cada indivíduo tem uma percepção diferente do mundo, de acordo com as suas subjetividades, que pode in- fluenciar na interpretação da informação. Continuando a ideia de caracterização do processo de Comunicação Organizacional, é in- teressante referenciar o “modelo mecanicista” que, segundo Kunsch (2003), dominou a Comu- nicação Organizacional nas décadas de 1960, 1970 e 1980, e continua em pleno século XXI em algumas organizações. Tal modelo Considera e avalia a comunicação sob o prisma funcionalista e da eficácia organizacional (...). Preocupa-se com as estruturas formais e não formais de comunicação e com a prática em função do resultado, deixando de lado as análises do contexto social, político, econômico, tecnológico e organizacional (KUNSCH, 2003). Kunsh (2003) ressalta que as organizações precisam avaliar os fatores intrínsecos e extrín- secos do que constituem um aglomerado de pessoas que trabalham coletivamente para atin- gir metas, cada uma com a sua cultura, universo cognitivo, maneira de pensar, sob pressão dos ambientes internos e externos, além das bar- reiras presentes no processo de comunicação, pontuando o lado humano das organizações. É importante compreender a complexidade do ato comunicativo na gestão do processo de comuni- cação, relevando “as barreiras, os níveis de aná- lise, as redes, os fluxos, os meios e as diversas modalidades comunicacionais existentes”: • Barreiras: (i) pessoais, relevando as idiossin- crasias de cada indivíduo, bem como seus valores e emoções; (ii) administrativas, como a forma com que as organizações atuam e processam suas informações; (iii) excesso de informação, como consequência da falta de seleção de prioridades; (iv) comunicação incompleta e parcial, com informações frag- mentadas, distorcidas ou sonegadas; e (v) outras barreiras como audição seletiva, juízo de valor, falta de credibilidade da fonte de in- formação, semântica, linguagem intergrupal, diferença de status, entre outras. • Níveis de análise da comunicação: (i) intra- pessoal, sobre o que se passa dentro do indi- víduo; (ii) interpessoal, sobre o que se passa entre indivíduos; (iii) organizacional, sobre as relações internas da organização com o ambiente externo; e (iv) tecnológico, sobre a utilização de tecnologias para processar e distribuir informações. • Redes: (i) formais, que representam o con- junto de canais e meios decomunicação estabelecidos de forma consciente e deli- berada, traduzidos em normas e estratégias da organização; (ii) informação, baseado nas 36 relações sociais, que pode ser a forma mais rápida de atender as demandas mais urgen- tes e instáveis. • Fluxos comunicativos: tratam de hierarquia com comunicações verticais (descendentes e ascendentes) e horizontais (ou laterais). • Meios de comunicação: podem ser orais, di- retos e indiretos, escritos, pictográficos, sim- bólicos, escrito-pictográficos, audiovisuais, telemáticos e presencial pessoal. 37 Caro(a) acadêmico(a), que bom que você chegou até aqui. Se você está neste desafio é porque você leu todo o material de estu- dos (texto-base e leituras complementares) e respondeu o questioná- rio. A realização deste desafio é opcional. Trata-se de uma atividade pro- positivo-atitudinal. Ou seja, não compõe nota e não deve ser postada na plataforma. É apenas para que você tenha a oportunidade de cor- relacionar os conteúdos curriculares às diferentes situações práticas, alcançando a práxis. Vamos lá? Vamos testar suas habilidades comunicacionais? 1. Quando conversa com alguém, você consegue facilmente colocar- -se no lugar da outra pessoa? SIM NÃO MAIS OU MENOS 2. Você tem dificuldade de externar sua opinião quando as pessoas discordam de você? SIM NÃO MAIS OU MENOS 3. Você tem o hábito de interromper as pessoas enquanto elas estão falando? SIM NÃO MAIS OU MENOS 4. Você sente-se tranquilo para, educadamente, discordar de alguém em posição hierárquica superior à sua? SIM NÃO MAIS OU MENOS 5. Você demonstra irritação, aborrecimento ou excitação quando o ponto de vista da outra pessoa difere totalmente do seu? SIM NÃO MAIS OU MENOS DESAFIO 38 6. Você procura sempre o ambiente e o momento mais adequados para conversar sobre um assunto delicado? SIM NÃO MAIS OU MENOS 7. Você tem facilidade de ver as coisas pelo ponto de vista dos outros? SIM NÃO MAIS OU MENOS 8. Você tem facilidade em administrar a conversação? (por exemplo, escolher o assunto, cadenciar o ritmo da conversa, quando mudar de assunto etc.) SIM NÃO MAIS OU MENOS 9. Você gosta de dar explicações longas ou falar demoradamente sobre cada item de uma conversação? SIM NÃO MAIS OU MENOS 10. Ao falar com uma pessoa você presta atenção na linguagem corpo- ral dela e qual o seu significado? (expressão facial, postura, gestos etc.) SIM NÃO MAIS OU MENOS 11. Você tem o hábito de movimentar-se, mexer-se, ficar escrevendo ou fazer ligações telefônicas enquanto alguém fala com você? SIM NÃO MAIS OU MENOS 12. Você demonstra real interesse no que a outra pessoa está dizendo? (por exemplo, olhar nos olhos, ficar atento ao que diz, respeitar opinião) SIM NÃO MAIS OU MENOS 13. Você sente-se constrangido em solicitar ao interlocutor que expli- que novamente algo que você não entendeu? SIM NÃO MAIS OU MENOS 39 14. Você tem o hábito de fazer anotações sobre os itens mais impor- tantes de uma conversação? SIM NÃO MAIS OU MENOS 15. Você é do tipo caladão, que se expressa por monossílabos? SIM NÃO MAIS OU MENOS TOTAL DE PONTOS__________ Como saber a pontuação? Atribua 1 ponto para cada resposta SIM Atribua 0,5 ponto para cada resposta MAIS OU MENOS Atribua 0 (zero) para cada resposta NÃO Some as respostas e avalie o seu resultado: De 13 a 15 pontos. Ótimo. Você faz bom uso do seu papel de comuni- cador. Sabe quando falar e, também, quando e como ouvir. De 10 a 12,5 pontos. Você sabe se comunicar bem, mas, ocasional- mente, experimenta alguns problemas de comunicação. Reserve um tempo para pensar a respeito de sua abordagem de comunicação, principalmente em relação ao envio e recepção de mensagens no de- correr do diálogo. Abaixo de 10 pontos. Você necessita trabalhar suas habilidades de co- municação. Você não está se expressando adequadamente e, talvez, também não esteja filtrando as mensagens que recebe de forma cor- reta. A boa notícia é que dando mais atenção à comunicação, você irá melhorar sua habilidade de conversação e entendimento. FONTE: “Manual do Chefe em Apuros” de Ernesto Artur Berg, Juruá Editora. 40 O papel da comunicação e da informação no ambiente organizacional, sem dúvida, tem despertado o desenvolvimento de diferentes enfoques conceituais e teóricos. Todavia, a não-aplicabilidade de processos comunicativos relevantes no ambiente das organizações, principalmente em situações complexas, leva-nos a refletir sobre um novo conceito de comunicação organizacional. Neste arti- go, analisamos fundamentos teóricos da comunicação de Habermas e de Cohn e, principalmente, algumas contribuições do teórico da complexidade, Dominique Genelot, para o embasamento da comunicação organizacional como um elemento estratégico na realização dos objetivos e da inten- cionalidade das organizações. CARDOSO; Onésimo de Oliveira. Comunicação empresarial versus comunicação organizacional: novos desafios teóricos. RAP, Rio de Janeiro, v. 40, n. 6, p. 1123-1144, nov./dez. 2006. Disponível em: https://faculdadeprojecao. nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=190. Acesso em: 5 out. 2020. A Comunicação Organizacional é entendida, a partir do paradigma da com-plexidade, como pro- cesso de construção e disputa de sentidos no âmbito das relações organizacionais. Afirma-se que ela contempla três dimensões tensio-nadas e interdependentes: a organização comunicada (fala autorizada); a organi-zação comunicante (fala autorizada e demais processos comunicacionais que se atualizam sempre que alguém estabelecer relação direta com a organização); e a organização “falada” (processos de comunicação que, não sendo a partir de relações diretas com a organização, referem-se a ela). BALDISSERA, Rudimar. Comunicação empresarial na perspectiva da complexidade. ORGANICON, ano 6, edição especial, n. 10/11, p. 116-120, 2009. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resour- ce/view.php?id=192. Acesso em: 5 out. 2020. As diferentes perspectivas desenvolvidas pelos autores têm procurado evidenciar a relevância da comunicação organizacional para as organizações. O elo comum entre eles é a preocupação em conceituála e (re)definir o seu campo de abrangência. O presente artigo objetiva, portanto, resga- tar essas diferentes perspectivas quer do ponto de vista das teorias, quer do ponto de vista dos autores. ANDRADE SCROFERNEKER, Cleusa Maria. Trajetórias teórico-conceituais da comunicação organizacional. Re- vista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia - PUCRS, Porto Alegre, n. 31, p. 47-53, dez, 2006. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=191. Acesso em: 5 out. 2020. 1. Comunicação empresarial versus comunicação organizacional: Novos desafios teóricos 2. Comunicação organizacional na perspectiva da complexidade 3. Trajetórias teórico-conceituais da comunicação organizacional LEITURA COMPLEMENTAR A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são sugeridas três leituras: 41 Kunsch (2014) destaca o poder que a comunicação exerce no mundo con- temporâneo. Essa comunicação precisa ser considerada não meramen- te como instrumento de divulgação ou transmissão de informações, mas como processo social básico e como um fenômeno presente na sociedade. Deve ser concebida como um poder transversal que perpassa todo o sis- tema social global, incluindo neste âmbito as organizações. Em sua obra “Comunicação Organizacional: contextos paradigmas e abrangência con- ceitual”, Kunsch (2014) analisa o papel das organizações no contexto da sociedade contemporânea, suas transformações, implicações e novas exi- gências; enfatiza a importância de considerar o ambiente socioeconômico para situar as práticas da comunicação organizacional, e destaca o poder que a comunicação exerce na era digital com todoo aparato das inovações e implementações tecnológicas, bem como dos impactos na comunicação das organizações. Leia o artigo de Kunsch (2014) e conheça mais sobre os conceitos e funda- mentos da comunicação organizacional. Você pode acessar a obra completa pela referência: KUNSCH, M. M. K. Comunicação Organizacional: contextos, paradigmas e abrangência conceitual. Matrizes, v. 8, n. 2, p. 35-61, 2014. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/002682118. Acesso em: 5 out. 2020. Navegue, leia e saiba mais! SAIBA + 42 Referências ANDRADE SCROFERNEKER, Cleusa Maria. Trajetórias teórico-conceituais da comunicação or- ganizacional. Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia - PUCRS, Porto Alegre, n. 31, p. 47- 53, dez, 2006. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view. php?id=191. Acesso em: 5 out. 2020. BALDISSERA, Rudimar. Comunicação empresarial na perspectiva da complexidade. ORGANICON, ano 6, edição especial, n. 10/11, p. 116-120, 2009. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nu- cleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=192. Acesso em: 5 out. 2020. CARDOSO; Onésimo de Oliveira. Comunicação empresarial versus comunicação organizacional: no- vos desafios teóricos. RAP, Rio de Janeiro, v. 40, n. 6, p. 1123-1144, nov./dez. 2006. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=190. Acesso em: 5 out. 2020. CURRAL, L.; CHAMBEL, M. J. Processos de comunicação nas organizações. In: José FERREIRA, Maria Carvalho. Manual de psicossociologia das organizações. Cap. 13. FERREIRA, J.M.C et al. (Co- ords.). Lisboa: McGraw Hill, 2001. DEETZ, S. Conceptual foundations. In: JABLIN, F. M.; PUTNAM, L. L. (Orgs.). The new handbook of organizational communication: advances in theory, research, and methods. Thousand Oaks, CA, 2001, p.3-46. GIBSON, J. L. et al. Organizações: comportamento, estrutura, processos. São Paulo: Atlas, 1981. IASBECK, L. C. A. A cultura organizacional na comunicação empresarial. São Paulo: Intercom, 1999. KUNSCH, M. M. K. Comunicação Organizacional: contextos, paradigmas e abrangência conceitu- al. Matrizes, v. 8, n. 2, p. 35-61, 2014. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/002682118. Acesso em: 5 out. 2020. KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Sum- mus, 2003. MEDRANO, J. A. V. Comunicação organizacional integrada: alicerce intrínseco da economia de co- munhão. Tese de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Esco- la de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007. QUINN, J. B. Intelligent enterprises. New York: Free Press, 1992. QUINN, J. B. et alii. Innovation explosion: using intellect and software to revolutionize growth stra- tegies. New York: Free Press, 1997. 43 SCROFERNEKER, C. M. A. Trajetórias teórico-conceituais da comunicação organizacional. FAME- COS. Porto Alegre, n. 31, p. 47-53, dez. 2006. TUBBS, S. L.; MOSS, S. Human communication: principles and contexts. 9. ed. Boston: McGraw- -Hill, 2003. 44 APRENDIZAGEM E CULTURA ORGANIZACIONAIS MÓDULO 4 45 A Aprendizagem Organizacional é abor- dada por Argyris e Senge como organizações que aprendem. As organizações que apren- dem são instituições nas quais as pessoas se voltam para a aprendizagem coletiva, o que requer o comprometimento com resultados que sejam motivadores (SENGE, 1990). No que se refere à Aprendizagem Organizacio- nal, Senge (1990) sugere as cinco disciplinas básicas do aprendizado: (i) domínio pessoal; (ii) visão compartilhada; (iii) modelos mentais; (iv) aprendizado em equipe; e (v) pensamento sistêmico. Ainda segundo o autor, é necessária uma perspectiva de liderança diferente da tradicional, com projeção de processos de aprendizagem, abertura e aceitação de ou- tras visões que seu grupo possa ter, de modo a compartilhar a realidade da organização e propiciar a aprendizagem coletiva. Argyris representa a Aprendizagem Orga- nizacional a partir da teoria da ação, que en- volve os componentes: estratégias de ação, valores que orientam as escolhas, e os pres- supostos. O modelo de Argyris possui dois segmentos: i. o proclamado, adoção consciente e que possui justificativas; e ii. a aplicada, implícita nas estratégias de ação. Nesse sentido, a Aprendizagem Orga- nizacional pode envolver a identificação e a correção do erro pelo circuito único – per- mitindo a alcance dos objetivos da organi- zação – e pelo circuito duplo – permitindo visão nova dos objetivos, políticas e normas da organização. Guimarães (2004), que sugere que o con- ceito de organização que aprende, demons- tra a aplicabilidade em organizações em que as relações interpessoais entre os membros organizacionais são saudáveis, com a comu- nicação ampla e aberta, onde a inovação e a mudança são incentivadas e aceitas, e onde as pessoas percebem a interdependência en- tre o seu trabalho e o das demais. Esse co- nhecimento permite que a organização possa avançar e evoluir, para que com isso o suces- so individual contribua para eficiência e a efi- cácia organizacional. Segundo Freitas e Brandão (2005) a aprendizagem significaria, então, o processo pelo qual se adquire a competência, enquan- to o desempenho da pessoa no trabalho re- presentaria uma expressão de suas compe- tências, uma manifestação daquilo que ele aprendeu ao longo de suas vidas. Para Bastos et al. (2004), a aprendizagem organizacional constitui um processo amplo e complexo re- lacionado a uma abordagem cognitivista e fa- APRESENTAÇÃO Caro estudante, seja bem-vindo ao quarto módulo da unidade curricular “Alinhamento Estratégico”. Neste módulo, você vai conhecer sobre as principais definições relacionadas à aprendizagem organizacional e à consequente cultura organizacional, principalmente, na rela- ção entre as áreas de negócio e a área de tecnologia da informação e comunicação. 46 tores intra e interpisíquicos, e envolve uma mu- dança comportamental e atitudinal que envolve os planos afetivo, motor e cognitivo. A Aprendizagem Organizacional envolve e por sua vez é envolvida por estratégias organiza- cionais, de modo a subsidiar a gestão e propor- cionar mudanças estruturais e de produtividade, relacionando capacidades de renovação contí- nua a partir de: i. incentivo ao aprendizado entre toda a equi- pe; ii. cultura transcendente de aprendizagem; iii. desenvolvimento de recursos humanos como política estratégica; e iv. contínua busca por transformação organiza- cional. ELEMENTOS CENTRAIS DA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL A aprendizagem a nível organizacional pode ser maior que a aprendizagem individual, porém não se estabelece sem ela. Nonaka e Takeuchi (1997) consideram que a mediação da aprendi- zagem individual para o nível organizacional de- pende de quatro formas de tratamento e conver- são dos conhecimentos tácito e explícito: i. socialização, conversão do conhecimento tá- cito para tácito; ii. externalização, conversão do conhecimento tácito para explícito; iii. combinação, conversão do conhecimento explícito para explícito; e iv. internalização, conversão do conhecimento explícito em tácito. Schein (1985) agrega a Cultura Organizacio- nal como elemento que favorece a Aprendiza- gem Organizacional, uma vez que se desenvolve em grupo por meio do compartilhamento de um conjunto de crenças, valores, símbolos e normas. No contexto Inter organizacional, alianças, fusões e aquisições se traduzem nas estratégias mais comuns utilizadas no compartilhamento e aquisição de novos conhecimentos. Sendo as- sim, percebe-se que as organizações optam pela busca de novos conhecimentos quando pressio- nadas pelas forças ambientais. Diante disso Child et al. (2005) afirmam que entre as motivações que levam uma organização a interagir com ou- tras organizações está a necessidade de adquirir novas competências que viabilizem inovações de reconhecido valor econômico
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