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Medicina Laboratorial - Urinálise

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Urinálise 
INTRODUÇÃO 
A urina é formada pelos rins e seus principais 
constituintes são água, ureia, ácido úrico, 
creatinina, sódio, potássio, cloreto, cálcio, 
magnésio, fosfatos, sulfatos e amônia. Em 24 
horas, o organismo excreta cerca de 60 gramas de 
materiais dissolvidos, dos quais metade 
corresponde à ureia. Em determinadas situações 
patológicas, algumas substâncias são encontradas, 
como glicose, proteínas, corpos cetônicos, 
porfirinas e bilirrubinas em grandes quantidades. 
Além dessas substâncias, algumas células podem 
fazer parte de sua composição, como células 
epiteliais escamosas, uroepiteliais e tubulares 
renais. As células epiteliais escamosas revestem a 
uretra dos homens e mulheres e a vagina das 
mulheres, são as células mais comuns e 
numerosas na urina. 
A hidratação do indivíduo está diretamente 
relacionada com a concentração de urina a qual 
varia de acordo com a cor. 
 
De 1 a 3 o indivíduo encontra-se hidratado, de 4 a 
6 à sinal de atenção em relação à hidratação; de 
7 a 8 à indicam a desidratação. 
EXAMES DE URINA 
• Urina tipo I; 
• Urina 24 horas; 
• Urocultura. 
O exame de urina 24 horas deve ser solicitado 
quando é necessário avaliar as concentrações 
exatas das substâncias urinárias, visto que essas 
são secretadas em concentrações variadas ao 
longo do dia, assim, é necessário a coleta ao longo 
de 24 horas. Antes de iniciar este procedimento, o 
paciente deve esvaziar sua bexiga e essa urina é 
desprezada, tendo início aproximado às 8 horas da 
manhã, assim, toda a urina feita a partir do 
primeiro esvaziamento é coletada até as 24 horas 
seguintes, incluindo a última urina que deverá ser 
realizada por volta das 8 horas da manhã. 
O recipiente, após as coletas, deve ser mantido 
sob refrigeração durante todo o período de coleta. 
Em algumas dosagens na urina de 24 horas em que 
apenas a refrigeração não basta, faz-se necessário 
a adição de conservantes químicos. Para que esse 
teste seja preciso, é de extrema importância que 
toda a urina feita nesse período seja coletada e 
cronometrada. 
• Exame de características físicas (cor, aspecto, 
odor e gravidade/densidade); 
• Exame químico ou bioquímico (pH, proteínas, 
glicose, cetonas, sangue, bilirrubina, nitrito, 
esterase leucocitária e urobilinogênio; 
• Urocultura; 
• Análises de estruturas microscópicas no 
sedimento. 
Urina tipo I 
Na atualidade, o exame de rotina completo de 
urina (urina tipo I) ou urinálise pode receber 
diferentes denominações, tais como exames 
simples de urina, uroanálise, elementos anormais 
e sedimento (EAS), 3 A+S (albumina, açúcar e 
acetona, + sedimento), entre outras. 
São incluídos os exames físicos, químicos e 
microscópio da urina, que são realizados (desde a 
etapa da coleta e transporte da amostra até a 
Beatriz Loureiro 
interpretação dos resultados) de acordo com a 
padronização técnica do CLSA’88 para permitir 
que os resultados sejam confiáveis e comparáveis. 
Esse exame apresenta duas vantagens principais: 
(1) a amostra de urina pode ser obtida facilmente 
por métodos não invasivos; (2) é possível obter 
muita informação sobre o estado de 
funcionamento do metabolismo do corpo, do 
fígado e dos rins. Além disso, esse exame fornece 
indícios da presença de doenças ou de infecção do 
trato urinário por meio de testes simples, 
confiáveis e baratos. 
COLETA DE URINA 
A padronização da coleta de urina (fase pré-
analítica) é muito importante. As amostras de 
urina são obtidas pela técnica de coleta do jato 
médio, uso de saco coletor adesivo para crianças, 
por sonda vesical ou punção suprapúbica quando 
necessários. 
 
 
O procedimento mais usual para coleta de urina 
consiste em: 
1. O uso de um recipiente limpo, seco e estéril no 
caso de urocultura; 
2. A coleta do jato médio após cuidados de 
higiene; 
3. Antes da coleta, a genitália externa (homens e 
mulheres) deve ser higienizada, com solução 
antisséptica suave (se a pessoa coletar em 
casa, o ideal é a lavagem das genitálias); 
4. Durante a coleta, o jato inicial é desprezado, o 
jato médio é coletado no frasco e o jato final 
também é desprezado; 
5. O ideal é que a amostra de urina seja 
examinada imediatamente após a micção, 
visto que após 6h em temperatura ambiente 
pode ocorrer contaminação por bactérias, 
dissolução de células e cilindros e alteração do 
equilíbrio ácido-básico. Se não for possível 
examinar imediatamente a amostra, manter a 
urina sob refrigeração, ou então recomenda-
se a fixação da amostra com preservante. 
EXAMES DE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS 
Cor 
Variação de cor na urina normal é determinada 
pela concentração desta, a qual varia de amarelo 
pálido a amarelo âmbar escuro, de acordo com a 
quantidade dos pigmentos urocromo, urobilina e 
uroeritina. Há alguns fatores que podem alterar 
essa coloração, como a dieta, uso de medicações 
e produtos químicos presentes em doenças. 
A urina de cor pálida ou incolor é muito diluída e 
pode ser decorrente do aumento no consumo de 
líquidos, medicamentos diuréticos ou diabetes. 
A urina de cor vermelha indica a presença de 
hemácias (hematúria), hemoglobina livre 
(hemoglobina), mioglobina (mioglobinúria), e a 
cor pode variar de rosa a preta, dependendo da 
quantidade de hemácias ou pigmentos. 
Outra causa de urina castanho-escuro ou preta 
consiste em alcaptonúria, distúrbio em que o 
ácido homogentísico é excretado na urina, isso 
ocorre devido ao distúrbio no catabolismo de 
tirosina e fenilalanina pela ausência da enzima 
ácido homogentísico. Pacientes com icterícia 
obstrutiva excretam a bilirrubina através da urina, 
o que confere uma cor castanho amarelado ou 
verde amarelado, isso ocorre devido ao pigmento 
biliverdina, produto oxidado da bilirrubina. 
Beatriz Loureiro 
Aspecto 
Em geral, a urina é transparente, entretanto, pode 
turvar-se em decorrência da precipitação de 
fosfatos amorfos em urina alcalina ou de uratos 
amorfos em urina ácida. Fosfatos amorfos são 
precipitados brancos que se dissolvem mediante a 
adição de ácido e os uratos amorfos apresentam 
cor rosa dos pigmentos urinários e se dissolvem 
quando a amostra é aquecida. 
Essa pode se apresentar turva em decorrência da 
presença de leucócitos, hemácias, células 
epiteliais ou bactérias. O muco pode acarretar em 
um aspecto brumoso, e as gorduras ou linfa 
acarretam em aspecto leitoso. 
Odor 
Apesar de não ser relatado em muitos laudos, 
pode ter um significado importante, por exemplo, 
a presença de cetonas exibe um odor adocicado 
ou frutoso, a urina com odor de xarope de bordo 
é indicativo da doença da urina em xarope de 
bordo (distúrbio metabólico congênito), entre 
outras causas. 
Gravidade específica 
Esse exame compara a densidade da urina com a 
densidade da água, o que pode avaliar se os rins 
estão diluindo a urina. A densidade da urina 
normal de 1.005 a 1.035. 
Exame de características físicas 
Será considerado normal quando apresentar odor 
sul generis, cor amarelo citrino, aspecto límpido e 
densidade entre 1005 a 1035. Lembrando que a 
densidade da água é 1000, a densidade será baixa 
(valores mais próximos de 1005) quando a urina 
estiver diluída e hipotônica, resultado que pode 
indicar hipervolemia, hipertensão arterial, 
aumento de pressão intracraniana, volume 
excessivo de soro endovenoso ou insuficiência 
renal crônica que podem reduzir a densidade para 
valores anormais em casos graves. 
Quando a urina está concentrada, ela tem cor e 
cheiro mais fortes e terá densidade elevada 
(valores próximos ou maiores que 1035), podendo 
estar associada a vômitos e diarreias, febre, 
diabetes mellitus, glomerulonefrite e insuficiência 
cardíaca congestiva. A presença de quantidade 
excessiva de solutos como glicose, ureia e 
contraste radiológico eleva a densidade para 
valores anormais. A turvação na urina pode indicar 
infecção do trato urinário, presença excessiva de 
proteínas, sedimentos, cristais e células. A urina 
escura (marrom) ou vermelha e anormal, pode 
indicar infecçãorenal, presença de sangue ou 
urobilinogênio na urina. 
EXAME BIOQUÍMICO 
Esse exame normalmente é feito com uma tira 
reagente para sua realização, é uma tira estreita 
de plástico com campos com cores diferentes 
afixados, sendo que cada um contém reagentes 
para uma reação distinta e a realização de vários 
testes simultâneos. As cores geradas após o 
contato da urina nos campos são comparadas 
visualmente a um espectro de cores em quadros 
coloridos e são específicos para cada marca. Para 
garantia de um resultado fidedigno, a embalagem 
que armazena as fitas não deve ser mantida em 
refrigerados nem a temperatura superior a 30°C, 
assim como exposição solar, calor, substâncias 
voláteis e umidade. A urina deve ser testada em 
temperatura ambiente, caso a amostra tenha sido 
refrigerada, deve voltar a temperatura ambiente 
para realizar o teste. 
A fita deve ser totalmente imersa na urina e após 
cerca de cinco minutos retirada, limpar o excesso 
da parte de trás com papel, ler no quadro de cores 
do fabricante (o que pode ser lido em 
equipamentos semiautomatizados ou totalmente 
automatizados) e anotar os resultados obtidos 
para os parâmetros analisados de pH, proteínas, 
glicose, cetonas, sangue, bilirrubina, nitrito, 
esterase leucocitária e urobilinogênio. 
Dependendo do fabricante das fitas, pode ser 
expresso de cruzes (negativo, positivo + até ++++) 
ou concentrações aproximadas em mg/dL. 
Beatriz Loureiro 
 
pH 
Os rins controlam o equilíbrio eletrolítico ácido-
básico mantendo o pH do sangue. Para manter o 
pH do sangue em torno de 7,4, o rim varia o pH da 
urina para compensar a dieta e os produtos do 
metabolismo, assim, esse é controlado de acordo 
com a concentração de H+ livre, logo, se essa 
concentração aumenta, o pH da urina diminui e ao 
contrário aumenta podendo variar de 4,6 a 8,0, 
mantendo-se em média de 6,0. 
O valor considerado normal é de 5,5 a 6,5, porém 
não há um valor anormal para urina, podendo essa 
se manter ácida ou alcalina, cabe ao médico 
associar o valor do pH com outro dado para saber 
se há algum problema. 
Proteínas 
As proteínas são indicadores muito sensíveis de 
função glomerular e tubular dos rins. Os rins 
eliminam uma pequena quantidade diária 
considerada normal de proteínas (visto que uma 
de suas funções é manter as proteínas plasmáticas 
em níveis normais), e são aquelas que tem baixa 
massa molecular. Após a filtração, as proteínas são 
reabsorvidas nos túbulos, assim os rins excretam 
menos de 150 mg a cada 24 horas, ou seja, 20 
mg/dl, valor esse não detectável no exame de 
urina. 
Normalmente, as proteínas que são excretadas 
contêm uma mucoproteína chamada de Tamm-
Horsfall, e essa forma a matriz da maioria dos 
cilindros urinários. Os valores de referência vão de 
10 a 140 mg/dl. 
Glicose 
Os açúcares não são componentes normais na 
urina e são filtrados no glomérulo e reabsorvidos 
nos túbulos proximais para evitar a perda de 
carboidrato, esse mecanismo é eficiente, porém 
quando a glicose plasmática ultrapassa 180 mg/dl, 
a capacidade de reabsorção é excedida e os 
açúcares passam para a urina. Está presente em 
casos de hiperglicemia, ou seja, indivíduos 
diabéticos. 
Cetonas 
Em condições normais, os compostos 
acetoacetato, hidroxibutirato e acetona (corpos 
cetônicos) não são encontrados na urina, os quais 
são formados excessivamente em decorrência de 
distúrbios do metabolismo de carboidratos e 
lipídios, como em indivíduos diabéticos em que há 
intenso catabolismo de ácidos graxos. As cetonas 
são encontradas na urina quando há excesso na 
corrente sanguínea. A produção excessiva de 
cetonas na urina (cetonuria) está relacionada ao 
diabetes mal controlado, alcoolismo, jejum, 
desnutrição e dietas com elevados níveis de 
proteínas. 
Sangue 
Pode surgir na urina após passagem pelo filtro 
glomerular, através das células tubulares ou entre 
elas, ou por inflamação ou trauma na mucosa do 
trato urinário inferior. A hematúria (presença de 
sangue na urina) é classificada em glomerular e 
não glomerular, de acordo com a origem do 
sangramento. A presença de hemácias 
dismórficas, proteinúria intensa, cilindros 
hemáticos são indícios de hematúria glomerular. 
Além da presença de sangue, pode ocorrer a 
presença de hemoglobina livre (hemoglobinúria) 
decorrente da hemólise e, ainda, a mioglobinúria 
decorrente da proteína heme de músculos 
estriados. 
A hemoglobinúria pode ser identificada quando o 
plasma se encontra vermelho e a urina vermelha, 
Beatriz Loureiro 
já a mioglobinúria quando o plasma se encontra 
límpido e a urina vermelha. 
Bilirrubina 
A bilirrubina é um produto da degradação da 
hemoglobina e seu transporte do sangue ao fígado 
depende da albumina, assim, a bilirrubina livre ou 
não conjugada não é filtrada pelos glomérulos. 
Porém, a bilirrubina conjugada (não está ligada à 
proteína) é excretada do fígado e encontrada em 
quantidades muito pequenas na corrente 
sanguínea, é facilmente filtrada através do 
glomérulo e excretada na urina sempre que os 
níveis plasmáticos estiverem elevados. 
Uribilinogênio 
É um produto da bilirrubina excretada no intestino 
pelos ductos biliares e pela ação de bactérias 
intestinais é transformada em urobilinogênio, 
sendo uma parte excretada na urina e a maior 
parte do fígado para o intestino. Sua concentração 
está relacionada ao aumento de bilirrubina. É útil 
no diagnóstico de doenças hepáticas, obstrução 
intestinal e alteração da flora bacteriana. 
Nitrito 
É um teste muito útil na detecção precoce de 
bacteriúrias significantes e assintomáticas. 
Bactérias capazes de causar infecções do trato 
urinário, como a Escherichia coli, espécies de 
Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella e Proteus, 
produzem enzimas que fazem a redução de nitrato 
a nitrito. Para a avaliação adequada, a urina deve 
permanecer na bexiga pelo menos quatro horas, 
dessa forma, a primeira urina da manhã é ideal 
para esse teste. Sendo indicado pela positividade 
do teste. 
Esterase leucocitária 
É útil para detecção de leucócitos na urina, sendo 
o leucócito mais comum encontrado, o neutrófilo, 
o qual, normalmente, pode aparecer em 
quantidades baixas. Assim, o número aumentado 
de neutrófilos em geral indica infecção do trato 
urinário, sendo indicada pela positividade do 
teste. A pesquisa de infecções também inclui a 
análise do pH, proteínas e nitrito. 
ALTERAÇÕES NO EXAME QUÍMICO 
As alterações no exame químico podem estar 
relacionadas com o desenvolvimento de doenças. 
Como a seguinte relação: 
• Bilirrubina (dano hepático, icterícia obstrutiva 
ou obstruções biliares); 
• Urobilinogênio (dano hepático, icterícia 
hemolítica, ou alterações na microbiota 
intestinal); 
• Corpos cetônicos (anomalias metabólicas, 
intenso catabolismo de ácidos graxos, 
indicação de cetoacidose); 
• Glicose (detecção e monitoramento de 
diabetes); 
• Proteínas (doenças do trato urinário); 
• Sangue (infecções graves do trato urinário); 
• pH (útil na relação com outros parâmetros); 
• Nitrito (infecção bacteriana dos rins ou trato 
urinário); 
• Leucócito (doenças do trato urinário e 
inflamação renal); 
• Densidade (concentração dos rins). 
 
Beatriz Loureiro 
 
ANÁLISE DE ESTRUTURAS MICROSCÓPICAS NO 
SEDIMENTO 
O exame microscópico do sedimento urinário é de 
extrema importância no exame de urina, 
principalmente quando os achados físicos e 
químicos estão anormais. A avaliação do 
sedimento urinário identifica células como os 
eritrócitos, leucócitos e células epiteliais, os 
cilindros, cristais e microrganismos. 
Além das células e outras substâncias 
encontradas, na microscopia é possível ver a 
presença de muco, que é uma proteína fibrilar 
produzida tanto pelo epitélio tubular renal quanto 
pelo epitélio vaginal, não tem significado clínico e 
quando em excesso pode estar associado à 
contaminação vaginal. 
As alterações físicas e químicas na urina podem 
afetar a morfologia do sedimento urinário, assim, 
uma urina concentrada apresenta células 
crenadas,ao contrário, se diluída em geral causa 
lise das células e em urinas muito alcalinas, 
eritrócitos, leucócitos e cilindros podem sofrer 
lise. 
Em relação à análise do sedimento urinário, a 
presença de células epiteliais escamosas no 
sedimento urinário indica contaminação, e a 
presença de células epiteliais de transição é 
normal, exceto quando se apresentam em grandes 
quantidades e anormais. A presença de leucócitos 
e hemácias em pequenas quantidades por campo 
de leitura é considerada normal, ao contrário, 
pode estar associada à alguma patologia. 
Os cilindros são formados nos túbulos distais e nos 
ductos coletores e não são detectados no 
sedimento normal, por esta razão a presença de 
cilindros geralmente indica doença renal. 
Já os cristais, sua presença é comum, visto que se 
trata de uma formação decorrente da precipitação 
de sais da urina submetidos a variações de pH, 
temperatura ou concentração, o seu significado 
clínico é limitado. 
Os cristais que se formam normalmente na urina 
são constituídos de oxalato ou fosfato de cálcio e 
uratos amorfos (urina ácida) ou carbonato de 
cálcio, biurato de amônio e fosfato amorfo (urina 
alcalina), porém são considerados anormais 
cristais como os de cistina, que indicam risco de 
cálculos renais e os de estruvita (magnésio-
amônio-fosfato ou fosfato triplo), provocadas por 
bactérias como Proteus ou Klebsiella. 
Cristais de tirosina indicam uma condição rara de 
prognostico ruim chamada de leucinose ou 
doença da urina de xarope de bordo (DXB), porque 
a urina tem cheiro de açúcar queimado. É uma 
doença genética que oferece risco de 
desenvolvimento de retardo mental grave se não 
for tratada com dieta rigorosa sem proteínas 
animais. Outros cristais anormais são os de urato 
ou acido úrico presente em pacientes com gota ou 
neoplasias como leucemia, os de colesterol e de 
bilirrubina que podem indicar doença hepática. 
Os cilindros possuem significado clínico quando 
presentes, dessa forma, é importante conhecê-los. 
Hialinos: têm origem na secreção tubular e estão 
relacionados com a glomerulonefrite, pielonefrite, 
doença renal crônica, estresse e exercícios físicos. 
Hemáticos: são hemácias ligadas à matriz proteica 
e estão relacionados com a glomerulonefrite e 
exercícios físicos intensos. 
Leucocitários: são leucócitos ligados à matriz 
proteica e estão relacionados à pielonefrite e 
nefrite intersticial aguda. 
Bacterianos: são bactérias presas à matriz e estão 
relacionados com a pielonefrite. 
Beatriz Loureiro 
Células epiteliais: são células ligadas à matriz e 
estão relacionados com lesão no túbulo renal. 
Granulares: são decorrentes da desintegração de 
cilindros leucocitários e estão relacionados com a 
glomerulonefrite, pielonefrite, estresse e 
exercícios físicos. 
Céreos: são cilindros hialinos e granulares e estão 
relacionados com a estase do fluxo urinário. 
 
 
DIAGNÓSTICO DE ITU: UROCULTURA 
Bacterioscopia 
Consiste em se preparar, a partir da amostra de 
urina, uma lâmina corada pelo método de Gram 
para identificação da bactéria no microscópio. 
Urocultura 
Método utilizado para pesquisa e isolamento de 
agente patogênico de infecções do trato urinário. 
Tem a vantagem de existir diversos meios 
seletivos para as diferentes bactérias Gram 
negativas ou Gram positivas, do tipo aeróbios ou 
anaeróbios facultativos, além de fungos e 
leveduras. 
ITU: é uma das mais frequentes infecções 
bacterianas que pode acometer o ser humano, 
sendo mais predominante entre adultos e mais 
frequentes no sexo feminino. 
 
As ITUs podem ser classificadas de acordo com o 
local em que se instala, bem como sua gravidade. 
A infecção urinária pode comprometer somente o 
trato urinário baixo, o que especifica o diagnóstico 
de cistite, podendo ser sintomática ou não. 
Habitualmente, as cistites são infecções não 
complicadas. Caso afete simultaneamente o trato 
urinário inferior e superior, utiliza-se a 
terminologia infecção urinária alta, também 
denominada pielonefrite. Estas são mais 
complexas, estando frequentemente associadas 
com a presença de cálculos renais. Tanto a 
infecção urinária baixa como a alta podem ser 
agudas ou crônicas e sua origem pode ser 
comunitária ou hospitalar. 
A ITU recorrente é caracterizada pela presença de 
dois ou mais episódios de ITU em seis meses ou 
três ou mais episódios ao ano após a cura da 
primeira infecção e ocorre em aproximadamente 
30 a 50% das mulheres que desenvolvem o quadro 
de cistite aguda. Fatores que influenciam: 
• Comportamentais: fatores de risco 
comportamental, como frequência de relação 
sexual, coito anal seguido de coito vaginal e 
uso de espermicida (em especial quando na 
utilização conjunta ao diafragma), associadas 
com infecção urinária recorrente. 
• Anatômicas: algumas anormalidades 
anatômicas também predispõem à infecção 
urinária, como distância entre a uretra e ânus, 
presença de cistocele, prolapso uterino e 
retocele. Além disso, mulheres na pós-
Beatriz Loureiro 
menopausa apresentam maior risco de 
infecção recorrente por alterações mecânicas 
e outros fatores fisiológicos. 
O diagnóstico das ITUs se dá pela análise clínica 
juntamente com a anamnese do paciente 
realizada pelo médico, quando este, 
normalmente, encontra um quadro de disúria, 
urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor 
suprapúbica. 
A infecção do trato urinário alto, que 
habitualmente se inicia como um quadro de 
cistite, é habitualmente acompanha de febre, 
calafrios e de dor lombar, uni ou bilateral. Essa 
tríade: febre mais calafrios mais dor lombar está 
presente na maioria dos quadros de pielonefrite. 
Não é possível fechar o diagnóstico com o exame 
de rotina, servindo este apenas para o rastreio e 
para apontar indícios de infecção do trato urinário 
e algumas doenças metabólicas. Os casos de 
infecções do trato urinário (ITU) são confirmados 
através da realização de urocultura para a 
identificação e isolamento do microrganismo 
patogênico, sendo muitas vezes acompanhado do 
antibiograma para testar a sensibilidade ou 
resistência do microrganismo aos antibióticos, útil 
para orientar o tratamento mais adequado. 
UROCULTURA 
A urocultura é um procedimento realizado em um 
meio de cultura com uma amostra da urina do 
paciente para identificar o crescimento 
bacteriano. A urina para urocultura deve ser 
obtida a partir do jato médio da primeira urina da 
manhã e colhida com auxílio de técnicas 
assépticas, preferencialmente em período de não 
vigência de antibioticoterapia. 
Apesar de a primeira urina da manhã conter 
potencialmente maior população de bactérias 
devido ao maior tempo de incubação, a 
sintomatologia exuberante da ITU com elevada 
frequência urinária dificulta esta medida. 
Desta forma, a urina de qualquer micção pode ser 
valorizada desde que obtida com um intervalo de, 
no mínimo, duas horas após a micção anterior, 
período que corresponde ao tempo de latência 
para o crescimento bacteriano, para que se evitem 
falsos negativos. 
O meio sólido ou em ágar e o mais econômico e 
amplamente utilizado para urocultura, o meio 
usual e o CLED (cistina lactose deficiente em 
eletrólitos que é um meio rico contendo lactose e 
cistina permitindo diferenciar Gram positivos de 
Gram negativos fermentadores de lactose 
(alteram a cor verde do ágar para amarelo 
impedindo crescimento do véu de Proteus e 
favorecendo o crescimento de colônias anãs. De 
acordo com a padronização de cada laboratório, 
pode se optar por semear em ágar sangue e ágar 
MacConkey em vez de CLED, havendo a disposição 
placas duplas CLED MacConkey. Agora um ponto 
importante a cultura negativa e liberada como 
ausência de crescimento bacteriano nas condições 
utilizadas para o teste. Quando ocorre 
crescimento de três ou mais agentes em urina de 
jato médio, considera se a possibilidade de 
contaminação e indica se nova cultura com outra 
amostra. Mas atenção em urina coletada por 
punção supra púbica, dois microrganismos podem 
indicar poli infecção.Resultados 
Para o diagnostico de bacteriúria, deve ser 
considerado um numero superior a 105 
colônias/ml de urina, mas esse critério pode variar 
de acordo com a situação em relação ao paciente, 
sexo e uso de algum tipo de medicamento, 
principalmente antibióticos. Por isso esse 
diagnóstico é alvo de questionamentos para 
caracterização de uma ITU. 
Uma urocultura é considerada positiva quando, 
após este mesmo tempo, é possível identificar 
mais que 100.000 colônias de bactérias, chamadas 
de unidades formadoras de colônias (UFC). Por sua 
vez, uma urocultura é considerada negativa 
quando, após 48-72 horas de incubação da urina 
Beatriz Loureiro 
em meio de cultura, não se observa crescimento 
de colônias de bactérias. 
Por fim, é importante considerar que valores 
abaixo de 10.000 UFC são considerados 
contaminações de coleta. Há, entretanto, algumas 
observações a serem feitas: 
1. Se o paciente estiver tomando antibióticos, 
estes podem inibir o crescimento das 
bactérias, e mesmo um resultado com menos 
de 100.000 UFC deve ser sempre valorizado; 
2. Em homens, o risco de contaminação é menor, 
portanto, valores maiores que 10.00 UFC já 
devem ser valorizados; 
3. Quando crescem bactérias da família 
Pseudomonas, Klebsiella, Entorobacter, 
Serratia ou Moraxella, o resultado deve ser 
levado em conta mesmo com contagens 
menores que 100.000 UFC. 
CASO CLÍNICO 
Amostra de uma mulher de 25 anos, sexualmente 
ativa, a qual relatou dor durante a micção e a cor 
da urina levemente rosada. O exame físico da 
urina relatou cor rosada, aspecto normal, odor 
normal e densidade de 1020. O exame químico 
evidenciou pH de 6,0, proteínas positivas, 
hemácias positivas, leucócitos positivos e nitrito 
positivo. A análise de sedimento urinário mostrou 
a presença de seis hemácias por campo, flora 
bacteriana presente, muito muco e leucócitos 
incontáveis. Dentro do contexto da análise 
urinária, qual o provável diagnóstico da paciente e 
quais os dados laboratoriais que o levaram a esse 
diagnóstico? 
Resolução 
O provável diagnóstico da paciente é de infecção 
bacteriana e os dados que fazem com que se 
chegue a esse diagnóstico são: a sintomatologia da 
paciente, a qual relata dor ao urinar e coloração 
rosada na urina. Além da sintomatologia, os dados 
que confirmam a suspeita são: cor rosada da 
amostra, hemácias positivas (dado que explica a 
cor da urina rosada), leucócitos positivos 
(indicativo de infecção) e nitrito positivo (é um 
teste muito útil na detecção precoce de 
bacteriúrias significantes e assintomáticas, 
algumas espécies de bactérias convertem nitrato a 
nitrito), a presença de seis hemácias por campo 
(confirma a cor encontrada e evidencia que não 
está normal a urina), flora bacteriana presente 
(confirma o resultado), muito muco e leucócitos 
incontáveis (confirma a infecção e deduz-se que a 
infecção é grave). 
CASO CLÍNICO 
O paciente de 65 anos relatou ao médico 
emagrecimento e sede excessiva. O médico então 
solicitou exames de sangue e de urina tipo 1. Após 
coletar as amostras no laboratório, essas foram 
encaminhadas para análise. A amostra de urina 
apresentou odor adocicado ou frutoso, e 
positividade para glicose e cetonas. Dentro desse 
contexto, qual a provável alteração que esteja 
ocorrendo no paciente? 
Resolução 
De acordo com dois sintomas apresentados pelo 
paciente e com as alterações laboratoriais, urina 
com odor adocicado devido ao aumento de 
cetonas, as quais são formadas excessivamente 
em decorrência de distúrbios do metabolismo de 
carboidratos e lipídios, por exemplo, em 
indivíduos diabéticos em que há intenso 
catabolismo de ácidos graxos, e ao aumento de 
glicose, a qual se apresenta na urina quando os 
valores plasmáticos estão acima de 180 mg/dl e a 
capacidade de reabsorção é excedida e os 
açúcares passam para a urina, pode-se inferir que 
este paciente esteja com diabetes, a qual será 
confirmada pelo exame de sangue e outros 
exames específicos. 
CASO CLÍNICO 
Certo dia, Julia, de 62 anos, chegou ao hospital, 
reclamando de dores e queimação na hora de 
urinar. Fazia menos de dois meses que ela tinha 
encerrado um tratamento com antibióticos para 
uma infecção urinaria que a deixou muito abatida. 
Beatriz Loureiro 
Julia começou a pensar que o tratamento talvez 
não tivesse sido adequado, mas como havia 
melhorado bastante talvez fosse uma nova 
infecção. Realizando a consulta médica constatou-
se temperatura axilar de 38°C, pulso com 130 
bpm, pressão arterial de 76 x 32 mmHg, 
frequência respiratória de 24 mpm (movimentos 
por minuto) apresentando uma certa letargia, mas 
agitação quando era abordada. Foi administrado 
soro fisiológico e os exames laboratoriais 
mostraram contagem de leucócitos de 17 000 
/mm 3 com 67% de neutrófilos, 3% de bastonetes 
e 24% de linfócitos, e o exame de urina apresenta 
++/+4 de esterase leucocitária, nitrito negativo e 
traços de sangue, com microscopia de 50 
leucócitos por campo ou 100.000 leucócitos por 
mL e 3.000 hemácias por mL e abundante flora 
bacteriana. Observamos um caso muito sugestivo 
de infecção do trato urinário (porém com uma 
gravidade maior devido a hipotensão e letargia 
observadas). A paciente poderia estar em choque 
devido a infecção? Estaria mais grave dessa vez 
por ser uma recorrência da infecção urinaria? 
Nesse caso, quais os cuidados que Julia deveria 
tomar? Como deve ser feito o diagnostico e 
tratamento de uma infecção de repetição do trato 
urinário dessa gravidade? 
Resolução 
Fica bem evidente a situação dessa paciente em 
estado de choque que pode ter sido causada por 
uma sepse de foco urinário e nesse caso, uma 
urosepse gerando um quadro de síndrome da 
resposta inflamatória sistêmica (SIRS), isto é, uma 
hipotensão que causou perfusão tecidual 
inadequada. É essencial tentar determinar a causa 
subjacente e, assim, fazer o tratamento 
apropriado. Ela não tem história de hemorragia ou 
de perda de grande volume de sangue de modo 
que o choque hipovolêmico é improvável. Além 
disso o choque hipovolêmico e o choque 
cardiogênico causam intensa vasoconstrição 
periférica, resultando em extremidades frias e 
pegajosas. As extremidades dessa paciente estão 
quentes e bem perfundidas (embora de modo 
inapropriado) apesar da hipotensão, o que sugere 
forma distributiva de choque. Com a contagem 
alta de leucócitos com formas imaturas e com os 
achados na urina é mais provável choque séptico 
como consequência de ITU. 
As ITUs são comuns nos idosos, acometendo tanto 
adultos debilitados como adultos sadios. De fato, 
entre as infecções mais comuns em pacientes com 
mais de 65 anos, as ITUs são superadas apenas 
pelas infecções respiratórias. Os fatores de risco 
que contribuem para a alta incidência de ITU nos 
idosos e nos pacientes institucionalizados incluem 
incontinência, história de ITU previa, déficit 
neurológico, imunossupressão, desnutrição e 
doenças associadas. Esses fatores podem causar 
anormalidades funcionais no trato urinário ou 
alterar as defesas contra infecções. Além disso a 
hospitalização frequente expõe esses pacientes a 
patógenos nosocomiais e à instrumentação 
invasiva, como sondas de demora. 
Em casos de pacientes que apresentam ITU 
recorrente, o acompanhamento ambulatorial se 
faz necessário devido ao risco aumentado que 
esse paciente pode ter, e quando esse 
acompanhamento não for possível, deve se tomar 
medidas que possam amenizar a infecção 
recorrente. Assim, pudemos ver um quadro de ITU 
recorrente associado a uma urosepse que levou 
Julia ao hospital para tratamento. O diagnostico 
para ITU foi confirmado devido a diversos fatores 
em conjunto, como os achados laboratoriais, 
leucocitose e alterações na urina, além do quadro 
clinico sugestivo. 
CASO CLÍNICO 
Paciente do sexo masculino refere que, sem sentir 
coisa alguma antes, há cerca de cinco dias 
começou a experimentar fortes dores na forma de 
cólica na região lateral esquerda, irradiando para 
a virilha. O paciente ainda diz que a dor não 
melhoracom repouso e em nenhuma posição, 
apresentando uma piora progressiva no quadro. 
Nos dois últimos dias começou a apresentar 
calafrios, com febre de 39,5oC. Relata que havia 
Beatriz Loureiro 
ocorrido essa mesma dor na forma de cólica duas 
vezes antes, e que a urina tinha saído 
avermelhada, parecida com sangue. No exame 
físico, o paciente apresenta um regular estado 
geral devido a dor, porém corado e hidratado. O 
pulso estava em 120 bpm e a pressão arterial em 
120 x 60 mmHg, frequência respiratória normal e 
temperatura corpórea em 38,3°C. Os membros 
superiores e inferiores apresentavam boa 
perfusão periférica, com pulsos simetricamente 
palpáveis e sem edemas. 
O paciente apresentou os seguintes resultados de 
exames laboratoriais hemoglobina: 13 g/ Dl, 
hematócrito 38%, leucócitos totais 15.000, 
plaquetas 250.000 mm3. 
• Exames bioquímicos: ureia 50 mg/ dL, creatinina 
1,3 mg/ dL, Na (138 mEq /L, K (potássio) 5,0 mEq 
/L. 
• Exame de urina 1: pH 6,0, numero de hemácias 
500.000 mm3, leucócitos 300.000 mm3. 
• Urocultura: 100.000 colônias com identificação 
positiva para E coli 
• Urografia excretora: deformidade calicial a 
direita. Moderada dilatação pielocalicial e ureteral 
a esquerda, correspondendo a uma imagem 
circular radiopaca. Presença de falha de 
enchimento em grupo calicial superior esquerdo. 
UROGRAFIA EXCRETORA 
O exame serve para a avaliação dos rins e das vias 
urinárias. 
• Preparo para urografia excretora 
O preparo para urografia excretora deve incluir 
jejum de 8 horas e limpeza intestinal com laxantes 
orais ou enemas de acordo com a indicação do 
médico. 
• Como é feita a urografia excretora 
A urografia excretora é feita com o indivíduo 
deitado de barriga para cima e sem anestesia, 
sendo que é feito um raio x abdominal antes do 
início do exame. Depois, é injetado um contraste 
iodado na veia que é rapidamente eliminado pela 
urina, permitindo observar todo o trato urinário 
desde os rins até à uretra. Para isso, são feitos 
outros raio x um logo após a injeção do contraste, 
outro 5 minutos depois e outros dois, 10 e 15 
minutos mais tarde. 
Além disso, o médico, dependendo do problema 
que está a ser estudado, pode pedir um raio x 
antes e depois de esvaziar a bexiga. Durante a 
urografia excretora, o paciente pode sentir calor 
no corpo, sabor metálico na boa, náuseas, vômitos 
ou alergia devido ao uso do contraste. 
 
CASO CLÍNICO 
Para a investigação desse caso um tanto 
complicado, algumas questões são levantadas: 
qual será a hipótese diagnostica para ele? Quais os 
sinais ou sintomas que levam ao diagnóstico? Qual 
a conduta e o tratamento a ser adotada? Quais 
orientações podem ser dadas para esse paciente? 
 
Beatriz Loureiro 
Resolução 
Podemos ver que se trata de uma infecção urinaria 
pela rápida progressão que houve nos últimos dois 
dias e pela presença de febre o que pode agravar 
um pouco mais a situação: uma cistite não tem 
como característica comum provocar febre no 
paciente, mas uma pielonefrite, sim. 
Na cistite, o paciente normalmente apresenta 
ardência e urgência ao urinar, dificuldade de 
segurar a urina, vontade de urinar mesmo com a 
bexiga vazia, sensação de peso na barriga, 
presença de sangue na urina. Quando o paciente 
começa a apresentar febre baixa e dor lombar 
também pode ser cistite, porém, sempre que 
esses sintomas surgirem deve se pensar também 
em pielonefrite, principalmente se a febre for alta 
e vier acompanhada de vômitos, perda de apetite 
e mal estar geral. 
O paciente também apresenta uma leucocitose, e 
com os resultados do exame de urina 1 e da 
urocultura, fica claro que ele tem uma infecção 
urinaria e que a situação pode ser complicada, pois 
ha risco de ser uma pielonefrite. 
Você também percebeu a informação de uma 
imagem radiopaca na uretra, com falha de 
enchimento em cálice esquerdo? Nesse caso é 
bem provável que estejamos diante de uma 
situação de litíase (calculo renal), o que explica as 
fortes dores sentidas pelo paciente cinco dias 
atrás. 
Algumas pessoas podem apresentar excesso de 
sais minerais na urina, e mesmo com a ingestão de 
grande volume de água a formação de pedras 
continua ocorrendo principalmente pela presença 
de íons cálcio que, quando produzidos ou 
excretados em grande quantidade, podem se 
precipitar. Normalmente a ingestão de líquidos 
em volumes normais ou quantidade maior pode 
diluir os íons precipitantes na urina e, com isso, 
evitar a formação de cálculos renais. 
A cólica renal, sintoma de litíase ocorre quando 
um cálculo renal de cerca de 4 mm se aloja na 
região do ureter, causando obstrução e dilatação 
do sistema urinário, produzindo uma dor muito 
intensa na região lombar. Ao contrario das dores 
da coluna, que melhoram com repouso e pioram a 
movimentação, a cólica renal dói intensamente, 
independentemente da posição do paciente, 
podendo vir acompanhada de náuseas e vômitos. 
Sangue na urina e frequente e ocorre por lesão 
direta do calculo no ureter. Para o tratamento 
desse paciente deve se pensar nos dois problemas 
que foram apresentados. Como há uma sugestão 
de pielonefrite, será necessária internação 
hospitalar para administração de antimicrobianos 
de amplo espectro juntamente com medicação 
analgésica para aliviar a dor da cólica renal, além 
de observar se ocorre a saída espontânea do 
calculo ou se será necessário algum outro tipo de 
intervenção (uma litotripsia por exemplo, que 
pode ser extracorpórea). 
INTERPRETAÇÃO DE DOENÇAS RENAIS 
As doenças renais podem ser diagnosticadas por 
meio das dosagens bioquímicas de eletrólitos, do 
pH e de diversos produtos do metabolismo, como 
a ureia e a creatinina. Existem métodos de 
avaliação do Índice de Filtração Glomerular e da 
eficiência dos rins para livrar nosso organismo de 
certas substâncias, processo chamado de 
depuração ou clearance renal. Quando os rins não 
funcionam bem, diversas substâncias se 
acumulam no sangue, tais como a ureia e a 
creatinina, e que, dependendo do grau da lesão e 
de sua localização (nos glomérulos ou nos 
túbulos), pode haver perda de proteínas, 
albumina, hemácias, sódio, além de falhas na 
produção de urina e de sua função excretora. 
Nesse momento, entra em ação a Bioquímica, pois 
a maioria dos exames para avaliação da função 
renal são realizados por meio de dosagens, no 
sangue ou na urina de diversos elementos 
químicos. 
MÉTODOS LABORATORIAIS 
Em algumas clinicas e hospitais, o exame de perfil 
bioquímico de rotina para avaliação da função 
Beatriz Loureiro 
renal inclui, além da dosagem dos eletrólitos, a 
dosagem de creatinina, de glicose e de BUN 
nitrogênio ureico sanguíneo, Blood Urea Nitrogen 
que, no Brasil, é dosado como ureia. Quando os 
rins não funcionam adequadamente, os 
compostos nitrogenados, que deveriam ser 
eliminados pela urina, acumulam se no sangue e 
pode haver perda de glicose pela urina na ausência 
de diabetes mellitus o que torna essas dosagens 
muito úteis para o diagnóstico de doenças renais. 
UREIA 
A ureia é formada no fígado como resultado do 
metabolismo de proteínas. O excesso de 
aminoácidos é convertido em ureia que fica no 
sangue, e a sua concentração pode ser medida. 
A medida de ureia na urina deve ser feita em urina 
de 24 horas, havendo uma série de 
recomendações a serem seguidas para evitar que 
as bactérias causem a sua degradação na amostra. 
A ureia na urina tem como valor de referencia 
10g/24 horas a 35g/24 horas. 
CREATININA 
A creatinina é produto de excreção do fosfato de 
creatina, que é uma substancia armazenada nos 
músculos como fonte de energia para a contração 
muscular. A sua quantidade no sangue varia de 
acordo com a massa muscular, havendo valores de 
referencia diferentes para crianças, idosos, 
adultos, jovens, homens ou mulheres. A creatinina 
é livremente filtrada nos rins e sua concentração 
no sangue aumenta em casos de distúrbios renais 
desequilíbrio hídrico e choque circulatório sendo 
que, diferentemente da ureia ou BUN, cuja 
excreção é afetadapela dieta, por uso de 
esteroides anabolizantes e desnutrição, a 
concentração de creatinina não é afetada por 
dietas ou hormônios. É considerado o melhor 
marcador da função renal e é um teste sensível 
que pode detectar o mal funcionamento dos rins 
na ausência de qualquer sintoma em geral, 
quando se detecta níveis de creatinina elevada, 
quase 50% da função dos rins pode estar 
comprometida (lembre-se de que temos dois rins). 
A dosagem de creatinina esta incluída nos testes 
de Medicina Preventiva, sendo a dosagem 
simultânea de creatinina e ureia importante para 
diferenciar quando uma azotemia (acúmulo de 
compostos nitrogenados no sangue) é de origem 
pré renal (dieta rica em proteínas ou excesso de 
massa muscular) ou renal (problema de excreção 
na urina). 
DEPURAÇÃO OU CLEARANCE DE CREATININA 
PARA AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE FILTRAÇÃO 
GLOMERULAR 
Sabe-se que os dois rins filtram em media 180 
litros de sangue por dia, ou, aproximadamente, de 
90 ml a 125 ml por minuto, sendo essa a taxa de 
filtração glomerular ou Ritmo de Filtração 
Glomerular (RFG) normal. Esse parâmetro pode 
ser avaliado em um individuo por meio de um 
teste conhecido como teste da depuração ou 
clearance, que, no método mais exato, usa como 
indicador uma substância exógena chamada de 
inulina, que é livremente filtrada, não é 
reabsorvida nem secretada nos túbulos de forma 
que tudo o que aparece na urina foi proveniente 
da filtração. Um método invasivo, por conta da 
necessidade de injetar na circulação essa 
substância, podendo ser perfeitamente 
substituído pelo método da depuração da 
creatinina endógena, que é menos invasivo. 
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR 
Uma vez que a creatinina produzida 
endogenamente é liberada nos líquidos corporais 
a uma taxa constante e os valores plasmáticos são 
mantidos dentro de limites estreitos, e uma vez 
que os rins filtram a creatinina livremente, existe 
quase um equilíbrio entre a quantidade filtrada e 
a quantidade que aparece na urina. A única 
imprecisão nesse método é gerada pela secreção 
tubular de creatinina, que faz com que os valores 
do volume de sangue livre (depurado) da 
creatinina em um determinado período de tempo 
Beatriz Loureiro 
seja superestimado em cerca de 25%. Essa 
imprecisão será maior quanto menor for o Ritmo 
de Filtração Glomerular. 
Para calcular a depuração de creatinina, basta 
colher toda a urina produzida preferencialmente 
em 24 horas, colher uma amostra de sangue 
preferencialmente na metade do período de 
tempo e calcular a depuração, utilizando a 
seguinte fórmula: 
 
• Em que U = creatinina na urina (mg/dL); 
• P = creatinina no plasma (mg/dL); 
• Volume = volume de urina em 24 horas; 1440 = 
fator de correção 24 horas x 60 minutos). 
Esse valor devera ainda ser corrigido, utilizando se 
um nomograma peso x altura superfície corporal, 
em que é possível transformar os valores de peso 
e altura do paciente em m2 de superfície corporal. 
Depois, basta fazer os cálculos para corrigir o valor 
de depuração encontrado para o padrão de 1,73 
m2. Atualmente para maior exatidão desse 
calculo, foram introduzidas na formula, conhecida 
como padronização/calibração pelo estudo MDRD 
Modification of Diet in Renal Disease fatores de 
correção para a idade e gênero feminino. Essa 
fórmula dispensa a medida de creatinina na urina 
de 24 horas e fornece valores da Taxa de Filtração 
Glomerular em mL /1,73 m2. 
Constantemente vão surgindo novos 
conhecimentos, como: 
1. Novos biomarcadores (por exemplo, a cistina) 
melhores do que a creatinina para monitorar 
doença renal aguda ou crônica. 
2. Proteinúria microalbuminúria e dismorfismo 
eritrocitário, que podem ser usados para 
diagnóstico e prognóstico das doenças renais. 
 
Os valores de referência para o clearance de 
creatinina de forma simplificada são: 
• Crianças 70 a 140 mL /1,73 m2 
• Homens 85 a 125 mL /1,73 m2 
• Mulheres 75 a 115 mL /1,73 m2 
É importante saber disso porque, de acordo com a 
Sociedade Brasileira de Nefrologia, quando os 
valores obtidos do paciente estão abaixo de 60 mL 
/1,73 2 o diagnóstico é de insuficiência renal 
crônica. Os estágios da insuficiência renal são 
classificados, de acordo com os valores de 
clearance de creatinina (em ml/min/1,73 m2 da 
seguinte forma: 
• Estágio I - clearance maior do que 90 porém 
com alguma doença de risco como diabetes, 
hipertensão ou rins policísticos, existe risco de 
desenvolver insuficiência renal. 
• Estágio II - clearance entre 60 e 89 é 
considerado uma fase pré insuficiência renal. 
• Estagio III – clearance entre 30 e 59: é a fase de 
insuficiência renal crônica confirmada, com 
sintomas diagnosticáveis. Nessa fase, as 
complicações começam a aparecer: os rins não 
produzem a eritropoietina em quantidade 
suficiente e começa a haver anemia 
progressiva por falta de produção de glóbulos 
vermelhos pela medula óssea, ocorre 
desmineralização e lesões ósseas por elevação 
do hormônio paratireoide ano e queda da 
produção de Vitamina D (hormônios que 
controlam a quantidade de cálcio nos ossos), 
além do desequilíbrio hidroeletrolítico. 
• Estágio IV – clearance entre 15 e 29: esta e a 
fase pré-dialise com acidose, elevação do 
potássio, anemia estabelecida, aumento do 
risco de doenças cardíacas e fraqueza. 
• Estágio V – clearance menor do que 15: fase de 
insuficiência renal terminal, em que os 
sintomas da uremia e a progressão do quadro 
podem levar o paciente a óbito por edema 
pulmonar. Podem ocorrer arritmias cardíacas, 
crise convulsiva e ate coma. 
Beatriz Loureiro 
Os principais marcadores de lesão renal são a 
proteinúria, albuminúria ou microalbuminúria e 
hematúria. Esses parâmetros podem ser 
detectados em exames de triagem como o exame 
de rotina de urina usando tiras reagentes, sendo 
necessária uma avaliação confirmatória ou mais 
detalhada. 
A albuminúria e microalbuminúria são definidas 
como a presença de 30 mg a 300 mg de albumina 
em amostra de urina de 24 horas. É um sinal de 
lesão renal diabética ou da hipertensão arterial. 
A hematúria, na pratica clinica, deve ser avaliada 
por meio de analise microscópica, para pesquisa 
de dismorfismo eritrocitário (hemácias 
deformadas de diversos tipos), tornando possível 
discriminar entre a causa glomerular e não 
glomerular da hematúria. O achado de 80% de 
hemácias dismórficas pode ser usado para 
confirmar o diagnostico de hematúria glomerular. 
DESEQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO DA 
INSUFICIÊNCIA RENAL 
Os rins desempenham uma função importante 
para a manutenção do equilíbrio acidobásico. Eles 
são capazes de eliminar ácidos orgânicos 
metabolizáveis originados de proteínas, 
carboidratos e lipídeos da dieta que o fígado 
metaboliza, gerando grande quantidade de íons 
hidrogênio (da oxidação dos aminoácidos 
sulfurados) e alcalis (da oxidação de ânions 
orgânicos). Os rins removem, ainda, os ácidos 
orgânicos não metabolizáveis (como o acido 
glicurônico e o hipúrico), assim como os ácidos 
inorgânicos. 
A capacidade de os rins removerem os ácidos do 
sangue depende do mecanismo tubular de 
secreção de íons hidrogênio, que é também o 
mecanismo regenerativo de bicarbonato, pois, no 
processo, para cada íon hidrogênio eliminado na 
urina, um íon bicarbonato é recuperado para o 
sangue. Esse mecanismo de reabsorção do 
bicarbonato e de eliminação de ácidos fica 
prejudicado na doença renal crônica, resultando 
em acidose chamada de metabólica. Outras 
condições que causam acidose, como a uremia 
(acúmulo de acido úrico no sangue) ou 
cetoacidose diabética, sobrecarregam o rim, 
piorando o quadro. Existem duas formas principais 
de desequilíbrio acidobásico causado por doença 
renal: a insuficiência renal estágio V e a acidose 
tubular renal (por perda de bicarbonato). 
O diagnóstico da acidose é feito por gasometria 
arterial. O sangue é coletado de uma artéria 
(braquial ou femoral e, eventualmente a ulnar) ou 
de uma veia, em certas condições. Em caso de 
recém nascido, pode se optar por artérias do 
couro cabeludoou artéria umbilical. A coleta é 
feita segundo recomendações do CLSI (Instituto de 
Normas Clinicas e Laboratoriais), com seringa 
plástica própria para gasometria preparada com 
heparina de lítio jateada na parede e a medida é 
feita imediatamente, com a própria seringa, no 
aparelho analisador de gases. O analisador de 
gases e eletrólitos usa tecnologia de eletrodos íon 
seletivos para medir diversos eletrólitos e o pH, 
além dos gases O2 (oxigênio) e gás carbônico (CO 
2 cujas concentrações são expressas em pressão 
parcial de gases (pO2 e pCO2 cuja unidade de 
medida é milímetros de mercúrio (mmHg). 
GASOMETRIA 
 
A interpretação do resultado da gasometria é feita 
considerando as complexas inter-relações 
metabólicas (geração de ácidos e falha renal na 
recuperação de bicarbonato) e respiratórias, e 
Beatriz Loureiro 
aumento de pCO2 por deficiência de ventilação 
pulmonar). Tem-se como referência a equação: 
 
É possível concluir que a doença renal crônica e o 
distúrbio de absorção tubular de bicarbonato 
causam a acidose metabólica, com pH menor do 
que 7,30 e pCO2 baixa (mostrando compensação 
respiratória) e é confirmado pela detecção de 
níveis de bicarbonato (HCO3) baixos no sangue. 
Essa combinação de alterações permite concluir 
que houve desequilíbrio acidobásico e que ele não 
foi causado pelo sistema respiratório e sim pelos 
rins. 
CASO CLÍNICO 
Dona Maria tem 68 anos, é aposentada e faz uso 
de insulina e metformina porque sofre de diabetes 
há 12 anos. Ela também segue dieta adequada 
com restrição de sal, carboidratos e gordura, mas 
não realiza atividades físicas. Teve um infarto 
agudo do miocárdio há 4 anos, quando descobriu 
que era hipertensa, e passou a tomar atenolol 50 
mg/dia. Desde o infarto, a paciente faz 
acompanhamento médico para monitorar o seu 
quadro metabólico. No entanto, não se sentiu 
bem nos últimos dias, quase desmaiou, sentiu 
fraqueza e cansaço, muita sede e passou a urinar 
muito. A avaliação clinica e laboratorial indicou os 
seguintes resultados: 
• Paciente 68 anos, feminino; medicamentos em 
uso: Insulina 2 U subcutânea diária, Metformina 
850 mg/dia, Atenolol 50 mg/dia. 
• Pressão arterial levemente baixa (100/60 
mmHg). 
• Índice de Filtração Glomerular (clearance de 
creatinina): 40 mL min/ 1,73 m 2 (VR 75 a 115 
mL/min/1,73 m2). 
Dosagem no sangue (em que VR valor de 
referência): 
• Creatinina 5,2 mg/dL (VR 0,5 a 1,0 mg/ dL). 
• Acido úrico 8,0 mg/dL (VR 2,5 a 6,0 mg/ dL). 
• Ureia 70 mg/dL (VR 14 a 40 mg/dL). 
• Bicarbonato 21 mmol/L (VR 22 a 29 mmol/L). 
• Sódio 130 mmol/L (VR 135 a 145 mmol/L). 
• Potássio 6,1 mmol/L (VR 3,5 a 5,3 mmol/L). 
• Glicose jejum 50 mg/ dL (VR 60 a 99 mg/ dL). 
Analise esses resultados laboratoriais e aponte o 
significado deles. 
Resolução 
As alterações observadas indicam uma 
insuficiência renal crônica que ocorreu como 
complicação do diabetes mellitus associado a 
hipertensão. Para chegar a essa conclusão utilize 
os conceitos expostos sobre os exames de 
avaliação da função renal: 1) eletrólitos, 2) A 
importância da creatinina no diagnóstico de 
doenças renais, 3) depuração ou clearance de 
creatinina para avaliação do Índice de Filtração 
Glomerular e 4) desequilíbrio acidobásico da 
insuficiência renal. 
1) Observa-se os resultados dos eletrólitos 
(potássio, bicarbonato) e o clearance de 
creatinina. Veja que ha elevação do potássio e da 
creatinina e o Ritmo de Filtração Glomerular está 
abaixo de 60 mL /1,73 m2. Esse valor de clearance 
de creatinina já indica a doença renal crônica 
2) Ureia e ácido úrico como produtos nitrogenados 
para excreção: há um acúmulo de ureia e de ácido 
úrico indicando a piora na função excretora renal 
aliado a isso, o bicarbonato está tendendo a 
diminuir. Se essa condição piorar, ocorrera uma 
acidose. 
3) A glicemia esta abaixo do valor de referência. 
Lembre-se de que a paciente usa insulina e 
hipoglicemiante metformina devido a existência 
de diabetes crônica e ao alto risco cardiovascular 
Porem, sendo idosa, possivelmente as doses 
precisam ser ajustadas. 
Beatriz Loureiro 
Considerando a medicação em uso e a idade da 
paciente, é necessário avaliar o possível efeito 
colateral nefrotóxico de doses elevadas dos 
medicamentos. Ela precisa receber tratamento e 
acompanhamento da doença renal crônica. 
Beatriz Loureiro

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