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Fundamentos
Olá,
Vivemos numa sociedade cada vez mais imediatista, na qual estresse e ansiedade tornaram-se comuns a todos.
O sistema capitalista cobra resultados cada vez maiores e nem sempre as organizações investem no bem-estar de seu colaborador. Em casa nossos filhos são mais questionadores e cobram nossa atenção de forma muitas vezes mais cruel que nossos “chefes”. 
Diante desse cenário, ter uma boa Gestão do Tempo torna-se uma obrigação.
Esse treinamento foi desenvolvido com o objetivo de tornar mais eficaz a sua relação com tarefas, compromissos, anotações e contatos. 
Você gostaria de ter mais tempo em sua vida? Para quê?
Algumas reflexões sobre Gestão do Tempo...
“Tempo é dinheiro.”
Existem ditados que considero bastante infelizes, principalmente se não soubermos interpretá-los. O que mais me incomoda na frase acima é o quanto ela nos passa uma ideia de trabalho constante. Se o dia tivesse 6 horas a mais, trabalharia todas elas para gerar mais dinheiro. Em outro cenário, se conseguir reduzir a realização de minhas tarefas em 2 horas, terei novamente mais tempo para gerar mais dinheiro. Discordo disso. Boa parte do tempo que podemos gerar através de produtividade deve ser destinado a geração de equilíbrio trabalho-lazer, não de dinheiro.
“Isso é coisa para quem é organizado demais.”
Não há dúvidas que quanto mais habilidade de organização você tiver mais fácil será gerenciar seu tempo. Pessoas com alto nível de racionalidade terão uma maior aptidão a absorver os conceitos apresentados aqui. Porém, definir-se como incapaz de desenvolver técnicas que melhorem sua relação com o tempo já é demais. Não se vitimize, nem caia no erro do “eu sou assim e pronto”. 
“Torna a minha vida muito programada.”
Outro erro comum de quem olha de fora um processo de organização do tempo é acreditar que o mesmo torna a sua agenda muito engessada. A questão é simples: se fosse capaz de fazer sobrar 1 hora no seu dia, teria mais liberdade ou se sentiria mais preso? Se vivesse menos em regime de urgência, qual domínio teria sobre suas ações?
Acredite! Quanto melhor for o planejamento de seus compromissos e tarefas mais liberdade de ação você terá no seu dia-a-dia.
“Minha vida pessoal e profissional são muito bem separadas.”
Você é único. Não existe o lado profissional separado do pessoal. De fato é muito comum pessoas terem comportamentos distintos no trabalho e em casa. Em geral, o ambiente corporativo demanda um nível de organização maior e o risco de uma demissão torna as pessoas mais receptivas a métodos e padronizações. 
Agora reflita sobre quantas vezes você levou trabalho para casa e prejudicou o convívio com a sua família. Ou ainda quantas vezes um problema pessoal atrapalhou seu desempenho no trabalho. Um sistema de gerenciamento de tempo deve levar em conta todos os papéis do indivíduo, sem separação.
Proatividade
O conceito de proatividade é lugar comum no universo corporativo. A todo momento somos cobrados a tomar iniciativa e assumir a responsabilidade por nossas ações. 
Proatividade vai muito além de iniciativa. É assumir a responsabilidade pelas suas escolhas, independente de ter ou não culpa nos resultados. 
O meio externo influencia? Sim. É o responsável pelas suas escolhas? Não. Ter uma postura positiva em suas ações e perder tempo apenas com o aquilo que você é capaz de influenciar, compõe o comportamento proativo.
 
 
Atividade extra
Nome da atividade: Filme
Assista o filme Antes de partir, de dezembro de 2007.
Sinopse: 
O bilionário Edward Cole e o mecânico Carter Chambers são dois pacientes terminais em um mesmo quarto de hospital. Quando se conhecem, resolvem escrever uma lista das coisas que desejam fazer antes de morrer e fogem do hospital para realizá-las.
 
Referência Bibliográfica
COVEY, Stephen R., Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes. São Paulo:Editora Best Seller, 1999, 2a ed.
BARBOSA, Christian, A tríade do tempo, Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2011.
BARBOSA, Christian, 60 estratégias práticas para ganhar mais tempo, Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2013.
A Matriz do Tempo
Metas
É impossível gerenciar seu tempo sem saber onde pretende chegar. A definição de metas de curto, médio e longo prazos é fundamental para um correto planejamento semanal, afinal suas ações precisam estar alinhadas aos seus objetivos.
“Deixo a vida me levar, vida leva eu...” é bem popular e positivo na canção do Zeca Pagodinho. Mas será que essa é a melhor atitude a tomar em sua vida? E se a vida lhe levar para onde não quer? Uma vida sem definição de metas é uma vida sem norte.
Urgência x Importância
A grande mudança de paradigma na Gestão do Tempo é separar suas atividades recorrentes e imprevistas em Urgência e Importância. Tudo que é urgente é necessariamente importante? A Importância está diretamente relacionada às suas metas. E urgência está intimamente ligada ao tempo que você dispõe para realizar a atividade sugerida. 
Várias atividades podem ser urgentes e importantes. Uma crise com um cliente, um familiar doente precisando de apoio. Porém, muitas atividades são meramente urgentes, mas não estão alinhadas às suas metas e, por várias vezes, apenas desperdiçam seu tempo.
Todas as atividades (compromissos ou tarefas) que vivemos diariamente podem ser divididas em quadrantes. A formação desse modelo mental é baseada em dois conceitos fundamentais: importância e urgência. 
Importante: atividades que estão alinhadas com seus interesses, valores e prioridades.
Urgente: atividades que possuem um prazo imediato. 
Dessa forma divide-se o tempo em quatro quadrantes:
 
 
Trabalhando os quadrantes
Uma vez compreendida a distribuição de seu tempo nos 4 quadrantes da Matriz do Tempo, faz-se necessário realizar um trabalho de redução nos quadrantes IV, III e I. O objetivo é ter cada vez mais tempo para dedicar ao quadrante II.
Como ELIMINAR o quadrante IV?
- Reflexão constante;
- Cuidado com os ladrões do tempo: televisão e internet;
- Gestão do estresse;
- Propósito familiar / pessoal;
Como EVITAR o quadrante III?
- Alinhamento (profissional);
- Discutir a relação (pessoal);
- Esclarecer expectativas;
- Aprender a dizer não e a negociar novos prazos;
- Delegando poder (aumentando o nível de autonomia);
- Desde que seja possível, não atenda todas as suas ligações. Faça um filtro na origem das ligações e no momento em atendê-las. Interromper uma atividade importante pode levar à perda de foco;
Aprendendo a dizer não
Está aí uma tarefa bem complicada. Dizer não torna-se especialmente difícil quando, por mais que a atividade proposta seja de nenhuma importância em sua vida, a pessoa que está pedindo é. Leia abaixo os problemas relacionados e algumas dicas que vão facilitar o seu próximo NÃO.
Problemas: 
- É algo contrário à nossa cultura;
- Muitas vezes passa antipatia, grosseria ou falta de atenção;
- Dicotomia entre a não importância da tarefa e a importância da pessoa;
Dicas: 
- Tenha um planejamento semanal como escudo;
- Pense na tarefa você não realizará para atender o pedido;
- Faça perguntas: isso é necessário agora? Precisa realmente de mim? Precisa realmente ser feito?
- Não use o TALVEZ;
- Ao superior: transfira a ele a decisão sobre as suas prioridades;
- Fuja à popularidade e tenha coragem!
Como REDUZIR o quadrante I?
- Realizando um Planejamento semanal;
- Cuidando dos relacionamentos;
- Delegando;
- Meta: 25% em urgências.
Preparando a Casa
Todo sistema de Gestão de Tempo deve ter como base os seguintes pontos: contatos, compromissos, anotações e tarefas. O primeiro passo na organização desses pontos é a escolha da ferramenta que irá auxiliar o processo. 
FERRAMENTAS
CONTATOS: celular, provedores de e-mail, computador, agenda etc.
COMPROMISSOS: ferramentas de calendário, google agenda, agenda tradicional etc.
ANOTAÇÕES: aplicativos de celular, outlook, bloco de notas, folha de anotações etc.
TAREFAS: aplicativos de celular, google tarefas, outlook, bloco de notas etc.
DEFINA SEU ESTILO
A escolha das ferramentas define o seu estilo de gestão. 
TOTALMENTE ONLINE:smartphone, laptop e ferramentas online.
TOTALMENTE OFFLINE: agenda tradicional, papéis para anotações.
MISTO: um pouco de cada.
Em qual estilo você se enquadra?
O PLANEJAMENTO
TIPOS DE PLANEJAMENTO
Longo Prazo: mais de um ano para realizar.
Ex.: filhos, casamento, compra de apartamento, carro, etc.
Médio Prazo: menos de um ano para realizar.
Ex.: eventos, viagens, cursos, treinamentos etc.
Curto Prazo: uma semana.
Ex.: tarefas e compromissos.
Curtíssimo Prazo: follow up diário.
Ex.: verificação das atividades adiadas, do dia e que podem ser antecipadas.
OS PILARES DA GESTÃO DO TEMPO
CONTATOS
- Registro de telefone, email, empresa, cargo etc no seu telefone e provedor de email.
- Estabeleça o maior network possível.
- Cultive o vínculo fraco.
- Crie grupos no provedor de email.
- Seja criterioso com os contatos do Facebook e use o Linkedin.
COMPROMISSOS
- Anote todos em uma plataforma com lembretes.
- Compartilhe com as pessoas envolvidas.
- Anote as informações fundamentais do compromisso (pauta, local, horário, convidados).
- Use a ferramenta “Repetir” para eventos recorrentes (aniversários).
- Use os lembretes de forma criteriosa.
- Não registre uma Tarefa como Compromisso.
ANOTAÇÕES
- Fundamental na organização do conhecimento.
- Use para projetos futuros, pautas, dados etc.
- Mantenha uma Tarefa associada a Anotação quando necessário (evite que caia no esquecimento).
- Crie pastas em seu computador para organizar artigos, apresentações etc.
TAREFAS
- Registre todas as suas tarefas importantes.
- Use a ferramenta “Repetir” para eventos recorrentes.
- Defina SEMPRE um prazo, mesmo que tenha que adiar constantemente.
- Transforme emails em tarefas (copiando os dados relevantes).
- Seja criterioso no uso de lembretes.
 
 
Atividade extra
Nome da atividade: Livro
Leia o livro Primeiro o mais importante, Stephen R. Covey, Editora Sextante.
Dicas Práticas
GESTÃO DE E-MAILS:
Algumas dicas valiosas para aumentar a sua produtividade:
- Caixa de entrada é de ENTRADA! 
Não deixe as mensagens na caixa de entrada eternamente. Uma vez resolvido o assunto encaminhe o e-mail para outra pasta.
- Gerencie SPAMs. 
Utilize um e-mail auxiliar para cadastros e fichas. Marque os indesejados como SPAM e cancele o cadastro nos mailings indesejados.
- Reduza as respostas desnecessárias (ok, ciente etc).
Faça a sua parte e cobre das pessoas que façam a delas. Reduzir em 20% o número de e-mails abertos por dia tomando essa medida.
- Só copie quem for necessário.
- Use cópia oculta.
- Não apague e-mails.
- Crie apenas pastas necessárias.
- Crie uma pasta padrão para e-mails resolvidos.
- Crie grupos de destinatários.
- Defina horários para “zerar” a caixa de entrada.
- Não ligue nenhum notificador de e-mails.
- Não verifique a caixa o tempo todo!
ESCREVENDO EMAILS
- O assunto deve ser totalmente compreensível;
- Não escreva textos longos (3 ou 4 parágrafos no máximo);
- Dê espaço entre parágrafos;
- Use tópicos numerados e marcadores;
- Leia o texto antes de enviá-lo;
- Evite “broncas” por e-mail.
GESTÃO DE REUNIÕES
Algumas dicas para tornar suas reuniões mais objetivas e produtivas.
- Defina Pauta;
- Selecione os presentes;
- Defina horário de início e principalmente de término;
- Envie os arquivos necessários previamente;
- Comece SEMPRE no horário;
- Eleja um mediador;
- Seja o mais sinérgico possível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
SINTA O RESULTADO
O início é árduo e precisa de grande dedicação. É um processo de mudança de hábito. Assuma o compromisso de fazer por 4 semanas seguidas. Ao final de cada uma delas, veja o quanto você progrediu!
ESTUDE
Nunca foi tão fácil ter acesso ao conhecimento. Pratique sistematicamente atividades de estudo como leituras, treinamentos, cursos formais e outros.
REVEJA CONSTANTEMENTE O MÉTODO
O melhor método de Gestão do seu tempo é o que você desenvolverá. Utilize as dicas discutidas nesse curso para criar seu próprio modelo. Algo que sugeri não surtiu efeito? Ignore! Você pensou em adaptar alguma dica para outro formato? Faça! 
ENSINE
A melhor forma de fixar um método é compartilhá-lo com outras pessoas. Comece dividindo o modelo com alguém próximo e depois expanda seus horizontes.
Fases da vida
Fases da vida
 
Pra que passar de ano?
Iniciamos esta etapa dos estudos com uma frase que nos guiará nesta aula: a vida tem fases.
Nessa época da vida ouvimos a seguinte frase: “Crianças, vocês tem que se comportar, para poder passar para o segundo ano”. Essa sentença tem o poder de criar a expectativa de que no próximo ano tudo irá mudar, com novos livros, outra professora, outra sala de aula. Como todos os colegas que estudaram com você, isso era entendido como algo normal.
Hoje, após esses anos, eu gostaria de perguntar para a professora: “A razão de fazer direito é para passar para o próximo e apenas no próximo será legal?”. Nesse momento podemos refletir: será que não podemos pensar diferente? Esse é o único ano, o outro é diferente. Este deve ter valor, deve ser maravilhoso e prazeroso. Ele não é melhor do que os outros, ele é o meu presente, esse ano é maravilhoso, com os livros e pessoas que me cercam agora.
Conforme dito por Costa (2010), “estar presente” é muito mais do que “estar perto”, isto é, é necessário ser presença. É preciso projetar a vida, mas é preciso entender que a vida é agora! Quando este acabar, será triste, pois deixará saudades. E o próximo será maravilhoso também, pois estarei vivendo aquele presente. Não devemos viver este ano apenas para passar para o próximo. Podemos repetir nesse momento: a vida tem fases. Cada uma delas serão construídas por você e serão importantes para que você possa esgotar na vida vivida tudo o que ela pode te trazer de bom.
Pense agora na faculdade. Você não pode viver os quatro anos para que possa viver o final com o diploma na mão. Viva plenamente os quatro anos, de forma inteligente. É vivendo plenamente o momento vivido que o futuro pode ser promissor.
É necessário ter propósito na vida, retomando um conceito de Karl Marx, do século XIX, de recusa da alienação. Segundo Cortella (2016, p. 16) “alienado é aquele que não pertence a si mesmo”.
Quer mais um exemplo? Viver o ensino médio apenas para poder passar no vestibular. Isso não é uma verdade! Existem coisas maravilhosas e devemos viver aqueles instantes, pois eles nos ensinam pontos maravilhosos.
Aprenda a apreciar e encantar o momento que você está vivendo, o seu presente. Quanto mais intensamente o presente for vivido, mais provavelmente o futuro será rico. Não jogue no lixo o presente, esperando o futuro. A vida vale as suas dificuldades e devemos vivê-la no momento exato em que ela ocorre.
 
Alegria de ser CEO
Quanta coisa muda com o tempo, não é mesmo? Se pudéssemos voltar no tempo e aproveitar melhor determinados momentos, pois foram tão bons, que poderiam ser eternos.
Novamente podemos refletir que vivemos fases e ciclos se encerram para que outros tenham início. Vamos cumprindo etapas. Mas, quando a vida é boa, nós não queremos mudar de fase. Podemos chamar de desejo de eternidade daquele momento.
Tudo o que pensamos que poderia durar um pouco mais, significa que aquilo nos cativou e desejamos nos manter por ali. Mas sabemos que a realidade é que os ciclos vão se encerrar e outros irão ter início.
Ao refletirmos sobre as fases da vida em um determinado momento chegamos na vida adulta. Você vai, por exemplo, sair da faculdade para ir para uma pós-graduação. Ao chegar na vida adulta, você vai começar a busca de um emprego, afinal de contas desde que você entrou no primário você está sendo preparado para isso. Aqui nos vem a ideia de que a vida só começa nesse ponto, o que não é uma verdade, afinal, ela começou lá em sua infância.
Segundo Cortella (2016, p. 84) “claro, todo mundo gosta de fazer o que gosta. Mas é preciso ter consciência de que no desenrolar da vida profissional, para fazer o que se gosta, é necessário passar por etapas não necessariamente agradáveis no dia a dia. O caminho não é marcado apenas por coisas prazerosas”.
Nesse momento, chegaa entrevista de emprego e você vai ser apresentado ao organograma da empresa. E claro, a área de Recursos Humanos é a responsável por te apresentar esses tópicos e tambem por te instigar a responder o que você deseja neste local de trabalho.
Ao refletir sobre a pergunta, você chega a conclusão de que você quer crescer dentro daquela empresa. Mas como fazer isso? Você precisa ter a consciência de que para crescer na empresa é necessário trazer dinheiro para aquela organização (de preferência, muito lucro). E, em seguida, você será promovido.
Observe nesse ponto que você volta ao mesmo discurso de quando você era criança e estava no primário. Você passa a viver a posição que está agora apenas para chegar no próximo nível. E você começa a viver sempre pensando no futuro, mais uma vez, sem pensar no agora.
É importante destacar que esse processo se afunila, ou seja, nem todo mundo chega no nível mais alto, no cargo de CEO. Nesse momento, uma reflexão passa na sua cabeça, pois era importante o trajeto e não o topo.
 
Viver só até amanhã
Desde o momento em que nascemos somos orientados que a vida é subdividida da seguinte forma: Primeiro você é criança (a infância). Posteriormente, vem a fase de transição, chamada de adolescência. Em seguida, vem a vida adulta, a maior delas. E em seguida, a melhor idade (terceira idade, caso queira).
Podemos nos perguntar: o que caracteriza cada uma dessas fases? É o tempo de vida e experiência acumulada? Até que ano vai a infância? Pronto! Nesse momento já ficamos desorientados e a resposta não é tão simples. No passado, no século XII a criança era de um jeito e hoje é outro jeito. Ou seja, com o passar dos anos, esse entendimento se modificou completamente.
Na literatura, o autor Costa (2000) defende que cada fase da vida tem o seu propósito e o seu protagonismo, a chamada escada de participação, conforme visto a seguir.
 
Escada de participação do jovem
Na fase 1 temos a participação manipulada, onde os adultos determinam e controlam o que os jovens deverão fazer. Na fase 2 existe a participação decorativa, onde os jovens apenas marcam presença em uma ação, sem influir no seu curso. Já na fase 3 existe a participação simbólica, onde a presença dos jovens em uma atividade serve apenas para mostrar e lembrar os adultos que eles existem e são importantes. Na fase 4 há a participação operacional e os jovens participam apenas da execução de uma ação.
Chegamos à fase 5 onde há uma participação planejada e operacional e aqui, os jovens participam do planejamento e da execução de uma atividade. Na fase 6 há a participação decisória, planejadora e operacional e os jovens participam da decisão de se fazer algo ou não. Já na fase 7 ocorre a participação decisória, planejadora, operacional e avaliadora, onde além das anteriores, os jovens também avaliam uma ação. Durante a fase 8 os jovens têm participação colaborativa plena, participando da decisão do planejamento, da execução, da avaliação e da apropriação dos resultados. Chegamos à fase 9, onde existe a participação plenamente autônoma e os jovens realizam todas as etapas. Por fim, há a fase 10 e sua participação condutora, onde os jovens realizam todas as etapas e ainda orientam a participação dos adultos (COSTA, 2000, p. 89).
Podemos pensar que podem ser características do corpo, que são imprecisas, assim com o tempo acumulado. Precisamos entender que cada pessoa é de um jeito, cada evolução e cada corpo tem o seu tempo. E a velhice? É caraterizada pelo fato de surgirem algum tipo de queda na mobilidade? Não podemos afirmar, afinal, existem inúmeros exemplos de pessoas que nos mostram o contrário.
Os critérios são imprecisos e variados, criando uma brecha para que você possa tomar as rédeas da sua vida, da forma que você bem entender. Buscando características de cada uma das fases da vida, conforme você precisa e deseja. As fases da vida devem ser vividas com autenticidade e de acordo com o que é relevante para si, visto que elas são imprecisas.
É necessário lembrar de um ponto: divida a vida conforme o seu entendimento e o seu desejo, pois a vida pode acabar a qualquer momento. E como dizia o jornalista gaúcho Aparício Torelli, o Barão de Itararé, “a única coisa que se leva da vida é a vida que se leva” (CORTELLA, 2016, p. 16).
No ano de 2020 iniciamos uma vida diferente com uma pandemia. O que nos mostrou que a vida pode acabar a qualquer instante. A estatística nem sempre vai se aplicar à sua vida e por isso é importante que você entenda o valor do agora. O agora é o momento que você tem para colocar todas as suas forças e alegria.
Autoconhecimento
Autoconhecimento
 
Essa é a minha praia
"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo" é um aforismo grego que revela a importância do autoconhecimento. E apesar de não se ter certeza sobre quem foi o autor desta máxima, vários autores atribuem a autoria da frase ao sábio grego Tales de Mileto, já outros, defendem teorias que afirmam que a frase foi dita por Sócrates, Heráclito ou Pitágoras.
Mas, independentemente da autoria, a frase ficou famosa mesmo na sua versão encurtada: "Conhece-te a ti mesmo”. E traz como reflexão central, a ideia de que para alcançarmos o verdadeiro conhecimento sobre a vida e o mundo, precisamos antes conhecer a nós mesmos. Se queremos conhecer o mundo à nossa volta, devemos em primeiro lugar conhecer quem nós somos.
O processo de autoconhecimento é contínuo e nos permite interagir melhor com o mundo e com as outras pessoas, amplia o horizonte para um mundo de novas possibilidades. Além disso, ao olhar para si mesmo, o indivíduo desenvolve sua identidade, e ganhando consciência de quem se é, consegue se mover de maneira mais produtiva na sociedade.
Entre os grandes pensadores nesta seara do autoconhecimento estão Sócrates e Sêneca. O primeiro, dedicou muito tempo tentando entender a sua própria natureza, afirmando, inclusive, que nenhum indivíduo era capaz de praticar o mal consciente e propositadamente, mas que o mal era um resultado da ignorância e falta de autoconhecimento. Já o segundo, desenvolveu a teoria do “daimon interior”.
 
“A palavra “daímôn” é de difícil entendimento devido às sobreposições de significados que ela recebeu ao longo do tempo na tradição da antiga Grécia. Na mitologia, pela narrativa do poeta Hesíodo (750 e 650 a.C.) os daímones foram homens nobres pertencentes a uma “geração de ouro” que, por determinação de Zeus, foram transformados em seres imortais e prudentes guardiões, com a incumbência de vigiar as decisões e ações dos homens mortais.”¹
 
Mas apesar dos diversos significados aplicados à palavra “daímôn”, ela traz sempre o sentido de algo externo que influencia a conduta humana, porém não necessariamente a determina. Pode-se dizer que seria uma disposição interior, uma espécie de intuição a respeito da própria natureza do ser. Uma espécie de bússola para escolhas e sucesso pessoais. Como dito em aula, conhecer a si mesmo não basta, há de se ter coragem de apostar na própria natureza.
 
Somos o que escolhemos para nós
Na Grécia, na cidade de Delfos, em um templo originalmente dedicado a Apolo (deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro) é que foi inscrita, na porta de entrada do Templo de Delfos, a célebre frase sobre conhecer a si mesmo. E para além das disputas sobre sua autoria, a tradição nos conta uma história interessante sobre a inspiração ser atribuída a Sócrates.
Conta-se que ele, assim como muitos na Grécia Antiga, tinha o costume de consultar o oráculo para se ter acesso à verdade. Sócrates então, conhecido por sua vasta sabedoria e considerado o pai da Filosofia, dirigiu-se ao Templo a fim de saber o que era um sábio e se ele próprio poderia ser considerado um.
O oráculo, por sua vez, ao receber as suas dúvidas, teria questionado: "O que você sabe?". Sócrates teria respondido "Só sei que nada sei". O oráculo, ao ouvir a resposta do filósofo, rebateu: "Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe." Este diálogo tornou-se bastante significativono estudo da Filosofia, pois demonstrou a humildade do sábio diante da vida.
E a experiência de Sócrates nos permite entender que a postura assumida por uma pessoa diante da vida diz muito sobre ela mesma. A maneira como encaramos a existência dita nossas escolhas, e estas por si só dizem muito a respeito de nós. Quando nos apresentamos, falamos das nossas escolhas, ou seja, daquilo que é importante para nós.
 
O mundo é um espelho
Uma discussão filosófica que reflete e resume o tema aqui estudado, já foi objeto de análise de vários autores, como Espinosa, Mitchell e Freud, que seria o conceito chamado de espelho da vida. Trata-se da teoria que aponta para o entendimento de que ao observarmos o mundo, vemos a nós mesmos no mundo.
A forma como o mundo se apresenta nos permite descobrir coisas sobre nós mesmos, como afinidades (vejo alguém cantando e percebo que gosto de música), apetites (experimento uma maçã e percebo gostar desta fruta), e desejos (vejo pintura e desejo ser pintor), por exemplo.
É o que podemos chamar de imediatidade da vida percebida, ou seja, sem o mundo como é não perceberíamos vários aspectos do nosso próprio eu.
“A vida é a soma das suas escolhas.”
Albert Camus
Traços Pessoais
Traços Pessoais
 
O jogo da vida e as suas cestas
Como é bonito poder refletir sobre a vida, não é mesmo? É uma pena que, muitas vezes, não nos dedicamos muito a essa atividade, como se fosse um piloto automático. A vida é como se fosse um grande jogo e existem particularidades que cada um de nós precisa se preocupar e entender.
Imagine a situação de uma pessoa que jogue basquete, que são pessoas normalmente mais altas. Pense que um outro jogador, por circunstância do jogo, esbarra em você e você cai. Nesse ponto, você resolve sair do jogo, pois não concorda com o que ocorreu. Nesse momento, você precisa saber que isso é algo natural desse esporte e que se você se dispõe a jogá-lo, precisa saber que esse risco é inerente.
Esse exemplo é uma bela metáfora para a vida. Estamos vivendo e de repente, podem acontecer inetercorrências, tal como um problema de saúde ou até mesmo problemas de relacionamento com outras pessoas. Em muitos casos, muitas pessoas passam a pensar que esssas situações não são justas de acontecerem com elas.
Imagine se você “sai do jogo” em situações da vida? Não é possível fazer isso! Se você se dispôs a jogar o jogo da vida, que é muito complexo, você deve saber que essas intercorrências fazem parte. Sim, você deve lutar para melhorar e tentar vencer os obstáculos, mas não podemos nos queixar de justiça ou injustiça. Você, a rigor, até pode sair do jogo da vida, já que você tem livre arbítrio e liberdade para tomar decisões.
Segundo Cortella (2016, p. 16) “Somos seres que têm de construir da própria realidade. E a noção de trabalho é tão forte entre nós que perpassa outras esferas da nossa vida. Até a noção que temos de saúde está ligada à ideia do trabalho. Você só se considera saudável quando pode voltar a trabalhar e não quando é capaz de passear, transar, cantar, dançar”.
Devemos diariamente nos decidir por jogar essse jogo, que é complicado. Todos tem as suas forças e fraquezas, possuindo traços que são incomparáveis e são só nossos, sendo as nossas armas contra a agressividade no campo do mundo. Devemos aprender a lutar com o que temos nas mãos, sem se comparar com o outro e com o que ele tem.
A realidade é que você possui os seus atributos e é com eles que você deve insistir em continuar jogando.  O estudo auxilia e muito nesse ponto, pois você estará desenvolvendo as suas armas para poder enfrentar os desafios futuros.
 
Arroz sem ovo
A vida possui muitos valores e um dos traços que mais encantam as pessoas no jogo da vida são os prazeres. Os prazeres muitas vezes são vistos como algo ruim de ser compartilhado. Apesar de ser muito bom, as pessoas não querem saber sobre detalhes e dos prazeres que você gosta.
Epicuro, sábio grego, nos dizia que o grande valor da vida é o prazer. Naquela época, a doutrina de Epicuro surgiu em um momento de grande insatisfação com as condições das Cidades-Estados da Grécia. Durante esses anos, o poder se concentrava nas mãos de poucos, a chamada arisocracia, público que entendia que os prazeres advinham apenas da riqueza (CABRAL, 2021).
Epicuro criou então a sua teoria de que devemos ter uma reflexão interior para buscar a verdadeira felicidade e não associá-la a supertições e bens materiais (CABRAL, 2021). Em português, a palavra para esse valor da vida é o hedonismo. Dessa forma temos uma dicotomia: Teve prazer, valeu viver; Não teve prazer, não valeu viver.
Destaca-se aqui que a ideia de Epicuro não é incentivar você a fazer o que bem entender. Mas sim, obter o prazer de forma constante, para que você se sinta bem e com tranquilidade. “A felicidade é alcançada por meio do controle dos medos e dos desejos, de maneira que seja possível chegar à ataraxia, a qual representa um estado de prazer estável e equilíbrio e, consequentemente, a um estado de tranquilidade e a ausência de perturbações, pois, conforme Epicuro há prazeres maus e violentos, decorrentes do vício e que são passageiros, provocando somente insatisfação e dor” (CABRAL, 2021, s.p.).
Não podemos nos deixar nos atormentar pelas mazelas do mundo e conforme Epicuro, devemos ter tranquilidade da alma. Dessa forma, você não se abala por tudo que é muito, seja muito ruim, seja muito bom. Conforme os ensinamentos de Epicuro, para alcançar a felicidade existem 4 remédios (CABRAL, 2021):
1. Não se deve temer os deuses;
2. Não se deve temer a morte;
3. O bem não é difícil de se alcançar;
4. Os males não são difíceis de suportar.
 
O prazer não pode destruir a capacidade de ter prazer amanhã, pois eu preciso cuidar para que ela tenha frequência. Devemos ter prazer com o que é simples, com o que é fácil de encontrar, fazendo parte da vida.
O sábio é aquele que tem prazer com o que é simples e que está ao seu alcance. Todos temos traços pessoais e cada um de nós temos prazeres com coisas e situações distintas, sendo próprio, ou seja, de cada ser humano. Nesse ponto é importante destacar que o seu prazer não pode (ou deveria poder) ser imposto ao outro.
A virtude subordinada ao prazer pode ser alcançada por meio dos seguintes itens (CABRAL, 2021, s.p):
· Inteligência: a prudência, o ponderamento que busca o verdadeiro prazer e evita a dor;
· Raciocínio: reflete sobre os ponderamentos levantados para conhecer qual prazer é mais vantajoso, qual deve ser suportado, qual pode atribuir um prazer maior, entre outros.
· Autodomínio: evita o que é supérfluo, como bens materiais, cultura sofisticada e participação política;
· Justiça: deve ser buscada pelos frutos que produz, pois foi estipulada para que não haja prejuízo entre os homens.
 
A oitava pamonha
Cada um de nós temos a própria vida, de forma que não irá acontecer da mesma forma novamente. Você é o que é agora, assim como o mundo que o cerca e isso não se repetirá. Mesmo quando estamos frente a frente com outra pessoa, cada uma tem a sua perspectiva e cada uma vê o mundo da sua forma. A vida é inédita!
Por mais que pareça que todos nós passamos pelas mesmas coisas e temos acesso as mesmas situações, cada um de nós tem as suas peculiaridades. Nós somos resultado das nossas experiências.
Nós vamos nos transformando a cada experiência que passamos e não somos mais os mesmos ao fim de cada uma delas. Estamos sempre em transformação!
Ninguém vive no mundo como nós, somos únicos e estamos sempre em fluxo. Conforme Costa (2010), devemos ter protagonismo em nossa vida, pois é essa atitude que nos gera automomia, autoconfiança e autodeterminaçãom, auxiliando na construção do nosso projeto de vida.
A sabedoria de ontem, nem sempre se encaixa para a vida de hoje. E é isso que torna a vida sagrada e maravilhosa. Não existem fórmulas para a felicidade e cada resultado é inédito, sendo assim, sempre haverá uma nova sabedoria para uma vida renovada.
 
 
 
Valores
Valores
 
Geraldo e o tre-le-lê
Em Sócrates e Aristóteles vemos a ideia de que a vida quevale a pena é a vida que compensa todas essas misérias e tristezas humanas, através do pensamento e de escolhas chamadas virtuosas. É aquela em que, o positivo compensa o negativo, por meio da conduta sábia do indivíduo, encontrando assim valor nas coisas, nas pessoas e na própria existência.
Mas o que seria este valor?
 
Segundo o dicionário da Língua portuguesa, em termos filosóficos, podemos significar a palavra como “propriedade ou carácter do que é, não só desejado, mas também desejável”, ou ainda, como “as próprias coisas desejáveis, sendo os principais valores o verdadeiro, o belo, o bem”. O vernáculo traz também uma definição que é estimativa “valor que se calcula pelo apreço ou estima que se tem um objeto”. ¹
 
A Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura define:
 
“Um valor é sempre uma relação entre um objeto e um padrão utilizado pela consciência que avalia uma ação realizada ou a realizar. No aspecto filosófico, e pela análise de nossas atitudes práticas (não-teoréticas) e pela reflexão sobre as mesmas que conseguimos atingir a consciência do valor na sua essência. A questão sobre a natureza da moralidade, da arte e da religião conduz, por esta perspectiva, à essência dos valores éticos, estéticos e religiosos.” ²
 
Logo, percebemos que para esta aula, dentre todas as definições possíveis para a palavra valor, nos interessa refletir sobre aquela que expressa um juízo subjetivo feito pelo ser humano. Cabe pensarmos aqui sobre a relação que estabelecemos com o mundo. Sobre como o valor das coisas tem a ver conosco, sobre como atribuímos valor a tudo, independentemente de haver um valor intrínseco em cada coisa ou acontecimento.
A árvore vale para um viajante porque faz sombra; o anel barato vale para a neta, porque lembra a avó que o deu;  e assim vamos atribuindo valor a cheiros, memórias, objetos e relações, de acordo com o que nos importa.
 
 
Machado "goela baixo”
Outro ponto de reflexão que se estabelece, está no fato de que, apesar de atribuirmos valor de acordo com o que é importante para nós, não é sempre que conseguimos sustentar essa escolha perante o mundo. Temos a necessidade de nos enquadrarmos na sociedade em que vivemos, nos grupos a que pertencemos e, por vezes, o desejo individual é colocado de lado por isso. E então, já não se declara preferência, renuncia-se ao desejo, submete-se ao valor dos outros, do grupo.
A História mostra que através do valor estabelecido socialmente é que se estrutura a dominação. O filósofo francês, Michel Foucault, ensina que o poder é uma prática social constituída historicamente.
 
“As relações de poder, seja pelas instituições, escolas, prisões, foram marcadas pela disciplina e por ela que as relações de poder se tornam mais facilmente observáveis, pois é por meio da disciplina que estabelecem as relações: opressor-oprimido, mandante-mandatário, subordinador-subordinado etc. Trata-se de uma relação assimétrica que institui a autoridade e a obediência, e não como um objeto preexistente em um subordinador. Trata-se de uma concepção do poder que se irradia da periferia para o centro, de baixo para cima, que se exerce permanentemente, dando sustentação à autoridade.” ³
 
 
Descomplicando o complexo
A subjetividade da atribuição de valor muitas vezes conflita com a realidade e o funcionamento da vida. Como dito em aula, em diversas situações, a nossa perspectiva de valoração não condiz com as regras e determinações sociais, como diz o professor Clóvis de Barros: o gabarito não bate! E como exemplo, podemos citar as pessoas consideradas excelentes em seus afazeres que, a despeito de seus esforços e perícia, não alcançam seus intentos, ou seja, o incrível técnico de futebol que perde o campeonato, a bailarina espetacular que perde o concurso de dança ou exímio aluno que não recebe boa nota na prova.
Da mesma forma que é correto dizer que valoramos as coisas do mundo a partir da nossa própria perspectiva, também se pode afirmar que o valor extrínseco (convencionado socialmente) delas oscila de acordo com quem as valora. E nada mais coerente com uma sociedade competitiva do que o poder da determinação final a respeito daquilo que tem ou não valor.
São muitas as perspectivas e variáveis sobre o assunto e, por isso, cabe destacar sua complexidade com a ajuda do pensador  Edgar Morin:
 
“Segundo Edgar Morin (Introdução ao Pensamento Complexo, 1991:17/19): "...a complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomenal. Mas então a complexidade apresenta-se com os traços inquietantes da confusão, do inextricável, da desordem no caos,da ambigüidade, da incerteza... Daí a necessidade, para o conhecimento, de pôr ordem nos fenômenos ao rejeitar a desordem, de afastar o incerto, isto é, de selecionar os elementos de ordem e de certeza, de retirar a ambigüidade, de clarificar, de distinguir, de hierarquizar... Mas tais operações, necessárias à inteligibilidade, correm o risco de a tornar cega se eliminarem os outros caracteres do complexus; e efetivamente, como o indiquei, elas tornam-nos cegos."
Proposições Matemáticas, Conectivos e Condicionais
Chamamos de proposição toda oração declarativa que pode ser classificada como verdadeira ou falsa. Sendo assim, uma proposição:
· Possui sujeito e predicado;
· Não é uma oração interrogativa ou exclamativa.
Além disto, toda proposição satisfaz os seguintes princípios:
· Princípio da Não Contradição: Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
· Princípio do Terceiro Excluído: Uma proposição ou é verdadeira ou é falsa, não há uma terceira possibilidade.
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São exemplos de proposições:
· Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.
· Onze é maior do que sete. (11>7)
· Buenos Aires é a capital do Brasil.
E não são proposições:
· X elevado ao quadrado mais um. (x2+1)
· O número Pi é um número irracional?
· O dobro de um número somado com dois é igual a doze (2x+2=12)
· 	 
Na primeira temos que a sentença não possui um predicado, a segunda é uma oração interrogativa, e na terceira não temos como classificar a sentença como verdadeira ou falsa, pois depende do valor de x.
 
A partir de uma proposição p podemos construir uma nova proposição, chamada de negação de p, denotada por ~p, cujo valor lógico é sempre o oposto da proposição original p.
Exemplos de negação:
 
   p: Buenos Aires é a capital do Brasil.                    (Falso)
~p: Buenos Aires não é a capital do Brasil.                (Verdadeiro)
 
   p: Cinco vezes sete é igual a trinta e cinco (7⋅5=35)        (Verdadeiro)
~p: Cinco vezes sete é diferente de trinca e cinco (7⋅5≠35)    (Falso)
 
   p: Sete é um número inteiro (7∈ Z).                    (Verdadeiro)
~p: Sete não é um número inteiro (7∉ Z)                (Falso)
 
Conectivos são símbolos lógicos utilizados para gerar novas proposições a partir de uma proposição inicial. 
 
Conectivo de conjunção: ∧ (lê-se “e”)
 
Exemplo:
       p: O número 7 é primo.
       q: O número 2 é par.
p ∧ q: O número 7 é primo e o número 2 é par.
 
       p: 5>7
       q: 5≠2
p ∧ q: 5>7 e 5≠2.
 
Uma conjunção p ∧ q é verdadeira somente se p e q são ambas verdadeiras. Se pelo menos uma destas sentenças possuem o valor lógico como falso, então a conjunção é falsa. Com isto, a conjunção do primeiro exemplo é verdadeira, enquanto a do segundo exemplo, é falsa.
 
Conectivo de disjunção: ∨ (lê-se “ou”)
 
Exemplo:
      p: 2 é um número primo.
      q: 2 é um número composto.
p ∨ q: 2 é um número primo ou um número composto.
 
       p: 10 é um número ímpar.
       q: 4 é um número primo.
p ∨ q: 10 é um número ímpar ou 4 é um número primo.
Uma disjunção p ∨ q só será falsa se ambas as proposições p e q forem falsas. Se pelo menos uma delas for verdadeira, então o valor lógico da disjunção é verdadeiro. No exemplo anterior, temos que a primeira disjunção é verdadeira, enquanto a segunda disjunção é falsa. 
 
Existe outro modo de gerar novas proposições a partir de duas proposições iniciais, utilizando os símboloslógicos condicionais.
 
Condicional → (lê-se: “se p, então q”)
Exemplo:
        p: Cinco é divisor de vinte (5|20)
        q: Vinte é divisor de 100 (20|100)
p  q: Se cinco é divisor de vinte, então vinte é divisor de 100 (5|20→20|100)
 
        p:  Um quadrado possui todos os lados com a mesma medida.
        q:  Todo quadrilátero é um paralelogramo.
p  q:  Se um quadrado possui todos os lados com a mesma medida, então todo quadrilátero é um paralelogramo.
 
A condicional p  q terá o valor lógico como sendo falso somente quando p é uma proposição verdadeira e q é uma proposição falsa. Do contrário, a condicional será verdadeira. No exemplo anterior, a primeira condicional é verdadeira, e a segunda, falsa.
 
Condicional (lê-se: “p, se e somente se, q”)
        p: Cinco é divisor de vinte (5|20)
        q: Vinte é divisor de 100 (20|100)
p  q: Cinco é divisor de vinte, se e somente se, vinte é divisor de 100. 
                    (5|20↔20|100)
 
        p:  Um quadrado possui todos os lados com a mesma medida.
        q:  Todo quadrilátero é um paralelogramo.
p ↔ q: Um quadrado possui todos os lados com a mesma medida, se e somente se, todo quadrilátero é um paralelogramo.
 
A condicional p ↔ q será verdadeira se p e q tiverem o mesmo valor lógico, isto é, ou p e q são ambas verdadeiras, ou ambas falsas. Se p e q tiverem valores lógicos distintos, então a condicional será falsa. No exemplo anterior, a primeira condicional é verdadeira, enquanto a segunda é falsa.
 
Podemos resumir as relações de valores lógicos na seguinte tabela: