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Comportamento verbal: uma perspectiva comportamental da linguagem Prof.ª Dr.ª Melina Vaz A linguagem como um comportamento operante Por que estudar a Linguagem? 1. Frequência; 2. Importância Social; 3. Prática Profissional 4. É um Comportamento Operante. Comportamento Operante Altera o ambiente, sofrendo também o efeito das alterações ambientais por ele promovidas. Linguagem É comportamento que evoluiu na nossa espécie. https://boletimbehaviorista.wordpress.com/20 16/02/18/cooperar-primeiro-falar-depois/ As respostas verbais são distinguidas pelas ocasiões nas quais elas ocorrem e pelas conseqüências que produzem. Podem ser ocasionadas tanto por estímulos verbais como por estímulos não-verbais e podem ter conseqüências tanto verbais quanto não-verbais. Comportamento Verbal O repertório verbal é um repertório comportamental e sua aquisição, manutenção e extinção seguem o mesmo princípio dos demais repertórios operantes. Inclui todos os tipos de comunicação: vocais, motoras, gráficas, cinestésico e movimento. Pode ser ocasionado tanto por estímulos verbais como por estímulos não-verbais e podem ter conseqüências tanto verbais quanto não-verbais. Comportamento Verbal O comportamento verbal é basicamente uma relação entre o ambiente social, representado pelo outro, o ouvinte, e um organismo vivo, o emitente. Análise funcional da linguagem é olhar para o efeito sobre o ouvinte. As contingências de reforçamento são mantidas pela comunidade verbal nas interações entre falante e ouvinte. Comportamento Verbal A diferença básica entre o comportamento verbal e os outros operantes (não-verbais) está no fato de que o comportamento verbal é um operante cujas conseqüências não guardam relações mecânicas com a resposta a que são contingentes. Essas conseqüências são providas através de um ouvinte, cujo comportamento foi previamente treinado por uma comunidade verbal. Comunidade Verbal O comportamento verbal é, portanto, comportamento operante e é mantido por conseqüências mediadas por um ouvinte que foi especialmente treinado pela comunidade verbal para operar como tal. Comportamento Verbal A comunidade verbal, através de reforçamento diferencial, modela o comportamento verbal do falante. Comportamento Verbal A criança pequena aprende a falar: seu comportamento vocal (ainda não- verbal) vai sendo modelado, tornando-a um falante e um ouvinte adaptado. O comportamento verbal é, portanto, comportamento operante e é mantido por conseqüências mediadas por um ouvinte que foi especialmente treinado pela comunidade verbal para operar como tal. “O comportamento verbal somente costuma ocorrer na presença de um ouvinte” 1. Audiência: função evocativa do comportamento verbal (SD); 2. Ouvinte como mediador do reforço (SR). (Skinner, 1957, p. 172) Audiência Evoca o comportamento verbal do falante e determina... •A língua: português, inglês, espanhol; •Subdivisões do repertório: jargões, gírias; •Subdivisões temáticas: saúde, economia; •Precisão do controle de estímulo: comunidade científica vs. literária. (Skinner, 1957, pp. 74-75); •Pode ser negativa! Funções da Audiência EU ENQUANTO FALANTE E OUVINTE (FALAR PARA SI PRÓPRIO) Alcance do comportamento verbal 17 “Mesmo sem o auxílio do instrumental moderno, o comportamento verbal pode alcançar milhares de ouvintes ou de leitores ao mesmo tempo e sobreviver durante séculos.” (Skinner, 1957, p. 206) Comunidade verbal como principal conquista humana, pois possibilita o surgimento e a manutenção comportamento verbal (inclusive “o conhecimento”). É multideterminado! (Sério & Andery, 2010; Skinner, 1957) Vantagens do comportamento verbal: ▪ Custo de resposta menor; ▪ Rapidez na emissão e reprodução do comportamento. Conceitos relevantes para identificar um comportamento como sendo comportamento verbal: ▪ Comportamento operante ▪ Mediação da consequência. ▪ Comunidade verbal. Comportamento Verbal e não-verbal ???? ???? Operantes Verbais As categorias de comportamento verbal Analisando as relações entre as condições antecedentes e as consequências das respostas verbais Multidimensionais, com critérios funcionais, estruturais ou mistos OPERANTES VERBAIS OPERANTE VERBAL SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta SD - R aprovação social ações/objetos identidade estrutural identidade funcional controle contextual auditivo/visual falante/objeto/evento COMPORTAMENTO ECÓICO ECOAR COMPORTAMENTO ECÓICO ECOAR SD (estímulo discriminativo) /Fonte Auditivo /sonoro (palavras) falante/outro R (resposta) vocal (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social identidade estrutural (acústica) SD - R CÓPIA COPIAR SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) motora(palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social identidade estrutural (gráfica) SD - R CÓPIA COPIAR visual / gráfico/ escrita (palavras) falante/outro DITADO TRANSCRIÇÃO SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) motora(palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social identidade funcional SD - R DITADO TOMAR DITADO auditivo/ sonoro (palavras) falante/outro COMPORTAMENTO TEXTUAL LER SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social identidade funcional SD - R COMPORTAMENTO TEXTUAL LER visual (palavras) externo SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social identidade funcional SD - R COMPORTAMENTO TEXTUAL LER visual (palavras) externo Oralizar um texto é diferente de compreender um texto OPERANTES VERBAIS 1. Repetição de um estímulo, seja em mesma forma ou diferente. 2. Comportamentos mais simples; 3. Base para outros Comportamentos Verbais mais complexos. PRIMÁRIOS FORMAIS TATO TATEAR SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social identidade funcional SD - R TATO TATEAR objeto/evento interno/externo SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social identidade funcional SD - R TATO TATEAR objeto/evento interno/externo Ouvinte é posto em conTATO com o ambiente SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social identidade funcional SD - R TATO TATEAR objeto/evento interno/externo Ouvinte é posto em conTATO com o ambiente Importante via de acesso a estados internos do falante MANDO MANDAR SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras/ gestos) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R objetos/ações identidade funcional SD - R R - SR MANDO MANDAR estados internos (motivação/emoção) SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras/ gestos) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R objetos/ações identidade funcional SD - R R - SR MANDO MANDAR estados internos (motivação/emoção) Explicita a natureza da ação do outro (ouvinte) SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras/ gestos) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R objetos/ações identidade funcionalSD - R R - SR MANDO MANDAR estados internos (motivação/emoção) Explicita a natureza da ação do outro (ouvinte) Supõe que o ouvinte e falante partilhem uma relação similar com o ambiente Tato distorcido com função de mando Pedidos indiretos e mentira Mentira Pedidos indiretos SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social controle contextual (emissão extensa) sequência/ temas cadeias/ conjuntos associações verbais emitente arroz e feijão COMPORTAMENTO INTRAVERBAL INTRAVERBALIZAR SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social controle contextual (emissão extensa) sequência/ temas COMPORTAMENTO INTRAVERBAL INTRAVERBALIZAR cadeias/ conjuntos associações verbais emitente arroz e feijão SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social controle contextual (emissão extensa) sequência/ temas cadeias/ conjuntos associações verbais emitente arroz e feijão A variável controladora seja o próprio comportamento verbal anterior do emitente COMPORTAMENTO INTRAVERBAL INTRAVERBALIZAR AUTOCLÍTICO REARTICULAR ORGANIZAR SD (estímulo discriminativo) /Fonte R (resposta) vocal/motora (palavras) Consequências Relação entre S (estímulo) e R resposta S - R aprovação social controle contextual (SD/Rv) Rv Rv (Rv/SR) Rv Rv AUTOCLÍTICO REARTICULAR ORGANIZAR auditivo/visual encoberta Rv anterior e concorrente São tatos cujos discriminativos são operantes verbais básicos. O falante como ouvinte de si mesmo SUMARIZANDO 8 categorias de comportamento verbal OPERANTES VERBAIS ECÓICO CÓPIA LEITURA* TATO MANDO DITADO INTRAVERBAL AUTOCLÍTICO Relações de identidade entre estímulos Relações entre organismo e ambiente (físico e social) Relações entre estímulos verbais A cultura e comunidade verbal: aquisição e manutenção do comportamento verbal Comportamento Verbal é um comportamento social O comportamento verbal é essencialmente definido pelo efeito sobre o comportamento do outro e, portanto pelo seu caráter relacional (no caso, uma relação social). Comportamento Verbal é um comportamento social Análise funcional da linguagem, isto é a função ou efeito sobre o ouvinte. As contingências de reforçamento são mantidas pela comunidade verbal nas interações entre falante e ouvinte. Comportamento Verbal é um comportamento social O ouvinte atua como um estímulo discriminativo na presença do qual verbalizações ocorrem. Como estímulos adquirem função ➔ Função de estímulo eliciador: Como estímulos adquirem função ➔ Eventos ambientais: função de estímulo reforçador e estímulo discriminativo. Como estímulos adquirem função ➔ Estímulo discriminativo: sinaliza a probabilidade de reforço caso a resposta seja emitida. Como estímulos adquirem função ➔ Função adquirida de forma direta e indireta; ➔ Equivalência de estímulos: Como estímulos adquirem função Matching-to-sample: “Bolo” “Bolo” BOLO ➔ Os estímulos passam a fazer parte de uma classe de equivalência. Como estímulos adquirem função ➔ Transferência de função: a função de estímulo estabelecida para um membro da classe passa a ser apresentada pelos demais estímulos. A1 B1 R1 R1 Como estímulos adquirem função ➔ Controle contextual sobre a transferência de função; “Bolo” BOLO ➔ Comportamento simbólico: símbolo-referente A Teoria das Molduras Relacionais (RFT) ➔ Estudo da linguagem e cognição. ➔ Os estímulos podem adquirir função por meio estabelecimento de diferentes tipos de relações arbitrárias entre estímulos; ➔ O responder relacional é um tipo de abstração que pode ser contextualmente controlada. A moldura é uma metáfora que se refere a certas características de uma classe de respostas. Responder relacional arbitrariamente aplicável O estabelecimento desse operante (RRAA) se inicia com o aprendizado do responder relacional não arbitrário, ou seja, do responder a uma relação entre estímulos com base em propriedades físicas. Equivalência de estímulos e Teoria das molduras relacionais Expandindo a compreensão funcional do comportamento verbal As práticas da comunidade verbal, no entanto, estendem-se para além das propriedades físicas dos estímulos. Depois de estabelecidas, as dicas contextuais (Crel) podem ser utilizadas também para ensinar relações completamente arbitrárias
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