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INGRID NOBRE JOÃO HENRIQUE LIMA FARIAS MARYANE ELLEN MEDEIROS SILVA RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE PRÁTICA INTEGRATIVA II Curso de Psicologia Fortaleza 2021 INTRODUÇÃO Este relatório apresenta resultados e reflexões acerca das atividades realizadas pelos autores-estudantes para a disciplina de estágio básico Prática Integrativa II, do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Dentre os objetivos desta disciplina estão o entendimento dos processos psicológicos básicos nos diversos contextos de atuação em psicologia, além da técnica de entrevista semi-aberta e escrita do relatório de estágio. Com a pesquisa realizada, o objetivo geral foi compreender o modo que os processos psicológicos básicos fazem-se presentes na atuação profissional do neuropsicólogo. A escolha por tal temática como foco do trabalho se deu pela sua ampla área de atuação, indo da clínica à sala de aula, e da nossa curiosidade sobre como os processos psicológicos básicos mostram-se nas especificidades dos contextos abordados. Para a realização deste relatório, recebemos supervisões semanais em sala de aula presencial com a professora da disciplina e a monitora. Houveram também capacitações oferecidas pela biblioteca da UNIFOR, além de rodas de conversa com profissionais de diversas áreas da psicologia. Grupos de estudos ministrados pela monitora, atividades de construção de repertório disponibilizadas pela professora e a prática da entrevista semi-aberta com três profissionais da área escolhida contribuíram com a escolha das referências bibliográficas e escrita do relatório. Durante este relatório, todos os cuidados éticos com a privacidade dos entrevistados foram tomados, como a anonimidade e a fidelidade aos dados obtidos, além do esclarecimento sobre o trabalho com o qual o entrevistado estava contribuindo. Todos esses procedimentos realizados ao longo do estágio básico de Prática Integrativa II foram de suma importância para o conteúdo, organização e qualidade deste relatório. É importante ressaltar que todos os entrevistados citados neste relatório são profissionais na área de atuação em neuropsicologia. A neuropsicológica é assinalada como a ciência psicológica aplicada ao estudo das expressões comportamentais das disfunções cerebrais (LEZAK, 1995). Dessa maneira, de acordo com o referido autor, uma avaliação neuropsicológica tem o papel de investigar o cérebro por meio do estudo do comportamento. Essa avaliação tem como finalidade principal detectar as disfunções cerebrais apresentadas pelo indivíduo, contribuindo dessa maneira para o acompanhamento do mesmo uma vez que se pode realizar uma programação do tratamento. (LEZAK, 1995). Nesse viés, o autor menciona que esse tratamento pode ter caráter medicinal, cirúrgico ou reabilitação, dependendo da necessidade do paciente. Nesse contexto, os PPB 's que mais foram demonstrados nas entrevistas foram: memória, inteligência e aprendizagem. A memória é classificada pelos psicólogos como o meio que utilizamos para codificar, conservar e recuperar informações (RENNER, 2012). Já a inteligência pode ser definida a partir do seu processo, ou seja, do seu desenvolvimento (PIAGET, 1936). De acordo com o referido , ela pode ser entendida como a capacidade de adaptação ao ambiente físico e social. Por sua vez, a aprendizagem diz respeito a constante vivência de obtenção de valores, habilidades e conhecimento ( CAMPOS,1984) RESULTADOS E DISCUSSÕES A realização das entrevistas e pesquisa sobre o tema proporcionou um maior entendimento dos processos psicológicos básicos com ênfase na neuropsicologia. Estudamos como esses processos estão presentes na atuação do neuropsicólogo e são de fundamental importância para a realização dos testes e avaliações. Com este trabalho, também foi possível ampliar nosso conhecimento sobre como atua esse profissional, quais as demandas mais recorrentes na clínica, os principais desafios encontrados pelos neuropsicólogos na atuação da profissão e conselhos para quem se interessa pela área. Praticamos também as técnicas de entrevista semi-aberta já estudadas no semestre passado, e, deste modo, melhoramos nosso empenho na realização dessa atividade. Durante nossa pesquisa, foi possível identificar a predominância de três processos psicológicos básicos na atuação da neuropsicologia. Foram eles: aprendizagem, inteligência e memória. A seguir, iremos desenvolver o conceito de cada um dos PPBs citados, discorrendo sobre a relação dos mesmos com o trabalho prático desenvolvido pelos profissionais entrevistados. Para preservar o anonimato dos contribuintes deste relatório, utilizaremos nomes fictícios para nos referirmos aos neuropsicólogos. -1 A APRENDIZAGEM Podemos entender aprendizagem como o processo de aquisição ou modificação de conhecimentos, competências, habilidades e comportamentos em função da experiência do sujeito (HOCKENBURY, 2003). De acordo com o referido autor, aprender novas condutas está intrinsecamente relacionado à adaptação do ser ao meio em que ele se encontra. Nesse prisma, nas entrevistas, as Psicólogas Ana e Bruna mencionaram que atendem crianças e adolescentes com constantes desafios relacionados à adaptação ao meio em que estão inseridas. Essas complicações vão desde uma simples dificuldade acadêmica até problemas que impossibilitam ou comprometem a interação dos jovens com o meio social, como por exemplo, transtorno específico de aprendizagem, TDAH, déficit de atenção e até mesmo complicações pessoais e familiares. Esse registro só reforça que no cenário atual brasileiro é muito comum nos depararmos com crianças e adolescentes que sofrem com impedimentos referentes ao aprendizado. Muitos desses problemas aparecem em função do ambiente em que a criança está inserida, que afeta a maneira e o grau em que se apresentam seus déficits na aprendizagem. Nessa perspectiva, podemos mencionar, no que diz respeito às interferências ambientais, causas educacionais e até mesmo causas familiares ou do ambiente doméstico (HOCKENBURY, 2003) Nesse viés, de acordo com o National Joint Committee On Learning Disabilities (NJCLD, 2016), que é o comitê nacional de representantes de organizações comprometidas com a educação e o bem-estar de pessoas com dificuldades de aprendizagem, podemos conceituar as Learning Disabilities (Dificuldades de Aprendizagem) como atrasos atípicos no desenvolvimento cognitivo, comunicação, capacidade de leitura, mobilidade e habilidades sensoriais e ainda nas relações sociais e emocionais que podem trazer dificuldades no desempenho educacional e, sobretudo na vida do indivíduo. Nesse sentido, podemos perceber a importância da abordagem das causas educacionais das dificuldades de aprendizagem pelos profissionais da saúde mental, visto que eles trabalham diariamente com o aprendizado de seus pacientes. Esse detalhe nos remete também a importância da promoção da divulgação dos serviços de saúde psicológica, que infelizmente, ainda são tidos como dispensáveis por muitos, principalmente no contexto brasileiro. Em adição ao exposto, Carlos trouxe uma perspectiva diferente de Ana e Bruna, ele relata que em seu acompanhamento, é muito comum aparecerem casos em que crianças e adolescentes mencionam possuir determinados transtornos que implicam em sua aprendizagem mesmo sem terem sido consultados previamente por um profissional da área. O entrevistado mencionou que esses diagnósticos prematuros e próprios, realizados com cada vez mais frequência pelos jovens, desprovidos de assistência profissional, acabam fazendo com que crianças e adolescentes incorporem certos comportamentos e passem a agir de acordo com o que essas pseudo análises estipulam. Na nossa experiência como estudantes de Psicologia , percebemos que , na medida em que a psicologia está sendo cada vez mais abordada no âmbito social e cultural (detalhe esse muito positivo para o corpo social), vem à tona também, infelizmente, uma banalização de determinadas patologias e transtornos. Dessa maneira, podemosentender a importância da divulgação do trabalho psicológico e concomitantemente da promoção de uma maior abertura do mercado psicológico, com o fito de promover um acesso mais amplo aos serviços que cuidam da saúde psíquica da população brasileira. Essa promoção é muito relevante para que cada vez mais pessoas tenham contato com a prática psicológica e para que os jovens tenham sua aprendizagem assegurada. -2 A INTELIGÊNCIA Desde os primórdios da psicologia, a definição do conceito de inteligência vem sendo discutida por diversos autores devido à sua extrema importância para o desenvolvimento do ser humano. Segundo Howard Gardner, inteligência é a capacidade de lidar-se criativamente com problemas, conseguindo achar soluções diversas (BESSA, 2008). Essa inteligência descrita por Gardner, que conta com diversos desdobramentos específicos, pouco têm em comum com a inteligência entendida pelo senso comum, que valoriza por exemplo os testes de Quociente Intelectual (QI) e o sucesso acadêmico, desvalorizando diversas outras, como a inteligência artística ou a musical. Durante as entrevistas realizadas com os profissionais da área de neuropsicologia, foi possível notar a importância de principalmente um tipo de inteligência para um sucesso nesta área: a inteligência interpessoal. Essa inteligência está voltada para os outros indivíduos, tornando possível distinguir desejos, sentimentos e emoções de terceiros, possibilitando assim uma facilidade de intervenção (BESSA, 2008). Essa inteligência é comumente encontrada em pessoas que exercem profissões que lidam com outros seres humanos, como professores e terapeutas. A Inteligência citada está baseada na capacidade de notar-se distinções entre as pessoas, especialmente no quesito de temperamentos e intenções (SOBRAL, 2013). As psicólogas Ana e Bruna, exercem a neuropsicologia na clínica, aplicando testes e traçando diagnósticos a partir dos mesmos em conjunto com suas observações. Nessa plataforma, a inteligência interpessoal é de extrema importância por conta do contato direto que se tem com os pacientes. Faz-se necessário a utilização da empatia para, por exemplo, entregar um diagnóstico difícil para uma pessoa já fragilizada, e saber como passar este tipo de notícia de forma que não cause demasiada angústia aos clientes. É de extrema importância traçar o perfil emocional de seus pacientes e buscar a melhor maneira de se comunicar com o mesmo, sempre tendo em mente o estado psicológico que a pessoa se encontra. Todo este trabalho é realizado utilizando a inteligência interpessoal proposta por Gardner e descrita anteriormente. O terceiro profissional entrevistado, Carlos, trouxe outra demanda, já que o mesmo foca seu trabalho em alunos no seu curso pré-vestibular. Neste novo ambiente, que não traz muito em comum com a clínica, nota-se novamente a grande importância da inteligência interpessoal nos profissionais de neuropsicologia. Carlos relata que , no início do ano letivo, recebe diversos alunos que passam por extremo sofrimento psíquico decorrente da ansiedade causada pelo vestibular. Esses alunos, com um emocional fragilizado e demonstrando diversas crises, chegam à metade do período letivo com todas essas demandas aliviadas. Carlos explica que é de extrema importância realizar uma investigação na vida de cada aluno, identificando onde encontram-se os seus maiores problemas, e iniciar um trabalho de reparação. Apenas depois de ter um cotidiano estabilizado, é possível que a parte didática do trabalho seja satisfatoriamente desenvolvida. Para notar as demandas destes alunos, e também para perceber a origem das mesmas, a inteligência interpessoal é extremamente necessária. -3 A MEMÓRIA Memória é o processo psicológico básico em que codificamos, armazenamos e recuperamos informações (RENNER, 2012). Existem três processos básicos de memória: a codificação, o armazenamento e a recuperação da informação. A codificação consiste no registro inicial da informação e está relacionada com a memória sensorial que dura apenas um instante. O armazenamento é o processo de manutenção da informação para ser utilizada no futuro, está relacionado com a memória de curto prazo que dura em torno de 15 a 25 segundos. Por fim, a recuperação é o processo que se dá quando o material do armazém de memória é localizado e trazido para a consciência para ser utilizado. A recuperação está relacionada ao sistema de armazenamento da memória de longo prazo, esta não um prazo de duração, é relativamente permanente, apesar de poder ser difícil de recuperá-la. O indivíduo que sofre com perda de memória enfrenta graves dificuldades para realizar simples tarefas no seu dia-a-dia, todavia é importante ressaltar que a falha na memória também tem sua relevância no ato de recuperar o material armazenado. Nesse sentido, afirma Renner (2012, p. 166): [...] a falha de memória também é essencial para lembrar informações importantes. A habilidade de esquecer detalhes inconsequentes sobre experiências, pessoas e objetos nos ajuda a evitar a sobrecarga e a distração por armazenar dados triviais e insignificantes. Esquecer nos permite formar impressões e memórias gerais. Diversos motivos podem ocasionar a perda de memória, tais como uma falha de codificação, ou seja, quando não prestamos atenção ao material de modo que ele não é devidamente armazenado, o declínio, que consiste na perda de informações devido à falta de uso e interferências, que podem ser proativas ou retroativas. A interferência proativa é quando a informação aprendida anteriormente interrompe a recordação de material mais novo e a retroativa, o oposto, quando há uma dificuldade em recordar material armazenado anteriormente devido à exposição posterior a novas informações (RENNER, 2012). A falha na memória, todavia, pode ser ocasionada também por disfunções, tais como a amnésia e a doença de Alzheimer. Esta última é a quarta maior causa de morte entre adultos nos Estados Unidos (RENNER, 2012) e, além de resultar numa perda de memória progressiva do paciente, ela também ocasiona demência. A progressão da doença é irreversível e o tratamento consiste apenas na desaceleração desse processo para promover uma melhor qualidade de vida para o paciente. Ainda não foi encontrada uma causa para o mal de Alzheimer, a enfermidade parece estar relacionada a uma variedade de possíveis influências genéticas e ambientais, nenhuma das quais foi identificada de modo conclusivo pelos cientistas (STERNBERG, 2016). Durante as entrevistas com os neuropsicólogos, Ana e Bruna relataram que em seus atendimentos há um elevado número de idosos, boa parte encaminhados por médicos geriatras, com o diagnóstico da doença de Alzheimer. Nesse sentido, é evidente a importância dos profissionais da saúde mental entenderem o processo psicológico da memória, visto que eles trabalham diariamente com pacientes que sofrem com a falha desse processo. Ressalta-se também que é crucial que haja um direcionamento e suporte aos cuidadores dos pacientes portadores do mal de Alzheimer, para que sejam mais capacitados no enfrentamento da enfermidade junto ao paciente. Carlos, por sua vez, relatou outra demanda de atendimento relacionada à falha na memória. Ele atende alunos do seu curso pré-vestibular e as principais queixas do público alvo do seu trabalho é o esquecimento devido a sofrimentos psíquicos tais como ansiedade e TDAH que se intensificam com no contexto do vestibular. Para Carlos, é necessário que haja um acompanhamento na vida pessoal dos pacientes, de modo que seja possível constatar o motivo da dificuldade de cada aluno em reter ou recordar a informação e ter um melhor desempenho na prova do vestibular. CONCLUSÃO A pesquisa realizada nos proporcionou diversos esclarecimentos e quebras de paradigmas. Com ela, foi possível compreender como a Psicologia atua, dentro de suas especificidades, no âmbito da neuropsicologia e ainda como os processos psicológicos básicos se relacionamcom a práxis nesse campo de atuação. Nosso estudo trouxe, além do reconhecimento da área por meio dos profissionais entrevistados, o incentivo à apropriação de novos conhecimentos, sustentados em uma sólida base teórica, objetivando fundamentar a correlação entre as PPBs e a neuropsicologia. Nesse sentido, verificamos que a área de atuação abordada tem uma grande relevância na efetivação de práticas que busquem a qualidade de vida dos indivíduos inseridos no espaço social, principalmente aqueles que sofrem com problemas relacionados ao que diz respeito à fisiologia do cérebro. Essa contribuição promove um acompanhamento científico na sociedade e acaba construindo conhecimento que embasa cada vez mais a sua prática. Podemos ressaltar que as bases levantadas nesta pesquisa podem contribuir para gerar novos estudos, tendo em vista que esta temática não acaba nos limites deste trabalho. Por fim, houve a possibilidade dos alunos de Práticas Integrativas II terem contato com o estudo de uma ampla área de atuação em Psicologia, permitindo que ainda na graduação, haja uma noção de como a teoria se relaciona com a prática. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LEZAK RENNER - PSICO PIAGET : O NASCIMENTO DA INTELIGÊNCIA PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM - Dinah Martins de Sousa Campos BESSA, Valéria da Hora. Teorias da aprendizagem. Curitiba: IESDE Brasil S. A., 2008. 204 p. v. 1. ISBN 85-7638-365-9. RENNER, Tanya. Pisco. Rio Grande do Sul: AMGH Editora Ltda, 2012. SOBRAL, Osvaldo José. INTELIGÊNCIA HUMANA: CONCEPÇÕES E POSSIBILIDADES. FacMais, [S. l.], p. 32-46, 14 fev. 2013. Disponível em: file:///C:/Users/marya/Downloads/Intelig%C3%AAncia%20Concep%C3%A7%C3%B5es%2 0e%20Possibilidades.pdf. Acesso em: 12 nov. 2021. NATIONAL JOINT COMMITTEE ON LEARNING DISABILITIES. learning disabilities and Young Children: identiication and intervention. National Joint Committee on Learning Disabilities. [Technical Report] October, 2007. Disponível em:https://njcld.org/ld-topics/ . Acesso em: 20 nov. 2021. HOCKENBURRY, Don H.. Descobrindo a psicologia. 2. ed. Barueri: Editora Manole, 2003. APÊNDICES - Roteiro de tópicos-guia para as entrevistas semiabertas a serem feitas com as(os) profissionais de psicologia 1. Trajetória Acadêmica e Profissional da Psicóloga(o) 2. Informações mais gerais acerca da atuação da Psicologia: a. campos/locais possíveis de atuação; b. temáticas abordadas mais frequentes (ficar atenta/o para aspectos comentados que possam ser relacionados com os PPBs) 3. Prática Profissional mais específica: a. Público-alvo: perfil e características frequentes (ficar atenta/o para aspectos comentados que possam ser relacionados com os PPBs) b. Demandas frequentes para sua atuação: contextos, sintomas, sinais, problemáticas. (ficar atenta/o para aspectos comentados que possam ser relacionados com os PPBs) c. Método: técnicas, procedimentos, ferramentas, estratégias. (ficar atenta/o para aspectos comentados que possam ser relacionados com os PPBs) d. Fundamentação teórico-conceitual (ficar atenta/o para aspectos comentados que possam ser relacionados com os PPBs) e. Desafios enfrentados: quais são, possibilidades de enfrentamento. (ficar atenta/ para aspectos comentados que possam ser relacionados com os PPBs) 4. Recomendações para futuros profissionais (estudantes de Psicologia) que queiram atuar nessa área. ANEXOS -Transcrição n°1 -Trajetória acadêmica e profissional Graduação em psicologia pela Universidade de Fortaleza Especialização em neuropsicologia pela Unichristus Especialização em teoria cognitivo comportamental pelo CTC veda Mestrado neurologia na Universidade Federal de São Paulo Demonstrou interesse pela neuropsico a partir do contato com as cadeiras de neurociência e fisiologia e ao ser monitora -Locais de atuação Professora na graduação da Unifor Professora na pós graduação da Unichristus Professora na pós graduação do Hospital Albert Einstein Consultório Supervisões clínicas -Temáticas abordadas com mais frequência Comprometimento cognitivo leve TEA Alzheimer TDAH Transtornos de aprendizagem (dislexia, discalculia) -Público e demandas mais frequente Idosos: comprometimento cognitivo leve, alzheimer Adultos, crianças e idosos: TDAH Crianças e jovens adultos: TEA Crianças: transtornos de aprendizagem Investigação cognitiva e diagnósticos Dúvidas frequentes na sala: raciocínio clínico Pacientes: entender a causa de suas dificuldades, o que pode ser feito a partir do laudo Média de 8 consultas antes do diagnóstico -Sintomas frequentes Idosos: comprometimento cognitivo leve, alzheimer, dificuldade de memória Crianças: transtorno de aprendizagem, dificuldade acadêmica TDAH: comportamento, agitação, impulsividade, desatenção TEA: socialização precária -Métodos Anamnese Observação clínica Tarefas qualitativas Questionários Testes neuropsicológicos Escalas Estratégias: entrevista semi estruturada, observação clínica. Testes: visp, vais,fdt, raplt, figuras de Rey, htp, bbi -Fundamentação teórico-conceitual tcc -Desafios Contato multiprofissional Integração dos resultados com a vida diária do paciente Enfrentamento: ética, observação, importância da troca a respeito do paciente, importância do contato multiprofissional. -Recomendações para futuros profissionais Atualização constante Estudar sempre Leitura funções cognitivas e ppbs Estudar os instrumentos utilizados nos diagnósticos -Transcrição n° 2 -Trajetória acadêmica e profissional Graduação em psicologia pela Universidade da Amazônia Unama Pós-Graduação em psicologia hospitalar pela Universidade de Recife UFPE Especialização em neuropsicologia pela Universidade de Recife UFPE Especialização em psicoterapia breve pela Universidade de Recife UFPE Especialização em psicomotricidade clínica na UECE - Fundamentação teórico-conceitual nos atendimentos clínicos Terapia Cognitivo-Comportamental -Público mais frequente Em questão de faixa etária são os dois extremos, crianças e idosos. As crianças procuram atendimento geralmente por causa de psicopedagogos e professores da escola. Já os idosos, são os neurologistas e geriatras que mais encaminham para a avaliação. -Sintomas frequentes Idosos: dificuldade de memória, alzheimer e demência Crianças: transtorno de aprendizagem, dificuldade acadêmica e familiar, TDAH -Métodos avaliativos Observação clínica Tarefas qualitativas Questionários Testes neuropsicológicos Escalas avaliativas como a vizer, wisc e a de beck Estratégias: entrevista semi estruturada, observação clínica -Desafios na atuação da profissão Dificuldade na aquisição do material para realização dos testes que são escassos e caros -Solução para os desafios expostos Aumento da oferta no comércio para que o valor do material dos testes seja reduzido -Covid Não foi possível aplicar os testes neuropsicológicos durante a pandemia, pois a maioria precisa ser realizado presencialmente Após a pandemia, houve aumento no número pacientes na faixa dos 40 aos 50 anos de idade. Eles relataram problemas de memória, aprendizagem e raciocínio lógico após ter contraído o covid -Neuropsicologia e saúde pública A maioria dos testes são realizados por planos de saúde privados -Recomendações para futuros profissionais Atualização constante, fazer cursos de extensão e pós-graduação Gostar de trabalhar com pessoas Sensibilidade para saber lidar com as fragilidades de outro ser humano -Transcrição n° 3 1-Trajetória acadêmica e profissional? Algo que transformou muito a minha vida acadêmica e profissional foi poder transitar entre áreas diferentes. Podemos absorver um pouco do conhecimento de outras áreas para melhorar ainda mais a nossa. O profissional da área da saúde não pode estudar apenas uma área, ele tem que beber de outras fontes para se capacitar ainda mais, principalmente quando nos referimos a psique humana, a área da psicologia é extremamente importante e não podemos ficar presos somente aos psicólogos. Quando busquei a especialização em neuropsicológica, algo me chamou a atenção, a própria neuropsicológia é uma área que brota de várias outrasáreas. Existem terapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, médicos... Todas essas áreas da saúde contribuem para a formação dessa área que é transformadora... Conhecer um pouco mais sobre a estrutura do cérebro e os impactos que isso nos torna profissionais mais qualificados, capazes de fornecer um atendimento mais especificoe eficiente. A academia me trouxe a possibilidade de conhecer novos estudos, pesquisas, estar atualizado em relação ao que temos de mais novo, principalmente na área da psicologia em que nos temos mudanças significativas, os testes e as demandas psicológicas vão se atualizando. Quando nos deparamos com um paciente, lhe damos com uma pessoa completamente nova, um novo desafio, e nesse cenário a investigação se torna muito importante (saber observar os nos torna profissionais mais qualificados). Hoje eu atuo dentro da educação, me afastei um pouco da parte clínica. A especialização neuropsicológica contribui bastante, principalmente nesse contexto atual em que vivemos de pandemia em que as pessoas cada vez mais novas vêm adquirindo ansiedade, depressão, déficit de atenção, transtornos das mais variadas formas , déficits de aprendizagem. Dentro da educação, eu consigo atender a uma determinada demanda que outros professores normalmente não conseguem. Atualmente como professor , o conhecimento que obtive no ramo da neuropsicologia me tornou um profissional mais capacitado. Uma crítica que faço às escolas é preencher todos os horários dos alunos com aulas. Isso acaba aumentando a demanda das clínicas, elas ficam lotadas com adolescentes com problemas. Um adolescente é um ser em processo de autodescobrimento, é um ser que precisa viver, precisa desbravar o mundo, a sua própria mente,precisa desbravar a sociedade, adolescente é por natureza um ser desbravador, é você colocar um ser desbravador para passar o dia na escola, é colocar o adolescente para se tornar uma panela de pressão prestes a explodir. Essa explosão aparece em forma de ansiedade . Os jovens hoje não praticam esportes e nem socializam, como seres sociais isso é um absurdo. A aprendizagem do ser humano vem pelo rosto a rosto (frente a frente). Nós passamos a reconhecer emoções e a reconhecer o outro com essa troca de experiências olho no olho, é assim que aprendemos as emoções dos outros e as nossas emoções. 2- Como você faz para relacionar os conhecimentos da neuropsicologia com a educação? Em primeiro momento é muito comum os pais e alunos me procurarem com demandas mais específicas relacionadas a transtornos psicológicos e transtornos de aprendizagem. Na maioria das vezes, a pessoa não tem nenhum problema psicológico. Às vezes o aluno não tem limites dentro de casa, ele apenas não foi educado e nem disciplinado. Não aprendeu a se dedicar, a estudar, a manter o foco nos estudos e muitos pais incorporam e se apropriam de um diagnóstico para poder justificar o comportamento daqueles adolescentes. Às vezes é só um momento da adolescência que foi um pouco conturbado e não foram impostos limites e regras, a pessoa simplesmente não foi ensinada a ter uma vida equilibrada. Perceber que os transtornos que aparecem precisam ser testados e avaliados mais especificamente para formular um diagnóstico mudou minha perspectiva como profissional. Uma postura incomum não é suficiente para fechar um diagnóstico de uma pessoa, quando você fecha um diagnóstico de uma pessoa ela passa a acreditar que possui aquele transtorno e ela passa a se comportar com as características daquele transtorno. Conscientizar as pessoas a respeito disso é muito importante. Quando chega alguma pessoa com esse tipo de demanda, primeiramente temos uma conversa para saber quais elementos foram elencados para fechar esse diagnóstico. Quando temos a presença de um transtorno, sabemos que o cérebro daquela pessoa não está funcionando da forma como deveria. Estudamos um cérebro saudável a partir do estudo de cérebros disfuncionais. Na neuropsicológica não estudamos apenas aquela característica disfuncional, mas de que forma aquela característica impede você de ter uma vida saudável. Uma pessoa com TDAH possui uma característica que dificulta ou impede que ela viva normalmente. Se de repente uma pessoa tiver algo na vida em que não tem impacto nenhum, você não considera aquilo como um transtorno efetivamente, mas apenas como uma característica que pode ser trabalhada, revertida e controlada para continuar não gerando nenhum impacto. Outra demanda muito grande que tenho é em relação à ansiedade. Aqui, eu entro com uma crítica, porque uma coisa é a pessoa ser ansiosa e outra é estar em um momento de ansiedade, são duas características completamente diferentes. Caso clínico – Criança com dificuldade de aprendizagem por conta de uma lesão promovida durante o parto na ponte do cérebro. Essa lesão não permitia uma comunicação eficiente entre os dois hemisférios. Percebemos que o déficit de aprendizagem dele vinha dessa lesão. Esse é o papel do neuropsicólogo por ter um conhecimento maior da anatomia do cérebro. Conseguimos investigar um pouco mais além do que está à nossa frente. Passamos então a trabalhar soluções para promover uma aprendizagem mais eficiente, pois a lesão era irreversível. O estudo não era estimulante e atraente para essa pessoa, mas passamos a entender melhor a causa do problema e a partir disso promovemos uma ampliação na sua aprendizagem. 3- – Como está sendo realizado o acompanhamento psicológico no período de pandemia? Houve um aumento da demanda, pois tivemos uma mudança no contexto da vida de muitas pessoas, principalmente pela perda de familiares, de parentes, como lidar com a família: muitos alunos sofrendo com o convívio familiar. O fechamento das escolas para mim foi uma medida muito inadequada que aumentou e potencializou ainda mais problemas graves, porque a maioria dos lares brasileiros são desestruturados. Várias famílias vivem em conflito porque não sabem administrar os problemas de convivência, sem poder sair de casa para desestressar. As crianças e os adolescentes são os que mais sofrem com esse cenário. Tornou-se muito mais difícil atender a essa demanda, um atendimento online é completamente diferente de um atendimento presencial. Muitas vezes o paciente está em casa e não tem um ambiente em que possa conversar com total liberdade. A profundidade do diálogo e posteriormente a investigação dos casos são mais difíceis. Tivemos que nos reinventar e procurar alternativas para driblar todos esses problemas. 4 – Qual é o maior desafio que você identifica na prática psicológica? A busca pelo conhecimento é o maior desafio. Os jovens não têm referências ou possuem referencias distorcidas. Para eles a vida é algo simples e que a felicidade e o sucesso estão no número de curtidas, no número de seguidores. Os jovens estão distantes do mundo real, estão vivendo uma vida virtual e se perderam totalmente do mundo real, esse é um desafio muito grande que observo até em adultos hoje em dia. Esse problema dificulta a prática psicológica na medida que as pessoas estabelecem um bloqueio para a mesma. 5- Fala para futuros psicólogos? Quando as pessoas me perguntam em qual área devo me profissionalizar, eu falo que é a psicologia, acredito que seja maior do que a área de tecnologia. Hoje em dia é um serviço essencial, e a tendência é que a demanda aumente cada vez mais por conta dos erros cometidos na criação das crianças e adolescentes. Essas consequências aparecem na fase da adolescência e se fixam na fase adulta, só podendo ser resolvidas por profissionais.
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