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UNIDADE 1 Psicologia Social - Serviço Social Unidade I: 1. Materialismo dialético; 2. Ideologia; 3. A realidade histórica e social dos países latino- americanos; 4. Novos temas para o pensamento crítico em grupos: linguagem e imaginário. Apresentação: Possibilitar ao aluno o acesso aos fundamentos para as práticas com grupos em perspectivas críticas que têm orientado essas ações na América Latina, especialmente no Brasil. • Ao final, o aluno deverá ser capaz de: Reconhecer e compreender os pressupostos filosóficos, históricos e sociais que dão suporte às práticas com grupos. Identificar e analisar os fenômenos humanos de ordem psicossocial nos grupos, instituições e comunidades, de acordo com as tradições e as especificidades da realidade social e econômica latino- americana discriminar as metodologias de pesquisa e prática com grupos, tendo como referência a tradição latino-americana e sua interface com a psicologia social e comunitária, a saúde comunitária e ainda com ciências afins, como história, sociologia e antropologia. Introdução: • Para o senso comum: cada indivíduo é o responsável final por seus sucessos e fracassos, capaz de usar a razão (e a oportunidade) para encontrar as melhores e mais valiosas soluções para seus problemas. • Em uma perspectiva crítica: não é possível pensar o indivíduo sem o grupo. Todo indivíduo é alguém devido aos grupos aos quais está relacionado. • Materialismo dialético: Karl Marx (1818-1883), filósofo, cientista social e historiador alemão com suas ideias sobre as relações entre subjetividade, sociedade, economia e política, influiu decisivamente na construção do ideário socialista que alcançou todo o planeta a partir do século XIX. Por meio da dialética como forma de pensar a realidade, explicou sua instituição e a sustentação do capitalismo, assim como buscou as pistas para superar as contradições do capitalismo e seus efeitos, como opressão e sofrimento das populações a origem da discussão sobre a concepção de dialética é a obra do filósofo alemão Hegel, que a desenvolveu durante o século XIX, que reconheceu a importância e a função da contradição naquilo que é constituído pelos homens e pela sociedade a presença e a importância da contradição não são ideias que possam ser compreendidas de imediato, não são óbvias nem “naturais”, segundo Marx (apud Lefebvre, 2010), as contradições do pensamento fundamentam-se, em última instância, nas coisas, naquilo que é objetivo e real (e na produção humana). → Um exemplo: como entender o proletariado sem incluir suas relações com a burguesia, isto é, a presença da submissão de classe e o desejo de consumir? • Ideologia: Seu sentido mais corrente é o que trata daquilo que afasta os homens e as sociedades da “realidade”, mais especificamente dos determinantes que nos fazem compreendê-la para Chauí (1997) é possível utilizar duas conceituações para ideologia: • Fraco: diz respeito ao conjunto de ideias que nós mesmos, nossos grupos e sociedades utilizamos e que irá configurar nossa visão do mundo seu valor está no ser aquilo que sustenta o pensamento e o comportamento humano construídos por meio das relações entre os homens e transmitidos entre as gerações pela cultura e suas instituições, isto é, pela linguagem, pela arte, pelas produções artísticas, científica, religiosas, na escola, no trabalho, no dia a dia. A definição forte está diretamente associada à crítica construída na perspectiva marxista e que a apresenta como possuindo um sentido necessariamente negativo nesse caso, a ideologia é como uma falsa consciência produzida e sustentada pela classe dominante e que se presta a encobrir os determinantes da dominação exercida por tal classe, como uma neblina que não nos deixa perceber a realidade de acordo com Guareschi (1998), a ideologia constitui-se como prática discursiva e material, isto é, ela se estabelece no campo das ideias, nos discursos, nas conversas também se faz nas práticas cotidianas, na repetição dos papéis sociais, na educação escolar, nas práticas familiares e sociais a ideologia é literalmente apreendida e, assim, legitimada (THOMPSON, 2001) a ideologia também se produz por meio do compartilhamento de imagens que sustentam esses entendimentos e ideias, assim como as práticas cotidianas as imagens, ou aquilo que tem dimensão imagética e que está também nas palavras, no discurso, no comportamento, ainda são potentes para conduzir a ideologia os estudos sobre o imaginário, em uma perspectiva crítica de Castoriadis (1986), podem auxiliar a compreender essa presença, bem como os trabalhos a partir da Teoria das Representações Sociais de Moscovici (2010) durante muito tempo, a Psicologia no Brasil pode ser entendida como um espelho das atividades científicas que se desenvolviam na “metrópole” – entendam-se aqui os Estados Unidos seguindo o modelo colonial, nossa produção científica e técnica esteve longe de levar em conta a história e as realidades vividas pelos povos latino- americanos, e acadêmicos e universidades dedicavam-se com mais ou menos sucesso a repetir as preocupações e os programas das universidades norte-americanas é o caso, por exemplo, da ideia de subdesenvolvimento, conceito que aponta para as condições de submissão cultural e econômica construídas e sustentadas pelas relações de dependência com os chamados países desenvolvidos “O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta.” (CASTRO, 2003, p. 137) o psicólogo identifica-se nessa condição também como um cidadão e crítico das situações sociais nas quais ele próprio vive mais do que isso, suas atividades científicas e profissionais vão ser compreendidas necessariamente como parte desse contexto durante as décadas de 1970 e 1980, boa parte da América Latina encontrava-se sob regimes de exceção as ditaduras militares eliminaram direitos civis, suprimiram espaços de debate e a possibilidade do pensamento discordante, eventualmente apelando para a tortura dos opositores e produzindo o que, para usar um eufemismo bastante repetido, se chamou de “desaparecidos”, isto é, os indivíduos identificados que foram mortos por esses regimes tal situação pode ser vista, por exemplo, nas ações de grupos teatrais, como o Teatro de Arena, em São Paulo, o Grupo Opinião, ligado ao Centro de Cultura Popular da UNE, e o Teatro do Oprimido, com autores como Oduvaldo Vianna Filho, Maria Adelaide Amaral, Plínio Marcos e Gianfrancesco Guarnieri na música, também são muitos os autores que produziram obras de resistência, críticas ao Regime Militar, entre eles Geraldo Vandré, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gonzaguinha a opressão política também alcançou os meios acadêmicos e científicos brasileiros via de regra, os intelectuais eram os primeiros a serem perseguidos e exilados sintomaticamente, essa condição abriu portas para a disseminação de conceitos e práticas técnicas e científicas identificados com o status quo, isto é, como o poder vigente nesse contexto, a Psicologia, especialmente a Psicologia Social no Brasil, pode ser reconhecida a partir de uma história que se inicia sintomaticamente com uma crise a crise da Psicologia social, identificada por pensadores desde a década de 1960, refere-se ao confronto entre um modelo de Psicologia que defendia uma prática neutra e de aplicação tecnológica, na esteira da Psicologia americana, e um modelo que se apresentava vinculado ao contexto histórico-social, em que se desenrola a vida dos indivíduos, uma Psicologia com forte componente crítico e político em uma perspectiva que pode ser descrita como psicológica e fundamentalmente experimental (FARR, 2010), Aroldo Rodrigues será o principal representantedessa posição, que entende uma separação necessária entre Psicologia e Política, compreendida aqui no seu braço participativo e crítico em contrapartida, capitaneando a fala discordante do status quo e profundamente engajada na oposição à ditadura (1964- 1985), está a psicóloga social Silvia Lane formada em Filosofia e doutora em Psicologia, sob uma perspectiva experimental, Lane constrói sua carreira científica aproximando-se, antes, do “materialismo” de Skinner, para então dedicar-se ao materialismo de Marx, contido na Psicologia soviética Lane estabelece contatos permanentes com importantes representantes da Psicologia Social latino-americana, instituindo espaços de encontro e diálogo cruciais para o estabelecimento dessa Psicologia crítica (BOCK et al., 2007). Lane (1985) fez duras críticas ao entendimento sustentado por Rodrigues sobre a Psicologia Social como uma ciência básica e neutra capaz de solucionar problemas sociais a Psicologia Social Crítica, defendida por Lane e outros pensadores, vai buscando estabelecer-se como ação científica e política, indicando a impossibilidade de separar teoria e prática, voltada para uma ação acadêmica e profissional engajada na luta por transformação e justiça social. A Psicologia Sócio-Histórica Formada a partir das principais correntes no embate com os modelos hegemônicos e que defendem a neutralidade da Psicologia, desenvolveu-se uma perspectiva crítica nomeada como Psicologia sócio- histórica, representada no Brasil pelos trabalhos de Silvia Lane e de seu grupo apoiada no marxismo, adota o materialismo dialético como filosofia, teoria e método como teoria crítica do modelo positivista e racionalista da ciência psicológica, busca situar a Psicologia em uma perspectiva dialética orienta essa visão o princípio de que o homem é ativo, social e histórico e de que a sociedade deve ser entendida como uma produção histórica de seus participantes, homens e mulheres sob essa compreensão, as ideias são entendidas como representações da realidade material, que é, por sua vez, assentada em contradições expressas nas ideias assim, a história deve ser compreendida como movimento contraditório e constante do fazer humano – e que tem por fundamento sua base material para dar suporte a essa perspectiva, e já caminhando para o que sustenta as relações entre subjetividade e grupos, é necessário situar a própria história da Psicologia como ciência, Segundo Bock (2001), a visão liberal que acompanha a instalação do capitalismo privilegia o individualismo, a vida privada e a invenção de um mundo interno, partícula a Psicologia sócio-histórica afirma assim, a indissociabilidade entre a subjetividade e a objetividade do mundo, marcada pelas relações econômicas, e reconhece a presença da linguagem como mediadora do processo de internalização da realidade a subjetividade não pode ser descolada das relações sociais concretas e desse modo, conhecer o mundo interior – o fenômeno psicológico – é compreendê-lo como expressão e conversão do mundo objetivo e coletivo, retirando sua caracterização como algo que deve ser entendido como abstrato e idealista. Novos Temas para o Pensamento Crítico em Grupos: Linguagem e Imaginário Questões de fundamento e metodológicas: Do ponto de vista metodológico, muitos e diferentes têm sido os métodos utilizados para o estudo desses temas e conceitos em uma perspectiva crítica embora os métodos quantitativos não sejam incompatíveis com a pesquisa social, os métodos qualitativos têm sido os preferencialmente utilizados nesse campo desse modo, as ações de pesquisa e intervenção na Psicologia social tenderam a privilegiar metodologias qualitativas por meio delas, é possível aliar as preocupações com o engajamento do pesquisador e as vias para a transformação da sociedade com as demandas acadêmicas do apelo ao método que pudesse ser reconhecido como produzido dentro dos cânones científicos o pesquisador se apresenta, na mesma perspectiva profissional, como parte necessária do processo de construção do conhecimento, não apenas como detentor de saber acadêmico e manipulador de técnicas, mas considerando o meio composto de história, experiências, conhecimentos e princípios que necessariamente interferirão na sua apreensão do problema investigado como sujeito, ele se engaja em uma relação intersubjetiva, contrapondo a divisão absoluta entre sujeito e objeto de conhecimento. Linguagem Os estudos sobre a linguagem têm sido alvo de um grande número de pensadores em filosofia, sociologia, antropologia e psicologia, e mesmo nas ciências da saúde, seja preocupado com a compreensão de sua origem e função social, seja buscando compreender seus aspectos, neurofisiológicos e funcionais na linhagem teórica que vê a linguagem como prática que produz a ligação entre o indivíduo e o mundo social, há compreensões bastante diversas o psicólogo behaviorista Skinner, por exemplo, tem uma obra especialmente voltada para o estudo e a interpretação do comportamento verbal, indicando a materialidade do falar em uma outra perspectiva, a sócio-histórica, tendo Vygotsky e Leontiev à frente, a linguagem vai ser compreendida como produto de relações materiais e sociais e pensada como indissociavelmente ligada ao pensamento de acordo com Kusch (1989), dentro da filosofia há diferentes maneiras de se entender a linguagem a partir de autores como Edmund Husserl, a linguagem pode ser entendida como cálculo para Martin Heidegger, a melhor maneira de abarcar a linguagem é caracterizando-a como meio universal na compreensão da linguagem como meio universal, ela não apenas revela, mas institui na realidade, o que sugere uma condição muito singular: no limite, nós não falamos, somos falados outro filósofo que se dedicou à linguagem que não se presta a representar a realidade é Ludwig Wittgenstein. Concepções sobre o Imaginário → Imagem e (des)razão: As concepções de imaginário que têm sido tratadas nas Ciências Sociais ao longo do último século recuperam a importância daquilo que não pode ser “calculado”, como se viu anteriormente em relação à linguagem a dimensão humana, no que ela tem de caótico e “irracional”, é tomada como centro de metodologias de pesquisa e intervenção o antropólogo francês Gilbert Durand (2012, p. 18) define imaginário como o “conjunto das imagens e relações de imagens que constitui o capital pensado do Homo sapiens” reconhece que o lugar do imaginário na história dos homens tem sido um lugar sem valor o imaginário tem sido associado à desrazão e ao infantilismo social, e sua função seria fomentar erros e falsidades de fato, desde Sócrates, tudo o que se considera como “férias da razão” deve ser colocado de quarentena, Durand (2012) recupera o valor do imaginário e das imagens, considerando que elas também detém conhecimento, embora este possa não ser necessariamente científico outro autor interessado no tema é o filósofo greco- francês Cornelius Castoriadis (2007), que oferece um entendimento sobre a sociedade e a história que se opõe aos pontos de vista tradicionais de sua época: o estruturalista e o funcionalista, incluindo neste último o marxismo a crítica de Castoriadis conduz a constatação de que as teorias revolucionárias não conseguiram, em um certo momento, ceder à mistificação, isto é, tendem a ser elas mesmas sujeitas a serem tomadas como naturais mesmo o apelo à razão, por sua vez, foi incapaz de promover essa superação não por acaso, Castoriadis vai ser identificado entre os representantes de um “pensamento 68”, juntamente com Sartre, Edgard Morin, Jean Duvignaud, Claude Lefort e Henry Lefebvre (DOSSE, 2007). O Imaginário Radical Caracterizando as instituições sociais, ele afirma que tudo de que se fala, tudo o que se apresenta para e pelos indivíduos está associado a uma rede simbólica, um simbólico queobviamente está na linguagem, mas que também está nas instituições os símbolos institucionais, aquilo que representam, não são assim instituídos apenas racionalmente e também não o são naturalmente, mesmo que apoiados de alguma forma na realidade o que não é redutível ao simbólico, mas que a ele está necessariamente associado, é uma primeira aproximação do que Castoriadis irá chamar de imaginário forma e conteúdo não podem ser entendidos como dissociados linguagem e simbólico não podem ser entendidos como independentes de um conteúdo que expressariam o imaginário social, histórico e circunstancial, organiza a cada vez o lugar ocupado pelas instituições e pelos grupos, e designa as imagens daquelas em relação ao todo. O imaginário e os Grupos Sociais Para Castoriadis (2007), cada sociedade é um sistema de interpretação do mundo, de seu próprio mundo a própria identidade de uma sociedade nada mais é do que esse sistema de interpretação, esse mundo que ela cria, e é por isso que ela, do mesmo jeito que o indivíduo, percebe como ameaça mortal qualquer ataque a seu sistema de interpretação: entende um ataque como perigo à sua identidade, a si mesma sua finalidade seria, assim, conservar esses “atributos arbitrários e específicos de cada sociedade que são as significações imaginárias sociais” (CASTORIADIS, 2007, p. 31). Preservando-se e oferecendo significados imaginários, a sociedade elabora uma imagem do mundo natural associada à sua identidade, assim como das necessidades que precisam ser preenchidas a partir desse mundo. O Imaginário Grupal As necessidades dos grupos e suas perspectivas possíveis de atuação pela existência –ou permanência – são, assim, como as das sociedades e instituições, referidas ao seu lugar no tempo e a sua presença social, e nelas se constata ainda uma identidade – ainda que esses grupos sejam “apenas” categorias sociais a própria presença do grupo não pode ser pensada como natural ou pura invenção, senão como só possível a partir do imaginário radical e do social-histórico. Operando sobre a Dinâmica dos Grupos A partir da noção de imaginário, é possível pensar na ação sobre as instituições e os grupos humanos eles deixam de ser meros conglomerados funcionais para ser lugares de encontro no grupo, como na instituição, não estão em jogo apenas as ações possíveis para cada ator participante, mas haveria lá toda uma dimensão imaginária (afetiva, relacional, de expectativas e medos). UNIDADE 11 Unidade II: 5. Grupos e subjetividade; 6. Processos grupais; 7. Psicologia social e mudança; 8. Psicologia nas políticas públicas de saúde e desenvolvimento social. Grupos e Subjetividade → Conceituação: • No século XVIII: a palavra “grupo” designa o ajuntamento de pessoas; • No período contemporâneo: grupos definidos a partir da metáfora biológica (grupo organismo) ou mecânica (grupo máquina), ou, simplesmente, pelo ajuntamento de pessoas, nas multidões, nos bandos, nas aglomerações. Não é comum chamarmos de grupo os agregados, mais ou menos numerosos, de indivíduos que não têm propriamente nenhum contato entre si, os amontoados, percebidos por Sartre, numa fila à espera de ônibus que não estão sujeitos a normas claras de comportamento comum as maneiras de se entender um grupo como uma unidade estruturada ou como uma categoria são bastante conhecidas e utilizadas pelos cientistas sociais (HARRÉ, 1984) de modo geral, tanto as pessoas quanto os cientistas sociais tendem a tratá-los como se fossem a mesma coisa. Uma História das Ideias sobre os Grupos Um dos principais organizadores da história das ideias sobre os grupos pode ser identificado no entendimento sobre a presença e a importância do imaginário as teorias sobre os grupos tratam, com maior ou menor intensidade, da presença do imaginário nos grupos como um problema, um resto que precisa ser excluído: Ora ele é privilegiado, deixando de lado tudo o que seria contextual, ora ele é descartado, quer pela sua pouca importância (na Psicologia Social americana), quer pela impossibilidade de manipulá-lo (como na Psicologia Institucional francesa). A Psicologia Social dos Pequenos Grupos Aquilo que é social nessa psicologia diz respeito à sua função e sua utilidade, assim como à sua localização fora do contexto e do tempo, no limite do tempo do “eu-grupo”, isto é, o social entendido como coisa, naturalizado, o pequeno grupo, necessariamente estruturado, é o grupo típico dos setores administrativos dos empreendimentos capitalistas, alvo dos profissionais de Recursos Humanos, de maneira geral, no pequeno grupo, o sujeito é, ou procura ser sujeito, os grupos apresentam-se como unidades nas quais os seus membros buscam a satisfação de suas necessidades individuais. A dinâmica de grupo de Kurt Lewin Criador da expressão dinâmica de grupo, Kurt Lewin tem como uma das principais contribuições de sua Psicologia Social as investigações sobre a solução de conflitos nos pequenos grupos. Lewin propôs-se a estabelecer os conceitos e a metodologia de forma que, ao dar conta das dinâmicas nos pequenos grupos, fossem também abrangentes o suficiente quanto ao entendimento e à intervenção nos grupos sociais. Lewin foi inovador ao abordar os aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, mais do que isso político, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a estas considerações. As Psicoterapias de Grupo Assim como os estudados por Kurt Lewin (operários, estudantes, soldados), pequenos grupos podem ser encontrados no âmbito das psicoterapias de grupo, consideradas como modalidade da Psicologia Clínica, que vem sendo desenvolvida, concomitantemente, com os avanços das psicoterapias individuais desde o início do século XX e como prática que se encontra no âmbito da Psicologia Social quando percorremos o contexto das psicoterapias de grupo, assim como as ideias sobre os grupos que elas comportam, e discutimos a presença do elemento “perturbador” –o imaginário –, deparamo-nos com um cenário no qual há mais semelhanças do que diferenças o imaginário será visto, muitas vezes, como componente causador de perturbação, justamente quando é mais visível, sensual, perceptível, banhado do afeto envolvido nos relacionamentos face a face para Lancetti (1994), a ilusão (o imaginário) é compreendida como um problema que precisa, de alguma forma, ser controlado e extraído. Dos Grupos Diagnósticos à Psicanálise: as Críticas de Pontalis e Guattari Produzidas durante a década de 1950 e o início dos anos de 1960, as considerações de Pontalis (1972) sobre a psicoterapia de grupo comportam referências importantes sobre a questão do contexto e da história no entendimento dos grupos sociais para Pontalis, o que assegura a existência de um grupo humano é a sua função institucional, isto é, o seu lugar num universo simbólico o pequeno grupo deve ser pensado não como absolutamente independente, mas sempre como inserido no contexto social, segundo Pontalis (1972), desde o grupo diagnóstico ou terapêutico (T-group), inventado em 1947, nos EUA, por discípulos de Kurt Lewin, os grupos são necessariamente artificiais. O T- group seria um grupo sem passado e sem futuro, que comporta uma realidade falseada, em que se amplificam situações que, na realidade, não teriam a mesma intensidade quando o grupo é entendido como em desenvolvimento, tal qual um organismo, isso se dá como tentativa de isolar os significados possíveis da experiência grupal, e a psicoterapia de grupo continua descaracterizada quanto à sua possibilidade de intervenção social – e clínica a contribuição da Psicanálise para a Teoria dos Grupos, segundo Pontalis (1972) está, inicialmente, nas tentativas de encontrar, nos grupos, similares das instâncias da personalidade da segunda tópica freudiana (ego, superego, ideal do ego) écom Bion que a Psicanálise virá a oferecer uma nova dimensão para a psicoterapia de grupo, com as diferenças entre os grupos de base e os grupos de trabalho, assim como o conceito de hipótese de base, enquanto os grupos de trabalho são aqueles organizados para uma tarefa, os grupos de base caracterizam-se por não estarem presos a normas de funcionamento, mas a circunstâncias, como o horário da sessão de psicoterapia de acordo com Bion, citado por Pontalis (1972), o grupo seria um agregado de indivíduos; e mais, possuiria um fantasma, isto é: “[...] uma realidade estruturada, que age, capaz de informar não apenas imagens e sonhos, mas todo o campo do comportamento humano”. (ibidem, p. 218). • É isso que o grupo provoca nos indivíduos, o efeito desse fantasma; • Quando o indivíduo se vê face a face com um grupo, isso lhe provoca efeitos fantasmáticos, quanto a se o grupo é um “bom” objeto – com o qual pode aliar- se –, ou um “mau” objeto –um grupo persecutório, que o ameaça de destruição. Da mesma forma, Guattari (2005) acabaria por encontrar algo equivalente também nos indivíduos que pertencem a grupos sociais, mesmo os tidos como revolucionários, como os partidos de esquerda ou os grupos de jovens, e que poria por terra a distinção fácil entre os grupos “revolucionários” e os “não revolucionários”, quanto à sua potência de transformação social, haveria grupos-sujeito, que se deixam embalar por seus fantasmas, e grupos-objeto, nos quais se apresentam momentos de subjetividade do grupo para que um grupo se confirme ou se mantenha como grupo-sujeito, é necessário que haja uma articulação entre a criatividade do grupo, a sua expressão organizativa e a sua elaboração teórica. A Psicologia Social das Categorias Sociais Reconhecida como tradição e campo de pesquisa científica, a partir do final da Segunda Grande Guerra, a Psicologia Social europeia constitui-se influenciada pela Sociologia de Durkheim e em oposição à hegemonia da Psicologia Social americana, situando as suas preocupações nos grandes grupos sociais e em sua dinâmica (FARR, 2006) ao lado dos esforços para sistematizar métodos e procedimentos de pesquisa, os psicólogos sociais europeus irão dar especial importância à história e ao contexto, isto é, ao tempo, no desenvolvimento de seus trabalhos estarão marcados pela presença de discussões ideológicas, por teorias que garantam a prevalência do social, como o marxismo, e pelos processos que explicam os relacionamentos intergrupos, como a categorização social, base para se pensar a instituição e o pertencimento a grupos a importância oferecida aos contextos social e político no pós-Guerra é um indicativo dos parâmetros que viriam a orientar os pesquisadores na tentativa de explicar, entre outros, o comportamento intergrupos, seja na preparação para a guerra, seja durante o seu desenrolar. A Teoria das Representações Sociais (TRS), de Serge Moscovici → O pensamento do senso comum: os grupos pensam? Moscovici tem como ponto de partida a ideia de representações coletivas, antes proposta pelo sociólogo francês Émile Durkheim, Durkheim (1989, p. 513) trata das representações coletivas como uma forma de conhecimento, próprio da sociedade, que é concebida como um “ser” que pensa: • As representações coletivas “correspondem a maneira pela qual esse ser especial, que é a sociedade, pensa as coisas de sua própria experiência”. A ideia original de Durkheim, que irá sustentar a proposta de um objeto próprio para a Sociologia, “um pensamento social”, contraria o senso comum e a concepção do pensamento como atributo do indivíduo e abre a porta para considerar-se sociedade (e grupos) como entes para os quais cabe reconhecer e, então, estudar os processos que sustentam as representações. Moscovici subverte, no entanto, a concepção durkheimiana e indica que a representação dos objetos e das teorias sobre os quais as sociedades humanas têm interesse são reconstruídos por essas sociedades num processo contínuo apoiado, fundamentalmente, nas relações entre as pessoas e os grupos sociais. → Como falar de um grupo que pensa? → Como entender algo como uma cognição social? Moscovici (2003) vai assim construir uma teoria que pretende instituir uma maneira diferenciada de conceber a realidade dos grupos, o seu pensamento e, como decorrência, o comportamento e o devir dos grupos humanos na passagem das teorias científicas para o senso comum, num processo mediado pelo diálogo entre os indivíduos, a Teoria das Representações Sociais redescobre nos grupos sociais uma explicação para o mundo que orienta o comportamento dos indivíduos no grupo. Objetivação e ancoragem Moscovici irá considerar que o processo de elaboração de uma representação social, que ele caracteriza como âmbito da cognição social, pode ser compreendido em razão de dois momentos: a objetivação e a ancoragem. • Objetivação: processo pelo qual se tenta reabsorver um excesso de significações, materializando-as aqui, Moscovici entende estar a dimensão imagética da representação social, que tem importância direta no seu processo de disseminação; • Ancoragem: é o outro lado da moeda em relação à objetivação. Ajusta o objeto representado à realidade da qual este foi sacado, promovendo a constituição de uma rede de significações em torno dele e orientando as conexões entre ele e o meio social é possível verificar o processo de ancoragem na associação que podemos fazer entre a prática religiosa católica da confissão e a Psicanálise, ambas ocorrendo num espaço reservado, com garantia de sigilo, possibilidade de se tratar de questões íntimas que o sujeito não traria para o espaço público. A prática psicanalítica, como conceito, viria ancorar-se, assim, no conceito já conhecido de “confissão”. Teoria das Representações Sociais e Grupos De acordo com Moscovici, as representações sociais são a função dos grupos, de sua experiência e daquilo que os identifica, a sua identidade pode-se considerar que variam de acordo com um determinado grupo. Moscovici e outros estudiosos da TRS têm recolhido exemplos de como, em um mesmo grupo, podem conviver diferentes representações sociais, o que foi chamado de polifasiacognitiva (MOSCOVICI, 1986) outro aspecto diz respeito às relações entre as representações sociais e o comportamento do grupo. Segundo Moscovici (1986), a RS é compreendida também como comportando a preparação para a ação o comportamento de um indivíduo ou grupo poderá ser entendido como referente ao universo da RS que os caracteriza, e o estudo de certa representação social refere-se a este universo, em relação ao qual o grupo se orienta a RS apresenta-se e reproduz-se nas conversas do dia a dia, nas esquinas, nas praças e nos bares, instalando-se de maneira que subverta as normas e a rigidez habituais de aprendizagem discutindo as ideias sobre os grupos presentes na TRS, autores importantes, como Jorge Vala e Rom Harré, irão afirmar que estas ideias classificam os grupos como categorias a partir daí, os autores apontam as consequências dessa caracterização para o estabelecimento da TRS como uma genuína teoria dos grupos sociais e, mais ainda, para a sua filiação à corrente sociológica da Psicologia Social em tais considerações, abrem caminho para a introdução do imaginário nessa concepção de grupo social. Segundo Vala (2004), fundamentados no processo de categorização, os psicólogos sociais teriam produzido, pelo menos, duas maneiras, relativamente distintas, de considerar um grupo. • Na perspectiva cognitiva: como a de Tajfel e Turner, “um grupo só existe quando os indivíduos integram, na sua autodefinição, a inclusão numa categoria de pessoas produzida pelo processo de categorização” (ibidem, p. 381); • Na perspectiva sociocognitiva: de Doise, “um grupo existe quando os indivíduos integram, na suaautodefinição, a pertença a uma categoria social, sendo que esse processo é regulado pela interdependência dos grupos sociais” (ibidem, p. 381). Identidade → Identidade-metamorfose: A ideia de identidade, que provém do senso comum, contém o princípio da permanência, da essência, de algo que pretendemos cultivar como próprio de quem somos: sempre os mesmos neste caso, a identidade é um objeto que podemos “ter”, que pode ser “nosso” se nossa identidade se caracteriza pela mudança permanente (processo de transformação) é preciso reconhecer que a própria palavra “identidade” não dá conta do que ela representa quando significa “aquilo que é idêntico a si mesmo”. → Identidade e ideologia: De acordo com Ciampa (1983), a ideia de identidade diz respeito a certa existência que caracteriza cada um de nós e refere-se, também, a um lugar social pela nossa vinculação a um determinado grupo a identidade corresponde a uma construção social e é, portanto, histórica forjada nas relações entre os indivíduos e nos grupos, dependente dos outros, ela se faz e se refaz nas relações, de tal modo que podemos dizer que somos, nas relações e, assim, como sugere Ciampa (1983), metamorfoses ambulantes. Processos Grupais Lane (2006) insiste em tratar o grupo como processo, ao caracterizá-lo como uma unidade que não se faz como permanente, que se constitui, fundamentalmente, de pessoas e relações, e que está inserida num determinado contexto histórico e social ora, tudo isso, que irá compor a concepção e a materialidade dos grupos, é sujeito à passagem do tempo, muda, transforma-se por conta dessa passagem é por isso que se poderá, assim, falar em processo, porque o grupo só existe sendo não é uma coisa que possa ser abstraída de sua condição histórica. Classificando os Grupos Sociais • Microgrupos ou grupos primários, como a família, são importantes para a produção da subjetividade, e para a manutenção de ideias e ideais sociais. Sua presença é praticamente universal os indivíduos têm experiências de si, simultaneamente vinculadas à presença de outras pessoas. • Macrogrupos ou grupos secundários, são grupos de outra ordem e não se diferenciam dos microgrupos, necessariamente, pelo tamanho do ponto de vista dinâmico, substituem progressivamente os grupos primários, contribuindo para que a socialização se faça com mais intensidade, a partir dos macrogrupos. Os Grupos Operativos Pensada como teoria e técnica que se presta à formação de equipes (grupos), por meio da Teoria dos Grupos Operativos, Enrique Pichon-Rivière procurava responder basicamente a algumas questões: • O que é preciso para trabalhar em grupo? • Como contribuir para a elaboração de uma tarefa em grupo? Para tentar respondê-las, propôs a prática dos grupos operativos, instituída, inicialmente, no horizonte do seu trabalho como professor e educador, tendo como ponto de partida uma definição mínima do que é um grupo social, ou seja, conjunto de pessoas com um objetivo comum que procura trabalhar em equipe, o grupo operativo pode ser, assim, compreendido como um treinamento para trabalhar como equipe, incluída, aqui, a retificação das posições estereotipadas que sustentam esse grupo uma ideia importante para a compreensão do trabalho grupal é o Esquema Conceitual, Referencial e Operativo (ECRO) grupal. Os participantes do grupo trazem para o encontro um esquema, uma série de saberes, de conhecimentos e entendimentos do mundo que, no grupo, irão se atualizar, confrontando os esquemas uns dos outros. Psicologia Social e Mudança → Grupos e transformação social: O enfrentamento de questões típicas dos indivíduos envolvidos em grupos e instituições sociais tem sido alvo constante da Psicologia, encampando as áreas como o trabalho, a educação, a saúde e a assistência social experiências de ação com grupos sociais, indicam que as ações que promovem mudanças se dão tanto nos espaços macro, do formato e da organização do grupo, quanto nos micros, da dinâmica dos relacionamentos e afetos nos grupos a literatura sobre as ações com grupos sociais preconiza diferentes momentos o primeiro deles diz respeito à caracterização, o que vai acontecer, de fato, durante todo o processo da intervenção consiste em localizar quais são os seus membros e os lugares por eles ocupados, o mapeamento das posições relativas empregadas pelos atores institucionais, a localização das forças de coesão e afastamento envolvidas nesses relacionamentos e a identificação das fantasias associadas a esses lugares tal reconhecimento implica conhecer e analisar a própria história do grupo como parte daquilo que determina a sua dinâmica de lugares e afetos de acordo com Neiva (2010), as intervenções psicossociais como práticas de transformação e de pesquisa têm uma presença recente no âmbito da Psicologia, embora a preocupação com o bem-estar de indivíduos e grupos tenha estado sempre no horizonte dos interesses dos psicólogos características básicas das intervenções psicossociais: seu caráter científico, unindo a pesquisa à ação, preocupação em gerar mudança e desenvolvimento, foco em grupos, instituições e comunidades, ação sobre os problemas atuais da sociedade e as necessidades psicossociais de grupos, instituições e/ou comunidades, intervenção focada, caráter predominantemente preventivo, levar em conta o contexto social e cultural, e incluir a diversidade do grupo, da instituição e/ou da comunidade. A comunidade Associada à vida comum e solidária, a comunidade está em oposição à vida típica do mundo globalizado, individualista e competitiva, entendimento que guarda um saudosismo de volta às origens em contrapartida, deve-se considerar que, na história deste entendimento, a ideia de comunidade também foi combatida quando, desde o iluminismo, a comunidade e a tradição foram tomadas como inimigas das mudanças sociais e do progresso tais utopias comunitárias seriam reativas ao individualismo e à modernidade em meados do século XX, especialmente na Psicologia, o termo “comunidade” foi associado, com grande ênfase, a um modelo de intervenção social de origem americana, cujo mote era a melhoria das condições de vida por meio da “modernização” cultural e econômica a fragilidade deste entendimento estava tanto na sua definição espacial – comunidade associada a bairros pobres e proletários – quanto na ideia de normatização, como forma de integração. Guareschi (1996) afirma que é preciso buscar a presença da comunidade nos grupos a comunidade não é uma decorrência necessária do fenômeno grupal, nem sempre havendo grupo, há a comunidade. Psicologia Social Comunitária → Histórico da Psicologia Social Comunitária: De acordo com Sawaia (1999), a Psicologia Comunitária é a ciência que tem por objeto a exclusão, numa perspectiva que nega a neutralidade científica e que pretende não apenas interpretar o mundo teoricamente, mas transformá-lo os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados no meio rural, e seus propositores eram, em sua maioria, cientistas sociais preocupados com a organização de grupos que pudessem gestar as práticas assistenciais, especialmente na educação (LANE, 2002) em março de 1964, instaura-se o regime militar no país, que contribui para um recrudescimento dessas condições, assim como para a instalação de um regime de terror na sociedade o Brasil é obrigado a conviver com um sistema de governo que põe fim a vários direitos civis, enquanto as contradições existentes na realidade social vão criando situações concretas na vida das pessoas, sobre as quais vários profissionais passam a atuar (IGLESIAS apud FREITAS, 2002, p. 58-59) de acordo com Lane (2002), a Psicologia Comunitária, no Brasil, é uma prática que se iniciou por volta da década de 1960, a partir de uma aproximação dos profissionaise das populações carentes a Psicologia Social Comunitária precisa ser pensada, segundo Lane (2002), como uma prática inserida na conjuntura econômico-política da América Latina e do Brasil aquela época, durante as décadas de 1960 e 1970, o país, particularmente, passou por um momento político bastante conturbado, no qual, sob o domínio dos militares, a violência e a repressão eram praticadas de forma institucionalizada, “quando uma reunião de cinco pessoas já era considerada subversão” (LANE, 2002, p. 17). O Papel da Formação Profissional para a Ação Comunitária O contexto histórico pode ser caracterizado, ao longo da década de 1960, por confrontos entre o Estado e as forças capitalistas, de um lado, e a sociedade civil e as suas reivindicações em prol de suas necessidades básicas, de outro as greves espalham-se por vários setores da produção e dos serviços, o desemprego atinge números assustadores, e a inflação e o custo de vida são insuportáveis para as classes trabalhadoras e para a população em geral a profissão de psicólogo encontrava-se em seu processo de regulamentação e a sua atuação na sociedade vinha crescendo em diversos segmentos do mercado de trabalho. As Práticas da Psicologia em Comunidades Os primeiros trabalhos chamados de comunitários foram realizados por cientistas sociais em comunidades da zona rural, por volta da década de 1940, na América Latina foram criados, na época, os chamados “centros sociais”, precursores dos centros comunitários atuais, mas que duravam pouco tempo e: “[...] contavam com o apoio da Igreja Católica, de assistentes sociais e órgãos governamentais, criando equipes itinerantes interdisciplinares (médicos, agrônomos, assistentes sociais e outros) que procuravam organizar grupos locais que dessem continuidade aos trabalhos propostos – basicamente educativos” (LANE, 2002, p. 26). Os fundamentos da Psicologia Social Comunitária A Psicologia Comunitária dedica-se a estudar e a compreender o cenário das questões psicossociais que caracterizam uma comunidade, assim como intervir nele. Salienta-se por sua praticidade, e pela diversidade das opções teóricas e das intencionalidades que estruturam os seus fazeres (SCARPARO; GUARESCHI, 2007). A Psicologia Social Comunitária e o Serviço Social no Mundo Globalizado As mudanças de ordem global têm consequências muito importantes também no âmbito cultural, porque são capazes de promover transformações intensas na vivência mais direta das pessoas é fundamental que o AS conheça com maior profundidade os trabalhos da Psicologia Comunitária, como forma de auxiliar na diluição dos preconceitos e das fantasias do senso comum, acerca do trabalho do psicólogo e dos métodos que utiliza em sua prática, para que, a partir disso, possa aproveitar e assimilar contribuições que ele é capaz de oferecer. Psicologia nas Políticas Públicas de Saúde e Desenvolvimento Social → Psicologia e políticas públicas: A questão social, é tratada por meio de políticas sociais setorizadas (saúde, educação, desenvolvimento social, segurança etc.) que procuram tratar das suas sequelas, cenário no qual virão atuar as profissões do setor de bem-estar, como a Psicologia, para lidar com a importância e os limites dessa atuação é preciso elaborar políticas públicas que levem em conta a historicidade das experiências subjetivas e que não podem ser construídas para sujeitos universais ou únicos sob o perigo de estas, contribuírem para a manutenção da desigualdade. Subjetividade e Práticas de Prevenção em Saúde Coletiva As ações de saúde desenvolvidas sob o espírito pioneiro e transformador do SUS, presentes nos programas de atenção à saúde, como o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Paism) ou na Estratégia Saúde da Família (ESF), são exemplos de como o profissional de Psicologia pode ser solicitado a sair de seu invólucro teórico-técnico. A Contribuição da Psicologia para as Ações no Sistema Cras/Suas O objetivo das políticas públicas, compreendido como ir ao encontro do sujeito e acompanhar o fundamental, quando se fala das políticas públicas de assistência e desenvolvimento social a participação dos psicólogos nas políticas públicas, indicados como os profissionais que atuariam com os AS, reflete o reconhecimento das contribuições técnicas e políticas que esses profissionais poderiam trazer para a associação na consolidação da PNAS. Formação Profissional do Psicólogo Social O lugar e a contribuição da Psicologia para as políticas públicas e a questão social devem ser considerados a partir, tanto da sua inserção profissional quanto da produção de conhecimento – e das escolhas envolvidas nessa produção a formação de profissionais é um elemento central desse embate, ensejando a discussão sobre a partir de quais referenciais os futuros profissionais devem ser capacitados e inseridos, isso tanto na Psicologia quanto nas outras carreiras que fazem interface com as políticas de bem-estar – na saúde, na educação e na assistência social .
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