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Psicologia Social

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UNIDADE 1 
Psicologia Social - Serviço Social 
Unidade I: 
1. Materialismo dialético; 
2. Ideologia; 
3. A realidade histórica e social dos países latino-
americanos; 
4. Novos temas para o pensamento crítico em grupos: 
linguagem e imaginário. 
Apresentação: 
 Possibilitar ao aluno o acesso aos fundamentos 
para as práticas com grupos em perspectivas críticas 
que têm orientado essas ações na América Latina, 
especialmente no Brasil. 
• Ao final, o aluno deverá ser capaz de: Reconhecer e 
compreender os pressupostos filosóficos, históricos 
e sociais que dão suporte às práticas com grupos. 
 Identificar e analisar os fenômenos humanos de 
ordem psicossocial nos grupos, instituições e 
comunidades, de acordo com as tradições e as 
especificidades da realidade social e econômica latino-
americana discriminar as metodologias de pesquisa e 
prática com grupos, tendo como referência a tradição 
latino-americana e sua interface com a psicologia social e 
comunitária, a saúde comunitária e ainda com ciências 
afins, como história, sociologia e antropologia. 
Introdução: 
• Para o senso comum: cada indivíduo é o responsável 
final por seus sucessos e fracassos, capaz de usar a 
razão (e a oportunidade) para encontrar as melhores 
e mais valiosas soluções para seus problemas. 
• Em uma perspectiva crítica: não é possível pensar o 
indivíduo sem o grupo. Todo indivíduo é alguém 
devido aos grupos aos quais está relacionado. 
• Materialismo dialético: Karl Marx (1818-1883), filósofo, 
cientista social e historiador alemão com suas ideias 
sobre as relações entre subjetividade, sociedade, 
economia e política, influiu decisivamente na 
construção do ideário socialista que alcançou todo o 
planeta a partir do século XIX. 
 Por meio da dialética como forma de pensar a 
realidade, explicou sua instituição e a sustentação do 
capitalismo, assim como buscou as pistas para superar as 
contradições do capitalismo e seus efeitos, como 
opressão e sofrimento das populações a origem da 
discussão sobre a concepção de dialética é a obra do 
filósofo alemão Hegel, que a desenvolveu durante o 
século XIX, que reconheceu a importância e a função da 
contradição naquilo que é constituído pelos homens e 
pela sociedade a presença e a importância da 
contradição não são ideias que possam ser 
compreendidas de imediato, não são óbvias nem 
“naturais”, segundo Marx (apud Lefebvre, 2010), as 
contradições do pensamento fundamentam-se, em 
última instância, nas coisas, naquilo que é objetivo e real 
(e na produção humana). 
→ Um exemplo: como entender o proletariado sem 
incluir suas relações com a burguesia, isto é, a 
presença da submissão de classe e o desejo de 
consumir? 
• Ideologia: Seu sentido mais corrente é o que trata 
daquilo que afasta os homens e as sociedades da 
“realidade”, mais especificamente dos determinantes 
que nos fazem compreendê-la para Chauí (1997) é 
possível utilizar duas conceituações para ideologia: 
• Fraco: diz respeito ao conjunto de ideias que nós 
mesmos, nossos grupos e sociedades utilizamos e 
que irá configurar nossa visão do mundo seu valor 
está no ser aquilo que sustenta o pensamento e o 
comportamento humano construídos por meio das 
relações entre os homens e transmitidos entre as 
gerações pela cultura e suas instituições, isto é, pela 
linguagem, pela arte, pelas produções artísticas, 
científica, religiosas, na escola, no trabalho, no dia a 
dia. 
 A definição forte está diretamente associada à 
crítica construída na perspectiva marxista e que a 
apresenta como possuindo um sentido necessariamente 
negativo nesse caso, a ideologia é como uma falsa 
consciência produzida e sustentada pela classe dominante 
e que se presta a encobrir os determinantes da 
dominação exercida por tal classe, como uma neblina que 
não nos deixa perceber a realidade de acordo com 
Guareschi (1998), a ideologia constitui-se como prática 
discursiva e material, isto é, ela se estabelece no campo 
das ideias, nos discursos, nas conversas também se faz 
nas práticas cotidianas, na repetição dos papéis sociais, 
na educação escolar, nas práticas familiares e sociais a 
ideologia é literalmente apreendida e, assim, legitimada 
(THOMPSON, 2001) a ideologia também se produz por 
meio do compartilhamento de imagens que sustentam 
esses entendimentos e ideias, assim como as práticas 
cotidianas as imagens, ou aquilo que tem dimensão 
imagética e que está também nas palavras, no discurso, 
no comportamento, ainda são potentes para conduzir a 
ideologia os estudos sobre o imaginário, em uma 
perspectiva crítica de Castoriadis (1986), podem auxiliar a 
compreender essa presença, bem como os trabalhos a 
partir da Teoria das Representações Sociais de Moscovici 
(2010) durante muito tempo, a Psicologia no Brasil pode 
ser entendida como um espelho das atividades científicas 
que se desenvolviam na “metrópole” – entendam-se aqui 
os Estados Unidos seguindo o modelo colonial, nossa 
produção científica e técnica esteve longe de levar em 
conta a história e as realidades vividas pelos povos latino-
americanos, e acadêmicos e universidades dedicavam-se 
com mais ou menos sucesso a repetir as preocupações 
e os programas das universidades norte-americanas é o 
caso, por exemplo, da ideia de subdesenvolvimento, 
conceito que aponta para as condições de submissão 
cultural e econômica construídas e sustentadas pelas 
relações de dependência com os chamados países 
desenvolvidos “O subdesenvolvimento é um produto ou 
um subproduto do desenvolvimento, uma derivação 
inevitável da exploração econômica colonial ou 
neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas 
regiões do planeta.” (CASTRO, 2003, p. 137) o psicólogo 
identifica-se nessa condição também como um cidadão 
e crítico das situações sociais nas quais ele próprio vive 
mais do que isso, suas atividades científicas e profissionais 
vão ser compreendidas necessariamente como parte 
desse contexto durante as décadas de 1970 e 1980, boa 
parte da América Latina encontrava-se sob regimes de 
exceção as ditaduras militares eliminaram direitos civis, 
suprimiram espaços de debate e a possibilidade do 
pensamento discordante, eventualmente apelando para 
a tortura dos opositores e produzindo o que, para usar 
um eufemismo bastante repetido, se chamou de 
“desaparecidos”, isto é, os indivíduos identificados que 
foram mortos por esses regimes tal situação pode ser 
vista, por exemplo, nas ações de grupos teatrais, como 
o Teatro de Arena, em São Paulo, o Grupo Opinião, 
ligado ao Centro de Cultura Popular da UNE, e o Teatro 
do Oprimido, com autores como Oduvaldo Vianna Filho, 
Maria Adelaide Amaral, Plínio Marcos e Gianfrancesco 
Guarnieri na música, também são muitos os autores que 
produziram obras de resistência, críticas ao Regime 
Militar, entre eles Geraldo Vandré, Chico Buarque, 
Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gonzaguinha a opressão 
política também alcançou os meios acadêmicos e 
científicos brasileiros via de regra, os intelectuais eram os 
primeiros a serem perseguidos e exilados 
sintomaticamente, essa condição abriu portas para a 
disseminação de conceitos e práticas técnicas e 
científicas identificados com o status quo, isto é, como o 
poder vigente nesse contexto, a Psicologia, 
especialmente a Psicologia Social no Brasil, pode ser 
reconhecida a partir de uma história que se inicia 
sintomaticamente com uma crise a crise da Psicologia 
social, identificada por pensadores desde a década de 
1960, refere-se ao confronto entre um modelo de 
Psicologia que defendia uma prática neutra e de aplicação 
tecnológica, na esteira da Psicologia americana, e um 
modelo que se apresentava vinculado ao contexto 
histórico-social, em que se desenrola a vida dos indivíduos, 
uma Psicologia com forte componente crítico e político 
em uma perspectiva que pode ser descrita como 
psicológica e fundamentalmente experimental (FARR, 
2010), Aroldo Rodrigues será o principal representantedessa posição, que entende uma separação necessária 
entre Psicologia e Política, compreendida aqui no seu 
braço participativo e crítico em contrapartida, 
capitaneando a fala discordante do status quo e 
profundamente engajada na oposição à ditadura (1964-
1985), está a psicóloga social Silvia Lane formada em 
Filosofia e doutora em Psicologia, sob uma perspectiva 
experimental, Lane constrói sua carreira científica 
aproximando-se, antes, do “materialismo” de Skinner, 
para então dedicar-se ao materialismo de Marx, contido 
na Psicologia soviética Lane estabelece contatos 
permanentes com importantes representantes da 
Psicologia Social latino-americana, instituindo espaços de 
encontro e diálogo cruciais para o estabelecimento dessa 
Psicologia crítica (BOCK et al., 2007). Lane (1985) fez 
duras críticas ao entendimento sustentado por Rodrigues 
sobre a Psicologia Social como uma ciência básica e 
neutra capaz de solucionar problemas sociais a Psicologia 
Social Crítica, defendida por Lane e outros pensadores, 
vai buscando estabelecer-se como ação científica e 
política, indicando a impossibilidade de separar teoria e 
prática, voltada para uma ação acadêmica e profissional 
engajada na luta por transformação e justiça social. 
A Psicologia Sócio-Histórica 
 Formada a partir das principais correntes no 
embate com os modelos hegemônicos e que defendem 
a neutralidade da Psicologia, desenvolveu-se uma 
perspectiva crítica nomeada como Psicologia sócio-
histórica, representada no Brasil pelos trabalhos de Silvia 
Lane e de seu grupo apoiada no marxismo, adota o 
materialismo dialético como filosofia, teoria e método 
como teoria crítica do modelo positivista e racionalista da 
ciência psicológica, busca situar a Psicologia em uma 
perspectiva dialética orienta essa visão o princípio de que 
o homem é ativo, social e histórico e de que a sociedade 
deve ser entendida como uma produção histórica de 
seus participantes, homens e mulheres sob essa 
compreensão, as ideias são entendidas como 
representações da realidade material, que é, por sua vez, 
assentada em contradições expressas nas ideias assim, a 
história deve ser compreendida como movimento 
contraditório e constante do fazer humano – e que tem 
por fundamento sua base material para dar suporte a 
essa perspectiva, e já caminhando para o que sustenta 
as relações entre subjetividade e grupos, é necessário 
situar a própria história da Psicologia como ciência, 
Segundo Bock (2001), a visão liberal que acompanha a 
instalação do capitalismo privilegia o individualismo, a vida 
privada e a invenção de um mundo interno, partícula a 
Psicologia sócio-histórica afirma assim, a indissociabilidade 
entre a subjetividade e a objetividade do mundo, marcada 
pelas relações econômicas, e reconhece a presença da 
linguagem como mediadora do processo de 
internalização da realidade a subjetividade não pode ser 
descolada das relações sociais concretas e desse modo, 
conhecer o mundo interior – o fenômeno psicológico – 
é compreendê-lo como expressão e conversão do 
mundo objetivo e coletivo, retirando sua caracterização 
como algo que deve ser entendido como abstrato e 
idealista. 
Novos Temas para o Pensamento Crítico em Grupos: 
Linguagem e Imaginário 
Questões de fundamento e metodológicas: Do ponto de 
vista metodológico, muitos e diferentes têm sido os 
métodos utilizados para o estudo desses temas e 
conceitos em uma perspectiva crítica embora os 
métodos quantitativos não sejam incompatíveis com a 
pesquisa social, os métodos qualitativos têm sido os 
preferencialmente utilizados nesse campo desse modo, 
as ações de pesquisa e intervenção na Psicologia social 
tenderam a privilegiar metodologias qualitativas por meio 
delas, é possível aliar as preocupações com o 
engajamento do pesquisador e as vias para a 
transformação da sociedade com as demandas 
acadêmicas do apelo ao método que pudesse ser 
reconhecido como produzido dentro dos cânones 
científicos o pesquisador se apresenta, na mesma 
perspectiva profissional, como parte necessária do 
processo de construção do conhecimento, não apenas 
como detentor de saber acadêmico e manipulador de 
técnicas, mas considerando o meio composto de história, 
experiências, conhecimentos e princípios que 
necessariamente interferirão na sua apreensão do 
problema investigado como sujeito, ele se engaja em 
uma relação intersubjetiva, contrapondo a divisão 
absoluta entre sujeito e objeto de conhecimento. 
Linguagem 
 Os estudos sobre a linguagem têm sido alvo de 
um grande número de pensadores em filosofia, 
sociologia, antropologia e psicologia, e mesmo nas 
ciências da saúde, seja preocupado com a compreensão 
de sua origem e função social, seja buscando 
compreender seus aspectos, neurofisiológicos e 
funcionais na linhagem teórica que vê a linguagem como 
prática que produz a ligação entre o indivíduo e o mundo 
social, há compreensões bastante diversas o psicólogo 
behaviorista Skinner, por exemplo, tem uma obra 
especialmente voltada para o estudo e a interpretação 
do comportamento verbal, indicando a materialidade do 
falar em uma outra perspectiva, a sócio-histórica, tendo 
Vygotsky e Leontiev à frente, a linguagem vai ser 
compreendida como produto de relações materiais e 
sociais e pensada como indissociavelmente ligada ao 
pensamento de acordo com Kusch (1989), dentro da 
filosofia há diferentes maneiras de se entender a 
linguagem a partir de autores como Edmund Husserl, a 
linguagem pode ser entendida como cálculo para Martin 
Heidegger, a melhor maneira de abarcar a linguagem é 
caracterizando-a como meio universal na compreensão 
da linguagem como meio universal, ela não apenas 
revela, mas institui na realidade, o que sugere uma 
condição muito singular: no limite, nós não falamos, 
somos falados outro filósofo que se dedicou à linguagem 
que não se presta a representar a realidade é Ludwig 
Wittgenstein. 
Concepções sobre o Imaginário 
→ Imagem e (des)razão: 
 As concepções de imaginário que têm sido 
tratadas nas Ciências Sociais ao longo do último século 
recuperam a importância daquilo que não pode ser 
“calculado”, como se viu anteriormente em relação à 
linguagem a dimensão humana, no que ela tem de 
caótico e “irracional”, é tomada como centro de 
metodologias de pesquisa e intervenção o antropólogo 
francês Gilbert Durand (2012, p. 18) define imaginário 
como o “conjunto das imagens e relações de imagens 
que constitui o capital pensado do Homo sapiens” 
reconhece que o lugar do imaginário na história dos 
homens tem sido um lugar sem valor o imaginário tem 
sido associado à desrazão e ao infantilismo social, e sua 
função seria fomentar erros e falsidades de fato, desde 
Sócrates, tudo o que se considera como “férias da razão” 
deve ser colocado de quarentena, Durand (2012) 
recupera o valor do imaginário e das imagens, 
considerando que elas também detém conhecimento, 
embora este possa não ser necessariamente científico 
outro autor interessado no tema é o filósofo greco-
francês Cornelius Castoriadis (2007), que oferece um 
entendimento sobre a sociedade e a história que se opõe 
aos pontos de vista tradicionais de sua época: o 
estruturalista e o funcionalista, incluindo neste último o 
marxismo a crítica de Castoriadis conduz a constatação 
de que as teorias revolucionárias não conseguiram, em 
um certo momento, ceder à mistificação, isto é, tendem 
a ser elas mesmas sujeitas a serem tomadas como 
naturais mesmo o apelo à razão, por sua vez, foi incapaz 
de promover essa superação não por acaso, Castoriadis 
vai ser identificado entre os representantes de um 
“pensamento 68”, juntamente com Sartre, Edgard Morin, 
Jean Duvignaud, Claude Lefort e Henry Lefebvre 
(DOSSE, 2007). 
O Imaginário Radical 
 Caracterizando as instituições sociais, ele afirma 
que tudo de que se fala, tudo o que se apresenta para 
e pelos indivíduos está associado a uma rede simbólica, 
um simbólico queobviamente está na linguagem, mas 
que também está nas instituições os símbolos 
institucionais, aquilo que representam, não são assim 
instituídos apenas racionalmente e também não o são 
naturalmente, mesmo que apoiados de alguma forma na 
realidade o que não é redutível ao simbólico, mas que a 
ele está necessariamente associado, é uma primeira 
aproximação do que Castoriadis irá chamar de imaginário 
forma e conteúdo não podem ser entendidos como 
dissociados linguagem e simbólico não podem ser 
entendidos como independentes de um conteúdo que 
expressariam o imaginário social, histórico e circunstancial, 
organiza a cada vez o lugar ocupado pelas instituições e 
pelos grupos, e designa as imagens daquelas em relação 
ao todo. 
O imaginário e os Grupos Sociais 
 Para Castoriadis (2007), cada sociedade é um 
sistema de interpretação do mundo, de seu próprio 
mundo a própria identidade de uma sociedade nada mais 
é do que esse sistema de interpretação, esse mundo 
que ela cria, e é por isso que ela, do mesmo jeito que o 
indivíduo, percebe como ameaça mortal qualquer ataque 
a seu sistema de interpretação: entende um ataque 
como perigo à sua identidade, a si mesma sua finalidade 
seria, assim, conservar esses “atributos arbitrários e 
específicos de cada sociedade que são as significações 
imaginárias sociais” (CASTORIADIS, 2007, p. 31). 
Preservando-se e oferecendo significados imaginários, a 
sociedade elabora uma imagem do mundo natural 
associada à sua identidade, assim como das necessidades 
que precisam ser preenchidas a partir desse mundo. 
O Imaginário Grupal 
 As necessidades dos grupos e suas perspectivas 
possíveis de atuação pela existência –ou permanência – 
são, assim, como as das sociedades e instituições, 
referidas ao seu lugar no tempo e a sua presença social, 
e nelas se constata ainda uma identidade – ainda que 
esses grupos sejam “apenas” categorias sociais a própria 
presença do grupo não pode ser pensada como natural 
ou pura invenção, senão como só possível a partir do 
imaginário radical e do social-histórico. 
Operando sobre a Dinâmica dos Grupos 
 A partir da noção de imaginário, é possível 
pensar na ação sobre as instituições e os grupos 
humanos eles deixam de ser meros conglomerados 
funcionais para ser lugares de encontro no grupo, como 
na instituição, não estão em jogo apenas as ações 
possíveis para cada ator participante, mas haveria lá toda 
uma dimensão imaginária (afetiva, relacional, de 
expectativas e medos). 
UNIDADE 11
Unidade II: 
5. Grupos e subjetividade; 
6. Processos grupais; 
7. Psicologia social e mudança; 
8. Psicologia nas políticas públicas de saúde e 
desenvolvimento social. 
Grupos e Subjetividade 
→ Conceituação: 
• No século XVIII: a palavra “grupo” designa o 
ajuntamento de pessoas; 
• No período contemporâneo: grupos definidos a 
partir da metáfora biológica (grupo organismo) ou 
mecânica (grupo máquina), ou, simplesmente, pelo 
ajuntamento de pessoas, nas multidões, nos bandos, 
nas aglomerações. 
 Não é comum chamarmos de grupo os 
agregados, mais ou menos numerosos, de indivíduos que 
não têm propriamente nenhum contato entre si, os 
amontoados, percebidos por Sartre, numa fila à espera 
de ônibus que não estão sujeitos a normas claras de 
comportamento comum as maneiras de se entender um 
grupo como uma unidade estruturada ou como uma 
categoria são bastante conhecidas e utilizadas pelos 
cientistas sociais (HARRÉ, 1984) de modo geral, tanto as 
pessoas quanto os cientistas sociais tendem a tratá-los 
como se fossem a mesma coisa. 
Uma História das Ideias sobre os Grupos 
 Um dos principais organizadores da história das 
ideias sobre os grupos pode ser identificado no 
entendimento sobre a presença e a importância do 
imaginário as teorias sobre os grupos tratam, com maior 
ou menor intensidade, da presença do imaginário nos 
grupos como um problema, um resto que precisa ser 
excluído: Ora ele é privilegiado, deixando de lado tudo o 
que seria contextual, ora ele é descartado, quer pela sua 
pouca importância (na Psicologia Social americana), quer 
pela impossibilidade de manipulá-lo (como na Psicologia 
Institucional francesa). 
A Psicologia Social dos Pequenos Grupos 
 Aquilo que é social nessa psicologia diz respeito 
à sua função e sua utilidade, assim como à sua localização 
fora do contexto e do tempo, no limite do tempo do 
“eu-grupo”, isto é, o social entendido como coisa, 
naturalizado, o pequeno grupo, necessariamente 
estruturado, é o grupo típico dos setores administrativos 
dos empreendimentos capitalistas, alvo dos profissionais 
de Recursos Humanos, de maneira geral, no pequeno 
grupo, o sujeito é, ou procura ser sujeito, os grupos 
apresentam-se como unidades nas quais os seus 
membros buscam a satisfação de suas necessidades 
individuais. 
A dinâmica de grupo de Kurt Lewin 
 Criador da expressão dinâmica de grupo, Kurt 
Lewin tem como uma das principais contribuições de 
sua Psicologia Social as investigações sobre a solução 
de conflitos nos pequenos grupos. Lewin propôs-se a 
estabelecer os conceitos e a metodologia de forma 
que, ao dar conta das dinâmicas nos pequenos grupos, 
fossem também abrangentes o suficiente quanto ao 
entendimento e à intervenção nos grupos sociais. 
Lewin foi inovador ao abordar os aspectos da 
personalidade como referidos ao contexto cultural e, 
mais do que isso político, ao tratar da presença da 
democracia, dando status científico a estas 
considerações. 
As Psicoterapias de Grupo 
 Assim como os estudados por Kurt Lewin 
(operários, estudantes, soldados), pequenos grupos 
podem ser encontrados no âmbito das psicoterapias de 
grupo, consideradas como modalidade da Psicologia 
Clínica, que vem sendo desenvolvida, 
concomitantemente, com os avanços das psicoterapias 
individuais desde o início do século XX e como prática 
que se encontra no âmbito da Psicologia Social quando 
percorremos o contexto das psicoterapias de grupo, 
assim como as ideias sobre os grupos que elas 
comportam, e discutimos a presença do elemento 
“perturbador” –o imaginário –, deparamo-nos com um 
cenário no qual há mais semelhanças do que diferenças 
o imaginário será visto, muitas vezes, como componente 
causador de perturbação, justamente quando é mais 
visível, sensual, perceptível, banhado do afeto envolvido 
nos relacionamentos face a face para Lancetti (1994), a 
ilusão (o imaginário) é compreendida como um problema 
que precisa, de alguma forma, ser controlado e extraído. 
Dos Grupos Diagnósticos à Psicanálise: as 
Críticas de Pontalis e Guattari 
 Produzidas durante a década de 1950 e o início 
dos anos de 1960, as considerações de Pontalis (1972) 
sobre a psicoterapia de grupo comportam referências 
importantes sobre a questão do contexto e da história 
no entendimento dos grupos sociais para Pontalis, o que 
assegura a existência de um grupo humano é a sua 
função institucional, isto é, o seu lugar num universo 
simbólico o pequeno grupo deve ser pensado não como 
absolutamente independente, mas sempre como 
inserido no contexto social, segundo Pontalis (1972), 
desde o grupo diagnóstico ou terapêutico (T-group), 
inventado em 1947, nos EUA, por discípulos de Kurt 
Lewin, os grupos são necessariamente artificiais. O T-
group seria um grupo sem passado e sem futuro, que 
comporta uma realidade falseada, em que se amplificam 
situações que, na realidade, não teriam a mesma 
intensidade quando o grupo é entendido como em 
desenvolvimento, tal qual um organismo, isso se dá como 
tentativa de isolar os significados possíveis da experiência 
grupal, e a psicoterapia de grupo continua 
descaracterizada quanto à sua possibilidade de 
intervenção social – e clínica a contribuição da Psicanálise 
para a Teoria dos Grupos, segundo Pontalis (1972) está, 
inicialmente, nas tentativas de encontrar, nos grupos, 
similares das instâncias da personalidade da segunda 
tópica freudiana (ego, superego, ideal do ego) écom 
Bion que a Psicanálise virá a oferecer uma nova 
dimensão para a psicoterapia de grupo, com as 
diferenças entre os grupos de base e os grupos de 
trabalho, assim como o conceito de hipótese de base, 
enquanto os grupos de trabalho são aqueles organizados 
para uma tarefa, os grupos de base caracterizam-se por 
não estarem presos a normas de funcionamento, mas a 
circunstâncias, como o horário da sessão de psicoterapia 
de acordo com Bion, citado por Pontalis (1972), o grupo 
seria um agregado de indivíduos; e mais, possuiria um 
fantasma, isto é: “[...] uma realidade estruturada, que age, 
capaz de informar não apenas imagens e sonhos, mas 
todo o campo do comportamento humano”. (ibidem, p. 
218). 
• É isso que o grupo provoca nos indivíduos, o efeito 
desse fantasma; 
• Quando o indivíduo se vê face a face com um grupo, 
isso lhe provoca efeitos fantasmáticos, quanto a se o 
grupo é um “bom” objeto – com o qual pode aliar-
se –, ou um “mau” objeto –um grupo persecutório, 
que o ameaça de destruição. 
 Da mesma forma, Guattari (2005) acabaria por 
encontrar algo equivalente também nos indivíduos que 
pertencem a grupos sociais, mesmo os tidos como 
revolucionários, como os partidos de esquerda ou os 
grupos de jovens, e que poria por terra a distinção fácil 
entre os grupos “revolucionários” e os “não 
revolucionários”, quanto à sua potência de transformação 
social, haveria grupos-sujeito, que se deixam embalar por 
seus fantasmas, e grupos-objeto, nos quais se 
apresentam momentos de subjetividade do grupo para 
que um grupo se confirme ou se mantenha como 
grupo-sujeito, é necessário que haja uma articulação 
entre a criatividade do grupo, a sua expressão 
organizativa e a sua elaboração teórica. 
A Psicologia Social das Categorias Sociais 
 Reconhecida como tradição e campo de 
pesquisa científica, a partir do final da Segunda Grande 
Guerra, a Psicologia Social europeia constitui-se 
influenciada pela Sociologia de Durkheim e em oposição 
à hegemonia da Psicologia Social americana, situando as 
suas preocupações nos grandes grupos sociais e em 
sua dinâmica (FARR, 2006) ao lado dos esforços para 
sistematizar métodos e procedimentos de pesquisa, os 
psicólogos sociais europeus irão dar especial 
importância à história e ao contexto, isto é, ao tempo, 
no desenvolvimento de seus trabalhos estarão 
marcados pela presença de discussões ideológicas, por 
teorias que garantam a prevalência do social, como o 
marxismo, e pelos processos que explicam os 
relacionamentos intergrupos, como a categorização 
social, base para se pensar a instituição e o 
pertencimento a grupos a importância oferecida aos 
contextos social e político no pós-Guerra é um 
indicativo dos parâmetros que viriam a orientar os 
pesquisadores na tentativa de explicar, entre outros, o 
comportamento intergrupos, seja na preparação para 
a guerra, seja durante o seu desenrolar. 
A Teoria das Representações Sociais (TRS), de Serge 
Moscovici 
→ O pensamento do senso comum: os grupos pensam? 
 Moscovici tem como ponto de partida a ideia de 
representações coletivas, antes proposta pelo sociólogo 
francês Émile Durkheim, Durkheim (1989, p. 513) trata das 
representações coletivas como uma forma de 
conhecimento, próprio da sociedade, que é concebida 
como um “ser” que pensa: 
• As representações coletivas “correspondem a 
maneira pela qual esse ser especial, que é a 
sociedade, pensa as coisas de sua própria 
experiência”. 
 A ideia original de Durkheim, que irá sustentar a 
proposta de um objeto próprio para a Sociologia, “um 
pensamento social”, contraria o senso comum e a 
concepção do pensamento como atributo do indivíduo 
e abre a porta para considerar-se sociedade (e grupos) 
como entes para os quais cabe reconhecer e, então, 
estudar os processos que sustentam as representações. 
Moscovici subverte, no entanto, a concepção 
durkheimiana e indica que a representação dos objetos 
e das teorias sobre os quais as sociedades humanas têm 
interesse são reconstruídos por essas sociedades num 
processo contínuo apoiado, fundamentalmente, nas 
relações entre as pessoas e os grupos sociais. 
→ Como falar de um grupo que pensa? 
→ Como entender algo como uma cognição social? 
 Moscovici (2003) vai assim construir uma teoria 
que pretende instituir uma maneira diferenciada de 
conceber a realidade dos grupos, o seu pensamento e, 
como decorrência, o comportamento e o devir dos 
grupos humanos na passagem das teorias científicas para 
o senso comum, num processo mediado pelo diálogo 
entre os indivíduos, a Teoria das Representações Sociais 
redescobre nos grupos sociais uma explicação para o 
mundo que orienta o comportamento dos indivíduos no 
grupo. 
Objetivação e ancoragem 
 Moscovici irá considerar que o processo de 
elaboração de uma representação social, que ele 
caracteriza como âmbito da cognição social, pode ser 
compreendido em razão de dois momentos: a 
objetivação e a ancoragem. 
• Objetivação: processo pelo qual se tenta reabsorver 
um excesso de significações, materializando-as aqui, 
Moscovici entende estar a dimensão imagética da 
representação social, que tem importância direta no 
seu processo de disseminação; 
• Ancoragem: é o outro lado da moeda em relação à 
objetivação. Ajusta o objeto representado à 
realidade da qual este foi sacado, promovendo a 
constituição de uma rede de significações em torno 
dele e orientando as conexões entre ele e o meio 
social é possível verificar o processo de ancoragem 
na associação que podemos fazer entre a prática 
religiosa católica da confissão e a Psicanálise, ambas 
ocorrendo num espaço reservado, com garantia de 
sigilo, possibilidade de se tratar de questões íntimas 
que o sujeito não traria para o espaço público. A 
prática psicanalítica, como conceito, viria ancorar-se, 
assim, no conceito já conhecido de “confissão”. 
Teoria das Representações Sociais e Grupos 
 De acordo com Moscovici, as representações 
sociais são a função dos grupos, de sua experiência e 
daquilo que os identifica, a sua identidade pode-se 
considerar que variam de acordo com um determinado 
grupo. Moscovici e outros estudiosos da TRS têm 
recolhido exemplos de como, em um mesmo grupo, 
podem conviver diferentes representações sociais, o que 
foi chamado de polifasiacognitiva (MOSCOVICI, 1986) 
outro aspecto diz respeito às relações entre as 
representações sociais e o comportamento do grupo. 
Segundo Moscovici (1986), a RS é compreendida também 
como comportando a preparação para a ação o 
comportamento de um indivíduo ou grupo poderá ser 
entendido como referente ao universo da RS que os 
caracteriza, e o estudo de certa representação social 
refere-se a este universo, em relação ao qual o grupo 
se orienta a RS apresenta-se e reproduz-se nas 
conversas do dia a dia, nas esquinas, nas praças e nos 
bares, instalando-se de maneira que subverta as normas 
e a rigidez habituais de aprendizagem discutindo as ideias 
sobre os grupos presentes na TRS, autores importantes, 
como Jorge Vala e Rom Harré, irão afirmar que estas 
ideias classificam os grupos como categorias a partir daí, 
os autores apontam as consequências dessa 
caracterização para o estabelecimento da TRS como 
uma genuína teoria dos grupos sociais e, mais ainda, para 
a sua filiação à corrente sociológica da Psicologia Social 
em tais considerações, abrem caminho para a introdução 
do imaginário nessa concepção de grupo social. Segundo 
Vala (2004), fundamentados no processo de 
categorização, os psicólogos sociais teriam produzido, 
pelo menos, duas maneiras, relativamente distintas, de 
considerar um grupo. 
• Na perspectiva cognitiva: como a de Tajfel e Turner, 
“um grupo só existe quando os indivíduos integram, 
na sua autodefinição, a inclusão numa categoria de 
pessoas produzida pelo processo de categorização” 
(ibidem, p. 381); 
• Na perspectiva sociocognitiva: de Doise, “um grupo 
existe quando os indivíduos integram, na suaautodefinição, a pertença a uma categoria social, 
sendo que esse processo é regulado pela 
interdependência dos grupos sociais” (ibidem, p. 381). 
Identidade 
→ Identidade-metamorfose: 
 A ideia de identidade, que provém do senso 
comum, contém o princípio da permanência, da essência, 
de algo que pretendemos cultivar como próprio de quem 
somos: sempre os mesmos neste caso, a identidade é 
um objeto que podemos “ter”, que pode ser “nosso” se 
nossa identidade se caracteriza pela mudança 
permanente (processo de transformação) é preciso 
reconhecer que a própria palavra “identidade” não dá 
conta do que ela representa quando significa “aquilo que 
é idêntico a si mesmo”. 
→ Identidade e ideologia: 
 De acordo com Ciampa (1983), a ideia de 
identidade diz respeito a certa existência que caracteriza 
cada um de nós e refere-se, também, a um lugar social 
pela nossa vinculação a um determinado grupo a 
identidade corresponde a uma construção social e é, 
portanto, histórica forjada nas relações entre os 
indivíduos e nos grupos, dependente dos outros, ela se 
faz e se refaz nas relações, de tal modo que podemos 
dizer que somos, nas relações e, assim, como sugere 
Ciampa (1983), metamorfoses ambulantes. 
Processos Grupais 
 Lane (2006) insiste em tratar o grupo como 
processo, ao caracterizá-lo como uma unidade que não 
se faz como permanente, que se constitui, 
fundamentalmente, de pessoas e relações, e que está 
inserida num determinado contexto histórico e social ora, 
tudo isso, que irá compor a concepção e a materialidade 
dos grupos, é sujeito à passagem do tempo, muda, 
transforma-se por conta dessa passagem é por isso que 
se poderá, assim, falar em processo, porque o grupo só 
existe sendo não é uma coisa que possa ser abstraída 
de sua condição histórica. 
Classificando os Grupos Sociais 
• Microgrupos ou grupos primários, como a família, 
são importantes para a produção da subjetividade, e 
para a manutenção de ideias e ideais sociais. Sua 
presença é praticamente universal os indivíduos têm 
experiências de si, simultaneamente vinculadas à 
presença de outras pessoas. 
• Macrogrupos ou grupos secundários, são grupos de 
outra ordem e não se diferenciam dos microgrupos, 
necessariamente, pelo tamanho do ponto de vista 
dinâmico, substituem progressivamente os grupos 
primários, contribuindo para que a socialização se 
faça com mais intensidade, a partir dos macrogrupos. 
Os Grupos Operativos 
Pensada como teoria e técnica que se presta à formação 
de equipes (grupos), por meio da Teoria dos Grupos 
Operativos, Enrique Pichon-Rivière procurava responder 
basicamente a algumas questões: 
• O que é preciso para trabalhar em grupo? 
• Como contribuir para a elaboração de uma tarefa 
em grupo? 
 Para tentar respondê-las, propôs a prática dos 
grupos operativos, instituída, inicialmente, no horizonte do 
seu trabalho como professor e educador, tendo como 
ponto de partida uma definição mínima do que é um 
grupo social, ou seja, conjunto de pessoas com um 
objetivo comum que procura trabalhar em equipe, o 
grupo operativo pode ser, assim, compreendido como 
um treinamento para trabalhar como equipe, incluída, 
aqui, a retificação das posições estereotipadas que 
sustentam esse grupo uma ideia importante para a 
compreensão do trabalho grupal é o Esquema 
Conceitual, Referencial e Operativo (ECRO) grupal. Os 
participantes do grupo trazem para o encontro um 
esquema, uma série de saberes, de conhecimentos e 
entendimentos do mundo que, no grupo, irão se atualizar, 
confrontando os esquemas uns dos outros. 
Psicologia Social e Mudança 
→ Grupos e transformação social: 
 O enfrentamento de questões típicas dos 
indivíduos envolvidos em grupos e instituições sociais tem 
sido alvo constante da Psicologia, encampando as áreas 
como o trabalho, a educação, a saúde e a assistência 
social experiências de ação com grupos sociais, indicam 
que as ações que promovem mudanças se dão tanto 
nos espaços macro, do formato e da organização do 
grupo, quanto nos micros, da dinâmica dos 
relacionamentos e afetos nos grupos a literatura sobre 
as ações com grupos sociais preconiza diferentes 
momentos o primeiro deles diz respeito à 
caracterização, o que vai acontecer, de fato, durante 
todo o processo da intervenção consiste em localizar 
quais são os seus membros e os lugares por eles 
ocupados, o mapeamento das posições relativas 
empregadas pelos atores institucionais, a localização das 
forças de coesão e afastamento envolvidas nesses 
relacionamentos e a identificação das fantasias associadas 
a esses lugares tal reconhecimento implica conhecer e 
analisar a própria história do grupo como parte daquilo 
que determina a sua dinâmica de lugares e afetos de 
acordo com Neiva (2010), as intervenções psicossociais 
como práticas de transformação e de pesquisa têm uma 
presença recente no âmbito da Psicologia, embora a 
preocupação com o bem-estar de indivíduos e grupos 
tenha estado sempre no horizonte dos interesses dos 
psicólogos características básicas das intervenções 
psicossociais: seu caráter científico, unindo a pesquisa à 
ação, preocupação em gerar mudança e 
desenvolvimento, foco em grupos, instituições e 
comunidades, ação sobre os problemas atuais da 
sociedade e as necessidades psicossociais de grupos, 
instituições e/ou comunidades, intervenção focada, 
caráter predominantemente preventivo, levar em conta 
o contexto social e cultural, e incluir a diversidade do 
grupo, da instituição e/ou da comunidade. 
A comunidade 
 Associada à vida comum e solidária, a 
comunidade está em oposição à vida típica do mundo 
globalizado, individualista e competitiva, entendimento que 
guarda um saudosismo de volta às origens em 
contrapartida, deve-se considerar que, na história deste 
entendimento, a ideia de comunidade também foi 
combatida quando, desde o iluminismo, a comunidade e 
a tradição foram tomadas como inimigas das mudanças 
sociais e do progresso tais utopias comunitárias seriam 
reativas ao individualismo e à modernidade em meados 
do século XX, especialmente na Psicologia, o termo 
“comunidade” foi associado, com grande ênfase, a um 
modelo de intervenção social de origem americana, cujo 
mote era a melhoria das condições de vida por meio da 
“modernização” cultural e econômica a fragilidade deste 
entendimento estava tanto na sua definição espacial – 
comunidade associada a bairros pobres e proletários – 
quanto na ideia de normatização, como forma de 
integração. Guareschi (1996) afirma que é preciso buscar 
a presença da comunidade nos grupos a comunidade 
não é uma decorrência necessária do fenômeno grupal, 
nem sempre havendo grupo, há a comunidade. 
Psicologia Social Comunitária 
→ Histórico da Psicologia Social Comunitária: 
 De acordo com Sawaia (1999), a Psicologia 
Comunitária é a ciência que tem por objeto a exclusão, 
numa perspectiva que nega a neutralidade científica e 
que pretende não apenas interpretar o mundo 
teoricamente, mas transformá-lo os primeiros trabalhos 
que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram 
realizados no meio rural, e seus propositores eram, em 
sua maioria, cientistas sociais preocupados com a 
organização de grupos que pudessem gestar as práticas 
assistenciais, especialmente na educação (LANE, 2002) 
em março de 1964, instaura-se o regime militar no país, 
que contribui para um recrudescimento dessas 
condições, assim como para a instalação de um regime 
de terror na sociedade o Brasil é obrigado a conviver 
com um sistema de governo que põe fim a vários 
direitos civis, enquanto as contradições existentes na 
realidade social vão criando situações concretas na vida 
das pessoas, sobre as quais vários profissionais passam a 
atuar (IGLESIAS apud FREITAS, 2002, p. 58-59) de 
acordo com Lane (2002), a Psicologia Comunitária, no 
Brasil, é uma prática que se iniciou por volta da década 
de 1960, a partir de uma aproximação dos profissionaise 
das populações carentes a Psicologia Social Comunitária 
precisa ser pensada, segundo Lane (2002), como uma 
prática inserida na conjuntura econômico-política da 
América Latina e do Brasil aquela época, durante as 
décadas de 1960 e 1970, o país, particularmente, passou 
por um momento político bastante conturbado, no qual, 
sob o domínio dos militares, a violência e a repressão 
eram praticadas de forma institucionalizada, “quando uma 
reunião de cinco pessoas já era considerada subversão” 
(LANE, 2002, p. 17). 
O Papel da Formação Profissional para a Ação 
Comunitária 
 O contexto histórico pode ser caracterizado, ao 
longo da década de 1960, por confrontos entre o Estado 
e as forças capitalistas, de um lado, e a sociedade civil e 
as suas reivindicações em prol de suas necessidades 
básicas, de outro as greves espalham-se por vários 
setores da produção e dos serviços, o desemprego 
atinge números assustadores, e a inflação e o custo de 
vida são insuportáveis para as classes trabalhadoras e 
para a população em geral a profissão de psicólogo 
encontrava-se em seu processo de regulamentação e a 
sua atuação na sociedade vinha crescendo em diversos 
segmentos do mercado de trabalho. 
As Práticas da Psicologia em Comunidades 
 Os primeiros trabalhos chamados de 
comunitários foram realizados por cientistas sociais em 
comunidades da zona rural, por volta da década de 1940, 
na América Latina foram criados, na época, os chamados 
“centros sociais”, precursores dos centros comunitários 
atuais, mas que duravam pouco tempo e: “[...] contavam 
com o apoio da Igreja Católica, de assistentes sociais e 
órgãos governamentais, criando equipes itinerantes 
interdisciplinares (médicos, agrônomos, assistentes sociais 
e outros) que procuravam organizar grupos locais que 
dessem continuidade aos trabalhos propostos – 
basicamente educativos” (LANE, 2002, p. 26). 
Os fundamentos da Psicologia Social 
Comunitária 
 A Psicologia Comunitária dedica-se a estudar e a 
compreender o cenário das questões psicossociais que 
caracterizam uma comunidade, assim como intervir nele. 
Salienta-se por sua praticidade, e pela diversidade das 
opções teóricas e das intencionalidades que estruturam os seus fazeres (SCARPARO; GUARESCHI, 2007). 
A Psicologia Social Comunitária e o Serviço Social no Mundo Globalizado 
 As mudanças de ordem global têm consequências muito importantes também no âmbito cultural, porque são 
capazes de promover transformações intensas na vivência mais direta das pessoas é fundamental que o AS conheça 
com maior profundidade os trabalhos da Psicologia Comunitária, como forma de auxiliar na diluição dos preconceitos e das 
fantasias do senso comum, acerca do trabalho do psicólogo e dos métodos que utiliza em sua prática, para que, a partir 
disso, possa aproveitar e assimilar contribuições que ele é capaz de oferecer. 
Psicologia nas Políticas Públicas de Saúde e Desenvolvimento Social 
→ Psicologia e políticas públicas: 
 A questão social, é tratada por meio de políticas sociais setorizadas (saúde, educação, desenvolvimento social, 
segurança etc.) que procuram tratar das suas sequelas, cenário no qual virão atuar as profissões do setor de bem-estar, 
como a Psicologia, para lidar com a importância e os limites dessa atuação é preciso elaborar políticas públicas que levem 
em conta a historicidade das experiências subjetivas e que não podem ser construídas para sujeitos universais ou únicos 
sob o perigo de estas, contribuírem para a manutenção da desigualdade. 
Subjetividade e Práticas de Prevenção em Saúde Coletiva 
 As ações de saúde desenvolvidas sob o espírito pioneiro e transformador do SUS, presentes nos programas de 
atenção à saúde, como o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Paism) ou na Estratégia Saúde da Família 
(ESF), são exemplos de como o profissional de Psicologia pode ser solicitado a sair de seu invólucro teórico-técnico. 
A Contribuição da Psicologia para as Ações no Sistema Cras/Suas 
 O objetivo das políticas públicas, compreendido como ir ao encontro do sujeito e acompanhar o fundamental, 
quando se fala das políticas públicas de assistência e desenvolvimento social a participação dos psicólogos nas políticas 
públicas, indicados como os profissionais que atuariam com os AS, reflete o reconhecimento das contribuições técnicas e 
políticas que esses profissionais poderiam trazer para a associação na consolidação da PNAS. 
Formação Profissional do Psicólogo Social 
 O lugar e a contribuição da Psicologia para as políticas públicas e a questão social devem ser considerados a partir, 
tanto da sua inserção profissional quanto da produção de conhecimento – e das escolhas envolvidas nessa produção a 
formação de profissionais é um elemento central desse embate, ensejando a discussão sobre a partir de quais referenciais 
os futuros profissionais devem ser capacitados e inseridos, isso tanto na Psicologia quanto nas outras carreiras que fazem 
interface com as políticas de bem-estar – na saúde, na educação e na assistência social
.

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