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Política Setorial Saúde

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UNIDADE 1 
Apresentação 
 Nesta disciplina, vamos refletir sobre os caminhos 
do atendimento à população até chegar na Política de 
saúde atual a trajetória da saúde pública no Brasil, a 
reforma sanitária, a criação do sistema único de saúde – 
SUS. A contribuição do Serviço Social nesta política de 
atendimento ao usuário do serviço em todas as áreas de 
atenção: primária, secundária e terciária. 
Introdução 
 A história do Brasil vem sendo construída com 
uma série de contradições que envolvem a política e a 
economia, e os interesses sociais ficam à margem do 
foco das discussões. A partir da Constituição Federal de 
1988, no artigo 6º: são direitos sociais a educação, a 
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, 
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados 
sendo assim, Direito do cidadão e dever do Estado. 
Direitos Sociais 
 A saúde é um dos direitos sociais instituídos na 
Constituição Federal de 1988 a sua materialização se deu 
por meio da criação do SUS – Sistema Único de Saúde. 
Esta construção foi pensada de forma a organizar o 
atendimento de saúde em níveis de atenção de maneira 
universal e gratuita para promover a ausência da doença 
por meio da educação, prevenção, diagnóstico, 
tratamento, reabilitação, redução de danos e manter o 
bem-estar físico, mental e social. 
Atenção Primária 
 O SUS estabeleceu estratégias como 
instrumentos de promoção à saúde. A ESF – Estratégia 
de Saúde da Família e o Nasf – Núcleo de Apoio à Saúde 
da Família consideram a realidade do indivíduo no seu 
território e relação com a comunidade com equipe 
multidisciplinar composta por vários profissionais 
classificados na área da saúde, inclusive Assistentes 
Sociais, a política de saúde vai se desenvolvendo com o 
propósito de atender às demandas da população. 
Conceito de Política 
 O significado de política é muito abrangente e 
está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito 
ao espaço público e ao bem dos cidadãos. Agrega um 
conjunto de procedimentos formais e informais, que 
expressam relação de poder e se destinam a solucionar 
os conflitos de forma pacífica. 
Cidadania 
 É a participação do povo na tramitação 
administrativa em todas as esferas governamentais é o 
exercício pleno do controle social, em que se diz aos 
dirigentes as suas reais necessidades e quais as 
prioridades elencadas para resolução imediata e fiscalizar 
os gastos do dinheiro público é nosso dever e obrigação 
enquanto cidadão. 
Políticas Públicas 
 São medidas que o Estado propõe e escreve 
mediante as necessidades da população, garantidas pela 
Constituição Federal e Leis Complementares, para 
diminuir as desigualdades sociais estão diretamente 
ligadas ao cotidiano da população, aplicadas nas áreas da 
saúde, educação, assistência social, inclusão social, 
habitação, transporte, segurança, trabalho, esporte, 
cultura, lazer as políticas públicas de saúde são instituídas 
pelo Governo e colocam em prática os serviços 
previstos em Lei. Sendo responsabilidade do Estado, são 
cumpridas nas três esferas de governo: Federal, Estadual 
e Municipal. No Brasil, a política de saúde é implementada 
por meio do SUS – Sistema Único de Saúde. As políticas 
sociais são estabelecidas por meio de Programas de 
Governo que visam a diminuir e/ou acabar com a 
pobreza e desigualdade social. Sendo assim, podemos 
entender que as políticas sociais são ações que 
compreendem a proteção social do Estado. Seus 
principais objetivos são: Solidariedade social e igualdade. 
• A Solidariedade Social: acolhe as pessoas em 
situação de vulnerabilidade e incapacidade para vida 
laboral, com apoio da seguridade social. 
• A Igualdade: contempla o acesso universal às políticas 
públicas, ações de urbanização, saneamento básico 
e medidas de desenvolvimento para regiões urbanas 
e rurais. 
Construção da Política Pública 
Uma política pública é construída em etapas até que seja 
aprovada e aplicada na prática. 
• Identificação do Problema: reconhecer a situação ou 
problema e uma solução; 
• Formação da Agenda: o Governo define as 
prioridades pela importância e urgência social; 
• Formulação de Alternativas: Fase de estudo e 
avaliação das alternativas mais úteis e eficazes para 
solução do problema. 
• Tomada de decisão: Etapa que define as ações a 
serem executadas, considerando análises técnicas e 
políticas sobre o resultado e viabilidade das medidas. 
• Implementação: Quando as políticas são colocadas 
em prática, ação. 
• Avaliação: Após aplicação da política, é preciso avaliar 
a eficiência e possível necessidade de ajuste. 
• Extinção: A política pública pode ser extinta por 
vários motivos: resolução do problema, ineficiência 
da proposta inicial, surgimento de outras 
necessidades etc. 
Os Três Poderes na Construção da Política 
Pública 
 O planejamento, a criação e a execução das 
políticas públicas são realizadas nas três esferas de 
governo: Federal, Estadual e Municipal. O Legislativo cria 
as Leis, o Executivo planeja e executa as ações e o 
Judiciário faz o controle e avalia a adequação da Lei. 
Orçamento Público 
 As Políticas Públicas são efetivadas por meio de 
um artigo da Constituição Federal (art. 165) que define as 
metas e objetivos que devem ser cumpridos pelos 
governos em quatro anos. O orçamento público é 
organizado por meio de três Instrumentos, nos âmbitos 
dos Governos Federal, Estadual e Municipal: 
• Do PPA → Plano Plurianual; 
• Da LDO → Lei de Diretrizes Orçamentárias; 
• Da LOA → Lei Orçamentária Anual. 
Organização do PPA 
 Essa legislação define o exercício financeiro de 
cada mandato de governo por quatro anos a partir daí, 
se elabora o plano de ações do governo a curto, médio 
e longo prazo as metas devem ser estabelecidas com 
prazos, datas e valores o plano Plurianual define também 
os resultados esperados pelo Governo. 
Função do PPA 
 O PPA tem a função de organizar o governo, 
definindo quais políticas públicas receberão investimento, 
bem como seus orçamentos. Desta forma, ele garante a 
transparência dos gastos públicos e investimentos feitos 
pelo Governo. Esse plano vai organizar os programas do 
governo, definir os objetivos a serem alcançados, quais 
ações serão colocadas em prática e as metas, bem 
como os resultados esperados pelo governo. 
Prazo do PPA 
 É importante conhecer esse processo para 
poder acompanhar, porque o PPA tem prazo de validade 
de 4 anos, ou seja, ele é elaborado no primeiro ano de 
governo e é colocado em prática nos 4 seguintes, 
finalizando no primeiro ano do governo seguinte, quando 
a nova equipe estará elaborando o novo PPA. 
História das Políticas Sociais 
 A política social apresenta um histórico de 
estigmatização pela proteção social direcionada a 
comunidades vulneráveis a saúde está incluída nessa 
história por ser um instrumento de pleno exercício da 
cidadania a política social promove proteção aos 
indivíduos considerados improdutivos para o capital. 
Proteção Social 
 A proteção social, muitas vezes, é confundida ou 
interpretada como assistencialismo, pelo fato de oferecer 
condições mínimas de vida com dignidade ao indivíduo 
não se trata de uma ação imediatista, como o 
assistencialismo que existia nas primeiras leis trabalhistas 
no século XIV ainda na Inglaterra, e sim ações promovidas 
com continuidade para fortalecer o sujeito. 
Transferência de Renda 
 A Inglaterra foi o primeiro país a criar uma 
política de transferência de renda a partir de uma crise 
de alimentos, foi criado um abono salarial para os 
trabalhadores sem limite de renda. No entanto, na 
contrapartida, todos os indivíduos que tivessem 
condições de trabalhar deviam oferecer mão de obra e 
fortalecer a força produtiva desta forma, as ações 
assistenciais induziam as pessoas a se manterem por 
meio do trabalho. 
Revolução Industrial 
 A partir do século XIX, vivenciamos aRevolução 
Industrial, que foi um divisor de águas na economia com 
ela veio o Capitalismo, que promovia o acúmulo de 
riquezas a partir da exploração da mão de obra e 
formação dos grandes monopólios industriais surgiu 
então a divisão clássica de classes: A burguesia 
dominante e o proletariado explorado no trabalho e 
colocado na pobreza, à margem da sociedade. 
Classe Trabalhadora 
 As péssimas condições de trabalho oferecidas 
levaram a classe à reflexão, até que chegaram à luta 
operária com força suficiente para formar os sindicatos 
e partidos políticos proletários para os Liberais, o papel 
de Estado não está ligado às relações de trabalho e sim 
à garantia do mercado livre, possibilitando que a 
sociedade civil prospere a questão social surgiu a partir 
das lutas sociais e políticas do proletariado. 
Direitos Civis 
 A era dos direitos civis surgiu a partir das 
Revoluções Inglesa, Francesa e Americana a partir daí, a 
classe trabalhadora foi aprendendo a se organizar e 
garantir seus direitos e por meio das organizações 
sindicais passaram a reivindicar seus direitos e participar 
da vida política. 
Relação de Trabalho 
 A classe operária aprendeu a lutar pela sua 
emancipação, socialização da riqueza, uma nova ordem 
societária que garantisse minimamente os direitos sociais 
de voto, livre expressão, organização sindical, 
manifestação, partidos políticos etc. Esse movimento fez 
com que o Estado percebesse o seu papel regulador e 
de protetor da população em situação de pobreza. diante 
de tudo isso, foi surgindo o movimento das políticas 
sociais de forma gradativa em cada país. 
Bem-estar Social 
 Apesar de ter surgido na Europa, o Estado de 
Bem-estar Social firmou-se em meados do século XX, 
com a criação de políticas econômicas, taxações 
progressivas sobre empresas e cidadãos com objetivo 
de criar empregos e implementar políticas sociais de 
combate à pobreza. Conhecido como Welfare State, o 
estado de bem-estar social se opunha ao liberalismo 
antes estabelecido, entendendo que o Estado deve ser 
responsável por regular os aspectos sociais, econômicos 
e políticos do País. 
Direito à Saúde 
 O direito à saúde de forma gratuita e universal 
foi um dos pilares necessários para o estabelecimento do 
estado de bem-estar social. O sistema público surgiu pelo 
avanço da sociedade civilizada. A partir do século XX, as 
adaptações foram acontecendo à medida que a 
necessidade dos hospitais públicos foi aumentando para 
atender à população em geral e não só para os mais 
necessitados a partir da década de 40 surge um serviço 
de saúde que dialoga com serviços de assistência e 
grupos de atenção primária com médicos, enfermeiros, 
dentistas, psicólogos e fisioterapeutas. 
História das Políticas Públicas no Brasil 
 A história das políticas públicas no Brasil mostra 
uma evolução desde o Período Imperial até a 
redemocratização do País em 1988 com a Constituição 
Federal, em que os direitos sociais foram instituídos, e 
dentre eles a saúde como direito do cidadão e dever do 
estado. 
Império (1822 – 1889) 
 Dom Pedro I, na época do império, iniciou as 
primeiras políticas de proteção social. Por meio de uma 
Carta de lei, concedeu aos Professores o benefício da 
aposentadoria com 30 anos de serviço e quem fizesse a 
opção de permanecer trabalhando recebia um abono de 
25% no salário. O Governo colonial retardou a 
industrialização no Brasil, pelo fato de ter mantido, ainda 
depois da Independência, regras antes ditadas por 
Portugal, associadas à falta de recursos financeiros e à 
manutenção do regime escravagista que bancava 
privilégios dos donos de terra. A partir daí, a imigração 
passou a receber incentivo, para atender às demandas 
oriundas da Revolução Industrial que já estabelecia a 
fabricação de vários produtos e necessitava de mão de 
obra, a qual não foi oferecida a população escrava. 
República Velha (1889 – 1930) 
 A partir da Independência do Brasil, D. Pedro II 
determinou a criação de serviços para inspecionar a 
saúde pública. Com isso vieram medidas de saneamento 
básico que contribuíram para melhora do centro urbano, 
proporcionando desenvolvimento e progresso a 
República foi instituída após 40 anos do início da 
industrialização, intensificando a imigração europeia que 
supriu a necessidade de mão de obra nos grandes 
centros urbanos e no campo. Essa realidade criou uma 
demanda social que provocou a criação dos primeiros 
movimentos de reinvindicação por um novo sistema 
social. Em 1923 foi criada a Caixa de Aposentadorias e 
Pensões que atendia apenas aos funcionários da rede 
ferroviária, uma base para se estabelecer a previdência 
social no Brasil. 
Era Vargas (1930 – 1945) 
 O Presidente Getúlio Vargas assumiu o governo 
após a revolução de 1930. Foi marcado pela criação da 
Consolidação das Leis de Trabalho – CLT, garantindo 
direitos trabalhistas. Centralizou a previdência no governo 
federal criando institutos de aposentadorias e pensões. 
Criou também o Ministério da Educação e Saúde Pública. 
Período Democrático (1946 – 1964) 
O Governo do Presidente Gaspar Dutra criou o serviço 
de assistência médica domiciliar e de urgência que 
oferecia atendimento ao trabalhador brasileiro. Antes 
deste serviço, o atendimento à saúde era desenvolvido 
por ações da Santa Casa de Misericórdia e instituições 
filantrópicas mantidas pela Igreja Católica. 
Ditadura Militar (1964 – 1985) 
 A ditadura militar, por meio do golpe de 1964, 
afirmou o exército como precursor da política nacional, 
impondo um regime autoritário e nacionalista. Em 1966 
todos os institutos criados por Getúlio Vargas foram 
unificados no Instituto Nacional de Previdência Social – 
INPS que, por meio de contribuição compulsória, fornecia 
tratamento médico para o trabalhador e seus 
dependentes e aposentadoria e pensão em 1970, as 
ações voltadas para o social foram ampliadas com uma 
nova organização do sistema previdenciário: 
• O seguro social ficou na responsabilidade do INSS. 
• A assistência médica ficou a cargo do Inamps. 
• A arrecadação e fiscalização dos recursos, bem 
como a gestão do patrimônio, com Iapas. 
A assistência médica, ainda não assumida pela Governo, 
atendia somente àqueles que tinham carteira de trabalho 
assinada, caso contrário buscava-se atendimento em 
instituições filantrópicas ou privadas e quem não dispunha 
de recursos era tratado como indigente por conta da 
ditadura, muitos estudos e pesquisas que já mostravam 
a ineficiência do sistema de saúde não conseguiram 
progredir, tirando assim o foco da proteção social. Em 
1979, após o início da Reforma Sanitária, houve uma 
abertura no regime militar que possibilitou a iniciação de 
discussões acerca da criação de um sistema de saúde 
gratuito e universal que foi consolidado como SUS – 
Sistema Único de Saúde. 
República Nova (1985 – dias atuais) 
 Com o término do regime militar, os 
movimentos sociais se organizaram para discutir sobre as 
variáveis sociais e dentre elas a saúde e o sistema 
aplicado no Brasil. A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi 
convocada com o propósito de discutir a saúde e 
contribuir para a formulação de um novo sistema de 
saúde, em que se aprovou um relatório com 
recomendações que passaram a fazer parte da reforma 
sanitária do País o Sistema Único de Saúde – SUS foi 
basicamente definido na 8ª Conferência Nacional de 
Saúde com debate de 3 temas: 
• Saúde como dever do Estado e direito do Cidadão. 
• Reformulação do Sistema Nacional de Saúde. 
• Financiamento setorial. 
 Para compreender melhor como foi a evolução 
da saúde no Brasil, assista ao documentário “História da 
Saúde Pública no Brasil: um século de luta pelo direito à 
saúde”. Direção de Renato Tapajós, 2006 e tantos outros 
vídeos que estão disponibilizados nos canais da internet 
sobre a saúde no Brasil. 
As Constituições Brasileiras 
 A palavra saúde significa “salvação”, “proteção à 
vida”, “cura”, “bem-estar”, a OMS– Organização Mundial 
de Saúde entende saúde como um estado completo de 
bem-estar físico, mental, social e não apenas a ausência 
de doença a Declaração Universal de Direitos Humanos 
de 1948 inclui no direito à saúde a condição de vida do 
cidadão e da sua família. 
As Constituições Brasileiras – 1988 
 Antes da Constituição de 1988, no Brasil a saúde 
não era direito. O Estado assumia a responsabilidade de 
prestar assistência médica e hospitalar aos trabalhadores 
filiados ao sistema de seguridade social. 
As Constituições Brasileiras – 1824 
 Sob governabilidade do Imperador, a estrutura da 
Oligarquia, o direito à saúde não tinha espaço. O 
atendimento médico acontecia apenas para garantir o 
exercício da atividade profissional. 
As Constituições Brasileiras – 1891 
 Não tratou do tema saúde de forma clara, 
suprimiu o inciso que garantia o socorro público. Como 
garantia do cidadão, lançou a segurança individual. 
As Constituições Brasileiras – 1934 
 Na era Vargas, os direitos sociais foram 
ampliados, bem como os individuais e políticos. A União e 
os Estados assumiram o dever de cuidar da assistência 
de saúde do cidadão, com assistência médica e sanitária 
aos trabalhadores e às gestantes. 
As Constituições Brasileiras – 1937 
 Impediu a efetivação de qualquer direito 
fundamental, mas manteve a obrigação da União em 
proteger a saúde do trabalhador e incluiu a defesa e 
proteção da saúde da criança, avançando no campo dos 
direitos sociais. 
As Constituições Brasileiras – 1946 
 Reafirmou direitos econômicos, sociais e culturais. 
Não discorreu sobre o direito à saúde, mas delegou a 
competência de legislar sobre este tema à União. 
Considerando ainda o período desta constituição: final da 
2ª Guerra Mundial e o surgimento do regime autoritário. 
As Constituições Brasileiras – 1954 
 Uma Lei estabeleceu padrões gerais de defesa 
da proteção à saúde. Manteve o dever do Estado e da 
família na defesa e proteção da saúde do indivíduo. 
As Constituições Brasileiras – 1967 
 Outorgada nova constituição após o golpe militar 
de 1964. Alterou o regime de liberdade descrito 
anteriormente e instalou o regime autoritário ditado pelos 
militares. Manteve a competência da União frente às 
questões sanitárias e planejamento do setor de saúde. 
As Constituições Brasileiras – 1988 
 Última Constituição vigente no País, instituída 
após o término do regime militar, contempla direitos 
sociais, elencando: educação, saúde, alimentação, 
trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, 
proteção à maternidade e à infância e assistência aos 
desamparados. A Constituição de 1988 deu efetiva 
atenção à saúde como direito social. Nos artigos 196 a 
200, a saúde está como “Direito de todos e Dever do 
Estado”, em que surgiu a base para a criação do Sistema 
único de saúde – SUS, que garante acesso universal ao 
atendimento e engloba todos os procedimentos desde a 
atenção primária, secundária e terciária. 
UNIDADE 11
Sistema Único de Saúde – SUS 
 O SUS é um dos maiores sistemas de saúde 
pública do mundo. Este sistema público de saúde garante 
acesso universal, atenção integral à saúde com princípios 
fundamentais que norteiam sua ação é um direito de 
todo cidadão desde a gestação. 
Princípios Fundamentais do SUS 
• Universalização: garante o direito de todo cidadão. O 
Estado é o responsável por este acesso, 
independentemente de qualquer situação ou 
circunstância. 
• Equidade: visa a atender a todos, investindo onde 
mais é necessário, diminuindo assim as desigualdades. 
• Integralidade: visualiza o indivíduo no todo, 
biopsicossocial, proporcionando ações de integração, 
promoção à saúde, prevenção de doenças e 
tratamento de reabilitação. 
Lei Orgânica da Saúde 
 A Lei Orgânica da Saúde – LOS é uma junção 
de duas Leis Federais que tem o papel de disciplinar 
legalmente a proteção e a defesa da saúde. Ela normatiza 
as diretrizes, os limites de cada esfera do governo no 
âmbito de suas atuações. 
8ª Conferência Nacional de Saúde 
 A Lei n. 8080, de 1990, consolidou todas as 
discussões que se fundiram na Constituição Federal de 
1988 com o SUS. Marcou a discussão da reforma sanitária 
com a elaboração de um relatório que descreveu 
propostas de atendimento em todo território nacional. 
Princípios Organizativos do SUS 
• Participação Popular – participação da sociedade civil. 
• Descentralização e comando único – 
responsabilidade dividida nos três níveis de governo 
e cada um terá soberania para tomar suas decisões. 
• Hierarquização – estruturar os serviços de acordo 
com as demandas. 
• Regionalização – articula a rede de serviços de uma 
região, ligando a saúde à condição de vida local. 
Hierarquia do SUS 
• Atenção primária – atendimentos básicos e 
promoção, prevenção, vacinação e outras ações. 
• Atenção secundária – quando a doença identificada 
é demanda para especialista. 
• Atenção terciária – Alta complexidade, casos graves, 
UTI, aparelhos específicos. 
• Reabilitação – uma fase após a alta médica, quando 
o paciente ainda necessita de atendimento 
especializado, por exemplo: fisio, to, fono. 
Unidades de atendimento no SUS 
• Posto de Saúde – atende à população de um bairro, 
por consulta com equipe de saúde. 
• Unidade Básica de Saúde (UBS) – complementa o 
serviço anterior, com outros cuidados: curativos, 
medicação, odontologia, médicos generalistas. 
• Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – abertas 
24h, atendem urgências e emergências. É 
capacitada para atender casos mais graves, como 
infarto, fraturas, derrame. 
• Hospital e Universitários – atenção terciária, dispõe 
de recursos tecnológicos e atendem casos de 
doenças graves e cirurgias. 
Sistema de governança do SUS 
 A gestão das ações e dos serviços de saúde 
deve ser solidária e participativa. Os três poderes 
exercem o processo de regionalização com decisões 
compartilhadas de forma democrática e plural. A Lei 
Orgânica da Saúde 8080/90, em seu artigo 15, deixa claro 
a necessidade de diálogo entre as três esferas de 
governo: federal, estadual, Distrito Federal e municípios. 
Atribuições administrativas do SUS 
→ No âmbito dos três poderes existem várias 
atribuições, eis algumas delas: 
• Definir avaliação e fiscalização. 
• Administrar recursos orçamentários e financeiros. 
• Participar da formulação de formação e 
desenvolvimento de RH. 
• Realizar pesquisas e estudos na área da saúde. 
• Fomentar, coordenar e executar programas e 
projetos estratégicos. 
Instituições que estruturam o SUS 
• Ministério da Saúde – É o gestor federal do SUS que 
formula, normatiza, fiscaliza, monitora e avalia as 
políticas e ações articuladas com os conselhos e 
comissões tripartite. 
• Secretaria Estadual de Saúde – participa da 
formulação das políticas e presta apoio aos 
municípios, com as comissões Intergestores Bipartite. 
• Secretaria Municipal de Saúde – planeja, controla, 
organiza, avalia e executa as ações e serviços de 
saúde com o Conselho Municipal. 
• Conselhos de Saúde – é um espaço de controle 
social e conta com a participação da sociedade civil. 
Composto por múltiplas representações e suas 
decisões são homologadas pelo chefe de governo. 
• Comissão Tripartite – fórum que pactua ações entre 
os três governos: federal, estadual, municipal. 
• Comissão bipartite – fórum de negociação entre 
estado e município. 
Programas e serviços do SUS 
O SUS é estruturado por meio de Programas que 
atendem a todos os níveis de atenção. 
Estratégia Saúde da Família/Nasf 
 Foi implantado pelo Ministério da Saúde em 1994 
com objetivo de organizar a atenção básica. Contém 
equipes de saúde para atendimento da população: básica 
e multiprofissional. 
Programa Saúde na Escola 
 Tem como objetivo a assistência à saúde a 
crianças e adolescentes que frequentam as escolas 
públicas por meio de uma iniciativa setorial entre os 
ministérios da saúde e educação. 
Programa melhor em casa 
 Visa ao acompanhamentode doenças crônicas, 
pessoas com necessidade de reabilitação motora, com 
equipe multiprofissional que vai atender no domicílio do 
usuário. 
Modalidades de Atenção Domiciliar 
• AD 1 – atende pessoas com problemas de saúde 
controlados e impossibilitados de locomoção. 
• AD 2 – Atende pessoas com demandas que 
solicitam mais atenção: curativos, monitoramento dos 
sinais vitais, coleta de exames, uso de sondas etc. 
• AD 3 – Atende às demandas anteriores mais suporte 
ventilatório não invasivo, diálise peritoneal. Caso tenha 
intercorrência, há um cadastro para transporte de 
emergência. 
Programa Nacional de Imunização 
 O Brasil oferece gratuitamente todas as vacinas 
recomendadas pela OMS e nós temos reconhecimento 
internacional por erradicação de algumas doenças. Existe 
um calendário de imunização que deve ser seguido. 
Programa Farmácia Popular 
 Visa à distribuição de medicamentos essenciais 
para tratamento de hipertensão, diabetes e asma, sem 
custo para a população. Para outros, são oferecidos 
descontos. 
Programa de Prevenção e Controle do HIV/Aids 
 Desde 1996 o Brasil distribui medicamentos 
antirretrovirais que controlam a infecção. O SUS oferece 
gratuitamente a terapia medicamentosa que é de alto 
custo, além das formas de prevenção. 
Sistema Nacional de Doação e Transplante de Órgãos 
 O Brasil tem o maior programa público de 
transplantes de órgãos do mundo. Existe uma central de 
controle estadual com fila única. Há também um banco 
de medula óssea, financiado com recursos públicos e 
articulado com bancos internacionais, aumentando a 
chance de compatibilidade. 
Rede de Atenção Psicossocial (Raps) 
 É uma rede com modelo de atenção específica 
para atender pacientes com transtorno mental, 
oferecendo espaço adequado para cuidado intensivo em 
casos severos e/ou persistentes. Esta rede tem como 
objetivo promover a vida, convivência na sociedade etc. 
Atende também pacientes com dependência química de 
álcool e outras drogas. 
Programa de Vigilância em Saúde 
 Atua na prevenção e controle de doenças 
transmissíveis. Analisa a situação de saúde da população 
brasileira, bem como coordenar programas de 
prevenção e controle de doenças transmissíveis. 
Iniciativa Privada – Saúde Complementar 
 A saúde complementar é utilizada quando o SUS 
não dispõe do procedimento médico de alta 
complexidade, que por ventura a rede de saúde pública 
não comporta. Nesta situação o paciente recebe todo 
atendimento necessário da rede privada, que tenha 
convênio com o SUS e assim as despesas são pagas 
pelo Estado uma das causas da necessidade de 
complemento à saúde pública é a deficiência na estrutura 
para a oferta de serviços com qualidade à população, 
seja por falta de profissionais, insumos básicos, 
equipamentos e medicamentos. O Estado, ciente das 
dificuldades, utiliza-se da iniciativa privada para promover 
a saúde coletiva. 
Iniciativa Privada – Saúde Suplementar 
 Na saúde suplementar, as ações e serviços de 
saúde prestados são independentes. Eles não possuem 
vínculos com o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 
ofertados pelo setor de serviços de saúde, na esfera 
privada. Trata-se do atendimento por convênio médico 
que torna a relação do paciente com a instituição uma 
relação de consumo, por se tratar de prestação de 
serviço de saúde. 
Saúde e Seguridade Social 
 Um paciente do SUS precisa fazer um 
procedimento médico de alta complexidade que a 
instituição de saúde da rede própria do Estado não 
comporta. Este paciente será encaminhado a um hospital 
da rede privada que tenha convênio com o SUS para 
realizá-lo, sendo todo o procedimento custeado pelo 
governo. 
Financiamento do SUS 
 O fundo nacional de saúde repassa para os 
estados e municípios valores insuficientes para atender à 
demanda e financiar as ações pertinentes aos três níveis 
de atenção. Com isso, o SUS fica cada vez mais defasado 
em infraestrutura e capacitação a verba é calculada pela 
estatística de operações e procedimentos. Na assistência 
farmacêutica e vigilância em saúde, os repasses 
apresentam variações desta forma, o princípio da 
universalidade não é atingido, o que coloca em risco a 
vida das pessoas que utilizam este serviço. 
UNIDADE 111
Humanização da saúde A humanização é uma temática que aparece 
com destaque no final de 1990 e início dos anos 2000 e 
consegue legitimidade a partir da 11ª Conferência Nacional 
de Saúde, realizada em Brasília, em 2000. Essa 
conferência promoveu discussões que levaram à criação 
do PNHAH – Programa Nacional de Humanização da 
Assistência Hospitalar. A precarização dos serviços 
prestados pelo SUS penaliza o usuário e os profissionais 
que executam esses serviços o usuário pela dificuldade 
do acesso e continuidade ao tratamento os profissionais 
pelas dificuldades de atualização profissional, infraestrutura 
precária, desvalorização profissional, que provoca a busca 
de mais vínculos etc. A humanização da saúde pode ser 
entendida como a melhoria da qualidade do atendimento 
aos usuários dos serviços de saúde sua necessidade 
advém da precariedade das condições de atendimento e 
suporte técnico especializado e competente que são 
fornecidos ao usuário o PNHAH oferece uma orientação 
global para os projetos de caráter humanizador, 
desenvolvida nas diversas áreas de atendimento 
hospitalar. Sua principal função é estimular a criação e a 
sustentação permanente de espaços de comunicação 
entre os vários setores de atendimento da instituição de 
saúde, a fim de se promover a livre expressão, a 
educação continuada, o diálogo, o respeito, a diversidade 
de opiniões e a solidariedade a humanização na saúde 
pública é preconizada no plano de ações coordenado e 
descentralizado pelo SUS o público-alvo são os hospitais 
e as unidades médicas da rede pública de saúde no Brasil. 
Esse programa teve uma equipe formada pelo Ministério 
para formar os profissionais que iriam implantar a 
humanização nas unidades de saúde os grupos de 
trabalho participaram de treinamentos, cursos, palestras, 
conferências, para discutir as práticas desenvolvidas, 
estudar novas possibilidades de atendimento e fomentar 
na equipe a noção da importância das ações de 
humanização o serviço que consegue implantar ações 
que melhoram o acolhimento e a qualidade do 
atendimento recebe o título de hospital humanizado, 
como incentivo à manutenção do programa e da política 
de humanização. 
Humanização e Serviço Social 
 O Serviço Social tem oportunidade de contribuir 
de forma muito rica no processo de humanização na 
saúde a formação generalista facilita o trânsito entre as 
áreas da saúde, fazendo uma boa interlocução entre o 
serviço e o usuário. O Serviço Social na atenção 
básica/primária. Como um assistente social, pode atuar 
nesse nível de atenção de baixa complexidade no 
atendimento direto à população um exemplo de 
atendimento na atenção secundária, média 
complexidade, o assistente social acompanha a realidade 
hospitalar, bem como os atendimentos ambulatoriais um 
exemplo de atendimento agora na atenção terciária, alta 
complexidade, o Serviço Social acompanha as patologias 
que, por vezes, com treinamentos específicos, para 
entender os processos da doença, da evolução e do 
tratamento um exemplo de atendimento nos três níveis 
de atenção, o Serviço Social é o responsável por orientar 
quanto aos benefícios pertinentes, bem como a 
legislação vigente que incide sobre a patologia é preciso 
entender que a prática interdisciplinar exige muito mais 
do que somente a presença de profissionais de 
diferentes formações em uma mesma equipe: demanda 
o abandono de posturas profissionais rígidas, intolerantes 
e centralizadoras o significado de interdisciplinaridade, que 
está no texto de Mioto (2004), fala da interação 
multidisciplinar para integrar saberes e práticas voltadas à 
construção de novas possibilidades de pensar e agir em 
saúde. O assistente social pode contribuircom a equipe 
de saúde na organização e na realização de treinamentos 
e capacitação pessoal participar da elaboração de normas 
e rotinas, tendo como base as demandas da população 
num hospital, o assistente social pode atuar desde a 
admissão do paciente, durante a internação e na alta 
hospitalar o assistente social, por sua formação, pode ser 
articulador do debate entre profissionais de diferentes 
formações. Ele deve estar atento e fazer uma leitura 
crítica da área de saúde e das demandas sociais, 
considerando que a saúde também é o resultado das 
condições sociais, econômicas, políticas e culturais no seu 
papel de facilitador do diálogo entre cidadão e Estado, 
faz-se necessário conhecer as políticas que norteiam a 
área da saúde e as referências específicas pertinentes à 
área entender o processo saúde-doença, como ele se 
insere no ambiente social do usuário etc. A inserção do 
assistente social na área da saúde vem sendo escrita ao 
longo dos anos e é caraterizada por um profissional que 
articula o recorte social nas diferentes formas de 
promoção de saúde e identifica casualidades e 
multiplicidades que afetam a qualidade de vida da 
população. 
Serviço Social nas políticas públicas 
 As resoluções do Conselho Nacional de Saúde e 
do Conselho Federal de Serviço Social são expressões 
que afirmam a contribuição do Serviço Social na área da 
saúde o profissional de Serviço Social na saúde deve ter 
clareza das suas atribuições e suas competências a fim 
de caminhar em busca de uma sociedade menos 
desigual. Segundo os parâmetros do CFESS, a atuação do assistente social deve: 
• Articular movimentos de trabalhadores e usuários pela efetivação do SUS; 
• Facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos serviços de saúde; 
• Tentar construir e efetivar espaços nas unidades que garantam a participação popular; 
• Elaborar e participar de projetos de educação permanente; 
• Sistematizar o trabalho desenvolvido por meio de assessoria técnica; 
• Potencializar a participação dos sujeitos sociais na fiscalização e na gestão das políticas de saúde. 
 No contexto da elaboração e da participação em projetos de educação permanente, temos as ações 
socioeducativas ou de educação em saúde. São ações baseadas na socialização de informações de forma individual e 
coletiva, visando a melhor forma de se prestar o serviço aos usuários e como os trabalhadores podem lidar melhor com 
as perdas. Citamos algumas ações desenvolvidas por assistente social em ações de educação permanente: 
• Debate sobre rotinas e funcionamento das unidades de saúde; 
• Análise dos determinantes sociais apresentados pelos usuários; 
• Democratização dos estudos realizados pela equipe; 
• Análise da política de saúde e dos mecanismos de participação popular. 
 Lembramos que o assistente social deve sempre se guiar pelo Código de Ética e pela Lei de Regulamentação 
da Profissão. Porém em emergências e/ou de calamidade pública, os municípios, os estados e o Distrito Federal têm 
condições de avaliar e definir ações pontuais para resolver seu momento de dificuldade. O Serviço Social sempre compõe 
as equipes para avaliar os danos sociais. 
→ Direitos dos assistentes sociais, segundo Código de Ética: 
• Garantia e defesa das atribuições e das prerrogativas estabelecidas em lei; 
• Ampla autonomia no exercício da profissão; 
• Liberdade na realização de estudos e pesquisas, 
• Aprimoramento profissional de forma contínua. 
→ Deveres dos assistentes sociais estabelecidos no artigo 3º, do Código de Ética: 
• Desempenhar sua atividade profissional com eficiência e responsabilidade; 
• Estar devidamente registrado no Conselho Regional da Profissão; 
• Abster-se de práticas que caracterizem censura, cerceamento de liberdade, policiamento de comportamentos etc.

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