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UNIDADE 1 Apresentação Nesta disciplina, vamos refletir sobre os caminhos do atendimento à população até chegar na Política de saúde atual a trajetória da saúde pública no Brasil, a reforma sanitária, a criação do sistema único de saúde – SUS. A contribuição do Serviço Social nesta política de atendimento ao usuário do serviço em todas as áreas de atenção: primária, secundária e terciária. Introdução A história do Brasil vem sendo construída com uma série de contradições que envolvem a política e a economia, e os interesses sociais ficam à margem do foco das discussões. A partir da Constituição Federal de 1988, no artigo 6º: são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados sendo assim, Direito do cidadão e dever do Estado. Direitos Sociais A saúde é um dos direitos sociais instituídos na Constituição Federal de 1988 a sua materialização se deu por meio da criação do SUS – Sistema Único de Saúde. Esta construção foi pensada de forma a organizar o atendimento de saúde em níveis de atenção de maneira universal e gratuita para promover a ausência da doença por meio da educação, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manter o bem-estar físico, mental e social. Atenção Primária O SUS estabeleceu estratégias como instrumentos de promoção à saúde. A ESF – Estratégia de Saúde da Família e o Nasf – Núcleo de Apoio à Saúde da Família consideram a realidade do indivíduo no seu território e relação com a comunidade com equipe multidisciplinar composta por vários profissionais classificados na área da saúde, inclusive Assistentes Sociais, a política de saúde vai se desenvolvendo com o propósito de atender às demandas da população. Conceito de Política O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público e ao bem dos cidadãos. Agrega um conjunto de procedimentos formais e informais, que expressam relação de poder e se destinam a solucionar os conflitos de forma pacífica. Cidadania É a participação do povo na tramitação administrativa em todas as esferas governamentais é o exercício pleno do controle social, em que se diz aos dirigentes as suas reais necessidades e quais as prioridades elencadas para resolução imediata e fiscalizar os gastos do dinheiro público é nosso dever e obrigação enquanto cidadão. Políticas Públicas São medidas que o Estado propõe e escreve mediante as necessidades da população, garantidas pela Constituição Federal e Leis Complementares, para diminuir as desigualdades sociais estão diretamente ligadas ao cotidiano da população, aplicadas nas áreas da saúde, educação, assistência social, inclusão social, habitação, transporte, segurança, trabalho, esporte, cultura, lazer as políticas públicas de saúde são instituídas pelo Governo e colocam em prática os serviços previstos em Lei. Sendo responsabilidade do Estado, são cumpridas nas três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal. No Brasil, a política de saúde é implementada por meio do SUS – Sistema Único de Saúde. As políticas sociais são estabelecidas por meio de Programas de Governo que visam a diminuir e/ou acabar com a pobreza e desigualdade social. Sendo assim, podemos entender que as políticas sociais são ações que compreendem a proteção social do Estado. Seus principais objetivos são: Solidariedade social e igualdade. • A Solidariedade Social: acolhe as pessoas em situação de vulnerabilidade e incapacidade para vida laboral, com apoio da seguridade social. • A Igualdade: contempla o acesso universal às políticas públicas, ações de urbanização, saneamento básico e medidas de desenvolvimento para regiões urbanas e rurais. Construção da Política Pública Uma política pública é construída em etapas até que seja aprovada e aplicada na prática. • Identificação do Problema: reconhecer a situação ou problema e uma solução; • Formação da Agenda: o Governo define as prioridades pela importância e urgência social; • Formulação de Alternativas: Fase de estudo e avaliação das alternativas mais úteis e eficazes para solução do problema. • Tomada de decisão: Etapa que define as ações a serem executadas, considerando análises técnicas e políticas sobre o resultado e viabilidade das medidas. • Implementação: Quando as políticas são colocadas em prática, ação. • Avaliação: Após aplicação da política, é preciso avaliar a eficiência e possível necessidade de ajuste. • Extinção: A política pública pode ser extinta por vários motivos: resolução do problema, ineficiência da proposta inicial, surgimento de outras necessidades etc. Os Três Poderes na Construção da Política Pública O planejamento, a criação e a execução das políticas públicas são realizadas nas três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal. O Legislativo cria as Leis, o Executivo planeja e executa as ações e o Judiciário faz o controle e avalia a adequação da Lei. Orçamento Público As Políticas Públicas são efetivadas por meio de um artigo da Constituição Federal (art. 165) que define as metas e objetivos que devem ser cumpridos pelos governos em quatro anos. O orçamento público é organizado por meio de três Instrumentos, nos âmbitos dos Governos Federal, Estadual e Municipal: • Do PPA → Plano Plurianual; • Da LDO → Lei de Diretrizes Orçamentárias; • Da LOA → Lei Orçamentária Anual. Organização do PPA Essa legislação define o exercício financeiro de cada mandato de governo por quatro anos a partir daí, se elabora o plano de ações do governo a curto, médio e longo prazo as metas devem ser estabelecidas com prazos, datas e valores o plano Plurianual define também os resultados esperados pelo Governo. Função do PPA O PPA tem a função de organizar o governo, definindo quais políticas públicas receberão investimento, bem como seus orçamentos. Desta forma, ele garante a transparência dos gastos públicos e investimentos feitos pelo Governo. Esse plano vai organizar os programas do governo, definir os objetivos a serem alcançados, quais ações serão colocadas em prática e as metas, bem como os resultados esperados pelo governo. Prazo do PPA É importante conhecer esse processo para poder acompanhar, porque o PPA tem prazo de validade de 4 anos, ou seja, ele é elaborado no primeiro ano de governo e é colocado em prática nos 4 seguintes, finalizando no primeiro ano do governo seguinte, quando a nova equipe estará elaborando o novo PPA. História das Políticas Sociais A política social apresenta um histórico de estigmatização pela proteção social direcionada a comunidades vulneráveis a saúde está incluída nessa história por ser um instrumento de pleno exercício da cidadania a política social promove proteção aos indivíduos considerados improdutivos para o capital. Proteção Social A proteção social, muitas vezes, é confundida ou interpretada como assistencialismo, pelo fato de oferecer condições mínimas de vida com dignidade ao indivíduo não se trata de uma ação imediatista, como o assistencialismo que existia nas primeiras leis trabalhistas no século XIV ainda na Inglaterra, e sim ações promovidas com continuidade para fortalecer o sujeito. Transferência de Renda A Inglaterra foi o primeiro país a criar uma política de transferência de renda a partir de uma crise de alimentos, foi criado um abono salarial para os trabalhadores sem limite de renda. No entanto, na contrapartida, todos os indivíduos que tivessem condições de trabalhar deviam oferecer mão de obra e fortalecer a força produtiva desta forma, as ações assistenciais induziam as pessoas a se manterem por meio do trabalho. Revolução Industrial A partir do século XIX, vivenciamos aRevolução Industrial, que foi um divisor de águas na economia com ela veio o Capitalismo, que promovia o acúmulo de riquezas a partir da exploração da mão de obra e formação dos grandes monopólios industriais surgiu então a divisão clássica de classes: A burguesia dominante e o proletariado explorado no trabalho e colocado na pobreza, à margem da sociedade. Classe Trabalhadora As péssimas condições de trabalho oferecidas levaram a classe à reflexão, até que chegaram à luta operária com força suficiente para formar os sindicatos e partidos políticos proletários para os Liberais, o papel de Estado não está ligado às relações de trabalho e sim à garantia do mercado livre, possibilitando que a sociedade civil prospere a questão social surgiu a partir das lutas sociais e políticas do proletariado. Direitos Civis A era dos direitos civis surgiu a partir das Revoluções Inglesa, Francesa e Americana a partir daí, a classe trabalhadora foi aprendendo a se organizar e garantir seus direitos e por meio das organizações sindicais passaram a reivindicar seus direitos e participar da vida política. Relação de Trabalho A classe operária aprendeu a lutar pela sua emancipação, socialização da riqueza, uma nova ordem societária que garantisse minimamente os direitos sociais de voto, livre expressão, organização sindical, manifestação, partidos políticos etc. Esse movimento fez com que o Estado percebesse o seu papel regulador e de protetor da população em situação de pobreza. diante de tudo isso, foi surgindo o movimento das políticas sociais de forma gradativa em cada país. Bem-estar Social Apesar de ter surgido na Europa, o Estado de Bem-estar Social firmou-se em meados do século XX, com a criação de políticas econômicas, taxações progressivas sobre empresas e cidadãos com objetivo de criar empregos e implementar políticas sociais de combate à pobreza. Conhecido como Welfare State, o estado de bem-estar social se opunha ao liberalismo antes estabelecido, entendendo que o Estado deve ser responsável por regular os aspectos sociais, econômicos e políticos do País. Direito à Saúde O direito à saúde de forma gratuita e universal foi um dos pilares necessários para o estabelecimento do estado de bem-estar social. O sistema público surgiu pelo avanço da sociedade civilizada. A partir do século XX, as adaptações foram acontecendo à medida que a necessidade dos hospitais públicos foi aumentando para atender à população em geral e não só para os mais necessitados a partir da década de 40 surge um serviço de saúde que dialoga com serviços de assistência e grupos de atenção primária com médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos e fisioterapeutas. História das Políticas Públicas no Brasil A história das políticas públicas no Brasil mostra uma evolução desde o Período Imperial até a redemocratização do País em 1988 com a Constituição Federal, em que os direitos sociais foram instituídos, e dentre eles a saúde como direito do cidadão e dever do estado. Império (1822 – 1889) Dom Pedro I, na época do império, iniciou as primeiras políticas de proteção social. Por meio de uma Carta de lei, concedeu aos Professores o benefício da aposentadoria com 30 anos de serviço e quem fizesse a opção de permanecer trabalhando recebia um abono de 25% no salário. O Governo colonial retardou a industrialização no Brasil, pelo fato de ter mantido, ainda depois da Independência, regras antes ditadas por Portugal, associadas à falta de recursos financeiros e à manutenção do regime escravagista que bancava privilégios dos donos de terra. A partir daí, a imigração passou a receber incentivo, para atender às demandas oriundas da Revolução Industrial que já estabelecia a fabricação de vários produtos e necessitava de mão de obra, a qual não foi oferecida a população escrava. República Velha (1889 – 1930) A partir da Independência do Brasil, D. Pedro II determinou a criação de serviços para inspecionar a saúde pública. Com isso vieram medidas de saneamento básico que contribuíram para melhora do centro urbano, proporcionando desenvolvimento e progresso a República foi instituída após 40 anos do início da industrialização, intensificando a imigração europeia que supriu a necessidade de mão de obra nos grandes centros urbanos e no campo. Essa realidade criou uma demanda social que provocou a criação dos primeiros movimentos de reinvindicação por um novo sistema social. Em 1923 foi criada a Caixa de Aposentadorias e Pensões que atendia apenas aos funcionários da rede ferroviária, uma base para se estabelecer a previdência social no Brasil. Era Vargas (1930 – 1945) O Presidente Getúlio Vargas assumiu o governo após a revolução de 1930. Foi marcado pela criação da Consolidação das Leis de Trabalho – CLT, garantindo direitos trabalhistas. Centralizou a previdência no governo federal criando institutos de aposentadorias e pensões. Criou também o Ministério da Educação e Saúde Pública. Período Democrático (1946 – 1964) O Governo do Presidente Gaspar Dutra criou o serviço de assistência médica domiciliar e de urgência que oferecia atendimento ao trabalhador brasileiro. Antes deste serviço, o atendimento à saúde era desenvolvido por ações da Santa Casa de Misericórdia e instituições filantrópicas mantidas pela Igreja Católica. Ditadura Militar (1964 – 1985) A ditadura militar, por meio do golpe de 1964, afirmou o exército como precursor da política nacional, impondo um regime autoritário e nacionalista. Em 1966 todos os institutos criados por Getúlio Vargas foram unificados no Instituto Nacional de Previdência Social – INPS que, por meio de contribuição compulsória, fornecia tratamento médico para o trabalhador e seus dependentes e aposentadoria e pensão em 1970, as ações voltadas para o social foram ampliadas com uma nova organização do sistema previdenciário: • O seguro social ficou na responsabilidade do INSS. • A assistência médica ficou a cargo do Inamps. • A arrecadação e fiscalização dos recursos, bem como a gestão do patrimônio, com Iapas. A assistência médica, ainda não assumida pela Governo, atendia somente àqueles que tinham carteira de trabalho assinada, caso contrário buscava-se atendimento em instituições filantrópicas ou privadas e quem não dispunha de recursos era tratado como indigente por conta da ditadura, muitos estudos e pesquisas que já mostravam a ineficiência do sistema de saúde não conseguiram progredir, tirando assim o foco da proteção social. Em 1979, após o início da Reforma Sanitária, houve uma abertura no regime militar que possibilitou a iniciação de discussões acerca da criação de um sistema de saúde gratuito e universal que foi consolidado como SUS – Sistema Único de Saúde. República Nova (1985 – dias atuais) Com o término do regime militar, os movimentos sociais se organizaram para discutir sobre as variáveis sociais e dentre elas a saúde e o sistema aplicado no Brasil. A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi convocada com o propósito de discutir a saúde e contribuir para a formulação de um novo sistema de saúde, em que se aprovou um relatório com recomendações que passaram a fazer parte da reforma sanitária do País o Sistema Único de Saúde – SUS foi basicamente definido na 8ª Conferência Nacional de Saúde com debate de 3 temas: • Saúde como dever do Estado e direito do Cidadão. • Reformulação do Sistema Nacional de Saúde. • Financiamento setorial. Para compreender melhor como foi a evolução da saúde no Brasil, assista ao documentário “História da Saúde Pública no Brasil: um século de luta pelo direito à saúde”. Direção de Renato Tapajós, 2006 e tantos outros vídeos que estão disponibilizados nos canais da internet sobre a saúde no Brasil. As Constituições Brasileiras A palavra saúde significa “salvação”, “proteção à vida”, “cura”, “bem-estar”, a OMS– Organização Mundial de Saúde entende saúde como um estado completo de bem-estar físico, mental, social e não apenas a ausência de doença a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 inclui no direito à saúde a condição de vida do cidadão e da sua família. As Constituições Brasileiras – 1988 Antes da Constituição de 1988, no Brasil a saúde não era direito. O Estado assumia a responsabilidade de prestar assistência médica e hospitalar aos trabalhadores filiados ao sistema de seguridade social. As Constituições Brasileiras – 1824 Sob governabilidade do Imperador, a estrutura da Oligarquia, o direito à saúde não tinha espaço. O atendimento médico acontecia apenas para garantir o exercício da atividade profissional. As Constituições Brasileiras – 1891 Não tratou do tema saúde de forma clara, suprimiu o inciso que garantia o socorro público. Como garantia do cidadão, lançou a segurança individual. As Constituições Brasileiras – 1934 Na era Vargas, os direitos sociais foram ampliados, bem como os individuais e políticos. A União e os Estados assumiram o dever de cuidar da assistência de saúde do cidadão, com assistência médica e sanitária aos trabalhadores e às gestantes. As Constituições Brasileiras – 1937 Impediu a efetivação de qualquer direito fundamental, mas manteve a obrigação da União em proteger a saúde do trabalhador e incluiu a defesa e proteção da saúde da criança, avançando no campo dos direitos sociais. As Constituições Brasileiras – 1946 Reafirmou direitos econômicos, sociais e culturais. Não discorreu sobre o direito à saúde, mas delegou a competência de legislar sobre este tema à União. Considerando ainda o período desta constituição: final da 2ª Guerra Mundial e o surgimento do regime autoritário. As Constituições Brasileiras – 1954 Uma Lei estabeleceu padrões gerais de defesa da proteção à saúde. Manteve o dever do Estado e da família na defesa e proteção da saúde do indivíduo. As Constituições Brasileiras – 1967 Outorgada nova constituição após o golpe militar de 1964. Alterou o regime de liberdade descrito anteriormente e instalou o regime autoritário ditado pelos militares. Manteve a competência da União frente às questões sanitárias e planejamento do setor de saúde. As Constituições Brasileiras – 1988 Última Constituição vigente no País, instituída após o término do regime militar, contempla direitos sociais, elencando: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. A Constituição de 1988 deu efetiva atenção à saúde como direito social. Nos artigos 196 a 200, a saúde está como “Direito de todos e Dever do Estado”, em que surgiu a base para a criação do Sistema único de saúde – SUS, que garante acesso universal ao atendimento e engloba todos os procedimentos desde a atenção primária, secundária e terciária. UNIDADE 11 Sistema Único de Saúde – SUS O SUS é um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo. Este sistema público de saúde garante acesso universal, atenção integral à saúde com princípios fundamentais que norteiam sua ação é um direito de todo cidadão desde a gestação. Princípios Fundamentais do SUS • Universalização: garante o direito de todo cidadão. O Estado é o responsável por este acesso, independentemente de qualquer situação ou circunstância. • Equidade: visa a atender a todos, investindo onde mais é necessário, diminuindo assim as desigualdades. • Integralidade: visualiza o indivíduo no todo, biopsicossocial, proporcionando ações de integração, promoção à saúde, prevenção de doenças e tratamento de reabilitação. Lei Orgânica da Saúde A Lei Orgânica da Saúde – LOS é uma junção de duas Leis Federais que tem o papel de disciplinar legalmente a proteção e a defesa da saúde. Ela normatiza as diretrizes, os limites de cada esfera do governo no âmbito de suas atuações. 8ª Conferência Nacional de Saúde A Lei n. 8080, de 1990, consolidou todas as discussões que se fundiram na Constituição Federal de 1988 com o SUS. Marcou a discussão da reforma sanitária com a elaboração de um relatório que descreveu propostas de atendimento em todo território nacional. Princípios Organizativos do SUS • Participação Popular – participação da sociedade civil. • Descentralização e comando único – responsabilidade dividida nos três níveis de governo e cada um terá soberania para tomar suas decisões. • Hierarquização – estruturar os serviços de acordo com as demandas. • Regionalização – articula a rede de serviços de uma região, ligando a saúde à condição de vida local. Hierarquia do SUS • Atenção primária – atendimentos básicos e promoção, prevenção, vacinação e outras ações. • Atenção secundária – quando a doença identificada é demanda para especialista. • Atenção terciária – Alta complexidade, casos graves, UTI, aparelhos específicos. • Reabilitação – uma fase após a alta médica, quando o paciente ainda necessita de atendimento especializado, por exemplo: fisio, to, fono. Unidades de atendimento no SUS • Posto de Saúde – atende à população de um bairro, por consulta com equipe de saúde. • Unidade Básica de Saúde (UBS) – complementa o serviço anterior, com outros cuidados: curativos, medicação, odontologia, médicos generalistas. • Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – abertas 24h, atendem urgências e emergências. É capacitada para atender casos mais graves, como infarto, fraturas, derrame. • Hospital e Universitários – atenção terciária, dispõe de recursos tecnológicos e atendem casos de doenças graves e cirurgias. Sistema de governança do SUS A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e participativa. Os três poderes exercem o processo de regionalização com decisões compartilhadas de forma democrática e plural. A Lei Orgânica da Saúde 8080/90, em seu artigo 15, deixa claro a necessidade de diálogo entre as três esferas de governo: federal, estadual, Distrito Federal e municípios. Atribuições administrativas do SUS → No âmbito dos três poderes existem várias atribuições, eis algumas delas: • Definir avaliação e fiscalização. • Administrar recursos orçamentários e financeiros. • Participar da formulação de formação e desenvolvimento de RH. • Realizar pesquisas e estudos na área da saúde. • Fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos. Instituições que estruturam o SUS • Ministério da Saúde – É o gestor federal do SUS que formula, normatiza, fiscaliza, monitora e avalia as políticas e ações articuladas com os conselhos e comissões tripartite. • Secretaria Estadual de Saúde – participa da formulação das políticas e presta apoio aos municípios, com as comissões Intergestores Bipartite. • Secretaria Municipal de Saúde – planeja, controla, organiza, avalia e executa as ações e serviços de saúde com o Conselho Municipal. • Conselhos de Saúde – é um espaço de controle social e conta com a participação da sociedade civil. Composto por múltiplas representações e suas decisões são homologadas pelo chefe de governo. • Comissão Tripartite – fórum que pactua ações entre os três governos: federal, estadual, municipal. • Comissão bipartite – fórum de negociação entre estado e município. Programas e serviços do SUS O SUS é estruturado por meio de Programas que atendem a todos os níveis de atenção. Estratégia Saúde da Família/Nasf Foi implantado pelo Ministério da Saúde em 1994 com objetivo de organizar a atenção básica. Contém equipes de saúde para atendimento da população: básica e multiprofissional. Programa Saúde na Escola Tem como objetivo a assistência à saúde a crianças e adolescentes que frequentam as escolas públicas por meio de uma iniciativa setorial entre os ministérios da saúde e educação. Programa melhor em casa Visa ao acompanhamentode doenças crônicas, pessoas com necessidade de reabilitação motora, com equipe multiprofissional que vai atender no domicílio do usuário. Modalidades de Atenção Domiciliar • AD 1 – atende pessoas com problemas de saúde controlados e impossibilitados de locomoção. • AD 2 – Atende pessoas com demandas que solicitam mais atenção: curativos, monitoramento dos sinais vitais, coleta de exames, uso de sondas etc. • AD 3 – Atende às demandas anteriores mais suporte ventilatório não invasivo, diálise peritoneal. Caso tenha intercorrência, há um cadastro para transporte de emergência. Programa Nacional de Imunização O Brasil oferece gratuitamente todas as vacinas recomendadas pela OMS e nós temos reconhecimento internacional por erradicação de algumas doenças. Existe um calendário de imunização que deve ser seguido. Programa Farmácia Popular Visa à distribuição de medicamentos essenciais para tratamento de hipertensão, diabetes e asma, sem custo para a população. Para outros, são oferecidos descontos. Programa de Prevenção e Controle do HIV/Aids Desde 1996 o Brasil distribui medicamentos antirretrovirais que controlam a infecção. O SUS oferece gratuitamente a terapia medicamentosa que é de alto custo, além das formas de prevenção. Sistema Nacional de Doação e Transplante de Órgãos O Brasil tem o maior programa público de transplantes de órgãos do mundo. Existe uma central de controle estadual com fila única. Há também um banco de medula óssea, financiado com recursos públicos e articulado com bancos internacionais, aumentando a chance de compatibilidade. Rede de Atenção Psicossocial (Raps) É uma rede com modelo de atenção específica para atender pacientes com transtorno mental, oferecendo espaço adequado para cuidado intensivo em casos severos e/ou persistentes. Esta rede tem como objetivo promover a vida, convivência na sociedade etc. Atende também pacientes com dependência química de álcool e outras drogas. Programa de Vigilância em Saúde Atua na prevenção e controle de doenças transmissíveis. Analisa a situação de saúde da população brasileira, bem como coordenar programas de prevenção e controle de doenças transmissíveis. Iniciativa Privada – Saúde Complementar A saúde complementar é utilizada quando o SUS não dispõe do procedimento médico de alta complexidade, que por ventura a rede de saúde pública não comporta. Nesta situação o paciente recebe todo atendimento necessário da rede privada, que tenha convênio com o SUS e assim as despesas são pagas pelo Estado uma das causas da necessidade de complemento à saúde pública é a deficiência na estrutura para a oferta de serviços com qualidade à população, seja por falta de profissionais, insumos básicos, equipamentos e medicamentos. O Estado, ciente das dificuldades, utiliza-se da iniciativa privada para promover a saúde coletiva. Iniciativa Privada – Saúde Suplementar Na saúde suplementar, as ações e serviços de saúde prestados são independentes. Eles não possuem vínculos com o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo ofertados pelo setor de serviços de saúde, na esfera privada. Trata-se do atendimento por convênio médico que torna a relação do paciente com a instituição uma relação de consumo, por se tratar de prestação de serviço de saúde. Saúde e Seguridade Social Um paciente do SUS precisa fazer um procedimento médico de alta complexidade que a instituição de saúde da rede própria do Estado não comporta. Este paciente será encaminhado a um hospital da rede privada que tenha convênio com o SUS para realizá-lo, sendo todo o procedimento custeado pelo governo. Financiamento do SUS O fundo nacional de saúde repassa para os estados e municípios valores insuficientes para atender à demanda e financiar as ações pertinentes aos três níveis de atenção. Com isso, o SUS fica cada vez mais defasado em infraestrutura e capacitação a verba é calculada pela estatística de operações e procedimentos. Na assistência farmacêutica e vigilância em saúde, os repasses apresentam variações desta forma, o princípio da universalidade não é atingido, o que coloca em risco a vida das pessoas que utilizam este serviço. UNIDADE 111 Humanização da saúde A humanização é uma temática que aparece com destaque no final de 1990 e início dos anos 2000 e consegue legitimidade a partir da 11ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília, em 2000. Essa conferência promoveu discussões que levaram à criação do PNHAH – Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. A precarização dos serviços prestados pelo SUS penaliza o usuário e os profissionais que executam esses serviços o usuário pela dificuldade do acesso e continuidade ao tratamento os profissionais pelas dificuldades de atualização profissional, infraestrutura precária, desvalorização profissional, que provoca a busca de mais vínculos etc. A humanização da saúde pode ser entendida como a melhoria da qualidade do atendimento aos usuários dos serviços de saúde sua necessidade advém da precariedade das condições de atendimento e suporte técnico especializado e competente que são fornecidos ao usuário o PNHAH oferece uma orientação global para os projetos de caráter humanizador, desenvolvida nas diversas áreas de atendimento hospitalar. Sua principal função é estimular a criação e a sustentação permanente de espaços de comunicação entre os vários setores de atendimento da instituição de saúde, a fim de se promover a livre expressão, a educação continuada, o diálogo, o respeito, a diversidade de opiniões e a solidariedade a humanização na saúde pública é preconizada no plano de ações coordenado e descentralizado pelo SUS o público-alvo são os hospitais e as unidades médicas da rede pública de saúde no Brasil. Esse programa teve uma equipe formada pelo Ministério para formar os profissionais que iriam implantar a humanização nas unidades de saúde os grupos de trabalho participaram de treinamentos, cursos, palestras, conferências, para discutir as práticas desenvolvidas, estudar novas possibilidades de atendimento e fomentar na equipe a noção da importância das ações de humanização o serviço que consegue implantar ações que melhoram o acolhimento e a qualidade do atendimento recebe o título de hospital humanizado, como incentivo à manutenção do programa e da política de humanização. Humanização e Serviço Social O Serviço Social tem oportunidade de contribuir de forma muito rica no processo de humanização na saúde a formação generalista facilita o trânsito entre as áreas da saúde, fazendo uma boa interlocução entre o serviço e o usuário. O Serviço Social na atenção básica/primária. Como um assistente social, pode atuar nesse nível de atenção de baixa complexidade no atendimento direto à população um exemplo de atendimento na atenção secundária, média complexidade, o assistente social acompanha a realidade hospitalar, bem como os atendimentos ambulatoriais um exemplo de atendimento agora na atenção terciária, alta complexidade, o Serviço Social acompanha as patologias que, por vezes, com treinamentos específicos, para entender os processos da doença, da evolução e do tratamento um exemplo de atendimento nos três níveis de atenção, o Serviço Social é o responsável por orientar quanto aos benefícios pertinentes, bem como a legislação vigente que incide sobre a patologia é preciso entender que a prática interdisciplinar exige muito mais do que somente a presença de profissionais de diferentes formações em uma mesma equipe: demanda o abandono de posturas profissionais rígidas, intolerantes e centralizadoras o significado de interdisciplinaridade, que está no texto de Mioto (2004), fala da interação multidisciplinar para integrar saberes e práticas voltadas à construção de novas possibilidades de pensar e agir em saúde. O assistente social pode contribuircom a equipe de saúde na organização e na realização de treinamentos e capacitação pessoal participar da elaboração de normas e rotinas, tendo como base as demandas da população num hospital, o assistente social pode atuar desde a admissão do paciente, durante a internação e na alta hospitalar o assistente social, por sua formação, pode ser articulador do debate entre profissionais de diferentes formações. Ele deve estar atento e fazer uma leitura crítica da área de saúde e das demandas sociais, considerando que a saúde também é o resultado das condições sociais, econômicas, políticas e culturais no seu papel de facilitador do diálogo entre cidadão e Estado, faz-se necessário conhecer as políticas que norteiam a área da saúde e as referências específicas pertinentes à área entender o processo saúde-doença, como ele se insere no ambiente social do usuário etc. A inserção do assistente social na área da saúde vem sendo escrita ao longo dos anos e é caraterizada por um profissional que articula o recorte social nas diferentes formas de promoção de saúde e identifica casualidades e multiplicidades que afetam a qualidade de vida da população. Serviço Social nas políticas públicas As resoluções do Conselho Nacional de Saúde e do Conselho Federal de Serviço Social são expressões que afirmam a contribuição do Serviço Social na área da saúde o profissional de Serviço Social na saúde deve ter clareza das suas atribuições e suas competências a fim de caminhar em busca de uma sociedade menos desigual. Segundo os parâmetros do CFESS, a atuação do assistente social deve: • Articular movimentos de trabalhadores e usuários pela efetivação do SUS; • Facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos serviços de saúde; • Tentar construir e efetivar espaços nas unidades que garantam a participação popular; • Elaborar e participar de projetos de educação permanente; • Sistematizar o trabalho desenvolvido por meio de assessoria técnica; • Potencializar a participação dos sujeitos sociais na fiscalização e na gestão das políticas de saúde. No contexto da elaboração e da participação em projetos de educação permanente, temos as ações socioeducativas ou de educação em saúde. São ações baseadas na socialização de informações de forma individual e coletiva, visando a melhor forma de se prestar o serviço aos usuários e como os trabalhadores podem lidar melhor com as perdas. Citamos algumas ações desenvolvidas por assistente social em ações de educação permanente: • Debate sobre rotinas e funcionamento das unidades de saúde; • Análise dos determinantes sociais apresentados pelos usuários; • Democratização dos estudos realizados pela equipe; • Análise da política de saúde e dos mecanismos de participação popular. Lembramos que o assistente social deve sempre se guiar pelo Código de Ética e pela Lei de Regulamentação da Profissão. Porém em emergências e/ou de calamidade pública, os municípios, os estados e o Distrito Federal têm condições de avaliar e definir ações pontuais para resolver seu momento de dificuldade. O Serviço Social sempre compõe as equipes para avaliar os danos sociais. → Direitos dos assistentes sociais, segundo Código de Ética: • Garantia e defesa das atribuições e das prerrogativas estabelecidas em lei; • Ampla autonomia no exercício da profissão; • Liberdade na realização de estudos e pesquisas, • Aprimoramento profissional de forma contínua. → Deveres dos assistentes sociais estabelecidos no artigo 3º, do Código de Ética: • Desempenhar sua atividade profissional com eficiência e responsabilidade; • Estar devidamente registrado no Conselho Regional da Profissão; • Abster-se de práticas que caracterizem censura, cerceamento de liberdade, policiamento de comportamentos etc.
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