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Sobre a realidade histórica de Jesus Cristo

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Sobre a realidade histórica de Jesus Cristo
Flavio Josefo (37 d.C. – 100 d.C.), foi um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem de importantes sacerdotes e reis, que registrou in loco a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., pelas tropas do imperador romano Vespasiano, comandadas por seu filho Tito, futuro imperador. Em seu livro “Antiguidades Judaicas”, escrito no século I, Josefo cita Jesus:
“Nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considera-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Ele era o Cristo. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome”.
Celso (em grego: Κέλσος) foi um filósofo grego do século II, lembrado como opositor do Cristianismo. Sua obra A Verdadeira Palavra foi contestada por Orígenes, numa polêmica famosa, em sua obra Contra Celsum. O filósofo pagão acusa Maria e Jesus:
“Ele [Celso] o [Jesus] acusa de ‘inventar seu nascimento de uma virgem’ e o censura como sendo ‘nascido em uma determinada vila judaica, de uma mulher pobre de seu país, que ganhava a vida como costureira, e que foi expulsa de casa por seu marido, um carpinteiro por profissão, por que ela fora condenada por adultério; após ter sido expulsa por seu marido, e vagueando por uns tempos, ela desgraçadamente deu a luz a Jesus, um filho ilegítimo, que fora empregado como serviçal no Egito em função de sua pobreza, e tendo aí adquirido alguns poderes mágicos, nos quais os egípcios tanto se orgulham, e [então] retornou ao seu país, sendo exaltado por conta deles, e por meio deles se proclamou como um deus” (Origens, Contra Celsum, 1.28; IN: ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James, Ante-Nicene Fathers, VOL 4, pp.408)
Sobre Jesus e os discípulos:
“Jesus reuniu próximo a si mesmo dez ou onze pessoas de caráter notório, o mais doentio dos cobradores de impostos, marinheiros, e com eles fugiu de lugar em lugar, e obteve sua sobrevivência de um modo vergonhoso e inoportuno” (Origens, Contra Celsum, 1.62; IN: ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James, Ante-Nicene Fathers, VOL 4, pp.423)
Em outra citação, ele faz outras declarações sobre Cristo e seus discípulos, que também confirmam detalhes interessantes apresentados pelas escrituras, observe:
“[Ele foi] abandonado e entregue por esses mesmo com quem tinha se associado, que o tinham como professor, e que acreditavam que ele era o salvador, o filho do Altíssimo Deus (…) Esses com quem se associou enquanto estava vivo, que ouviram sua voz, que apreciaram suas instruções como seus professor, ao verem-no sujeito a punição e morte, nem mesmo morreram por ele (…) mas negaram que foram seus discípulos”.
Cornélio Tácito (55 d.C. – 120 d.C.), foi um historiador, orador e político romano. É considerado um dos maiores historiadores da Antiguidade. Robert E. Van Voorst o considera como o maior historiador Romano. Tácito fala de Jesus e sua morte:
“Mas nem todo o socorro que um pessoa poderia ter prestado, nem todas as recompensas que um príncipe poderia ter dado, nem todos os sacrifícios que puderam ser feitos aos deuses, permitiram que Nero se visse livre da infâmia da suspeita de ter ordenado o grande incêndio, o incêndio de Roma. De modo que, para acabar com os rumores, acusou falsamente as pessoas comumente chamadas de cristãs, que eram odiadas por suas atrocidades, e as puniu com as mais terríveis torturas. Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à extrema punição [i.e crucificação] por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judéia, onde o problema teve início, mas também em toda a cidade de Roma”.
Talmude é a transliteração da palavra hebraica que significa “instrução, aprendizado”, proveniente da raiz do termo que significa “ensinar” ou “aprender”. O Talmude é composto por dois diferentes compêndios: (1) com a produção de citações anteriores ao ano 200d.C., e provavelmente posteriores a 70d.C., é conhecida como Mishná; (2) com a produção possivelmente posterior ao ano 500dC, que é conhecida como Gemará, que nada mais é do que o comentário à Mishná.
Segundo Habermas, a Mishná é resultado de uma tradição oral judaica transmitida de geração a geração e que foi “organizado por temas pelo Rabi Akiba antes de sua morte em 135 d.C. Seu trabalho foi revisado pelo Rabi Meier. O projeto ficou pronto por volta de 200 d.C. pelo Rabi Judá” (HABERMAS, Gary, Historical Jesus, College Press, 1996; pp.202).  Sobre a produção do Talmude, F.F. Bruce, com mais detalhes, afirma:
“O vultoso corpo de casuística legal, ‘a tradição dos anciãos’ referida no Novo Testamento, havia sido legado oralmente de geração a geração, avolumando-se mais e mais com o correr dos anos. O primeiro passo no sentido da codificação de todo esse material foi dado agora [pouco após a queda de Jerusalém]. O segundo deu-o o grande Rabino Akiba, o primeiro a sistematiza-lo consoante com os assuntos. Após a morte heroica de Akiba, por ocasião do fracasso da revolta de Bar Cocbá contra Roma, em 135 d.C., procedeu a revisão e lhe continuou a obra seu discípulo, Rabino Meier. A obra de codificação chegou ao termo final por volta do ano 200, mercê do Rabino Judá, presidente do sinédrio de 170 a 217, Esse código completo de jurisprudência religiosa assim compilado é conhecido pelo designativo de Mishná” (BRUCE, F.F., Merece Confiança o Novo Testamento. Vida Nova, 1965, pp.131)
Em função do caráter da Mishná, um compêndio jurídico judaico feito por fariseus, não é de se esperar que muitas citações fossem feitas a Jesus ou a seus seguidores, afinal, esse não é o tipo de literatura para apresentação de histórias. Entretanto, em pouquíssimas citações que se faz, ou a Cristo ou aos cristãos, encontramos comentários hostis, porém, servem para atestar a historicidade de Cristo. Na Mishná, na 43ª seção do Sanhedrin, encontramos a seguinte declaração a respeito de Jesus Cristo:
“Na véspera da Páscoa eles penduraram Yeshu e antes disso, durante quarenta dias o arauto proclamou que [ele] seria apedrejado ‘por prática de magia e por enganar a Israel e fazê-lo desviar-se. Quem quer que saiba algo em sua defesa venha e interceda por ele’. Mas ninguém veio em sua defesa e eles o penduraram na véspera da páscoa”.
Todas essas evidências apontam para a certeza histórica da vida e da obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo. Não existem dúvidas na mente e no coração do verdadeiro cristão de que só o Filho de Deus poderia nos resgatar do pecado e da morte, mas para os leigos e descrentes esses argumentos acima descritos, de inegáveis fontes históricas críveis, porém, alheias ao cristianismo, chancelam a passagem do Mestre por nosso mundo e nossa existência.
Uma semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus!
Márcio Celso

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