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MÓDULO III Tutoria 7 Referências: CURRENT Neurologia – Diagnóstico e Tratamento Tratado de neurologia da academia brasileira de neurologia Guia de medicina ambulatorial e hospitalar da UNIFESP – Neurologia Cefaleia por uso excessivo de medicamentos: uma revisão de literatura - Ariane Maria Fonseca Miranda Classificação internacional das cefaleias – 3° Edição 2014 1- Analisar as cefaleias primárias conforme seu tipo, classificação, fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento Cefaleia primária: se caracterizam pela ausência de anormalidades identificáveis aos exames complementares habituais ou em outras estruturas do organismo. Padrão agudo recorrente e crônico não progressivo. Cefaleia secundária: são deceorrentes de lesões identificadas no segmento cefálico ou de afecções sistêmicas. Padrão agudo emergente e crônico progressivo. Anamnese momento e circunstância da instalação horário e velocidade de início intensidade e caráter da dor duração do ataque individual localização e irradiação da dor frequência das crises ocorrência de sintomas neurológicos e físicos gerais que precedem e/ou acompanham a dor variações sazonais progressão dos sintomas fatores de desencadeamento e piora tratamentos atuais e prévios evidência sobre abuso de analgésicos, de ergóticos e de cafeína história familiar de cefaleia correlação da cefaleia com o sono, profissão, problemas emocionais impacto da cefaleia nas atividades de vida diária Exame físico O exame físico geral e o neurológico costumam ser normais nos doentes com cefaleia primária. De rotina, devem ser observados: sinais vitais febre rigidez nucal evidências de traumatismo sinais neurológicos focais, especialmente as alterações da motricidade ocular e acuidade visual exame de fundo de olho exame de LCR (em casos de cefaleia de inicio súbito, acompanhadas de infecção, suspeita de sangramento ou processos inflamatórios) › ENXAQUECA/MIGRÂNEA • Distúrbio neurobiológico com base gênica, que pode estar ligado a alterações do sistema nervoso e ativação do sistema trigêmino-vascular. • É a causa mais comum de cefaleia incapacitante. • Pode ter uma origem genética. • É caracterizado por ataques de dor de cabeça e sinais e sintomas psíquicos, clínicos e neurológicos • Acomete 3 vezes mais mulheres que homens (M18% H6%), com incidência mais alta na faixa etária de 25 a 55 anos. • A enxaqueca pose se apresentar com aura (20%) ou sem aura (80%). • A aura da enxaqueca dura cerca de 5 a 60 minutos, podendo ser abrupta (menor que 5min) ou prolongada (maior que 60min). • Cefaléia, náusea e/ou fotofobia seguem os sintomas neurológicos da aura. • A cefaléia persiste por 4 a 72 horas, mas pode estar completamente ausente. • A maior característica da enxaqueca é a piora da cefaleia com o exercício físico. Diagnóstico a. Pelo menos 5 ataques que preenchem os critérios B e D b. Cefaleia que dura de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz) c. Cefaleia com pelo menos 2 das seguintes características: localização unilateral caráter pulsátil intensidade moderada ou forte exacerbada por atividades físicas rotineiras d. Durante a cefaleia, pelo menos 1 dos seguintes: náusea e/ou vômitos fotofobia e fonofobia e. Não atribuída a outro transtorno *Estado de mal enxaquecoso: crise que dura mais de 72h ou mais de 1 crise com perídio de acalmia menor de 4h Pode sintomas premonitórios: hiperatividade, depressão, irritabilidade, bocejos, déficit de memória, desejos de certos alimentos, hiperosmia e sonolência durando horas ou dias. Pode haver aura que podem ser: - visuais (escotomoas, hemianopsias) - sensitivas ferais (parestesias, hipersensibilidade ao toque) - anormalidades da linguagem (disfasias) - déficits motores unilaterais (paresias) Fatores desencadeantes: estresse emocional, alimentos, medicamentos, substancias inaladas, estímulos luminosos, problemas do sono, fadiga, jejum Fisiopatologia • Existe uma teoria chamada Teoria Vascular da Enxaqueca, que explica que os sintomas da enxaqueca são causados por hiperemia e isquemia. • Do ponto de vista biológico, indivíduos com enxaqueca possuem um córtex hiperexcitável, o que justifica as auras e as comorbidades psicológicas mais comuns. • A dor parece estar relacionada com a sensibilização das terminações nervosas perivasculares (dilatação dos vasos meníngeos), com ativação e sensibilização do sistema trigeminal central • A liberação de neuropeptídios leva a inflamação neurogênica dos vasos meníngeos e à ativação das fibras sensitivas trigeminais. Quadro Clínico As crises podem ser bilaterais e não pulsáteis. • Pode ocorrer dor cervical unilateral. • Presenta de lacrimejamento e rinorreia secundários. • A frequência das crises e o grau de incapacidade são maiores na enxaqueca sem aura do que na com aura • Dor latejante ou pultátil, unilateral alternante. • Hiperperceptividade cortical aos estímulos ambientais, como fotofobia, fonofobia, osmofobia, cinesiofobia são manifestações frequentemente relatadas. OBS: Os quadros de enxaqueca com aura podem ser confundidos com AVE. Tratamento É importante limitar o uso excessivo de analgésicos para 2 vezes/semana TRATAMENTO ABORTIVO Crise leve: analgésicos, antieméticos Crise moderada: anti-inflamatórios não hormonais, ergotamina, triptano Crise forte: triptano, sumatriptano + AINN, clorpromazina, dipirona, dexametasona *Os triptanos não podem ser utilizados na prevenção e deve-se limitar o uso a 9 dias/mês TRATAMENTO PREVENTIVO O tratamento preventivo deve ser instituído quando: a. A frequência de crises for maior que 2 ou 3 por mês b. A enxaqueca interferir nas rotinas do paciente, apesar do tratamento agudo c. Há contraindicação, falha, efeitos adversos ou uso excessivo da terapia aguda d. O paciente prefere Deve ser baseado na eliminação de fatores desencadeantes Betabloqueadores (propranolol, metoprolol, atenolol) Antagonistas da serotonina (metisergida, pizotifeno) Bloqueadores de canais de cálcio (flunarizina, verapamil) Antidepressivos tricíclicos (amirtriptilina, nortriptilina) Antiepilépticos (topiramato, valproato de sódio, gabapentina) TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Repouso Horas de sono adequadas Relaxamento físico e mental Massagens Compressas Acupuntura › CEFALEIA TENSIONAL Diagnóstico Frequente: a. Pelo menos 10 crises que ocorrem menos que 1 dia/mês em média e preenchem os critérios de B a D b. Cefaleia que dura de 30 min a 7 dias c. A cefaleia tem pelo menos 2 das seguintes características: Localização bilateral Caráter em pressão/aperto Intensidade fraca ou moderada Não é agravada por atividade física rotineira d. Ambos os seguintes critérios: Ausência de náusea ou vomito Fotofobia ou fonofobia e. Não atribuída a outro transtorno Crônica: a. Cefaleia que ocorre em 15 dias/mês ou mais, em média durante mais de 3 meses e preenchendo os critérios B a D b. A cefaleia dura horas ou pode ser continua c. A cefaleia tem 2 das seguintes características: Localização bilateral Caráter em pressão/aperto Intensidade fraca ou moderada Não é agravada por atividade física rotineira d. Ambos os seguintes critérios: Não mais que 1 dos seguintes sintomas: fotofobia, fonofobia ou náusea leve Nem náusea moderada ou intensa, nem vômitos e. Não atribuída a outros transtornos Há também associação de dolorimento muscular (frontal, temporal masseter, pterigoideo, esternocleidomastoideo, esplênio e trapézio) Fisiopatologia Mecanismos miogênicos, neurais supraespinhais, químicos vasculares psicogênicos Tratamento Crises leves: dipirona, paracetamol (isolado ou associado à cafeína) Crisesmoderadas: AINH Crises crônicas: uso de analgésicos é contraindicado, pois pode induzir ao uso excessivo. Amirtriptilina e nortriptilina como preventivos › CEFALEIA EM SALVAS Diagnóstico Acomete principalmente homens a. Pelo menos 5 crises preenchendo critérios B a D b. Dor forte ou muito forte (excruciante), unilateral, supraorbitária e/ou temporal com duração de 15 minutos a 3 horas c. Um ou os 2 critérios seguintes: Pelo menos 1 dos seguintes sintomas ipsilaterais à cefaleia: hiperemia conjuntival e/ou lacrimejo, congestão nasal ou rinorreia, edema da pálpebra, sudorese facial e da região frontal, rubor facial e da região frontal, sensação de ouvido cheio, miose e/ou ptose Sensação de inquietação ou agitação d. As crises tem uma frequencia de 1 a cada 2 dias à 8 por dia e. Não atribuída a outro transtorno As crises ocorrem em séries, durando semanas ou meses (períodos de salva) separadas por períodos de remissão que duram geralmente meses ou anos. Podem ser provocadas por álcool, histamina e nitroglicerina. Fisiopatologia Disfunção no hipotálamo (núcleo supraquiasmático), com alterações nos ritmos de secreção circadiana de melatonina, cortisol, testosterona, etc. Essa disfunção atuaria como gatilho para ativação do sistema vascular trigeminal. Tratamento TRATAMENTO ABORTIVO Ergóticos antes de dormir Inalação de oxigênio durante 10 min é útil Sumatriptano na forma de spray nasal DHE injetável TRATAMENTO PREVENTIVO Verapamil Carbonato de lítio Corticosteroides Valproato de sódio Ergotamina Metisergida TRATAMENTO CIRÚRGICO Termocoagulação por radiofrequência Microcrompessão com balão do gânglio trigeminal Injeções de glicerol 2- Identificar os sinais de alarme da cefaleia • Esses sinais são utilizados na investigação diagnóstica das cefaleias. • A cefaleia pode ser definida como uma sensação sensorial e emocional desagradável, associada a danos ou lesões teciduais. • Engloba dados essenciais para o raciocínio clínico e diagnóstico da cefaleia. • Pode-se afirmar que são os dados iniciais, sem os quais não se pode cogitar qualquer hipótese. • Esses dados devem ser colhidos com extrema qualidade, o médico deve usar toda a sua experiência na prática clínica, deve motivar e ensinar ao paciente como ele pode ajudar com boa observação e descrição dos diversos aspectos dos sinais e sintomas relacionados. • A investigação diagnóstica nas cefaleias primárias deve ser balizada por sinais de alerta ou red flags. • O tratamento adequado é escolhido, baseando-se no diagnóstico, na frequência e duração da dor, na intensidade, na eficácia dos tratamentos, preferencialmente comprovada por ensaios clínicos, na presença de comorbidades e associações, na preferência do paciente e nos eventos adversos e simplicidade posológica. • A literatura consagra a avaliação da intensidade da dor de cabeça em três níveis ou graus, de acordo com a competência que a dor de cabeça tem para interferir nas atividades do paciente, sejam as do trabalho, estudo, lazer etc. • No nível leve ou grau 1, o paciente exerce normalmente as atividades; no nível moderada ou grau 2, a dor interfere nas atividades; e no nível forte ou grau 3, a dor é incapacitante. • Não raro pode referir-se ao grau 4, também chamado nível excruciante, nesse, o paciente, levado pela dor, além de incapacitado para suas atividades normais, passa a atuar diversamente com agitação, golpes na cabeça etc. • Os fatores de risco expostos no quadro abaixo devem ser indagados no grupo de faixa etária abaixo de 15 anos, por serem frequentes na enxaqueca desse grupo. • Esses sinais são utilizados na investigação diagnóstica das cefaleias. • A cefaleia pode ser definida como uma sensação sensorial e emocional desagradável, associada a danos ou lesões teciduais. • Engloba dados essenciais para o raciocínio clínico e diagnóstico da cefaleia. • Pode-se afirmar que são os dados iniciais, sem os quais não se pode cogitar qualquer hipótese. • Esses dados devem ser colhidos com extrema qualidade, o médico deve usar toda a sua experiência na prática clínica, deve motivar e ensinar ao paciente como ele pode ajudar com boa observação e descrição dos diversos aspectos dos sinais e sintomas relacionados. • A investigação diagnóstica nas cefaleias primárias deve ser balizada por sinais de alerta ou red flags. • O tratamento adequado é escolhido, baseando-se no diagnóstico, na frequência e duração da dor, na intensidade, na eficácia dos tratamentos, preferencialmente comprovada por ensaios clínicos, na presença de comorbidades e associações, na preferência do paciente e nos eventos adversos e simplicidade posológica. • A literatura consagra a avaliação da intensidade da dor de cabeça em três níveis ou graus, de acordo com a competência que a dor de cabeça tem para interferir nas atividades do paciente, sejam as do trabalho, estudo, lazer etc. • No nível leve ou grau 1, o paciente exerce normalmente as atividades; no nível moderada ou grau 2, a dor interfere nas atividades; e no nível forte ou grau 3, a dor é incapacitante. • Não raro pode referir-se ao grau 4, também chamado nível excruciante, nesse, o paciente, levado pela dor, além de incapacitado para suas atividades normais, passa a atuar diversamente com agitação, golpes na cabeça etc. • Os fatores de risco expostos no quadro abaixo devem ser indagados no grupo de faixa etária abaixo de 15 anos, por serem frequentes na enxaqueca desse grupo. Sinais de alarme: Primeira ou pior cefaleia evidenciada pelo doente Cefaleia de inicio recente Cefaleia iniciada após os 50 anos Cefaleia associada a traumatismos cranianos Cefaleia com intensidade e frequência progressivas Cefaleia em doentes com câncer, AIDS, coagulopatias Cefaleia em doentes com alteração da consciência e/ou exame neurológico anormal Cefaleia de esforço Cefaleia associadas à febre e/ou doenças sistêmicas Cefaleia com evidencia de rigidez de nuca e/ou outros sinais meníngeos Cefaleia em doentes com convulsões, mesmo antigas 3- Descrever a cefaleia causada pelo abuso de analgésicos › CEFALEIA ATRIBUÍDA A UMA SUBSTÂNCIA OU À SUA RETIRADA Ocorre pelo uso abusivo de: analgésicos ergotamínicos triptanos opióides cafeína álcool CO cocaína cannabis histamina O uso excessivo dessas substâncias pode causar distúrbios autonômicos (hipertensão arterial, disfunções circulatórias, miose), gastrointestinais e psicológicos (distúrbios comportamentais, insônia, tremores). Diagnóstico a. Cefaleia presente em >15 dias por mês, preenchendo os critérios C e D b. Uso regular, por mais de 3 meses, de uma ou mais drogas para aliviar cefaleias c. A cefaleia se desenvolveu ou piorou com o uso excessivo da medicação d. A cefaleia melhora ou retorna ao seu padrão anterior após 2 meses de suspensão da droga Tratamento Desintoxicação da medicação usada de forma abusiva (evitar suspensão abrupta para bloquear efeito rebote) Instituir medicação profilática potente (antidepressivos e antiepilépticos) Suporte psicológico, pois é elevada a associação com comorbidades psiquiátricas (depressão, histeria, TOC) O DIÁRIO DA DOR CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS CEFALEIAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS CEFALEIAS SECUNDÁRIAS Enxaqueca Cefaleia atribuída à trauma craniano e/ou cervical Cefaleia tipo tensão Cefaleia atribuída à doença vascular craniana ou cervical Cefaleia em salvas/trigêmino- autonômicas Cefaleia atribuída à doença intracraniana não vascular Outras cefaleias primárias (idiopática em facadas, da tosse, do esforço físico, associada à atividade sexual, hípnica, em trovoada, por compressão extrínseca, por estímulo frio, numular) Cefaleia atribuída ao uso de substância química/drogas/medicamentosou à supressão Cefaleia atribuída à infecção Cefaleia atribuída à transtornos da homeostase Cefaleia atribuída ao transtorno de ossos cranianos, pescoço, olhos, ouvidos, nariz, seios da face, dentes, boca, ATM Cefaleia atribuída à transtorno psiquiátrico *Há, ainda, as neuropatias craninanas dolorosas, outras dores faciais e outras cefaleias
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