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A Atuação do Professor- Auxiliar e suas possíveis Contribuições

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FAAL — FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E ARTES DE 
LIMEIRA 
CURSO DE GRADUAÇÃO 
LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA 
 
 
 
 
 
 
 
NOME: VALDECI FERNANDES DA SILVA 
ORIENTADOR: PROF TIAGO GIORGETTI CHINELLATO 
 
 
 
 
 
 
LIMEIRA/SP 
2015 
1 
 
 
 
 
 
 
 
A atuação do Professor-Auxiliar e sua possível contribuição para o rendimento 
escolar dos alunos das escolas públicas do Estado de São Paulo 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como exigência para o Título de Licenciatura 
Plena de Matemática, pela Faculdade de 
Administração e Artes de Limeira, sob 
orientação do Professor Ms. Tiago Giorgetti 
Chinellato 
 
 
 
LIMEIRA/SP 
2015 
 
 
 
 
2 
 
RESUMO 
 
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a atuação do Professor-Auxiliar (PA) nas 
escolas públicas estaduais e sua possível contribuição para o rendimento escolar 
dos alunos. Ao abordar esse tema, procurei mostrar as contribuições que o PA pode 
trazer aos alunos e toda a comunidade escolar. A metodologia de pesquisa utilizada 
foi do tipo qualitativa e envolveu os docentes que atuam como professor regente e 
como PA, sendo aplicado um questionário e analisado seguindo as categorias de 
codificação de Bogdan e Biklen (1994). Ao analisar os dados, constatamos que a 
atuação do PA pode trazer melhorias para o rendimento escolar dos alunos e foram 
apontadas também possíveis mudanças para que o projeto consiga atingir os níveis 
máximos de eficiência, como aumento do número de aulas, inicio do PA desde o 
começo do ano letivo, entre outros. Ao concluir a pesquisa, tem-se um panorama de 
todo o projeto na visão dos professores e os dados obtidos poderão contribuir para a 
melhoria do mesmo e servir de base para outras pesquisas sobre o tema. 
 
Palavras-chave: Professor-Auxiliar. Capacitação de Professores. Rendimento 
Escolar. 
 
3 
 
ABSTRACT 
 
This research aims to evaluate the performance of Professor Assistant (PA) in public 
schools and its possible contribution to the academic performance of students. In 
addressing this issue, I have tried to show the contributions that the PA can bring 
students and the entire school community. The research methodology used was of 
qualitative kind and involved teachers who serve as classroom teacher and as PA, 
applied a questionnaire and analyzed following the Bogdan coding categories and 
Biklen (1994). In analyzing the data, we found that the PA's actions can bring 
improvements to the academic performance of students and was appointed also 
possible changes to the project will achieve the highest levels of efficiency, as 
increasing the number of classes, beginning from the PA beginning of the school 
year, among others. By completing the survey, there is an overview of the entire 
project in the view of teachers and such data can contribute to improving the same 
as a basis for further research on the topic 
 
Keywords: Teacher-Assistant. Teacher Training. Educational Achievement. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
 
4.31- Introdução ......................................................................................................... 5 
 
2- Referencial Bibliográfico ...................................................................................... 7 
2.1-Criação do Projeto Professor-Auxiliar (PA) ................................................................... 7 
2.2- Minha Atuação como PA e suas contribuições ............................................................ 9 
 
3- Metodologia e Procedimentos de Pesquisa ..................................................... 14 
3.1- Pesquisa nas Escolas ............................................................................................... 15 
 
4- Apresentação e análise dos dados obtidos ...................................................... 19 
4.1- Formação e tempo de atuação .................................................................................. 20 
4.2- O Projeto PA na visão dos professores .. 21- Contribuições do projeto PA na visão dos 
professores ...................................................................................................................... 23 
4.4- Dificuldades do projeto PA na visão dos pesquisados. .............................................. 26 
4.5- As mudanças sugeridas pelos professores ............................................................... 28 
 
5- Conclusão ............................................................................................................ 31 
 
6- Referências Bibliográficas ................................................................................. 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1- Introdução 
 
Meu nome é Valdeci, e sou natural de Presidente Prudente (SP). Iniciei meus 
estudos aos oito anos de idade e no 7° ano do Ensino Fundamental interrompi meus 
estudos, mas retornei dois anos depois e no segundo ano do Ensino Médio iniciei 
um curso de Técnico em Agropecuária em uma Escola Técnica Estadual do Estado 
de São Paulo onde continuei estudando até a conclusão no Ensino Médio e técnico. 
Sempre fui um aluno dedicado e com isso, decidi que continuaria os estudos no 
Ensino Superior onde prestei o vestibular no ano de 1999 para o curso de 
Licenciatura em Matemática na UNESP – campus de Presidente Prudente, mas não 
obtive êxito. 
Em 2012 ingressei no curso de Licenciatura em Matemática na Faculdade de 
Administração e Artes de Limeira- FAAL, com duração mínima de seis semestres. 
Como requisito para a obtenção do título em Licenciatura em Matemática, os alunos 
precisam realizar um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) onde o tema escolhido 
por mim aborda o Professor-Auxiliar (PA) nas escolas estaduais do estado de São 
Paulo. 
A pesquisa sobre a atuação dos PA´s nas escolas públicas do estado de São 
Paulo teve como inspiração minha atuação como Professor-Auxiliar na disciplina de 
matemática a partir do ano de 2013. Outra motivação que me levou a pesquisar 
sobre o tema foi o fato de esse projeto ter sido minha primeira experiência como 
professor. Essa experiência ocorreu no 2° semestre do curso de Licenciatura Plena 
em Matemática, onde tive a oportunidade de estar atuando em sala de aula como 
PA. No inicio, nós professores temos a empolgação de colocar em pratica aquilo que 
estamos aprendendo na faculdade e isso é facilitado pela possiblidade de atuarmos 
em sala de aula mesmo antes da conclusão do curso. 
Sempre tive dedicação como PA, as aulas eram preparadas antecipadamente, 
muitas vezes junto com os professores regentes, discutíamos sobre a matéria, 
tirávamos dúvidas, enfim, tudo era estrategicamente planejado para que tivéssemos 
possíveis melhorias. 
O trabalho do PA tem como principal função acompanhar o professor regente 
dentro da sala de aula permanecendo de duas a três aulas na semana em cada 
turma nas disciplinas de português e matemática, devendo para isso, estar 
habilitado para lecionar nessas disciplinas. 
6 
 
Sentia-me bem com toda essa correria de professor, apesar de achar que era 
tudo mais tranquilo, pois observando meus professores no Ensino Fundamental II 
achava fácil o trabalho deles, imaginava que era só ali na sala de aula e depois eles 
ficavam sem afazeres, mas vi que existem muitas coisas para serem realizadas 
pelos professores como planejamento de aulas, preenchimento de diários entre 
outros. Embora tivesse essas tarefas, me sentia feliz, pois estava se concretizando 
aquilo que imaginei para minha vidaprofissional quando decidi fazer um curso de 
Licenciatura em Matemática. 
A experiência vivida como PA foi de extrema importância para a minha 
formação e em diversos momentos contribuiu com o professor regente e com os 
alunos na orientação dos mesmos. Tendo isso em vista, busco através dessa 
pesquisa, uma possível resposta para a seguinte pergunta: Qual a contribuição do 
PA para o rendimento escolar dos alunos? 
A pesquisa terá um caráter qualitativo, de modo a sabermos as concepções 
dos envolvidos na pesquisa. Para a realização desse estudo será feita a aplicação 
de um questionário com os professores da rede pública das escolas de Artur 
Nogueira e Limeira ambas sendo da Diretoria de Ensino de Limeira SP. A pesquisa 
será dividida entre professores que atuam como regentes e como PA´s. Todas as 
informações serão utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa onde será 
mantida a identidade dos participantes envolvidos e da escola em que atuam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
2- Referencial Bibliográfico 
 
O rendimento escolar dos alunos das escolas públicas do estado de São Paulo 
vem sendo alvo de muitas discussões nos últimos anos. Com a criação do SARESP 
(Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) em 1996, a 
Secretaria da Educação vem acompanhando os índices de rendimento dos alunos e 
buscando meios para que esses números aumentem, elevando a qualidade da 
educação no Brasil de modo a conseguir posição de destaque no cenário mundial. 
Ter acesso à educação não é prioridade para poucos, o direito a alfabetização é 
um direito garantido a todos conforme o art. 205 da Constituição Federal de 1988 
onde aponta que: 
A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1998, p. 121) 
É importante pensar num aprendizado que traga ao aluno condições de 
desenvolver seu raciocínio além daquele que se usa em sala de aula, formando 
assim, cidadãos aptos para desenvolver seu potencial de conhecimento levando para 
a vida muito mais que um aprendizado de teorias. Piaget (1999) fala da importância 
de se estimular o aprendizado no estágio operacional formal que compreende a 
adolescência, onde “o adolescente pretende inserir-se na sociedade dos adultos por 
meios de projetos, de programas de vida, de sistemas muitas vezes teóricos, de 
planos de reformas políticas ou sociais”. (ibid., p. 63). 
A escola precisa proporcionar um ensino de qualidade que possa desenvolver as 
capacidades e habilidades mencionadas por Piaget (1999). Assim, o Estado de São 
Paulo criou em 2012 o Projeto Professor-Auxiliar para atuarem nas escolas públicas 
estaduais como um possível meio para elevar a qualidade do ensino. 
 
2.1-Criação do Projeto Professor-Auxiliar (PA) 
 
Na busca por uma melhora na qualidade de ensino, considerando o direito a 
uma educação de qualidade, que forneça subsídios para uma aprendizagem concreta 
e de acordo com as habilidades condizentes com a série em que o aluno está 
8 
 
matriculado, o secretário da educação da época, com base nos artigos 1°, 2°e 3° que 
trata a Resolução SE nº 02, de 12-1-2012, dispõe dos seguintes mecanismos de 
apoio escolar: 
 I – Recuperação Contínua, com atuação de Professor Auxiliar em 
classe regular do ensino fundamental e médio; II – Recuperação 
Intensiva no ensino fundamental, constituindo classes em que se 
desenvolverão atividades de ensino diferenciadas e específicas. (SÃO 
PAULO, 2012, p. 246) 
O projeto PA visa dar apoio aos professores que estão com alunos em 
defasagem de aprendizagem, dando a esses estudantes condições de acompanhar o 
restante da turma e aprender os conteúdos que não ficaram claros no momento da 
explicação. O apoio do PA é feito no horário normal das aulas e as metodologias 
adotadas são diversas e de acordo com cada professor, podendo o PA ficar na 
mesmo sala com o professor regente ou retirar alguns alunos da sala de aula e ir para 
outro local. Melchior (2012) fala da importância de se buscar alternativas de 
recuperação o quanto antes, pois: 
Se as dificuldades não são sanadas de imediato, elas vão se 
somando. Aqueles conteúdos que são pré-requisitos para outros vão 
gerando novas dificuldades, que passam a crescer como uma bola de 
neve, ficando muitas vezes intransponíveis. (MELCHIOR, 2012, p. 
104) 
A importância de se fazer uma intervenção assim que notada a necessidade do 
aluno, ajuda no tempo de recuperação do mesmo e também na evolução dos demais 
discentes da sala, visto que, a matéria tem uma sequência lógica que necessita de 
pré-requisitos. A Resolução SE n° 2, Artigo 4º, inciso 1º diz que: 
§ 1º - a atuação do Professor Auxiliar ocorrerá, ouvido o professor 
responsável pela classe ou disciplina, simultaneamente às atividades 
desenvolvidas no horário regular de aula, mediante atendimento 
individualizado ou em grupo, que propicie condições necessárias ao 
aluno para aprender nas situações de ensino asseguradas à classe; 
(SÃO PAULO. 2012. p. 246). 
Também são definidos outros critérios para a atuação do PA, regulamentado na 
mesma Resolução, entre eles, o mínimo de 25 alunos por sala nos anos iniciais, de 
30 alunos por sala nos anos finais do Ensino Fundamental e de no mínimo 40 alunos 
por sala no Ensino Médio. Portanto, para uma sala de aula receber o apoio do PA, 
9 
 
exige-se essa quantidade mínima de discentes em cada sala, pois se subentende que 
uma sala com poucos estudantes, o professor regente conseguiria sanar qualquer 
defasagem que vier a surgir. 
Também é definida a quantidade de até 10 aulas na semana por sala, por tempo 
indeterminado até que se constate a superação da defasagem dos alunos ou até o 
termino do ano letivo. Essa quantidade de aulas disponíveis para o PA atuar numa 
determinada sala de aula compreende, em primeiro lugar, as matérias de Português e 
Matemática, podendo se estender às demais matérias que por ventura o aluno vier a 
necessitar de apoio. O tempo de atuação do PA nesta sala depende do 
desenvolvimento das habilidades dos alunos, que pode ser verificada pelo professor 
regente nas avaliações, podendo o PA permanecer dando apoio até o término do ano 
letivo. 
A educação sendo um direito de todos deve abranger os alunos de forma a 
capacitá-los para atuar como sucessores do atual profissional, começando na fase 
inicial, nos primeiros anos, criando uma cultura de estudo e aprofundamento. Tendo 
em vista a criação do PA e os seus objetivos dentro do ambiente escolar, nesse 
momento é válido ressaltar também a atuação desse profissional nas escolas, durante 
a disciplina de Matemática, que é o foco dessa pesquisa. 
 
2.2- Minha Atuação como PA e suas contribuições 
 
Antes de adentrar nas funções atribuídas ao PA, relato minha experiência 
quando comecei a trabalhar como professor na rede estadual de ensino. Comecei 
atuando nas séries iniciais do Ensino Fundamental II nas turmas de 6°, 7° e 8° anos. 
Minha primeira experiência foi como PA, onde abordava as principais dificuldades dos 
alunos e trabalhava na superação das defasagens desses discentes. 
Meu trabalho como PA foi sempre muito produtivo, as atividades eram realizadas 
mantendo um sincronismo com as matérias dadas pelo professor regente e sempre 
estávamos adotando práticas que favorecia o aprendizado do aluno. Às vezes 
trabalhávamos juntos na mesma sala de aula, outras vezes os discentes eram 
retirados da sala e levados para outro ambiente. Os conteúdos aplicados pelo PA são 
os mesmos dados pelo professorregente, pois nas aulas em que o PA não atua, os 
alunos que estão tendo apoio ficam somente com o professor regente e com isso, 
10 
 
precisam estar atualizado com o conteúdo. As técnicas adotadas eram diversas, 
como o uso de atividades impressas, jogos educativos, atividades de recortes e 
colagens e os resultados eram notados nas avaliações. 
Como PA tive a oportunidade de realizar três cursos de aperfeiçoamento que me 
ajudaram a atuar em várias etapas no processo de recuperação e aprendizagem dos 
alunos. O curso foi oferecido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo na 
modalidade on line a todos os professores da rede estadual de ensino. O curso foi 
essencial para conhecermos as técnicas e o momento da intervenção pedagógica. 
No primeiro curso estudamos os processos de Articulação Pedagógica e 
Práticas de Intervenção que consiste em: discutir os conceitos de avaliação formativa 
e diagnóstica; analisar os conceitos de avaliação formativa e diagnóstica em 
atividades práticas de avaliação; relacionar os principais aspectos de avaliações 
diagnósticas em atividades de diferentes disciplinas curriculares. Aprendemos a 
importância de se atuar em conjunto com os outros professores e também com os 
coordenadores, realizando uma interdisciplinaridade. 
No segundo curso estudamos os Recursos Metodológicos e Superação de 
Defasagens. Nesse curso vimos diversos recursos como: compreender o que é um 
plano de ação pedagógica; articular a construção de um plano de ação entre o 
professor regente, o PA e o coordenador; refletir sobre ações necessárias para a 
realização de um plano de ação que auxiliam na recuperação e aprendizagem que vai 
desde uma simples rubrica nas avaliações até o feedback usado como um retorno, 
uma devolutiva aos alunos. Paiva (2003, p.2), apresenta uma definição de feedback 
como sendo a: 
Reação à presença ou ausência de alguma ação com o objetivo de 
avaliar ou pedir avaliação sobre o desempenho no processo de 
ensino-aprendizagem e de refletir sobre a interação de forma a 
estimulá-la, controlá-la ou avaliá-la. [...] o feedback pode ser também 
fornecido por um colega ou até um indivíduo que não esteja inserido 
no ambiente de aprendizagem. (PAIVA, 2003, p. 2) 
No terceiro curso estudamos a Avaliação e Recuperação de Estudos onde foram 
abordados os seguintes temas: premissas da AAP (Avaliação da Aprendizagem em 
Processo); relacionar a AAP com uma proposta de intervenção pedagógica; elaborar 
uma proposta de intervenção para o 6º ano. Com base na AAP, aprendemos a 
11 
 
acompanhar e registrar o desenvolvimento individual e coletivo dos alunos e com isso 
aplicar os métodos de recuperação. 
Ainda no curso, discutimos diversas funções que o PA pode desenvolver como o 
apoio ao aluno até que ele se sinta seguro quanto a sua capacidade de 
aprendizagem. Esse apoio do PA traz diversas contribuições para os alunos e 
também para os professores regentes. Dentre essas contribuições aos alunos está o 
aumento da autoestima, pois o apoio dado faz com que esses alunos consigam 
acompanhar o conteúdo juntamente com a sala não ficando defasado em relação à 
matéria, estímulo aos estudos diminuindo a evasão escolar e repetência, maior 
organização do material didático, inclusão dos alunos com necessidades especiais, 
menor índice de dispersão nas explicações da matéria, entre outros. 
Muitas vezes as superlotações das classes e a indisciplina dos alunos fazem 
com que os professores regentes queiram dividir a tarefa de educar e organizar a sala 
de aula. Montanheiro1 (2007) diz que: 
Logo ao chegar à escola, nota-se que o professor auxiliar é bastante 
esperado pelo professor regente. Condições do sistema público de 
ensino, sobretudo no que diz respeito ao elevado número de alunos 
em cada sala de aula (38 em média), colocam o professor auxiliar 
como um importante meio de atender os alunos de maneira mais 
eficaz nas propostas, à medida que mais dúvidas podem ser 
esclarecidas e mais crianças ajudadas nas atividades. Sendo assim, o 
que se faz presente é um grande anseio por parte dos professores e 
funcionários da unidade escolar por essa nova pessoa que chega, 
sobretudo para ajudar ou complementar o trabalho que vinha sendo 
executado. 
O trabalho do PA deve ser visto como uma estratégia de recuperação para o 
atual quadro educacional no Brasil, porém, muitos professores regentes veem o PA 
como um observador de sua rotina, causando insegurança em alguns docentes. 
Sobre isso, Freire (1996) argumenta: 
Observar não é invadir o espaço do outro, sem pauta, sem 
planejamento, nem devolução, e muito menos sem encontro 
marcado... Observar uma situação pedagógica é olhá-la, fitá-la, mirá-
la, admirá-la, para ser iluminada por ela. Observar uma situação 
 
1 http://www.lalec.fe.usp.br/revistamelp/index. php/component/k2/item/17-papel-do-professor-auxiliar-
expectativas-e-desilus%C3%B5es. Acesso em 27/03/2015 
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pedagógica não é vigiá-la, mas sim fazer vigília por ela, isto é, estar e 
permanecer acordado por ela, na cumplicidade da construção do 
projeto, na cumplicidade pedagógica. (FREIRE, 1996. p. 14) 
O professor regente deve estar preparado a qualquer tipo de observação. A 
observação parte de todos do ambiente escolar, desde os funcionários à equipe 
gestora. Com o PA não é diferente, pois buscam novas metodologias de ensino como: 
relação professor-aluno, negociação de significados, organização do espaço físico, 
entre outros, que, se agregadas ao seu conhecimento, favorece o trabalho de ambos 
e, consequente sucesso daquilo que se pretende aplicar. O mesmo acontece quando 
se tem um estagiário na sala, que está ali para aprender com o professor regente, 
absorvendo suas aulas, sua metodologia, se espelhando naquele profissional que 
será seu companheiro na educação. 
A presença de outro professor deve ser vista como um aliado para um possível 
aprimoramento do trabalho do professor regente. Ainda que preparados, todo 
profissional não detém todo conhecimento e outra pessoa pode fornecer um 
feedback, sobre aquilo que se está fazendo. 
A importância do PA na sala de aula é mostrada com a presença de estagiário 
atuando em uma escola na cidade de São Paulo. Ruiz (2013) em matéria publicada 
na Revista Gestão Escolar2 fala sobre a atuação de professores estagiários atuando 
como auxiliares na rede pública estadual: 
Aqui na escola o estagiário tem papel definido na rotina de sala de 
aula e depois de um tempo observando e auxiliando o professor nos 
encaminhamentos das situações didáticas já é possível dividir a turma 
com o professor. As crianças são divididas em duas turmas (conforme 
seus saberes e intencionalidade educativa da atividade). Enquanto um 
grupo está com o professor num espaço definido (que pode ser dentro 
da mesma sala, no pátio ou outro espaço), outro grupo de crianças 
estará com o estagiário realizando uma atividade planejada e 
orientada pelo professor. Certamente o ganho é de todos! 
A atuação de professores estagiários mencionadas por Ruiz (2013) é de grande 
importância, tanto para os alunos que são beneficiados com a aprendizagem, quanto 
para os professores que pretendem iniciar na docência, pois complementam sua 
aprendizagem da faculdade e adquirem experiência como profissional. 
 
2 http://gestaoescolar.abril.com.br/blogs/coordenadoras/2013/03/05/o-papel-do-estagiario-na-minha-escola-
e-muito-mais-que-observar-e-cortar-papeis/#comments. Acesso em 30/30/2015 
13 
 
Um programa do Governo Federal que visa inserir os alunos das Licenciaturas 
no ambiente escolaré o PIBID3 (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à 
Docência) que tem como um dos objetivos: 
[...] promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas 
públicas desde o início da sua formação acadêmica para que 
desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um 
docente da licenciatura e de um professor da escola. (BRASIL, 2015). 
Esse programa oferecido pelo Governo Federal aos alunos de Licenciatura vem 
de encontro com o que diz Ruiz (2013), pois unem a necessidade do aluno em ter um 
apoio a mais dentro da sala de aula com a complementação pedagógica necessária 
para o professor como estagiário. 
O professor tem a missão de proporcionar condições favoráveis para um 
aprendizado que vai muito além dos muros da escola e as políticas públicas devem 
contribuir para que essa responsabilidade não fique somente nas mãos do professor. 
Tendo em vista os apontamentos relatados nesse capítulo, essa pesquisa vem 
buscar identificar qual a importância do PA no ensino da Matemática. Para isso 
aplicou-se um questionário a professores regentes e PA´s buscando a concepção de 
cada um deles sobre a importância do projeto em questão. Todo o trabalho de 
pesquisa tem como principal objetivo ouvir professores para levantar dados que possa 
contribuir para o aperfeiçoamento do projeto, mostrar a importância do PA como uma 
possível solução para o rendimento escolar dos alunos e busca por melhorias nos 
índices de avaliação. 
 
 
3 http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid> Acesso em 16/06/2016 
 
14 
 
3- Metodologia e Procedimentos de Pesquisa 
 
Buscar meios para aperfeiçoar aquilo que acreditamos foi uma das principais 
motivações que me levou a pesquisar sobre a atuação do PA e suas possíveis 
contribuições para o rendimento escolar dos alunos, e, com isso, ao elaborar minha 
estratégia de pesquisa pensei em um método que poderia englobar os professores 
envolvidos no projeto e buscar o maior número de informações possíveis. Diante 
disso, optei pelo método qualitativo, pois segundo Goldenberg (2004): 
Os dados qualitativos consistem em descrições detalhadas de 
situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus 
próprios termos. Estes dados não são padronizáveis como os dados 
quantitativos, obrigando o pesquisador a ter flexibilidade e 
criatividade no momento de coletá-los e analisá-los. Não existindo 
regras precisas e passos a ser seguido, o bom resultado da pesquisa 
dependem da sensibilidade, intuição e experiência do pesquisador. 
(GOLDENBERG, 2004, p.53). 
Minha pesquisa consiste na aplicação de dois questionários (Anexo I) contendo 
sete questões dissertativas, sendo um questionário direcionado aos professores 
regentes e outro para os PA´s. A ideia de formular dois questionários surgiu após 
uma socialização de minha pesquisa com os demais alunos da turma de 
Licenciatura Plena em Matemática, onde após colocarmos nossos projetos em 
discussão, foram surgindo ideias e sendo acrescentadas ao projeto de pesquisa. 
Buscar opiniões antes de formular o questionário foi uma estratégia que ajudou 
a obter questões bem elaboradas e com isso, aproveitar o máximo que esse recurso 
pode nos proporcionar, pois “o pesquisador deve elaborar um roteiro de questões 
claras, simples e diretas, para não se perder em temas que não interessam ao seu 
objetivo”. Goldenberg (2004, p. 56). 
O questionário é um método de pesquisa que traz inúmeras vantagens, 
principalmente para o pesquisador sem experiência. Sobre essas vantagens, 
Goldenberg (2004) afirma que: 
[...] exige menor habilidade para a aplicação; pode ser aplicado a um 
grande número de pessoas ao mesmo tempo; os pesquisados se 
sentem mais livres para exprimir opiniões que temem ser 
desaprovadas ou que poderiam coloca-los em dificuldades. 
(GOLDENBERG, 2004, p.87). 
15 
 
Por outro lado, a utilização do questionário traz também algumas 
desvantagens, citadas por Goldenberg (2004, p. 88) que diz: “tem um baixo índice 
de respostas; a estrutura rígida impede a expressão de sentimentos; exige 
habilidades de ler e escrever e disponibilidade para responder”. 
Definido o método de pesquisa e os profissionais que irão contribuir no 
fornecimento dos dados, procurei os professores com o qual dei apoio como PA e 
também busquei estender minha pesquisa a outros profissionais com os quais não 
tive nenhum contato no local de trabalho, levando em conta a afirmação de 
Goldenberg (2004) que diz: 
O pesquisador interfere nas respostas do grupo ou indivíduo que 
pesquisa. A melhor maneira de controlar essa interferência é tendo 
consciência de como sua presença afeta o grupo e até que ponto 
esse fato pode ser minimizado, ou, inclusive, analisado como dado 
da pesquisa. (GOLDENBERG, 2004, p.55). 
Com isso, procurei professores de outras escolas com o qual não tive nenhuma 
relação de trabalho seguindo a ideia de Goldenberg (2004, p.59) que diz: “quanto 
mais intensa a relação, maior a necessidade de um distanciamento do pesquisador 
[...]”. Também procurei os alunos do Curso de Licenciatura Plena em Matemática 
que atuaram como PA e como professor regente para responderem ao questionário. 
 
3.1- Pesquisa nas Escolas 
 
Antes de iniciar a coleta dos dados formulei uma carta de apresentação (anexo 
II) onde continha um breve resumo de minha pesquisa e que seria um passaporte 
para o acesso às dependências da escola e o contato com os sujeitos. 
Munido dos questionários, do termo de consentimento livre e esclarecido 
(anexo III) e do termo de consentimento da participação da pessoa como sujeito 
(Anexo IV) fui a campo. Antes de cada abordagem era feita uma breve apresentação 
na qual explicava a razão da minha pesquisa e as condições para que a pessoa 
pudesse responder sem comprometimento futuro. Esse comprometimento inclui o 
sigilo dos dados e da identidade da pessoa que irá responder ao questionário, pois 
segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 77): “as identidades dos sujeitos devem ser 
16 
 
protegidas, para que a informação que o investigador recolhe não possa causar-lhes 
qualquer tipo de transtorno ou prejuízo”. 
Na primeira escola onde iniciei minha pesquisa - aqui chamada de escola A – 
fui muito bem recebido pelos funcionários e equipe gestora, porem só teve a 
participação de três professores, sendo um professor-regente e dois PA´s. Como a 
pesquisa esta centrada nos professores que lecionam matemática, a quantidade de 
docentes que se encaixavam nesse requisito era reduzida. Agradeci os professores 
que não responderam e também aqueles que não tinham perfil para responderem ao 
questionário e fui à busca de novos campos para coleta dos dados. 
Continuando a coleta dos dados, procurei outra unidade escolar, aqui chamada 
de escola B, onde teve a participação de quatro professores sendo três regentes e 
um PA. Nunca tive contato com esses professores e esse distanciamento favoreceu 
respostas mais objetivas e livres de contaminação por influências. 
Todos os questionários respondidos foram sendo separados por escola e 
atuação dos docentes para facilitar a analise dos dados, seguindo a ideia de Alves-
Mazotti, Gewandsznajder (1999) que diz: 
À medida que os dados vão sendo coletado, o pesquisador vai 
procurando tentativamente identificar temas e relações, construindo 
interpretações e gerando novas questões e/ou aperfeiçoando as 
anteriores, o que, por sua vez, o leva a buscar novos dados, 
complementares ou mais específicos, que testem suas 
interpretações, num processo de “sintonia fina” que vai até a análise 
final. (ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSZNAJDER, 1999, p. 170). 
Paralelamenteàs pesquisas nas escolas, foi também feita a distribuição de 
questionários aos alunos do curso de Licenciatura Plena em Matemática que 
atuaram como professores regentes e PA´s, totalizando assim cinco sujeitos que 
responderam a pesquisa. Foi também estendido o convite a dois professores do 
curso de Licenciatura Plena em Matemática que prontamente se comprometeram a 
responder ao questionário. 
O quadro abaixo mostra como foi a distribuição dos pesquisados por campo de 
coleta dos dados e atuação. 
 
 
17 
 
Quadro 1- Campo de coleta dos dados e atuação 
Campo de coleta dos dados Professores 
Regentes 
Prof. Auxiliares 
(PA) 
Escola A 2 1 
Escola B 3 1 
Alunos de Lic. em Matemática 1 4 
Prof. Lic. em Matemática 2 - 
Não responderam 1 1 
Total 9 7 
Fonte: Dados da pesquisa, 2015. 
 
Conforme os dados do Quadro 1, temos uma quantidade pequena de PA´s nas 
escolas A e B que responderam à pesquisa. Tal fato se justifica pela atuação do PA 
se iniciar a partir do 2° bimestre e no mês em que se realizava a coleta dos dados, 
ainda não tinham PA´s atuando em sala de aula. Existem também uma 
particularidade no que se refere a atuação dos professores, onde muitos atuam 
como professores-regentes e PA, sendo nesse caso dada a opção para 
responderem apenas um questionário. 
Analisando o campo que se refere aos alunos de Licenciatura em Matemática, 
vemos que a maior parte destes são PA´s. Isso se justifica pelo fato de serem 
atribuídas aulas a alunos graduandos somente após a atribuição aos professores 
formados, e pelo fato do projeto PA se iniciar sempre no 2° bimestre do ano letivo. 
O quadro também mostra os professores do Curso de Licenciatura em 
Matemática e que atuam como professores regentes. Esse pequeno número se 
justifica pelo fato da pesquisa ser direcionada aos professores de Matemática, 
excluindo-se os professores de matérias pedagógicas. 
Existem também outros fatores que contribuíram para que a pesquisa não 
tivesse um maior número de participantes: professores que não entregaram os 
questionários com as respostas; prazo limitado para a realização da coleta dos 
dados e a não atuação dos PA´s no período da pesquisa que foi realizada no final de 
março e inicio de abril de 2015. 
18 
 
No período da coleta dos dados também teve outros imprevistos, entre eles: 
uma grande quantidade de feriados no período da pesquisa e a paralização de 
alguns professores reivindicando melhorias para a categoria, porém, esses 
contratempos não afetou diretamente a pesquisa. 
Contudo, os dados conseguidos foram de grande valia para essa pesquisa e 
serão analisados seguindo a ideia de Bogdan e Biklen (1994) que dizem que: 
Muitos observadores experientes sabem o que fazer- fazem um 
intervalo. Deixam o material assentar, partem para as férias ou fazem 
coisas que não puderam fazer por estarem ocupados com a recolha 
de dados, e só voltam depois frescos e mais descansados. 
(BOGDAN, BIKLEN, 1994, p.220). 
Para mim, a pausa se deu por conta da semana de provas na faculdade, e 
mesmo não podendo continuar a pesquisa nesse período de provas, estava 
pensando na análise dos dados, e logo retornei para dar continuidade, pensando no 
que diz Bogdan e Biklen (1994): “contudo, fazer um intervalo demasiado longo tem 
os seus contras. Adiar o trabalho mais difícil pode transformar-se numa armadilha. 
Pode, também, fazer com que perca o contato com o conteúdo de suas notas.”. 
Sendo assim daremos sequência à pesquisa onde o próximo passo será a 
análise dos dados, buscando resposta para a pergunta: Qual a contribuição do PA 
para o rendimento escolar dos alunos? 
 
19 
 
4- Apresentação e análise dos dados obtidos 
 
Neste capítulo são apresentados e analisados os dados coletados em campo, 
dados estes que foram obtidos através de questionários aplicados aos professores 
regentes e PA´s que lecionam Matemática. Segundo Gil (1999, p.168), “a análise 
tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o 
fornecimento de respostas ao problema proposto pela investigação”. 
Para a coleta de dados foram distribuídos 16 questionários aos professores, 
porém, destes, somente 14 entregaram as folhas com as respostas. Visando a 
melhor análise desses dados, os questionários foram separados em grupos, sendo: 
escola A, escola B, alunos de Licenciatura em Matemática e professores do curso de 
Licenciatura em Matemática. 
Esta fase da pesquisa exige muita organização, criatividade e conhecimento 
por parte do pesquisador, pois é neste momento que são introduzidas as 
informações mais relevantes da pesquisa que são as ideias dos sujeitos. 
Goldenberg (2004, p.94) afirma: “este momento exige muito tempo de reflexão e 
dedicação para se tirar o máximo de ideias de cada resposta conseguida”. 
Para melhor análise dos dados, serão utilizadas categorias de codificação. 
Bogdan e Biklen (1994) definem as categorias de codificação como sendo: 
O desenvolvimento de um sistema de codificação envolve vários 
passos: percorre os seus dados na procura por regularidades e 
padrões bem como de tópicos presentes nos dados e, em seguida 
escreve palavras e frases que representam estes mesmo tópicos e 
padrões. Estas palavras ou frases são categorias de codificações. 
(BOGDAN E BIKLEN, 1994, p. 220). 
 Essas categorias se fazem necessárias, pois facilitam a melhor compreensão 
dos dados. Para Gil (1999, p. 169), “as respostas fornecidas pelos elementos 
pesquisados tendem a ser as mais variadas. Para que essas respostas possam ser 
adequadamente analisadas, torna-se necessária, portanto, organizá-las, o que é 
feito mediante o seu agrupamento em certo número de categorias”. 
As categorias com o qual organizei os dados foram: Formação e tempo de 
atuação, o projeto PA na visão dos professores, contribuições do projeto PA na 
visão dos professores, dificuldades do projeto PA na visão dos docentes e as 
mudanças sugeridas pelos professores. 
20 
 
Sendo assim, daremos inicio a análise dos dados, classificando pelos pontos 
mais relevantes das respostas dadas nos questionários. 
 
4.1- Formação e tempo de atuação 
 
Nesta categoria, apresento os dados referentes à formação e tempo de 
atuação dos professores que responderam à pesquisa. O objetivo dessas 
informações é traçar o perfil dos pesquisados e com isso maximizar a confiabilidade 
da pesquisa. Sobre os procedimentos para maximizar a confiabilidade, Alvez Mazotti 
(1999) relata que: 
A natureza das abordagens qualitativas, aliada à sua disseminação 
recente em algumas áreas de conhecimento como a educação e a 
psicologia, exige que os pesquisadores que a adotam demonstrem 
preocupação com o rigor com que pretendem conduzir sua 
investigação. (ALVES-MAZZOTTI, GEWANDSZNAJDER, 1999, p. 
171). 
Portanto, é considerada toda informação obtida sobre o sujeito pesquisado, 
típico de uma pesquisa qualitativa. 
 As informações sobre formação e tempo de atuação foram levantadas com 
base na questão um do questionário apresentado aos sujeitos da pesquisa. Dos 14 
professores participantes da pesquisa, 12 deles tem formação em Licenciatura Plena 
em Matemática ou estão concluindo o curso, correspondendo a 85% dos 
pesquisados. Dos outros professores, um tem formação em Ciências com 
especialização em Matemática e outro com formação em Química. Há casos 
particulares em que um professor tem formação em Licenciatura Plena em 
Matemática e Mestrado em Educação Matemática, outro caso de um professor com 
formação em Ciências e especialização em Matemática e outro com Licenciatura em 
Pedagogia e Matemática. 
Quanto ao tempo de atuação, trêsprofessores atuam a mais de cinco anos na 
rede estadual de ensino, o que corresponde a 21% do total dos participantes, outros 
seis professores tem atuação entre dois e cinco anos, correspondendo a 43% dos 
pesquisados e os cinco restantes tem menos de dois anos de atuação 
representando 36% dos colaboradores com a pesquisa. 
21 
 
Observamos que a formação dos professores, em sua maioria, é em 
Licenciatura Matemática e isso pode facilitar na hora do auxílio em sala de aula, 
pois, a sua formação é especifica para a área. O tempo de atuação como professor 
também deve ser considerado, pois os docentes com maior tempo em sala de aula 
podem trazer um comparativo entre o tempo em que não havia PA em suas aulas e 
os dias atuais em que o PA esta atuando junto com ele. A seguir, vamos abordar 
qual é a visão dos professores sobre o Projeto Professor Auxiliar. 
 
4.2- O Projeto PA na visão dos professores 
 
Uma das maiores preocupações dos professores é com o rendimento escolar 
dos alunos e o projeto PA pode ser uma das soluções para que a aprendizagem 
aconteça de forma igualitária a todos os discentes. Essa preocupação por parte dos 
docentes vem da necessidade de dar ao aluno condições para sua evolução social e 
pessoal. Sobre isso, o Currículo do Estado de São Paulo diz que: 
Em um mundo no qual o conhecimento é usado de forma intensiva, o 
diferencial está na qualidade da educação recebida. A qualidade do 
convívio, assim como dos conhecimentos e das competências 
constituídas na vida escolar, será determinante para a participação 
do indivíduo em seu próprio grupo social e para que ele tome parte 
em processos de crítica e renovação. (SÃO PAULO, 2011, p. 09). 
O desejo de todos os educadores é que a educação tenha melhorias e que o 
aluno seja beneficiado com ações que contribuam para o seu aprendizado. Com 
isso, foi perguntada aos professores através do questionário, a opinião de cada 
docente em relação ao projeto PA. Dos catorze questionários analisados, dez 
professores aprovam o projeto e quatro deles disseram ser um bom projeto, mas 
que precisa de ajustes para que haja melhorias. 
 Dos professores que aprovaram o projeto, a PA Bianca4 cita que, “todos os 
esforços para melhorar a aprendizagem são válidos, e a ajuda de um profissional 
especializado para apoiar o professor em sala de aula ajuda muito”. Esta fala é 
complementada pelo professor regente Pedro que diz: “na minha visão, o PA em 
matemática é de extrema importância, pois ajuda os professores durante as aulas 
 
4 Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos sujeitos 
22 
 
em diversas ocasiões: dúvidas dos alunos, acompanhamento dos discentes que tem 
dificuldades, entre outros”. 
Continuando a análise, percebemos que as opiniões são diversas, mas todas 
direcionam para que o projeto se multiplique e se estenda às outras disciplinas. 
Ainda sobre as opiniões referentes ao projeto PA, a professora regente Paula relata: 
”ter um professor auxiliar nas aulas foi muito gratificante, os alunos se sentiram 
melhor atendidos em suas dificuldades e a aula rendeu mais”. As palavras dos 
professores têm pontos em comum, pois todos relatam melhorias com a atuação do 
PA. Estas melhorias realmente acontecem, pois quando atuei como PA foi 
constatado diversos avanços na aprendizagem dos alunos, chegando até a alcançar 
as metas estabelecidas nas avaliações de rendimento escolar. 
Para alguns professores, o projeto PA precisa de ajustes para suprir as 
defasagens existentes. Sobre essas mudanças, a professora regente Gisele diz: 
“Acho uma boa iniciativa, porém, precisa haver mudanças para se ter um melhor 
resultado”. As mudanças referidas pela professora Gisele é relatada em outra 
pergunta do questionário onde ela destaca que “o PA deve ter mais autonomia na 
avaliação do aluno que ele auxilia”. Concordo com Gisele, mas essa autonomia 
depende muito da relação entre o professor regente e PA que deve ser sincronizada. 
Para a professora regente Beth “o PA deve trabalhar em conjunto com o 
professor regente, auxiliando os alunos com maiores dificuldades”. Sobre isso 
Barbara complementa: “O PA é um bom projeto, mas depende muito da 
comunicação do professor regente da sala com o professor auxiliar, pois os dois 
devem trabalhar em conjunto para assim obter maiores resultados”. O trabalho em 
conjunto é essencial e esse tema foi abordado no primeiro curso que realizei sobre o 
projeto PA, onde se tratava da Articulação Pedagógica e Práticas de Intervenção. 
Os cursos de aperfeiçoamento foram oferecidos a todos os professores 
envolvidos no projeto, mas por ser um curso facultativo, houve pouca adesão por 
parte dos docentes. Dos entrevistados, somente a professora regente Beth fez os 
cursos de aperfeiçoamento. 
Analisando as respostas dos professores que apontaram ajustes para o 
projeto, notamos vários pontos em comum: todas as respostas não reprovam a 
atuação do PA, apenas recomendam mudanças e aperfeiçoamento de algumas 
práticas. Sobre isso, o PA Alan afirma: “... a quantidade de aulas disponíveis para o 
PA não são suficientes para a recuperação do aluno”. Para Alan, o PA deveria atuar 
23 
 
em todas as aulas do professor regente. Em outra pergunta, Alan traz uma 
observação importante sobre o assunto. Ele destaca: “ ...maior quantidade de aulas 
por sala e materiais didáticos próprios para alunos em defasagem. O material 
didático próprio pode ser uma das alternativas para a recuperação dos alunos, visto 
que, muitos dos discentes trazem dificuldades acumuladas desde as séries iniciais. 
Ainda que o projeto PA precise de mudanças na visão de alguns pesquisados, 
podemos observar na fala dos docentes que os alunos e docentes se sentem mais 
atendidos com o PA e assim tem condições de acompanhar o andamento da 
disciplina. No próximo tópico vamos analisar as respostas dos professores 
referentes às contribuições e dificuldades vivenciadas pelos docentes. 
 
4.3- Contribuições do projeto PA na visão dos professores 
 
No questionário apresentado aos professores, foi perguntado sobre as 
principais contribuições do projeto PA para o rendimento escolar dos alunos e 
superação de defasagem. As opiniões são diversas e todas remetem aos avanços 
obtidos com a atuação do PA. 
Para a professora Paula, as contribuições eram: “melhoria no atendimento à 
diversidade em sala de aula (dificuldades de aprendizagem) aos alunos de inclusão 
e auxílio na recuperação paralelo-contínua dos alunos”. Essa diversidade relatada 
por Paula vem de encontro com o que diz o Currículo do Estado de São Paulo: 
Construir identidade, agir com autonomia e em relação com o outro, 
bem como incorporar a diversidade, são as bases para a construção 
de valores de pertencimento e de responsabilidade, essenciais para 
a inserção cidadã nas dimensões sociais e produtivas. (SÃO PAULO, 
2011, p.10) 
De acordo com a fala de Paula, complementada pelo que diz o Currículo do 
Estado de São Paulo, o PA foi um fator determinante para o rendimento escolar dos 
alunos, podendo haver melhorias sociais e produtivas, ao levar em conta que a 
aprendizagem obtida na escola pode servir de base para a sua vida. 
Destaco também a fala do professor regente Bruno que diz: “as principais 
contribuições foi que muitos dos alunos tiveram um avanço na aprendizagem, pois 
necessitavam de uma atenção maior para que compreendessem determinados 
conteúdos”. Esse avanço na aprendizagem relatada por Bruno realmente acontece, 
24 
 
pois na minha atuação como PA percebi melhorias e evolução dos discentes como o 
aumento das notas nas avaliações bimestrais, aumentodos índices nas Avaliações 
de Aprendizagem em Processo (AAP), bem como evolução nas avaliações do 
SARESP superando as médias dos anos anteriores em algumas séries. A partir 
dessas evoluções, os alunos sentiam-se motivados e com isso, houve um aumento 
significativo nas participações dos discentes em sala de aula. 
Para a professora Beth, o PA contribui não somente com os alunos com 
maiores dificuldades, mas de um modo geral com todos os alunos da sala. Isso é 
notado quando Beth diz: “O PA além de ajudar os alunos com dificuldades, auxiliava 
também nas aulas em que os conteúdos eram dinâmicos, onde os alunos 
precisavam de uma atenção maior”. De acordo com Beth, o apoio do PA beneficia 
todos os envolvidos no projeto, até mesmo aqueles alunos que não necessitam 
desse auxilio. Essa afirmação é coerente, pois nas aulas diferenciadas como usar o 
laboratório de informática, trabalhos de recortes e colagens, visita a exposições, 
parques e museus, etc..., o apoio do PA se faz necessário e abrange todos os 
discentes da sala. 
Segundo Alan, as contribuições foram diversas, entre elas, a recuperação de 
muitos alunos que estavam sem condições de acompanhar o restante da turma. 
Esse relato mostra uma dimensão maior do apoio do PA, onde as contribuições não 
se limitavam somente aos alunos com dificuldades, nem nas matérias em que este 
profissional estava presente, pois ao obter domínio sobre os conteúdos de 
matemática e português onde tinham o apoio do PA, os discentes se sentiam mais 
seguros em outras disciplinas. 
As dúvidas quando sanadas no momento em que surgem, contribuem para que 
o aluno avance e não perca a sequência lógica do conteúdo que esta sendo 
aplicado. Nesse momento a presença de um PA faz grande diferença, pois a 
matemática depende de conceitos que, se não são entendidos pelos alunos, 
certamente haverá dificuldades nos próximos conteúdos. O professor regente muitas 
vezes não consegue sanar todas as duvidas dos alunos, visto que, as salas de aulas 
sempre tem uma grande quantidade de discentes. 
Como parte da pesquisa, foi feito um levantamento das médias do SARESP 
entre os anos de 2009 a 2014 das escolas pesquisadas, onde as médias obtidas 
poderão servir de comparativo entre os anos em que não houve atuação do PA 
nessas escolas. 
25 
 
O quadro abaixo mostra os dados do SARESP entre os anos de 2009 a 2014 
nas escolas A e B, tendo como principal objetivo analisar possível evolução das 
médias nessas escolas após a implantação do Projeto PA no ano de 2012. 
 
Quadro 2 – Médias do SARESP das escolas pesquisadas 
 7° EF 9° EF 3° EM 7° EF 9° EF 3° EM 
2014 - 284,9 282,9 - 240,4 274,3 
2013 219,9 239,5 276,5 217,4 261,2 272,5 
2012 221,7 249,5 278,8 225,5 241,5 272,6 
2011 216,7 249,1 263,6 233,1 249,4 273,4 
2010 209,4 250,8 259,4 216,5 250 268,9 
2009 216,5 250,8 272,4 226,3 247,7 265,6 
Fonte: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, 2009-2014. 
 
De acordo com os dados do Quadro 2, das seis classes que realizaram a 
avaliação do SARESP, quatro delas apresentaram evolução a partir do ano de 2012. 
Todas as classes avaliadas na escola A tiveram evolução, onde o 7°EF teve uma 
pequena queda na média entre os anos de 2012 e 2013, mas a média supera os 
anos anteriores em que não tinha atuação do PA. No 9°EF houve queda nos anos 
de 2012 e 2013, mas no ano de 2014, a média adquirida foi superior a 25 pontos. Já 
no 3°EM houve um crescimento significativo nas médias dos últimos três anos 
avaliados. 
Analisando as médias da escola B, notamos um grande declínio nas médias no 
7° EF. No ano de 2014 as avaliações nos 7° EF foram feitas em algumas escolas 
por amostragem, o que justifica a falta de dados referente ao ano de 2014 no 
quadro. Continuando a análise, notamos que as médias no 9° EF teve queda após a 
atuação do PA em 2012, seguido de um aumento no ano de 2013 e novamente 
queda na média no ano de 2014. Isso pode ter ocorrido por diversos fatores, que 
pode ser a não atuação do PA nessas classes ou a diminuição no número de aulas 
destinadas ao PA. Já no 3° EM houve uma pequena queda nos índices, mas último 
ano da avaliação houve um crescimento. 
26 
 
Observando os dados, nota-se que das classes que tiveram evolução, todas 
apresenta um crescimento a partir do ano de 2012, indicando uma possível 
contribuição do projeto PA para esse crescimento. 
Levando em conta que todas as salas avaliadas na escola A teve aumento na 
nota, e nas salas da escola B houve queda na média do 7° EF a partir de 2012 e no 
9° EF houve variações com queda na média em 2012, aumento na média no ano de 
2013 e novamente queda em 2014, ficando somente o 3° EM com evolução, 
percebe-se que as diferenças de médias entre as escolas A e B são grandes. Essa 
diferença nas médias entre as escolas A e B pode ser justificada pelas 
particularidades existentes entre uma escola e outra e com isso, as notas são 
diferentes. 
Dos catorze professores que responderam ao questionário, oito deles relatam 
as contribuições que o projeto traz para a evolução dos alunos. Os demais docentes 
não opinaram sobre as principais contribuições, apenas relatam suas opiniões 
acerca do projeto PA. Isso se dá pelo fato de muitos professores estarem atuando 
há pouco tempo no magistério, como mostrado no Quadro 1. O pouco tempo de 
atuação dos docentes faz com que estes não tenham bases comparativas entre 
turmas que não receberam apoio e turmas que recebem apoio do PA. 
Na próxima categoria destaco as dificuldades relatadas pelos professores que 
atuaram no projeto. 
 
4.4- Dificuldades do projeto PA na visão dos pesquisados. 
 
Analisaremos agora as respostas dos docentes quando perguntados sobre as 
dificuldades obtidas por cada professor. Dos que responderam a essa pergunta, 
50% das respostas foram referentes às dificuldades que não advém do projeto PA e 
que são comuns em todas as salas de aula. Muitos professores fizeram uma espécie 
de “desabafo” relatando a indisciplinas de alguns alunos. Isso é comprovado com a 
fala de alguns docentes. A professora Giovana relata: “O professor regente confunde 
o PA com secretário ou, ao invés de separar alunos com dificuldades, acaba 
deixando com os PA´s os alunos com problemas disciplinares”. A PA Glaucia 
complementa dizendo: “A maior dificuldade foi a indisciplina dos alunos e falta de 
interesse do professor regente”. 
27 
 
 A opinião dos professores é valida e traduz aquilo que vivenciaram em sala de 
aula. Para entender melhor a fala dos professores, Montanheiro (2007) diz: 
Essa idealização do aluno também contribui para que o professor 
atribua às atitudes indisciplinares e violentas dos estudantes o 
fracasso da estrutura escolar da atualidade, não sendo raras às 
vezes em que se faz analogia à escola de décadas atrás, nas quais 
os alunos eram “mais comportados e respeitosos”. 
A indisciplina dos alunos é um dos maiores entraves enfrentado pelos 
professores em suas aulas. Em minha opinião, deveria adotar regras mais rígidas 
para os alunos que vai à escola no intuito de atrapalhar o trabalho do professor e a 
aprendizagem dos demais alunos. Ainda que falte nesses alunos indisciplinados 
uma estrutura familiar adequada que ajude na educação, os professores e demais 
discentes não podem ter o rendimento das aulas comprometidas por conta daqueles 
que atrapalham. 
Ainda que com todos esses contratempos, o objetivo da pesquisa foi buscar 
informações referentes ao apoio do PA e sobre isso, cito a fala da professora 
regente Barbara: ”O maior desafio para mim é identificar a real dificuldade de cada 
aluno e trabalhar em cima disso, pois as dificuldades são distintas...”. Oprofessor 
Pedro relata também que uma das dificuldades era que “o PA acompanhava 
somente três, das seis aulas semanais”. Segundo Barbara e Pedro, as dificuldades 
existem, porém, algumas mudanças na forma como o projeto é implantado, pode 
trazer aos alunos condições para suprir as defasagens existentes. 
As dificuldades, segundo a professora Beth, é a falta de apoio didático para 
trabalhar com os alunos que necessitam de recuperação. Para Beth, “o PA deveria 
receber mais materiais para trabalhar com os alunos e também materiais para sua 
formação contínua”. É notável pela fala de Beth e também de outros professores, 
que o material didático diferenciado para alunos em processos de recuperação se 
faz necessário, pois as dificuldades não são limitadas aos conteúdos aplicados 
naquele momento, mas de lacunas deixadas nos anos anteriores. 
Para a professora regente Andréia, que também trabalhou como PA, uma das 
dificuldades vivenciadas por ela é que o professor muitas vezes pedia que ela 
retirasse os alunos indisciplinados da sala de aula para dar apoio. Vejamos o que diz 
Andréia: “Uma das dificuldades é muitas vezes ter que tirar os alunos indisciplinados 
da sala, devido o professor não ter domínio sobre esses discentes”. Sobre isso, 
28 
 
penso que essa atitude do professor regente é valida ao levarmos em conta que 
todo aluno com problemas disciplinares certamente não terá raciocínio para resolver 
determinadas atividades de matemática, gerando com isso, defasagem no 
aprendizado e ao separar esse aluno dos demais discentes, provavelmente seu 
comportamento mudara. 
Dentre todas as dificuldades citadas pelos professores, coloco aqui a fala de 
Alan que diz: “A falta de autonomia do PA foi uma das dificuldades encontradas”. 
Para Bruno as dificuldades foram com a falta de interesse dos alunos. Já para a PA 
Giovana, a maior dificuldade era adquirir a confiança dos alunos. A falta de 
autonomia citada por Alan se deve ao fato do PA ficar somente algumas aulas com 
esses alunos e quando não há apoio, os mesmos ficam com o professor regente que 
avalia e sugere atividades de recuperação de acordo com a dificuldade de cada um. 
Quanto à falta de interesse citada por Bruno, acredito ser algo comum, pois muitos 
alunos não tem motivação para os estudos e o PA poderá despertar esse interesse 
nos alunos. O mesmo acontece ao buscar a confiança desses alunos, onde o 
professor devera conhecer bem a turma e trabalhar de modo que eles se sintam 
seguro com as metodologias aplicadas pelo docente. 
Analisando todo o contexto, vemos que as dificuldades existem e não é 
somente a indisciplina dos alunos o principal problema existente. Como professores, 
sabemos que as adversidades existem em qualquer atividade aplicada aos alunos e, 
o que da certo em uma determinada sala, pode não dar certo em outra. Assim 
acontece com o apoio do PA, que muitas vezes encontra barreiras que devem ser 
contornadas para que seu objetivo seja atingido. 
Dado todos os comentários feito pelos professores, trago na próxima categoria 
as principais mudanças sugeridas pelos docentes. 
 
4.5- As mudanças sugeridas pelos professores 
 
Das perguntas feitas no questionário, foi proposto aos pesquisados sugestões 
de como melhorar o projeto PA na visão de cada professor. Dentre as diversas 
opiniões relatadas pelos docentes, uma delas se refere à quantidade de aulas 
ofertadas ao PA para atuar em cada sala de aula. Dos catorze pesquisados, nove 
deles sugeriram que todas as aulas do professor regente deveriam ser 
29 
 
acompanhadas pelo PA, ou seja, 64% dos docentes opinam pelo aumento da carga 
horaria atual para acompanhamento integral pelo PA. Esse acompanhamento pode 
ser estendido nas preparações das aulas, preparação e correção de provas, enfim, 
ajudar o professor regente no que for necessário. 
Sobre a quantidade de aulas, cito a fala do professor regente Pedro que diz: “O 
PA deveria acompanhar todas as aulas do professor regente e não somente 
algumas”. Sobre isso, o professor Bruno acrescenta: “Um número maior de aulas, 
um conteúdo elaborado de acordo com as dificuldades de cada aluno para suprir as 
deficiências de aprendizagem”. A fala de Pedro e Bruno, assim como de todos os 
professores tem relevância, pois na minha atuação como PA notei que a quantidade 
de aulas não era suficiente para suprir as defasagens dos alunos. 
Complementando os relatos de Pedro e Bruno, trago a fala da PA Bianca que 
sugere o aumento na quantidade de aulas. Sobre isso ela diz: “o projeto ajuda muito 
na aprendizagem do aluno, porém como eu tinha apenas duas aulas por sala, sentia 
a falta de um vínculo maior com os alunos”. 
Continuando a análise das respostas, compartilho a fala da professora Andréia 
que diz: “... ter uma sala para poder ensinar, pois trabalhar na sala de aula com os 
demais alunos ou no pátio não da, se tivesse uma sala própria para trabalhar com 
esses alunos seria melhor para sua aprendizagem”. 
Concordo com Andréia, onde uma das principais mudanças no projeto PA 
deveria ser de um local adequado para trabalhar com os alunos que necessitam do 
apoio, pois muitas vezes (ou todas), os alunos são levados para o pátio, onde o 
ambiente não favorece uma aprendizagem efetiva. 
Na opinião de Bruno, “deveria ter um conteúdo elaborado de acordo com as 
dificuldades de cada aluno para suprir as deficiências de aprendizagem. Professor 
regente e PA trabalhando próximos e de maneiras semelhantes”. Para Giovana, o 
PA deveria estar com a turma logo no início do ano letivo e não dois meses depois. 
Pedro complementa dizendo que “deveriam efetivar o PA nas escolas públicas 
desde o primeiro dia de aula até o último”. 
Tendo em vista todas as opiniões dadas pelos professores, um dos pontos em 
comum nessas opiniões diz respeito ao aumento do tempo de apoio do PA em cada 
sala de aula. Para a maioria dos professores, tanto o tempo de atuação do PA, como 
a quantidade de aulas deveriam ser aumentadas. O anseio à expansão do projeto 
pelos professores tem como objetivo único e exclusivo, a aprendizagem dos alunos, 
30 
 
pois mesmo com essa pequena quantidade de aulas atribuídas ao PA, é notável a 
recuperação dos discentes. O aumento na quantidade de aulas poderiam trazer 
ainda mais benefícios para esses alunos. 
Com base nos dados analisados, concluímos que o projeto PA é uma das 
alternativas que pode contribuir para que haja um maior rendimento escolar dos 
alunos e superação das defasagens existentes, e que, mesmo com algumas 
dificuldades encontradas, são notáveis as contribuições que o projeto traz para os 
alunos e toda comunidade escolar. 
Após ter analisado todos os dados, será feito no capítulo seguinte à conclusão 
da pesquisa, onde serão retomados os debates levantados na análise dos dados, as 
bibliografias apresentadas e as minhas percepções acerca de todo conteúdo aqui 
apresentado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
5- Conclusão 
 
Neste capítulo apresento a conclusão final da pesquisa onde retomo alguns 
pontos que se destacaram, retratando minha visão sobre eles. 
Com essa pesquisa, procurei buscar respostas para a pergunta norteadora: “A 
importância do professor-auxiliar e sua contribuição para um possível rendimento 
escolar dos alunos!”. Em cada capítulo da pesquisa destaquei cada processo de 
aprendizagem e sua eficiência baseadas em minha experiência obtida como PA, na 
visão de outros pesquisadores e também na pesquisa de campo feita com 
professores regentes e auxiliares. 
A pesquisa mostra a forma que o Professor Auxiliar contribui para um melhor 
rendimento escolar dos alunos no EnsinoFundamental e Médio e as intervenções 
nos processos de aprendizagem, quando aplicados no tempo certo, podem fazer a 
diferença na vida escolar e profissional dos mesmos. 
Na minha atuação como PA, percebi o quanto o projeto PA contribuía para o 
rendimento das aulas em geral, pois favorecia o trabalho do professor regente e 
consequente aprendizagem dos alunos. Sempre eram adotados diversos modos de 
trabalho, às vezes juntos na mesma sala, outras vezes com alguns alunos retirados 
da sala e trabalhados num ambiente separado, todas as formas eram eficazes. 
Quando dentro da sala junto com o professor regente, o apoio era fundamental, pois 
eram muitos alunos que não compreendiam de imediato as operações. Quando eu 
os retirava da sala, ficava melhor o trabalho, pois a sala era diluída e o silencio e a 
concentração eram maiores. 
As dificuldades dos alunos, principalmente aquelas advindas das series iniciais 
do Ensino Fundamental II, eram muitas, principalmente com relação às quatro 
operações. Muitos não trazem uma preparação solida, especificamente na matéria 
de Matemática, pois, na maioria das vezes esses alunos são alfabetizados por 
professores formados em pedagogia que não possuem uma formação Matemática e 
ao entrar nas séries finais do Ensino Fundamental II, esses alunos já vêm 
necessitando de apoio. Com isso, os participantes dessa pesquisa sugerem que, 
além de manter o PA o projeto precisa ser iniciado já no 1°bimestre do ano letivo. 
O fato de uma nova dinâmica nas matérias também influencia, pois ao começar 
o 6° ano do Ensino fundamental II, tem-se mudanças significativas no conteúdo, na 
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quantidade de professores, lotação das salas entre outros. Diante desse fato, a 
presença de um PA vem ao encontro com a nova realidade dos alunos, inserindo-os 
no novo modelo de ensino, ate então desconhecido por eles. 
No Ensino Médio, o trabalho do Professor Auxiliar é uma ferramenta importante 
e necessária para preparar o aluno para seu ingresso nos cursos técnico e de 
graduação. A partir daí, vejo o quanto é importante para os alunos terem acesso a 
mais um professor da disciplina para auxilia-los na preparação para as provas que 
esses discentes terão que fazer no 3°ano do Ensino Médio como o ENEM e 
vestibulares. 
Conforme vimos nas falas dos professores, o apoio do PA pode ser uma das 
soluções para que a aprendizagem aconteça de forma concreta, e mesmo que o 
projeto precise de algumas mudanças como o aumento no numero de aulas por 
sala, efetivação do PA desde o primeiro dia letivo, espaço próprio para trabalhar com 
alunos em recuperação, entre outras, ainda assim tem-se notado que as 
contribuições superam todas as dificuldades que existem no projeto. 
Outro ponto importante e que deve ser levado em conta é que muitos dos 
projetos referentes à educação têm-se resultados sempre em longo prazo, e as 
contribuições do projeto PA poderão ser observadas com as notas obtidas no 
SARESP e em outras avaliações nos anos seguintes. O mesmo acontece com as 
escola de tempo integral, que, se aplicado tudo que prevê o projeto, a longo prazo 
poderá alcançar seus objetivos (MAFFEI, 2015). 
Além da aprendizagem que acontece de forma contínua, vimos também que as 
contribuições do projeto PA se estende a realização pessoal dos alunos, pois ao 
avançar em um determinado conteúdo, esses discentes aumentam a autoestima, 
gerando com isso motivação e interesse pelos conteúdos seguintes e até mesmo em 
outras disciplinas onde o PA não atua. 
Tendo em vista alguns professores citarem dificuldades acerca do projeto, os 
mesmos não reprovam a atuação do PA. Muitos justificam o fato dos alunos não 
mostrarem interesse pelos conteúdos aplicados, a falta de estrutura fisica para 
acolher esses alunos que necessitam de recuperação, bem como a quantidade de 
aulas que são insuficientes e os materiais didáticos inadequados para alunos em 
defasagem. 
A partir das dificuldades que foram apresentadas na pesquisa, proponho 
algumas possíveis medidas que poderão contribuir para uma maior eficiência do 
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projeto PA, entre elas: ter um local próprio para trabalhar a recuperação dos alunos 
em defasagem; a atuação do PA desde o inicio do ano letivo e em todas as aulas do 
professor regente; mais autonomia do PA para avaliar e fazer intervenção quando 
notada essa necessidade, entre outras. 
De uma forma geral, a pesquisa mostrou através da fala dos professores, que o 
projeto PA contribui para a recuperação e superação da defasagem dos alunos. Por 
ser um projeto iniciado há poucos anos, os resultados já são notados nas avaliações 
de aprendizagem, como falado nos capítulos anteriores. Avalio os resultados da 
pesquisa como sendo positivo para o projeto PA, tendo como base a pesquisa com 
os professores e a minha experiência quando atuei no projeto. 
Na coleta dos dados, foi notado um grande empenho por parte dos professores 
em contribuir com a pesquisa e ajudar na melhoria do projeto, pois como docentes 
todos veem a educação como um meio de mudar o atual cenário em que os 
estudantes estão inseridos. Com isso, nota-se que a educação esta nas mãos de 
profissionais empenhados e comprometidos com sua missão de educar, mas que 
dependem de políticas públicas para melhorar a qualidade do ensino. Essas 
políticas incluem melhores condições de salários e plano de carreira para os 
professores, aumento da quantidade de aulas destinadas à preparação de 
conteúdos, disponibilização de maquina fotocopiadora para impressão de avaliações 
e trabalhos em geral, mais salas de aulas com menor quantidade de alunos por sala, 
mais projetos de apoio e recuperação, atividades culturais, aulas de musica e teatro, 
entre outras, de acordo com o perfil de cada comunidade na qual a escola esta 
instalada. 
Por fim, concluímos a pesquisa, onde o tema apresentado poderá ser usado 
para outros estudos, analisando outro referencial teórico e com outros professores, 
podendo apontar resultados distintos dos aqui apresentados. Assim, esperamos que 
esse trabalho seja incentivo para que novos estudos voltados para a atuação do 
Professor Auxiliar sejam realizados. Podemos pensar em pesquisas sobre o Projeto 
PA na visão dos alunos, o que eles têm a dizer sobre o projeto, os pontos positivos e 
negativos. Outra ideia de pesquisa poderá ser feita entre escolas onde se tem o 
projeto implantado, comparando experiências, dificuldades encontradas e 
resultados. Poderá também ser feito um estudo com os familiares desses alunos, no 
qual se busca saber se houve mais dedicação, mais comprometimento, mais 
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organização por parte dos alunos atendidos pelo Projeto PA. Enfim, todo estudo é 
valido e os resultados visam contribuir ainda mais com a educação pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6- Referências Bibliográficas 
 
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à teoria e aos métodos. Lisboa: Porto Editora, 1994. 
 
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Série Seminários. São Paulo: Publicações do Espaço Pedagógico, 1996. 
 
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo. Ed. Atlas, 1999. 
 
GOLDENBERG, M. A arte de Pesquisar. Rio de Janeiro- São Paulo. Editora 
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Disponível em 
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RUIZ, L. O papel do estagiário na minha escola é muito mais que observar e 
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estagiario-na-minha-escola-e-muito-mais-que-observar-e-cortar-papeis/#comments 
Acesso em: 15 Abr. 2015 
 
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SÃO PAULO, Secretária da Educação do Estado de São Paulo, Resolução SE n° 2, 
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