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Parasitoses Intestinais Provocadas por parasitos que habitam o intestino, podem ser helmintos (vermes) ou protozoários. - Helmintos (Reino Animalia) 1) Filo Nematoda (Cilindricos): ➢ Ascaris lumbricoides ➢ Trichuris tichiura ➢ Enterobius vermicularis ➢ Strongyloides stercolaris ➢ Ancylostoma duodenale ➢ Necator americanos 2) Filo Platyhelminthes (Achatados): ➢ Taenia solium e saginata ➢ Hymenolepis nana ➢ Diphyllobothrium latum - Protozoários (Filo Sarcomastigophora) 1) Subfilo Mastigophora: ➢ Giardia lamblia 2) Subfilo Sarcodina: ➢ Entamoeba histolytica ➢ Entamoeba coli _____________________________________ Tricuriase (Trichuris trichiura) Nome popular = fio de linha. Geohelminto, nematoide, comum acompanhar o parasitismo por Ascaris lumbricoides. Habita o intestino grosso - Epidemiologia: ➢ Verme cosmopolita ➢ Prevalência maior em zonas quentes, região Norte, :Nordeste e Zona Litorânea no Brasil ➢ Mais comum em zonas urbanas do que rurais ➢ Atinge principalmente crianças ➢ Aglomerados humanos e precárias condições de higiene facilitam sua propagação - Morfologia dos vermes adultos: corpo cilíndrico, região anterior do corpo afilada e mais longa que a posterior (2/3). A parte posterior é mais robusta. ➢ Fêmeas: 4 a 5cm de comprimento, região posterior romba e reta. ➢ Machos: 3cm de comprimento, extremidade posterior recurvada ventralmente com espículo e bainha. - Ovos: muito característicos, aspecto de barril ou bandeja., extremidades com massas mucóides transparentes, casca com três camadas, no interior tem células germinativas - Características: ➢ Geohelminto: o ovo precisa passar pelo solo e evoluir até amadurecer ➢ Sobrevida: no homem = 1 a 2 anos, até 3 a 4; ovos no solo = 1 ano ➢ Oviposição diária: 3000 a 20000 ovos/dia., temperatura de 15 a 30ºC, umidade e sombra ➢ Habitat: intestino grosso do homem (extremidade anterior mergulhada na mucosa cecal); também no apêndice cecal, cólon ascendente e pouco na última porção do íleo - Alimentação: não possuem cápsula bucal, ingerem material liquefeito e sangue, penetrando parcialmente na mucosa intestinal (parte fina) - Quadro Clinico: ➢ Formas assintomáticas ➢ Formas sintomáticas: • Ulcerações e sangramento de mucosa • Diarreia crônica, cólicas intestinais e intercalada com constipação • Náuseas e vômitos • Disenteria aguda ou crônica (infecções severas) • Irritabilidade, sono agitado • Anorexia, emagrecimento • Anemia ➢ Outros sintomas que podem ocorrer: • Apendicite • Febre moderada • Enterorragia • Retardo no crescimento • Obstrução do cólon e perfuração intestinal • Prolapso retal - Patogenia: ➢ Ação traumática e infecciosa: mucosa intestinal com lesões variáveis que favorecem a colonização de bactérias ➢ Ação tóxica: toxinas decorrentes dos processos inflamatórios nos pontos de fixação dos vermes ➢ Ação irritativa: sobre as terminações nervosas da mucosa cecal ➢ Ação espoliadora: 0,005ml/dia/verme - Diagnóstico laboratorial: ➢ Exame parasitológico de fezes com pesquisa de ovos (métodos de sedimentação: espontânea ou por centrifugação) ➢ Exame de colonoscopia: possibilidade de visualização dos vermes adultos inseridos na mucosa intestinal. _____________________________________ Ascaridiase (Ascaris lumbricoides) Nome popular = lombriga ou bicha. Geohelminto. De acordo com a OMS têm-se 1,5 bilhões de parasitados no mundo, sendo 400 milhões com sintomas e 100 mil mortes anuais - Epidemiologia: ➢ Verme cosmopolita ➢ Mais frequente em regiões tropicais ➢ Prevalência maior em crianças e adolescentes ➢ Por ser geohelmintose, ligação direta ao círculo vicioso pobreza-doença. - Características: ➢ Geohelminto: o ovo precisa passar pelo solo e evoluir até amadurecer ➢ Parasito monoxênico: passa somente em um hospedeiro ➢ Período pré-patente: 45 a 60 dias, da contaminação até a possibilidade de diagnóstico laboratorial ➢ Longevidade dos ovos no solo: até 1 ano, muito aderente com temperaturas baixas (5 a 10ºC) até 2 anos ➢ Oviposição diária: até 200.000 ovos/dia/fêmea, embrionam em 15 dias ➢ Sobrevida do verme adulto parasitando: 1 ano - Morfologia dos vermes adultos: dimorfismo sexual, longos, cilíndricos, coloração branco-marfim, extremidades afiladas, boca c/ 3 grandes lábios. Tamanho dos vermes inversamente proporcional ao seu número, parasitismo normalmente por até 16 vermes mas pode chegar a 500. ➢ Fêmeas: 30 a 40cm de comprimento, extremidade posterior retilínea, mais grossas ➢ Machos: 20 a 30cm de comprimento, extremidade posterior recurvada com 2 espículos copuladores - Morfologia dos ovos: coloração marrom por conta das fezes ➢ Ovos férteis: tamanho 50x35um, arredondado, com 1 membrana e 2 cascas, casca externa grossa e mamilonada ➢ Ovos inférteis: + alongados, casca mais fina, interior com grânulos grosseiros ➢ Ovos descorticados: férteis sem a membrana mamilonada - Habitat dos vermes adultos: intestino delgado do homem, principalmente no jejuno e íleo, presos pelos lábios ou soltos na luz intestinal. Em casos de infecções maciças podem habitar todo o intestino - Quadro clinico: sempre dependendo da carga parasitária e condições do hospedeiro. Índice de parasitismo: baixo, 3 a 4 vermes; médio, 30 a 40 vermes; alto, 100 ou + vermes ➢ Sintomas bronco-pulmonares: pelo ciclo de Loss, passagem pulmonar obrigatória, gera a síndrome de Loeffler. • Tosse seca > produtiva > sanguinolenta (por conta da travessia alveolar traumática) • Dispneia que pode piorar • Sibilos (chiados no peito) • Infiltrado pulmonar que deixa zonas de opacidade ➢ Sintomas digestivos: • Falta de apetite • Dor abdominal • Distensão abdominal • Náuseas • Vômitos • Diarreia ➢ Sintomas gerais: • Cefaleia • Sono intranquilo • Ranger de dentes • Manchas brancas na pele (pano) - Patogenia: ➢ Larvas: • Fígado: focos hemorrágicos e de necrose • Pulmões: pontos hemorrágicos, pneumonia ➢ Vermes adultos: • Ações tóxica, espoliadora, mecânica e traumática ➢ Infecções maciças: • Eliminação também pela boca e/ou narinas • Localizações ectópicas: por uso da medicação imprópria ou dosagem pequena de medicação. Principais locais ectópicos: apêndice cecal (apendicite); canal colédoco (obstrução); canal de Wirsung (pancreatite) • Oclusões intestinais: parcial, massa tumoral palpável e não dolorosa, sem febre, eliminação de fezes em menor quantidade e maior nº de vezes, náuseas e vômitos; total: massa tumoral palpável e dolorosa, febre de 38,5 a 39ºC, distensão abdominal c/ parada completa de gases e fezes, peritonite - Diagnóstico laboratorial: Exame parasitológico de fezes com pesquisa de ovos (EPF) ➢ Métodos mais indicados: sedimentação espontânea ou por centrifugação ➢ Parasitismo só por fêmeas: ovos inférteis ➢ Parasitismo só por machos: sem ovos nas fezes _____________________________________Enterobiase ou Enterobiose (Enterobius vermicularis) Nome popular = oxiúrus ou lagartinha, nematoide. - Epidemiologia: ➢ Distribuição cosmopolita: maior prevalência em climas temperados ➢ Mais frequentes na faixa etária de 5 a 15 anos ➢ Alta transmissão em ambientes domésticos > ovos duram até 3 semanas ➢ Grande incidência em ambientes coletivos fechados > creches ou instituições - Características: ➢ Parasito estenoxênico: só existe no homem ➢ Ciclo monoxênico: um hospedeiro só ➢ Ovos tornam-se embrionados em + ou – 6 horas ➢ Fêmeas morrem 35 a 60 dias após postura - Morfologia dos vermes adultos: ➢ Dimorfismo sexual ➢ 0,5 a 1,0cm ➢ Cilíndricos ➢ Coloração branca ➢ Asas cefálicas ➢ Boca pequena ➢ Machos: comprimento de 0,5cm, extremidade posterior recurvada com espículo copulador ➢ Fêmeas: comprimento de 1cm, cauda longa e pontiaguda, 5.000 a 16.000 ovos = saco de ovos - Morfologia dos ovos: ➢ 50x20um ➢ Aspecto de letra D ➢ Castanho ➢ Membrana dupla, lisa e transparente ➢ Saem da fêmea larvados - Habitat dos vermes adultos: ➢ Machos e fêmeas: no ceco e apêndice ➢ Fêmeas (repletas de ovos): região perianal > eliminação de ovos ➢ Em mulheres, também na vagina, útero e bexiga ➢ Verme não se fixa na mucosa intestinal - Modos de transmissao: ➢ Heteroinfecção: ingestão ou inalação ➢ Indireta: ovos retidos nas pregas anais, contaminação pelo “toque” ➢ Autoinfecção externa ou direta: cronicidade da doença ➢ Autoinfecção interna (rara): larvas eclodem no reto e migram ao ceco ➢ Retroinfecção: larvas eclodem na região anal, penetram no ânus e vão ao ceco > vermes adultos - Quadro Clinico: ➢ Formas assintomáticas: poucos vermes ➢ Formas sintomáticas: • Mucosa anal congesta: com muco, ovos e possibilidade de fêmeas • Prurido anal intenso > coçar > nervosismo > insônia • Dores abdominais: diarreia, inapetência • Enterite catarral: inflamação do intestino que produz inflamação do muco na tentativa de expulsar os vermes • Inflamação do ceco > apendicite - Gravidade: ➢ Vulvovaginite: prurido e possibilidade de secreção ➢ Outras infecções: metrite (útero), salpingite (tuba uterina), ovarite (ovário) ➢ Granulomas por ovos: no fígado (sai do ceco via sistema porta); rim e próstata (através da uretra) - Diagnostico: ➢ Clínico: prurido anal + manifestações digestivas ➢ Laboratorial: achados de ovos por método de Graham ou fita adesiva, observar forma de coleta; EPF (?) _____________________________________ Ancilostomiase ou Ancilostomose (Ancylostoma duodenale e Necator americanus) Nomes populares = amarelão e doença de jeca tatu, nematoide. - Epidemiologia: ➢ Crianças (+ de 6 anos), adolescentes e idosos ➢ Ancylostoma: bacia do Mediterrâneo, Europa, África e Ásia ➢ Necator: Américas, África, Ásia e Oceania ➢ No Brasil, prevalência maior na faixa litorânea ➢ Larvas filaróides duram aproximadamente 14 dias no solo ➢ Pré-requisito: defecar no solo e não usar sapatos ➢ Temperatura, chuva e solo apropriados - Formas morfológicas: ➢ Vermes adultos: • Machos • Fêmeas ➢ Larvas: • Rabditóides • Filarióides ➢ Ovos - Morfologia dos vermes adultos: ➢ Coloração rósea: por constante sugação de sangue ➢ Longevidade dos vermes: 5 a 8 anos ➢ Machos: bolsa copuladora ➢ Fêmeas: extremidade afilada ➢ Ancylostoma duodenale • Cápsula bucal com 2 pares de dentes • Machos: 1cm • Fêmeas: 2cm ➢ Necator americanus • Cápsula bucal com 4 lâminas cortantes • Machos: + ou – 0,8cm • Fêmeas + ou – 1,2cm - Morfologia dos ovos: ➢ 60x40um ➢ Dupla membrana ➢ Interior com células embrionárias ➢ Igual nas duas espécies ➢ Oviposição diária: 10.000 a 20.000 - Morfologia das larvas: ➢ Larvas rabditoides • 300 a 400u • Vestíbulo bucal longo • Esôfago tipo rabditoide (com constrição) • Sai do ovo + ou – 48h após • No solo alimentam-se de bactérias e materiais orgânicos ➢ Larvas filarioides • 600u e com bainha • Bainha e cauda pontiaguda • Esôfago cilíndrico • Não comem e devem encontrar hospedeiro em + ou – 2 semanas - Habitat: ➢ Intestino delgado, principalmente no duodeno ➢ Fixado na mucosa pela capsula bucal sugando sangue o tempo todo ➢ Muda de local de 4 a 5x no dia - Quadro Clinico: ➢ Depende: • Da quantidade de vermes: 50 vermes: infecção pequena; 50 a 200: com significado clínico > anemia; 200 a 500: infecção média; 1000: infecção intensa • Das reações de hipersensibilidade do hospedeiro ➢ Sintomas cutâneos: • Sensação de picada com edema, hiperemia e prurido, dependendo do nº de larvas • A pápula inicial normalmente desaparece em 10 dias se não houver infecção secundária ➢ Sintomas pulmonares: • Não são tão comuns • Pneumonite, se houver a passagem de muitas larvas • Síndrome de Loeffler ➢ Sintomas digestivos: • Modificações/perversão do apetite: principalmente geofagia, vontade de comer terra • Dor epigástrica • Indigestão e indisposição • Náuseas e vômitos • Flatulência • Diarreia ou constipação ➢ Sintomas gerais: • Lesões na mucosa intestinal pela sugação de sangue podem gerar casos de anemia (Ancylostoma suga de 0,15 a 0,30 ml/sangue/dia e Necator de 0,03 a 0,06 ml/sangue/dia) • Fraqueza • Palidez cutânea e mucosa • Cansaço fácil, desanimo • Baixa resistência a infecções - Fases da Ancilostomiase: ➢ Aguda: • Migração das larvas no tecido subcutâneo e pulmonar • Instalação dos vermes adultos no intestino ➢ Crônica: • Permanência dos vermes no intestino = anemia por espoliação sanguínea e deficiência nutricional _____________________________________ Estrongiloidiase ou Estrongiloidiose (Strongyloides stercoralis) Nematoide. - Caracteristicas: ➢ Geohelminto ➢ Parasite preferencialmente humanos, pode infectar outros primatas, cães e gatos ➢ Menor nematoide parasita do homem ➢ Parasito comum do intestino do homem, hoje considerado oportunista - Epidemiologia: ➢ Distribuição mundial, maior em regiões tropicais e subtropicais ➢ Brasil: Minas Gerais, Amapá, Goiás e Rondônia ➢ De 0 a 15 anos - Formas morfológicas: ➢ Vermes adultos: • Fêmea partenogenética • Macho de vida livre • Fêmea de vida livre ➢ Larvas: • Rabditóides • Filarióides ➢ Ovos - Morfologia dos vermes adultos: ➢ 3 pequenos lábios na extremidade anterior ➢ Fêmea partenogenética parasita (única que parasita) • 2,2mm de comprimento • Vivem mergulhadas na mucosa do duodeno e jejuno ➢ Machos de vida livre (vivem no solo) • 0,7mm de comprimento ➢ Fêmeas de vida livre (vivem no solo) • 1,5mm de comprimento - Morfologia das larvas: ➢ Larvas filarioides (forma de contaminação) • 500um de comprimento • Esôfago reto • Cauda bifurcada ou entalhada • Pouca longevidade no solo (5 semanas) ➢ Larvas rabditoides (forma eliminada nas fezes) • 200um de comprimento • Vestíbulo bucal curto • Esôfago do tipo rabditoide (c/ constrição) • Eclodem do ovo logo após a postura - Morfologia dos ovos: ➢ Semelhantes aos ovos de ancilostomídeos ➢ Raramente observado em fezes, somente alguns casos de diarreia severa- Vias de contaminação (cutânea e/ou mucosa): ➢ Larvas sobrevivem até 4 semanas no solo ➢ Formas de contaminação: • Hetero ou primo-infecção: larvas filarioides infectantes penetram na pele/mucosas • Autoinfecção externa: larvas rabditoides se transformam em filarioides na região perianal e lá penetram • Autoinfecção interna: larvas rabditoides se transformam em filarioides no intestino = cronificação (permanência da doença por 20 ou 30 anos) ➢ Em imunodeprimidos, principalmente c/ o uso de corticoides, pode haver hiperinfecção - Quadro clinico: ➢ Ligado a fatores como: • Carga parasitária adquirida • Estado nutricional do hospedeiro • Resposta imunitária do individuo ➢ Sintomas cutâneos • Mais comum nas reinfecções • Edema • Eritema • Prurido • Pápulas hemorrágicas • Urticárias • Pode haver migração das larvas (larva currens) ➢ Sintomas broncopulmonares • Associado ao nº de larvas que vão passar nos pulmões • Tosse c/ expectoração ou não • Febre • Dispneia • Crises tipo asmatiformes • Síndrome de Loeffler ➢ Sintomas digestivos • Simulam úlcera péptica e gastrite, ligados a ingestão alimentar • Dor epigástrica antes das refeições • Plenitude pós-prandial • Pirose (azia) • Diarreia em surtos • Náuseas e vômitos • Pode haver síndromes disentéricas c/ esteatorreia (fezes gordurosas) (causando desidratação c/ choque hipovolêmico) ➢ Sintomas gerais: • Em pacientes com estrongiloidiase crônica • Anemia com astenia • Insônia • Sudorese • Tonturas • Inapetência, emagrecimento e desidratação • Irritabilidade - Patogenia digestiva: ➢ Enterite catarral: reação inflamatória c/ grande produção de muco (expulsão) ➢ Enterite edematosa: inflamação c/ infiltração (síndrome de má absorção) ➢ Enterite com ulceração: inflamação c/ úlceras e invasão bacteriana, cicatrização com tecido fibroso, diminui o peristaltismo e causa íleo paralítico (constipação intestinal). - Estrongiloidiase disseminada ou hiperinfecção: ➢ Aceleração da autoinfecção interna: grande transformação de larvas rabditoides em filarioides que atravessam a mucosa intestinal e disseminam por todo o organismo > aumento exagerado de parasitos principalmente no intestino e pulmões ➢ Acontece principalmente em pacientes imunodeprimidos por: • Desnutrição • Doença intercorrente • Quimioterapia • Uso prolongado de corticoides
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