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Professor: Raí Nabichedí da Silva SÍNDROME METABÓLICA O termo “síndrome metabólica” (SMet) foi proposto ao final da década de 1990, caracterizando-se como uma associação complexa de desordens metabólicas, incluindo a intolerância a glicose (diabete tipo 2, diminuição da tolerância à glicose ou hiperglicemia), resistência à insulina, obesidade central, dislipidemia e hipertensão arterial, que aumentam o risco para doença cardiovascular e diabete melito tipo 2. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a SMet é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular usualmente relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina. No Brasil, os dados de prevalência de SMet são escassos, e entre os poucos estudos de base populacional acerca da prevalência de SMet em adultos brasileiros foram encontrados valores que variaram entre 56,8% em nipo-brasileiros do estado de São Paulo; 23,7% na população de Salvador; 24,8% nos residentes do semiárido baiano; 25,4% na população urbana da cidade de Vitória; e 32% no Distrito Federal. A publicação, em 2009, de um comunicado conjunto de renomadas instituições (International Diabetes Federation, National Heart, Lung, and Blood Institute, American Heart Association, World Heart Federation, International Atherosclerosis Society e International Association of the Study of Obesity) orientou para um consenso na definição da SMet e seus critérios diagnósticos, conforme a Tabela 1, a seguir. Tabela 1. Critérios para diagnóstico clínico da Síndrome Metabólica Medida Categorização dos pontos de corte Circunferência da cintura aumentada Definições populacionais e específicas para cada país Triglicerídeos aumentados (tratamento medicamentoso para hipertrigliceridemia é um indicador alternativo) ≥ 150 mg/dL (1,7 mmol/L) Valores reduzidos de HDL-c (tratamento medicamentoso para HDL-c baixo é um indicador alternativo) Homens: < 40 mg/dL (1 mmol/L) Mulheres: < 50 mg/dL (1,3 mmol/L) Hipertensão arterial (tratamento medicamentoso anti-hipertensivo em paciente com história de hipertensão é um indicador alternativo) Pressão sistólica ≥ 130 e/ou diastólica ≥ 85 mm Hg Glicemia de jejum aumentada (tratamento medicamentoso para hiperglicemia é um indicador alternativo) ≥ 100 mg/dL Fonte: adaptada de Alberti et al., 2009. A definição de SMet permite inferir acerca das diretrizes para seu tratamento, que atribui aos fatores ambientais a maior responsabilidade por sua manifestação. Qualquer programa de intervenção necessita de perspectivas comportamentais, atuando sobre a UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP ESCOLA DA SAÚDE – POLO CAICÓ GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO NUTRIÇÃO NO ADULTO E NO IDOSO redução da obesidade e aumento na atividade física, de acordo com avaliação médica e intervenção farmacológica. TRATAMENTO NUTRICIONAL Globalmente, o processo de urbanização foi acompanhado por mudanças de comportamento, principalmente com relação à dieta e à atividade física. A alimentação industrializada, tão comum no mundo contemporâneo, caracteriza-se pela oferta predominante de energia, rica em carboidratos simples e gorduras. Por sua vez, o modo de vida das pessoas foi se tornando cada vez mais sedentário nas últimas décadas. À parte do imenso e acelerado desenvolvimento tecnológico na área de saúde, a prevenção e o tratamento da obesidade devem incluir, necessariamente, aspectos relacionados à promoção de padrão alimentar saudável e modo de vida ativo. Outras propostas para controle da obesidade que não promovam o cuidado com o comportamento, associado à alimentação e à atividade física, podem ganhar popularidade, mas fracassam em termos de eficácia e eficiência. Dada a emergência da situação com a elevada prevalência das DCNT e obesidade, foi aprovada, em 1999, no Brasil, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), que trouxe como uma de suas diretrizes a promoção de práticas alimentares e estilo de vida saudáveis. Em 2004, a OMS publicou a Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, documento que aponta os modos de vida saudáveis, em especial a alimentação e a atividade física, como elementos fundamentais nas ações de saúde pública. No Brasil, a aprovação, em 2006, da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) institucionalizou a promoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática de atividade física e/ou práticas corporais como ações prioritárias para se promover a saúde e reduzir os riscos para DCNT, por meio de ações sustentáveis e integradas. Paralelamente, a criação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), em 2008, representou um avanço para a integração das ações de atenção e promoção da saúde, favorecendo a formação de redes de suporte social. Mais recentemente, em 2011, foi lançado o Programa Academia da Saúde, visando à implantação de polos com infraestrutura, equipamentos e profissionais para a orientação de práticas de atividade física e modos de vida saudáveis, cujas atividades estão associadas às ações do NASF. Em todos esses documentos, a promoção da saúde por meio da alimentação e prática de atividade física é o tema central. Tais medidas servem não apenas para a prevenção de obesidade, mas também para seu tratamento. Da mesma maneira que as ações de saúde pública devem ser desenvolvidas, individualmente, a dietoterapia ou o aconselhamento nutricional são abordagens fundamentais para garantir uma nova condição de saúde. As mudanças dietéticas para controle de quantidade e qualidade das refeições devem ser a base do tratamento da obesidade, mesmo quando esse tratamento incluir medicação e/ou cirurgia bariátrica. No caso da dietoterapia, porém, a conduta deve ser individualizada, respeitando-se a história clínica do doente, seu contexto social e cultural, bem como o estágio de mudança de comportamento em que o indivíduo se encontra. Recomenda-se que a abordagem seja multidisciplinar, uma vez que, além dos fatores clínicos e nutricionais, outros aspectos, como comportamento, estado emocional, prática de exercícios, entre outros, também devem ser considerados. De maneira geral, pode-se dizer que as ações em saúde pública favorecem a criação de um ambiente propício para a atenção dietética individualizada. São, portanto, ações complementares. TERAPIA NUTRICIONAL PARA O INDIVÍDUO OBESO OU PORTADOR DE SÍNDROME METABÓLICA O Consenso Latino-americano de Obesidade e as diretrizes do tratamento da SM apresentam de forma clara e objetiva as bases do tratamento dietético, recomendado pelas sociedades científicas. Os dois documentos mostram-se complementares, uma vez que essas duas condições não diferem em termos do manejo nutricional e visam ao controle do peso, evitando o excesso de gordura corpórea. Seja qual for o grau de obesidade inicial, o objetivo do tratamento não será atingir o peso ideal e sim obter perda modesta e sustentada de gordura corpórea e atenuar os riscos associados à morbimortalidade. As metas do tratamento deverão ser estabelecidas em termos de qualidade de vida e saúde e, para esta última, não apenas o peso, mas os parâmetros metabólicos, como circunferência da cintura, pressão arterial e perfil bioquímico, deverão ser considerados. O maior desafio para os nutricionistas que atuam nesta área é a adesão ao tratamento e a sustentação dos resultados em longo prazo. Iniciar uma dieta é tarefa fácil, em comparação à manutenção dos hábitos saudáveis, à monitoração do peso e a outros parâmetros de saúde, por toda a vida. Outro aspecto fundamental é a individualização do tratamento. Não existe cardápio ou dieta especial que sirva para todos os indivíduos e que promova emagrecimento pré- definido por unidade de tempo. Para que hábitos saudáveis sejam incorporados, o profissional deverá estudar a fundo o cotidiano do seu paciente eindividualizar as orientações. A conduta deverá ser dinâmica e sofrer adaptações, conforme a resposta ao tratamento e a aceitação da dieta. Para o tratamento clínico da obesidade, recomenda-se um plano de restrição energética moderada. Nele, o valor energético da dieta será determinado individualmente, de acordo com o consumo energético habitual, estimado a partir do inquérito alimentar. Aconselha-se reduzir, progressivamente, de 500 kcal a 1.000 kcal por dia. Neste plano, a energia da dieta prescrita não deve ser inferior a 1.200 kcal. Outra forma de prescrever a energia da dieta é fornecer 20 kcal por kg de peso corpóreo atual (20 kcal/kg), de acordo com as diretrizes nacionais de SM. Assim, é possível promover um balanço energético negativo, associado a um estilo de vida ativo, visando ao emagrecimento a uma velocidade estimada de 0,45 a 0,90 kg/semana. A Tabela 2 apresenta um resumo quanto ao conteúdo de nutrientes recomendado no plano de restrição energética moderada. Não se recomenda dieta hiperprotéica, assim como uma restrição absoluta de carboidratos para o emagrecimento. A dieta deve conter frutas e hortaliças, por serem boas fontes de fibras e uma das principais diretrizes da alimentação saudável. O controle da ingestão de sódio (até 5 g de NaCl) pode ser importante, particularmente para os indivíduos com SM e hipertensão, ainda que a perda de peso, por si só, promova melhora dos níveis pressóricos. Tabela 2. Recomendações dietéticas no plano de restrição energética moderada para tratamento da obesidade. Carboidratos 55 a 60% (com cerca de 20% de absorção simples) Proteínas 15 a 20% (não menos que 0,8 g/kg de peso desejável) Gorduras 20 a 25% (7% de gorduras saturadas, 10% de polinsaturadas e 13% de monoinsaturadas) Fibras Entre 20 e 30 g/dia Álcool Não é aconselhável o consumo Colesterol Até 300 mg/dia Vitaminas e minerais De acordo com as necessidades nutricionais (atingido em dietas com 1.200 kcal ou mais) Cloreto de sódio Adequado à situação biológica individual Lipídios 1.500 mL para cada 1.000 kcal Esquema alimentar Recomenda-se fracionamento em 6 refeições diárias Fonte: Consenso Latino-americano em Obesidade, Federação Latino-americana de Sociedades de Obesidade. Rio de Janeiro, 1998. Outros planos alimentares, como dieta de baixo valor energético (entre 800 a 1.200 kcal) ou de muito baixo valor energético (menos de 800 kcal) também são descritos no consenso de obesidade, mas restringem-se a situações cujo tratamento será por um curto período, idealmente monitorado em ambiente hospitalar, e em caso de obesidade mórbida. A experiência clínica tem mostrado que, embora a perda ponderal com as dietas mais restritas seja maior, o que pode motivar inicialmente o paciente, a sustentação do resultado é ainda mais difícil. Isso é reflexo, p.ex., do emagrecimento intenso e diminuição da taxa de metabolismo de repouso, tanto pela possível perda de massa magra como pela redução dos níveis de leptina. Além disso, o paciente apresenta aumento do apetite como consequência da redução da leptina e do aumento da grelina, que são importantes hormônios reguladores da fome e da saciedade. O rebote de peso é mais comum quanto mais rápido e intenso for o emagrecimento, caso encontrado em dietas bastante restritas em energia. A estratégia moderna de intervenção prevê uma atuação multidisciplinar. Aspectos relacionados à motivação do paciente, ao seu comportamento e à necessidade de associação de diferentes frentes de tratamento, como atividade física, dieta, medicação e, até mesmo, cirurgia de obesidade não permitem que apenas um profissional seja suficiente para abordar todos os aspectos clínicos e ambientais que envolvem a obesidade. Ao nutricionista cabe avaliar de forma ampla o contexto da alimentação e todos os fatores de risco presentes em cada situação. Assim, não basta receber o paciente, calcular uma dieta hipoenergética e entregá-la, como se fosse fácil conseguir uma boa adesão e resultado. O modelo de algoritmo para o tratamento da obesidade desenvolvido por Serdula, Khan e Dietz (2003) exemplifica a abordagem e o acompanhamento de um indivíduo com obesidade (Figura 1). Esse modelo pode ser descrito em seis etapas. 1. Inicialmente, é preciso proceder a avaliação nutricional do paciente e a determinação do IMC e da circunferência de cintura e identificar os fatores de riscos cardiovasculares presentes. Caso os valores estejam dentro dos limites aceitáveis, não se recomenda iniciar um tratamento para obesidade. Outros fatores de risco, como sedentarismo e tabagismo, deverão ser registrados e o paciente deve ser orientado a fazer um monitoramento periódico do seu peso e do estilo de vida. 2. Em indivíduos com obesidade ou excesso de peso e aumento da circunferência da cintura, mesmo havendo fatores de risco associados, antes de iniciar o tratamento, é preciso perguntar ao paciente se ele está preparado para perder peso e disposto a assumir todas as atitudes envolvidas para alcançar este objetivo. Avaliar, portanto, a motivação do paciente faz com que se diminua a ocorrência de fracassos e abandonos do tratamento. Sugere-se que o tratamento seja iniciado apenas com aqueles que manifestarem claramente disposição para perda de peso. Caso contrário, o paciente deve ser orientado quanto à necessidade de monitoramento periódico do peso corpóreo e os fatores de risco associados. 3. Na terceira etapa começa o aconselhamento, quando serão estabelecidas as metas de perda de peso e o ritmo de emagrecimento desejável e possível. Neste momento, o profissional deve esclarecer que quanto maior e mais rápida for a perda ponderal, mais difícil será a manutenção do resultado em longo prazo. A perda de peso na ordem de 5 a 10% do peso inicial é suficiente para melhora dos principais parâmetros da SM. Metas inalcançáveis também parecem ser causas de baixa adesão ao tratamento. 4. Depois de estabelecida a meta de perda de peso, inicia-se o tratamento. Este deverá, necessariamente, contemplar um estilo de vida saudável, em termos de padrão alimentar e atividade física. Quantitativamente, a dieta com restrição energética moderada parece ser a mais eficiente. 5. Outros componentes do tratamento da obesidade, como medicação e cirurgia para perda de peso, poderão ser indicados, porém sua vigência não exclui a necessidade do manejo da alimentação e atividade física, pelo contrário, o sucesso do tratamento e manutenção dos resultados só serão possíveis se houver adequação a um estilo de vida saudável. 6. A fase de acompanhamento é a mais importante e complexa. Nela, o paciente precisa adquirir autoconfiança e capacidade de tomar decisões adequadas em diferentes situações, como viagens, festas e alterações de humor. Mesmo assim, é preciso que o profissional acompanhe essa fase e avalie, junto com o paciente, as dificuldades encontradas e proponha soluções factíveis. Sem o acompanhamento, o rebote de peso ocorre com mais frequência e, possivelmente, o indivíduo abandona o tratamento, podendo recorrer às alternativas e terapias que prometem milagres e resultados imediatos. Neste modelo, proposto já nas primeiras consultas, é aconselhável que o profissional estabeleça todo o planejamento, registrando metas, intercorrências e todos os aspectos da evolução do tratamento. Figura 01. Algoritmo para o tratamento da obesidade. Fonte: Serdula, Khan, Dietz, 2003. ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL A dietoterapia será efetiva se houver acompanhamento nutricional individualizado, dinâmico e continuado. No tratamento da obesidade, as orientações devem abranger diversos campos, que vão dos conceitos até as estratégias necessárias para adoção de hábitos saudáveis. O Quadro 1 apresenta exemplos de habilidades e atitudes, em nível cognitivo, motor e afetivo, quedeverão ser desenvolvidos, junto ao paciente obeso, ao longo do tratamento, com o objetivo de sua aplicação rotineira. Quadro 1. Habilidades e atitudes que deverão ser desenvolvidas junto ao paciente obeso, ao longo do acompanhamento nutricional. Habilidade cognitiva Técnica dietética Comportamento Identificar os riscos associados à obesidade e comorbidades. Identificar ingredientes saudáveis para as preparações cotidianas. Desenvolver padrão de mastigação eficiente. Reconhecer o papel do estilo de vida saudável para controle de peso e comorbidades. Escolher técnicas e alimentos adequados para o preparo de refeições saudáveis. Fracionar a dieta, de preferência com seis refeições diárias. Conhecer os grupos de alimentos e suas propriedades nutricionais. Limitar o uso de sal, açúcar e gorduras nas preparações. Fazer as refeições à mesa, de preferência com a família. Entender as informações nutricionais contidas nos rótulos de alimentos. Planejar cardápios saborosos, com variedade e equilíbrio. Estar atento aos ajustes necessários em situações especiais, como festas e viagens. É necessário desenvolver um aconselhamento nutricional gradativo, que respeite o grau de dificuldade na mudança de comportamento, para que essas possam ser incorporadas aos poucos e ao longo do tratamento. Outra estratégia para melhorar a adesão ao tratamento é oferecer, além do plano alimentar, opções e dicas para variar os cardápios, por meio de listas de substituições, guias alimentares, receituários culinários e lista de compras. No Guia alimentar para a população brasileira (observação: consultar edição mais atual), as diretrizes incluem o consumo de alimentos saudáveis e fracionamento adequado das refeições, a ingestão de todos os grupos alimentares, o consumo hídrico, a prática de atividades físicas e a qualidade sanitária dos alimentos. Todos esses aspectos devem ser fortemente valorizados durante o acompanhamento nutricional do obeso. Do ponto de vista comportamental, para que a perda e a manutenção do peso sejam bem sucedidas, é fundamental que cada paciente esteja consciente sobre sua condição de obesidade e as formas de tratamento. Avaliar fatores psicológicos envolvidos, assim como os objetivos individuais e as expectativas de perda de peso, é importante para garantir os resultados. O tratamento comportamental baseia-se em princípios e técnicas utilizadas para mudar o comportamento e hábitos inadequados juntamente com a conduta nutricional e o incentivo à prática de atividades físicas. Algumas estratégias são indicadas para adequar o comportamento dos pacientes. São elas: auto-monitoramento: por meio de diários alimentares, o paciente deve registrar os alimentos consumidos e todas as atividades físicas, ocupacionais e recreativas realizadas. Além disso, é importante registrar o local das refeições, o grau de fome e o estado de humor no momento da refeição. O auto-monitoramento refere-se também ao registro do peso corpóreo, em intervalos regulares; estabelecimento de objetivos: para que haja uma mudança no comportamento alimentar, é necessário estabelecer objetivos específicos, individualizados, realistas, desafiadores e com aumento gradual da dificuldade à medida que são cumpridos. É importante determinar em que período os objetivos serão cumpridos, o que será traduzido por metas; controle de estímulos: trata-se da identificação dos fatores e das situações de risco que estimulam o consumo em excesso e a inatividade física. No processo de autocontrole, o indivíduo manipula seu próprio ambiente para produzir mudanças em seu comportamento, reduzindo estímulos para comportamentos indesejáveis e aumentando-os para práticas de alimentação e de atividade física adequadas; substituição do comportamento: muitas pessoas comem excessivamente em resposta a um estímulo emocional, ou seja, quando estão ansiosas, tristes, alegres, cansadas etc. O paciente deverá identificar os horários e momentos de “perigo” e encontrar ações alternativas que substituam o ato de comer, como a prática de esportes, o estudo, a dança ou a música; resolução de problemas: mais uma vez, todos os fatores que anulam o esforço para a perda de peso devem ser primeiramente identificados e, em seguida, deverão ser sugeridas soluções para resolução de cada fator. Após listar os prós e contras de cada solução, deve-se escolher a mais aplicável para o momento, estabelecer metas e período para resolução. Os resultados devem ser sempre avaliados; reestruturação cognitiva: pensamentos negativos podem se tornar obstáculos para mudança de comportamento. Pacientes devem aprender a monitorar esses pensamentos que interferem em sua habilidade de alcançar seus objetivos e substituí-los por pensamentos mais racionais. Os principais pensamentos são os dicotômicos (“se eu não posso me exercitar por 30 min, eu não posso me exercitar”) e os compensatórios (“porque tive um dia estressante, mereço um doce”). Além disso, muitos pacientes possuem expectativas de peso bem diferentes do que é possível alcançar e, para evitar frustrações, é necessário que estejam conscientes sobre a velocidade de perda de peso e seu peso saudável; prevenção de recaídas: podem haver lapsos durante o tratamento e, por isso, os pacientes precisam identificar e antecipar situações problemáticas, desenvolvendo estratégias para superá-las. O suporte social também possui papel fundamental nas estratégias comportamentais para o controle da obesidade. A participação em grupos de apoio, o envolvimento em alguma atividade social e a coparticipação dos familiares e amigos contribuem para uma melhor auto-aceitação e para a redução nas cobranças dos parentes e pessoas próximas durante o tratamento. De forma geral, a dietoterapia e o acompanhamento nutricional visam ao estabelecimento de uma rotina alimentar adequada. As estratégias comportamentais favorecem a adesão aos procedimentos que deverão ser entendidos e assumidos de forma eficiente. Contudo, poderá haver necessidade de tratamentos coadjuvantes ao estilo de vida, dependendo do grau de obesidade e comorbidades associadas. REFERÊNCIAS ALBERTI, K.G.; ECKEL, R. H.; GRUNDY, S.M.; ZIMMET, P.Z.; CLEEMAN, J.I.; DONATO, K.A. et al. 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