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ARTIGOS 
Damos o nome de Artigo às palavras o e um (e suas 
flexões) que se antepõem a um substantivo determinando-
o de modo preciso (o e suas flexões) ou de modo vago 
(um e suas flexões), indicando-lhe o gênero e o número. 
 O atleta veio de uma cidade pequena. 
 Os atletas vieram de umas cidades pequenas. 
 A expedição percorreu um lugar inóspito. 
 As expedições percorreram uns lugares inóspitos. 
 
O artigo é uma palavra gramatical, isto é, isoladamente 
não possui significado. Sempre está ligado a um 
substantivo do qual depende e com qual concorda em 
gênero e número, formando um grupo nominal cujo 
núcleo será o substantivo. 
 Veja: 
 O atleta 
 As expedições 
 Um lugar inóspito 
 Uns lugares inóspitos 
 
Com isso, permite-se também a distinção de substantivos 
homônimos, tais como: 
o cabeça a cabeça o guarda a guarda 
o caixa a caixa o guia a guia 
o capital a capital o lente a lente 
o cisma a cisma o língua a língua 
o corneta a corneta o moral a moral 
o cura a cura o voga a voga 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS 
Os artigos são classificados em: 
a) Artigo Definido: determina o substantivo de modo 
preciso, particularizando-o. Pode ser singular (o, a) ou 
plural (os, as). 
 O menino resolveu a questão. 
 Os meninos resolveram as questões. 
 
b) Artigo Indefinido: determina o substantivo de modo 
vago, impreciso, generalizando-o. Pode ser singular 
(um, uma) ou plural (uns, umas). 
 
 Um homem viajou para uma cidade distante. 
 Uns homens viajaram para umas cidades distantes. 
 
 
PROPRIEDADES DO ARTIGO 
 
1. A anteposição do artigo pode substantivar qualquer 
palavra. 
 Veja: 
 Vamos deixar de lado os entretantos e vamos 
. direto aos finalmentes. 
(entretanto: conjunção substantivada, exercendo a função 
de complemento de “deixar"); 
(finalmente: advérbio substantivado, exercendo a função 
de complemento de “vamos”). 
 
 Veja: 
 Como resposta recebeu um não. 
(não: advérbio substantivado, exercendo a função sintática 
de “recebeu"). 
 
 Veja: 
 Na vida jornalística, o porquê dos fatos nunca 
pode ser desprezado. 
(porquê: conjunção substantivada, exercendo a função 
sintática de núcleo do sujeito). 
 
2. O artigo evidência o gênero e o número do substantivo 
que estiver determinando: 
 Veja: 
 Fiquei com um dó danado do menino. 
(dó: substantivo masculino singular). 
 
 Veja: 
 No almoço, comeu uma omelete. 
(omelete: substantivo feminino singular). 
 
 Veja: 
 Convidaram a colega para jantar. 
(colega: substantivo feminino singular). 
 
 Veja: 
 Os colegas de Pedro chegaram atrasados. 
(colegas: substantivo masculino plural). 
 
 Veja: 
 O lápis estava diante dele. 
(lápis: substantivo masculino singular). 
 
 Veja: 
 Os lápis estavam diante dele. 
(lápis: substantivo masculino plural). 
 
FORMAS DOS ARTIGOS 
 
Forma Simples: 
 
a) No português antigo havia as formas lo (la, los, las) e 
el do artigo definido. 
É usado atualmente, apenas o artigo el, em alguns 
topônimos como: São João del-Rei, e outros antigos, 
como São José del-Rei (hoje Tiradentes) e Sergipe del-Rei. 
Dos Azevedos, família antiga na província de Sergipe 
d’El-Rei, viviam na Estância três irmãs, Felicidade, Turíbia, 
Umbelina e um irmão padre. 
(G. Amado, HMI, 4.) 
 
Forma Composta 
 
1. Artigo definido: a forma composta do artigo definido 
é a junção entre os artigos definidos com as preposições 
(a, de, em e por). Veja na tabela abaixo. 
 
Observação: 
Crase. O artigo definido feminino quando vem precedido 
da preposição a, funde-se com ela, e tal fusão (= crase) é 
representada na escrita por um acento grave sobre a vogal 
(à). 
Será aprofundado mais a frente. Apenas guarde esta 
informação ! 
 
a. Quando a preposição antecede o artigo definido que faz 
parte do título de obras (livros, revistas, jornais, contos, 
poemas, etc.), não há uma prática uniforme. Na língua 
escrita, porém, deve-se neste caso: 
▪︎ evitar a contração, pelo modelo: 
Camões é o autor de Os Lusíadas. 
A notícia saiu em O Globo. 
 
▪︎ a indicação pelo apóstrofo, suspendendo a vogal da 
preposição, não é aceita na linguagem brasileira. Veja 
exemplos abaixo. 
Camões é o autor d’Os Lusíadas. 
A notícia saiu n’0 Globo. 
(Aceita apenas em Portugal). 
 
c. Quando a preposição que antecede o artigo está 
relacionada com o verbo, e não com o substantivo que o 
artigo introduz, é arbitrário o uso do artigo na sua forma 
separada ou contraída. 
A circunstância de as / das vindimas juntarem a família 
prestava-se a uma reunião anual na Junceda. 
(M. Torga, V, 159.) 
— Estou-me esforçando, Sr. Juiz, por conservar o jeito 
especial de o / do garoto falar. 
(A. M. Machado, HR, 27.) 
 
2. Artigo Indefinido: a forma composta do artigo 
indefinido é a junção entre os artigos definidos com 
as preposições (em e de). Veja na tabela abaixo. 
 
a. As preposições em e de, antepostas ao artigo indefinido 
que integra o título de obras, separam-se dele na escrita: 
Sofríamos do que, em Um Olhar sobre a Vida, qualifiquei 
de “insônia internacional”. 
(Genolino Amado, RP, 21.) 
Ou no caso da outra Maria, a de Um Capitão de 
Voluntários, criatura esta “mais quente e mais fria 
do que ninguém”. 
(A. Meyer, SE, 45.) 
 
b. Também não é aconselhável, mas é usual, a contração 
do artigo indefinido com a preposição que se relaciona 
com o verbo, e não com o substantivo que o artigo 
introduz. 
A obra atrasou-se em virtude de uns operários se terem 
acidentado. 
 
EMPREGO DO ARTIGO DEFINIDO 
 
▪︎ COM OS SUBSTANTIVOS COMUNS 
Na língua de nossos dias, o artigo definido é, em geral, 
um mero designativo, anteposto a um substantivo 
qualquer. 
Assim: 
O aparelho de chá, o faqueiro, os cristais e os tapetes 
tinham ficado com ele. 
(L. Fagundes Telles, ABV, 13.) 
Sumiu-se a rapariga. 
(C. de Oliveira, AC, 123.) 
Este seu valor costuma ser enfatizado, quando o 
substantivo vem anteposto de um artigo definido, 
dando assim um caráter único ou universal ao 
elemento. Neste caso, o artigo definido é chamado 
de artigo de notoriedade. 
Tive, há alguns meses, um momento crítico, ou talvez, por 
certos lados, o momento crítico, da minha vida. 
(A. de Quental, C, 357.) 
Não era uma loja qualquer: era a Loja. 
(C. dos Anjos, MS, 350.) 
 
EMPREGOS PARTICULARES DO ARTIGO DEFINIDO 
 
Entre os empregos particulares do artigo definido devem 
ser mencionados os seguintes: 
Emprego como demonstrativo 
1. O artigo definido provém do pronome demonstrativo 
latino ille-, illa, illud (= aquele, aquela, aquilo). Este valor 
demonstrativo foi-se perdendo pouco a pouco, mas ainda 
subsiste, embora enfraquecido. Observe. 
Permaneceu a [= esta, ou aquela] semana inteira em casa. 
Partimos no [= neste] momento para São Paulo. 
Levarei produtos da [— desta] região. 
 
2 . É também usual o valor demonstrativo do artigo que 
faz entender que o substantivo é algo que o locutor ou 
o ouvinte já saibam da informação. 
Sirva de exemplo esta frase: 
Pedro foi um ativista desde a Faculdade. 
[Isto é: aquela Faculdade que os interlocutores sabem qual 
seja.] 
 
Emprego do artigo 
Este emprego do artigo definido é frequente antes de 
substantivos que designam: 
▪︎ partes do corpo: 
Passeia mão pelo queixo. 
(L. Fagundes Telles, ABV, 15.) 
Ela repeliu-o então e firmou-se nos cotovelos, enfurnando 
a cara nas mãos. 
(U. Tavares Rodrigues, TO, 71.) 
 
▪︎ peças de vestuário ou objetos de uso pessoal: 
Abel Matias, calado, veste as calças e a camisa. 
(O. Mendes, P, 130.) 
Ao anoitecer vestiu o impermeável, enfiou o chapéu e saiu. 
(É. Veríssimo, LS, 138.) 
▪︎ faculdades do espírito: 
Chegou a tomar balanço para as habituais meditações. 
(A. Abelaira, D, 19.) 
Nunca mais pude separar a lembrança dela em mim. 
(D. Nilson, TA, 10) 
O velho embalava o pensamento. 
(Autran Dourado, TA, 42.) 
▪︎ relações de parentesco: 
Nunca mais pude separar a lembrança da prima da 
sensação cromática das escalas musicais. 
(P. Nava, BO, 365.) 
— Já não chamou pela mãe!... 
(M.Torga, V, 186.) 
 
Observação: 
Porém, não se emprega o artigo quando estes nomes 
formam com as preposições de ou a uma locução 
adverbial. 
Pus-me de joelhos. 
Emagrece a olhos vistos. 
 
Emprego do artigo antes dos possessivos 
 
Em português, o emprego ou a omissão do artigo definido 
antes de possessivos é arbitrário, apenas o sentido muda 
ao empregar ou não o artigo. 
Comparem-se, por exemplo, as frases seguintes: 
Este cinto é meu. 
Este cinto é o meu. 
-Com a primeira, pretende-se acentuar a simples ideia de 
posse. Equivale a dizer-se: “Este cinto pertence-me, é de 
minha propriedade”. 
-Com a segunda, porém, faz-se convergir a atenção para o 
objeto possuído, que se evidencia como distinto de outros 
da mesma espécie, não pertencentes à pessoa em causa. 
O seu sentido será: “Este é o meu cinto, o que possuo”. 
 
 
Antes de pronome adjetivo possessivo 
1. Quando trazem claros os seus substantivos, 
os possessivos podem usar-se: 
▪︎ com artigo ou sem ele: 
Meu amor é só teu. 
O meu amor é só teu. 
A presença do artigo antes de pronome adjetivo 
possessivo ocorre com menos frequência no Brasil. 
— A minha irmã e o meu cunhado costumam receber 
os seus amigos mais íntimos. 
(A. Abelaira, D, 107.) 
Meu avô materno foi verdadeiramente minha primeira 
amizade, companheiro de brinquedo da minha primeira 
infância. 
(G. Amado, HMI, 4.) 
 
2 . O artigo é sistematicamente omitido quando o 
possessivo: 
▪︎ é parte integrante de uma fórmula de tratamento ou 
de expressões como Nosso Pai (referente ao Santíssimo), 
Nosso Senhor, Nossa Senhora: 
Sua Excelência Reverendíssima escusou-se de recebê-los 
pessoalmente. 
(B. Santareno, TPM, 37.) 
Nosso Senhor tinha o olhar em pranto. 
Chorava Nossa Senhora. 
(A. de Guimaraens, OC, 121.) 
▪︎ faz parte de um vocativo: 
— Morrer, meu Amo, só uma vez! 
(A. Nobre, S, 106.) 
— É neto, meu padrinho? 
(J. Lins do Rego, MVA, 251.) 
▪︎ pertence a certas expressões feitas: 
-em minha opinião... 
-em meu poder... 
-por minha vontade... 
-por meu mal... 
▪︎ vem precedido de um demonstrativo: 
— Não aguento mais esse teu silêncio antipático. 
(U. Tavares Rodrigues, TO, 162.) 
— Isto, aliás, seria benefício a este seu criado. 
(C. dos Anjos, M, 173.) 
 
Observação: 
-Se o possessivo estiver posposto ao substantivo, este virá 
normalmente precedido de artigo: 
Quanto mistério nos olhos teus... 
(V. de Morais, PCP, 334.) 
-Pode, no entanto, dispensá-lo, quando nos referimos a 
algo de modo impreciso ou vago: 
Tenho estado à espera de notícias tuas, mas vejo que não 
chegam nunca. 
(A. Nobre, Cl, 117.) 
 
Emprego Genérico 
a. O uso do artigo definido junto a um substantivo no 
singular, serve para exprimir a totalidade específica 
de um gênero, de uma categoria, de um grupo, de 
uma substância: 
O guarani fez-se aliado do espanhol. 
(J. Cortesão, IHB, II, 126.) 
O relógio é um objeto torturante: parece algemado ao 
tempo. 
(C. Lispector, SV, 113.) 
-Se o substantivo é abstrato, o artigo serve para 
personalizá-lo: 
Sacrificou um pouco, sobretudo no exórdio, a articulação 
do seu discurso para evitar o brilho, a saliência, a ênfase. 
(M. Bandeira, AA, 306.) 
Era o deus vivo que os tinha na sua mão, o amigo-inimigo 
donde lhes vinha todo o bem e todo o mal, a miséria e 
o pão, o luto e a alegria. 
(Branquinho da Fonseca, MS, 173.) 
-Entre os abstratos incluem-se naturalmente os adjetivos 
substantivados: 
Eu trabalho com o inesperado. 
(C. Lispector, SV, 14.) 
O pior é que nos apareceram outros doentes. 
(E Namora, CS, 157.) 
 
Observação: 
Nestes casos pode-se dispensar o artigo, principalmente 
quando o substantivo é abstrato. 
Pobreza não é vileza. 
Cão que ladra não morde. 
Homem não é bicho. 
Preto como azeviche. 
Emprego em expressões de tempo 
l.° ) Omite-se o artigo antes de nomes de meses 
admitem artigo, a menos que venham acompanhados 
de qualificativo: 
Estou seguro de ir até o Rio em fins de junho ou princípios 
de julho. 
(M. de Andrade, CMB, 102.) 
Descobria afinal a manhã carioca, no abril de Botafogo, 
manhã que antes nunca me dera o ar de sua graça. 
(Genolino Amado, RP, 22.) 
Era um setembro puro. 
(M. Torga, NCM, 63.) 
 
2.°) Omite-se em geral o artigo antes das datas normais do 
mês: 
O parecer é de 28 de janeiro de 1640. 
(J. Cortesão, IHB, II, 218.) 
 
▪︎ Costuma-se, no entanto, usá-lo: 
a) antes de datas célebres (que adquirem o valor de um 
substantivo composto de 
Por ser notoriamente um dos feriados extintos, o 19 de 
Novembro faz lembrar hoje, aos marmanjos do começo 
do século, a infância perdida. 
(C. Drummond de Andrade, FA, 116.) 
 
2.°) Os nomes dos dias da semana vêm precedidos de 
artigo, principalmente quando enunciados no plural: 
Queres ir comigo à Itália no domingo? 
(A. Abelaira, D, 45.) 
Aos domingos saíam cedo para a missa. 
(Coelho Netto, OS, 1,33.) 
Mas podem dispensá-lo (juntamente com a preposição a 
que se aglutinam), quando no início de frases. 
Sexta-feira fui vê-la sair. 
(Machado de Assis, OC, III, 593.) 
— Domingo à tarde. Domingo será a vez do teu moinho... 
(F. Namora, DT, 221.) 
 
3.°) Não se usa o artigo nas designações das horas do dia, 
nem com as expressões meio-dia e meia-noite: 
O relógio marcava meio-dia e dez... 
(A. Abelaira, D, 124.) 
 
Meia-noite? Não se teria enganado? 
(J. Montello, SC, 25-26.) 
▪︎ Porém, o artigo, quando antecede preposições, é 
empregado adverbialmente: 
Já não se almoça às 9 da manhã e não se janta às 4 da 
tarde. 
(C. Drummond de Andrade, MA, 99.) 
Ao meio-dia já as águas do porto eram prata fundida. 
(U. Tavares Rodrigues, /E, 47.) 
 
4.°) Os nomes das quatro estações do ano são precedidos 
de artigo: 
As névoas anunciam o Inverno. 
(R. Brandão, P, 52.) 
Talvez tenha acabado o verão. 
(R. Braga, CC£, 293.) 
Será goivo no outono, assim como foi na primavera... 
(A. de Guimaraens, OC, 342.) 
▪︎ Contudo, pode-se dispensá-lo quando antecedidos da 
preposição de: 
Que noite de inverno! Que frio, que frio! Gelou meu 
carvão, mas boto-o à lareira, tal qual pelo estio, faz sol 
de verão! 
(A. Nobre, S, 13.) 
Num meio-dia de fim de primavera, tive um sonho bizarro. 
(F. Pessoa, OP, 143.) 
Hora sagrada dum entardecer de outono, à beira-mar, cor 
de safira. 
(F. Espanca, S, 22.) 
 
5.°) Os nomes de datas festivas são usadas com artigo: 
o ano-novo o Natal 
o carnaval a Páscoa 
 
▪︎ Porém, é omitido o artigo quando estes nomes são 
acompanhados da palavra dia, noite, semana, presente, 
etc... 
O primeiro dia de carnaval. A noite de Natal. 
A semana de Páscoa. Um presente de ano-novo. 
 
Emprego com expressões de peso e medida 
 
Em frases que contenha unidade de medida e peso, o 
artigo definido é empregado. 
O feijão está a cento e trinta cruzeiros o quilo (= cada 
quilo)Este tecido custa dois mil escudos o metro (= cada metro), 
 
Com a palavra Casa 
1. Dispensam o artigo a palavra casa: 
a) no sentido de “residência”, “lar”: 
Às quatro da madrugada entrou em casa. 
(M. Torga, CM, 32.) 
Voltou para casa e ficou à espera da hora insuportável. 
(C. Drummond de Andrade, CA, 105.) 
Estava em casa própria lá para Ipanema. 
(A. Ribeiro, M, 356.) 
 
▪︎ Porém quando a casa é qualificada, especificada, é 
arbitrário o uso do artigo. 
A vida na casa de Sinhô era mesquinha como em casa 
de pobre, mas havia lá dentro a bela Pérola. 
(J. Lins do Rego, MVA, 306.) 
 
▪︎ Porém, quando usada no sentido de “prédio”, “edifício” 
ou “estabelecimento”, é antecedida por artigo. 
Estou cansado, preciso de um sócio, alguém que me dirija 
a casa. 
(A. Abelaira, D, 28.) 
Foi um golpe esta carta; não obstante, apenas acabou a 
noite, corri à casa de Virgília para pedir satisfação. 
(Machado de Assis, OC, 1,484.) 
Na sua própria casa, Horácio pressentia que a mãe lhe 
ocultava alguma coisa. 
(Ferreira de Castro, OC, 1,451.) 
 
Com a palavra Palácio 
1. A palavra palácio é usada quase sempre com artigo: 
Absorvendo-me nos exames, suspendi as idas ao Palácio. 
(Genolino Amado, RP: 124.) 
Só perto do palácio enxugou os olhos. 
(Alves Redol, BC, 342.) 
2. Porém, costuma-se não usar o artigo quando designa a 
residência ou o local de despacho do chefe da Nação ou 
do Estado e vem desacompanhada da competente 
determinação ou qualificação. 
— Olhe, nos Governos de gente nossa, não se pode nem 
comer em Palácio... 
(A. Deodato, POBD, 55.) 
▪︎ Mas, é usada sempre com artigo, quando determinada 
ou qualificada: 
– Paladino do amor, busco o palácio encantado da 
Ventura! 
(A. de Quental, SC, 42.) 
Benício alongou a vista na direção do Palácio Laranjeiras. 
(J. Montello, SC, 25.) 
 
Emprego com o Superlativo Relativo 
É obrigatório o emprego do artigo definido com o 
superlativo relativo. 
▪︎ Pode preceder o substantivo: 
Era o aluno mais estudioso da turma. 
▪︎ Pode preceder o superlativo: 
Era o mais estudioso aluno da turma. 
Ou 
Era aluno o mais estudioso da turma. 
▪︎ Porém, não deve ser repetido antes do superlativo 
quando já acompanha o substantivo. 
Era o aluno o mais estudioso da turma. 
▪︎ No entanto, é permitido a repetição do artigo antes da 
palavra superlativa “ainda" ou sinônima, pois neste caso 
pode-se subentender o substantivo depois do segundo 
artigo. 
Essa façanha os marinheiros ainda os mais audazes não 
ousariam cometè-la. 
Isto é: “ainda os [marinheiros] mais audazes”. 
 
COM OS NOMES PRÓPRIOS 
Sendo por definição individualizante, o nome próprio 
deveria dispensar o artigo. Mas, por razões diversas, há 
atualmente, um grande número de nomes próprios que 
exigem obrigatoriamente o acompanhamento do artigo 
definido. Entre essas razões, devem ser mencionadas: 
a) é precedido de artigo, em geral, com a intenção de 
reforçar a ideia de individualidade, nome de países, 
continentes e oceanos: 
o Brasil o Atlântico o Pacífico 
a França a Europa a América 
b ) também é considerado nome próprio, substantivos 
comuns acompanhados de um artigo. 
a Guarda o Cairo (árabe El-Kahira = a vitoriosa) 
o Porto o Havre (francês Le Havre = o porto) 
 
c) pela influência sintática do italiano, os nomes de 
famílias, empregados isoladamente, vêm precedidos de 
artigo: 
o Tasso o Ticiano a Besanzoni a Silva 
d) é usado artigo antes de nomes afetivos e / ou apelidos. 
Gomes Ribeiro era conhecido como o Fonema. 
(A. F. Schmidt, GB, 107.) 
A Carlota! A Carlotinha! Boa velhinha, como ela é meiga e 
devota! 
(A. Nobre, S, 166.) 
— Aqui é o Custódio. Olhe, achei melhor dizer ao Cantídio 
que você tinha chegado e queria vê-lo. 
(B. dos Anjos, M, 160.) 
Feitas essas considerações preliminares, veremos agora os 
casos particulares com os nomes próprios. 
Com os nomes de pessoas 
Os nomes próprios de pessoas (de batismo e de família) 
não levam artigo. 
Antoniêta Camões Dante Napoleão Bonifácio 
 
▪︎ Porém, emprega-se o artigo definido: 
1°) quando o nome de pessoa vem precedido de 
qualificativo: 
O romântico Alencar. 
O divino Dante. 
2 °) quando o nome de pessoa vem acompanhado de 
determinativo ou qualificativo. 
Era o Daniel de outrora que eu tinha diante de mim. 
(J. Montello, DVP, 237.) 
Nada me importas, País! seja meu Amo o Carlos ou o Zé da 
malandragem... 
(S, 118.) 
3°) quando o nome de pessoa vem enunciado no plural: 
a) seja para indicar indivíduos do mesmo nome: 
Os dois Plínios. 
Os três Horácios. 
b) seja para designar uma coletividade familiar: 
Os Andradas. 
Os Braganças. 
c) seja para caracterizar classes ou tipos de indivíduos que 
se assemelham a um vulto ou personagem célebre, caso 
em que o nome próprio vale por um nome comum: 
 
Eu vejo os Cipiões, vejo os Emílios. 
(C. M. da Costa, OP, II, 122.) 
Aqui, os Gladstones pulam aos cardumes e os Thiers 
cobrem o sol como nuvens de gafanhotos. 
(R. Barbosa, EDS, 484.) 
d) para designar obras de um artista (geralmente quadros 
de um pintor): 
Os Goyas do Museu do Prado. 
Os Lusíadas relata todas essas características. 
 
Observação: 
a) O artigo definido antecede as palavras senhor, senhora 
e senhorita quando acompanhado do nome ou título da 
pessoa: 
O senhor Fontes está adoentado. 
Falei com a senhora Baronesa. 
Não vi a senhorita Joana. 
-Não empregamos, porém, o artigo quando nos dirigimos à 
própria pessoa: 
— Como vai, senhor Fontes? 
— Adeus, senhora Baronesa. 
— Obrigado, senhorita Joana. 
4°) Os adjetivos Santo (a) e São não vêm precedido de 
artigo quando acompanha um nome próprio do qual 
consideramos. 
Assim conversam, gloriosos, Santa Clara e São Francisco. 
— O senhor formulara um conceito heterodoxo das 
epístolas de São Paulo e do evangelho de São Marcos... 
▪︎ Porém, emprega-se o artigo, com o nome do santo, 
quando quisermos designar a época em que se festeja: 
Já a trago debaixo de olho desde o Santo Antônio. 
Ainda há um ano precisamente, assistia eu ao São João 
mais fantástico deste mundo. 
 
Com os nomes geográficos 
 
1°) Emprega-se normalmente o artigo definido: 
a) com os nomes de países, regiões, continentes, 
montanhas, vulcões, desertos, constelações, rios, lagos, 
oceanos, mares e grupos de ilhas (arquipélagos): 
o Brasil a França o Himalaia 
os Alpes o Nilo o Lemano 
os Estados Unidos o Mediterrâneo 
o Teide o Atlântico o Báltico 
os Açores a Guiné o Nordeste 
a África o Atacama o Saara 
o Cruzeiro do Sul o Centro-Oeste 
 
b) com os nomes dos pontos cardeais e colaterais, seja no 
sentido próprio ou no nome de regiões e ventos: 
O promontório tapava para o norte. 
(Branquinho da Fonseca, MS, 104.) 
Os nossos companheiros de viagem — gente do Sul — 
tasquinhavam, cantavam e beberricavam. 
(U. Tavares Rodrigues, JE, 21.) 
Também os ventos nordestinos se acharam presentes: 
o Nordeste e o Sudeste... 
(J. Cardoso, SE, 60.) 
 
Observações: 
a) Porém, certos nomes de países e regiões costumam 
rejeitar o artigo. 
São alguns: Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, 
São Tomé e Príncipe, Macau, Timor, Andorra, Israel, 
São Salvador, Aragão, Castela, Leão... 
b) Alguns nomes de países, como: Espanha, França, 
Inglatena, Itália e poucos mais, podem construir-se 
sem artigo, principalmente quando não acompanhados 
de preposição: 
Viveu muito tempo em Espanha, casada. 
(F. Namora, CS, 93.) 
Aquela, que reside na esperança, foi quem me recompôs 
uma canção pelas estradas líricas de França. 
(J. Cardoso, SE, 49.) 
c) Quando indicam apenas direção, os nomes de pontos 
cardeais podem vir sem artigo: 
Marcha para oeste. Vento de leste. 
 
2°) Não se usa em geral o artigo definido: 
a) com os nomes de cidades, delocalidades e da maioria 
das ilhas: 
Barbacena Águeda Creta 
Lisboa Cuba Paris 
Malta Campo Grande 
Topázio 
 
 
 
b) com os nomes de planetas e de estrelas: 
Marte Canópus Saturno 
Sírius Vénus Veja 
Terra 
 
Observações: 
a) Alguns nomes de cidades que se formaram de 
substantivos comuns conservam o artigo: 
a Guarda o Porto o Rio de Janeiro 
a Figueira da Foz o Rio Grande do Sul 
O mesmo se dá, como vimos, com o nome de certas 
cidades estrangeiras: o Cairo, a Haia, o Havre. 
b) À semelhança dos nomes de países, usam-se com artigo 
alguns nomes de ilhas: 
a Córsega a Madeira a Sardenha a Sicília. 
 
3°) Não é uniforme o emprego do artigo definido com os 
nomes dos estados brasileiros e das províncias 
portuguesas. A maioria leva artigo. 
Assim: 
o Acre o Pará o Alentejo 
o Amazonas a Paraíba o Algarve 
a Bahia o Paraná a Beira 
o Ceará o Piauí o Douro 
o Espírito Santo a Estremadura o Maranhão 
o Minho o Mato Grosso do Sul o Ribatejo 
 
▪︎ Porém, não usam com artigo: 
Alagoas Pernambuco Sergipe 
Goiás Rondônia Trás-os-Montes 
Mato Grosso Santa Catarina Minas Gerais 
São Paulo Salvador 
 
Observação: 
Diz-se também as Alagoas. 
 
4°) Como nos nomes de pessoas, os nomes geográficos 
passam a admitir o artigo desde que acompanhados de 
qualificação ou de determinação: 
Ai canta, canta ao luar, minha guitarra, a Lisboa dos Poetas 
Cavaleiros! 
(A. Nobre, D, 68.) 
 
Gosto da Ouro Preto de Guignard. 
(M. Bandeira, AA, 57.) 
De novo, ungindo-me de Europa — o meu Paris, 
o Paris dos meus vinte e três anos... 
(M. de Sá-Carneiro, CL, 131.) 
Patriota, desejava sem dúvida nos fazer conscientes da 
grandeza de Portugal, o Portugal das descobertas. 
(J. Amado, MG, 113.) 
 
Com os nomes de obras literárias e artísticas 
Em geral, emprega-se o artigo, mesmo quando não 
pertença ao título: 
Ontem, à noite, comecei a ler a Ana Karenina. 
(A. Abelaira, D, 64.) 
A chegada de José Veríssimo ao Rio, em 1891, coincide 
com o lançamento do Quincas Borba, primeiro romance 
de Machado de Assis depois das Memórias Póstumas. 
(J. Montello, PMA, 216.) 
 
CASOS ESPECIAIS 
Antes da palavra outro 
1. Emprega-se o artigo definido quando a palavra outro 
tem sentido determinado: 
Tirei do colégio os meus dois filhos: o mais velho era um 
demônio, o outro um anjo. 
(C. Castelo Branco, 0 5 ,1,290.) 
Não era pela outra, não, dizia ela consigo, pela centésima 
vez, era por ele, era pelo outro. 
(A. Peixoto, RC, 517.) 
Um era careca, o outro tinha bigode. 
(A. M. Machado, HR, 72.) 
 
2. Não usa o artigo quando a palavra “outro" substitui um 
substantivo já citado: 
Na estrada, os homens apartaram-se, uns grupos para 
a Covilhã, outros para a Aldeia do Carvalho, como nos 
demais dias. 
(Ferreira de Castro, OC, 1,463.) 
 
Depois das palavras Ambos (as) e Todos (as) 
1. Se o substantivo, determinado pelo numeral ambos, 
estiver claro, emprega-se o artigo definido: 
Eram centenares de pessoas de ambos os sexos. 
(C. Castelo Branco, OS, 1,573.) 
Vasco apoiou os cotovelos nela e segurou o rosto com 
ambas as mãos. 
(É. Veríssimo, LS, 166.) 
2. A presença ou a ausência do artigo todo, depende da 
aceitação da palavra que ele acompanha. 
Diremos, por exemplo: 
Todo o Brasil pensa assim. 
Todo Portugal pensa assim. 
 
3. Porém, há casos que precisam de ser considerados 
particularmente. 
São eles: 
1°) No PLURAL, anteposto ou posposto ao substantivo, a 
palavra todos vem acompanhado de artigo, a menos que 
haja um determinativo que o exclua: 
Conheceu todos os salões e todos os antros. 
(B. Castelo Branco, OS, II, 302.) 
Os discípulos amavam-na, prontos a todos os obséquios. 
(A. Ribeiro, CRG, 100.) 
Mas: 
Todos estes costumes vão desaparecer. 
(R. Brandão, P, 165.) 
Todos esses dons do meu amigo ficarão perdidos para 
sempre. 
(A. R Schmidt, AP, 98.) 
2°) Não se usa o artigo antes do numeral em união a 
palavra todos: 
Vi-os felizes, todos quatro. 
(Machado de Assis, OC, 1,1126.) 
Elas são, todas duas, minhas irmãs que eu ajudei a criar. 
(R. M. R de Andrade, V, 67.) 
▪︎ Porém, quando o substantivo estiver claro, o artigo é de 
regra: 
Vi-os felizes, todos os quatro meninos. 
Todas as duas irmãs eu ajudei a criar. 
3°) No SINGULAR, a palavra todo: 
a) virá acompanhado de artigo, quando indicar a totalidade 
das partes: 
Toda a praia é um único grito de ansiedade. 
(Alves Redol, PM, 306.) 
Esteia assistiu à (a+a) toda lição, com a paciência da 
curiosidade. 
(Machado de Assis, OC, 1,373.) 
b) quando exprimir a totalidade numérica, o uso do artigo 
é arbitrário. 
Falava bem como todo francês. 
(G. Amado, PP, 168.) 
— Verdade, a atribuição é lógica: todo o homem é bicho, 
embora nem todo o bicho seja homem. 
(A. Ribeiro, AFPB, 33.) 
Neste último caso é obrigatória a sua anteposição ao 
substantivo. 
4°) Anteposto (após) ao artigo indefinido, todo significa 
“inteiro”, “completo”: 
Para conseguir o seu intento cobriu de ridículo toda uma 
geração, e lançou as bases de toda uma remodelação 
social. 
(G. Amado, TL, 29.) 
Pelo chão, pelos sofás, alastrava-se toda uma literatura 
em rumas de volumes graves. 
(Eça de Queirós, OF, II, 71.) 
5°) Em numerosas locuções do português contemporâneo, 
todo (ou toda) vem seguido de artigo. 
São algumas: 
a todo o custo a todo o galope a todo o instante 
a todo o momento em todo o caso a toda a brida 
a toda a hora a toda a pressa em toda a parte 
por toda a parte 
 
REPETIÇÃO DO ARTIGO DEFINIDO 
Com substantivos 
1. Quando empregado antes do primeiro substantivo de 
uma série, o artigo deve anteceder os substantivos 
seguintes, ainda que sejam todos do mesmo gênero e do 
mesmo número: 
Cantava para os anjos, para os presos, para os vivos e 
para os mortos. 
(J. Lins do Rego, MVA, 347.) 
Para ganhar o céu, vendeste a ira, a luxúria, a gula, 
a inveja, o orgulho, a preguiça e a avareza. 
(Olavo Bilac, T, 239.) 
Depois, a iniciação, a mudança de traje, o banho, 
o perfume, a visita de belos cavalheiros, o primeiro café, 
o licor, a queda e algumas lágrimas. 
(J. de Araújo Correia, FX, 93.) 
▪︎ Porém, a alternância de sequências com ou sem o artigo, 
pode, em certos casos, ser empregadas normalmente. 
Não viram sumo bem ao derredor, mas sim o mal, 
a tentação, o crime, orgulho, humilhações, remorso e dor. 
(A. Corrêa d’01iveira, VSVA, 213.) 
-Veja abaixo os casos em que pode omitir ou não a 
repetição do artigo 
▪︎ Não se repete o artigo: 
a) quando o segundo substantivo designa o mesmo ser ou 
a mesma coisa que o primeiro: 
Presenteou-me este livro o compadre e amigo Carlos. 
(valor de parentesco) 
A irmã-de-conde, ou meia irmã, é amigável. 
O estudo [do folclore] era necessitado pela existência das 
histórias, contos de fadas, fábulas, apólogos, superstições, 
provérbios, poesia e mitos recolhidos da tradição oral. 
(J. Ribeiro, Fl, 6.) 
 
Com Adjetivos 
1. Repete-se o artigo antes de dois adjetivos unidos pelas 
conjunções (“e” e “ou”) quando os adjetivos acentuam 
qualidades opostas de um mesmo substantivo: 
Conhecia o novo e o velho Testamento. 
Você quer a boa ou a má notícia? 
▪︎ Porém, não se repete o artigo se os dois adjetivos 
ligados pelas conjunções e, ou (e mas) se aplicam a 
um substantivo especificador, no qual forma um 
conceito único: 
Mas por que não lhe telefona logo à noite, por que não 
recomeçam a velha e quase esquecida amizade? 
(A. Abelaira, D, 22.) 
Esqueceu que já não tinha mais a sua tristonha mas bela 
solidão. 
(É. Veríssimo,LS, 148.) 
3. Se os adjetivos não vêm unidos pelas conjunções 
(e e ou), deve-se repetir o artigo. Tal construção empresta 
ao enunciado uma ênfase particular: 
Era o próprio, o exato, o verdadeiro Escobar. 
(Machado de Assis, OC, 1,867.) 
É o povo, o verdadeiro, o nobre, o austero povo 
português. 
(A. F. Schmidt, F, 102.) 
4. Se um mesmo substantivo vem qualificado por uma 
série de superlativos relativos, deve-se antepor o artigo 
a cada membro da série: 
Que o mais belo, o mais forte, o mais ardente destes 
sujeitos é precisamente o mais pálido, o mais feio. 
(E. da Cunha, OC, 1,659.) 
Vi pela primeira vez a Eleita de roçadinho, a grande 
Flor subtil, inigualável alma, a Maior, a mais Bela, a mais 
Amada, a Única! 
(E. de Castro, OP, 1,30.) 
 
OMISSÃO DO ARTIGO DEFINIDO 
O seu emprego é evitado: 
1°) Quando o gênero e o número do substantivo já estão 
claramente determinados por outras classes de palavras 
(pronomes demonstrativos, numerais, etc.). 
Assim, diremos: 
Na revolução de 17, muito sofreu este padre. 
(J. Lins do Rego, M\A, 281.) 
Antes, ainda no automóvel, Ramiro achou duas novas 
pérolas. 
(A. Abelaira, D, 121.) 
2°) Quando queremos indicar a noção expressa pelo 
substantivo, o uso é arbitrário, o que mudará é o sentido. 
Compare, por exemplo, estas três frases: 
Foi acusado do crime [se refere ao acusado (pessoa)]. 
Foi acusado de um crime [se refere a um crime específico]. 
Foi acusado de crime [se refere a um crime desconhecido]. 
 
2. Além desses casos gerais e de outros particulares, 
anteriormente examinados, omite-se o artigo definido: 
a) antes de palavras que designam matéria de estudo, 
empregadas com os verbos aprender, estudar, cursar, 
ensinar e seus sinônimos: 
Aprender inglês. Estudar latim. 
Cursar direito. Ensinar geometria. 
 
b) antes das palavras tempo, ocasião, motivo, permissão, 
força, valor, ânimo (para alguma coisa), complementos 
dos verbos ter, dar, pedir e seus sinônimos: 
Não houve tempo para descanso. 
Não dei motivo à crítica. 
Pedimos permissão para sair. 
Não tive ânimo para viajar. 
 
 
 
 
EMPREGO DO ARTIGO INDEFINIDO 
 
O artigo indefinido provém do numeral latino; (unus, una, 
unum), que exprime a unidade. 
Esse valor numeral, embora enfraquecido em “um certo”, 
transparece ainda hoje nos diversos empregos das formas 
do singular (um, uma), principalmente no mais comum 
deles, qual seja, o de apresentar o ser ou o objeto expresso 
pelo substantivo de maneira imprecisa, indeterminada ou 
desconhecida. 
Desse valor fundamental decorrem certos empregos 
particulares do artigo indefinido, alguns dos quais devem 
ser conhecidos. 
 
Com Substantivos Comuns 
1. O artigo indefinido — já o dissemos — serve 
principalmente para a apresentação de um ser ou 
de um objeto ainda não conhecido do ouvinte ou do 
leitor. 
Retomemos o exemplo de A. Amoroso Lima anteriormente 
citado: 
Pouco depois, atraído também pelo espetáculo, foi 
chegando um caboclinho magro, com uma taquara na 
mão. 
(AA, 40.) 
Uma vez apresentados o ser e o objeto, não há mais razão 
para o emprego do artigo indefinido, e o escritor ou o 
locutor deverá usar daí por diante o 
artigo definido. É o que se observa na continuação do 
texto em causa: 
Pupilas acesas vinham espiar entre as árvores, como que 
também 
atraídas pela melodia da taquara do caboclinho. 
(Ibid.) 
2. Para se precisar a classe ou a espécie de um substantivo 
já determinado por artigo definido, costuma-se repeti-lo, 
na aposição, com o artigo indefinido: 
Ele sentia o cheiro do impermeável dela: um cheiro doce 
de fruta madura. 
(É. Veríssimo, LS, 140.) 
A chuva continuava, uma chuva mansa e igual, quase lenta, 
sem interesse em tombar. 
(M. J. de Carvalho, AV, 153.) 
3. Por sua força generalizadora, o artigo indefinido pode 
atribuir a um substantivo no singular a representação de 
toda a espécie: 
— Aquele, digo-vos eu, aquele é um homem. 
(Branquinho da Fonseca, MS, 165.) 
Uma mulher não gosta de profissão nenhuma. Uma 
mulher só gosta sinceramente de duas coisas: casar e ter 
filhos. 
(I. Losa,E O ,106.) 
4. A anteposição do plural uns, umas, a cardinais é a forma 
preferida do idioma para indicar a aproximação numérica: 
O sítio em que nos instalamos ficava a uns oito 
quilômetros de Barbacena, pela estrada que vai para 
Remédios. 
(R. M. F. de Andrade, V, 119.) 
Teria, quando muito, uns doze anos. 
(U. Tavares Rodrigues, PC, 168.) 
Com o mesmo sentido aparece a forma singular uma antes 
da fracionária meia: 
Decorreu uma boa meia-hora. 
(J. de Alencar, OC, II, 569.) 
Indaguei de Virgília, depois ficamos a conversar uma meia 
hora. 
(Machado de Assis, OC, 1,507.) 
5. Antes dos nomes de partes do corpo ou de objetos que 
se consideram aos pares, usa-se o plural do artigo 
indefinido para designar um só par: 
Ao parar nos últimos degraus da escada para conversar 
com alguém que conhecia, dei com uns pés enormes ao 
nível de meus olhos. 
(A. M. Machado, HR, 146.) 
Trazia uns sapatos rasos, uns olhos verdes. 
(A. Abelaira, CF, 207.) 
Observação: 
O artigo indefinido aparece com acentuado valor intensivo 
em certas frases da linguagem coloquial caracterizadas por 
uma entoação particular: 
Ela é de uma candura!... 
Tens umas ideias!... 
A suspensão final da voz faz subentender um adjetivo 
denotador de qualidade ou defeito de caráter excepcional. 
Equivale a dizer-se: 
Ela é de uma candura admirável (ou comovente). 
Tens umas ideias estapafúrdias (ou ótimas). 
Ressalte-se que a força intensiva do indefinido permite que 
se complete a estrutura consecutiva com o aparecimento 
de uma oração iniciada por que. 
Ela é de uma candura, que comove. 
Entenda-se: 
Ela é de uma candura tal, que comove. 
Com os Nomes Próprios 
1. Emprega-se o artigo indefinido antes de um nome de 
pessoa: 
a) para acentuar a semelhança ou a conformidade de 
alguém com um vulto ou um personagem célebre, caso 
em que o nome próprio passa a ser um nome comum: 
Papai era um Quixote. 
(C. dos Anjos, MS, 298.) 
— É uma Ofélia, mas, depravada... 
(J. de Araújo Correia, FX, 128.) 
b) para indicar ser o indivíduo verdadeiro símbolo de uma 
espécie: 
A fortuna, toda nossa, é que não temos um Kant. 
(J. Ribeiro, F, 36.) 
Nazaré merecia bem um Cézaime ou outro grande pintor a 
rondar-lhe os sítios, a pintar-lhe os tipos. 
(A. F. Schmidt, F, 103.) 
253 
c) para designar um indivíduo pertencente a determinada 
família: 
José Bonifácio era um Andrada. 
D. Pedro I do Brasil, que foi D. Pedro IV de Portugal, era um 
Bragança 
d) para evocar aspectos geralmente imprevistos de uma 
pessoa: 
Apesar disso tudo, um Joaquim risonho, a satisfação em 
pessoa. 
(Genolino Amado, RP, 115.) 
Raul Brandão, nas Memórias, evocou um Fialho torturado, 
através do estilo imprevisto, “escorrendo sangue, aflição, 
miséria”. 
(J. do Prado Coelho, PHL, 247.) 
e) para designar obras de um artista (geralmente quadros 
de um pintor): 
Também disse, é verdade, como era necessário aprender a 
distinguir o fado de uma sinfonia, um Picasso de um 
calendário. 
(V. Ferreira, A, 28.) 
2. Como o artigo definido, o indefinido pode acompanhar 
os nomes geográficos, se qualificados: 
Mais tarde, haveria de ouvir-lhe pessoalmente a sua visão 
dum Egeu de deuses vivos. 
(L. Forjaz Trigueiros, ME, 269.) 
 
Numa Europa mecanizada, a Espanha surge-nos 
intemporal. 
(U. Tavares Rodrigues, JE, 21.) 
 
OMISSÃO DO ARTIGO INDEFINIDO 
Apesar de sua generalização crescente, há circunstâncias 
que, ainda hoje, pedem ou favorecem a omissão do artigo 
indefinido. 
Assim: 
1. °) A existência de outro elemento determinativo 
anteposto ao nome, como, por exemplo, uma forma de 
identidade ou de comparação: 
De você não esperava semelhante gesto. 
Não é possível pior exemplo do que esse. 
2. °) O fato de um substantivo ser empregado no singular 
para exprimir não a ideia de unidade, mas uma noção 
partitiva,ou para designar toda a espécie ou categoria a 
que pertence: 
A grande parte do público irritou a cena. 
Amigo fiel e prudente é melhor que parente. 
Observação: 
Não existe propriamente omissão do artigo indefinido, mas 
casos onde ele nunca se empregou de forma regular. 
Na fase primitiva das línguas românicas, o artigo indefinido 
era de uso restrito. 
Com o correr do tempo, esse determinativo foi-se 
introduzindo em numerosas construções e, hoje, os 
variados matizes do seu emprego constituem uma 
inestimável riqueza estilística de todas elas. 
Contra essa generalização e valorização progressiva do 
indefinido se manifestaram sempre os nossos gramáticos, 
que nela veem uma simples e desnecessária influência do 
francês, onde, em verdade, poucas são atualmente as 
interdições ao uso do determinativo em causa. Mas tal 
guerra se tem revelado inútil, e inútil precisamente porque 
não se trata, no caso, de um mero galicismo extirpável, e 
sim de uma tendência geral dos idiomas neolatinos em 
busca de formas mais expressivas, de maior clareza e 
vigor para o enunciado. 
 
Em expressões de identidade 
1. Evita-se, em geral, empregar o artigo indefinido quando 
já existe, anteposto ao substantivo, um dos pronomes 
demonstrativos igual, semelhante e tal; ou um dos 
indefinidos certo, outro, qualquer e tanto: 
Certo amigo meu já usou de igual argumento. 
Em outra circunstância eu aprovaria semelhante atitude. 
 
Se continuares com tal inapetência e com tanta febre, 
podes tomar o remédio a qualquer hora. 
2. Advirta-se, porém, que algumas dessas formas, quando 
pospostas a um substantivo, passam a ser adjetivos, caso 
em que se constroem normalmente com artigo indefinido: 
Ele disse uma coisa certa. 
Quero um livro igual a esse. 
Uma hora qualquer irei vê-lo. 
Tens um modo semelhante de falar. 
Costuma-se, no entanto, calar o artigo indefinido, quando 
a frase é negativa ou interrogativa: 
Nunca li coisa igual. 
Jamais se ouviu barbaridade tal! 
Já viste trejeitos semelhantes? 
 
Em Expressões Comparativas 
1. Em princípio, as fórmulas comparativas podem admitir a 
exclusão do artigo indefinido. É o caso: 
a) dos comparativos de igualdade formados com tão ou 
tanto: 
Nunca passei por lugar tão perigoso como aquele. 
Trabalhava com tanto cuidado como o pai. 
b) dos comparativos de superioridade ou de inferioridade, 
principalmente quando expressos sob a forma negativa ou 
interrogativa: 
Não encontrarias melhor amigo nesta emergência. 
Conseguiste maior renda este mês? 
2. É dispensável também o artigo indefinido em 
comparações do tipo: 
Qual furacão, revolveu tudo. 
Bailava como nume da floresta. 
 
Em Expressões de Quantidade 
Costuma-se evitar o artigo indefinido antes de expressões 
denotadoras de quantidade indeterminada, constituídas 
seja por substantivos (como: coisa, gente, infinidade, 
multidão, número, parte, pessoa, porção, quantia, 
quantidade, soma e equivalentes), seja por adjetivos 
(como: escasso, excessivo, suficiente e sinônimos): 
Havia grande número de pessoas no casamento. 
Reservou para si boa parte do lucro. 
Disponho de escasso capital para o empreendimento. 
Não há suficiente espaço para o móvel. 
 
Observação: 
A presença do numeral fracionário meio exclui 
normalmente a do artigo indefinido: 
Comprou meio quilo de pão. 
Tomou meia dose do remédio. 
Mas, como vimos, o feminino meia constrói-se com o 
indefinido nas designações de quantidade aproximada. 
E também pode admiti-lo quando forma com o substantivo 
uma unidade de uso corrente: 
Só tenho uma meia libra. 
No caso, basta uma meia-palavra sua. 
 
Com Substantivo Denotador de Espécies 
Quando um substantivo no singular é concebido sob o 
aspecto de categoria de espécie, e não sob o de unidade, 
pode-se calar o artigo indefinido. Esta omissão aparece 
frequentemente em provérbios: 
Cão ladrador nunca é bom caçador. 
Espada na mão de sandeu, perigo de quem lha deu. 
Advirta-se que, na língua de nossos dias, esta construção é 
mais frequente no Brasil do que em Portugal. 
Comparem-se estes exemplos: 
Criança tem amigos e inimigos. 
(G. Amado, HM7,8.) 
— Noivo não se deixa na solta. 
(J. Lins do Rego, MVA, 270.) 
Vida não tem adjetivo. 
(C. Lispector, SV, 18.) 
 
Outros casos de Omissão do Artigo Indefinido 
Além dos casos mencionados, a língua portuguesa admite 
a omissão do artigo indefinido em muitos outros. Como o 
artigo definido, ele pode faltar: 
a) nas enumerações: 
Desde aí, os campos-santos não cessaram de recolher os 
mortos meus: avô, tios, amigos de infância, companheiros 
queridos — a lista é aterradora... 
(A. F. Schmidt, GB, 151.) 
Casas, árvores, nuvens desagregavam-se numa 
melancólica paisagem de Outono. 
(F. Namora, TJ, 232.) 
 
 
 
b) nos apostos: 
Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, 
como não ignoram. 
(G. Ramos, AOH, 28.) 
Chega, hoje, aqui o meu amigo Costa Cabral, filho do 
Conde de Tomar, meu antigo condiscípulo em Coimbra e 
no Laranjo. 
(A. Nobre, C/, 74.) 
E sempre que a clareza ou a ênfase não o exigirem. 
 
 
Bibliografia usada: 
Celso Cunha e Cintra

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