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Universidade Estadual do Ceará REITOR Francisco de Assis Moura Araripe VICE-REITOR Antônio de Oliveira Gomes Neto PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO Luis Carlos Mendes Dodt PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO Vladimir Spinelli Chagas PRÓ-REITOR DE POLÍTICAS ESTUDANTÍS – PRAE João Carlos Holanda Cardoso PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO Josefa Lineuda da Costa Murta PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA José Jackson Coelho Sampaio PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO Celina Magalhães Ellery UECEVEST NÚCLEO DE AÇÃO COMUNITÁRIA Zoraide Braga Nogueira Marques COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Abníza Pontes de Barros Leal COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA Magali Mirian Milfont Teófilo COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA POR ÁREA Eddie William de Pinho Santana – Biologia Eveline Solon Barreira Cavalcanti – Química Francisco Agileu Lima Gadelha – História Francisco José Pereira – Língua Portuguesa José Stenio Rocha – Física Maria Ivonisa Alencar Moreno – Matemática Maria Liduina dos Santos Rodrigues – Espanhol e Inglês Rejanny Mesquita Martins Rosa – Geografia SECRETÁRIAS Daniela Cláudia Matos dos Santos Fabiana Moraes Frota APOIO DE SECRETARIA Antônio Albert Vidal Almeida Apostilas UECEVEST mod4.indb 1 03/04/2011 19:17:43 Língua Portuguesa Francisco José Pereira (Coordenador) Emanoel Pedro Martins Gomes Esdras Pereira Antão Eulidiane Morais da Silva Francisco Roque Magalhães Neto Jefrei Almeida Rocha Marcos Alberto Xavier Barros Nathalia Barreto de Queiroz Nathalia Mugnaro Língua Estrangeira Maria Liduina dos Santos Rodrigues (Coordenadora) Igor Augusto de Aquino Pereira Ivana Roberta Siqueira Marreio Janaina Rodrigues Freitas Karoline Matos Monteiro Márcio Freitas de Alcântara Matemática Maria Ivonisa Alencar Moreno (Coordenadora) Artur Teixeira Pereira Anderson Douglas Freitas Pedrosa Francisco de Paula Rego Carvalho Hudson de Souza Felix Redomarck Barreira Cunha Rafael Pereira Eufrazio Wesley Liberato Freire Waldeglace Rodrigues Pereira Física José Stenio Rocha (Coordenador) Adriano Oliveira Alves Dimitry Barbosa Pessoa Francisco de Assis Leandro Filho Paulo Vicente de Cassia L. Pimenta Pedro Augusto Martins Sarnento Rodrigo Alves Patricio Rogério dos Santos Andrade Wendel Macedo Mendes Geografia Rejanny Mesquita Martins Rosa (Coordenadora) Naiana Paula Lucas dos Santos Robson Almeida Machado Washington Bezerra de Oliveira Química Eveline Solon Barreira Cavalcanti (Coordenadora) Alan Ibiapina de Andrade Celso Pires de Araujo Junior Everardo Paulo de Oliveira Junior João Rufino Bezerra Neto Levy Bruno Correia Bezerra Regina Amanda Franca Almeida Wallysson Gomes Pereira História Francisco Agileu Lima Gadelha (Coordenador) Flavio da Conceição Jose René de Franca Silva Vicente Gregório O. M do Amaral Wendell Guedes da Silva Waldejares Silva de Oliveira Biologia Eddie William de Pinho Santana (Coordenador) André Luiz B..S. Brasilino Antonio Carlos Nogueira Sobrinho Camylla Alves do Nascimento Donisethi Teixeira Lélis Júnior Karoline Soares Garcia Maria da Conceição de Souza Michael Robert Martins Rocha PROFESSORES ORGANIZADORES Copyright © 2011 Curso Pré-Vestibular UECEVEST Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial desta edição, por qualquer meio ou forma – seja mecânica ou eletrônica, fotocópia, scanner, gravação, etc –, nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização do Curso Pré-Vestibular UECEVEST. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE Pró-Reitoria de Políticas Estudantís – PRAE Curso Pré-Vestibular UECEVEST Fone: (85) 3101.9658 Av. Parajana, 1700 – Campus do Itaperi – 60.740-903 Fortaleza – Ceará O presente material é uma ação conjunta da Secretaria de Educação do Estado do Ceará – SEDUC, com a Universidade Estadual do Ceará – UECE, através do Convênio de Cooperação Técnica Científica nº 07/2009. Apostilas UECEVEST mod4.indb 2 03/04/2011 19:17:43 SUMÁRIO Gramática ....................................................................................................................................... 05 Literatura ........................................................................................................................................ 21 Redação ........................................................................................................................................... 43 Inglês ............................................................................................................................................... 53 Espanhol ......................................................................................................................................... 61 Geografia ......................................................................................................................................... 71 História Geral II ............................................................................................................................. 115 História do Brasil ............................................................................................................................ 147 História do Ceará ............................................................................................................................. 167 Matemática I .................................................................................................................................... 189 Matemática II .................................................................................................................................. 203 Física I ............................................................................................................................................. 215 Física II ............................................................................................................................................ 227 Química Geral ................................................................................................................................ 237 Química Orgânica .......................................................................................................................... 253 Físico-Química ............................................................................................................................... 265 Biologia I ......................................................................................................................................... 279 Biologia II ....................................................................................................................................... 295 Apostilas UECEVEST mod4.indb 3 03/04/2011 19:17:44 Apostilas UECEVEST mod4.indb 4 03/04/2011 19:17:44 G R A M Á T I C A P R É - V E S T I B U l A R Apostilas UECEVEST mod4.indb 5 03/04/2011 19:17:50 Caro(a) Aluno(a), O módulo que você tem em mãos possui conteúdos relacionados às Matrizes de Referência para a área de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Abaixo, há a indicação das competências da área e de suas habilidades que, neste módulo, são contempladas, e, em seguida, dos objetos de conhecimento associados às Matrizes. Competência de área 1 - Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida. H1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos siste- mas de comunicação. H4 - Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. H3 - Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas. Competência de área 6 - Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação. H18 - Identificar os elementos que concorrem paraa progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos. Competência de área 7 - Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas ma- nifestações específicas. H21 - Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos. H22 - Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos. H23 - Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados. H24 - Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras. Competência de área 8 - Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de sig- nificação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. H25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguís- ticas sociais, regionais e de registro. H26 - Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social. H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. OBJETO DE CONHECIMENTO Estudo dos aspectos linguísticos em diferentes textos: recursos expressivos da língua, procedimentos de construção e recepção de textos – organização da macroestrutura semântica e a articulação entre ideias e proposições (relações lógico-semânticas). Estudo dos aspectos linguísticos da língua portuguesa: usos da língua: norma culta e variação lingiística – uso dos recursos linguísticos em relação ao contexto em que o texto é constituído: elementos de referência pessoal, temporal, espacial, registro linguístico, grau de formalidade, seleção lexical, tempos e modos verbais; uso dos recursos linguísticos em processo de coesão textual: elementos de articulação das sequências dos textos ou à construção da microestrutura do texto. Apostilas UECEVEST mod4.indb 6 03/04/2011 19:17:50 7 UECEVEST GRAMÁTICA PAlAVRAS E lOCUçÕES DENOTATIVAS São palavras que, embora em alguns aspectos (ser invariável, por exemplo), assemelhem-se a advérbios, não possuem, segun- do a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), classifi cação especial. Do ponto de vista sintático, são expletivas, isto é, não assumem nenhuma função; do ponto de vista morfológico, são invariáveis (muitas delas vindas de outras classes gramaticais); do ponto de vista semântico, são inegavelmente importantes no con- texto em que se encontram (daí seu nome). Classifi cam-se em função da ideia que expressam. Classificação das palavras e locuções denotativas: • Adição: ainda, além disso, etc. Ex: Comeu tudo e ainda repetiu. • Afastamento: embora. Ex: Foi embora daqui. • Afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente. Ex: Ainda bem que passei de ano. • Aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de, etc. Ex: Ela quase revelou o segredo. • Designação: eis. Ex: Eis nosso carro novo. • Exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive, exceto, senão, sequer, apenas, exceto, fora, etc. Ex: Não me descontou sequer um real. • Explicação ou Explanação: isto é, por exemplo, a saber, etc. Ex: Li vários livros, a saber, os clássicos. • Inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive, ademais, etc. Ex: Eu também vou viajar. • Limitação: só, somente, unicamente, apenas, etc. Ex: Só ele veio à festa. • Realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque, mesmo, embora, só, sobretudo, etc. Ex: E você lá sabe essa questão? O que não diria essa senhora se soubesse que já fui famoso. • Retifi cação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes, digo, etc. Ex: Somos três, ou melhor, quatro. • Situação: então, mas, se, agora, afi nal, etc. Ex: Mas quem foi que fez isso? OBS.: As palavras denotativas frequentemente são usadas em fra- ses e textos diretamente envolvidos com as estratégias argu- mentativas. Por essa razão, fi que atento para o papel de pala- vras como até, aliás, também, etc., e para os efeitos de sentido que produzem nas situações efetivas de interlocução. Podem ser difíceis de classifi car, mas isso não impede que sejam im- portantes e necessárias. Concordância “Aquilo” Outra vez a mesma história volta sempre a acontecer vai passar de hora em hora depois que ligarem a TV. Vejo as sobras coloridas sussurrando em sensurround deslizando na avenida meio alheio ao temporal. Lulu Santos “Meio” ou “meia”? “Ela está meio cansada” ou “ela está meia cansada”? Diz a letra da música: “...deslizando na avenida meio alheio ao temporal...”. Se fosse uma mulher, em vez de “alheio” teríamos “alheia”. Mas deveríamos também substituir a palavra “meio” por “meia”? Para fazer o teste, utilize “muito” no lugar de “meio”: Meio alheia → muito alheia Meio nervosa → muito nervosa Meio cansada → muito cansada Temos aqui uma palavra que modifi ca um adjetivo: o advér- bio. Como sabemos que os advérbios não variam, então, mesmo que a letra da música de Lulu Santos estivesse se referindo a uma mulher, não seria correto utilizar meia alheia. Em português a concordância consiste em se adaptar a pala- vra determinante ao gênero, número e pessoa da palavra determi- nada. A concordância pode ser nominal ou verbal. Concordância nominal A concordância nominal considera as fl exões de gênero e número entre o substantivo e o adjetivo, o artigo, o numeral e o pronome. É o princípio de acordo com o qual toda palavra va- riável referente ao substantivo deve se fl exionar (alterar a forma) para se adaptar a ele. Ex: Os nossos lindos e queridos alunos uecevesteanos passarão no vestibular. Principais regras de concordância nominal • Adjetivos, artigos numerais e pronomes adjetivos concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem: As nossas duas amigas italianas nos visitarão em dezembro. Os nossos primeiros e decisivos resultados foram positivos. • O adjetivo ligado a substantivo do mesmo gênero e número vai normalmente para o plural: Pai e fi lho estudiosos ganharam o prêmio. Mãe e fi lha estudiosas ganharam o prêmio. • O adjetivo ligado a substantivo de gênero e número diferentes vai para o masculino plural: Meninos e meninas estudiosos ganharam o prêmio. • O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais próximo: Comprei livros e revista atualizada. • O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais próximo: Dedico este poema à querida tia e primos. • O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o sujeito: Meus amigos são esforçados. • O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predicativo no gênero da pessoa a quem se refere: Sua Excelência, o Governador, foi compreensivo. • Quando mais de um numeral se referir a um mesmo substantivo, existem duas maneiras de concordâncias possíveis: esse substantivo fi ca no singular ou vai para o plural, se os numerais forem precedidos de artigo, ou vai somente para o plural se não houver a repetição do artigo e/ou o substantivo aparecer antes do numeral. A primeira e a segunda fase do vestibular são complicadíssimas. A primeira e a segunda fases do vestibular são complicadíssimas. A terceira e quarta etapas do concurso são decisivas. As etapas terceira e quarta do concurso são decisivas. Casos especiais de concordância nominal • Nos adjetivos compostos de adjetivo, o primeiro elemento é invariável: Curso de letras anglo-germânicas. Apostilas UECEVEST mod4.indb 7 03/04/2011 19:17:51 GRAMÁTICA 8 UECEVEST • Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de ar- tigo vão para o singular ou plural: Já li o primeiro e o segundo livro (livros). • Vão para o plural os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier precedido de artigo e o segundo não: Já li o primeiro e segundo livros. • O substantivo antepostoaos numerais vai para o plural: Estudei os capítulos primeiro e segundo do novo livro. • As expressões anexo, incluso, obrigado, mesmo, próprio, quite, junto, leso e meio concordam com a palavra à qual se referem: Vai anexa a duplicata. Os recibos vão anexos. OBS.: Anexo precedido da preposição em fi ca imutável. Ex. Em anexo, seguem faturas. A fotografi a segue inclusa. Os documentos estão inclusos. Ele respondeu: muito obrigado. Ela respondeu: muito obrigada. Os alunos disseram: muito obrigados. Ela mesma escreveu a carta. Nós mesmos fazemos as reclamações. OBS.: Mesmo signifi cando de fato, realmente, é invariável. Ex. Ela fará mesmo a prova? Ela própria fez o comunicado. Eles próprios receberam o prêmio. Estou quite com meu cartão de crédito. Todos vocês estão quites com a tesouraria do Uecevest? João e Pedro sempre chegam juntos. Aquelas alunas nunca estudam juntas. OBS.: Junto funcionando como advérbio (juntamente) ou com- pondo locução prepositiva (junto com..., junto de...) é invariá- vel. Ex. Junto, remeto-lhe as cobranças. Cometeu um crime de lesa-pátria. Foi um crime de leso-patrimônio. Compramos meio quilo de soja. Serviu-nos meia porção de arroz. OBS.: Meio, quando advérbio, é invariável. Ex. As crianças acorda- ram meio doentes. • Os vocábulos muito, pouco, caro, barato, longe, ora funcio- nam como adjetivos, concordando, portanto, com o substan- tivo a que se referem, ora funcionam como advérbios, perma- necendo invariáveis. Poucos alunos tinham muitos motivos para a reclamação. (ad- jetivos) Eles estudam pouco e elas estudam muito. (advérbio) Os livros estavam baratos, mas as outras mercadorias estavam caras. (adjetivos) Estas bijuterias custam barato, mas as jóias originais custam caro. (advérbio) Andei por longes terras. (adjetivo) Moramos longe das badalações. (advérbio) • Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a): após essas expressões o substantivo fi ca sempre no singular e o adjetivo no plural. Renato advogou um e outro caso fáceis. Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. • É bom, é necessário, é proibido: essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante. Canja é bom. A canja é boa. É necessário sua presença. É necessária a sua presença. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. A entrada é proibida. • Só = apenas, somente (advérbio): invariável, e Só = sozinho (adjetivo): variável Só consegui comprar uma passagem. Estiveram sós durante horas. E X E R C í C I O 01. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos pa- rênteses. a) Será que é __________________ essa confusão toda? (necessário/ necessária) b) Quero que todos fi quem ______________. (alerta/ alertas) c) Houve ____________ razões para eu não voltar lá. (bastante/ bastantes) d) Encontrei ____________ a sala e os quartos. (vazia/vazios) e) A dona do imóvel fi cou __________ desiludida com o inquilino. (meio/ meia) 02. (FUVEST) “Na reunião do Colegiado, não faltou, no mo- mento em que as discussões se tornaram mais violentas, argu- mentos e opiniões veementes e contraditórias.” No trecho acima, há uma infração as normas de concordância. a) Reescreva-o com devida correção. b) Justifi que a correção feita. 03. Reescrever as frases abaixo, corrigindo-as quando necessário. a) “Recebei, Vossa Excelência, os processos de nossa estima, pois não podem haver cidadãos conscientes sem educação.” b) “Os projetos que me enviaram estão em ordem; devolvê-los- ei ainda hoje, conforme lhes prometi.” c) “Ele informou aos colegas de que havia perdido os documentos cuja originalidade duvidamos.” d) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia mais fi car no pátio do que continuar dentro da classe.” e) “Faziam apenas dois meses que ela fi cara viúva e mais de uma proposta de casamento apareceram; porém, deviam haver sérios motivos para ela recusá-las.” f ) “Se for levado em consideração as necessidades imediatas da escola, a reforma das instalações terão prioridade.” 04. Colocar: “C” quando correto “E” quando errado a) ( ) Amanhã se fará os últimos exames. b) ( ) Restam-me alguns dias de férias. c) ( ) Os Estados Unidos intervieram nos confl itos sul- africanos há alguns meses. d) ( ) É necessária liberdade de expressão. e) ( ) São crianças a cuja situação muita gente é insensível. f ) ( ) Envie algum dinheiro daquela casa de caridade. g) ( ) Assisti e gostei muito daquele fi lme. h) ( ) Não me pouparam esforços para que o rio fosse despoluído. Apostilas UECEVEST mod4.indb 8 03/04/2011 19:17:51 9 UECEVEST GRAMÁTICA 05. (CESGRANRIO) “Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...” Aponte a opção em que, substituídos os subs- tantivos destacados acima, fi ca INCORRETA a concordância de “amontoado”. a) nuvens e brisas amontoadas b) odores e brisas amontoadas c) nuvens e morros amontoados d) morros e nuvens amontoados e) brisas e odores amontoadas 06. (PUC-CAMP) A frase em que a concordância nominal está correta é: a) A vasta plantação e a casa grande caiados há pouco tempo era o melhor sinal de prosperidade da família. b) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão onde se encontravam as vítimas do acidente. c) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas que ele cultivava na sua pacata e linda chácara do interior. d) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a perna e o braço direitos, mas estava totalmente lúcido. e) Esses livro e caderno não são meus, mas poderão ser importante para a pesquisa que estou fazendo. 07. (UNEB – BA) Assinale a alternativa em que, pluralizando-se a frase, as palavras destacadas permanecem invariáveis: a) Este é o meio mais exato para você resolver o problema: estude só. b) Meia palavra, meio tom - índice de sua sensatez. c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em sua meia promessa. d) Passei muito inverno só. e) Só estudei o elementar, o que me deixa meio apreensivo. 08. (MACKENZIE) Veja os enunciados abaixo: I. Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. II. Muito obrigadas! - disseram as moças. III. Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada. IV. A pobre senhora fi cou meio confusa. V. São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso. Há uma concordância inaceitável de acordo com a gramática: a) em I e II d) apenas em III b) em II, III e IV e) apenas em IV c) apenas em II CONCORDÂNCIA VERBAl A solidariedade entre o verbo e o sujeito, que ele faz viver no tempo, exterioriza-se na CONCORDÂNCIA, isto é, na varia- bilidade do verbo para conformar-se ao número e à pessoa do sujeito. A concordância evita a repetição do sujeito, que pode ser indicada pela fl exão verbal a ele ajustada. Ex: Alunos uecevesteanos passam no vestibular. Nossos alunos são os melhores. Eu acabei por adormecer no regaço de minha tia. Quando acor- dei, já era tarde, não vi meu pai. (A. Ribeiro, Cinco réis de gente, 257.) Leia: Todo brasileiro lembra como era difícil e caro conseguir comu- nicar-se com uma localidade do interior. O Brasil agora é outro. Os avanços das nossas telecomunicações mudaram, para me- lhor, a vida dos brasileiros. (Revista isto é) Observe as formas verbais em destaque no trecho. • Identifi que o sujeito desses verbos. • O que se pode observar entre o sujeito e o verbo correspondente? A concordância verbal considera as fl exões de número e pes- soa entre o verbo e o sujeito. Principais casos • O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito simples. A revista sumiu daqui. • O sujeito composto por elementos da mesma pessoa gramatical leva o verbo para o plural: A revista e o jornal chegaram agora. • O sujeito composto por elementos de pessoa gramatical defe- rente leva o verbo para o plural da pessoa predominante: a) a 1ª pessoa predomina sobre a 2ª e a 3ª: Tu, ela e eu somos os melhores. b) a 2ª pessoa predomina sobre a 3ª:Tu e ela sois os melhores. • O verbo concorda com o elemento mais próximo do sujeito composto: Restou-me uma folha de papel, um lápis e uma borracha. Casos especiais de concordância verbal • O sujeito formado de substantivo coletivo, acompanhado de nome no plural, pede o verbo no singular ou plural: Um bando de crianças quebrou o vidro. • O sujeito que tem como núcleo uma forma pluralícia, acompa- nhado de artigo no plural, pede o verbo plural: Os Estados Unidos são uma grande nação. • O verbo transitivo direto, ao lado do pronome se, concorda com o sujeito paciente: Vende-se uma casa. Vendem-se várias casas. • A expressão um ou outro pede o verbo no singular: Um ou outro doce me deliciava. • A expressão mais de um pede o verbo no singular: Mais de um membro da comissão fi cou descontente. • Os verbos dar, bater, e soar, indicando horas, concordam com o sujeito da oração: Deu uma hora. Deram quatro horas. Soaram três horas. Bateu uma hora. Concordância com o verbo ser • Com as palavras tudo, isto, isso, aquilo e o predicativo no plural, o verbo ser também pode ir para o plural: Isto não são coisas que você possa dizer. • As expressões é muito, é pouco, é mais de, é menos de, é tanto, quando indicam preço, quantidade, peso, fi cam com o verbo na singular: Quinhentos gramas é pouco. Apostilas UECEVEST mod4.indb 9 03/04/2011 19:17:52 GRAMÁTICA 10 UECEVEST • Em horas, datas e distâncias, o verbo ser é impessoal e con- corda com o predicativo: Hoje são vinte de janeiro. É zero hora em Brasília. São onze horas da manhã. OBS.: O correto é: É meio-dia e meia (hora). Concordância com o verbo haver e fazer • O verbo haver apresenta as seguintes peculiaridades: a) no sentido de existir é impessoal e conjuga-se apenas na 3ª pessoa do singular. Havia muitas frutas na geladeira. b) no sentido de existir, e ao lado de outro verbo, torna o ou- tro também impessoal: Deve haver belos espetáculos hoje. c) no sentido de ter, conjuga-se normalmente: Eles haviam chegado lá. OBS.: Forma composta. • O verbo fazer apresenta as seguintes peculiaridades: a) no sentido de tempo é impessoal e conjuga-se apenas na 3ª pessoa do singular: Faz muitos dias que não vou lá. b) no sentido de fazer alguma coisa, conjuga-se normalmente: Elas fazem doce pra vender. Regência nominal e verbal Regência nominal Leia: Adolescência Quando tudo muda na vida Cheio de paixão, transbordante de vitalidade, impelido por incríveis contradições, o jovem passa pela adolescência e se pre- para para ser adulto. Sendo uma das épocas mais importantes da vida do homem, a adolescência precisa ser encarada com muito respeito e carinho. No texto, os adjetivos cheio, transbordante e impelido, ter- mos regentes – exigem as preposições de e por, respectivamente. Nesses casos, como os termos regentes são adjetivos, temos re- gência nominal. (Revista Pais e filhos.) • Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramaticalmente de outro. • Termo regente é a palavra que precisa de outra para comple- tar-lhe o sentido: Ele tem amor à vida. - amor (nome) → termo regente • Termo regido é a palavra que completa o sentido de outra, às vezes ligado a ela por preposição: Ele tem amor à vida - vida → termo regido Encontramos acima um caso de regência nominal, que é a que trata dos complementos dos nomes (substantivos e adjetivos). Regência Nominal é o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem com- plementos introduzidos pela preposição “a”. Veja: Obedecer (a algo / a alguém) - Odediente (a algo / a alguém) A regência pode ser também verbal, que veremos adiante. Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre- posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece. Substantivos Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de Aversão a, para, por Doutor em Obediência a Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por Bacharel em Horror a Proeminência sobre Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por Adjetivos Acessível a Diferente de Necessário a Acostumado a, com Entendido em Nocivo a Afável com, para com Equivalente a Paralelo a Agradável a Escasso de Parco em, de Alheio a, de Essencial a, para Passível de Análogo a Fácil de Preferível a Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a Apto a, para Favorável a Prestes a Ávido de Generoso com Propício a Benéfico a Grato a, por Próximo a Capaz de, para Hábil em Relacionado com Compatível com Habituado a Relativo a Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por Contíguo a Impróprio para Semelhante a Contrário a Indeciso em Sensível a Curioso de, por Insensível a Sito em Descontente com Liberal com Suspeito de Desejoso de Natural de Vazio de Advérbios Longe de Perto de OBS.: Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regi- me dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a. Regência verbal Leia: Um recente estudo mostrou o panorama da educação bra- sileira, de cada 100 alunos matriculados na 1ª série do ensino fundamental, só 40 concluem o ensino médio. (Revista Época). A regência verbal analisa as relações sintáticas que se estabelecem entre os verbos e seus complementos. Para esse estudo, é conveniente relembrar a classificação dos verbos quanto à transitividade. Apostilas UECEVEST mod4.indb 10 03/04/2011 19:17:52 11 UECEVEST GRAMÁTICA • Classifi que o verbo do período destacado quanto à transitividade verbal e justifi que. • Reescreva o período anterior, acrescentado o termo: “ao leitor” • A transitividade do verbo se modifi cou? Explique sua resposta. A regência verbal trata dos complementos dos verbos. Aspiramos um ar poluído termo regente termo regido (verbo) (complemento) Alguns verbos e sua regência correta: Aspirar no sentido de: • atrair para os pulmões (transitivo direto) No sítio, aspiro o ar puro da montanha. • pretender (transitivo indireto) com a preposição a. O time aspira ao troféu de campeão. Assistir: • presenciar, ver (transitivo indireto) com a preposição a. Assisto a muitos fi lmes. • ajudar (transitivo direto) A enfermeira assiste os doentes. Obedecer • transitivo indireto – com a preposição a. Obedeço aos sinais de trânsito. Pagar • Transitivo direto de coisa e indireto de pessoa Já paguei um lanche aos amigos. O.D. O.I. querer: • desejar (transitivo direto) Quero um lugar ao sol. • gostar de (transitivo indireto) – com a preposição a. Quero bem a vocês. Visar: • objetivar (transitivo indireto) – com a preposição a. Os colégios visam à formação de seus alunos. • apontar (transitivo direto) Eu visava você naquele jogo.w • pôr sinal de visto em (transitivo direto) O gerente mandou visar o cheque. Preferir • querer mais (transitivo direto e indireto) Prefi ro a Ciência à Comunicação. Informar • (transitivo direto e indireto) Informei-o do problema. Informe-lhe o problema. Precisar: • ter necessidade (transitivo indireto) – com a preposição de. O país precisa de moralização. • indicar com exatidão (transitivo direto) Precisei bem a questão. E X E R C í C I O 01. (UFPA) Assinale a alternativa que contém as respostas corretas. I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involuntariamente, prejudicou toda uma família. II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a fi rma a aceitar qualquer ajuda do sogro. III. Desdecriança sempre aspirava a uma posição de destaque, embora fosse tão humilde. IV. Aspirando o perfume das centenas de fl ores que enfeitavam a sala, desmaiou. a) II, III, IV d) I, III b) I, II, III e) I, II e) I, III, IV 02. (UFAM) Assinale o item em que há erro quanto à regência: a) São essas as atitudes de que discordo. b) Há muito já lhe perdoei. c) Informo-lhe de que paguei o colégio. d) Costumo obedecer a preceitos éticos. e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente. 03. (UNIMEP-SP) Quando implicar tem sentido de “acarretar”, “produzir como consequência”, constrói-se a oração com objeto direto, como se vê em: a) Quando era pequeno, todos sempre implicaram comigo. b) Muitas patroas costumam implicar com as empregadas domésticas. c) Pelo que diz o assessor, isso implica em gastar mais dinheiro. d) O banqueiro implicou-se em negócios escusos. e) Um novo congelamento de salários implicará uma reação dos trabalhadores. 04. (FMU-SP) Assinale a única alternativa incorreta quanto à regência do verbo. a) Perdoou nosso atraso no imposto. b) Lembrou ao amigo que já era tarde. c) Moraram na rua da Paz. d) Meu amigo perdoou ao pai. e) Lembrou de todos os momentos felizes. 05. (FGV-SP) Assinale a alternativa em que há erro de regência verbal. a) Os padres das capelas que mais dependiam do dinheiro desfi zeram-se em elogios à garota. b) As admoestações que insisti em fazer ao rábula acabaram por não produzir efeito algum. e) Nem sempre o migrante, em cujas faces se refl etia a angústia que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação. d) Era uma noite calma que as pessoas gostavam, nem fria nem quente demais. e) Nem sempre o migrante, cujas faces refl etiam a angústia que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação. Apostilas UECEVEST mod4.indb 11 03/04/2011 19:17:53 GRAMÁTICA 12 UECEVEST 06. (UFG) Indique a alternativa correta. a) Sempre pago pontualmente minha secretária. b) Você não lhe viu ontem. e) A sessão fora assistida por todos os críticos. d) Custei dois anos para chegar a doutor. e) O ideal a que visavam os parnasianos era a perfeição estética. 07. (UFSCar-SP) Assinale a alternativa correta quanto à regência: a) A peça que assistimos foi muito boa. b) Estes são os livros que precisamos. c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram. d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio. e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos. 08. (Mack-SP) Assinale a alternativa incorreta quanto à regência verbal: a) Ele custará muito para me entender. b) Hei de querer-lhe como se fosse minha fi lha. c) Em todos os recantos do sítio, as crianças sentem-se felizes, porque aspiram o ar puro. d) O presidente assiste em Brasília há quatro anos. e) Chamei-lhe sábio, pois sempre soube decifrar os enigmas da vida. 09. (CEFET-PR) Assinale a alternativa que apresenta incorreção quanto à regência verbal: a) Nós nos valemos dos artifícios que dispúnhamos para vencer. b) Ele preferiu pudim a groselha. c) O esporte de que gosto não é praticado no meu colégio. d) Sua beleza lembrava a mãe, quando apenas casada. e) Não digo com quem eu simpatizei, pois não lhe interessa. 10. (Conc. Investigador de Policia) Assinale a alternativa que apresenta um desvio em relação à regência verbal. a) Simpatizei com toda a diretoria e com as novas orientações. b) Há alguns dos novos diretores com os quais não simpatizamos. c) A fi rma toda não se simpatizou com a nova diretoria. d) Somente o tesoureiro não simpatizou com a nova diretoria. 11. (Conc. Escrivão de Polícia) Assinale a alternativa em que o signifi cado do verbo apontado entre parênteses não corresponde à sua regência. a) Com sua postura séria, o diretor assistia todos os funcionários dos departamentos da empresa. (ajudar) b) No grande auditório, o público assistiu às apresentações da Orquestra Experimental. (ver) c) Esta é uma medida que assiste aos moradores da Vila Olímpia. (caber) d) Estudantes brasileiros assistem na Europa, durante um ano. (observar) 12. (Conc. Analista de Sistemas - Banco Central) Os trechos a seguir constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro de regência. a) Desde abril, já é possível perceber algum decréscimo da atividade econômica, com queda da produção de bens de consumo duráveis, especialmente eletrodomésticos, e do faturamento real do comércio varejista. b) Apesar da queda da infl ação em maio, espera-se aceleração no terceiro trimestre, fenômeno igual ao observado nos dois últimos anos, em decorrência da concentração de aumentos dos preços administrados. c) Os principais focos de incerteza em relação às perspectivas para a taxa de infl ação nos próximos anos referem-se a evolução do preço internacional do petróleo, o comportamento dos preços administrados domésticos e o ambiente econômico externo. d) Desde maio, porém, entraram em foco outros fatores: o racionamento de energia elétrica, a intensifi cação da instabilidade política interna e a depreciação acentuada da taxa de câmbio. e) A mais nova fonte de incerteza é o choque derivado da limitação de oferta de energia elétrica no País, pois há grande difi culdade em se avaliar seus efeitos com o grau de precisão desejável. (Trechos adaptados do Relatório de Infl ação - Banco Central do Brasil, junho de 2001- v. 3, 1° 2, p. 7 e 8) E X E R C í C I O 01. (UECE) Está consoante a norma culta a concordância em: a) Há menas campanha de opinião pública. b) É necessário disposições para a preservação da vida. c) As crianças estão bastantes purifi cadas. d) A loucura entra através dos fatos, das imagens e da comunicação modernas. 02. (PUC-SP) Assinale a alternativa correspondente à frase em que a concordância verbal e a nominal esteja correta. a) Qualquer que tivessem sido as decisões da chefi a, a reação dos funcionários seria a mesma, sempre, pois discórdias é que não faltava lá. b) Eles são tão pouco esclarecidos, que com meias palavras não entendem nada; é necessário, sempre, as explicações mais detalhadas. c) Quando já passava das dez horas, atribui-se o atraso do juiz a problemas de saúde e dispensaram-se as testemunhas. d) Vai ser avaliado, no mês que vem, os danos da seca e serão anunciados os prejuízos correspondentes. e) Eles parecem, cada vez mais, serem os únicos responsáveis pelo ocorrido, por mais inacreditável que possa ser os fatos. 03. (F.C.Chagas-SP) Assinale a alternativa em que a concordân- cia verbal e a nominal está correta. a) Já é meio-dia e meia; faltam poucos minutos para começar a reunião. b) Comprei um óculos escuro nesta loja. Consegue-se bons descontos aqui. c) Vão fazer dez anos que trabalho aqui e ainda é proibido a minha entrada na sala da Diretoria! d) Duzentas gramas de queijos são demais para fazer a torta. e) A gente fomos ao cinema no domingo, e lá haviam amigos nossos na fi la. 04. (Santa Casa- SP) Não chove _______ meses, mas a esperan- ça e o vigor que sempre ________ no sertanejo não o _______. a) faz, existiu, abandonou. b) faz, existiram, abandonaram. c) fazem, existiu, abandonaram. d) fazem, existiram, abandonaram. e) fazem, existiu, abandonaram. 05. (F.C.Chagas- BA) Assinale: a) se todos forem corretos. b) se forem corretos somente os textos 1 e 2. c) se forem corretos somente os textos 1 e 3. d) se forem correto somente os textos 2 e 3. e) se nenhum deles for correto. 1. Vossa Excelência sois um ótimo professor. 2. Tu e eles ireis à conferência. 3. Passará o céu e a terra, mas não passarão minhas palavras. 06. (UECE) Não ocorre erro de regência em: a) A equipe aspirava o primeiro lugar. b) Obedeça aos mais experientes. c) Deu a luz à vizinha a três crianças sadias. d) Vise ao cheque com caneta de tinta azul. Apostilas UECEVEST mod4.indb 12 03/04/2011 19:17:54 13 UECEVEST GRAMÁTICA 07. (UNIFOR) Na carta, informavam-_____ seria convidado __________ ocupar o posto ___________ almejava. a) lhe de que – a- que. d) no que- em – que. b) lhe que-em- a que. e) no que- a – que. c) no de que- a – a que. 08. (UFC) Aponte a opção correta quanto à regência. a) Laurindo preferia a conversa do que história de assombração. b) O rapaz não obedeceu a ordem de seu pai. c) Ela assistia os moradores da fazenda. d) Os mais novos assistiram a conversa dos mais velhos. e) Li o livro que você me falou. 09. (UECE) Assinale a opção em que o verbo chegar apresenta regência censurada pela Gramática. a) Ele chegou na hora do almoço. b) Ao chegar a casa, o fi lho pródigo foi bem recebido. c) Era muito tarde quando cheguei ao colégio. d) O noivo chegou atrasado na igreja. 10. (UECE) Segue a norma culta a regência da opção: a) A criança obedece aos pais. b) Os americanos esqueceram a guerra. c) Eles chegaram cedo nos Estados Unidos. d) Alguns preferem muito mais o pássaro que o gato. 11. (Fuvest-SP) Indique a alternativa correta. a) Tratavam-se de questões fundamentais. b) Comprou-se terrenos nos subúrbios. c) Precisam-se de datilógrafos. d) Reformam-se ternos. e) Obedeceram-se aos severos regulamentos. 12. (Santa Casa- SP) Supondo que meios para que se _________ os cálculos de modo mais simples. a) devem haver, realize. d) deve haver, realizem. b) devem haver, realizem. e) deve haver, realize. c) devem haverem, realize. 13. Todas as alternativas abaixo estão corretas quanto à concor- dância nominal, exceto: a) Foi acusado de crime de lesa-justiça. b) As declarações devem seguir anexas ao processo. c) Eram rapazes os mais elegantes possível. d) É necessário cautela com os pseudolíderes. e) Seguiram automóveis, cereais e geladeiras exportados. 14. (F.C.Chagas- SP) Elas ___________ providenciaram os ates- tados, que enviaram ___________ às procurações, como instru- mentos ___________ para os fi ns colimados. a) mesmas, anexos, bastantes. b) mesmo, anexo, bastante. c) mesmas, anexo, bastante. d) mesmo, anexos, bastante. e) mesmas, anexos, bastante. 15. (UFC) O verbo “esquecer” apresenta regência correta em: I. Esqueci-me dos presentes de Natal; II. Esquecemos os presentes de Natal III. Esqueceste dos presentes de Natal. É correto o que se afi rma: a) em I e II. d) em todas. b) em I e III. e) em nenhuma. c) em II e III. Apostilas UECEVEST mod4.indb 13 03/04/2011 19:17:54 GRAMÁTICA 14 UECEVEST PARTíCUlA “qUE” Para analisar a partícula que, veja o quadro a seguir: Classe gramatical Função sintática Exemplo Substantivo – é precedida de determinante e vem acentuada. Exerce as funções pró-prias do substantivo (sujeito, objeto, predicativo...). Paula tem um quê de misteriosa. Estes quês estão mal empregados na frase. Pronome interrogativo adjetivo – acompanha o Substantivo; substantivo – substitui o substantivo. Junto do ponto de interrogação, leva acento. Adjunto adnominal. Tem todas as funções do substantivo (sujeito, objeto...). Que clube você frequenta? substantivo Que aconteceu? verbo Aconteceu o quê? Pronome relativo (o qual, os quais – substitui o ante-cedente. Introduz oração adjetiva e tem muitas funções (sujeito, objeto...). Veja página 362. O cantor que (o qual) chegou é muito famoso. Encontrei as chaves que (as quais) estavam perdidas Pronome indefinido ( = quão, quanto, quanta) — acompanha substantivo. Será sempre pronome adjetivo. Adjunto adnominal. Que horas são? (quantas) Que dinheiro gasto à toa! (quanto) Que coisa interessante! (quanta) Advérbio de intensidade (quão, como) – acompanha adjetivo ou advérbio. Adjunto adverbial de intensidade. Que bom você ter vindo! adjetivo Preposição (de) – vem junto ao verbo ter. Liga palavras (conetivo). Não tem função sintática. Tenho que estudar. (de) Interjeição – vem seguido de ponto de exclamação e é acentuado. Não tem função sintática. Quê! Você fez isso? Conjunção coordenativa aditiva (e) Introduz oração coorde-nada sindética aditiva. Fala que fala e nunca diz nada. Conjunção coordenativa explicativa (= pois, precedida de verbo no imperativo) Introduz oração coordenada sindética explicativa. Não vá, que sentirei saudade. (pois) Conjunção subordinativa integrante Introduz oração subordinada substantiva Não quero que você vá. Conjunção subordinativa causal (= porque) Introduz oração subordinada adverbial causal. Não irei ao show que vai chover. (porque) Conjunção subordinativa comparativa (precedida de mais, menos) Introduz oração subordinada adverbial comparativa Fiquei mais triste (do) que você. Conjunção subordinativa consecutiva (precedida de tanto, tal, tão, tamanho...) Introduz oração subordinada adverbial conse-cutiva. Fez tanto exercício que cansou. Conjunção subordinativa final (= para que) Introduz oração subordinada adverbial final. Faço votos que vocês se entendam. Conjunção subordinativa temporal (= quando) Introduz oração subordinada adverbial temporal Abertos que foram os portões, todos entraram. Partícula expletiva ou de realce — pode ser retirada da frase. Aparece também na expressão é que. Não tem função sintatica. Eu é que sei. Que todos entrem. Partícula “se” Leia as frases e observe a partícula se: “Se a Europa não é um ‘produto acabado’, muito menos o Brasil.”(Renato Baiard) No exemplo acima, a partícula “se” classifica-se como con- junção subordinativa condicional e introduz oração subordinada adverbial condicional, servindo de conetivo. Lixo atômico, chuva ácida, efeito estufa, extinção de espécies, desertificação: Viva-se em um mundo desses! Nesse caso, a partícula “se” classifica-se como pronome pesso- al do caso oblíquo átono e é considerada partícula expletiva ou de realce, podendo ser retirada da frase. Os jovens sabem se divertir! Nessa frase, a palavra “se” classifica-se como pronome pessoal do caso oblíquo átono e exerce. a função sintática de objeto direto. Assim, observa-se que a partícula se admite várias classifica- ções, exercendo funções sintáticas diferentes. Para saber quais as classes gramaticais e as funções sintáticas da partícula se, veja o quadro a seguir: Classe gramatical Função sintática Exemplo Substantivo – vem precedido de determinante: Exerce as funções do substantivo (sujeito, objeto direto...). Este se me deixou confuso. Identifique a função do se. Pronome oblíquo átono: Partícula apassivadora: com verbo transitivo direto. Cobrem-se botões. Apostilas UECEVEST mod4.indb 14 03/04/2011 19:17:55 15 UECEVEST GRAMÁTICA Pronome oblíquo átono: Índice de indeterminação do sujeito. Come-se bem neste restaurante chinês. Objeto direto: quando for pronome refl exivo com verbo transitivo direto. Ela se penteou. (ela mesma) Objeto indireto: quando for pronome refl exivo com verbo transitivo indireto. Ela se dá muita importância. (a si mesma) Partícula expletiva ou de realce (pode ser retirada da frase). Todos se foram, logo que amanheceu. Elemento integrante dos verbos pronominais. Pedro arrependeu-se. Sujeito de verbo no infi nitivo. Ele deixou-se fi car ali mesmo. Conjunção subordinativa integrante: Introduz oração subordinada substantiva. Ela não disse se virá. Conjunção subordinativa condicional (= caso): Introduz oração subordinada adverbial condicional. Só irei, se você também for. (caso) ATENÇÃO: Observe bem a diferença: Se Partícula apassivadora Se Índice de indeterminação do sujeito • Com verbo transitivo direto: Comprou-se uma casa. • O sujeito está expresso: Comprou-se uma casa. • Pode-se passar para a voz passiva analítica (verbo ser): Uma casa foi comprada. • O verbo pode vir na 3ª pessoa do singular ou plural, concordando com o sujeito expresso. Comprou-se uma casa. Compraram-se casas. • Com verbo transitivo indireto, intransitivo e de ligação: Precisa-se de empregada. Vive-se mal aqui. Não se é feliz neste lugar. • O sujeito é indeterminado. • Não tem voz passiva. • O verbo só pode vir na 3ª pessoa do singular (não admite plural): Precisa-se de empregada. Precisa-se de empregados. E X E R C í C I O 01. Atentando paraas funções morfossintáticas da palavra que, enumere a segunda coluna de acordo com a primeira. a) Você tem um quê que me agrada. b) Que tens na cabeça? c) Que delicioso este sorvete. d) Alguns já perceberam que algo aconteceu. e) Nunca que eu faria isso. ( ) Advérbio de intensidade e adjunto adverbial de intensidade. ( ) Conjunção integrante. ( ) Pronome substantivo indefi nido e interrogativo e objeto direto. ( ) Substantivo e objeto direto / pronome relativo e sujeito. ( ) Palavra denotativa de realce. 02. Classifi que as funções morfossintáticas do que nas orações abaixo: a) A criança mexe que mexe no berço. b) Agora, que eu ia viajar, chove. c) A cobra por que foste picado não é venenosa. d) Comprei o livro de que você me falou. e) Não chore, meu fi lho, que a vida é luta renhida. 03. “Gostar é tão fácil, que ninguém aceita aprender.” Possuía a mesma relação semântica do “que” da frase da opção: a) “Eu sei que existe por aí uma andorinha solta, procurando o verão que se perdeu no tempo...” b) “ Indiquei-lhe o dedo que não permanecesse quieta, enquanto a acusavam.” c) “ A felicidade era tal que começou aí o ufanismo.” d) “ Que saudades tenho da Bahia...” e) “ Era com difi culdades que prosseguia.” 04. Em “A ideia de matar é de tal forma inerente ao homem, que à falta de atentados sanguinolentos a cometer, ele mata calma- mente o tempo”, existe relação de: a) causa e efeito. d) condição e proporção. b) causa e fi nalidade. e) fi nalidade e conclusão. c) causa e condição. 05. Leia atentamente o texto e responda, indicando a alternativa correta: “A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agres- te, que me deu uma alma agreste.” (Graciliano Ramos) A função sintática do que é: a) adjunto adnominal d) objeto direto. b) complemento nominal e) objeto indireto. c) sujeito. 06. Em “Nota-se facilmente que nunca perceberam o papel se- cundário que exerciam naquele período.” A função sintática do primeiro “que” é de: a) pronome relativo. b) objeto direto c) conectivo subordinativo (integrante) d) sujeito e) objeto indireto Apostilas UECEVEST mod4.indb 15 03/04/2011 19:17:55 GRAMÁTICA 16 UECEVEST 07. Identifi que a alternativa que classifi ca corretamente a função do quê, nas frases a seguir: I. — Espero que os homens pensem, com amor, em seu velho planeta. II. — A criança doente que chorava, era a felicidade e a esperança da família. a) pronome substantivo indefi nido –preposição b) conjunção integrante – pronome relativo c) pronome relativo –substantivo d) advérbio –pronome adjetivo indefi nido e) conjunção subordinada causal –partícula expletiva 08. O pronome relativo que exerce função de sujeito em: a) “Além, muito além daquela serra que ainda azula no horizonte , nasceu Iracema.” b) “Sofreu mais d’alma que da ferida.” c) “O sentimento que ele pôs no rosto, não o sei eu.” d) “Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje tem os meus.” e) “A alva rede, que Iracema perfumara com a resina do benjoim, guardava-lhe um sonho calmo e doce.” 09. “ Ele se morria de ciúmes da esposa.” O termo em destaque é: a) pronome oblíquo refl exivo. b) pronome oblíquo recíproco. c) pronome apassivador. d) conjunção subordinativa integrante. e) expletivo, não exercendo nenhuma função. 10. A palavra “se” indica causa/consequência em: a) Se todos tivessem estudado as notas seriam altas. b) Se não houvesse afi rmado, ninguém o teria julgado. c) Perguntaram se ele estava satisfeito. d) Neste ano, se houve muita fartura e o aiocoense fi cou satisfeito, a prefeitura investiu muito dinheiro na agricultura. e) Não se deve alugar uma casa na praia. 11. Não há pronome apassivador no item: a) Esta escola faz-se de bons alunos. b) Olhava-se no espelho e sorria. c) Não se conheciam as razões. d) Solicitaram-se novos pedidos. e) Esta serra já se povoou de índios. 12. Quanto ao uso do se, a gramática tradicional não admite a construção: a) vendem-se casas. b) aluga-se apartamento. c) não se vá tão cedo! d) trabalhou-se muito hoje. e) conserta-se sapatos. 13. A palavra se é conjunção subordinativa integrante ( por in- troduzir oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das opções seguintes? a) ele se morria de ciúmes pelo patrão. b) a federação arroga-se o direito de cancelar o jogo. c) o aluno fez-se passar por doutor. d) precisa-se de pedreiros. e) não sei se o vinho está bom. 14. “ Uma lagartixa passou correndo à sua frente e sumiu-se por entre as macegas.” A palavra se é: a) pronome refl exivo e objeto direto. b) pronome recíproco e objeto direto. c) partícula de realce- sem função sintática. d) pronome pessoal oblíquo e objeto direto. e) parte integrante do verbo. 15. Na frase: “ Trabalhou-se com prazer”, a palavra se é: a) partícula de realce. b) partícula expletiva. c) pronome refl exivo. d) índice de indeterminação do sujeito. e) nenhuma das alternativas. 16. Uma das alternativas apresenta o pronome refl exivo se, iden- tifi que-a: a) “Capitu deixou-se fi tar e examinar” (Machado de Assis) b) Voltarei cedo se quiseres. c) Queixou-se das questões do concurso. d) Alugam-se apartamentos. e) Precisa-se de pedreiros. 01. S.O.S Português Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refl etir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dico- tômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas moda- lidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso. S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº 231, abr. 2010 (fragmento adaptado). O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as ca- racterísticas próprias desse tipo de texto, identifi cam-se as marcas linguísticas próprias do uso: a) regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil. b) literário, pela conformidade com as normas da gramática. c) técnico, por meio de expressões próprias de textos científi cos d) coloquial, por meio do registro de informalidade. e) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade. 02. Carnavália Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? [...] ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento). No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a ele- mentos que compõem uma escola de samba e à situação emocio- nal em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um(a): a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. Apostilas UECEVEST mod4.indb 16 03/04/2011 19:17:56 17 UECEVEST GRAMÁTICA c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfi ca. e) termo técnico, dado que designa elemento de área específi ca de atividade. 03. A Herança Cultural da Inquisição A Inquisição gerou uma série de comportamentos humanos defensivos na população da época, especialmente por ter perdu- rado na Espanha e em Portugal durante quase 300 anos, ou no mínimo quinze gerações. Embora a Inquisição tenha terminado há mais de um século, a pergunta que fi z a vários sociólogos, historiadores e psicólogos era se alguns desses comportamentosculturais não poderiam ter- se perpetuado entre nós. Na maioria, as respostas foram negativas, ou seja, embora alterasse sem dúvida o comportamento da época, nenhum com- portamento permanece tanto tempo depois, sem reforço ou estí- mulo continuado. Não sou psicólogo nem sociólogo para discordar, mas tenho a impressão de que existem alguns comportamentos estranhos na sociedade brasileira, e que fazem sentido se você os considerar resquícios da era da Inquisição. [...] KANITZ, S. A Herança Cultural da Inquisição. In: Revista Veja. Ano 38, nº 5, 2 fev. 2005 (fragmento). Considerando-se o posicionamento do autor do fragmento a res- peito de comportamentos humanos, o texto: a) enfatiza a herança da Inquisição em comportamentos culturais observados em Portugal e na Espanha. b) contesta sociólogos, psicólogos e historiadores sobre a manutenção de comportamentos gerados pela Inquisição. c) contrapõe argumentos de historiadores e sociólogos a respeito de comportamentos culturais inquisidores. d) relativiza comportamentos originados na Inquisição e observados na sociedade brasileira. e) questiona a existência de comportamentos culturais brasileiros marcados pela herança da Inquisição. 04. Resta saber o que fi cou das línguas indígenas no português do Brasil. Serafi m da Silva Neto afi rma: “No português brasileiro não há, positivamente infl uência das línguas africanas ou ame- ríndias”. Todavia, é difícil de aceitar que um longo período de bilinguismo de dois séculos não deixasse marcas no português do Brasil. ELIA, S. Fundamentos Histórico-Linguísticos do Português do Brasil. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003 (adaptado). No fi nal do século XVIII, no norte do Egito, foi descoberta a Pe- dra de Roseta, que continha um texto escrito em egípcio antigo, uma versão desse texto chamada “demótico”, e o mesmo texto escrito em grego. Até então, a antiga escrita egípcia não estava decifrada. O inglês Th omas Young estudou o objeto e fez algumas descobertas como, por exemplo, a direção em que a leitura de- veria ser feita. Mais tarde, o francês Jean-François Champollion voltou a estudá-la e conseguiu decifrar a antiga escrita egípcia a partir do grego, provando que, na verdade, o grego era a língua original do texto e que o egípcio era uma tradução. Com base na leitura dos textos conclui-se, sobre as línguas, que: a) cada língua é única e intraduzível. b) elementos de uma língua são preservados, ainda que não haja mais falantes dessa língua. c) a língua escrita de determinado grupo desaparece quando a sociedade que a produzia é extinta. d) o egípcio antigo e o grego apresentam a mesma estrutura gramatical, assim como as línguas indígenas brasileiras e o português do Brasil. e) o egípcio e o grego apresentavam letras e palavras similares, o que possibilitou a comparação linguística, o mesmo que aconteceu com as línguas indígenas brasileiras e o português do Brasil. 05. O presidente Lula assinou, em 29 de dezembro de 2008, decreto sobre o Novo Acordo Ortográfi co da Língua Portuguesa. As novas regras afetam principalmente o uso dos acentos agudo e circunfl exo, do trema e do hífen. Longe de um consenso, muita polêmica tem-se levantado em Macau e nos oito países de língua portuguesa: Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçam- bique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Compa- rando as diferentes opiniões sobre a validade de se estabelecer o acordo para fi ns de unifi cação, o argumento que, em grande parte, foge a essa discussão é: a) “A Academia (Brasileira de Letras) encara essa aprovação como um marco histórico. Inscreve-se, fi nalmente a Língua Portuguesa no rol daquelas que conseguiram benefi ciar-se há mais tempo da unifi cação do sistema de grafar, numa demonstração de consciência da política do idioma e de maturidade na defesa, difusão e ilustração da língua da Lusofonia.” SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponível em: http://www.academia.org.br. Acesso em: 10 nov. 2008. b) “Acordo Ortográfi co? Não, obrigado. Sou contra. Visceralmente contra. Filosofi camente contra. Linguisticamente contra. Eu gosto do “c” do “actor” e o “p” de “cepticismo”. Representam um património, uma pegada etimológica que faz parte de uma identidade cultural. A pluralidade é um valor que deve ser estudado e respeitado. Aceitar essa aberração signifi ca apenas que a irmandade entre Portugal e o Brasil continua a ser a irmandade do atraso. COUTINHO, J. P. Folha de São Paulo. Ilustrada. 28 set.2008, E1 (adaptado). c) “Há um conjunto de necessidades políticas e econômicas com vista à internacionalização do português como identidade e marca econômica”. “É possível que o (Fernando) Pessoa, como produto de exportação, valha mais do que a PT (Portugal Telecom). Tem um valor econômico único”. RIBEIRO, J. A. P. Ministro da Cultura de Portugal. Disponível em: http:// ultimahora.publico.clix.pt. Acesso em: 10 nov. 2008. d) “É um acto cívico batermo-nos contra o Acordo Ortográfi co”. “O acordo não leva a unidade nenhuma”. “Não se pode aplicar na ordem interna um instrumento que não está aceito internacionalmente” e nem assegura “a defesa da língua como património, como prevê a Constituição nos artigos 9º e 68º.” MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponível em: www.mundoportugues.org. Acesso em: 10 nov. 2008. e) “Se é para ter uma lusofonia, o conceito [unifi cação da língua] deve ser mais abrangente e temos de estar em paridade. Unidade não signifi ca que temos que andar todos ao mesmo passo. Não é necessário que nos tornemos homogéneos. Até porque o que enriquece a língua portuguesa são as diversas literaturas e formas de utilização.” RODRIGUES, M. H. Presidente do Instituto Português do Oriente, sediado em Macau. Disponível em: http://taichungpou.blogspot.com. Acesso em: 10 nov. 2008 (adaptado). 06. Texto I O chamado “fumante passivo” é aquele indivíduo que não fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros fumados ao Apostilas UECEVEST mod4.indb 17 03/04/2011 19:17:57 GRAMÁTICA 18 UECEVEST seu redor. Até hoje, discutem-se muito os efeitos do fumo pas- sivo, mas uma coisa é certa: quem não fuma não é obrigado a respirar a fumaça dos outros. O fumo passivo é um problema de saúde pública em todos os países do mundo. Na Europa, estima-se que 79% das pessoas es- tão expostas à fumaça “de segunda mão”, enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos não fumantes acabam fumando passivamente. A Sociedade do Câncer da Nova Zelândia informa que o fumo passivo é a terceira entre as principais causas de morte no país, depois do fumo ativo e do uso de álcool. Disponível em: www.terra.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (fragmento). Texto II Disponível em:http://rickjaimecomics.blogspot.com. Acesso em: 27 abr.2010. Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II procuram demonstrar que: a) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa, diariamente, excede o máximo de nicotina recomendado para os indivíduos, inclusive para os não fumantes. b) para garantir o prazer que o indivíduo tem ao fumar, será necessário aumentar as estatísticas de fumo passivo. c) a conscientização dos fumantes passivos é uma maneira de manter a privacidade de cada indivíduo e garantir a saúde de todos. d) os não fumantes precisam ser respeitados e poupados, pois estes também estão sujeitos às doenças causadas pelo tabagismo. e) o fumante passivo não é obrigado a inalar as mesmas toxinas que um fumante, portanto depende dele evitar ou não a contaminação proveniente da exposição ao fumo. G A B A R I T O Concordância nominal 01. * 02. * 03. * 04. * 05. e 06. e 07. e 08. d 01. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio 02. a) “Na reunião do colegiado, não faltaram, no momento em que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e opiniões veementes e contraditórias.” b) Concorda com o sujeito “argumentos e opiniões”. 03. a) “Receba, Vossa Excelência, os protestos de nossa estima, pois não pode havercidadãos conscientes sem a educação.” b) A frase está correta. c) “Ele informou aos colegas que havia perdido (ou: ele informou os colegas de que havia perdido os documentos de cuja originalidade duvidamos.” d) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia fi car no pátio a continuar dentro da classe.” e) “Fazia apenas dois meses que ela fi cara viúva e mais de uma proposta de casamento apareceu; porém, devia haver sérios motivos para ela recusálas.” f ) “Se forem levadas em consideração as necessidades imediatas da escola, a reforma das instalações terá prioridade. 04. a) e b) c c) c d) e e) c f ) e g) e h) c Regencia nominal e veral 01. a 02. c 03. e 04. e 05. d 06. e 07. d 08. a 09. a 10. c 11. d 12. c Concordância 01. b 02. c 03. a 04. b 05. d 06. b 07. c 08. c 09. d 10. a 11. d 12. d 13. c 14. a 15. c Funções do que e do se 01. * 02. * 03. c 04. a 05. c 06. c 07. b 08. e 09. e 10. d 11. b 12. e 13. e 14. c 15. d 16. a 01. c, d, b, a, e. 02. a) Conectivo e conjunção coordenada aditiva. b) Conjunção subordinada temporal c) Pronome relativo e agente da passiva d) Pronome relativo e adjunto adverbial de assunto. e) conjunção coordenada explicativa questões ENEM 01. c 02. b 03. b 04. b 05. c 06. d REFERÊNCIAS BIBlIOGRÁFICAS BECHARA, Evanildo – Gramática escolar da Língua Portuguesa – 1 ed. 4 reimp. – Rio de Janeiro: Lucena, 2004. CEREJA, Willian Roberto & MAGALHÃES, Th ereza Cochar. Gramática Refl exiva: texto semântica e interação – São Paulo: Atual, 1999. COMISSÃO COORDENADORA DO VESTIBULAR (CCV) – www.ufc.br. Apostilas UECEVEST mod4.indb 18 03/04/2011 19:17:58 19 UECEVEST GRAMÁTICA COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR(CEV) – www. uece.br. CUNHA, Celso & SINTRA, Luís. F. Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo – 3 ed. – Rio de Janeiro: Lexikon Informática, 2007. DIONÍSIO, A. P. et alii. O livro didático de português. Rio de Janeiro: Ed. Lucerna, 2001. FARACO & MOURA. Gramática – 18 e.d. – Ática. São Paulo, 1999. FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática: teoria, síntese das unidades, atividades práticas, exercícios de vestibulares: 2 grau – São Paulo, FTD, 1992. MARCUSCHI, Luiz Antonio. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º e 2º graus: uma visão crítica. Trabalhos em Linguística Aplicada, 1997, 30: 39-79 _________ . A gramática e o ensino de língua no contexto da investigação linguística. In: MATTOS E SILVA, Rosa V. Contradições no ensino de português. São Paulo: Contexto, 1995. MEC-Ministério da Educação e Cultura – INEP – Instituto Na- cional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Ma- trizes de Referência para o ENEM MIRA MATEUS, M.H. et alii. Gramática da língua portuguesa. 5a ed. Rev. Aum. Lisboa: Caminho, 2003 MONTEIRO, José Lemos – Morfologia portuguesa. 4 e.d . Pontes, 2002 PERINI, Mário. A – Gramática descritiva do português. 4 ed. 6 reimp. – Ática, 2003. SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos – 2 ed. – São Paulo: Moderna, 2005. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1996. SILVA, Th aís Cristófaro – Fonética e fonologia do português. 7 e.d. Contexto, São Paulo, 2003. www.brasilescola.com/novoacordoortografi co. Apostilas UECEVEST mod4.indb 19 03/04/2011 19:17:58 Apostilas UECEVEST mod4.indb 20 03/04/2011 19:17:58 P R É - V E S T I B U l A R L I T E R A T U R A Apostilas UECEVEST mod4.indb 21 03/04/2011 19:18:04 Apostilas UECEVEST mod4.indb 22 03/04/2011 19:18:04 23 UECEVEST LITERATURA SEGUNDA GERAçãO MODERNISTA BRASIlEIRA (1930-1945) “0 regionalismo é o pé-de-fogo da literatura... Mas, a dor é universal, porque é uma expressão de humanidade.” (José Américo de Almeida, na abertura do romance A bagaceira). Principais características da segunda geração modernista brasileira (1930-1945) • Prolonga e aprofunda as propostas e realizações de 22. • Concilia elementos da tradição ou elementos da modernidade. • Concilia nacionalismo ou universalismo. • Poesia: poetas de cosmovisão. • Prosa: Neo-Realismo. • Engajamento dos escritores nas questões sociopolíticas de seu tempo. Segunda geração modernista Prosa Romances caracterizados pela denúncia social, verdadeiro do- cumento da realidade brasileira, atingindo elevado grau de tensão nas relações do eu com o mundo. Uma das principais característi- cas do romance brasileiro é o encontro do escritor com seu povo. Há uma busca do homem brasileiro nas diversas regiões, por isso o regionalismo ganha importância, com destaque às relações do personagem com o meio natural e o social. Os escritores nordestinos merecem destaque especial, por sua denúncia da realidade da região pouco conhecida nos grandes centros. O 1° romance nordestino foi A Bagaceira, de José Améri- co de Almeida. Esses romances retratam o surgimento da realida- de capitalista, a exploração das pessoas, movimentos migratórios, miséria, fome, seca etc. Graciliano Ramos Alagoano, faz jornalismo e política, estre- ando com Caetés (1933). Em Maceió conhe- ceu alguns escritores do grupo regionalista: José Lins, Jorge Amado, Raquel de Queirós. Nessa época redige S. Bernardo e Angústia. Envolvendo-se em política, é preso e acu- sado de comunista, essas experiências pesso- ais são retratadas em Memórias do Cárcere. Em 1945 ingressa no Partido Comunista e empreende uma viagem aos países socialistas, narrada no livro Viagem. Considerado o melhor romancista moderno da literatura bra- sileira. Levou ao limite o clima de tensão presente nas relações entre o homem e o meio natural, o homem e o meio social. Mos- trou que essas tensões são capazes de moldar personalidades e transformar comportamentos, até mesmo gerar violência. A luta pela sobrevivência é o ponto de ligação entre seus per- sonagens, onde a lei maior é a lei da selva. A morte é uma cons- tante em suas obras como fi nal trágico e irreversível (suicídios em Caetés e São Bernardo, assassinato em Angústia e as mortes do papagaio e da cadela Baleia em Vidas Secas). Principais obras: Caetés (1933), S. Bernardo (1934), An- gústia (1936), Vidas Secas (1938), Dois Dedos (1945), Insônia (1947), Infância (1945), Memórias do Cárcere (1953), Histórias de Alexandre (1944), Viagem (1953), Linhas Tortas (1962) etc. Cena do fi lme “Vidas Secas” de Nelson Pereira dos Santos, baseado no romance de Graciliano Ramos. “Vidas Secas” - trechos comentados Trecho 1 “A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços difi cultavam- lhe a comida e a bebida. (...) Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito. Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansa- vam de repetir a mesma pergunta: – Vão bulir com a Baleia? (...) Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme.” Comentário Em “Baleia”, percebe-se como a cadela é humanizada. Esse processo, contudo, não pode ser lido ingenuamente. Os deva- neios e os delírios do animal na hora da morte assemelham-se aos de um ser humano faminto que, no instante fi nal da vida, sonha com comida. Assim, o momento humano de Baleia equipara-se à vida da família de retirantes, que também sonha com dignidade, uma mesa farta e uma cama. Trecho 2 “Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segu- rava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos fi lhos. Sem aqueles cambões pesados, nãoenvergaria o espinhaço não, sairia dali como onça e faria uma asneira. Carregaria a espingarda e daria um tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O soldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão. Mataria os donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago Apostilas UECEVEST mod4.indb 23 03/04/2011 19:18:05 LITERATURA 24 UECEVEST nos homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente. Era a ideia que lhe fervia na cabeça. Mas havia a mulher, havia os meninos, havia a cachorrinha.” Comentário Esse é um exemplo do estilo seco e objetivo de Graciliano Ramos. Os períodos curtos e a economia de adjetivos, com ins- piração em Machado de Assis, resultam no efeito áspero e rígido do texto. O autor utilizou aqui o discurso indireto livre, em que os pensamentos do personagem Fabiano se misturam com o dis- curso do narrador. Rachel de queiroz Cearense, viveu na infância o pro- blema da seca que atingiu uma pro- priedade de sua família. Em 1930 (aos 20 anos) publica o romance O Quinze, que lhe angaria um prêmio e reconhe- cimento público. Participa ativamente da políti- ca, militando no Partido Comunista Brasileiro e é presa em 1937, por suas ideias esquerdistas. A partir de 1940 dedica-se à crônica e ao teatro. Quebrou uma velha tradição, ao tornar-se (1977) a primeira mulher a ingressar na Academia Bra- sileira de Letras. Sua literatura caracteriza-se, a princípio, pelo caráter regio- nalista e sociológico, com enfoque psicológico, que tende a se valorizar e a aprofundar-se à proporção que sua obra amadurece. Seu estilo é conciso e descarnado, sua linguagem fluente, seus diálogos vivos e acessíveis, o que resulta numa narrativa dinâmica e enxuta. Em O Quinze e João Miguel há coexistência do social e do psi- cológico. Caminho de Pedras é o ponto máximo de sua literatura engajada e de esquerda (mais social e político). As Três Marias abandona o aspecto social, enfatizando a análise psicológica. Principais obras: Romances: O Quinze (1930) e João Miguel (1932) Caminho de Pedras (1937) e As Três Marias (1939); Memo- rial de Maria Moura (1992; surpreende seu público e é adaptado para a televisão). Teatro: Lampião (1953), A Beata Maria do Egito (1958, raízes folclóricas), A Sereia Voadora. Crônica: Cem Crôni- cas Escolhidas (1958). Literatura Infantil: O Menino Mágico. O quinze O título de seu romance de estreia faz referência à grande seca que assolou o Nordeste, no ano de 1915. A trama do livro desenvolve-se a partir do entrelaçamento de dois eixos narrativos: • O êxodo dos trabalhadores rurais da região de Logradouro e do Quixadá para a capital, Fortaleza, em busca de condições de sobrevivência. Dentre os retirantes, destacam-se o vaqueiro Chico Bento e sua família, e o grande proprietário e criador de gado, Vicente. • A história de amor impossível entre o caboclo Vicente, moço puro, mas rude, e Conceição, moça culta da cidade, que socor- re os flagelados, procura sua identidade social dentro de uma sociedade patriarcal. Texto 1 / Cap. 18 “Sentado na salinha da Rua de S. Bernardo, o velho chapéu entre as pernas, uma tira áspera de cabelos envesgando os olhos, Chico Bento conversava com Conceição e a avó sobre o futuro, o seu incerto futuro que a perversidade de uma seca entregara aos azares da estrada e à promiscuidade miserável dum abarracamen- to da flagelados. Tristemente contou toda a fome sofrida e as consequentes misérias. A morte do Josias, afilhado do compadre Luís Bezerra, dele- gado do Acarape, que lhes tinha valido num dia bem desgraçado! - a morte do Josias, naquela velha casa de farinha, deitado junto de uma trave de aviamento, com a barriga tão inchada como a de alguns paroaras quando já estão para morrer... E aquele caso da cabra, em que – Deus me perdoe! – pela primeira vez tinha botado a mão em cima do alheio... E se saíra tão mal, e o homem o tinha posto até de sem-vergonha, e ele tão morto, tão sem coragem, que o que fez foi ficar agachado, aguen- tando a desgraça.... Os olhos da moça se enchiam de água e, comovidamente, Dona Inácia levantou o óculos o lenço pelas pálpebras. O vaqueiro continuou a falar, no mesmo jeito encolhido, esti- rando apenas, uma vez ou outra, o braço mirrado, para vergastar o ar numa imagem de miséria mais aguda, ou de desespero mais pungente... Depois era fuga do Pedro, e aquela noite na estrada em que a mulher, estirada no chão, com o Duquinha de banda, todo o tempo arquejou, variando, sem sentido, como quem está pra morrer. E ele de cócoras, junto dela, com os dois outros meninos agarrados nas pernas, não teve forças nem de mexer, de caçar um recurso, nem de, ao menos, tentar descobrir um rancho... Agora, felizmente, estavam menos mal. O de que carecia era arranjar trabalho; porque a comadre Conceição bem via que o que davam no Campo mal chegava para os meninos. Conceição concordou: - Eu sei, eu sei, é uma miséria! Mas você assim, compadre, tão fraco, lá aguenta um serviço bruto, pesado, que é só o que há para retirante?! Ele alargou os braços, tristemente: - A natureza da gente é que nem borracha... Havendo preci- são, que jeito? dá pra tudo... Ela lembrou: - Olhe, todo dia, você ou a comadre apareçam por aqui, e o que nós juntarmos, em vez de se dar aos outros, guarda-se só pra você. E eu vou ver se arranjo alguma coisa que lhe sirva... Assim uma vendinha de água, hein, Mãe Nácia? Dona Inácia ajeitou os óculos... - Sim, uma venda de água... A questão é o animal... A caridade da moça esbarrou no animal. Onde iria buscar um jumento? E ampliou mais vagamente as promessas: - Um endereço qualquer... Há de se dar um jeito! Duro e seco na sua cadeira, Chico Bento ouvia. Depois, len- tamente, lembrou: - E o Tauape, comadre? Conceição acolheu com calor aquela lembrança oportuna: - Ah! O Tauape! Lá, naturalmente, é fácil de se arranjar! Chico Bento retificou: Fácil não era não... Que ele tinha visto muitos, bem recomen- dados, voltando porque não tinha mais ferramenta. - Só se a comadre arranjasse um cartãozinho do bispo! Fi- que certo. Vou e arranjo. Mais um ou dois dias, e você está no Tauape... O vaqueiro levantou-se para ir embora. Conceição cochichou com a avó, e entrou pelo corredor, gri- tando: - Espere aí, compadre! Tenho uma encomendazinha para você levar pros seus meninos...” José lins do Rego Paraibano, é considerado um dos melhores representantes da literatura regionalista do Modernismo. Em Recife, aproxima-se de José Américo de Almeida e de Gilberto Freire, intelectuais responsáveis pela divulgação do modernismo no nordeste e pela Apostilas UECEVEST mod4.indb 24 03/04/2011 19:18:05 25 UECEVEST LITERATURA preocupação regionalista. Mais tarde tam- bém conhece Graciliano Ramos, e depois vai para o Rio de Janeiro, onde participa ativamente da vida literária. Sua infância no engenho infl uenciou fortemente sua obra. Suas obras Menino de Engenho, Doidi- nho, Banguê, Moleque Ricardo, Usina e Fogo Morto compõem o que se convencionou chamar de “ciclo da cana de açúcar”. Nessas obras J. L. Rego narra a gradativa decadên- cia dos engenhos e a transformação pela qual passam a economia e a sociedade nordestinas. Sua técnica narrativa se mantém nos moldes tradicionais da literatura realista: linearidade, construção do personagem baseado na descrição dos caracteres, linguagem coloquial, registro da vida e dos costumes. O tom memorialista é o fi o condutor de uma literatura que testemunha uma sociedade em desagregação: a sociedade do engenho patriarcalista, escravocrata. As obras mais representativas dessa fase são Menino de Engenho e Fogo Morto. A primeira é a história de um menino, órfão de pai e mãe, que é criado no Engenho Santa Rosa, de seu avô José Paulino, típico representante do latifundiário nordestino. Há mo- mento de grande emoção na obra, como a descrição da enchente, o castigo dos escravos, a descoberta da própria sexualidade. Fogo Morto é considerada suamelhor obra: dividida em três partes que se interrelacionam, compõe um quadro social e hu- mano do Nordeste. Mestre José Amaro, seleiro, orgulhoso de sua profi ssão, sofre as pressões do coronel Lula de Holanda, senhor do Engenho Santa Fé, em decadência econômica. Antônio Silvi- no, cangaceiro, é o terror da região e ataca os engenhos. O capitão Vitorino Carneiro da Cunha, lunático, é uma espécie de místico e profeta do sertão. Principais obras: Romances: Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933), Banguê (1934), O Moleque Ricardo (1935), Usina (1936), Pureza (1937), Pedra Bonita (1938), Riacho Doce (1939), Água-mãe (1941), Fogo Morto (1943), Eurídice (1947), Cangaceiros (1953). Literatura infantil, memórias e crônicas: His- tórias da Velha Totônia (1936), Gordos e Magros (1942), Seres e Coisas (1952), Meus Verdes Anos (1956). Jorge Amado Nasceu na zona cacaueira baiana e depois morou em Salvador, essas referências são fontes de inspiração para suas obras. Estreia com O País do Carnaval e, levado por Rachel de Queiroz, fi lia-se ao Partido Comu- nista Brasileiro, por onde mais tarde torna-se deputado. Sofre perseguições políticas, exila-se e mais tarde é preso. Na vasta fi cção de Jorge Amado convivem lirismo, sensualismo, misticismo, folclore, idealismo, engajamento político, exotismo. Esse painel, sem dúvida, bastan- te rico, aliado a uma linguagem coloquial, fl uida, espontânea, aparentemente sem elaboração, tem sido responsável pela grande aceitação popular de sua obra. Além disso, seus heróis são mar- ginais, pescadores, marinheiros, prostitutas e operários; todos os personagens de origem popular. Suas obras estão ambientadas no quadro rural e urbano da Bahia e seu aspecto documental a torna autenticamente regionalista. Podemos dividir assim a sua produção: • Romances proletários - retratam a vida urbana em Salvador, com forte coloração social, como é o caso de Suor, O país do Carnaval e Capitães da areia. • Ciclo do cacau - seus temas são as fazendas de cacau de Ilhéus e Itabuna, a exploração do trabalhador rural e os exportadores a nova força econômica da região. Cacau, Terras do sem-fi m e São Jorge dos Ilhéus pertencem a esse ciclo. O próprio autor afi rma: “A luta do cacau tornou-me um romancista”. • Depoimentos líricos e crônicas de costumes - essa fase, iniciada com Jubiabá e Mar morto, se consolidaria com Gabriela, cravo e canela (que, apesar de apresentar a zona cacaueira como cenário, é uma crônica de costumes), estendendo-se às últimas produções do autor. Principais obras: Cacau; Capitães da Areia; Dona Flor e seus Dois Maridos; Gabriela, Cravo e Canela; Tereza Batista Cansada de Guerra; Suor; Tenda dos Milagres; Mar Morto; Tieta do Agreste; Tocaia Grande; A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água; O País do Carnaval. Érico Veríssimo Sua família rica foi à falência e o escritor teve que trabalhar sem possi- bilidade de seguir estudos. Em Porto Alegre, entra em contato com a vida literária e inicia-se no jornalismo. Começa então a publicar contos e ro- mances, entre os quais, Clarissa, que logo se tornou um sucesso. Viajou para vários países, lecionou Literatu- ra Brasileira nos EUA e trabalhou na OEA. Voltando ao Brasil, dedica-se a escrever e produz uma vasta obra. Escritor de grandes dimensões, em sua produção se incluem romances, crônicas, literatura infantil. Os romances que com- põem a trilogia O Tempo e o Vento (O Continente, O Retrato, O Arquipélago) traçam um painel histórico de várias gerações: desde a época colonial sucedem-se as lutas entre portugueses e espanhóis, farrapos e imperiais, maragatos e pica-paus (nomes dos partidos em guerra política). Duas famílias, os Terra Cambará e os Amaral, são durante dois séculos o fi o narrativo que unifi ca a história. Érico Veríssimo compõe uma verdadeira saga romanesca, com todas as suas características: guerras intermináveis, aventuras, amores, traições, gerações que se sucedem, criando um painel his- tórico da comunidade rio-grandense e do próprio Brasil. A obra é uma aglutinação de novelas, onde ressaltam as fi guras épicas de Ana Terra e do Capitão Rodrigo Cambará. O estilo de Érico Verís- simo é coloquial, poético, intimista. Sua técnica de construção é o contraponto: onde várias histórias se desenvolvem paralelamente, a ação concentrada e o dinamismo. Em suas últimas obras, como O Prisioneiro, O Senhor Embaixador e Incidente em Antares, de- senvolveu a fi cção política, ambientada nos dias atuais. Principais obras: Fantoches; Clarissa; Música ao Longe; Cami- nhos Cruzados; Um Lugar ao Sol; Olhai os Lírios do Campo; Saga; O Resto é Silêncio; Noite; O Tempo e o Vento: O Continente, O Re- trato, O Arquipélago; O Senhor Embaixador; Incidente em Antares; Aventuras de Tibicuera; Gato Preto em Campo de Neve. Segunda geração modernista Poesia Operários - Tarsila do Amaral Apostilas UECEVEST mod4.indb 25 03/04/2011 19:18:06 LITERATURA 26 UECEVEST Estende-se de 1930 a 1945, sendo um período rico na pro- dução poética e também na prosa. O universo temático se am- plia e os artistas passam a preocupar-se mais com o destino dos homens, o estar-no-mundo. Durante algum tempo, a poesia das gerações de 22 e de 30 conviveram. Não se trata, portanto, de uma sucessão brusca. A maioria dos poetas de 30 absorveria parte da experiência de 22: liberdade temática, gosto da expressão atu- alizada ou inventiva, verso livre, antiacademicismo. A poesia prossegue a tarefa de purificação de meios e formas iniciada antes, ampliando a temática na direção da inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Au- gusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, ao tempo em que a prosa alargava a sua área de inte- resse para incluir preocupações novas de ordem política, social e econômica, humana e espiritual. À piada sucedeu a gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Uma geração grave, preocupada com o destino do homem e com as dores do mundo, pelos quais se considerava responsável, deu à época uma atividade excepcional. O humor quase piadístico de Drummond receberia influen- cias de Mário e Oswald de Andrade. Vinícius, Cecília, Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentam certo espiritualismo que vi- nha do livro de Mário Há uma gota de Sangue em cada Poe- ma (1917). A geração de 30 não precisou ser combativa como a de 22. Eles já encontraram uma linguagem poética modernista estruturada. Passaram então a aprimorá-la e extrair dela novas variações, numa maior estabilidade. O Modernismo já estava di- namicamente incorporado às práticas literárias brasileiras, sendo assim os modernistas de 30 estão mais voltados para o drama do mundo e para o desconcerto do capitalismo. Carlos Drummond de Andrade Mineiro, trabalha lecionando em Itabira e, em 45, trabalha na direto- ria de um jornal comunista. Maior nome da poesia contemporânea, registrando a realidade cotidiana e os acontecimentos da época. Ironia fina, lucidez, e calma, traduzidos numa linguagem flexível, rica, mas rica de dimensões humanas. Suas poesias refletem os problemas do mundo e do ser humano diante dos regimes totalitários, da se- gunda guerra mundial e da guerra fria. A poesia de Drummond apresenta uns momentos de esperança, mas prevalece a descrença diante do rumo dos acontecimentos. Nega formas de fuga da rea- lidade, volta-se para o momento presente. Carlos Drummond de Andrade propõe a divisão temática de sua obra, numa seleção que faz para sua Antologia Poética: A 1ª fase (a fase gauche) tem como características o pessi- mismo, o isolamento, o individualismo e a reflexão existen- cial. Nota-se nesta fase um desencanto em relação ao mundo. A 2ª fase, chamada fase social, é marcada pela vontade do poeta de participar e tentar transformar o mundo, o pessimismo e o isolamento da 1ª fase é posto de lado. O poeta se solidariza com os problemas do mundo. A 3ª fase pode ser dividida em 2 momentos: poesiafilosófica e poesia nominal. Poesia Filosófica: textos que refletem sobre vários temas de preocupação universal como a vida e a morte. Poesia Nominal: repletas de neologismos e aliterações. A fase final (o tempo das memórias): Como o próprio nome já diz, as obras desta fase (década de 70 e 80), são cheias de recorda- ções do poeta. Os temas infância e família são retomados e apro- fundados além dos temas universais já discutidos anteriormente. Principais obras: Poesia: Alguma Poesia (1930);Brejo das Almas (1934);Sentimento do Mundo (1940); A Rosa do Povo (1945);Poesia até agora (1948); Claro Enigma (1951); Viola de Bolso (1952);Viola de Bolso Novamente Encordoada (1955); Poemas (1959);Boitempo (1968); Menino Antigo (1973); As Impurezas do Branco (1973);Discurso da Primavera e outras Sombras (1978). Poema de sete faces Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. Os Ombros Suportam o Mundo Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos. Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo Apostilas UECEVEST mod4.indb 26 03/04/2011 19:18:06 27 UECEVEST LITERATURA e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistifi cação. Amar Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem fl or, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfi das ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta de amor, e na secura nossa amar a água implícita e o beijo tácito, e a sede infi nita. Cecília Meireles Órfã, carioca, foi criada pela avó e fez Magistério e lecionou Litera- tura em várias universidades. Estreia com o livro Espectros (1919), par- ticipando da corrente espiritualis- ta, sob a infl uência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa (neo-simbolista). Suas principais características são sensibilidade forte, inti- mismo, introspecção, viagem para dentro de si mesma e cons- ciência da transitoriedade das coisas (tempo = personagem principal). Para ela, as realidades não são para se fi losofar, são inexplicáveis, basta vivê-las. Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, / assim calmo, assim triste, assim magro, / nem estes olhos tão vazios, / nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, / tão paradas e frias e mor- tas; / eu não tinha este coração / que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, / tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho fi cou perdida a minha face? Flor de Poemas Assim sua obra apresenta uma atmosfera de sonho, fantasia,em contraste com solidão e padecimento. Linguagem simbólica, com imagens sugestivas e constantes apelos sensoriais (metáforas, si- nestesias, aliterações e assonâncias). “Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, entre sigilo e espionagem acontece a Inconfi dência. Liberdade, ainda que tarde ouve-se em redor da mesa. E a bandeira já está viva e sobe na noite imensa. E os seus tristes inventores já são réus - pois se atreveram a falar em Liberdade. Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” Romanceiro da Inconfi dência Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, Não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifi co, se permaneço ou me desfaço - não sei, não sei, Não sei se fi co ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: - mais nada. Meireles, Cecília. In: Flor de poemas. 6. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984. p. 63.) Reinvenção A vida só é possível reinventada. Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas... Ah! tudo bolhas que vêm de fundas piscinas de ilusionismo... - mais nada. Mas a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços. Projeto-me por espaços cheios da tua Figura. tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço... Só – no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço | que além do tempo me leva. Só – na treva, fi co: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Principais obras: Poesia: Espectros (1919), Viagem (1939), Vaga Música (1942), Retrato Natural (1949), Romanceiro da Inconfi dência (1953), A Rosa (1957), Poemas Escritos na Índia (1962) Antologia Poética (1963), Ou isto ou Aquilo (1965). Apostilas UECEVEST mod4.indb 27 03/04/2011 19:18:06 LITERATURA 28 UECEVEST Vinícius de Moraes Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes nasceu em 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro. Hei-lo segun- do suas próprias palavras: “ca- pitão-do-mato, poeta, diplo- mata, o branco mais preto do Brasil. Saravá”. Morreu em 9 de julho de 1980, no Rio de Janeiro. Carioca conhecido como Poe- tinha, participou também da MPB desde a Bossa-nova até sua mor- te. Assim como Cecília, inicia sua carreira ligado ao neo-simbolismo da corrente espiritualista e também a renovação católica de 30. Vários de seus poemas apresentam tom bíblico, mas há, con- comitantemente, um sensualismo erótico. Essa dualidade acen- tua a contradição entre o prazer da carne e a formação religiosa. Valoriza o momento com presença de imediatismos (de repente constante). Temática constante o jogo entre felicidade e infelici- dade, onde muitas vezes associa a inspiração poética com a tris- teza, sem abandonar o social. Seus poemas com temática social, como “Operário em construção”, alcançaram o mesmo grau de popularidade que suas composições voltadas para o amor. Tam- bém é necessário salientar a importante participação de Viníciusna evolução da música popular brasileira a partir da bossa-nova, no fi nal dos anos 50. Principais obras: Poesia: O Caminho para a Distância (1933), Forma e Exegese (1935), Novos Poemas (1938), Cinco Ele- gias (1943), Poemas, Sonetos e Baladas (1946), Livro de Sonetos (1956).Teatro: Orfeu da Conceição (1954). Soneto de separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que de olho desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Soneto de Fidelidade De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fi m de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infi nito enquanto dure. Soneto do Amor Total Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te afi m, de um calmo amor, prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfi m, como grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. Rosa de Hiroshima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada E X E R C í C I O 01. (ITA/SP) O romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, publicado em 1934, é narrado em primeira pessoa pelo narrador- personagem Paulo Honório, que decide escrever o livro em deter- minada altura da sua vida. O principal motivo que levou Paulo Honório a escrever a sua história foi a) o desejo de mostrar como ele conseguiu, com enorme esforço, tornar-se um proprietário rural bem sucedido, apesar de sua origem extremamente humilde. b) o desejo de mostrar como se formavam os confl itos políticos e sociais no interior do Nordeste brasileiro, tema recorrente na fi cção da chamada “Geração de 30”. c) a tristeza que toma conta dele depois que a fazenda São Bernardo deixa de ser produtiva, o que ela tinha sido graças ao seu empenho. d) tentar compreender o que teria levado Madalena ao fi m trágico da sua existência, bem como as razões de a vida conjugal deles não ter se realizado como ele gostaria. 02. (UFV- MG) O romance regionalista dos anos 30, em cuja temática insere-se a obra Fogo Morto, abordou as questões socio- econômicas do Nordeste brasileiro. Dentre as seguintes alterna- tivas, apenas uma NÃO confi rma a declaração acima. Assinale-a: a) Enquanto o desenvolvimento industrial deixou suas marcas na fase heróica do movimento modernista, o romance Apostilas UECEVEST mod4.indb 28 03/04/2011 19:18:07 29 UECEVEST LITERATURA nordestino dos anos 30 privilegiou as heranças culturais do Brasil rural. b) O enredo de Fogo Morto é de natureza documental, confi rmando a abolição da escravatura como um dos fatores preponderantes para o declínio da sociedade patriarcal brasileira. c) O personagem do romance regionalista da década de 30, não conseguindo vencer as adversidades de um destino hostil, evadiu-se no tempo e no espaço em busca de aventuras amorosas e sentimentais. d) Fogo Morto insere-se na temática social do “romance de 30”, consolidando o escritor José Lins do Rego como o romancista que melhor retratou a decadência dos senhores dos engenhos da cana-de-açúcar. 03. (UFV-MG) Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernar- do, de Graciliano Ramos: I. “Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões”. II. “Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia, tomava café e conversava, bastante satisfeito”. III. “João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante”. IV. “Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar dissabores! Será? Não será?”. V. “Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia”. Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o exercício de metalinguagem em São Bernardo: a) III e V. c) I e IV. b) I e II. d) III e IV. 04. (UFV-MG) Graciliano Ramos foi um dos principais repre- sentantes da geração de escritores que surgiu na década de 1930. Sobre sua obra se pode afi rmar que: a) Rompeu com a geração de 1922, recusando as principais conquistas do modernismo. b) Deu continuidade ao projeto modernista, enveredando pelo caminho da experimentação estética. c) Inaugurou uma nova tendência estética na literatura brasileira: o regionalismo. d) Retomou algumas características da prosa realista, para desenvolver uma literatura mais social. 05. (UPE) Apenas no século XX, as vozes femininas fi zeram-se ouvir ofi cialmente na Literatura brasileira, em obras de estilos e gêneros diferentes. Entre elas, três das mais conhecidas estão citadas abaixo. Correlacione essas autoras com algumas das carac- terísticas de suas obras. 1. Clarice Lispector. 2. Rachel de Queirós. 3. Cecília Meireles. ( ) Sua fi cção introspectiva e nebulosa apresenta fi gurantes vencidos pelo mundo exterior e pelo fato objetivo e se situa, sempre, em ambientes urbanos. ( ) Em sua poesia, delicada e intimista, canta a perda amorosa e a solidão. É considerada como neo–simbolista. ( ) Em suas narrativas valorizou, com linguagem coloquial, o universo regional nordestino e a experiência da vida rural. A sequência correta é: a) 1, 2, 3 c) 3, 2, 1 b) 2, 1, 3 d) 1, 3, 2 06. (UNIFOR-CE) Considerando-se as características mais marcan- tes de prosadores da chamada “geração de 30”, é correto afi rmar que: a) os contos e romances de Clarice Lispector e Guimarães Rosa podem ilustrar a valorização dos costumes e da cultura regional. b) o romance Angústia, de Graciliano Ramos, desenvolve tema muito semelhante ao do romance Menino de Engenho, de José Lins do Rego. c) Jorge Amado e José Lins do Rego manifestaram preocupação em caracterizar aspectos culturais, sociais e econômicos de suas respectivas regiões. d) os impulsos da memória pessoal são fundamentais para a construção de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e para a elaboração de Capitães da Areia, de Jorge Amado. 07. (UNIFOR-CE) Caso se queira encontrar dentro da litera- tura informações sobre a vida nos engenhos de cana-de-açúcar nordestinos, ou sobre a infl uência da economia cacaueira na vida das pessoas, ou sobre a atuação política dos velhos coroneise dos cangaceiros, tais informações podem ser colhidas na fase de nossa literatura reconhecida como a: a) da geração de 45. b) do romance de 30. c) do regionalismo naturalista. d) do regionalismo romântico. 08. (UFSE) Referindo-se à “geração de 30”; um crítico considera: “A prosa de fi cção encaminhada para o ‘realismo bruto’ de Jorge Amado, de José Lins do Rego, de Érico Veríssimo e, em parte, de Graciliano Ramos, benefi ciou-se amplamente da ‘descida’ à lin- guagem oral, aos brasileirismos léxicos, e sintáticos, que a prosa modernista tinha preparado.” De acordo com essa consideração, é correto afi rmar que: a) Rubem Fonseca e Clarice Lispector são autores diretamente infl uenciados por Macunaíma e Memórias Sentimentais de João Miramar. b) os romances do “ciclo da cana-de-açúcar” e do “ciclo do cacau” devem algo de sua linguagem a conquistas do Modernismo. c) as realidades regionais do país tornaram-se temas literários somente a partir de Menino de Engenho e Gabriela, Cravo e Canela. d) as obras de Monteiro Lobato e de Lima Barreto refl etem as opções estéticas trabalhadas por Mário de Andrade e Oswald de Andrade. 09. (UFSE) “Epigrama nº 10 A minha vida se resume, desconhecida e transitória, em contornar teu pensamento, sem levar dessa trajetória nem esse prêmio de perfume que as fl ores concedem ao vento.” No poema acima de Cecília Meireles, o tema, muito característi- co da autora, é: a) a transitoriedade da vida e o desejo de evasão; as estrofes são regulares, com versos livres. b) a transitoriedade e a inconsequência da vida: as estrofes são regulares, com versos livres. c) o desejo de evasão e de utopia; os versos são redondilhas maiores, brancos. d) a transitoriedade e a inconsequência da vida; os versos são octossílabos rimados. Apostilas UECEVEST mod4.indb 29 03/04/2011 19:18:07 LITERATURA 30 UECEVEST 10. U. Uberaba-MG I “Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.” II “Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.” III “Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar?” Com base na leitura dos fragmentos acima, do poeta Carlos Drummond de Andrade, julgue verdadeiras (V) ou falsas (F) as afi rmativas abaixo: I. ( ) Sua poesia tem várias faces, ora mostra o desajuste do eu-lírico diante do mundo, ora se volta para as suas raízes ancestrais, ora tematiza o amor em seus encontros e desencontros. II. ( ) O primeiro fragmento exprime o sentimento de quem vem na contramão, reforçado pelo adjetivo “torto” e pelo galicismo gauche. III. ( ) No segundo fragmento, Drummond demonstra desprezo pela terra natal que o tornou triste. Angustiado, o poeta acredita que a saída para a problemática existencial reside na lembrança de Itabira. IV. ( ) No terceiro fragmento, o poeta não vê o amor como algo inevitável: mesmo diante desse sentimento acredita no poder de opção e no livre arbítrio do homem. A sequência correta é: a) F / V / V / V. c) V / F / V / V. b) V / V / F / F. d) F / V / F / F. 11. (ENEM) Leia estes poemas. Auto-retrato “Provinciano que nunca soube Escolher bem uma gravata; Pernambucano a quem repugna A faca do pernambucano; Poeta ruim que na arte da prosa Envelheceu na infância da arte E até mesmo escrevendo crônicas Ficou cronista de província; Arquiteto falhado, músico alhado (engoliu um dia Um piano, mas o teclado Ficou de fora); sem família, Religião ou fi losofi a; Mal tendo a inquietação de espírito Que vem do sobrenatural, E em matéria de profi ssão Um tísico profi ssional.” BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395. Poema de sete faces “Quando eu nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. [...] Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo mais vasto é o meu coração.” DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53. Esses poemas têm em comum o fato de a) descreverem aspectos físicos dos próprios autores. b) refl etirem um sentimento pessimista. c) terem a doença como tema. d) narrarem a vida dos autores desde o nascimento. 12. (ENEM) No verso “Meu Deus, por que me abandonaste” do texto 2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz, pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras de outrem equivale a: a) emprego de termos moralizantes. b) uso de vício de linguagem pouco tolerado. c) repetição desnecessária de ideias. d) emprego estilístico da fala de outra pessoa. e) uso de uma pergunta sem resposta. 13. (ENEM) Pequenos tormentos da vida De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fi m...Sem fi m é a aula: e nada acontece, nada...Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse por outra! (Mário Quintana. Poesias) Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio: a) provoca que os meninos fi quem contando histórias. b) leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula. c) acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum imprevisto mágico. d) prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do pensamento. e) decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das nuvens e das moscas. Textos para as questões 14 e 15 Texto I Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. Apostilas UECEVEST mod4.indb 30 03/04/2011 19:18:08 31 UECEVEST LITERATURA (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando cresces- sem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo. Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75. Texto II Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, im- permeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorpo- ração dessa fi gura no campo da fi cção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identifi cam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples de- mais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes. Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.° 2, 2001, p. 254. 14. A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das informações do texto II, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afi rmativas. I. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30. II. A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da fi cção brasileira da década de 30 de tentar superara grande distância entre o intelectual e as camadas populares. III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modifi car a posição social do sertanejo na realidade nacional. É correto apenas o que se afi rma em: a) I. d) I e II. b) II. e) II e III. c) III. 15. No texto II, verifi ca-se que o autor utiliza: a) linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composição de Vidas Secas, a relação entre o escritor e o personagem popular. b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor. c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca. d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa, para analisar determinado momento da literatura brasileira. e) linguagem regionalista, para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para facilitar o entendimento do texto. 16. (ENEM) A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada... Que talento ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos os personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras! Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinha- ções. E muito da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis! O que fazia a ve- lha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se esti- vesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e fl orestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco. José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49- 51 (com adaptações). Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível iden- tifi car traços que revelam marcas do processo de colonização e de civilização do país. Considerando o texto acima, infere-se que a velha Totonha: a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa. b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da infl uência de temas e modelos não representativos da realidade nacional. c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância com a representação literária de engenhos, rios e fl orestas do Brasil. d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia. e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes da literatura e da cultura europeia universalizada. 17. (ENEM) Na busca constante pela sua evolução, o ser humano vem al- ternando a sua maneira de pensar, de sentir e de criar. Nas últimas décadas do século XVIII e no início do século XIX, os artistas criaram obras em que predominam o equilíbrio e a simetria de formas e cores, imprimindo um estilo caracterizado pela imagem da respeitabilidade, da sobriedade, do concreto e do civismo. Esses artistas misturaram o passado ao presente, retratando os personagens da nobreza e da burguesia, além de cenas míticas e histórias cheias de vigor. RAZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003. Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos, charges, gra- fi smo e até ilustrações de livros para compor obras em que se misturam personagens de diferentes épocas, como na seguinte imagem: a) Romero Brito. “Gisele e Tom”. b) Andy Warhol. “Michael Jackson”. Apostilas UECEVEST mod4.indb 31 03/04/2011 19:18:08 LITERATURA 32 UECEVEST c) Funny Filez.“Monabean”. d) Andy Warhol. “Marlyn Monroe”. e) Pablo Picasso. “Retrato de Jaqueline Roque com as Mãos Cruzadas”. 18. (ENEM) O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança po- pular e folclórica é uma forma de representar a cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e signifi cados. Dançar a cultura de outras regiões é conhecê-la, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura. BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Dança. São Paulo: Ícone, 2007. As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, é obra de um povo que a cria, recria e a perpetua. Sob essa aborda- gem deixa-se de identifi car como dança folclórica brasileira: a) o Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo crítica social, morte e ressurreição. b) a Quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origens pagãs envolvendo as colheitas e a fogueira. c) o Congado, que é uma representação de um reinado africano onde se homenageia santos através de música, cantos e dança. d) o Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profi ssionais para contar em forma de espetáculo. e) o Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma história nos desfi les. G A B A R I T O 01. d 02. c 03. a 04. d 05. d 06. c 07. b 08. b 09. d 10. b 11. b 12. d 13. c 14. d 15. a 16. e 17. c 18. d MODERNISMO BRASIlEIRO (TERCEIRA GERAçãO) Desenhando-se, de Maurits Cornelis Escher 1945. Fim da II Guerra Mundial, início da Era Atômica com as explosões de Hiroxima e Nagasáqui. A crença numa paz dura- doura manifesta-se na criação da Organização das Nações Unidas (ONU). Mais tarde, é publicada a Declaração dos Direitos do Ho- mem. Logo depois, tem início a Guerra Fria, período marcado pela hostilidade e permanente tensão política entre as grandes potências mundiais. 1945. Fim da ditadura de Getúlio Vargas, início da redemo- cratização brasileira. Convocam-se eleições gerais, os candidatos apresentam-se, os partidos são legalizados, sem exceção. Logo depois, inicia-se um novo tempo de perseguições políticas, ile- galidades, exílios. A literatura brasileira também passa por profundas alterações, surgindo manifestações que representam muitos passos adiante e, outras, um retrocesso. O tempo; excelente crítico literário, encarrega-se da seleção. A prosa, tanto nos romances quanto nos contos, segue o ca- minho já trilhado por alguns autores da década de 30, em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, intros- pectiva, com destaque especial para Clarice Lispector. Ao mes- mo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão com a produção fantástica de João Guimarães Rosa e sua recriação dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil Central. Na poesia, a partir de 1945 ganha corpo uma geração de po- etas que se opõe às conquistas e às inovações dos modernistas de 1922. A nova proposta é defendida inicialmente pela revista Orfeu, cujo primeiro número, lançado na primavera de 1947, afi rma, entre outras coisas: “Uma geração só começa a existir no dia em que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no dia em que dei- xam de acreditar nela.” Assim é que, negando a liberdade formal, as ironias, as sáti- ras e outras “brincadeiras” modernistas, os poetas de 45 se de- dicam a uma poesia mais “equilibrada e séria”, distante do que eles chamam de “primarismo desabonador” de Mário de Andrade e Oswald de Andrade. A preocupação primordial é o “restabe- lecimento da forma artística e bela”, os modelos voltando a ser parnasianistas e, simbolistas. Esse grupo, chamado de Geração de 45, é formado entre outros poetas, por Lêdo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir Campos e Darcy Damasceno.Entretanto, o fi nal dos anos 40 revela um dos mais importan- tes poetas da nossa literatura, não fi liado esteticamente a nenhum grupo e aprofundador das experiências modernistas anteriores: João Cabral de Melo Neto. Contemporâneos a ele e apresentando alguns pontos de contato com sua obra, devem ser citados ainda Ferreira Gullar e Mauro Mota. Apostilas UECEVEST mod4.indb 32 03/04/2011 19:18:09 33 UECEVEST LITERATURA Clarice lispector Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, Ucrânia, em 10 de de- zembro de 1925. Com dois meses de idade, veio com a família para o Brasil (Recife). Em 1937, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde cursou o secundário; iniciou o curso de Direito. Estudante ainda, escreveu seu primeiro roman- ce, Perto do coração selvagem, publicado em 1944. Acompanhou o marido em viagens à Itália, à Suíça e aos Estados Unidos. Re- tornou ao Rio de Janeiro na década de 1950. Morreu em 9 de dezembro de 1977. Clarice Lispector é o principal nome de uma certa tendência intimista da moderna literatura brasileira. O principal eixo de sua obra é o questionamento do ser, o “estar no mundo”, a pesqui- sa do ser humano, resultando daí o chamado romance intros- pectivo. “Não tem pessoas que cosem para fora? Eu coso para dentro”, assim explicava a autora seu ato de escrever. Nesse eterno questionar, a obra da romancista apresenta uma certa ambiguida- de, um jogo de antíteses entre o “eu” e o “não-eu”, entre o ser e o não-ser, já notado, de outra forma, na obra de Guimarães Rosa. Signifi cativa é a epígrafe do romance A paixão segundo G.H.: “Uma vida completa pode acabar numa identifi cação tão ab- soluta com o não-eu que não haverá mais um eu para morrer.” No plano da linguagem, também se percebe em Clarice Lis- pector uma certa preocupação com a revalorização das palavras: dá-lhes uma roupagem nova, explorando os limites do signifi - cado, trabalhando metáforas e aliterações. Manifesta, inclusive, uma preocupação muito grande com aquilo que não está escrito em palavras, mas sim nas entrelinhas. A própria Clarice escreveu: “Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas. O melhor ainda não foi escrito. O melhor está nas entrelinhas.” Ainda segundo a autora: “O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem. Só quando falha a construção é que obtenho o que ela conseguiu.” Essa literatura introspectiva, intimista, busca fi xar-se na cri- se do próprio indivíduo, em sua consciência e inconsciência. No entanto, em A hora da estrela, Clarice Lispector trilha ou- tros caminhos ao produzir um texto que apresenta dois eixos: o drama de Macabéa, pobre moça alagoana engolida pela cidade grande, e o drama do narrador, duelando com as palavras e os fatos. Poderíamos afi rmar que se trata de uma narrativa de ca- ráter social e, ao mesmo tempo, uma profunda e angustiada refl exão sobre o ato de escrever. O crítico Eduardo Portella che- gou a questionar se A hora da estrela não estaria revelando uma nova Clarice Lispector, “exterior e explícita”, para concluir que “a moça alagoana é um substantivo coletivo” por personifi car um drama em que ela deixa de ser o transeunte anônimo, solitá- rio e inconsequente, para adquirir o sentido incômodo de uma provocação em aberto. Elementos inovadores da obra de Clarice • quebra da estrutura dos tradicionais gêneros narrativos: sua narrativa subverte com frequência a estrutura dos tradicionais gêneros narrativos (o conto, a novela, o romance), quebra a se- quência “começo, meio e fi m”, assim como a ordem cronológi- ca e funde a prosa à poesia, ao fazer uso constante de imagens, metáforas, antíteses, paradoxos, símbolos, sonoridades, etc. • fl uxo de consciência: é uma experiência mais radical do que a introspecção psicológica (memória, momento presente ou momento de imaginação) já praticada por diversos escritores, desde o realismo até o século XIX. O fl uxo da consciência quebra os limites espaço-temporais que torna a obra verossímil (semelhante à verdade), de modo que presente e passado, realidade e desejo misturam-se. Como se fos- sem as imagens captadas por uma câmera instalada no cérebro da personagem que deixa o pensamento solto, o fl uxo da consciência cruza vários planos narrativos, sem preocupação com a lógica ou com a ordem narrativa. • epifania: o termo epifania é emprestado da religião e signifi - ca “revelação”. Esse processo pode ser debelado por qualquer fato banal do cotidiano: um encontrão, um beijo, um olhar, um susto. A personagem, mergulhada num fl uxo de consciên- cia, passa a ver o mundo e a si mesma de outro modo. É como se tivesse tido, de fato, uma revelação e, a partir dela, passasse a ter uma visão mais aprofundada da vida, das pessoas, das relações humanas, etc. De modo geral, esses momentos epi- fânicos são dilacerantes e dão origens a rupturas de valores, a questionamentos fi losófi cos e existenciais, permitindo a apro- ximação de realidades opostas, tais como nascimento e morte, bem e mal, amor e ódio, matar ou morrer por amor, seduzir e ser seduzido, etc. • perfi s femininos: Clarice Lispector nunca aceitou o rótulo de escritora feminista. Apesar disso, muitas de suas obras, roman- ces e contos têm como protagonistas personagens femininas, quase sempre situadas em centros urbanos. • universalismo: o ponto de partida de sua literatura é o da ex- periência pessoal e o ambiente familiar. Contudo, Clarice ex- trapola os limites desse universo; seus temas, no conjunto, são essencialmente humanos e universais, como a relação entre o eu e o outro, as falsidades das relações humanas, a condição social da mulher, o esvaziamento das relações familiares e, sobretu- do, a própria linguagem – única forma de comunicação com o mundo. Principais obras: Romances: Perto do Coração Selvagem (1944); O Lustre (1946); A Cidade Sitiada (1949); A Maçã no Escuro (1961); A Paixão segundo G. H. (1964); Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (1969); Água Viva (1973); Novela: A Hora da Estrela (1977). Contos: Alguns Contos (1952); Laços de Famí- lia (1960); A Legião Estrangeira (1964); Felicidade Clandestina (1971), Imitação da Rosa (1973), A Via - Crucis do Corpo (1974); A Bela e a Fera (1979). Entrevista: De Corpo Inteiro. Literatura in- fantil: Mistério do Coelhinho Pensante (1967); A Mulher que Matou os Peixes (1969); A Vida Íntima de Laura (1974), Quase de Verdade. Fragmento de A Hora da Estrela A Hora da Estrela A culpa é minha ou A hora da estrela ou Ela que se arranje ou O direito ao grito ou - Quanto ao futuro - ou Lamento de um blue ou Ela não sabe gritar ou Uma sensação de perda ou Assovio no vento escuro ou Eu não posso fazer nada Apostilas UECEVEST mod4.indb 33 03/04/2011 19:18:10 LITERATURA 34 UECEVEST ou Registro dos fatos antecedentes ou História lacrimogênea de cordel ou Saída discreta pela porta dos fundos [...] Havia coisas que não sabia o que significavam. Uma era “efe- méride”. E não é que seu Raimundo só mandava copiar com sua letra linda a palavra efemérides ou efemérica? Achava o termo efemírides absolutamente misterioso. Quando o copiava prestava a tenção a cada letra. Glória era estenógrafa e não só ganhava mais como não parecia se atrapalhar com as palavras difíceis das quais o chefe tanto gostava. Enquanto isso a mocinha se apaixonara pela palavra efemérides. Maio, mês das borboletas noivas flutuando em brancos véus. Sua exclamação talvez tivesse sido um prenúncio do que ia acon- tecer no final da tarde desse mesmo dia: no meio da chuva abun- dante encontrou (explosão) a primeira espécie de namorado de sua vida, o coração batendo como se ela tivesse englutido um passarinho esvoaçante e preso. O rapaz e ela se olharam por en- tre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam. Ele a olhara enxugando o rosto molhado com as mãos. E a moça, bastou-lhe vê-lo par torná-lo imediatamente sua goiaba-com-queijo. Ele...Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe: - E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear? - Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia. - E, se me permite, qual é mesmo sua graça? - Macabéa. - Maca - o quê? - Bea, foi ela obrigada a completar. - Me desculpe mas até parece doença, doença de pele. - Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que deu certo – parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pu- dor – pois como o senhor vê eu vinguei... pois é... - Também no sertão da Paraíba promessa é questão de gran- de dívida de honra. Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde es- tavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado: - Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor? Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fini- nha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa pareciam lágrimas escorrendo. Da terceira vez em que se encontraram - pois não é que estava chovendo? - o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe: - Você também só sabe é mesmo chover! - Desculpe. Guimarães Rosa Mineiro, formou-se em Medicina e clinicou pelo interior, foi ministro e pela carreira diplomática esteve em Hamburgo, Bogotá e Paris. Foi eleito membro da ABL e faleceu 3 dias depois de sua posse. A obra de G. Rosa é extre- mamente inovadora e original. Seu livro, Sagarana (1946), vem colocar uma espécie de marco divisor na literatura moderna do Brasil: é uma obra que se pode chamar de renovadora da linguagem literária. Seu expe- rimentalismo estético, aliando narrativas de cunho regionalis- ta a uma linguagem inovadora e transfigurada, veio transformar completamente o panorama da nossa literatura. O livro Grande Sertão: Veredas (1956), romance narrado em primeira pessoa por Riobaldo num monólogo ininterrupto onde o autor e o leitor parecem ser os ouvintes diretos do personagem, G. Rosa recuperou a tradição regionalista, renovando-a. Há um clima fantástico na narrativa: Riobaldo conta suas aventuras de jagunço que quer vingar a morte de seu chefe, Joca Ramiro, as- sassinado pelo bando de Hermógenes. Sua narrativa é entremeada por reflexões metafísicas em torno dos acontecimentos e dois fatos se repropõem constantemente: seu pacto com o Diabo e seu amor por Diadorim (na verdade, Deodorina, filha de Joca Ramiro, disfarçada de jagunço). As dúvidas de Riobaldo têm raízes místicas e sua narrativa torna-se então não mais um documento regionalista, mas uma obra de caráter universal, que toca em problemas que inquietam todos os homens: o significado da existência, as dimensões da realidade. Mas não é só isto que é novo em G. Rosa: sua linguagem é extre- mamente requintada. Recuperando as matrizes arcaicas da língua portuguesa e fundindo-as com a fala sertaneja, G. Rosa chega a criar um lin- guajar mítico, onde o novo e o primitivo perdem as dimensões tornando-se um linguajar ao mesmo tempo real e irreal, pessoal e universal. Arcaísmos, neologismos, rupturas, fusões, toda uma técnica elaboradíssima que torna seu discurso literário ímpar em toda a nossa literatura. Grande Sertão: Veredas e as novelas de Corpo de Baile in- cluem e revitalizam recursos da expressão poética: células rítmi- cas, aliterações, onomatopeias, ousadias mórficas, elipses, cortes e deslocamentos de sintaxe, vocabulário insólito, arcaico ou neo- lógico, associações raras, metáforas, anáforas, metonímias, fusão de estilos. Principais obras: Sagarana (1946), Corpo de Baile (depois desdobrado em Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá no Pi- nhém, Noites do Sertão, 1956), Grande Sertão: Veredas (1956), Primeiras Estórias (1962), Tutameia - Terceiras Estórias (1967): Estas Estórias (1969), Ave, Palavra (1970). Fragmento de Grande sertão: Veredas “A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade. Está certo, sei. Mas ponho minha fiança: homem muito homem que fui, e ho- mem por mulheres! - nunca tive inclinação pra aos vícios desen- contrados. Repilo o que, o sem preceito. Então - o senhor me perguntará - o que era aquilo? Ah, a lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o que, durante todo tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu Apostilas UECEVEST mod4.indb 34 03/04/2011 19:18:11 35 UECEVEST LITERATURA sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mes- mo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria. Acho que. Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre. E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que às vezes adivinhei insensa- tamente - tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava. Muitos momentos. Conforme, por exemplo, quando eu me lem- brava daquelas mãos, do jeito como se encostavam em meu rosto, quando ele cortou meu cabelo. Sempre. Do demo: Digo? Com que entendimento eu entendia, com que olhos era que eu olhava? Eu conto. O senhor vá ouvindo. Outras artes vieram depois” João Cabral de Melo Neto Pernambucano, passa a infância em engenhos de açúcar em contato com a terra e o povo (o que desper- tou seu interesse pelo folclore nor- destino e pela literatura de cordel), com a palavra escrita (livros e jor- nais, desde os dois anos de idade) e a parentela ilustre e culta (primo de Manuel Bandeira e Gilberto Freire). É eleito por unanimidade para a ABL (1969) Estreou em 1942 com Pedra do Sono de forte infl uência de Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes. Ao publicar O Engenheiro, em 1945, traça os rumos defi nitivos de sua obra. Em 1956, escreve o poema dramático Morte e Vida Severina, que, encenado em 1966, com músicas de Chico Buarque, consagra-o defi nitivamente. Só pertenceria à Geração de 45 se levado em conta o critério cronológico; pois esteticamente afasta-se da proposta do grupo. Características de sua produção literária: no início da car- reira, apresenta uma tendência à objetividade, convivendo com imagens surrealistas e oníricas (relativas aos sonhos): aos poucos, afasta-se da infl uência surrealista e aprofunda a tendência à subs- tantivação, à economia da linguagem, submetendo as palavras a um processo crescente de depuração, com uso de metáforas, personifi cações, alegorias e metonímias (a pedra; a faca; o cão); a partir de 1945, infl uenciado por uma concepção arquitetônica, procede à geometrização do poema, aproximando a arte do Poeta à do Engenheiro; a preocupação com o descarnamento, com a confecção da poesia dessacralizada, afastada cada vez mais do sub- jetivismo e da introspecção, leva-o à elaboração do poema objeto. Nele, o fruir poético atinge-se através da lógica do raciocínio, da razão, eliminando-se emoções superfi ciais (ruptura total com o sentimentalismo); o Poeta questiona o próprio ato de escrever e a função da poesia; na década de 50, surge e amadurece a preo- cupação política e principalmente a denúncia social do Nordeste e sua gente: os “severinos” retirantes, as tradições e o folclore re- gional, a herança medieval, a estrutura agraria canavieira, injusta e desigual...Aparece ainda a paisagem da Espanha, que apresenta pontos em comum com o cenário nordestino. Continua viva e atuante a refl exão sobre a Arte em suas várias manifestações, des- de a pintura (Miró, Picasso, Vicente do Rego Monteiro), a litera- tura (Paul Valéry, Cesário Verde, Augusto dos Anjos, Graciliano Ramos, Drummond), passando pelo futebol e fechando com a sua própria maneira de poetar: “Sempre evitei falar de mim, falar- me. Quis falar de coisas. Mas na seleção dessas coisas não haverá um falar de mim?” (Morte e Vida Severina - Auto de Natal Per- nambucano) Morte e Vida Severina, obra mais popular de João Cabral, é um auto de Natal do folclore pernambucano. Sua linha nar- rativa segue dois movimentos que aparecem no título: “morte” e “vida”. No primeiro movimento, há o trajeto de Severino, personagem-protagonista, que segue do sertão para Recife, em face da opressão econômico-social. Severino tem a força coletiva de um personagem típico: representa o retirante nordestino. No segundo movimento, o da “vida”, o autor chama a atenção para a confi ança no homem e em sua capacidade de resolver problemas. Principais obras: Prosa: Considerações sobre a Poeta Dormin- do (1941); Juan Miró (1950). Poesia: Pedra do Sono (1942); En- genheiro (1945); Psicologia da Composição (1947); O cão sem Plu- mas (1950); Rio (1954); Poemas reunidos (os livros anteriores mais Os Três Mal-Amados, 1954); Duas Águas (os livros anteriores mais Morte e Vida Severina, Paisagens com fi guras e Uma Faca só Lâmi- na, 1956); Quaderna (1960); Dois Parlamentos (1961); Terceira Feira (os dois livros anteriores mais Serial, 1961); A Educação pela Pedra (1966), Poesias Completas (1968); Museu de Tudo (1975); Escola das Facas (1987); Auto do Frade (1984); Agrestes (1985); Crime na Calle Relator (1987); Sevilha Andando (1987-1993). Trechos de Morte e Vida Severina O retirante explica ao leitor quem é e a que vai: - O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. (...) Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: ‘na mesma cabeça grande que a custa é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas fi nas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte Severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte Severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida). Somos muitos Severinos iguais em tudo na sina: a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima, a de tentar despertar terra sempre mais extinta, a de querer arrancar algum roçado da cinza. Mas, para que me conheçam melhor Vossas Senhorias e melhor possam seguir a história de minha vida, passo a ser o Severino que em vossa presença emigra. (...) Apostilas UECEVEST mod4.indb 35 03/04/2011 19:18:12 LITERATURA 36 UECEVEST E X E R C í C I O 01. (Fuvest-SP) É correto afi rmar que no poema dramático Mor- te e vida severina, de João Cabral de Melo Neto: a) A sucessão de frustrações vividas por Severino faz dele um exemplo típico de herói moderno, cuja tragicidade se expressa na rejeição à cultura a que pertence. b) A cena inicial e a fi nal dialogam de modo a indicar que, no retorno à terra de origem, o retirante estará munido das convicções religiosas que adquiriu com o mestre carpina. c) O destino que as ciganas prevêem para o recém-nascido é o mesmo que Severino já cumprira ao longo de sua vida, marcada pela seca, pela falta de trabalho e pela retirada. d) O “auto de natal” acaba por defi nir-se não exatamente num sentido religioso, mas enquanto reconhecimento da força afi rmativa e renovadora que está na própria natureza. 02. (UFRN) Os versos seguintes pertencem ao poema Morte e Vida Severina (1954), de João Cabral de Melo Neto. “– Todo o céu e a terra lhe cantam louvor. Foi por ele que a maré esta noite não baixou. – Foi por ele que a maré fez parar o seu motor: a lama fi cou coberta e o mau-cheiro não voou. [...] – E este rio de água cega, ou baça, de comer terra, que jamais espelha o céu, hoje enfeitou-se de estrelas.” MELO NETO, J.C. de. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. p. 73-74. No contexto desse auto de Natal, os versos citados signifi cam a) A esperança que surge com o nascimento do fi lho do mestre carpina, após a trajetória frustrante do retirante em direção ao Recife. b) A esperança que surge com o nascimento do fi lho de Severino, após a perda dos seus parentes no caminho do sertão para o litoral. c) O louvor da natureza em homenagem à chegada do retirante à cidade grande, com previsão de um futuro promissor. d) O louvor da natureza em homenagem à chegada do retirante, apesar da certeza de que a morte o espera no Recife. 03. (Ufam) Leia: “Estreou com um romance que renovou e, de certo modo, defi niu a tendência introspectiva da fi cção brasileira dos anos 30: “Perto do Coração Selvagem”. Especializou-se no conhecimen- to da psicologia feminina e desenvolveu personagens burguesas, mulheres entediadas em busca de um sentido para a existência. Só muito depois é que escreveu sobre outro tipo de mulher: uma nordestina pobre, chamada Macabéa, que migrou para o Rio de Janeiro, cidade que lhe era em tudo adversa.” A afi rmativa acima se refere a: a) Clarice Lispector c) José J. Veiga b) Lygia Fagundes Teles d) Dalton Trevisan 04. (UFSM-RS) Considere as afi rmativas: I. Frequentemente, as personagens de contos de Clarice Lispector vivem perturbações psicológicas desencadeadas por visões que lhes são reveladoras. II. As situações focalizadas na fi cção de Clarice Lispector contemplam uma ansiedade por profundas mudanças sociopolíticas em torno das quais as personagens debatem-se com ardor. III. Os contos de Clarice Lispector apresentam passagens em que as referências ao mundo nebuloso e abstrato se refl etem na composição, colocando em questão o sentido convencional da narrativa. Está(ão) correta(s): a) Apenas I. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. 05. (Fuvest-SP) Identifi que a afi rmação correta sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector: a) A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as preocupações com a linguagem, frequentes em outros escritores da mesma geração. b) Se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas de Macabéa exprimem sobretudo as críticas da personagem às injustiças sociais. c) O narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa, vinculando esse adiamento a um autoquestionamento radical. d) Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas desventuras na cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas vivida no aconchego familiar. O fragmento textual que segue, de A hora da estrela, servirá de base para as questões 06 e 07. “Porque há o direito ao grito. Então eu grito. Grito puro e sem pedir esmola. Sei que há moças que vendem o corpo, única posse real, em troca de um bom jantar em vez de sanduíche de mortade- la. Mas a pessoa de quem falarei mal tem corpo para vender, nin- guém a quer, ela é virgem e inócua, não faz falta a ninguém. Aliás – descubro eu agora – também eu não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro escreveria. Um outro escritor, sim, mas teria que ser homem porque escritora mulher pode lacrimejar piegas.” LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 13-14. 06. (UFRN) Considerando o contexto da obra, esse fragmento a) Expressa justifi cativa de que a estória poderá parecer sentimental em virtude de o narrador ser uma mulher sensível, que se vê espelhada no que conta. b) Indica relutância do narrador, que atrasará o desdobramento da ação, dada a sua repulsa por fazer literatura com adesgraça alheia. c) Indica mudança de enfoque para as páginas seguintes, quando a narradora mulher será substituída pelo insensível Rodrigo S. M. d) Expressa o caráter impiedoso do narrador, que, por meio da ironia, chegará até mesmo a imitar a simplicidade da protagonista. 07. (UFRN) Relativamente ao enredo, o fragmento prenuncia que a estória de Macabéa a) Será a da miséria humana, mais à frente sintetizada na consideração de que a vida é um soco no estômago. b) Terminará numa situação de falso luxo, graças à ilusão da personagem de ser amada por um homem rico. c) Será solucionada, mesmo supostamente sem saída, pelos conselhos da cartomante relativos à aparência da protagonista. d) Terminará no suicídio, quando a heroína se jogar sob um automóvel e o narrador concluir que viver é um luxo. As questões 08 e 09 referem-se às obras A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa (19.4.6.), e A hora da estrela, de Clarice Lispector (19.7.7.). Apostilas UECEVEST mod4.indb 36 03/04/2011 19:18:12 37 UECEVEST LITERATURA 08. (UFRN) Pode-se afi rmar que o fi nal das duas narrativas re- vela o que é sugerido em seus títulos. Nesse sentido, a morte das personagens aparece como a) O acontecimento que resolve, pela ação de um indivíduo, o problema de uma coletividade em apuros. b) O instante único no qual Augusto Matraga e Macabéa, cada um a seu modo, reconhecem-se como fracassados. c) O instante único no qual Augusto Matraga e Macabéa, cada um a seu modo, vislumbram a felicidade. d) O acontecimento que resolve o destino individual, sem maiores implicações na coletividade. 09. (UFRN) As duas obras representam a narrativa brasileira pos- terior ao Modernismo, no sentido de que já não se relacionam diretamente ao chamado “romance social” ou “romance do Nor- deste”. Sobre essas obras, é correto afi rmar que a) O vocabulário sertanejo fi gura como modo de resistência das personagens aos valores urbanos. b) Articulam, em universos distintos, elementos que tradicionalmente eram material do regionalismo. c) O pitoresco regional surge principalmente como forma de resistência à vida moderna. d) Produzem um novo regionalismo, mas as personagens ainda se caracterizam como tipos rurais. 10. (PUC-PR) Com base na leitura de Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, identifi que a alternativa verdadeira: a) Os contos de Felicidade clandestina inauguram a fase mais abstrata da fi cção de Clarice Lispector, na qual a desorganização mental das personagens é captada em longos fl uxos de consciência, em linguagem que não respeita a sintaxe tradicional. b) Perdoando Deus, A repartição dos pães e As águas do mundo confi rmam, na obra, a religiosidade cristã, tema central de outros escritos de Clarice Lispector, bem como da maior parte da fi cção produzida no Brasil na segunda metade do século 20. c) O conto que nomeia o livro aborda as difi culdades de um estudante envolvido com um grupo guerrilheiro que pretendia derrubar o governo militar, tema forte na literatura brasileira da década de 1970. d) Assim como os protagonistas dos romances de Clarice Lispector, algumas personagens de seus contos sentem-se pouco à vontade em situações corriqueiras, o que lhes traz angústias e temores diversos. 11. (UFAM) Leia o trecho abaixo: “Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais for- ça, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo. Montante, o mais supro, mais sério – foi Me- deiro Vaz. Que um homem antigo... Seu Joãozinho Bem-Bem, o mais bravo de todos, ninguém nunca pôde decifrar como ele por dentro consistia. Joca Ramiro – grande homem príncipe! – era político. Zé-Bebelo quis ser político, mas teve e não teve sorte: raposa que demorou. Sô Candelário se endiabrou, por pensar que estava com doença má.” O trecho acima foi escrito por um autor único na literatura brasi- leira, o qual revolucionou os processos narrativos. Considerando ainda o nome de alguns personagens constantes do excerto aci- ma, pode-se dizer que estamos diante de um fragmento de: a) Angústia, de Graciliano Ramos b) Fogo Morto, de José Lins do Rego c) Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa d) A Grande Arte, de Rubem Fonseca 12. (UNIFOR-CE) “Em sua obra, um tema praticamente per- manente é a crise da subjetividade. Esta crise se manifesta com tamanha gravidade que o próprio ato de narrar ameaça ser impos- sível. Não admira, pois, que em alguns de seus romances a velha noção de enredo já não é absoluta: às vezes importa mais a metá- fora estranha, a entrega aos livres pensamentos, a crise existencial que não está apenas nas personagens, mas no próprio narrador.” O trecho acima está levantando algumas características que se encontram presentes em: a) Grande Sertão: Veredas. d) A Estrela Sobe. b) A Hora da Estrela. e) O Tempo e o Vento. c) Fogo Morto. 13. (UFRN) “Nem mãe nem pai acharam logo a maravilha, repentina. Mas Tiantônia. Parece que foi de manhã. Nhinhinha, só sentada olhando o nada diante das pessoas: — ‘Eu queria o sapo vir aqui’. Se bem a ouviram, pensaram fosse um patranhar, o de seus dis- parates, de sempre. Tiantônia, por vezo, acenou-lhe com o dedo. Mas, aí, reto, aos pulinhos, o ser entrava na sala, para aos pés de Nhinhinha, — e não o sapo de papo, mas bela rã brejeira, vinda do verduroso, a rã verdíssima. Visita dessas jamais acontecera. E ela riu: — ‘Está trabalhando um feitiço…’ Os outros se pasma- ram; silenciaram demais.” ROSA, Guimarães. Fragmento de “A menina de lá”. Levando em consideração o modo de o narrador contar a histó- ria, é legítimo afi rmar que: a) a menina é encorajada pela família a fazer disparates. b) o pai e a mãe não se surpreendem com os atos da fi lha. c) Nhinhinha transforma o sapo em bela rã brejeira. d) Tiantônia reconhece os poderes de Nhinhinha. 14. (UNIFOR-CE) “E eu fui vendo logo que os animais dele não prestavam. O matungo, p’ra se deitar, ajoelhava que nem vaca, e a modo e coisa que era cego de um olho. Mas eu entendi que ele não era cego nenhuns-nada: era uma pelinha que tinha crescido tapando a vis- ta — que, até, depois, seu Raymundo boticário tirou p’ra mim… O pica-pau parecia que não ia durar mais muito tempo vivo… Tinha sinal de duas sangraduras… Mau, mau!” Há sufi cientes elementos no trecho acima para reconhecê-lo como pertencente a: a) um poema em prosa de Murilo Mendes. b) um romance indianista de José de Alencar. c) uma narrativa de Guimarães Rosa. d) um conto típico de Dalton Trevisan. 15. (UFSE) “Sou remediado lavrador, isto é — de pobre não me sujo, de rico não me emporcalho. Defesa e acautelamento é que não me fale- cem, nesta fazenda Santa-Cruz-da-Onça, de hospitalidades; minha. Aqui é um recanto. Por moleza do calor era que eu fi cava a observar. Nesse dia, nada vezes nada. De enfastiado e sem-graça, é que eu co- mia demais. Do almoço, empós, me remitia, em rede, em quarto.” O texto acima pertence a um conto que, pelo trabalho com a linguagem e pelo espaço da ação, pode ser identifi cado como um trecho de: a) Raul Pompeia, narrado em primeira pessoa, na qual o autor traça um momento de sua autobiografi a. b) Guimarães Rosa, narrado em terceira pessoa, explorando um cenário que não costuma representar. c) Guimarães Rosa, narrado em primeira pessoa, focando o universo cultural que mais lhe interessou. d) Dalton Trevisan, narrado em primeira pessoa, explorando o cenário que costuma representar. Apostilas UECEVEST mod4.indb 37 03/04/2011 19:18:13 LITERATURA 38 UECEVEST 16. (U. F. Uberlândia-MG) “… E foi assim que no grande parque do colégio lentamente comecei a aprender a ser amada, suportando o sacrifício de não merecer, apenas para suavizar a dor de quem não ama”. LISPECTOR, Clarice. “Os desastres de Sofi a”. A partir do fragmento do conto,e considerando a obra como um todo, assinale a alternativa INCORRETA: a) O tema desse conto é o envolvimento amoroso violento vivido por uma adolescente e um adulto. b) Os processos de aprendizagem permanente, essencial para a vida, estão sempre presentes na obra de Clarice. c) A infância e a adolescência são temas que se destacam em Felicidade Clandestina. d) Sofi a, nesse conto, detém uma sabedoria em progresso que ela trata de associar com a intuição feminina. 17. (MACKENZIE-SP) “O nome de Diadorim, que eu tinha fala- do, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente — ‘Diadorim, meu amor…’ Como era que eu podia dizer aquilo? Explico ao senhor: como se drede fosse para eu não ter vergonha maior, o pensamento dele que em mim escorreu fi gurava diferente, um Diadorim assim meio singular, por fantasma, apar- tado completo do viver comum, desmisturado de todos, de todas as outras pessoas — como quando a chuva entre-onde-os-campos.” Assinale a afi rmação INCORRETA sobre a obra da qual se ex- traiu o fragmento acima. a) Retrata determinada região do sertão brasileiro e também tematiza questões universais. b) Apresenta a travessia do sertão como metáfora da travessia da vida. c) Atribui novos sentidos a palavras usuais. d) Reproduz com fi delidade o linguajar do sertão mineiro. 18. (Fuvest-SP) Um dos recursos expressivos de Guimarães Rosa consiste em deslocar palavras da classe gramatical a que elas per- tencem. Destas frases de “Sorôco, sua mãe, sua fi lha”, a única em que isso não ocorre é: a) ‘“… os mais detrás quase que corriam. Foi o de não sair mais da memória”. b) ‘“… não queria dar-se em espetáculo, mas representava de outroras grandezas”. c) ‘“… mas depois puxando pela voz ela pegou a cantar”. d) ‘“… sem jurisprudência, de motivo nem lugar, nenhum, mas pelo antes, pelo depois”. G A B A R I T O 01. d 02. a 03. a 04. c 05. c 06. d 0 7. a 08. c 09. b 10. d 11. c 12. b 13. d 14. c 15. c 16. a 17. d 18. c TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS Nas últimas décadas, a cultura brasileira vivenciou um período de acentuado desenvolvimento tecnológico e industrial; entretanto, neste período ocorreram diversas crises no campo político e social. Os anos 60 (época do governo democrático-populista de JK) foram repletos de uma verdadeira euforia política e econômica, com amplos refl exos culturais: Bossa Nova, Cinema Novo, Teatro de Arena, as Vanguardas, e a Televisão. A crise desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Qua- dros e o golpe militar que derrubou João Goulart colocaram fi m nessa euforia, estabelecendo um clima de censura e medo no país (promulgação do AI-5; fechamento do Congresso; jornais censu- rados, revistas, fi lmes, músicas; perseguição e exílio de intelectu- ais, artistas e políticos). A cultura usou disfarces ou recuou. A conquista do tricampeonato mundial de futebol em 1970, foi capitalizada pelo regime militar e uma onda de nacionalismo ufanista espalhou-se por todo o país, alienando as mentes e adorme- cendo a consciência da maioria da população por um bom período de tempo: “Brasil - ame-o ou deixe-o”, a cultura marginalizou-se. Em 1979, um dos primeiros atos do presidente Figueiredo foi sancionar a lei da anistia, permitindo a volta dos exilados. Esse ato presidencial fez o otimismo e a esperança renascerem naqueles que discordavam da política praticada pelos militares daquele período. Na década de 80, inicia-se uma mobilização popular pela vol- ta das eleições diretas, que só veio a concretizar-se em 89, com a posse de Fernando Collor de Mello, cassado em 1991. 1995 : eleição e posse do presidente Henrique Cardoso. Manifestações Artísticas As manifestações literárias desse período desenvolvem-se a partir de duas linhas- mestras: a) De um lado, a permanência de alguns autores já consagrados como João Cabral e Carlos Drummond de Andrade acompanha- da do surgimento de novos artistas como Lygia F. Telles e Dalton Trevisan, ligados ás linhas tradicionais da literatura brasileira: re- gionalismo, intimismo, urbanismo, introspecção psicológica. b) De outro lado, a ruptura com valores tradicionais que se dis- persam através de propostas alternativas ou experimentais, buscando novos caminhos ou exprimindo de maneiras pou- co convencionais as tensões de um país sufocado pelas forças da repressão. Nessa vertente, nascem o concretismo, a Psoesia Práxis,os romances e contos fantásticos, alegóricos. O profes- sor Domício Proença Filho (cit. in. Faraco e Moura, Língua e Literatura, vol. 3 Ed. Ática) defende a ideia de que “nas três últimas décadas, a cultura brasileira tem vivido sob o signo da multiplicidade seja na área política, social ou artística”. Para ele, Apostilas UECEVEST mod4.indb 38 03/04/2011 19:18:14 39 UECEVEST LITERATURA a cultura pós-moderna apresenta as seguintes características: • eliminação entre fronteiras entre a arte erudita e a popular; • presença marcante da intertextualidade (diálogo com obras já existentes e presumivelmente • conhecidas); • mistura de estilos (ecletismo que contenta gostos diversifi cados) • preocupação com o presente, sem projeção ou perspectivas para o futuro. Na dramaturgia, especifi camente, surgiu um espectador mais ativo que passou a fazer parte de uma interação entre atores e plateia. Música e cinema sofrendo concorrência e pressão por parte da “moda” imposta pelos países mais desenvolvidos. A rapidez de sucessão dos modismos, tendo por objetivo o con- sumo desenfreado; o lucro, passou a reinar na sociedade brasileira. Tratando-se especifi camente da Literatura, o Professor Pro- ença aponta as seguintes características dessa arte, neste período: • Ludismo na criação da obra, desembocando frequentemente na paródia ou no pastiche. Ex: as sucessivas imitações do famoso poema de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio” (“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...”). • Intertextualidade, característica da qual os textos de Drum- mond como: “A um bruxo com amor” (retomando M. de As- sis); “Todo Mundo e Ninguém” (retomando o auto da Lusitâ- nia, de Gil Vicente) são belos exemplos. • Fragmentação textual: “associação de fragmentos de textos co- locados em sequência, sem qualquer relacionamento explícito entre a signifi cação de ambos”, como em uma montagem ci- nematográfi ca. O Conto e a Crônica A partir dos anos 70, houve uma verdadeira explosão editorial do conto e da crônica, por serem narrativas curtas, condensadas e atenderem à necessidade de rapidez do mundo moderno. Novas di- mensões foram introduzidas no conto tradicional : subversão da se- quência narrativa, interiorizarão do relato, colagem de fl ashes e ima- gens, fusão entre poesia e prosa, evocação de estados emocionais. A crônica, texto ligeiro, de interpretação imediata, com fl a- grantes do cotidiano, também passou a agradar ao leitor tornan- do-se popular. Autores que se destacam nesses dois gêneros: Contos: Lygia F. Telles, Osmar Lins, Murilo Rubião, Au- tran Dourado, Homero Homem, Moacyr Scliar, Oto Lara Resende, Dalton Trevisan, J. J. Veiga, Nélida Pinon, Rubem Fonseca, João Antônio, Domingos Pelegrim Jr, Ricardo Ramos, Marina Colasanti, Luís Vilela, Marcelo Rubens Paiva, Ivan Ân- gelo e Hilda Hilst. Crônica: Rubem Braga,Vinícius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Raquel de Queiroz,Carlos Drummond de Andrade, Fer- nando Sabino, Álvaro Moreira,Sérgio Porto (Stanislau Ponte Preta), Lourenço Diaféria, Luís Fernando Veríssimo eJoão Ubaldo Ribeiro. Concretismo Marilyn, de Andy Warhol beba coca cola babe cola beba coca babe cola caco caco cola c l o a c a “beba coca cola” (1957), Décio Pignatari i n f i n i t o n f i n i t o f i n i t o i n i t o n i t o i t o t o o o t o t i o t i n o t i n i o t i n i f o t i n i f n o t i n i f n i Pedro xisto – 1960 O Concretismo começa a despontar no Brasil com a publi- cação da revista Noigandres pelos três poetas: Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos. Porém,fi xa-se no Brasil com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. p p l p l u p l u v p l u v i p l u v i a p l u v i a l f l u v i a l f l u v i a l f l u v i a l f l u v i a l f l u v i a l f l u v i a l “pluvial”, de Augusto de Campos. As poesias concretas trazem novas formas de expressão: va- lorização da forma e da comunicação visual, sobrepondo ao conteúdo. O poema da poesia concreta é chamado de poema-objeto por causa dos recursos estilísticos adotados: a eliminação de versos e a incorporação de fi guras geométricas. Os poemas concretos pos- suem carga semântica, mas diferenciam-se por enfatizar o conte- údo visual e sonoro das palavras. V V V V V V V V V V V V V V V V V V V E V V V V V V V V E L V V V V V V V E L O V V V V V V E L O C V V V V V E L O C I V V V V E L O C I D V V V E L O C I D A V V E L O C I D A D V E L O C I D A D E Durante o Concretismo, no Brasil, houve diferenciação entre tipos de poesia. Vejamos: • Poesia-Práxis: Lançada a partir de 1961 com o Manifesto Di- dático, liderada por Mário Chamie, considerava a palavra um organismo vivo, o qual gera o outro. Apostilas UECEVEST mod4.indb 39 03/04/2011 19:18:15 LITERATURA 40 UECEVEST • Poesia social: movimento de reação contra a poesia concreta por poetas que a considerava exagerada em formalismo. Pro- punham a volta dos versos, a linguagem simples e a visão da poesia como instrumento de expressão social e política. É ilus- trador dessa perspectiva: Ferreira Gullar. • Tropicalismo: movimento musical dos anos 67 e 68, que contri- buiu para a literatura com a visão de aproveitamento de qualquer estética literária, sem preconceitos. Essa manifestação resultou em certo anarquismo, porém rigorosamente censurado. Seja marginal seja herói, de Hélio Oiticica • Poesia Marginal dos anos 70: poesia sem edição, livre dos pa- drões de produção e distribuição, com tiragem pequena. Alguns autores dessa prática são conhecidos: Paulo Leminski e Chacal. Podemos levantar algumas características gerais na poesia concreta: o verso é abolido; o espaço do papel é aproveitado para fi ns signifi cativos; há valorização dos aspectos visual e sonoro; os vocábulos são representados nos seus aspectos geométricos. E X E R C í C I O 01. (ITA-SP) Leia os textos seguintes: 1. “(…) Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. (…)” DIAS, Gonçalves. Poesias completas. São Paulo: Saraiva, 1957. 2. “lá? ah! Sabiá… papá… maná… Sofá… sinhá… cá? bah!” PAES, José Paulo. Um por todos. Poesia reunida. São Paulo: Brasiliense, 1986. a) Aponte uma característica do texto 1 que o fi lia ao Romantismo e uma do texto 2 que o fi lia ao Concretismo. b) É possível relacionar o texto 2 com o 1? Justifi que. 02. (UFMT) Uma das tendências da vanguarda poética brasileira é o Concretismo iniciado com a revista Noigrandes na década de 1950. São características do Concretismo, exceto: a) Abandono do discurso tradicional, privilegiando os recursos gráfi cos das palavras. b) Exploração do signifi cante: do aspecto concreto da palavra. c) Possibilidade de leitura múltipla: linear, vertical e até diagonal. d) Signifi cação dos espaços tipográfi cos e da disposição das palavras no papel. e) Renovação dos temas, privilegiando a expressão dos estados psíquicos dos poetas. 03. (Unesp) Epitáfi o para um banqueiro “n e g ó c i o e g o ó c i o 0” José Paulo Paes. Anatomias. Este Epitáfi o para um banqueiro enfoca um tema literário bastan- te atual: o egoísmo, a solidão do indivíduo, a falta de comunica- ção que o leva a fechar-se nos limites de sua própria existência e, consequentemente, a ver o mundo sempre deformado por uma visão individualista. Tomando por base estas observações: a) Faça uma descrição do plano semântico-visual do texto, de modo a revelar sua compreensão do poema como um “epitáfi o”; b) Aponte a palavra que, numa das linhas do poema, demarca a característica do indivíduo como ser em si, exclusivista e isolado. 04. (UFGRS) Considere as seguintes afi rmações sobre o Con- cretismo. I. Buscou na visualidade um dos suportes para atingir rupturas radicais com a ordem discursiva da língua portuguesa. II. Teve como integrantes fundamentais Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari. III. Foi um projeto de renovação formal e estética da poesia brasileira, cuja importância fi ca restrita à década de 1950. Quais estão corretas? a) Apenas I. c) Apenas III e II. b) Apenas II. d) I e II. 05. (PUCPR) “de sol a sol soldado de sal a sal salgado Apostilas UECEVEST mod4.indb 40 03/04/2011 19:18:16 41 UECEVEST LITERATURA de sova a sova sovado de suco a suco sugado de sono a sono sonado sangrado de sangue a sangue.” O poema concretista, acima transcrito, apresenta as seguintes inovações no campo verbal e visual: a) Abolição do verso tradicional; desintegração do sistema em seus morfemas; a palavra dá lugar ao símbolo gráfi co. b) Apresentação de um ideograma; uso de estrangeirismos; esfacelamento da linguagem. c) Ausência de sinais de pontuação; uso intensivo de certos fonemas; jogos sonoros e uso de justaposição. d) Uso construtivo dos espaços brancos; neologismo; separação dos sufi xos e dos prefi xos; uso de versos alexandrinos. 06. (UEPB) Assinale a alternativa cuja estrofe tem o mesmo estilo citado pelo cronista, a seguir: “Estilo concretista – Dead dead man man mexe mexe Mens- ch Mensch MENSCHEIT.” Paulo Mendes Campos a) “Se nasce morre nasce morre nasce morre” (Haroldo de Campos) b) “Stop. A vida parou ou foi o automóvel.” (Carlos Drummond de Andrade) c) “– Qué apanhá sordado? – O quê? – Qué apanhá? Pernas e cabeças na calçada.” (Oswald de Andrade) d) “Lua mansa pedaço perdido do anel partido de alguma esperança” (Cecília Meireles) e) “Faz de conta que os sabugos são bois Faz de conta Faz de conta” (Jorge de Lima) 07. (FURG-2007) Sobre o Concretismo, é correto afi rmar que: a) caracterizou-se pelo uso abundante do soneto e de outras formas fi xas de inspiração clássica. b) foi responsável pela afi rmação de uma poesia essencialmente musical e preocupada com a questão da nacionalidade. c) produziu uma poesia cuja preocupação central foi a exploração do mágico e do sobrenatural. d) contribuiu para a afi rmação de uma poesia marcada pelo extremo sentimentalismo. e) ao promover a desintegração do verso e da palavra, contribuiu para a renovação da poesia brasileira. 08. (UEPG/PR-2007) Considerando o poema concretista de Haroldo dos Campos, assinale o que for correto. Se nasce morre nasce morre nasce morre renasce remorre renasce remorre renasce remorre re CAMPOS, Haroldo de in Teoria da Poesia Concreta,1987. 01. Respeita-se a distribuição linear do verso como elemento fundamental do poema. 02. A relação entre leitor se dará mais através da comunicação visual do que da verbal. 04. Ocorre exploração estética do som e da letra impressa, com a decomposição e montagem da palavra. 08. Ocorre um desinteresse pela exploração de novos campos semânticos. 16. No poema concreto ocorre o abandono do discurso tradicional, privilegiando os recursos gráfi cos das palavras. 09. (ENEM) O açúcar O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, fl or que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, [dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. (...) Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e purocom que adoço meu café esta manhã em Ipanema. Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8. A antítese que confi gura uma imagem da divisão social do traba- lho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e: Apostilas UECEVEST mod4.indb 41 03/04/2011 19:18:16 LITERATURA 42 UECEVEST a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar. b) o beijo de moça, a água na pele e a fl or que se dissolve na boca. c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar. d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale. e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras. G A B A R I T O 01. a) São diversas as características românticas do poema 1 que poderiam ser citadas: • Nacionalismo; • Saudosismo; • Exaltação da natureza; • Retomada da redondilha. Quanto ao poema 2 • Não segue a estrutura sintática tradicional; • Exploração do signifi cante liquístico, que pode ter diferentes signifi cados. b) Sim, o texto 2 está relacionado intertextualmente com o 1, retomando o tema deste. 02. e 03. a) O poema, por ser breve, e pela própria disposição na página, sugere uma inscrição numa lápide (um epitáfi o). Se- manticamente, vemos que as palavras sintetizam a trajetória de vida do banqueiro: negócios, ego, ócio, e fi nalmente a morte, representada pelo 0 na última linha. Observe-se que as palavras “ego” e “ócio” estão contidas em “negócio”, fato que é ressaltado pelo alinhamento visual dos signos. b) A palavra é “ego” 04. d 05. c 06. a 07. e 08. 22 09. e REFERÊNCIAS BIBlIOGRÁFICAS BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira – 46. ed. – São Paulo: Cultriz, 2006. CAMPEDELLI, Samira Yousseff & SOUZA, Jésus Barbosa. Literaturas: brasileira e portuguesa: teoria e texto: volume único – São Paulo: Saraiva, 2003. CEREJA, Willian Roberto & MAGALHÃES, Th ereza Cochar. Literatura brasileira: ensino médio – 2. ed. reform. – São Paulo: Atual, 2000. CHIAPPINI, Lígia. Invasão da catedral. Literatura e ensino em debate. Porto Alegre: Mercado Aberto,1983. COMISSÃO COORDENADORA DO VESTIBULAR(CCV) – www.ufc.br COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR(CEV) – www. uece.br COUTINHO, Afrânio – A literatura no Brasil, vol. 2. 3 e.d – São Paulo, 1986. GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1973. LAJOLO, Marisa. Leitura-literatura: mais do que uma rima, menos do que uma solução. In: MACHADO, Ana Maria. Entrevista. Revista Nova Escola. São Paulo. Editora Abril, setembro de 2001. MEC-Ministério da Educação e Cultura – INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Matrizes de Referência para o ENEM MOISÉS, Massaud. A Análise literária - 1. ed .16 reimpr. – São Paulo: Cultrix, 2007 MOISÉS, Massaud. Literatura brasileira através dos textos - 6. ed .– São Paulo: Cultrix, 1978. NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione,1998. ZILBERMAN & SILVA (org.) Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática, 1991. fi le:///C/html_10emtudo/Literatura/html_literatura_total.htm http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/em/literatura/ litbrasil/vestibular/index_html Apostilas UECEVEST mod4.indb 42 03/04/2011 19:18:17 P R É - V E S T I B U l A R R E D A Ç Ã O Apostilas UECEVEST mod4.indb 43 03/04/2011 19:18:24 Apostilas UECEVEST mod4.indb 44 03/04/2011 19:18:24 45 UECEVEST REDAÇÃO ANÁlISE/ COMENTÁRIO E PRODUçãO DE TEXTOS Características do texto argumentativo/persuasivo As cartas Retomando o nosso estudo acerca de Cartas Argumentativas, iniciado na Apostila 1, é importante relembrar: Além de uma dissertação, alguns vestibulares apresentam uma opção de carta argumentativa. Outros colocam somente a carta argumentativa do leitor ou também uma carta em outro formato (aberta), quando pedem mais de um gênero de texto. Assim, é importante que o vestibulando também aprenda sobre a carta e a exercite. O que diferencia a proposta da carta argumentativa da proposta de dissertação é o tipo de argumen- tação que caracteriza cada um desses textos. O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal. Por outro lado, a proposta de carta argumentativa pressupõe um interlocutor es- pecífi co para quem a argumentação deverá estar orientada. Essa diferença de interlocutores deve necessariamente levar a uma or- ganização argumentativa diferente, nos dois casos. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é frequentemente a de persuadir um interlocutor específi co (convencê-lo do ponto de vista defen- dido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido e que o autor da carta considera equivocado). É importante justifi car por que se solicita que a argumentação seja feita em forma de carta. Acredite, essa é uma opção estraté- gica feita em seu próprio benefício. O pressuposto é o de que, se é defi nido previamente quem é seu interlocutor sobre um deter- minado assunto, você tem melhores condições de fundamentar sua argumentação. Vamos tentar exemplifi car, concretamente, algumas situações argumentativas diferentes, para que fi que claro que tipo de fun- damento está por trás de algumas propostas de redação. Imagine- se um defensor ardoroso da legalização do aborto. Perceba que sua estratégia argumentativa seria necessariamente diferente se fosse solicitado a : Proposta 01 Escrever uma dissertação sobre o assunto, portanto, escrever para o nosso “leitor universal”; Proposta 02 Escrever ao Papa, para demonstrar a necessidade de a Igreja Católica, em alguns casos, rever sua postura frente ao aborto; Proposta 03 Escrever a um congressista, procurando persuadi-lo a apre- sentar um anteprojeto para a legalização do aborto no Brasil; Apresentação da carta argumentativa do leitor A imprensa escrita costuma manter seção de cartas do leitor, cuja fi nalidade é abrir espaço para a participação dos leitores, que se manisfestam livremente sobre a qualidade das matérias publicadas, seja para elogiar, seja para criticar, sugerir seja para fazer pedidos. Leia, a seguir, um artigo de Eliane Cantanhêde, publicado no jornal Folha de S. Paulo de 29 de junho, e excertos de três cartas enviadas por leitores. Um cara desses Quando os fi lhos são pequenos, chutam a canela da emprega- da, e os pais acham “natural”, fi ngem que não veem. Já maiores um pouco, comem o que querem, na hora em que querem, não falam nem bom-dia para o porteiro e desrespeitam a professora. Na adolescência, vão para o colégio mais caro, para o judô, para a natação, para o inglês e gastam o resto do tempo na praia e na internet. Resolvido. Dos pais, ouvem sempre a mesma ladainha: o governo não presta, os políticos são todos ladrões, o mundo está cheio de va- gabundos e vagabundas. “E quero os meus direitos!” Recolher o INSS da empregada, que é bom, não precisa. É assim que os fi lhos, já adultos, saudáveis, em universidades, são capazes de jogar álcool e fósforo aceso num índio, pensando que era “só um mendigo”, ou de espancar cruel e covardemente uma moça num ponto de ônibus, achando que era “só uma prostituta”. A perplexidade dos pais não é com a monstruosidade, mas com o fato de que seu anjinho está sujeito – em tese – às leis e às prisões como qualquer pessoa: “Prender, botar preso junto com outros bandidos? Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses?”, indignou-se Ludovico Ramalho Bruno, pai de Rubens, 19. Dá para apostar que ele votou contra o desarmamento, quer (no mínimo) “descer o pau em tudo quanto é bandido” e defende a redução da maioridade penal. Cadeia não é para o fi lho, que tem estudo e dinheiro, um futuro pela frente. É para o garoto do morro, pobre e magricela, que conseguir escapar dos tiroteios e roubar o tênis do fi lho. Isso se resolve com o Estado sendo Estado, com justiça, hu- manidade e educação– não só com ensino para todos e com professores mais bem treinados e mais bem pagos, mas também com a elementar compreensão de que “o problema” e os réus não são os pobres. Ao contrário, eles são as grandes vítimas. Tapa na cara Carta 01 “Um primor o artigo de Eliane Cantanhêde de ontem. O pior é que muitos desses adolescentes de classe média, que ela descreve tão bem, quando não chegam ao extremo de espancar ou pôr fogo em pessoas em pontos de ônibus vão exercer cargos de comando em empregos arranjados. E alguns vão ser os gestores da sociedade. Carta 02 “Concordo com Eliane Cantanhêde quando ela afi rma, em sua coluna de 29/6, que o problema pode ser resolvido com o Estado sendo Estado, com justiça, com humanidade, com educação e com a compreensão de que o problema não são os pobres, pois eles são as vítimas neste rico país. O que me indignou foi a aposta que ela fez, argumentando que o senhor Ludovico Ramalho Bruno com certeza votou contra o desarmamento. A opinião dela sobre o referendo do desarmamento é apenas a opinião dela, e não uma verdade a ser seguida. Eu votei contra o desarmamento, sou contra a redução da maioridade penal e não acho que bandidos devam apanhar, mas sim ser reeducados para que possam voltar ao seio da sociedade.” Carta 03 “Tenho 60 anos, sou professor do ensino médio há cerca de quatro décadas e há muito tempo leio o que se escreve em nos- sos jornais. Mas o que Eliane Cantanhêde escreveu na sexta-feira passada sobre os papais dos fi lhinhos que “têm estudo e caráter” (!), porém agridem empregadas pensando “serem apenas prosti- tutas”, foi de uma precisão, de uma objetividade e de uma con- tundência que eu nunca havia lido em nenhum jornal deste país. Parabéns a Eliane e à Folha.” Comentários: As cartas lidas caracterizam-se como um gênero textual de- nominado carta argumentativa do leitor, na medida em que têm uma clara intenção persuasiva. Os leitores de um jornal ou revista normalmente se manifestam por carta com a fi nalidade de: Apostilas UECEVEST mod4.indb 45 03/04/2011 19:18:24 REDAÇÃO 46 UECEVEST • elogiar ou criticar a qualidade de uma matéria publicada (ex- tensão, pesquisa, profundidades etc.) ou a forma (inovadora, democrática, conservadora etc.) como o autor ou o veículo conduziu o assunto; • manifestar apoio ou discórdia em relação às ideias de um texto publicado; • acrescentar informações às já contidas no texto publicado, aprofundando o debate. A carta do leitor apresenta um formato semelhante ao da car- ta pessoal. Apesar disso, é comum a imprensa publicar apenas o corpo da carta ou parte dela (como no caso das cartas lidas), por falta de espaço. Características da carta argumentativa do leitor • expressa a opinião do leitor sobre textos publicados em jornal ou em revista; • tem intencionalidade persuasiva; • tem estrutura semelhante à da carta pessoal: data, vocativo, corpo do texto (assunto), expressão cordial de despedida e assinatura. • linguagem de acordo com o perfi l do autor, da revista ou jornal a que se destina, predominando o padrão culto formal; • menor ou maior pessoalidade, de acordo com a intenção do autor. (Adaptado de: CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Th ereza Cochar. Texto e interação: uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000.) Veja a proposta de redação e o texto produzido: Escreva um Abaixo-assinado dirigido à prefeitura da sua cida- de apresentando os problemas mais graves enfrentados pela sua comunidade e indique as soluções para esses problemas Texto: Venho, como membro da associação de moradores da cidade de Fortaleza, reivindicar melhorias e soluções prometidas a todos nós pelos representantes eleitos; e espero que estes consigam cumprir tudo aquilo que foi dito, pois estamos cansados de falsas promessas! Aproveito a oportunidade para expor alguns dos problemas en- frentados pela nossa população, acreditando que serão resolvidos ou, pelo menos, reduzidos; pois o descaso é a principal causa do crescente número de favelização em nossa cidade, da propagação de doenças devido à falta de saneamento básico e da falta de si- nalização em ruas onde é intenso o fl uxo de automóveis, causando graves acidentes. Peço-lhes que não nos decepcionem, deixando- nos à espera de melhorias que não virão e de soluções inexistentes, pois, assim, só conseguirão perder a credibilidade e a confi ança do nosso povo. É preciso agir! Ou a solução dos nossos problemas ou a perda daquilo que tanto almejam: o voto! Solução já! Comente o texto acima: Abaixo-assinado Exmo. Sr. Presidente da Autarquia Municipal de Trânsito, Nós, da comunidade do Mucuripe, nesta capital, estamos preocupados com a liberação de parte da via expressa que corta o nosso bairro. A nova avenida que ligará a zona leste à sul da cidade está apresentando perigo aos nossos moradores. O setor aberto ao tráfego não oferece as condições de segu- rança adequadas para um trânsito intenso como o que esta via pode oferecer. O limite máximo de velocidade em 80 km/h, para uma área tão habitada, é convite aos motoristas imprudentes para que desenvolvam altas velocidades. A sinalização é precária, fal- tam semáforos, faixas de pedestres e lombadas eletrônicas. Além disso o asfalto está esburacado devido as chuvas deste início de ano. Com todos esses pontos a serem revistos, o resultado não poderia ser outro: o índice de acidentes é assustador. No último dia 20, terça-feira, um homem de aproximadamente 30 anos não resistiu às lesões causadas por um atropelamento e faleceu no pró- prio local, antes mesmo de ser socorrido por uma ambulância do Corpo de Bombeiros. O ponto mais crítico é em frente a uma escola, principalmente nos horários de entrada e saída dos alunos. Com isso, vimos solicitar dessa instituição que sejam instala- das lombadas eletrônicas a fi m de inibir altas velocidades e esta- belecimento da velocidade máxima para 60 km/h; construção de uma passarela em frente a instituição de ensino e colocação de se- máforos; pavimentação da avenida através de uma operação tapa buracos. De imediato, faz-se necessária a presença de agentes de trânsito para controlar o trânsito. Fortaleza, 26 de abril de 2004. Aguardamos providências, os abaixo assinados, Características/Estrutura do Abaixo-assinado: E X E R C í C I O 01. Produza um parágrafo de reivindicação, para ser inserido num abaixo-assinado, com o objetivo de denunciar e solicitar soluções para dois problemas enfrentados no trânsito pela sua comunidade. GÊNEROS TEXTUAIS Carta aberta Carta aberta ao governador do estado Excelentíssimo Sr. Governador, A imprensa nos dá conta da prática de atitudes ilícitas em uma das mais belas e importantes áreas de diversão e turismo de Fortaleza. A Praia de Iracema foi invadida por trafi cantes, prosti- tutas e aliciadores de menores. Apostilas UECEVEST mod4.indb 46 03/04/2011 19:18:25 47 UECEVEST REDAÇÃO Conhecida nacionalmente como um dos mais belos cartões postais de Fortaleza, essa área sofre com o abandono e o descaso por parte das nossas autoridades municipais e estaduais. O local, que já foi reduto de boêmios está tomado pelo lixo e pela inse- gurança. Passear por suas ruas e calçadões à noite é uma aventura arriscada. Esse espaço, que está depredado por vândalos, é fre- quentado por marginais dos mais variados(trombadinhas, assal- tantes, estupradores, sequestradores), sem falar dos casos registra- dos pela delegacia de defesa do turista, com relação ao tráfi co de drogas Um local de tanta relevância histórica para a nossa cidade não pode ser entregue a bandidos. Temos que tirá-lo das páginas policiais e devolvê-lo ao caderno de turismo, onde é seu verda- deiro lugar. Nossos fi lhos e netos precisam conhecê-lo bonito e charmoso como antigamente. Portanto, nós que formamos a população alencarina, clama- mos por uma solução a curto prazo. A reurbanização da Praia de Iracema é uma obrigação da administraçãodessa cidade. Precisa ser providenciado um policiamento ostensivo para coibir essas práticas delituosas, além de campanhas, em parceria com empre- sas de turismo, para trazer de volta uma boa parte dos turistas que se afastaram daquela área. Fortaleza, 26 de abril de 2004. Associação dos Moradores da Praia de Iracema Principais características da Carta Aberta: A NOTíCIA Escreva um texto em forma de notícia a partir do seguinte Lead (Introdução): “No último fi nal de semana, confrontos entre policiais mi- litares e trafi cantes na cidade do Rio de Janeiro resultaram em incêndio de automóveis, tiroteio, mortes e prisões, tudo isso por causa da intervenção do poder público nos morros daquela cida- de, visando instalar uma Unidade de Polícia Pacifi cadora”. Veja o texto: Um assalto seguido de morte foi registrado ontem pela manhã no município de Maracanaú. Por volta das onze horas da manhã, o corpo da vítima, o pedreiro José Maria da Silva, foi encontrado deitado próximo ao canteiro de obras em que trabalhava. Após a chegada dos policiais, pôde-se constatar que havia ocorrido um latrocínio, pois haviam levado todo o dinheiro, por volta de cinquenta reais, que a vítima possuía. De acordo com testemunhas, a vítima foi abordada por volta das dez e meia da manhã, por dois homens armados com revólveres. Após o assalto os ladrões teriam atirado para cima. Há pessoas que dizem ter ou- vido quatro disparos, mas após as investigações do médico legista, constatou-se que apenas três atingiram o pedreiro. Um dos dis- paros, o fatal, atingiu o peito esquerdo. O cidadão baleado ainda tentou arrastar-se até o local onde trabalhava, mas morreu antes. Hoje a polícia ainda está investigando o motivo do assalto seguido de morte, já que a vítima não teria reagido. Há, também, a hipótese de vingança. E X E R C í C I O 01. Indique o fato principal enfocado no primeiro parágrafo do texto. 02. Quando ocorreu esse fato? 03. O primeiro parágrafo de uma notícia normalmente respon- de as questões fundamentais do jornalismo: o quê (fatos), quem (personagens/pessoas), quando (tempo), onde, como e por quê. Na notícia em estudo, entretanto, partes destas questões está res- pondida no segundo e terceiros parágrafos. 04. Qual a linguagem empregada no texto? a) Indique as característica que ela apresenta: ( ) Impessoal, clara, direta, acessível a qualquer leitor ( ) Pessoal, emprega palavras de uso não corrente na língua ( ) Coloquial, faz uso da gíria b) Que padrão da língua é adotado: o culto ou o popular? Justifi que. c) Qual é a função de linguagem predominante neste texto? Veja o texto abaixo: Fortaleza, 02 de dezembro de 2003. Querida Amiga, Clara. Faz um tempinho que não escrevo para vocês, mas acredite que não paro de pensar nos nossos bons momentos aí no interior. Êta lugar gostoso pra morar! Como vai o restante do pessoal? Acredito que brevemente voltaremos a nos encontrar, pois o Na- tal e o fi nal de ano estão chegando, não é verdade? Lembra que te falei sobre uma festa de 15 anos de uma gran- de amiga? Eu estava me preparando para ir? Comprei até roupa nova, sapato novo. Aquela festa prometida, pois o pessoal daque- la família era muito conhecido aqui no bairro, seria lotação! Na verdade aconteceram várias coisas engraçadas e uma delas foi a queda da aniversariante, a Carla, logo na descida da escada, bem na frente do povão. Eu não sabia se ria ou se a ajudava a levan- tar, acho que ela vinha com o nariz muito empinado. Depois desse vexame, na hora de bater o parabéns, quando fomos olhar o bloco do aniversário o nome da aniversariante estava trocado, ao invés de Carla colocaram Clara, aí né, mais risos! Com aquela lotação na festa, apesar de muita comida e bebida, a minha amiga perdeu o rebolado, estava arrasada, não queria mais nem dançar a valsa, parecia que estava adivinhando... Todo mundo em volta do salão. Pense num salão! Pense numa casa! Até piscina. Parecia que todo mundo estava esperando mais uma cena daquelas... foi só o que deu. No auge da valsa, quando o pai dela começou a se em- polgar, fazer pirueta na dança, cheio da cerveja, os dois acabaram em cima da mesa de doces... foi demais para a minha amiga. Ain- da hoje estamos rindo e passamos um tempão sem ver a Carla. Sei que deves ter rido das cenas, quando eu for aí te contarei mais alguns detalhes, principalmente sobre um paquera. Nós fi - Apostilas UECEVEST mod4.indb 47 03/04/2011 19:18:25 REDAÇÃO 48 UECEVEST camos na festa e continuamos no amasso. Tá muito legal! Acho que isso foi o melhor da festa, além dos risos. Dá um abração em todo mundo por mim. Beijos, P.S. Clara, não esqueça de dar notícias da Vovó. A respeito do texto, responda: 01. O texto em destaque pertence ao tipo narrativo? Explique. 02. Qual o objetivo do texto? 03. Qual o tipo de linguagem utilizado? exemplifique. 04. Que outras características são apresentadas no texto? CRASE Leia: Referi-me à novela das oito. à = a + a preposição artigo Referi-me àquela novela. àquela = a + aquela . preposição pronome Nas frases acima, ocorre crase em à e àquela. Crase é a contração da preposição a com o artigo feminino a(as) ou com os pronomes demonstrativos aquela(s), aquele(s), aquilo. Modo prático para verificar a ocorrência da crase quando o nome for comum: • Troque o feminino pelo masculino. • Se aparecer ao antes do masculino, • Ocorrerá crase diante do feminino. Exemplos: Encostei a cabeça à parede (Encostei o rosto ao muro.) A garota foi à festa. (O garoto foi ao baile.) quando for nome próprio de lugar: • Troque a preposição a por de, usando o verbo voltar. • Se a transformar-se em da ——— há crase. • Se a transformar-se em de ——— não há crase. Exemplos: Fui à Bolívia. Fui a Brasília. (voltei da) (voltei de) ATENÇÃO: Se o nome próprio de lugar vier especificado, isto é, qualifica- do, é obrigatório o emprego da crase. Exemplos: Fui a Minas. Fui à Minas de Tiradentes. (voltei de) (voltei da) quando houver um pronome demonstrativo (aquele, aquela, aquilo) • Troque pelo demonstrativo este, esta ou isto (a esse; a essa; a isso). • Se antes destes ocorrer a preposição a, haverá crase. Exemplos: Dirijo-me àquele andar do prédio. (a este) Comprei aquele apartamento do prédio. (este) Veja outros exemplos: Valéria se dirigiu às pessoas presentes. (aos indivíduos) O cliente se referiu à venda das máquinas destinadas à irrigação. (ao comércio) (ao plantio) Solicitamos a devolução dos documentos enviados à empresa. (o retomo) (ao empresário) Entregou àquele advogado aquela prova exigida pelo juiz. (a este) (esta) Emprega-se a crase • Antes dos numerais que indicam horas: Saiu à uma hora. Saiu às duas horas. • Se a hora estiver indeterminada não se usa crase: Saiu a uma hora qualquer. Sairá daqui a duas horas. • Antes de locuções formadas de palavras femininas: à noite à direita às escura à procura de às vezes à medida que • Há discordância entre os gramáticos sobre o uso da crase antes de adjuntos adverbiais de instrumento: escrever a máquina (ou) escrever à máquina ferir a faca (ou) ferir à faca brinquedo a pilha (ou) brinquedo à pilha fechar o quarto a chave (ou) fechar quarto à chave • Quando a palavra moda ou maneira estiver subentendida na frase: Vestir-se à Clodovil. (Vestir-se à moda de Clodovil.) Escrever à Machado de Assis. (Escrever à maneira de Ma- chado de Assis.) Não se emprega a crase • Antes de verbos: Estava disposta a colaborar conosco. Fúlvio se pôs a andar de lá para cá. • Antes de palavras masculinas: Andar a cavalo / andar a pé. Pedir a Deus / pedir a Lucas. • Antes de pronomes: Pessoais: Referiu-se a ela com ironia. Entregou a nós o convite. Apostilas UECEVEST mod4.indb 48 03/04/2011 19:18:25 49 UECEVEST REDAÇÃO De tratamento: Peço a Vossa Senhoriao envio da mercadoria. Ofereci a você esta música. • Excetuam-se senhora, senhorita, dona, pois admitem artigo: a se nhora, a senhorita, a dona. Exemplo: Peço à senhora este favor. (ao senhor) Demonstrativos essa(s), esta(s): Devemos obediência a esta lei. Referiu-se a essa pessoa com desprezo. Interrogativos: Recorrer a quem? A que lugar você ia? • Antes de palavras de sentido indefi nido, como artigos e prono- mes indefi nidos: Foi a uma cidade distante. É dado o direito de defesa a toda e qualquer pessoa. • Nas expressões com palavras repetidas: gota a gota frente a frente cara a cara • Antes de numerais em que a preposição a signifi ca até: De 20 a 30 de maio. De segunda a sexta-feira. De 5ª a 8ª série. • Quando a (preposição) anteceder um nome plural: Falar a pessoas estranhas. Ir a festas todo fi nal de semana. • Em todos esses casos, a classifi ca-se apenas como preposição. Crase facultativa • Antes de pronomes possessivos femininos: Dirigiu-se a nossa irmã. Dirigiu-se à nossa irmã. • Se o pronome possessivo for pronome substantivo, o uso da crase é obrigatório: Irei a(à) minha fazenda e você à sua. pronome possessivo adjetivo pronome possessivo substantivo • Antes de nomes próprios femininos de pessoas: Ofereceu o presente a Maria. Ofereceu o presente à Maria. • Se o nome próprio for determinado, qualifi cado, haverá crase: Referiu-se à bela Joana. • Depois da preposição até. Ir até a cidade. Ir até à cidade. Casos especiais de crase • Palavra casa – sem qualifi cativo, no sentido de lar – sem crase. Voltarei cedo a casa. – com qualifi cativo – com crase. Voltarei cedo à casa de meu pai. • Palavra terra – no sentido que se opõe “estar a bordo” – sem crase. O navio regressou a terra. — no sentido de chão, lugar — com crase. Jonas voltou à terra onde nasceu. • Palavra distância – quando indeterminada – sem crase. Leonardo não enxerga a distância. – quando determinada – com crase. Leonardo não enxergava à distância de 3 metros. E X E R C í C I O 01. Nas frases que seguem, indique a crase, quando houver: a) Dirijo-me a Vossa Senhoria a fi m de comunicar-lhe o programa a respeito de minha excursão a Europa. b) Mostrou-se submisso as decisões da comissão. c) Quem falta a sua palavra, não merece a estima dos amigos. d) Esta advertência não se destina aqueles alunos que vêm as aulas. e) A crise de dinheiro leva-nos a circunstâncias angustiantes. f ) Estava a procura do carro, a olhar para todos os lados. g) Graças a ela houve obediência as regras do jogo. h) Desejamos a todos que sejam felizes na sua viagem a Manaus. i) A rua a que te referes não é tão calma quanto a que apareceu na revista. j) Quanto aquele caso, não aceitamos as suas desculpas. k) Saiu a cavalo e voltou a tardinha. l) Boa mãe é a que orienta a criança a enfrentar a vida e não a que quer o fi lho sempre junto a si. m) Chegou a uma hora, e todos já estavam a mesa para almoçar. n) Prefi ro morrer a viver submisso. o) Vai a Brasília em visita a parentes. p) Foi a terra de seus antepassados e, a distância, ia saboreando um mundo de recordações. q) Os astronautas desceram a Terra precisamente as 15h30min. r) A capacidade e a pesquisa dos tecnocratas deve a nossa civilização o rumo vertiginoso do progresso. s) Resistiremos a qualquer pressão, pois não renunciaremos a liberdade. t) Assistiu a enferma hora a hora, minuto a minuto. 02. De acordo com o código abaixo, assinale as proposições que estejam corretas: Código: a. se I e II estiverem corretas. b. se I e III estiverem corretas. c. se II e III estiverem corretas. d. se todas estiverem corretas. e. se nenhuma estiver correta. 1) I. O suplemento literário é publicado as segundas e quintas. II. Mandou uma carta à redação do jornal. III. Percorreu a cidade às pressas. 2) I. Na reunião, houve referência a mudança de currículo. II. A menina sentou-se à beira da estrada. III. Relatou a Sua Excelência o encontro entre jornalistas e deputados. 3) I. As cordas atadas umas as outras, sustentavam a embarcação. II. Usava bolsa a tiracolo à moda da época. III. Confi ou a execução da tarefa a uma pessoa experiente. 4) I. Não se subtrai à defesa do povo, nem a causa dos justos. II. Chegaram, uma a uma, ao saguão. III. Falamos a essas criaturas, incitando-as à cooperação. 5) I. Dirigiu-se à Roma, mas não pôde ir à Paris dos seus Sonhos. II. Serviram bacalhau à Gomes de Sá. III. Procedemos à leitura da ata. Apostilas UECEVEST mod4.indb 49 03/04/2011 19:18:26 REDAÇÃO 50 UECEVEST 03. Muitas vezes os educadores erram, porque pretendem que ...... vida da criança não seja diferente da do jovem e .......deste da do homem maduro. Aquilo que agrada ........ velhice geralmente não atrai ........ juventude. É preciso compreender ........ diferen- ças individuais e etárias para se dosar ........ educação. a) à – a –a –a –às –a d) à –à –à –a –as –a b) a –a –à –a –as –a e) a –a –a –à –às –à c) a –à –à –a –as –à 04. Ela sentiu-se ...... vontade, falando ...... claras ...... respeito do crime. a) a –as –a d) à –às –a b) à –as –à e) a –às –a c) à –às –à 05. ...... muito anos que ele ...... procura, percorrendo ...... estra- da que vai ...... Santa Maria. a) Há –a –a –a d) A –a –à –a b) Há –a –a –à e) Há –à –a –a c) A –a –a –a 06. ..... medida que o tempo passava, ele sentia que perdia ...... vontade e que ...... morte chegaria ...... qualquer momento. a) A –a –a –a d) A –à –a –a b) À –a –a –à e) À –a –à –a c) À –a –a –a 07. Entregue ...... documentação ...... uma das funcionárias e fi - que ...... espera do resultado ...... fi m de que possamos resolver o seu caso ...... curto prazo. a) a –a –a –a –a d) a –a –à –à –a b) à –a –à –a –a e) a –a –à –a –a c) a –a –a –a –à G A B A R I T O 01. 02. c 03. b 04. d 05. a 06. c 07. e REDAçãO (RESUMO) Etapas para a produção do texto • Geração de ideias: Seleção de informações / lista física das ideias correlatas. • Planejamento: Propósito / audiência / estilo / conteúdo (deli- mitação do assunto). • Organização de ideias: unidade do material / visualização e coerência / roteiro. • Produção: tese do autor/processos cognitivos/ rascunho. • Revisão: releitura/ verifi cação da ordem/ reforma do texto • Editoração: transcrição. OBS.: • A prova de redação da UECE vale 60(sessenta pontos)/ UFC vale 80 (oitenta pontos); • O seu texto será analisado a partir dos itens: Texto, Escrita e Gramática; • Não use título na sua redação; • Determine seu texto em três partes distintas: Introdução, De- senvolvimento e Conclusão; • Não assine a sua redação e evite deixar linhas em branco entre um item e outro da estrutura do texto; • Use rascunho(o momento mais importante do texto); • Veja se o seu texto é capaz de satisfazer as expectativas do leitor. NÃO ESQUEÇA! • O texto narrativo se constitue da produção da sequência de fatos(acontecimentos), baseados num enredo(confl ito/clímax/ desfecho), envolvendo personagens, com ações desenvolvidas num determinado espaço, além de noções de tempo. Nesse tipo de texto é necessário contar algo! • O texto argumentativo baseia-se na produção do ponto de vista do autor, que se posiciona através das informações(fatos, dados, índi- ces) como forma de levar o leitor a aceitar esse ponto de vista, bem como, evitar a contra-argumentação. È importante não só afi r- mar, mas também comprovar as afi rmativas com qualidade! • Já no texto descritivo, é imprescindível a construção da ima- gem do ausente para o seu leitor, a fi m de que ele possa aceitar os detalhes e as características ali apresentadas. Veja se o retra- to produzido é rico e fi el! GÊNEROS TEXTUAIS • Crônica: Texto de caráter jornalístico que apresenta fatos e as- suntos corriqueiros, abordando tipos públicos ou comuns. Esse texto prima pela linguagem leve e apresenta comentários ba- seados num fato.É contar algo de forma artística e pessoal. • Conto: Trata-se de uma narrativa objetiva que apresenta um único confl ito(clímax), tomado já próximo do seu desfecho. Encerra uma história com poucas personagens e o aspecto tem- po e espaço são reduzidos. Por vezes, ocorre a presença do diá- logo que revelam o confl ito entre personagens. • Fábula(Apólogo): São histórias inventadas, de caráter inve- rossímel, cujos personagens, normalmente, são animais que traduzem sentimentos humanos. Às vezes, são objetos que passam a ter vida. A fábula caracteriza-se por uma lição de moral, objetivando a transposição da inverossimilhança para a realidade. • Panfl eto: É utilizado para a divulgação de um determinado produto(objeto ou pessoa) em que o produtor o apresenta com a fi nalidade de atrair o público consumidor, fazendo uso da persuasão e de uma linguagem apelativa(função conativa). Im- ponha o produto! • Receita: Descrição com o objetivo de apresentar ao leitor, com nitidez, o que é necessário para atingir um determinado ob- jetivo, como utilizar esses ingredientes e uma conclusão. • Carta argumentativa(Reclamação e solicitação, Carta Aber- ta e Abaixo-assinado): Textos de reivindicação, dirigidos a uma determinada audiência, geralmente autoridades. Fun- cionam como instrumentos de defesa da sociedade. Devem apresentar: local e data, vocativo, corpo do texto(reclamação, denúncia, solicitação), expressão de encerramento. • Manifesto: É uma declaração pública das razões que justifi cam um ato. Texto dissertativo de caráter reivindicatório em que se apresenta uma situação problema que tende a se agravar, prejudicando um determinado segmento da sociedade, caso providências não sejam tomadas. • ARTIGO/EDITORIAL/CARTA DO LEITOR: Textos disserta- tivo-argumentativos em que o produtor expõe, de forma crítica, sua opinião acerca de um determinado assunto(tema), fazendo referências a problemas sociais, políticos, econômicos, ideológicos, culturais, fi losófi cos e ambientais a fi m de levar o leitor a refl etir sobre o que foi tratado, por vezes, sendo capaz de mudar o posi- cionamento do leitor, já que, o autor, em determinados momentos faz uso de informações de caráter emocional. Boa prova! Boa sorte! Boas ideias! Apostilas UECEVEST mod4.indb 50 03/04/2011 19:18:27 51 UECEVEST REDAÇÃO REFERÊNCIAS BIBlIOGRÁFICAS ANTUNES, Irandé Costa – Lutar com palavras: coesão e coe- rência – São Paulo: Ed. Parábola Editorial, 2005. ARAÚJO, Olímpio & ARAÚJO, Murilo. Desenvolvendo a ha- bilidade de escrever. Fortaleza, Primus, 2007 BRANDÃO, Helena M. Gêneros do discurso na escola. São Paulo. Cortez, 2000. BRANDÃO, H. e MICHELETTI, G. Aprender e ensinar com textos didáticos e paradidáticos. São Paulo. Cortez, 1997. BRONCKART, J.P. Atividade de linguagem, textos e discur- sos. São Paulo: EDUC, 1999. CARNEIRO, Augustinho Dias. Redação em construção:a es- critura do texto. 2ª edição. Ed. Moderna. São Paulo, 2002. CEREJA, Willian Roberto & MAGALHÃES, Th ereza Cochar – Texto e interação: uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos – São Paulo: Atual, 2000. CHIAPPINI, Lígia (coord.) Aprender a ensinar com textos. Coletânea de 5 volumes. São Paulo. Ed. Cortez, 1997. COMISSÃO COORDENADORA DO VESTIBULAR(CCV) – www.ufc.br. COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR(CEV) – www. uece.br. FIGUEIREDO, L.C. A redação pelo parágrafo. Brasília: UNB, 1998. FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto. São Paulo. Ática,1991. _________. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo. Áti- ca,1996. GARCIA, Othon Moacyr – Comunicação em Prosa Moderna: Aprenda a escrever, aprendendo a pensar – 26. ed. – Rio de Janeiro: Ed, FGV, 2006. KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da lei- tura. 5ª edição. Ed. Pontes. Campinas, 1997. KOCH, Ingedore Villaça. A Coesão textual. São Paulo, Ed. Cor- tez, 2009. MARCUSCHI, Luiz Antonio. Liguística de texto: o que é e como se faz. Recife. Ed.UFPE, 1983. MEC-Ministério da Educação e Cultura – INEP – Instituto Na- cional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Ma- trizes de Referência para o ENEM. PLATÃO & FIORIN, Para entender o texto: leitura e redação. 16 e.d. 6 reimp., Ática, 2003. REGIS, Herman & MEDEIROS, Graça – Produção textual no ensino médio: geração de ideias – Fortaleza: Primus, 2.ed. 2002. www.revistaescola.abril.com.br. Apostilas UECEVEST mod4.indb 51 03/04/2011 19:18:28 Apostilas UECEVEST mod4.indb 52 03/04/2011 19:18:28 P R É - V E S T I B U l A R I N G L Ê S Apostilas UECEVEST mod4.indb 53 03/04/2011 19:18:32 Caro(a) Aluno(a), Competência de área 2 - Conhecer e usar línguas(s) estrangeiras(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais*. H5 - Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema. H6 – Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturais. H7 – Relacionar um texto em LEM, as estruturas lingüísticas, sua função e seu uso social. H8 – Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representa- ção da diversidade cultural e linguística. Apostilas UECEVEST mod4.indb 54 03/04/2011 19:18:32 55 UECEVEST INGLÊS UECE – 2008.2 (2ª fase) 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 Th e genres of English literature derive from classical Greek theory, which divided literary works into three genres: poetic, epic, dramatic. Each of these divisions possessed a diff erent narrative voice: in lyric poetry, the narrator is alone; in epic, narrator and characters speak; in drama, the characters alone speak. From the Renaissance to the Romantic period (16-19c), the classical genres and subgenres (usually known as kinds) were regarded in principle as fi xed and virtually part of the natural order of things, with boundaries which should not be crossed. In practice, however, the Elizabethan dramatists frequently crossed them, mixing comedy with tragedy and high styles with low in one and the same play, as Shakespeare did in Hamlet. Although the neo-classical critics of the late 17c and the 18c wished to impose classical strictness, their view came to be regarded as prescriptive and restrictive. Th e growth of the novel in particular (an entirely non-classical genre, as the name implies) challenged assumptions about the immutability of types. Th e freer thinking of the Romantics and changes in knowledge about the physical world encouraged an awareness that such systems of classifi cation were arbitrary and subject to change. By the mid-20c, the concept of genre was largely out of favor among critics, because of the emphasis of the New Critics on the individual text. More recently, however, there has been a revival of genre theory, in which no single approach has been dominant. Th e early formalists, such as V. Shklovsky (Art as Device, 1917) and O. Brik (Rhythm and Syntax, 1927), stressed the diff erence between poetry and narrative: in poetry, the opposition between poetical and practical language; in narrative, the presence of fi bula (the basic story) and syuzhet (the formal devices of construction). Th e work of such linguists as Ferdinand de Saussure in Switzerland and Roman Jacobson (born in Russia) partly prepared the way for the French critic Roland Barthes and the Structuralists, for whom genre is a set of conventions representing the shared expectations of writer and reader, and changing from one period to another. Among individuals, the Canadian critic Northrop Frye (Anatomy of Criticism, 1957) has suggested that the categories comedy, romance, tragedy, satire correspond to archetypal human responses. Another approach, categorizing texts through a combination of outer form (such as metre, structure) and inner form (suchas tone, attitude), was made by the former member of the Prague School, René Wellek (with A. Warren, Th eory of Literature, 1949). At the present time, literary scholars generally regard genre as something imposed, not inherent. It is convenient for analysis but has neither primal truth nor formal sanction. Like grammar, genre is held to be more descriptive than prescriptive. Th ough probably defi cient in some respects, a description is likely to aid attempts to talk and write intelligently about literature. Th e integrity of a text demands respect, but family resemblances among texts justify grouping them together. In academic syllabuses, the teaching of genre courses in addition to, or instead of, period courses is common. 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 Th e classical division (adapted as poetry, fi ction and drama) is often used, but there are new classifi cations such utopias and women’s writing, which usually adopt existing genres like the novel but have created new categories by dealing with subjects not generally found in earlier periods. Subgenres such as lyric, bildungsroman, and farce are established terms of literary criticism. As further divisions emerge, it may be salutary to remember the categories of Polonius: ‘tragedy, comedy, history, pastoral, pastoralcomical, historical-pastoral, tragical-historical, tragical-comical-historical-pastoral, scene individable or 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 poem unlimited’ (Hamlet, 2.2). Traditional ideas about genre have aff ected literary language. Th e dominance of a genre in a period has led to the belief that the diction used in it is the ‘right’ or ‘highest’ form of literary expression. Th is has tended to inhibit experiment and to develop such narrow concepts as poetic diction. In the 20c, freedom to use all types of language in any freedom to use all types of language in any genre has prevailed. Poetry in particular has accommodated colloquial words and idioms that would once have been considered ugly and unfi tting, and many dramatists have tried to come as close as possible to the reproduction of actual conversation in their dialogue. q U E S T I O N S 01. According to the text, in terms of the dramatic genre it is correct to state that a) the narrative voice dominates the scene. b) voice is given to both characters and narrator. c) characters only hold the expressive voice. d) the Greek chorus is still the predominant pattern. 02. Th e classifi cation of genres in English language literature is said to a) ascribe to patterns established in the Renaissance. b) be based on classical theories developed by Roman writers. c) use theories from both the Greeks and the Romans. d) draw its theoretical origins from the Hellenistic world. 03. From the ideas expressed in the text, an adequate statement related to the question of genre in Shakespeare’s time would be that a) there was no precise boundary to be followed and obeyed. b) most playwrights were not aware of any principle whatsoever. c) Shakespeare’s contemporaries strictly followed the rules established. d) Shakespeare brought together diverse styles and genres in the same play. 04. As to the idea of genre, the freedom of thought among the romantic writers entailed a view that a) the novel was a true icon of the lack of possibilities for a change. b) stimulated a reasoning against the immutability of fi xed patterns. c) classical genre classifi cations were not meant to change. d) an arbitrary change could spoil the very idea of freer thinking. 05. Th e notion that the concept of genre includes both the process of production and reception of a text is shared by a) V. Shkslovsky and O. Brik. b) Roman Jacobson and Ferdinand de Saussure. c) the structuralists and Roland Barthes. d) Roland Barthes and Roman Jacobson. 06. According to the text, what justifi es putting certain texts together in the same group is the criterion of a) intelligibility. c) similarity. b) primal truth. d) verisimilitude. 07. Nowadays genre is usually considered by literary scholars as a) defi cient in many ways. b) imposed rather than inherent. c) more prescriptive than descriptive. d) inconvenient for analysis. Apostilas UECEVEST mod4.indb 55 03/04/2011 19:18:32 INGLÊS 56 UECEVEST 08. As to poetry in the 20c, we notice that it embraces: a) dialogues and idioms from actual conversations. b) phrasal verbs and slangs once considered unfitting. c) colloquial words and commonplace metaphors. d) colloquial language once regarded as not suitable. 09. In the recent revival of genre theory, it can be said that a) the structuralist approach has been dominant. b) romance and tragedy are the most significant kinds. c) no specific approach has been considered prevailing. d) comedy is considered less important than other genres. 10. One of the aspects related to genre in the twentieth century is the freedom to a) go back to the classical categorization of genres. b) develop different conceptions of genre such as satire. c) use different types of language in all literary genres. d) not allow flexibility in certain literary genres. 11. The sentence: “The integrity of a text demands respect, but family resemblances among texts justify grouping them toge- ther.” should be grammatically classified as a) complex. c) compound-complex. b) compound. d) simple. 12. The sentence: “The dominance of a genre in a period has led to the belief that the diction used in it is the “right” or “highest” form of literary expression” contains a/an a) adjective clause. c) adverb clause. b) noun clause. d) infinitive phrase. 13. In the sentences: “The genres of English literature derive from classical Greek theory, which divided literary works into three genres: poetic, epic, dramatic.” and “Among individuals, the Ca- nadian critic Northrop Fries (Anatomy of Criticism, 1957) has suggested that the categories comedy, romance, tragedy, satire correspond to archetypal human responses”, the parts in italics should be categorized respectively as a/an a) defining relative clause and a subject noun clause. b) non-defining relative clause and a subject noun clause. c) defining relative clause and an object noun clause. d) non- defining relative clause and an object noun clause. 14. In the sentence: “Though probably deficient in some res- pects, a description is likely to aid attempts to talk and write intelligently about literature.”, there is a/an a) time clause. c) contrast clause. b) concession clause. d) conditional clause. 15. The sentences: “Another approach, categorizing texts through a combination of outer form (such as metre, structure) and inner form (such as tone, attitude), was made by the former member of the Prague School, René Wellek (with A. Warren, Theory of Lite- rature, 1949)” and “Each of these divisions possessed a different narrative voice…” are respectively in the a) active and passive voice. c) passive and passive voice. b) passive and active voice. d) active and active voice. 16. In the sentence “… it may be salutary to remember the ca- tegories of Polonius: ‘tragedy, comedy, history, pastoral, pasto- ral-comical, historical-pastoral, tragical-historical, tragicalcomi- cal- historical-pastoral, scene individable or poem unlimited”, a grammatical category featured is a/an a) indirect object. c) direct object. b) object noun clause. d) subject noun clause. 17. The sentence “The Classical division is often used, but there are new classifications such as utopias…” in the present perfect tense is: a) The classical division has often been used, but there has been new classifications such as utopias… b) The classical division has often been used, but there have been new classifications such as utopias… c) The classical division will often have been used, but there will have been new classifications such as utopias… d) The classical division haveoften been used, but there been new classifications such as utopias… 18. The words mixing (line 11), thinking (line 18), representing (line 35), existing (line 57), dealing (line 58), and unfitting (line 74) function respectively in the text as a) adjective, noun, verb, adjective, verb, noun. b) verb, verb, verb, verb, noun, adjective. c) verb, noun, verb, adjective, verb, adjective. d) verb, noun, verb, noun, adjective, verb. 19. The groups of words “mixing comedy with tragedy…” (lines 15-16), and “representing the shared …. reader” (lines 49-50) are both a) simple sentences. c) complex sentences. b) gerund phrases. d) participial phrases. 20. The verb forms has tended (line 69), and to develop (line 69) are a) simple present and infinitive. b) present perfect and infinitive. c) present perfect and simple present. d) present participle and present perfect. USOS DO PRESENT PERFECT - I Como já vimos, o Present Perfect é usado para expressar uma ação que aconteceu num passado indeterminado, destacando o fato em si e suas conseqüências para o momento presente: He has killed a rabbit. Now he has something to eat. (Ele matou um coelho. Agora ele tem algo para comer) Quando é possível determinar o momento em que a ação aconteceu, usa-se o Simple Past, nao o Present Perfect. Repare que, em português, não há essa diferença; usa-se o pretérito perfeito nos dois casos. He killed a rabbit an hour ago. (Ele matou um coelho uma hora atrás) USOS DO PRESENTE PERFECT - II O Present Perfect também é usado para indicar que uma ação começou no passado e ainda continua no presente: Mrs. Campbell has been a teacher since 1980/for over 20 years. (A Sra. Campbell é professora desde 1980/há mais de 20 anos.) Nesse caso, empregam-se as preposições since (desde) ou for (há...,faz...tempo), que indicam ou o início da ação (uso de since) ou há quanto tempo ela vem sendo praticada (uso do for). É im- portante observar que, em poruguês, na prática usa-se o presente do indicativo nesse caso, o que, em inglês, não é possível. Compare: She is a teacher. She has been a teacher since 1980/for over 20 years. (Ela é professora. Ela é professora desde 1980/há mais de 20 anos.) Apostilas UECEVEST mod4.indb 56 03/04/2011 19:18:33 57 UECEVEST INGLÊS ADVÉRBIOS qUE ACOMPANHAM O PRESENT PERFECT Advérbios que indicam tempo de modo vago, indefi nido: • already: já I’m not hungry. I have already eaten. (Não estou com fom. Eu já comi.) Already é uma palavra basicamente afi rmativa, mas poderá aparecer em algumas perguntas quando, além do já, houver outra idéia implícita. assim: a. Quando a pergunta revela espanto,surpresa. Nesses casos aparece no fi nal: Have you eaten already? It’s only 6 o’clock! (Você já comeu ? Mas ainda são 6 horas!) b. Quando, pelo contexto, se espera que a resposta seja afi rmativa. Nesse caso vem antes do verbo principal: Have you already eaten? I can see that. (Você já comeu, não é ? estou vendo isso.) Compare esses usos de already em pergntas com o uso de yet (já), dado a seguir. • ever: já, alguma vez. É usado em perguntas com destaque para a ocasião ou a oportunidade em que a ação pode ou não ter sido praticada: Have you ever seen a whale ? (Você já/alguma vez viu uma baleia ?) Outros usos (menos comuns) de ever: a. afi rmações ou palavras compostas: sempre Th e Beatles will be loved by their fans for ever. (Os Beatles serão amados por seus fãs para sempre.) b. com superlativo: já Th e best book he has ever written. (O melhor livro que ele já escreveu.) c. com comparativo: nunca He is better than ever. (Ele está melhor do que nunca.) • yet a. já: É usado em perguntas sobre ações comuns, corriqueiras (a serem praticadas mais cedo ou mais tarde) e quando não se antecipa o tipo de resposta (poderá ser yes ou no): have you eaten yet ? (Você já comeu?) b. ainda (não): É usado em orações negativas (com not): (No,) I haven’t eaten yet. (Não,) (Eu ainda não comi.) Além desses usos, yet também pode ser uma conjunção, com o mesmo sentido de but (mas, no entanto): He’s not handsome, and yet they’re crazy about him. (Ele não é bonito, no entanto elas são malucas por ele.) • just: Nao tem tradução própria. É usado entre have/has e o particípio passado do verbo principal para indicar uma ação que acabou de acontecer. I have just eaten. (Acabei de comer.) • never – nunca: É usado em orações negativas sem not. Never é uma palavra naturalmente negativa: I have never seen a whale. (Eu nunca vi uma baleia.) q U E S T I O N S 01. Sarah _____________ classes lately. a) didn’t attend c) hasn’t attended b) haven’t attended d) attended 02. He __________ them up yesterday, although he __________ very busy. a) rang, was c) rang, has been b) rang, rings, was d) has rung, has been 03. Have they found a solution yet? “Yes, they…” a) have c) found b) have found d) found it yet 04. When did she __________ ? She left yesterday. a) left c) live b) lived d) leave 05. Poor aunt Susan, she _____ much luck since uncle Ted _____ a) isn’t – died c) is – dies b) haven’t had – had died d) hasn’t had - died 06. (UECE/2001.2) Em “nothing has been more aff ected …” e “…has become a cheap article”, as formas em negrito são vozes do: a) present perfect c) past perfect b) past continuous d) simple past 07. Modern indoor heating systems __________ it possible for man to live more comfortably than in the past. a) has made c) has been made b) have made d) having made 08. While he was in Europe he __________ many postcards to his friends and relatives. a) has written c) is writing b) wrote d) have written 09. We’re all waiting for Bill. He _________ yet. a) not c) haven’t come b) hasn’t come d) didn’t come 10. He _________ a cigar for the last eight years. a) shall not smoke c) did not smoke b) has not smoked d) will not smoking UECE – 2008.2 (1ª FASE) 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 How much a mother eats at the time of conception may infl uence whether she gives birth to a boy or a girl, a new report shows. Th e report, from researchers at Oxford and the University of Exeter in England, is said to be the fi rst evidence that a child’s sex is associated with a mother’s diet. Although sex is genetically determined by whether sperm from the father supplies an X or Y chromosome, it appears that a mother’s body can favor the successful development of a male or female embryo. Th e study, published in the journal Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, shows a link between higher energy intake around the time of conception and the birth of sons. Th e diff erence is not huge, but it may be enough to help explain the falling birthrate of boys in industrialized countries, including the United States and Britain. Apostilas UECEVEST mod4.indb 57 03/04/2011 19:18:33 INGLÊS 58 UECEVEST 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 Th e reason food intake may infl uence the development of one sex of infant rather than another isn’t fully understood. However, in vitro fertilization studies show that high levels of glucose encourage the growth of male embryos while inhibiting female embryos. It may be that male embryos are less viable in women who regularly limit food intake, such as skipping breakfast, which is known to depress glucose levels. A low glucose level may be interpreted by the body as indicating poor environmental conditions and low food availability, the researchers said. Th e fi ndings are based on a study of 740 fi rst-time pregnant mothers in Britain who didn’t know the sex of their fetus. Th ey provided records of their eating habits before and during the early stages of pregnancy, and researchers analyzed the data based on estimated calorie intake at the time of conception. Among womenwho ate the most, 56 percent had sons, compared with 45 percent among women who ate the least. As well as consuming more calories, women who had sons were more likely to have eaten a higher quantity and wider range of nutrients, including potassium, calcium and vitamins C, E and B12. Th ere was also a strong correlation between women eating breakfast cereals and producing sons. Th e data are limited by the fact that they are based on self-reported food intake, which can be unreliable. However, the consistency of the trend off ers an explanation for the small but consistent decline in the proportion of boys born in industrialized countries over the last 40 years, where even though women in general appear to be consuming more, eating habits have changed. In the United States, for instance, the proportion of adults eating breakfast fell from 86 percent to 75 percent between 1965 and 1991. And although women may be eating more overall, a nutrient-poor diet could be less favorable to a male embryo. Glucose levels may also fl uctuate in women who are dieting and trying to lose weight prior to pregnancy. In animals, more sons are produced when a mother ranks high in the group or has plentiful food resources. From: THE NEW YORK TIMES April 23, 2008 - www.nytimes.com q U E S T I O N S 01. Between the years of 1965 and 1991, researchers found that there was a/an a) decline in the proportion of girls born in poor countries. b) decrease in the number of adults who ate breakfast. c) signifi cant increase in the birth of boys. d) alarming number of women going on a diet after pregnancy. 02. Th e link between higher energy intake around the time of conception and the birth of boys a) shows that high levels of glucose diminishes the growth of female embryos. b) is related to the consumption of vitamin B12. c) may help to explain the falling birthrate of boys in industrialized countries. d) is the result of research carried out in underdeveloped countries. 03. Although it isn’t fully understood why food intake may in- fl uence the development of male sex rather than female, studies have shown that a) the absence of glucose infl uences the growth of healthy embryos. b) low levels of glucose determines an X chromosome. c) a nutrient-poor diet is less favorable to a female embryo. d) high levels of glucose encourage the growth of male embryos. 04. Researchers have also found that women who had sons not only ate more, but were also more likely to have a) drunk more milk and fruit juice. b) eaten a bigger quantity of important nutrients. c) consumed low levels of glucose. d) stopped smoking and drinking. 05. Male embryos may be less viable in women who usually limit food intake because skipping some meals a) depresses the levels of potassium and calcium. b) increases the production of insulin. c) reduces the levels of glucose. d) speeds the rhythm of heart beats. 06. In the United States researchers have shown that although women may be eating more overall, a) a diet poor in nutrients could be unfavorable to male embryos. b) the fl uctuation of sugar levels can damage pregnancy. c) a rich vitamin intake is essential to a healthy body. d) vitamins C and E should be avoided by pregnant women. 01. Viva la Vida I used to rule the world Seas would rise when I gave the word Now in the morning and I sleep alone Sweep the streets I used to own I used to roll the dice Feel the fear in my enemy’s eyes Listen as the crowd would sing “Now the old king is dead! Long live the king!” One minute I held the key Next the walls were closed on me And I discovered that my castles stand Upon pillars of salt and pillars of sand […] MARTIN, C. Viva la vida, Coldplay. In: Viva la vida or Death and all his friends. Parlophone, 2008. Letras de músicas abordam temas que, de certa forma, podem ser reforçados pela repetição de trechos ou palavras. O fragmento da canção Viva la vida, por exemplo, permite conhecer o relato de alguém que a) costumava ter o mundo aos seus pés e, de repente, se viu sem nada. b) almeja o título de rei e, por ele, tem enfrentado inúmeros inimigos. c) causa pouco temor a seus inimigos, embora tenha muito poder. d) limpava as ruas e, com seu esforço, tornou-se rei de seu povo. e) tinha a chave para todos os castelos nos quais desejava morar. 02. THE WEATHER MAN Th ey say that the British love talking about the weather. For other nationalities this can be a banal and boring subject of conversation, something that people talk about when they have nothing else to say to each other. And yet the weather is a very Apostilas UECEVEST mod4.indb 58 03/04/2011 19:18:34 59 UECEVEST INGLÊS important part of our lives. Th at at least in the opinion of Barry Grometti, press offi cer for Th e met Offi ce. Th is is located in Exeter, a pretty cathedral city in the southwest of England. Here employees – and computers – supply weather forecasts for much of the world. Speak Up. Ano XXIII, nº 275. Ao conversar sobre a previsão do tempo, o texto mostra a) o aborrecimento do cidadão britânico ao falar sobre banalidades. b) a falta de ter o que falar em situações de avaliação de línguas. c) a importância de se entender sobre meteorologia para falar inglês. d) as diferenças e as particularidades culturais no uso de uma língua. e) o confl ito entre diferentes ideais e opiniões ao se comunicar em inglês. G A B A R I T O UECE – 2008.2 (2ª FASE) 01. c 02. d 03. d 04. b 05. c 06. c 07. b 08. d 09. c 10. c 11. b 12. b 13. d 14. nula 15. b 16. c 17. b 18. c 19. d 20. b Present perfect tense 01. c 02. c 03. a 04. d 05. d 06. a 07. b 08. b 09. b 10. b UECE – 2008.2 (1ª fase) 01. b 02. c 03. d 04. b 05. c 06. a ENEM 01. a 02. d REFERÊNCIAS BIBlIOGRÁFICAS http://gemeos2.uece.br/cev/vest/vest20082/v82doc/v82_f1-pro- vaing-gab1.pdf, acesso em: 11/11/2010. http://gemeos2.uece.br/cev/vest/vest20082/v82_f1gabdef.pdf, acesso em: 11/11/2010. http://public.inep.gov.br/enem/2010/AMARELO_Domingo_ GAB.pdf, acesso em: 18/11/2010. Apostilas UECEVEST mod4.indb 59 03/04/2011 19:18:35 Apostilas UECEVEST mod4.indb 60 03/04/2011 19:18:35 P R É - V E S T I B U l A R E S P A N H O L Apostilas UECEVEST mod4.indb 61 03/04/2011 19:18:41 Caro(a) Aluno(a), Competência de área 2 - Conhecer e usar línguas(s) estrangeiras(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais*. H5 - Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema. H6 – Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturais. H7 – Relacionar um texto em LEM, as estruturas lingüísticas, sua função e seu uso social. H8 – Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representa- ção da diversidade cultural e linguística. Apostilas UECEVEST mod4.indb 62 03/04/2011 19:18:41 63 UECEVEST ESPANHOL NÚMERO DE lOS SUSTANTIVOS Números es el accidente gramatical de los sustantivos y de los adjetivos para signifi car uno o más ejemplares de la misma especie. Formación del Plural Primer Tipo A los nombres terminados en vocal no acentuada en el singular se añade una S. Ejemplos: la casa – las casas el perro – los perros la mesa – las mesas el cuaderno – los cuadernos OBSERVACIÓN: Las palavras terminadas en Y no siguen esta regla. Ej.: LEY – LEYES ; BUEY - BUEYES Segundo Tipo A los nombres terminados en vocal acentuada se añade ES. Ejemplos: el rubí – los rubíes el jabalí – los jabalíes OBSERVACIÓN: Las palabras que terminan en A y O acentuada cuando van al plural no conservan el acento. Ej.: Rajá – rajaes. Las palabras que terminan en E acentuada cuando van al plu- ral se añade una S. Ej.: Café- cafés Excepciones: papá- papás mamá – mamás sofá – sofás dominó – dominósTercer Tipo A los nombres terminados en consonante se añade ES. Ejemplos: El general – los generales El profesor – los profesores La ciudad – las ciudades El árbol – los árboles OBSERVACIÓN: • as palabras agudas acentuadas terminadas en consonante no conservan el acento en el plural. Ejemplos: Razón – Razones Ratón – Ratones Oración – Oraciones • Las palabras graves acentuadas terminadas en consonante conservan el acento en el plural. Ejemplos: Mármol – Mármoles Árbol – Árboles Excepciones: • Los apellidos graves terminados en “z” son palabras invariables. Ejemplos: Méndez, López, González, Pérez, Giménez, Gómez. • Las palabras terminadas en “Z” que no son apellidos, hacen el plural cambiando la Z en C y añadiendo “ES”: Ejemplos: Luz – Luces Voz – Voces Pez – Peces Nariz – Narices • Las palabras terminadas en “S” que no son monosílabas ni son agudas son palabras invariables. Ejs.: Crisis, cutis, dosis, tenis , análisis. • Las palabras terminadas en “X” son invariables. Ej.: Tórax, fénix, ónix, látex. • Las palabras terminadas en “C” hacen el plural cambiando la “C” por “QU” y añadiendo “ES”. Ej.: Tictac – Tictaques Cuarto Tipo Palabra terminada en “Y”. Hacemos el plural con “ES”. Ejemplos: Rey – Reyes Ley – Leyes Buey – Bueyes Plural de los nombres Compuestos • Las palabras compuestas de verbo y sustantivo plural hacen el plural como el singular: El paraguas – los paraguas El cortaplumas – los cortaplumas • Las palabras compuestas de adjetivo y sustantivo cambian el segundo elemento: El padrenuestro – los padrenuestros El montepío – los montepíos • Los demás compuestos añaden solamente el signo del plural al segundo elemento: La bocacalle – las bocacalles El sotabanco – los sotabancos El vaivén – los vaivenes • Añaden el plural al primer elemento: Hijodalgo – Hijosdalgo Cualquiera – Cualesquiera Quienquiera – Quienesquiera • Varían los dos elementos: Ricadueña – Ricasdueñas Gentilhombre – Gentileshombres Mediacaña – Mediascañas Ricohombre – Ricoshombres E J E R C I C I O S 01. (UECE/2010.2) Apunta la forma plural correcta. a) cicatriz – cicatrices c) cualquiera – cualquieras b) lord – lordes d) rajá – rajás 02. (UECE/2010.1) La forma plural de la palabra “espécimen” es: a) Especímenes. c) Especimenes. b) Espécimens. d) Especimens. 03. Los sustantivos frente, cólera y barba cambian de signifi cado de acuerdo con el género en que se emplean. Ubique las palabras que presentan esta misma particularidad. a) Arte, calor, énfasis. c) Cura, génesis, policía. b) Dolor, estante, labor. d) Arma, ancla, hacha. 04. (UECE/2008.2) En “…la tormenta que lavaría la sangre de la piedra” y “antes de que sus mentes interpretaran correctamente la profundidad del mensaje”. Indique la alternativa que presenta, tal y como los sustantivos en negrilla, una palabra de género dis- tinto del portugués. a) Ella sintió un olor insoportable en aquella calle. b) En la celda los custodios encontraron un arma hechiza. c) Diversos periódicos dieron noticia de la masacre. d) El cóndor es un ave que habita en los Andes. Apostilas UECEVEST mod4.indb 63 03/04/2011 19:18:42 ESPANHOL 64 UECEVEST 05. Marque la opción cuyas formas el plural estén todas correctas: a) Pies, rubís, relojes, leys; b) Maniquíes, rajaes, mamás, ayes; c) Análisis, felizes, especímenes, tórax; d) Ónix, raízes, dosis, baladíes. 06. Indique la serie de plurales correctos: a) Fénix, luces, rajaes, corsés; b) Cualesquiera, tórax, ombúes, leys; c) Lordes, memorándum, álbumes, onices; d) Hidalgos, hijosdalgos, dominós, especímenes. 07. Marque la alternativa que contenga todos los plurales cor- rectos: a) Peces, cualesquiera, lordes, gentilhombres; b) Fénix, caracúes, rajás, hijosdalgo; c) Hidalgos, papás, maravedís, espécimenes; d) Convoyes, crisis, tórax, lápices. 08. Señale la alternativa que presente la formas plural correcta: a) Gentilhombre – Gentileshombres; b) Carácter – Carácteres; c) Régimen – Régimenes; d) Lápiz – Lápizes. 09. Señale la opción cuyas formas plurales estén todas correctas. a) Especímenes, hijodalgos, lordes; b) Matizes, quienesquiera, leyes; c) Fraques, maravedíes, sofás; d) Ombúes, cualquieras, puntapiés. INTERPRETACIÓN DE TEXTO UECE – 2008.2 (2ª fase) Primero fue el viento. Más tarde, como un relámpago, como una lengua de plata en el cielo, fue anunciada en el valle del Anáhuac la tormenta que lavaría la sangre de la piedra. Fue mucho después de la ofrenda que anocheció y se escucharon atronadoras descargas; pronto apareció en el cielo una serpiente plateada que se vio con la misma fuerza en muy distintos sitios. Enseguida empezó a llover de una manera pocas veces vista. Llovió toda la noche y a lo largo del día siguiente. Durante tres días no cesó de llover. Llovió tanto que los sacerdotes y sabios del Anáhuac se alarmaron. Ellos estaban acostumbrados a escuchar y a interpretar la voz del agua pero a la sazón sintieron que Tláloc, el dios de la lluvia, no sólo trataba de decirles algo sino que, por medio del agua, había dejado caer sobre ellos una nueva luz, una nueva visión que daría otro sentido a sus vidas, y aunque todavía no sabían claramente cuál era, así lo sentían en sus corazones. Y antes de que sus mentes interpretaran correctamente la profundidad del mensaje, que el agua explicaba cada vez que se dejaba caer, la lluvia cesó y el sol resplandeciente afl oró en toda su magnitud y se refl ejó en la multitud de espejos, de pequeños lagos, ríos y canales que las lluvias habían dejado colmados de agua. Ese día, lejos del valle, una mujer luchaba por dar a luz su primogénito. Su suegra, que actuaba como comadre, no sabía si prestaba oídos a su parturienta nuera o al mensaje del dios Tláloc. No le costó trabajo decidirse por la esposa de su hijo. El parto era complicado. A despecho desu gran experiencia nunca había ayudado en un alumbramiento como ése. Durante el baño en temascal – inmediatamente anterior al parto – ella aún no había detectado que el feto estaba mal acomodado. Todo parecía estar en orden. Sin embargo, el esperado nacimiento se tardaba más de lo común. La fuerte lluvia era el único sonido que acompañaba los ge- midos de la joven parturienta. Después de que el agua habló, un gran silencio fue sembrado y sólo lo rompió el llanto de una niña a quien nombraron Malinalli. La recién nacida fue recibida por los brazos de su abuela pa- terna, quien presintió que ella estaba destinada a una vida de per- plejidades, en la que iba a perderlo todo y, a la vez, encontrarlo todo. Lo que la abuela no alcanzó a percibir fue que la primera pérdida que esa niña iba a experimentar en su vida estaba dema- siado cerca y, mucho menos, que ella misma se iba a ver fuerte- mente afectada. Lo último que en ese momento hubiera pensado era que podría perderla. Así, la abuela, que había participado ac- tivamente durante el parto, miró con alegría y llena de embelezo cómo MalinalIi abría los ojos y movía vigorosamente sus brazos. ESQUIVEL, Laura. Malinche. Colombia: Suma, 2005, p. 9-11. Adaptado. E J E R C I C I O S 01. El texto que nos ocupa, en sus primeras líneas, menciona a) el curso de una batalla en el valle del Anáhuac. b) una precipitación de granizos sucedida de atronadoras descargas. c) el nacimiento de una serpiente venenosa con el color de la plata. d) un sacrifi cio mucho antes del crepúsculo. 02. El autor, al mencionar la lluvia, deja claro que ella a) era de una intensidad poco común. b) se fue tan pronto como apareció en el cielo. c) sorprendió a todos por su fuerza e intermitencia. d) fue anunciada previamente por los habitantes del valle. 03. Es cierto que los sacerdotes y sabios del Anáhuac a) no demostraron asombro porque ya esperaban una tormenta como aquélla. b) apenas escucharon lavoz del agua y se pusieron a orar. c) sintieron que el dios de la lluvia buscaba transmitirles un mensaje. d) solían predecir con precisión los chubascos que caían dispersos en el valle. 04. El texto sugiere que la lluvia descrita a) fue interpretada como una demostración de cólera de los dioses. b) anunciaba un tiempo nuevo que aún no se descifraba con clareza. c) se vio como una respuesta a quienes no creían en los poderes divinos. d) permitió una visión más clara de la extensión y belleza del valle. 05. Nos dice el texto que, al cesar la lluvia que irrumpió en aquellos parajes, a) las personas empezaron a refl exionar sobre los cambios del clima. b) el sol, harto tímido, apenas brilló en el horizonte del valle. c) se vio que surgieron nuevos lagos y ríos, colmados de agua. d) el sol resplandeció sobre las aguas de los ríos y lagos de la región. 06. En un sitio lejano del valle, ese mismo día, una mujer daba a luz a) a aquel que sería su último y dilecto hijo. b) con la ayuda de la propia suegra que fungía como partera. c) mientras escuchaba sin gran atención lo que decía su suegra. d) al primogénito del dios conocido por Tláloc. Apostilas UECEVEST mod4.indb 64 03/04/2011 19:18:43 65 UECEVEST ESPANHOL 07. Conforme al texto, la suegra de la parturienta a) se concentró mucho más en el mensaje del dios. b) no era una mujer experta en alumbramientos. c) le costó trabajo entender que la nuera estaba pariendo. d) percibió que el parto no sería sencillo. 08. Sobre las circunstancias del parto el texto añade que a) el feto estaba muy bien y sólo aparentemente mal acomodado. b) todo se dio tal como previsto, habiendo sido muy rápido el nacimiento. c) el llanto de la recién nacida se confundía con el sonido de la lluvia. d) el silencio que vino después de la lluvia fue interrumpido por el llanto de la niña. 09. El texto hace ver al lector que la suegra a) expuso sus resistencias al nacimiento de la criatura. b) recibió a la niña con gran reserva y dejó eso muy claro. c) se quedó muy contenta con el nacimiento de la niña. d) hizo un gran silencio antes de anunciar el nacimiento de Malinalli. 10. El autor concluye afi rmando que la suegra presintió que a) la niña tendría delante de sí un futuro de incertidumbres. b) sería afectada por la primera pérdida experimentada por la niña. c) la pequeña no lograría abrir los ojos y mover sus brazos. d) la niña no sobreviviría mucho tiempo, por las difi cultades del parto. lAS CONJUNCIONES las Conjunciones de Coordenación Las conjunciones de coordinación son palabras invariables que constituyen un nexo o unión entre palabras u oraciones de igual función. Conjunciones Matiz semático Ejemplos y / e Que Unen elementos Se sienta ahí y habla con todos Ni Unen elementos negativos Está enfermo: no bebe ni come o/u o…o bien…bien tal…tal ora…ora que…que sea...sea uno...otro cual...cual ya…ya Indican una opción entre dos o varias posibili- dades O vienes conmigo o te quedas aquí Pero mas aunque sino sin embargo antes antes bien más bien si bien a pesar de con todo Oponen una cosa a otra No es a pedro sino a Juan a quien yo quiero. Así que Así pues Con que Es decir Esto es Luego O sea Por esto Por (lo) tanto Por consiguiente Pues Indican conse- cuencia y mo- tivo: Has hablado tú, luego déjame hablar a mí. No me lo repitas, pues ya lo has dicho las Conjunciones de Subornación Las conjunciones de subordinación propiamente dichas son pocas: que, pues, si. Pero la combinación de que con algunas preposiciones u otras partículas aumenta considerablemente el número: Conjunciones y locuciones de tiempo Anterioridad: antes (de) que, hasta que, primero que. Posterioridad: apenas, así que, desde que, después (de) que, en cuanto, luego que, nada más que, tan pronto como, una vez que. Simultaneidad: al tiempo que, a medida que, cuando, en tan- to que, mientras (que). Repetición: cada vez que, siempre que, todas las veces que. Límite de la acción: desde que, hasta que. Conjunciones y locuciones causales Porque, como, a fuerza de, dado que, debido a que, en vista de que, por miedo a que, pues, puesto que, que, ya que. Conjunciones y locuciones consecutivas De manera que, de modo que, de tal modo que, tan (to) que. Conjunciones y locuciones condicionales Si, a condición de que, a menos que, a no ser que, como, con tal de que, (en el) caso de que, no sea que, salvo que, siempre que. Conjunciones y locuciones finales Para que, a fi n de que, a que, con objeto de que, por miedo a que. Conjunciones y locuciones concesivas Aunque, a pesar de que, así, aun cuando, bien que, por más que, por mucho que, si bien , y eso que. Conjunciones y locuciones comparativas De igualdad: igual que, tan, tanto(a, os, as)…como, tanto… cuando. De superioridad: más…que. De inferioridad: menos…que. Conjunciones y locuciones modales Como, conforme, cual cuanto, de manera que, de modo que, según (que). E J E R C I C I O S 01. (UECE/2009.1-1ª fase) La expresión a la vez (línea 12) pue- de ser sustituida, con el mismo signifi cado, por a) a su vez. c) al mismo tiempo. b) siempre. d) de vez en cuando 02. (UECE/2009.1 -1ª fase) Señale la segunda columna de acuerdo con la primera: Apostilas UECEVEST mod4.indb 65 03/04/2011 19:18:44 ESPANHOL 66 UECEVEST 1. mientras ( ) porém 2. temprano ( ) mal 3. apenas ( ) enquanto 4. sin embargo ( ) cedo La secuencia correcta de arriba abajo es: a) 4, 3, 1, 2. c) 1, 2, 4, 3. b) 1, 3, 2, 4. d) 4, 3, 2, 1. 03. (UECE/2008.2) La frase ”aunque todavía no sabían clara- mente cuál era” se traduce al portugués por a) ainda mais porque não sabiam claramente qual era. b) de sorte que, apesar de tudo, não sabiam claramente qual era. c) embora ainda não soubessem claramente qual era. d) visto, contudo, que não soubessem claramente qual era. 04. (UECE 2008.2 )En “a despecho de gran experiencia...”, la expre- sión destacada puede ser sustituida con el mismo signifi cado por a) gracias a. c) en virtud de. b) no obstante. d) a solicitud de. 05. (UECE 2008.2) Sin embargo y a la vez corresponden en portugués, respectivamente, a a) sem difi culdade; às vezes. b) entretanto; ao mesmo tempo. c) certamente; por diversas vezes. d) na realidade; amiúde. 06. (UECE 2007.1) La conjunción despacio y pero se susti- tuyen, respectivamente, por a) lentamente, sin embargo. c) de miedo, es decir. b) de prisa, aún. d) antes del tiempo, pues. 07. (UECE 2007.1-1ª fase) En “levantándonos a menudo a las siete” la expresión destacada tiene el signifi cado de a) con frecuencia. c) poco antes de. b) invariablemente. d) para decir en detalles. 08. (UECE 2006.2) “… pero corriendo sobre la derecha como correspondía”. NO es sinónimo de la conjunción en negrilla: a) mas. c) sin embargo. b) empero. d) todavía. 09. (UECE 2006.2) El vocablo mientras “Mientras lo llevaban boca arriba hasta una farmacia próxima…” quiere decir en por- tugués: a) depressa. c) sem hesitação. b) com muito custo. d) enquanto. 10. (UECE/2004.1) “pero los exorcismos suyos no produjeron efecto alguno” El término pero es sinónimo de: a) Asimismo. c) Todavía. b) No obstante. d) Luego después. INTERPRETACIÓN DE TEXTO UECE – 2007.2 (1ª fase) 01 02 03 04 05 Poco antes del amanecer, Kate despertó sobresaltada, porque creyó haber oído un ruido muy cercano. “Debo haberlo soñado”, murmuró, dando media vuelta en su litera. Trató de calcular cuánto rato había dormido. Imaginó que había tenido una pesadilla. Le crujían los huesos, le dolían 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 los músculos, le daban calambres. Le pesaban sus sesenta y siete años bien vividos; tenía el esqueleto aporreado por el viaje. “Estoy muy vieja para este estilo de vida…”, pensó por primera vez la escritora, pero enseguida se retractó, convencida de queno valía la pena vivir de ninguna otra manera. Sufría más por la inmovilidad de la noche que por la fatiga del día; las horas dentro de la tienda pasaban con una lentitud agobiante. En ese instante volvió a percibir el ruido que la había despertado. No pudo identifi carlo, pero le parecieron rascaduras. Las últimas brumas del sueño se disiparon por completo y Kate se irguió en la litera, con la garganta seca y el corazón agitado. No había duda; algo había allí, muy cerca, separado apenas por la tela de la carpa. Con mucho cuidado, para no hacer ruido, tanteó en la oscuridad buscando la linterna, que siempre dejaba cerca. Cuando la tuvo entre los dedos se dio cuenta de que transpiraba de miedo, no pudo activarla con las manos húmedas. Iba a intentarlo de nuevo, cuando oyó la voz de Nadia, quien compartía la carpa con ella. – Chiss, Kate, no enciendas la luz… – susurró la chica. – ¿Qué pasa? – Son leones, no lo asustes – dijo Nadia. La escritora se le cayó la linterna de la mano. Sintió que los huesos se le ponían blandos como budín y un grito visceral se le quedó atravesado en la boca. Un solo arañazo de las garras de un león rasgaría la delgada tela de nylon y el felino les caería encima. No sería la primera vez que un turista moría así en un safari. Durante las excursiones había visto leones de tan cerca que pudo contarles los dientes; decidió que no le gustaría sufrirlos en carne propia. Pasó fugazmente por su mente la imagen de los primeros cristianos en el coliseo romano, condenados a morir devorados por esas fi eras. El sudor le corría por la cara mientras buscaba la linterna en el suelo, enredada en la red del mosquitero que protegía su catre. Oyó un ronroneo de gato grande y nuevos arañazos. ALLENDE, Isabel, Bosque de los Pigmenos, Debolsillo, Buenos Aires, 2006, pp. 36-37. Texto adaptado. E J E R C I C I O S 01. El autor cuenta en su relato que Kate a) escuchó un ruido distante que parecia rascaduras o arañazos. b) despertó sobresaltada porque había tenido un sueño muy desagradable. c) se percató que su edad no se conciliaba con aquel estilo de vida. d) vio a un ratón que hacía un extraño ruido en La tienda. 02. Al erguirse en la litera, la escritora a) no sabía aún quien era el responsable del ruido. b) estaba tan agitada que no halló la linterna en la oscuridad. c) no tuvo ninguna duda en cuanto al origen de aquel ruido. d) sintió un alivio puesto que estaba protegida por La tela de la capa. 03. El texto señala que Kate a) transpiraba mucho pero en ningún rato tuvo miedo. b) fue avisada por su amiga que se trataba de un felino inofensivo. c) se acordó de los gladiadores en el coliseo romano que lograban sobrevivir. d) sintió un miedo intenso y ni siquiera pudo gritar. Apostilas UECEVEST mod4.indb 66 03/04/2011 19:18:44 67 UECEVEST ESPANHOL 04. Identifi que con una “V” las afi rmaciones correctas y con una “F” las afi rmaciones falsas: ( ) La frase “…creyó haber oído un ruido muy cercano.” (líneas 02/03) contiene un ejemplo de apócope. ( ) En “Cuando la tuvo entre los dedos…” (líneas 23/24), el vocablo subrayado es un pronombre personal objeto. ( ) El término “solo” en “Un solo arañazo…” (línea 31) se clasifi ca como un adverbio de cantidad. ( ) “pudo” (línea 35) es voz de un verbo regular conjugado en el pretérito perfecto. La secuencia correcta de arriba abajo es: a) V, F, V, F c) F, V, F, V b) V, V, F, F d) F, F, V, V 05. Así como el sustantivo “viaje” (línea 09), divergen del portu- gués en el género. a) alba, hambre, ascua c) bosque, luz, poder b) puñal, raíz, virtud d) costumbre, dolor, fraude 06. “…pero enseguida se retractó” (línea 08). La palabra subraya- da arriba a) tiene el mismo signifi cado de “sin embargo”. b) es sinónima del monosílabo “más”. c) puede ser sustituida, con igual sentido, por “todavía”. d) es de uso corriente pero exclusivamente literario. PREPOSICIONES Lea con atención los signifi cados de las preposiciones en es- pañol, pues será una gran ayuda para la lectura de los textos de la prueba. A • Expresa movimiento en general: Ejs: Voy a Madrid El libro cayó al suelo • Finalidad y complemento indirecto: Ejs: ¿A qué vienes? Di el regalo a Juan • Precede los infi nitivos que son complementos de verbos de movimiento: Ejs: Voy a viajar mañana Viene a trabajar • Indica lugar en donde: Ej: Mi casa se encuentra a derecha de la librería Preposición “A” con Complemento Directo Se usa la preposición A con complemento directo en los casos siguientes: • Con nombres de personas, animales o cosas personifi cadas: Ej: Vi a Pedro en la puerta del sol • Con nombres comunes de personas o de animales cuando individualizados por el artículo determinante, un demostrativo o un posesivo: Ejs: Llamará a mi primo Llamé al perro Vi a este gato ayer • Con nadie, alguien, quien y con uno, otro, todo, ninguno y cualquiera (refi riéndose a personas): Ejs: No quieres a nadie ¿A quién viste ayer? Llamaré a cualquiera de ellos Ante • Situación delante: Ej: Estamos ante el rey • Preferencia (sentido fi gurado) Ej: Ante todo quería estar aquí Bajo • Signifi ca “debajo de” Ej: Dormí bajo aquel árbol Cabe • Signifi ca “junto a”. es anticuada y sólo aparece en la lengua literaria: Ej: “a pesar de tener cabe sí un brasero…” Con • Compañía Ej: Voy con María al cine • Instrumento, medio o modo: Ejs: Se defendió con este puñal Estudia con amor Contra • Oposición o contrariedad: Ej: Alemania luchó contra Francia • Enfrente de: Ej: Tu casa está contra el Sur De • Posición y pertenencia: Ej: Este libro es de Pablo • Materia: Ej: Mi casa de madera • Cualidad: Ej: Juan era un hombre de carácter • Cantidad indeterminada: Ej: Le dieron de puñaladas Desde • Punto de partida en el tiempo: Ej: Estoy aquí desde marzo • Punto de partida en el espacio: Ej: desde Madrid sale el tren para Roma En • Lugar en donde: Ej: Estoy en Madrid • Tiempo: Ej: Estamos en otoño • Modo: Ej: En serio le dijo algo Apostilas UECEVEST mod4.indb 67 03/04/2011 19:18:45 ESPANHOL 68 UECEVEST • Medio o instrumento Ej: Vera viajó en tren Entre • Situación intermediaria: Ej: El lápiz está entre el libro y el cuaderno • Intervalo de un momento a otro: Ej: Esto se pasó entre 1880 y 1890 Hacia • Dirección (con verbos de movimiento): Ej: Luego volvió hacia la multitud. • Tiempo aproximado: Ej: Llegaré hacia las tres. Hasta • Indica um límite em cuanto al tiempo, al espacio o la cantidad. Ejs: No llegaremos hasta las tres. Voy hasta Madrid. Puedes gastarte hasta 5000 euros. Para • Término de movimiento: Ej: Voy para casa • Término de tiempo: Ej: Para el día 11, estará todo preparado • Contraposición, comparación o relación: Ej: Tienes poco dinero para lo que tengo Por • Lugar aproximado: Ej: Mi casa está por aquí • Tiempo aproximado: Ej: Por aquellos días ella estaba enferma • Medio Ej: Tu carta llegó por correo anoche • Causa Ej: Hizo el libro por dinero Según • Según (conforme, con arreglo a): Ej: Según él, tú estás equivocado. Sin • Privación o carencia: Ej: Estoy sin dinero • Negación de un hecho anterior o simultáneo al verbo principal (con un infi nitivo) Ej: Estoy sin trabajar So • Equivale a “bajo de”. Sólo se usa con las palabras capa, color, pena, pretexto (arcaísmo): Ej: Permaneció en el hecho so pena de morir Sobre • Punto de apoyo: Ej: El libro está sobre la mesa • Superioridad: Ej: El capitán está sobre el teniente • Posterioridad: Ej: El postre viene sobre la comida Tras • Posterioridad en el espacio (verbos de reposo): Ej: Los cuadernos están tras la mesa • Posterioridad en el tiempo: Ej: Tras la primavera viene el verano.´ E J E R C I C I O S 01. (UECE 2008.2) Es correcto decir que la expresión a la sazón tiene el sentido de a) luego. c) entonces. b) antes. d) después. 02. (UECE/2009.2) En “Tras los reproches”, lapreposición Tras está empleada con idea de a) simultaneidad. c) anterioridad. b) posterioridad. d) reciprocidad. 03. (UECE/2010.1) El uso de la preposición (en negrita) esta INCORRECTO en: a) vamos a Santiago de Chile en avion. b) don Quijote Cabalgaba a Rocinante. c) desde el edifi cio un pajaro se aleja. d) me responsabilizo por mis actitudes. 04. (UECE/2010.1) El uso correcto de la preposición está en: a) Viajaremos de tren. b) Pagó con efectivo. c) Vamos a pasear. d) Se comunican en teléfono. G A B A R I T O Formación del Plural 01. a 02. a 03. c 04. c 05. b 06. a 07. d 08. a 09. c Uece – 2008.2 (2ª fase) 01. d 02. a 03. c 04. b 05. d 06. b 07. d 08. d 09. c 10. a Conjunciones 01. c 02. a 03. c 04. b 05. b 06. a 07. a 08. d 09. d 10. b UECE – 2002.2 (1ª fase) 01. d 02. a 03. a 04. a 05. d 06. a Preposiciones 01. d 02. b 03. d 04. c Apostilas UECEVEST mod4.indb 68 03/04/2011 19:18:46 69 UECEVEST ESPANHOL REPASO GENERAl E J E R C I C I O S 01. (UECE 2001.2) Ubique el FALSO AMIGO, es decir, el vocablo que no tiene el sentido que aparenta tener: a) llorar (“Había llorado...” ) b) acercarse (“...se acercaban a conocerlo...”) c) parecer (“...que parecía a punto de derrumbarse...”) d) acordarse (“...no volvió a acordarse de la intensidad...”) 02. (UECE 2002.1) La expresión “antes de acostarse” tiene el sentido de: a) antes de dormir c) antes de despir-se b) antes de deitar-se d) antes de enfeitar-se 03. (UECE 2000.2) El verbo saber, que es un verbo de irregulari- dad propia, se emplea en el potencial imperfecto en la alternativa: a) “Creo que sabría llegar a tu casa” b) “ No sabía que te ibas a ir tan pronto” c) “ayer supe que llegará mañana” d) “No sé nada de ellos” 04. En la frase “Hacía mucho frío en la casa de Marichu.” El vocablo subrayado es: a) un sustantivo c) una preposición b) un verbo d) un adjetivo 05. Así como sonrisa, son heterogenéricos, es decir, son diver- gentes del portugués en el género: a) mañana y noche c) brindis y dosis b) agua y arma d) dolor y sangre 06. El vocablo subrayado en: “Deborah Soft fue a su despacho”, es: a) un heterotónico c) un heterográfi co b) un heterogenérico d) un heterosemántico 07. Los vocablos arriba en las opciones de a y d son clasifi cados, según la acentuación, como: a) graves o llanas c) agudas b) esdrújulas d) acento diacrítico 08. Las palabras maravedí, régimen y rey, están en el plural correctamente en la opción: a) maravedíes, régimens y reis b) maravedises, regímenes y reys c) maravedís, regímenes y reyes d) maravedí, regímes y reyes 09. En “ningún órgano humano” y “el primer ser humano...”, el fenómeno presente es: a) sincopa c) apócope b) aféresis d) contracción 10. La conjunción sinónima de sin embargo es: a) todavía c) hacia b) pero d) aunque 11. Apunte la clasifi cación gramatical correcta de los vocablos abajo: a) aunque – conjunción c) mientras – pronombre b) entonces – preposición d) hacia – adverbio de modo 12. Es correcto afi rmar sobre el término sólo: a) lleva acento cuando es un adjetivo b) puede ser sustituido por “solamente” y es un adverbio c) se clasifi ca como conjunción d) es un sustantivo que en portugués signifi ca “solo” 13. Tal como límite, diverge del portugués en la sílaba tónica: a) matiz c) impar b) propio d) lengua 14. Tiene el mismo signifi cado de infancia: a) vejez c) niñez b) muchachez d) madurez 15. Compré un regalo para mi madre. El vocablo subrayado pude ser sustituido por: a) la c) los b) les d) lo G A B A R I T O 01. d 02. b 03. a 04. b 05. d 06. d 07. b 08. c 09. c 10. b 11. a 12. b 13. c 14. c 15. d REFERÊNCIAS BIBlIOGRÁFICAS http://gemeos2.uece.br/cev/vest/vest20082/v82doc/f2gab/ v082_f2-espanholtgab1.pdf, acesso em: 24/11/2010. http://gemeos2.uece.br/cev/vestant/vest07/vest20072/v072doc/ f1gab/v072_f1-espanholgab1.pdf, acesso em: 24/11/200. Apostila Espanhol A-1: Artes gráfi ca e Editora Unifi cado, Paraná – Curitiba Vestibular por Assunto – Espanhol , Editora Aprender Apostilas UECEVEST mod4.indb 69 03/04/2011 19:18:47 Apostilas UECEVEST mod4.indb 70 03/04/2011 19:18:47 G E O G R A F I A P R É - V E S T I B U l A R Apostilas UECEVEST mod4.indb 71 03/04/2011 19:18:52 Caro(a) Aluno(a), Para facilitar o acompanhamento de tais conteúdos, abaixo estão indicadas as nomenclaturas utilizadas pela UECE e pelo ENEM: Conteúdo UECE ENEM Geografia Humana Urbanização Brasileira e Geografia das indústrias Classificação urbana; Indústria e sua Organização no Mundo; Industrialização Brasileira Fontes de energia Recursos Naturais e suas utilizações no mundo e no Brasil Os Recursos Energéticos; Combustíveis Fósseis e fontes alternativas de energias Geografia Agrária Os Sistemas Agrícolas e produção agrícola Produção agrícola no Brasil Atividades Agropecuárias Impactos ambientais Questões ambientais e suas problemáticas; Crise Ambiental; Aquecimento Global; Poluição; Biodiversidade e Políticas ambientais Blocos Econômicos Globalização e mercado mundial Comércio Internacional e divisão dos blocos econômicos Apostilas UECEVEST mod4.indb 72 03/04/2011 19:18:52 73 UECEVEST GEOGRAFIA GEOGRAFIA HUMANA Urbanização No estudo da distribuição espacial da população brasileira, observa-se nos últimos anos uma tendência ao processo de ur- banização. Distribuição rural e urbana da população Quanto à distribuição da população em urbana e rural, fare- mos uma rápida analise. O processo de urbanização da população brasileira ganhou intensidade a partir da década de 1940 com o desenvolvimento do setor industrial, ocorrido principalmente na região Sudeste. Até 1960, mais da metade da população brasileira ainda vivia nas zonas rurais, ao passo que em 1970, pela primeira vez, a po- pulação urbana superou a população rural. Apesar disso, nota-se que a região Sudeste era a única de 1970 que possuía população urbana superior a rural. No Brasil tem havido um aumento contínuo e acelerado da população urbana e, consequentemente, uma diminuição da po- pulação rural, de tal modo que desde 1970 a maior parte da po- pulação brasileira vive em cidades. O critério para defi nir população urbana é político-adminis- trativo: “Trata-se dos moradores de cidades (sedes de municí- pios) ou de vilas (sedes de distritos)”. É evidente que esse não é o melhor critério, pois é comum certas aglomerações pequenas e voltadas para atividades agrárias serem classifi cadas como vilas ou até cidades. Mas mesmo que se altere esse critério e se adote outro – o de se considerar como urbanas apenas as populações de cidades com mais de 20 mil habitantes, por exemplo –, ainda se verifi cará uma urbanização intensa, pois as grandes cidades vêm crescendo bem mais que as pequenas e médias. O processo de urbanização que se verifi ca no Brasil refl ete as mudanças pelas quais o país passa, destacando-se, principalmen- te, a industrialização. Entretanto, não podemos considerar, de forma generalizada, que é somente a industrialização a causa do intenso processo de urbanização do Brasil e principalmente, do Sudeste. Existem ou- tros fatores como: • O próprio crescimento natural da população urbana. • O estatuto do trabalhador rural. • A absorção das pequenas e médias sociedades rurais pelos gran- des proprietários, num processo de concentração da terra, tem levado famílias a se deslocarem para as zonas urbanas. • O desejo de melhores condições de vida tem levado o homem a se deslocar para as cidades. • A estrutura fundiária injusta. • A penetração das imagens da televisão. São os seguintes fatores que determinam o êxodo rural: • Condições de vida no campo: precárias relações de trabalho, desrespeito dos direitos trabalhistas. • Crises eventuais na agricultura, provocando dispensa de mão- de-obra. • Mecanização ou mudança de atividade (agricultura para pecu- ária, café para cana), liberando um certo tipode mão-de-obra. • Esperança de melhorias de vida na cidade (emprego, educação, conforto urbano). • Divisão da propriedade e surgimento de minifúndios que ab- sorvem pouca mão-de-obra. • Pressão demográfi ca (crescimento demográfi co rural superior ao urbano). • A atração pela cidade, sinônimo do novo e de “civilização”. • Ideologia da migração: “é melhor sair”. Áreas metropolitanas do Brasil As áreas metropolitanas surgiram da grande concentração de população e de atividades verifi cadas em determinados nú- cleos urbanos, os quais ultrapassaram os limites de seus muni- cípios e incorporaram, em sua expansão, municípios vizinhos. Formaram-se, assim, coalescências de cidades que se encontra- vam separadas. Esse fato urbano é conhecido com o nome de conurbação. À medida que ocorre a junção das cidades, os problemas se agravam, em vista das administrações separadas ou isoladas. São nove as áreas metropolitanas brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, For- taleza, Curitiba e Belém. Conceitos importantes Cidade Existem vários critérios para se defi nir cidade. A ONU (Or- ganização das Nações Unidas) utiliza o critério quantitativo, con- siderando como cidade as localidades com 20 mil habitantes ou mais. No Brasil prevalece o critério político-administrativo, ou seja, cidade é toda cede de município. Metrópole É a cidade mais bem equipada em bens e serviço de todo o território nacional (metrópole nacional) ou de uma região do país (metrópole regional). O Brasil possui nove metrópoles: São Paulo e Rio de Janeiro (nacionais); Belém, Fortaleza, Recife, sal- vador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre (regionais). Megalópole Extensa área urbana e resultante do encontro de duas ou mais metrópoles. Ex: a região que se estende desde Boston até Wa- shington, tendo como centro Nova Iorque, a megalópole brasi- leira será formada pela ligação das regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Conurbação Encontro de duas ou mais cidades próximas. Ex: a região do ABC, em São Paulo. Crajubar – Aglomeração urbana que envolve os municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Região metropolitana Conjunto de municípios contíguos e integrados sócioeco- nomicamente a uma cidade principal (ou central), com serviços públicos e infraestrutura comuns. Apostilas UECEVEST mod4.indb 73 03/04/2011 19:18:52 GEOGRAFIA 74 UECEVEST Brasil – Pricipais Regioes Metropolitanas Região metropolitana População da região em 1991 População da região em 2000 População da cidade principal em 2000 Grande São Paulo (São Paulo mais 38 municípios: Guarulhos, Santo André, Osasco, Mogi das Cruzes, Carapicuíba, Diadema, São Bernardo do Campo, Mauá, Embu, Barueri, etc). 15 416 415 17 833 511 10 406 166 Grande Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e mais 18 municípios: Duque de Caxias, Belford Roxo, Niterói, São Gonçalo, São João de Meriti, Nova Iguaçu, etc). 8 632 498 10 871 960 5 850 544 Grande Belo Horizonte (Belo Horizonte e mais 32 municípios: Contagem, Betim, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Sabará, Ibirité, etc). 3 431 755 4 331 180 2 229 697 Grande Porto Alegre (Porto Alegre e mais 27 municípios: Canoas, Novo Hamburgo, Viamão, Gravataí, São Leopoldo, etc). 3 026 029 3 655 072 1 359 932 Grande Recife (Recife e mais13 municípios: Olinda, Jabotão dos Guararapes, Paulista, Camaragibe, cabo de Santo Agostinho, etc). 2 871 261 3 331 552 1 421 947 Grande Salvador (Salvador e mais 9 municípios: Camaçari, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, etc). 2 493 224 3 018 326 2 440 886 Grande Fortaleza (Fortaleza mais 12 municípios: Caucaia, Maracanaú, Maranguape, Aquiraz, etc). 2 303 654 2 974 915 2 138 234 Grande Curitiba (Curitiba mais 24 municípios: São José dos Pinhais, Colombo, Pinhais, Araucária, Campo Largo, etc). 1 998 807 2 905 505 1 586 898 Grande Belém (Belém mais 5 municípios: Ananindeua, Marituba, benevides, etc). 1 332 723 1 815 812 1 279 861 Fonte IBGE. Censos Demográficos de 1991 e 2000. Em 2000, existiam ainda outras quinze áreas classificada como regiões metropolitanas, dentre as quais se destacam, pelo maior efetivo demográfico: Distrito Federal e 21 municípios goianos (Lisiania, Valparaíso de Goiás, Formosa, etc.), com cerca de 2,6 milhões de habitantes; Campinas (SP) mais 18 municí- pios (Sumaré, Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Hortolândia, Indaiatuba, etc.), com cerca de 2 milhões de habitantes; Goiânia (GO) mais dez municípios (Trindade, Aparecida de Goiânia, Se- nador Canedo, etc.), com cerca de 1,6 milhões de habitantes; Vitória (ES) mais cinco municípios (Vila Velha, Cariacica, Serra, etc.), com cerca de 1,4 milhões de habitantes; Baixada Santista (Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Cubatão, etc), com cerca de 1,3 milhões de habitantes; Maceió (AL) mais dez (Rio Largo, Marechal Deodoro, Pilar, etc.), com cerca de 900 mil ha- bitantes; Natal (RN) mais cinco municípios (Parnamirim, Maca- íba, Ceará-Mirim, etc.), com cerca de 900 mil habitantes; e Flo- rianópoles (SC) mais 21 municípios (São José, Palhoça, Biguaçu, etc.), com cerca de 750 mil habitantes. A cidade de Manaus, com 1,4 milhões de habitantes em 2000, não era considerada uma região metropolitana provavelmente por causa da não-existência no seu entorno de cidades próximas com problemas em comum. Classificação das cidades do Brasil Quanto à origem, as cidades podem ser espontâneas ou pla- nejadas. Cidade espontâneas São aquelas que surgiram naturalmente a partir da expansão de antigos povoados nas diversas fases do desenvolvimento da economia brasileira, cumpre destacar: • Cidades que evoluíram a partir de um núcleo de defesa militar: Fortaleza (CE), Belém (PA), Manaus (AM), Natal (RN) e outras; • Cidades que se organizaram a partir de feitorias comerciais: Cabo Frio (RJ), São Vicente (SP) e outras; • Cidades que se organizaram a partir de uma missão religiosa: São Paulo (SP), Guararipe (ES) e outras. Cidades planejadas São aquelas criadas a partir de um plano pré-estabelecido pelo homem. O Brasil possui quatro cidades planejadas: • 1851: Terezina (PI) • 1858: Aracajú (SE) • 1898: Belo Horizonte (MG) • 1960: Brasília (DF) • 2000: Nova Jaguaribara (CE) Sítio Urbano – É o espaço físico construído em relação a geomorfologia (topografia-local). É o piso, o assoalho da cidade. Ex.: Montanha, planície, planalto. Situação Urbana – É a posição da cidade em relação aos fatores geográficos ou naturais. Ex.: Próximo ao mar – cidades prainas; tem como referência uma gruta – Ubajara. Função Urbana – É o principal papel econômico que desem- penha a cidade. Ex.: Indústria – ABC paulista, Detroit (EUA), Religioso – Aparecida do Norte (SP), Vaticano. Hierarquia urbana A hierarquia urbana é expressa pela rede urbana que apresenta as cidades com posição de polarização sobre as demais. Quanto à hierarquia urbana, a cidade pode ser: Metrópole nacional Quando sua área de influência abrange todo o território na- cional: Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Metrópole regional Quando sua área de influência abrange uma grande região do país, polarizando esta área através de sua infraestrutura de Apostilas UECEVEST mod4.indb 74 03/04/2011 19:18:52 75 UECEVEST GEOGRAFIA equipamentos urbanos: Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS). Capital regional Que exerce uma polarização sobre um espaço regional menor e que representa uma posição hierárquica entre essa região e a metró- pole regional. Na área de infl uência da metrópole regional existem várias capitais regionais. No Brasil são capitais regionais: Campinas (SP), Sorocaba (SP), Goiânia (GO), Cuiabá (MT), etc. Centro regional É a cidade diretamente infl uenciada pela capital regional e que, por sua vez, polariza um subespaço dentro da área de infl u- ência da capital regional: Andradina (SP), Anápolis (GO), Lins (SP)e Nova Friburgo (RJ). Centro sub-regional Jacarezinho (PR), Russas (CE), Jacobina (BA), Santarém (PA) e outros. Centros locais Jardim (GO), Bajé (RS) e outros. Problemas Urbanos O crescimento das atividades industriais não basta para ab- sorver todas as pessoas em idade de trabalho que afl uem as cida- des. Da mesma maneira, o processo de urbanização não é acom- panhado de um crescimento equivalente dos serviços necessários para a vida da população. Devido a isso, nos grandes centros urbanos do Terceiro Mundo, são detectados vários problemas facilmente perceptíveis, como o caso do Brasil: • Subemprego e desemprego; • Moradia; • Infraestrutura; • Violência urbana; • Má qualidade dos serviços públicos. Poluição Atmosférica – Forma sobre as cidades uma densa névoa (neblina) denominada Smog, o que provoca a formação de um ar carregado de impurezas. Inversão Térmica – É uma condição em que a camada de ar frio se sobrepõe a uma camada de ar quente impedindo o movi- mento ascendente do ar atmosférico. As Ilhas de Calor – Ocorre devido às elevações nos índices térmicos do ar, por causa dos materiais usados na construção: as- falto, concreto, a carência de áreas verdes e de grande quantidade de combustíveis fósseis. Chuvas Ácidas – Derivados do petróleo e do carvão contêm impurezas que, quando queimamos na presença da luz do sol e em contato com a água da chuva, sofrem reações químicas, apre- sentando alto poder corrosivo. Outros problemas ambientais da zona urbana: • Poluição ao ar (emissão de gases); • Poluição do solo; • Carência de saneamento básico; • Ocupações desordenadas; • Lixões; • Poluição sonora, visual etc. E X E R C í C I O 01. (UECE) Ao povoar-se, o território tende a concentrar cida- des e estas a se comporem e criarem independência, surgindo às redes urbanas. Sobre esse tema, marque a opção verdadeira: a) Nos países e nas regiões mais desenvolvidos economicamente, pode ser observada a existência de redes urbanas incompletas e desorganizadas. b) Compreende-se rede urbana como um conjunto hierarquizado de cidades com tamanhos diferentes, estabelecendo-se a partir dos produtos e serviços oferecidos pelas cidades. c) As megalópoles correspondem a um centro urbano de grande porte; populosos, modernos e dotados de graves problemas de desigualdades sociais. d) O sistema de cidade ocorre, principalmente nas regiões mais desenvolvidas, onde geralmente há uma grande rodovia, um ponto ou sistemas de comunicação aperfeiçoados que expandem a área física da cidade. 02. (UECE) Depois de institucionalizada em 1974, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) vem se ampliando territorial- mente. Marque a opção verdadeira que expressa esse fato: a) Sua extensão territorial se ampliou com a inclusão dos municípios de Maracanaú e Eusébio na década de 1980. b) Não se pode afi rmar que houve ampliação territorial pois todos os municípios que se adicionaram à RMF resultaram de desmembramento dos já existentes. c) Criada em 1974 a RMF agrega, nos anos 1980 e 1990, novos municípios originados de distritos emancipados, sem afetar sua área territorial, ampliada somente em fi ns de 1999 com a inclusão de quatro outros municípios. d) Com o porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, e as indústrias de Horizonte e Pacajús, somente estes municípios se adicionaram como novos territórios da RMF. 03. (UECE) Analise as proposições abaixo e correlacione-as com o que apresenta cada opção: I. Aumento da população urbana e elevada concentração humana nas grandes cidades. II. Industrialização e aumento percentual dos empregos nos setores secundário e terciário. III. Diminuição progressiva dos índices de analfabetismo, das taxas de natalidade e de mortalidade. Essas transformações são resultantes da(do): a) Melhoria das condições de renda, especialmente nas cidades. b) Melhor distribuição de renda, especialmente nas pequenas cidades. c) Aumento do número de escolas nos municípios com alta concentração de analfabetismo. d) Crescimento econômico do Terceiro Mundo ou modernização do mundo subdesenvolvido. 04. (UECE) Compreende-se como REDE URBANA um siste- ma integrado de cidades que vai das cidades locais até as metró- poles, originando um espaço hierarquizado a partir da infl uência ou da polarização de uma metrópole sobre as demais. A esse respeito pode-se afi rmar, corretamente: a) As cidades locais não exercem nenhuma polarização. b) Só ocorre rede urbana perfeita em países subdesenvolvidos, onde há grandes cidades. c) Para haver rede urbana basta que haja vias de acesso, como já ocorre no Nordeste brasileiro. d) As redes urbanas mais perfeitas encontram-se nos países onde há grande número de cidades e de população urbana. 05. (UNIFOR) Na hierarquia da rede urbana brasileira, segundo o IBGE, as cidades de Belém, Fortaleza e Porto Alegre desempe- nham a função de: a) Centros regionais. b) Metrópoles nacionais. c) Capitais regionais importantes. Apostilas UECEVEST mod4.indb 75 03/04/2011 19:18:53 GEOGRAFIA 76 UECEVEST d) Metrópoles regionais incompletas. e) Metrópoles regionais. 06. (UVA) Quanto à origem, as cidades podem ser naturais ou artifi ciais. São cidades artifi ciais no Brasil: a) Belo Horizonte, Fortaleza, Natal e Brasília. b) Goiânia, Rio de Janeiro, Brasília e Natal. c) Brasília, Terezina, Goiânia e Belo Horizonte. d) Brasília, Terezina, Fortaleza e Natal. 07. (URCA) Sobre o arranjo espacial urbano brasileiro é correto afi rmar: a) As metrópoles brasileiras exercem infl uência especial de forma equilibrada e restrita à sua região. b) Os centros urbanos são cidades médias que polarizam pequenas cidades. c) As capitais regionais, subordinadas às metrópoles, sempre correspondem às capitais de Estado. d) As metrópoles regionais coincidem com as capitais regionais. e) As cidades locais podem exercer a infl uência sobre os centros locais e nunca sobre as áreas urbanas. 08. (UFC) Sobre o Brasil e as condições de sua população, é possível afi rmar corretamente: a) O PNB nacional coloca o Brasil entre as últimas economias do mundo. b) O baixo consumo da sociedade brasileira é explicado pela renda per capita nacional, uma das mais baixas do mundo. c) A redução do ritmo de crescimento da população brasileira tem, entre suas causas, o intensivo processo de urbanização que vem ocorrendo no país. d) O Brasil lidera a população industrial do Terceiro Mundo e, em consequência, domina cultura, política e economia do mesmo. e) A intervenção do Estado na organização do espaço brasileiro, através de uma política de planejamento regional, contribui para eliminar ou reduzir os desequilíbrios sócio-econômicos e demográfi cos entre os espaços interregionais brasileiros. 09. Para sua classifi cação, uma cidade pode ser analisada sob dife- rentes aspectos, como situação, função, origem ou sítio. Assinale a alternativa que apresenta a melhor defi nição de sítio urbano. a) É a posição que uma cidade ocupa em relação aos fatores naturais. b) É a atividade que melhor caracteriza uma cidade. c) É a base topográfi ca e morfológica em que a cidade está assentada. d) É a posição que a cidade ocupa na rede urbana. e) É a especialização funcional da cidade. 10. O termo conurbação serva para designar: a) a relação de dependência entre cidades de uma mesma região geográfi ca. b) a rede urbana de áreas subdesenvolvidas, onde a cidade líder é uma metrópole incompleta. c) o crescimento das cidades que apresentam predomínio das atividades terciárias. d) o processo de verifi cação das cidades modernas. e) a junção de duas ou mais cidades num único aglomerado urbano. 11. (URCA) Concentração demográfi ca urbana mais elevada nas proximidades do litoral tem sua explicação na: a) grande extensão territorial de nosso país. b) preferência que tiveram os povoadores para tropicalidade de nosso litoral. c) dependência econômica em relação aos centros mundiais do capitalismo. d) solução diplomática baseada no princípio UTIPOSSIDETIS que regulou o tratado de Tordesilhas. e) ocupação do interior pelas tribos indígenas. 12. (UVA) Dos estudos sobre a urbanização do Brasil sabemos que: a) São Paulo e Rio de Janeiro funcionam como metrópoles nacionais, visto terem infl uência sobre todo o território brasileiro. b) Os movimentos pendulares não ocorrem em nossos centros urbanos. c) O crescimento urbano depende do crescimento industrial. d) Se existe em nosso país o processo de conurbação, ele não é consequência do desenvolvimento industrial. 13. (UECE) Ao Tratar o processo de urbanização é correto afi rmar: a) A urbanização não elimina a pobreza, mas a transforma. b) Os países desenvolvidos têm a menor parte de sua população vivendo em cidades. c) A urbanização da população mundial é um fenômeno antigo. d) Urbanização é um fenômeno específi co dos países subdesenvolvidos. 14. (UVA) A polarização de uma cidade sobre a sua região mani- festa-se principalmente: a) pelos equipamentos de serviços que ela possui. b) pela sua atividade industrial de bens de produção. c) pela sua atividade industrial de bens de consumo. d) pelo seu comércio com outras regiões. G A B A R I T O 01. b 02. a 03. a 04. d 05. e 06. c 07. b 08. c 09. c 10. e 11. c 12. a 13. c 14. a GEOGRAFIA DAS INDÚSTRIAS Introdução Não se pode precisar exatamente quando se iniciou a denomi- nada “atividade industrial”. Quando o homem rertirou madeira das fl orestas, usou argila ou começou a utilizar os minerais (cobre e depois o ferro) para confeccionar objetos úteis, tudo isso já re- presentava, de certo modo, uma atividade industrial embrionária. Na Idade Antiga, os objetos eram feitos manualmente numa atividade exercida por um grupo familiar. Mais tarde, ou seja, na Idade Média, a demando de produtos exigiu uma ampliação dessa atividade, surgindo, então, a indústria artesanal em ofi cinas e em corporações. Apesar da evolução do processo industrial nos países menos desenvolvidos, a indústria artesanal subsiste até os nossos dias, para atender ao mercado local e, em áreas já indus- trializadas, ela coexiste com a modernização, para suprir um mer- cado muito restrito e com produtos especializados. No século XVIII, ocorre a Revolução Industrial, com a utili- zação da máquina a vapor e com outras invenções, dando, assim, origem à indústria moderna. Em consequência, os artesãos foram transformando-se em operários assalariados, as cidades amplia- ram-se e os campesianos migraram-se em grande parte para os centros urbanos. As novas fontes de energia (carvão, hidreletri- cidade, petróleo etc) substituíram, em grande parte, a energia humana e animal; enfi m, a produção pôde ser feita em série e o conforto tornou-se maior. Apostilas UECEVEST mod4.indb 76 03/04/2011 19:18:54 77 UECEVEST GEOGRAFIA A estrutura industrial das economias modernas compreende uma multiplicidade de tipos de indústrias e de ramos industriais. Uma primeira classifi cação dos tipos de indústria permite distri- buir dois grandes conjuntos: As indústrias de base e as indústrias de bens de consumo. Tipos de Indústrias Indústria de Base A indústria de base atua na transformação de matéria-prima bruta em produtos a serem utilizados por outras indústrias. Nes- sas, podemos destacar: • Indústria de extração de minérios. • Indústria de refi naria de combustíveis fósseis. • Indústria Siderúrgica, atua no processamento de minérios. • Indústria química, desenvolve produtos químicos usados nas indústrias e em outras atividades. Indústria de bens intermediários Desenvolvem atividades voltadas para o desenvolvimento de máquinas e de equipamentos direcionados para outras indústrias, com isso destaca-se: • Indústria de autopeças. • Indústria mecânica, produz implementos agrícolas e industriais. • Indústria naval. Indústria de bens de consumo Esse tipo de indústria divide sua atuação em: Indústria de bens de consumo duráveis: • Indústria de automóveis. • Indústria de eletrodomésticos. • Indústria de móveis. Indústria de bens de consumo não-duráveis • Indústria de confecção de roupas. • Indústria de cosmético. • Indústria de alimentos. A distribuição da indústria As indústrias estão distribuídas de forma desigual no planeta, pois tendem a se concentrar no lugares onde há fatores favoráveis a sua localização. Como esses fatores são defi nidos historicamente, variam com o passar o do tempo, dependendo do tipo de indústria. Genericamente, são estes os principais fatores locacionais (não ne- cessariamente nesta ordem de importância, já que podem variar de um tipo de indústria para outro): matéria-prima, fontes de energia, mão-de-obra, mercado consumidor, infraestrutura de transporte, rede de comunicação, incentivos fi scais, disponibilidade de água etc. Durante a primeira Revolução Industrial, ou seja, fi nal do século XVIII até meados do século XIX, as jazidas de carvão mi- neral eram um dos fatores mais importantes para a instalação de fábricas. Por isso, houve grande industrialização em torno das principais bacias carboníferas britânicas (Yorkshire, Lancashire, Midlands e Northumberland), alemãs (vale do Ruhr e Sarre), francesas (Pas-de-Calais e Alsácia Lorena), norte-americanas (Montes Apalaches) para citar os exemplos mais relevantes. Com a segunda Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX, surgiram outras fontes de energia, como o petróleo e a ele- tricidade, e o carvão foi perdendo importância na defi nição da localização das fábricas. O fato de essas duas novas fontes ener- géticas serem mais facilmente transportadas, possibilitou o sur- gimento de outras zonas industriais. Além disso, houve maior dispersão na distribuição geográfi ca das fábricas. É interessante lembrar que o petróleo, além de ser uma fonte de energia, é uma importante matéria-prima, a partir da qual se fabrica uma série de produtos. Um dos setores que mais cresceu, a partir da descoberta dessa nova fonte, foi a indústria petroquí- mica. Evidentemente, a proximidade de várias outras matérias- primas como minérios, fl orestas, água etc., também pesa a nacio- nalização das indústrias. Muitas siderúrgicas, jazidas de minério e de ferro, as indústrias madereiras e as de papel e celulose são bastante desenvolvidas no Canadá em função da presença de uma grande fl oresta de coníferas. Outro fator determinante para a localização das indústrias é a existência de uma rede de transporte que possibilite o escoa- mento das mercadorias produzidas e o recebimento das matérias- primas. É por isso que muitos centros industriais importantes surgiram próximo a portos marítimos ou fl uviais ou ainda em entrocamentos rodoviários e ferroviários. Outros fatores são a disponibilidade de mão-de-obra e de mercado consumidor. Foi por essas razões que historicamente o fenômeno industrial esteve intimamente ligado às concentrações urbanas, particularmente às grandes cidades como Londres, Pa- ris, Nova Iorque, Tóquio, Milão, Moscou, Los Angeles, Colô- nia, Chicago, Toronto, São Paulo, Cidade do México, Seul etc. Como várias dessas cidades são entroncamento de rodovias, fer- rovias, hidrovias e aerovias e abrigam as sedes de muitos bancos e escritórios de empresas, tornam-se ainda mais atraentes para a instalação de indústrias. Percebemos, então, que muitas cida- des crescem em torno de indústrias nascentes ou, ao contrário, atraem indústrias, que fazem com que elas cresçam ainda mais e acabem, por sua vez, atraindo um número cada vez maior de in- dústrias. Vê-se, portanto, que os fenômenos urbano e industrial se constroem mutuamente ao longo da história. Embora o capitalismo não tenha criado a cidade (ela já existia desde a Antiguidade), ele criou a metrópole, em sua fase indus- trial, e, mais recentemente, a megalópole, em sua fase fi nanceira. Os capitalistas sempre procuraram uma localização próxima dos mais importantes fatores de produção, pois isso Ihes possibilitava maiores lucros. Ocorre que a superprodução do capitalnas mega- lópoles acabou provocando elevação brutal no preço dos imóveis, congestionamento das redes de transportes e de comunicações, esgotamento das antigas reservas de matérias-primas e de energia e elevação do custo da mão-de-obra, fortemente organizada em sindicatos. Por causa disso, está ocorrendo uma reorganização da geogra- fi a industrial no mundo, particularmente nos países de industria- lização antiga. Procura-se uma desconcentração das indústrias. Essa tendência recente, intensifi cada após a Segunda Guerra Mundial, está calcada em uma acelerada modernização do siste- ma de transportes e de comunicações. As distâncias encurtaram, graças às modernas rodovias expressas e a seus rápidos e segu- ros veículos. Contamos com trens de alta-velocidade, complexos aeroportos e aviões ultrarápidos. Superportos e supernavios que transportam milhares de toneladas de carga e, no ramo das tele- comunicações, telefone, telex, fax e às redes mundiais de compu- tadores agem simultaneamente integradas. Há, paralelamente, uma descentralização do capital e do tra- balho e crescente deslocamento da população para a periferia dos grandes centros urbanos (suburbanização) e para cidades médias e pequenas. O mercado, portanto, também se descentraliza. As- sim, os industriais podem buscar, com muito mais mobilidade e liberdade de circulação, os fatores que mais Ihes interessam para a instalação de suas fábricas, promovendo a industrialização de novas regiões, desvinculadas dos tradicionais fatores locacionais. Em face disso, muitas vezes as indústrias, em detrimento das regiões tradicionais, buscam regiões novas, onde os custos de produção são menores, em consequência dos salários, em geral mais baixos; onde os preços dos terrenos são menores; onde a infraestrutura é melhor, onde não há congestionamento; onde as matérias-primas e as fontes de energia estão mais próximas. Além Apostilas UECEVEST mod4.indb 77 03/04/2011 19:18:54 GEOGRAFIA 78 UECEVEST desses fatores, há outro que cada vez mais ganha importância na hora de decidir onde implantar uma nova fábrica: os incentivos fiscais. Na ânsia de atrair novas fábricas, concedem-se isenções de impostos às empresas interessadas em instalar-se em determinado lugar, é comum também a cessão de terreno para a sua instala- ção, muitas vezes com a infraestrutura básica já implantada. Em qualquer país, quando uma grande empresa anuncia o projeto de uma nova fábrica, começa uma verdadeira guerra fiscal entre as cidades com o objetivo de atraí-la. Concentraçoes industriais e finançeiras A observação de um mapa-múndi mostra que a atividade in- dustrial está altamente concentrada em regiões como o nordeste dos Estados Unidos, a Europa ocidental, a porção oeste da antiga URSS, o Japão e o nordeste da China. Além da concentração espacial, outra característica da indús- tria moderna é a concentração financeira, em que aparecem di- versas formas de aglomerações e conglomerados com o intuito básico de dominar o mercado. Exemplos: • Monopólio: é o domínio do mercado por uma empresa, por um grupo ou pelo Estado. Por exemplo: monopólio do petró- leo no Brasil pela Petrobrás. • Oligopólio: é o domínio do mercado por um reduzido grupo de empresas. Por exemplo: o tradicional oligopólio da indústria automobilística ou da indústria farmacêutica no Brasil. • Truste: é a fusão de várias empresas para dominar o mercado. Por exemplo: os trustes do petróleo, do fumo etc. • Cartel: acordo ou associação de empresas (e até de países) in- dependentes para controlar a produção e o mercado de deter- minado produto. Por exemplo: as Sete Irmãs do petróleo e a Opep. • Multinacional: é uma grande empresa que, a partir de uma base nacional (matriz), atua em diversos outros países. Para as multinacionais o mundo não tem fronteiras políticas. Por exemplo: GM. Ford, Esso, Mitsubishi etc. • Conglomerado: grupo de empresas que atuam em diferentes ramos ou setores da economia. Por exemplo: o grupo Votoran- tim, no Brasil • Holding: é uma organização que controla várias empresas me- diante a aquisição majoritária das ações. Por exemplo: Autola- tina, que controla a Volkswagen e a Ford, no Brasil. • Taylorismo: Idealizador Frederick Winslow Taylor. Características – Forte divisão e subdivisão das tarefas e níveis de posição no trabalho. (Executivo e operários); Controle de tempo de execução de cada tarefa; Quem produz mais em menor tempo recebe gratificações. • Fordismo: Idealizador Henry Ford. Características – produção em massa e consumo em massa; Emprego de uma linha de montagem; Pagar bem os trabalhadores, pois eles também são consumi- dores. • Toyotismo: Idealizador Tiichi Ohno. Característicaas – Utilização de máquinas sofisticadas com terceirização em múltiplos produtos e atividades; Emprego de poucos trabalhadores bem adaptados à tecno- logia; O sistema Just-in-time, método ou técnica de produção que consiste em produzir no tempo certo e na quantidade exata, evi- tando desperdícios. A INDÚSTRIA NO BRASIl Introdução A atividade industrial brasileira (extrativa e de transformação) é o setor econômico que mais diretamente sofre os efeitos recessi- vos, determinados pela elevação dos juros, retração no consumo, dificuldade de crédito e estagnação dos investimentos estatais e até mesmo multinacionais. Se a esse quadro de inquietação so- marem-se aumentos absurdos em todos os tipos de tributação e uma política que preocupa um empresário inseguro, é fácil perce- ber que os anos que correm constituem uma época que contrasta com a vitalidade indiscutível de um poderoso parque industrial e com um temor sobre seu futuro. Essa industrialização é processo recente, que se desenvolveu particularmente a partir de 1940 (2ª Guerra Mundial), embora tenha se iniciado no século XIX. A partir da 2ª Guerra Mundial, inicia-se no Brasil o processo de grande inversão de capital estrangeiro com a instalação dos setores da indústria pesada. Em busca da matéria-prima mais barata (como o ferro), em- presas multinacionais instalam filiais de suas indústria no Brasil. Inicialmente é instalado o setor siderúrgico, que vai solicitar a existência de um setor de indústrias mecânicas, capazes absorver a sua produção. Isso leva a caracterizar a década de 1950 com a grande entrada de indústrias estrangeiras, no setor automobilísti- co, na construção naval, etc. Observe que esses setores (automobilístico), por sua vez, vão solicitar a criação de uma série de indústrias subsidiária tais como artefatos de couro, metalurgia leve, artefatos de borracha, auto- peças e vidraçaria, que também vão atrair tecnologia e capital estrangeiro, condicionando o crescimento da indústria de base e de bens de produção duráveis à entrada de capital estrangeiro. A modernização tecnológica que se processa a partir de 1940, promovendo o surgimento de indústria de bens de produção, provoca a concentração de recursos humanos, econômicos e financeiros na região sudeste, onde grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, cada vez mais, tornam-se o centro dinâ- mico desse processo. Podemos conhecer três grandes períodos ou etapas na evolu- ção industrial do Brasil. 1º Período (1500 a 1930) Compreende os seguintes subperíodos: Até 1808 – predomínio de atividades industriais rudimenta- res e artesanais: açúcar, tecidos grosseiros, olarias, etc. 1808 a 1944 – a abertura dos portos ao comércio exterior (1808) e a fixação das tarifas alfandegárias em apenas 15% (para favorecer os produtos ingleses), praticamente aniquilaram a rudi- mentar indústria que estava nascendo. A situação só começou a melhorar a partir de 1844 com a elevação das tarifas. 1844 a 1930 – período marcado por um significativo surto industrial nos setores têxtil, alimentício e em outros. Causas: ele- vação das tarifas, câmbio desfavorável, expansão cafeeira, imigra- ção, disponibilidade de mão-de-obra. 2º Período (1930 a1945) Apesar da grande crise econômica e política decorrente dacrise internacional de 1929 (quebra da bolsa de Nova Iorque) e da revolução brasileira de 1930, este período foi de fundamental importância para o desenvolvimento industrial do país porque, em consequências da desestruturação e da queda da oligarquia ca-feeira, verificou-se a ascensão da burguesia industrial e urba- na e a definição por parte do governo em favor de uma política voltada para o desenvolvimento industrial. Grande parte dos ca- pitais disponíveis serão investidos nas atividades industriais e ur- banas (terciário). Em 1920, o Brasil possuía um total de 13.336 Apostilas UECEVEST mod4.indb 78 03/04/2011 19:18:54 79 UECEVEST GEOGRAFIA estabeleci-mentos industriais ao passo que somente no período 1930-40 foram criados 12.232 novos estabelecimentos. 3º Período (após 1945) Período marcado por uma nova importante etapa da indus- trialização brasileira. Os fatores desse desenvolvimento foram: • Implantação defi nitiva da indústria, inclusive a de base (siderúrgica); • Ampliação e diversifi cação do parque industrial; • Implantação das políticas de substituição das importações. A grande e decisiva arrancada industrial ocorreu a partir da década de 50 com o plano de metas (governo Juscelino Kubits- chek): energia, transporte, abertura ao capital estrangeiro, mul- tinacionais (setor automobilístico etc.) e forte participação do capital estatal. Desconcentração industrial Por volta de 1970, começou a ocorrer uma relativa descon- centração industrial no Brasil, com decréscimo relativo de São Paulo e crescimento maior em outras unidades da Federação (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, minas Gerais, Goiás, Amazonas, Mato Grosso e outras). Também, nesse caso, o que houve não foi tanto uma regressão da atividade industrial em São Paulo, mas um maior ritmo de crescimento em outros estados. Quais são as causas desse processo, que talvez prossiga ainda na atualidade? Em primeiro lugar, o esgotamento de São Paulo, em especial de sua capital e arredores. É o que se chama de deseconomia de escala, que ocorre quando uma aglomeração se torna desfavorável às novas localizações empresariais por causa dos custos elevados com impostos, terrenos demasiadamente caros, congestionamen- tos frequentes no trânsito, enorme poluição, maiores custos com alimentação e moradia (o que implica maiores salários), etc. Na década de 1960, a cidades de São Paulo já dava mostra desse esgotamento, havendo até os anos 1970 uma busca de no- vas instalações industriais, não na própria capital, mas nos seus arredores (ABC, Baixada Santista, Campinas, etc.). Mas, dos anos 1980 em diante, nem mesmo essa área próxima à capital continuou atrativa, ocorrendo, então, maior crescimento do in- terior do estado. Outro fator que também contribuiu para isso foi a grande combatividade de vários sindicatos de trabalhadores na Grande São Paulo e arredores, que nos anos 1970, foram a vanguarda em termos de reivindicações salariais e greves. Trata- se de um novo sindicalismo, mais atuante na defesa dos diretores de suas categorias profi ssionais. A média salarial na indústria era e ainda é bem maior em São Paulo, particularmente na capital e arredores, que no restante do país, em especial no Nordeste e na Amazônia. São Paulo tem 40,8% do pessoal ocupado na indús- tria de transformação, mas paga 53,8% dos salários totais desse setor no país. Ocorreu também maior atração de outras cidades e estados, cujos governos (estaduais ou municipais) promoveram incen- tivos variados para atrair empresas: terrenos baratos ou doados pelas prefeituras, isenção de alguns impostos durante vários anos, instalações elétricas e de água, asfalto. Dessa forma, esse maior crescimento industrial em algumas áreas ou regiões contou com grande ajuda estatal, tanto do governo federal (por meio de ór- gãos como a Superintendência para o Desenvolvimento do Nor- deste (SUDENE) ou a Superintendência para o Desenvolvimen- to da Amazônica (SUDAM) e de incentivos fi scais para atrair investimentos em determinadas áreas) quanto daqueles governos estaduais e municipais. Por fi m, outro fator que contribuiu para essa relativa des- concentração industrial no espaço brasileiro foi a grave crise econômica, e em particular da indústria, que o país atravessou de 1980 até por volta de 1999. Nesse período, a atividade in- dustrial do Brasil como um todo praticamente não cresceu (al- guns setores até regrediram, principalmente entre 1980 e 1985) e, pelo menos até 1991, houve pouca modernização. Essa crise, como não podia deixar de ser, foi bem mais intensa em São Paulo, exatamente por ele ter, até os anos 1980, mais da metade da atividade industrial do país. As poucas indústrias que surgi- ram ou se expandiram nesse período preferiram outras áreas ou estados. Com isso, houve decréscimo relativo da participação de São Paulo (e também do Centro-Sul do país) no volume total da produção industrial brasileira. Principais tipos de indústrias do Brasil A atividade industrial no Brasil sempre foi marcada pelo pre- domínio das indústrias leves ou de bens de consumo, especial- mente a alimentícia e a têxtil, as mais tradicionais. A têxtil só foi ultrapassada por outras indústrias (químicas, metalúrgicas e mate- rial de transporte) na década de 70 a alimentícia na década de 80. Principais setores da indústria brasileira Indústria alimentícia O ramo de indústrias alimentícias compreende as indústrias de farinhas, massas, laticínios, conservas (frutas, peixes, sucos), carne, óleos e gordura, bebidas, açúcar etc. Considerada indústria de 1ª necessidade, a indústria alimen- tícia, junto com a indústria têxtil, está entre as primeiras criadas no Brasil. A região sudeste apresenta a maior concentração de estabele- cimento alimentícios, o maior valor de produção e o maior total de mão-de-obra ocupada da indústria alimentícia. As maiores concentrações de indústrias alimentares encon- tram-se nas principais áreas metropolitanas do Brasil, tais como: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salva- dor, Recife e Fortaleza. Indústria Têxtil A indústria têxtil, instalada no Brasil na Segunda metade do século XIX, é também um setor da 1ª necessidade. O seu cresci- mento está também relacionado com o crescimento da população e consequente expansão do mercado consumidor. É o setor que apresenta em toda a sua história um dos maiores níveis de absorção de mão-de-obra no conjunto das indústrias de transformação. Na indústria têxtil predominam em número os estabeleci- mentos de pequeno e de médio porte. A maior concentração do setor ocorre no Estado de São Paulo. Indústria Siderúrgica A indústria siderúrgica Belgo-Mineira em Sabará, transferida posteriormente para Monlevade. As condições naturais do Brasil e a riqueza em ferro e manga- nês vão permitir o desenvolvimento da siderurgia, notadamente em Minas Gerais. No entanto, várias causas retardaram a implan- tação da indústria siderúrgica no Brasil, Tais como: • falta de capital, • falta de mão-de-obra qualifi cada, • falta de carvão em condições favoráveis à siderurgia, • falta de indústrias subsidiárias capazes de consumir os produtos siderúrgicos, • defi ciência nos transportes. A primeira indústria siderúrgica de grande porte foi criada em 1942 – Companhia Siderúrgica Nacional, construída em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, tida como marco de instalação da indústria no Brasil. Apostilas UECEVEST mod4.indb 79 03/04/2011 19:18:54 GEOGRAFIA 80 UECEVEST Principais usinas siderúrgicas Minas Gerais: • USIMINAS – Aços Especiais Itabira – Itabira. • ACESITA – Aços Especiais Itabira – Itabira. • Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira – Monlevade. • Companhia Siderúrgica Monnesman – Belo Horizonte. No Rio de Janeiro: • CSN – Companhia Siderúrgica Nacional – Volta Redonda. • Companhia Siderúrgica de Barra Mansa. • COSIGUA – Companhia de Guanabara – Rio de Janeiro (ex- Guanabara). Em São Paulo • COSIPA – Companhia Siderúrgica Paulista– Piaçaguera. • Aços Vilares – São Caetano. • COSIM – Companhia Siderúrgica de Mogi das Cruzes. Indústria automobilísticas A Indústrias Siderúrgica automobilística foi implantada no Brasil na Segunda metade da década de 1950, durante o governo de Juscelino Kubitschek. Assim, em 1956, foi instalada a 1ª indústria automobilística do Brasil, a Vemag, e, em 1958 foi instalada a Volkswagem do Brasil. Instaladas as primeiras indústrias automobilísticas, expande- se o setor de autopeças com a criação ou desenvolvimento de indústrias subsidiárias, tais como: • indústria de artefatos de couro, • indústria de vidros, • metalurgia leve, • indústria de artefatos de borracha. Observa-se que a instalação da indústria automobilística na década de 50 representou uma grande ampliação e diversifi cação do parque industrial brasileiro. A indústria automobilística está concentrada em São Paulo na região do ABC. Os fatores que condicionaram a sua instalação nessa área fo- ram: • concentração de São Paulo da indústria de auto peças • maior concentração de mão-de-obra, • proximidade da siderúrgica Cosipa (Cubatão) e do porto de Santos, • maior potência de energia elétrica instalada, • e existência de indústrias de montagem de veículos já instaladas nessa área. Construção Naval O primeiro estaleiro de grandes proporções foi instalado no Brasil em Ponta D’Areia, em Niterói, pelo Barão de Mauá em meados do século XIX. Em 1967, com a criação da SUNAMAM – Superintendência Nacional da Marinha Mercante - a atividade dos estaleiros vai ser intensifi cada através do planejamento e incentivo desse órgão. A SUNAMAM conta com fi nanciamento do BNDE para o desenvolvimento do processo de substituição de embarcações fre- tadas no transporte marítimo nacional. A concentração da indústria de construção naval dá-se no Rio de Janeiro. E X E R C í C I O 01. (URCA) Considere os três fenômenos sócioespaciais surgidos nos século XVII e XVIII: I. Aparecimento da relação de trabalho assalariado. II. Concentração de uma grande massa de desempregados nas cidades. III. Desenvolvimento do comércio colonial, com a divisão internacional do trabalho entre as metrópoles e as colônias. Podemos concluir corretamente que estes fenômenos foram im- portantes condições para a(o): a) eclosão da Revolução Industrial e a formação de novos espaços produtivos. b) Maior domínio do capital comercial. c) Fortalecimento da sociedade feudal. d) Restrição da expansão colonial, detendo-se os capitais no progresso técnico da Europa. e) Fortalecimento da atividade manufatureira europeia e americana. 02. “Os países subdesenvolvidos possuem uma industrialização re- duzida. Destacando-se em valor de produção e fonte de emprego, principalmente a indústria de bens de consumo.” Como exemplo da atividade industrial a que se refere o texto, pode-se citar a: a) indústria petrolífera. b) indústria metalúrgica. c) indústria de alimentos. d) Indústria extrativa mineral. 03. (UECE) Com a Terceiro Revolução Industrial, a nova divi- são do trabalho estabelece uma classifi cação dos países segundo o domínio de cada um sobre: a) as matérias-primas b) as indústrias de bens duráveis. c) As fontes de energia. d) O conhecimento técnico-científi co. 04. (UECE) Com o crescimento econômico de muitos países subdesenvolvidos, houve um intenso processo de modernização, desde o segundo pós-guerra, muito marcado: a) por regular aumento da população urbana, embora sem formar metrópoles. b) Pela industrialização e aumento percentual dos empregados nos setores secundário e terciário da economia. c) Por elevação dos índices de analfabetismo e das taxas de natalidade e mortalidade. d) Pela manutenção de comportamento tradicional, reforçando as aspirações mais modestas da sociedade. 05. (URCA) Com referência à industrialização brasileira, é cor- reto afi rmar que: a) a desconcentração das indústria paulistas proporcionou o surgimento da enclave industrial da Região Norte. b) O desenvolvimento industrial da Região Metropolitana de Belo Horizonte está estreitamente ligada à acumulação de capital dos mineradores. c) A expansão industrial do Sul se apoiou fortemente nos incentivos fi scais. d) A indústria moderna no Nordeste é produto do planejamento governamental. e) As áreas industriais de alta tecnologia se concentram nas cidades portuárias, favoráveis a exportação. 06. (URCA) Sobre o processo de industrialização do Brasil é cor- reto afi rmar: Apostilas UECEVEST mod4.indb 80 03/04/2011 19:18:55 81 UECEVEST GEOGRAFIA a) O Brasil começou a industrializar-se no momento em que o capitalismo já estava em sua fase monopolista. b) Houve uma passagem do artesanato para a manufatura e desta para indústria moderna. c) Um constante acúmulo de capitais e desconhecimentos técnicos possibilitou a passagem do artesanato à indústria moderna. d) A tecnologia e parte dos capitais criados internamente favoreceram a evolução do artesanato à indústria. e) Houve um desenvolvimento equilibrado entre as indústrias de base e as de consumo. 07. (UECE) Considerando a estrutura industrial brasileira no que se refere à origem do capital, é correto afi rmar que: a) desde a origem da industrialização brasileira, a indústria de capital privado nacional sempre foi, numericamente, superior às demais. b) Na atualidade, as indústrias de capital privado nacional são setor forte e predominante no sistema econômico. c) Somente após 1964, as empresas estatais passaram a uma fase de enfraquecimento. d) As multinacionais, com sede no setor no exterior, começaram a penetrar mais intensamente no Brasil, após a Segunda Guerra Mundial. 08. (UNIFOR) Principalmente a partir da década de 50, processo de “multinacionalização” ampliou sua velocidade, e mesmo países que apresentam menor nível de atividade econômica passaram a receber instalações de fi liais de grandes empresas. Esse processo: a) tende a aumentar a participação de um número crescente de países, tanto na produção industrial quanto no comércio internacional resultando em melhoria generalizada nas condições sociais. b) Amplia a produção de bens para atender aos mercados, mas reduz consideravelmente o poder decisório do capital fi nanceiro. c) Reforça cada vez mais as fronteiras nacionais por meio de mecanismos protecionistas implantados para atender aos interesses dos grandes grupos. d) Promove a nítida separação entre os interesses dos Estados, vinculados à melhoria das condições de vida da população e os interesses dos grandes grupos que objetivaram a acumulação. e) Permite a multiplicação dos centros de pesquisa científi ca pelas várias partes do mundo, como forma de garantir autonomia de produção às fi liais das empresas multinacionais. 09. (URCA) Sobre o espaço industrial, é verdadeira a caracterís- tica da opção: a) A paisagem industrial ocupa espaços muito amplos e extensos. b) O espaço industrial tem um duplo aspecto: é concentrador, mas é universal. c) A indústria é muito dependente das estações, tornando sazonal sua produção. d) O tempo da indústria é continuo; com um ritmo sazonal, é um tempo natural. e) A paisagem industrial é muito difusa, espalhadas em todos os países. 10 (URCA) Identifi que a ou as características(s) marcante(s) da atividade do Brasil na década de 1970: I. Hegemonia do capital privado nacional. II. Crescente participação do Estado na economia industrial. III. Inauguração do processo de substituição de importações de manufaturados. IV. Acentuada internacionalização da manufatura. a) I e II d) I e IV b) I e III e) II e III c) II e IV 11. (UNIFOR) “A década de ______ representa um marco para o processo de industrialização brasileira através da criação da PETROBRÁS, do aumento da população urbana e na segunda metade da década a abertura de incentivos, por parte do Governo Federal, para a vinda de capitais internacionais, sobretudo para industria automobilística.” Esta sucintamente retratada notexto a década de: a) 40 d) 70 b) 50 e) 80 c) 60 G A B A R I T O 01. a 02. c 03. d 04. b 05. c 06. a 07. d 08. d 09. b 10. c 11. b FONTES DE ENERGIA Energia é a capacidade de produzir trabalho. Na história, a descoberta de novas fontes energéticas e o aumento do consu- mo de energia sempre acompanharam a ampliação da capacidade produtiva das sociedades. O aumento do consumo e a diversifi cação das fontes respon- deram às mudanças das necessidades sociais. O homem primitivo limitava o seu consumo energético às necessidades postas pelo preparo dos alimentos. Mais tarde, necessidades vinculadas ao conforto doméstico e à produção, agrícola ou industrial, passa- ram a predominar. Há quase dois séculos as necessidades energéticas foram am- pliadas pela evolução das técnicas de produção e de transportes. O homem do século XIX consumia quase quarenta vezes a ener- gia despendida pelo homem primitivo. O homem atual consome mais de três vezes a energia despendida no tempo da Revolução Industrial. Essa explosão do consumo energético é um fenômeno característico dos países desenvolvidos. O caso norte-americano ilustra a evolução da estrutura ener- gética dos países desenvolvidos. Até a Revolução Industrial, a le- nha era, a principal fonte de energia. O carvão assumiu a lideran- ça no fi nal do século XIX, quando as fábricas se multiplicavam e a economia moderna se instalava no país. O petróleo e o gás natural dominam no século XX, época da emergência da indús- tria automobilística. A década de 1970 assistiu ao inicio do crescimento acelerado da energia nuclear. O consumo de energia per capita triplicou desde meados do século XIX. O aumento da demanda explica a incorporação de novos recursos energéticos, que se agregam su- cessivamente aos que já existiam. Os recursos energéticos Atualmente, os recursos energéticos mais utilizados no mun- do são o carvão, o petróleo, a água e o átomo; juntos, eles corres- pondem a mais de 90% da oferta mundial de energia. A utiliza- ção de qualquer um deles acerreta danos ambientais: o petróleo e o carvão, além de extremamente poluentes, contribuem para o aquecimento do planeta; as usinas hidrelétricas exigem a inun- dação de vastas áreas, o que pode ser bastante grave em regiões fl orestadas; a energia nuclear, além do risco de acidentes, gera resíduos com grande poder de contaminação. Apostilas UECEVEST mod4.indb 81 03/04/2011 19:18:56 GEOGRAFIA 82 UECEVEST Certas correntes de pensamento ambienta lista sustentam que despoluir o planeta implica diminuir a utilização desses recursos ou, pelo menos, mantê-la em níveis próximos aos atuais. E os níveis atuais praticamente excluem grande parte da humanidade do acesso a níveis mínimos de conforto e qualidade de vida. Uma alternativa a esse tipo de política consiste no desenvolvimento e difusão de tecnologias mais eficientes de produção e transmissão de energia reduzindo os desperdícios. Os combustíveis fósseis O carvão mineral O carvão é um hidrocarboneto formado pela decomposi- ção de restos vegetais que sofreram um lento processo de soli- dificação. Milhões de anos foram necessários para que ele fosse constituído. A transformação da matéria vegetal em carvão só se completa em ambientes propícios. É necessário que haja pouca oxigenação, pois isso dificulta a ação as bactérias aeróbias, impe- dindo a decomposição total dos vegetais. Nos ambientes tropi- cais, a vegetação é mais exuberante, porém a maior quantidade de oxigênio disponível faz com que a ação bacteriana decomponha os restos vegetais antes da sua carbonização. As maiores reservas carboníferas do globo estão localizadas nas zonas temperadas. O carvão é usado como fonte de energia em usinas termelé- tricas, além de ser matéria-prima básica na siderurgia. Foi o com- bustível essencial da Revolução Industrial. no século XIX. A sua importância declinou com o início do uso intensivo de petróleo, no século XX. A China. os Estados Unidos e a Rússia são res- ponsáveis por. aproximadamente, 60% da produção mundial de carvão. No hemisfério Sul, apenas a Austrália e a África do Sul encontram-se entre os grandes produtores. Os grandes importadores de carvão concentram-se predo- minantemente na Europa Ocidental. A intensa industrialização da área e a escassez de outras fontes energéticas determinam tal dependência externa. Contudo, o maior importador individual é o Japão. A formação geológica relativamente recente da maior parte do seu território determina a existência de escassas reservas carboníferas. O intenso desenvolvimento econômico impele o consumo energético. O carvão pode ser vegetal ou mineral O carvão vegetal é elaborado a partir da madeira queimada! O carvão mineral é uma rocha,portanto,trata-se de florestas que foram soterradas em períodos geológicos,como Paleozóico e Mesozóico, e depois de milhares de anos, os tronco dessas árvo- res, tornarem-se carvão mineral! Existem diferentes tipos de carvão, alguns de melhor quali- dade como fonte de energia (os que têm maior percentagem de carbono) e outros de poder calorífero inferior. A turfa é o que possui menor teor de carbono; a seguir vem a lignite, depois a hulha, que é o tipo mais abundante e mais consumido no mundo (por volta de 80% do total), e por fim a antracite, o mais puro (95% de carbono) mas também o mais raro, representando apenas cerca de 5% do consumo mundial. O petróleo O petróleo é um hidrocarboneto que se apresenta sob a for- ma fluida, formado por restos vegetais e animais em ambiente marinho. Os restos dos animais e dos vegetais microscópicos (plâncton) que vivem na superfície são depositados junto com lama e areia no fundo do mar. Para que tenha início o processo de formação do petróleo é necessário que haja pouca circulação e oxigenação no fundo das águas, de forma a impedir a ação des- truidora das bactérias aeróbias Mares interiores, baías fechadas e golfos são os ambientes mais propícios à formação do petróleo. Apesar, de sua origem marinha, imensas reservas, petrolíferas se localizam nos continentes. Isso acontece porque muitas regi- ões, originalmente marinhas, foram soerguidas através de pro- cessos tectônicos. O petróleo então migra através dos poros das rochas até encontrar uma “armadilha” que o prenda, uma cama- da de rochas impermeáveis, por exemplo. A rocha geradora (na qual o petróleo se formou) pode estar a centenas de quilômetros da rocha armazenadora. Os combustíveis fósseis são fontes energéticas finitas e não- renováveis. A sua constituição demandou processos geológicos demorados. As grandes bacias de hulha datam do final da Era Pale- ozóica, enquanto as reservas petrolíferas mais significativas forma- ram-se na Era Mesozóica e no Período Terciário da Era Cenozóica. Fontes Alternativas de Energia No Brasil a maior quantidade de energia elétrica produzida provém de usinas hidrelétricas (cerca de 95%). Em regiões rurais e mais distantes das hidrelétricas centrais, têm-se utilizado ener- gia produzida em usinas termoelétricas e em pequena escala, a energia elétrica gerada da energia eólica. Neste artigo vamos dar uma visão geral das fontes alternativas de energia elétrica: hídrica, térmica, nuclear, geotérmica, eólica, marés e fotovoltaica. Energia hídrica Nas usinas hidrelétricas, a energia elétrica tem como fonte principal a energia proveniente da queda de água represada a uma certa altura. A energia potencial que a água tem na parte alta da represa é transformada em energia cinética, que faz com que as pás da turbina girem, acionando o eixo do gerador, produzindo energia elétrica. Utiliza-se a energia hídrica no Brasil em grande escala, devido aos grandes mananciais de água existentes. Atualmente estão sendo discutidas fontes alternativas para a produção de energia elétrica, pois a falta de chuvas está causando um grande déficit na oferta de energia elétrica. A maior usina hidrelétrica do Brasil é a de Itaipu (Foz de Iguaçu) que tem capacidade de 12600MW . Nas usinas termoelétricas a energia elétrica é obtida pela quei- ma de combustíveis, como carvão, óleo, derivados do petróleo e, atualmente, também a cana de açúcar (biomassa). A produção de energia elétrica é realizada através da queima do combustível que aquece a água, transformando-a em vapor. Este vapor é conduzido a alta pressão por uma tubulação e faz girar as pás da turbina, cujo eixo está acoplado ao gerador. Em seguida o vapor é resfriado retornando ao estado líquido e a água é reaproveitada, para novamente ser vaporizada. Vários cuidados precisam ser tomados tais como: os gases provenientes da queima do combustível devem ser filtrados, evi- tando a poluição da atmosfera local; a água aquecida precisa ser resfriada ao ser devolvida para os rios porque várias espécies aquá- ticas não resistem a altas temperaturas. No Brasil esse é o segundo tipo de fonte de energia elétrica que está sendo utilizado, e agora, com a crise que estamos viven- do, é a que mais tende a se expandir. Energia nuclear Esse tipo de energia é obtido a partir da fissão do núcleo do átomo de urânio enriquecido, liberando uma grande quantidade de energia. Energia Nuclear, eficaz, mas perigosa A energia Nuclear, que pode também ser chamada de energia atômica, é a energia que fica dentro do núcleo do átomo, que pode acontecer pela ruptura ou pela fissão do átomo. Como a energia atômica não emite gases ela é considerada uma energia limpa, mas tem um lado ruim, gera lixo atômico, ou resíduos radioativos que são muitos perigosos aos seres humanos, pois causam mortes e doenças. Apostilas UECEVEST mod4.indb 82 03/04/2011 19:18:56 83 UECEVEST GEOGRAFIA Por isso, quando produzem a energia nuclear, é preciso um desenvolvimento muito seguro, que isolem o material radioativo durante um bom tempo. Nas usinas atômicas, que também podem ser chamadas de termonucleares, em vez de ser usada a queima de combustíveis, a energia nuclear gera um vapor, que sob pressão, faz girar turbinas que acionam geradores elétricos. A energia atômica é usada em muitos países e veja a porcen- tagem de cada um: EUA, 30,7%; França, 15,5%;Japão, 12,5%; Alemanha, 6,7%; Federação Russa, 4,8%. No Brasil, apesar de usar muito a energia Hidráulica, a energia nuclear também tem uma pequena porcentagem de 2,6%. Urânio enriquecido - o que é isto? Sabemos que o átomo é constituído de um núcleo onde estão situados dois tipos de partículas: os prótons que possuem cargas positivas e os nêutrons que não possuem carga. Em torno do núcleo, há uma região denominada eletrosfera, onde se encontram os elétrons que têm cargas negativas. Átomos do mesmo elemento químico, que possuem o mesmo número de prótons e diferentes número de nêutrons são chamados isótopos. O urânio possui dois isótopos: 235U e 238U. O 235U é o único capaz de sofrer fi ssão. Na natureza só é possível encontrar 0,7 % deste tipo de isótropo. Para ser usado como combustível em uma usina, é necessário enriquecer o urânio natural. Um dos métodos é “fi ltrar” o urânio através de membranas muito fi nas. O 235U é mais leve e atravessa a membrana primeiro do que o 238U. Esta operação tem que ser repetida várias vezes e é um processo muito caro e complexo. Poucos países possuem esta tecnologia para escala industrial. Diagrama do reator de uma Usina Nuclear O urânio é colocado em cilindros metálicos no núcleo do reator que é constituído de um material moderador (geralmente grafi te) para diminuir a velocidade dos nêutrons emitidos pelo urânio em desintegração, permitindo as reações em cadeia. O res- friamento do reator do núcleo é realizado através de líquido ou de gás que circula através de tubos, pelo seu interior. Este calor retirado é transferido para uma segunda tubulação onde circula água. Por aquecimento, essa água se transforma em vapor (a tem- peratura chega a 320ºC) que vai movimentar as pás das turbinas que movimentarão o gerador, produzindo eletricidade. Depois este vapor é liquefeito e reconduzido para a tubula- ção, onde é novamente aquecido e vaporizado. No Brasil, está funcionando a Usina Nuclear Angra 2 sendo que a produção de energia elétrica é de tão pequena quantidade que não dá para abastecer toda a cidade do Rio de Janeiro. No âmbito governamental está em discussão a construção da Usina Nuclear Angra 3 por causa do défi cit de energia no país. Os Estados Unidos da América lideram a produção de ener- gia nuclear, e nos países França, Suécia, Finlândia e Bélgica 50 % da energia elétrica consumida, provém de usinas nucleares. Energia geotérmica Energia geotérmica é a energia produzida de rochas derretidas no subsolo (magma) que aquecem a água no subsolo. Na Islândia, que é um país localizado muito ao Norte, pró- ximo do Círculo Polar Ártico, com vulcanismo intenso, onde a água quente e o vapor afl oram à superfície (gêiseres) ou se en- contram em pequena profundidade, tem uma grande quantidade de energia geotérmica aproveitável e a energia elétrica é gerada a partir desta. As usinas elétricas aproveitam essa energia para produzir água quente e vapor. O vapor aciona as turbinas que geram quase 3.000.000 joules de energia elétrica por segundo, e a água quente percorre tubulações até chegar às casas. Nos Estados Unidos da América, há usinas desse tipo na Ca- lifórnia e em Nevada. Em El Salvador, 30% da energia elétrica consumida provém da energia geotérmica. O fato de só existir essa energia perto de vulcões, muito poucos países geram essa energia, e esses paises são: Nicarágua, Quênia, El salvador, Mé- xico, Chile, Japão, e França. Sendo assim o uso desse tipo de energia é de difícil utilização na maioria dos países. Energia eólica Os moinhos de ventos são velhos conhecidos nossos e usam a energia dos ventos, isto é, eólica, não para gerar eletricidade, mas para realizar trabalho, como bombear água e moer grãos. Na Pérsia, no século V, já eram utilizados moinhos de vento para bombear água para irrigação. A energia eólica é produzida pela transformação da energia cinética dos ventos em energia elétrica. A conversão de energia é realizada através de um aerogerador que consiste num gerador elétrico acoplado a um eixo que gira através da incidência do vento nas pás da turbina. A turbina eólica horizontal (a vertical não é mais usada), é for- mada essencialmente por um conjunto de duas ou três pás, com perfi s aerodinâmicos efi cientes, impulsionadas por forças predo- minantemente de sustentação, acionando geradores que operam a velocidade variável, para garantir uma alta efi ciência de conversão. Apostilas UECEVEST mod4.indb 83 03/04/2011 19:18:56 GEOGRAFIA 84 UECEVEST A instalação de turbinas eólicas tem interesse em locais em que a velocidade média anual dos ventos seja superior a 3,6 m/s. Existem atualmente, mais de 20.000 turbinas eólicas de gran- de porte em operação no mundo (principalmente no Estados Unidos). Na Europa, espera-se gerar 10 % da energia elétrica a partir da eólica, até o ano de 2030. O Brasil produz e exporta equipamentos para usinas eólicas, mas elas ainda são pouco usadas. Aqui se destacam as Usinas do Camelinho (1MW, em MG), de Mucuripe (1,2MW) e da Prainha (10MW) no Ceará, e a de Fernando de Noronha em Pernambuco. Energia das marés A energia das marés é obtida de modo semelhante ao da energia hidrelétrica. Constrói-se uma barragem, formando-se um reservatório junto ao mar. Quando a maré é alta, a água enche o reservatório, passando através da turbina e produzindo energia elétrica e, na maré baixa, o reservatório é esvaziado e a água que sai do reserva- tório passa novamente através da turbina, em sentido contrário, produzindo energia elétrica. Este tipo de fonte é também usado no Japão e Inglaterra. No Brasil temos grande amplitude de marés, por exemplo, em São Luís, na Baia de São Marcos (6,8m), mas a topografia do litoral inviabiliza economicamente a construção de reservatórios. Caixa de concreto poronde, no sobe e desce das marés, passa a água do mar cuja energia é aproveitada na geração de eletricidade. Energia fotovoltaica A energia fotovoltaica é fornecida de painéis que contêm cé- lulas fotovoltaicas ou solares que, sob a incidência do sol, geram energia elétrica. A energia gerada pelos painéis é armazenada em bancos de bateria, para que seja usada em período de baixa radia- ção e durante a noite. A conversão direta de energia solar em energia elétrica é rea- lizada nas células solares através do efeito fotovoltaico, que con- siste na geração de uma diferença de potencial elétrico através da radiação. O efeito fotovoltaico ocorre quando fótons (energia que o sol carrega) incidem sobre átomos (no caso átomos de silício), provocando a emissão de elétrons, gerando corrente elétrica. Esse processo não depende da quantidade de calor, pelo contrário, o rendimento da célula solar cai quando sua temperatura aumenta. O uso de painéis fotovoltaicos para conversão de energia solar em elétrica é viável para pequenas instalações, em regiões remotas ou de difícil acesso. É muito utilizada para a alimentação de dis- positivos eletrônicos existentes em foguetes, satélites e astronaves. O sistema de cogeração fotovoltaica também é uma solução; uma fonte de energia fotovoltaica é conectada em paralelo com uma fonte local de eletricidade. Este sistema de cogeração voltai- ca está sendo implantado na Holanda em um complexo residen- cial de 5000 casas, sendo de 1 MW a capacidade de geração de energia fotovoltaica. Os Estados Unidos, Japão e Alemanha têm indicativos em promover a utilização de energia fotovoltaica em centros urbanos. Na Cidade Universitária – USP – São Paulo, há um prédio que utiliza este tipo de fonte de energia elétrica. No Brasil já é usado, em uma escala significativa, o coletor solar que utiliza a energia solar para aquecer a água e não para gerar energia elétrica. Fonte: fisica.cdcc.sc.usp.br Uma meta para o futuro Na maioria dos países do mundo, o modelo energético, é ba- seado no consumo de combustíveis fósseis, ou seja, petróleo, gás natural e carvão. O principal problema desse modelo é que os recursos não são renováveis, além de ocasionarem muitos danos ao meio ambien- te, como a poluição atmosférica, causadora do efeito estufa. A dependência de consumo de combustíveis fósseis para a produção de energia certamente afeta a vida na terra e com- promete a qualidade ambiental, e continuará sendo desse jeito. Sendo assim, é necessário que o trabalho científico e tecnológico do mundo atual sejam dirigidos para produzir outros tipos de energia (que sejam menos poluidoras e que causem menos im- pactos ambientais, diferente do petróleo), as chamadas energias alternativas. No Brasil (diferentemente da maioria dos países), a produ- ção de energia é feita principalmente através de hidrelétricas, ou seja, de energia hidráulica, pois o país dispõe de grandes bacias hidrográficas. A energia produzida através de hidrelétricas é con- siderada limpa e renovável, ao contrário daquelas derivadas dos combustíveis de petróleo. Sabendo do que foi falado nos parágrafos acima, Quais são os diferentes tipos de energia? Como funcionam? Qual é a próxima fonte de energia quando se acabar o petróleo? Qual é a grande luta para existirem as energias alternativas? A energia alternativa (ao petróleo) é uma forma de produzir energia elétrica, causando menos problemas à sociedade atual, ao meio ambiente e, menos poluição. Os principais tipos de energia alternativa que existem, são: Energia Solar: Abundante, mas cara A energia solar, é uma energia abundante, porém é muito difícil de usá-la diretamente. Ela é limpa e renovável, e existem três maneiras de fazer o seu uso: Células fotovoltáicas, que são consideradas as que mais pro- metem da energia solar. A luz solar é diretamente transformada em energia, através de placas que viram baterias. Os captadores planos, ou, coletores térmicos, que, num lugar fechado, aquecem a água, que com pressão do vapor, movem turbinas ligadas aos geradores. Também chamados de captadores de energia, os espelhos côncavos refletores, mantém a energia do sol que aquecem a água com mais de 100° C em tubos, que com a pressão, movimentam turbinas ligadas ao gerador. O único e pequeno problema dos espelhos côncavos, é que eles têm que acompanhar diretamente os raios do sol, para fazer um aproveitamento melhor. Como à noite e em dias chuvosos não tem sol, a desvantagem da energia solar, é que nesses casos ela não pode ser aproveitada, por isso que é melhor produzir energia solar em lugares secos e ensolarados. Um exemplo do aproveitamento dessa energia, é em Freiburg, no sudeste da Alemanha. A chamada “cidade do sol”, lá existe o bairro que foi o primeiro a possuir casas abastecidas com energia solar. As casas são construídas com um isolamento térmico para Apostilas UECEVEST mod4.indb 84 03/04/2011 19:18:57 85 UECEVEST GEOGRAFIA a energia ser “guardada” dentro. Quando as casas são abastecidas com mais energia do que necessário, os donos vendem o restante de energia para companhias de eletricidade da região. Na cidade , há casas que giram de acordo com o movimento do sol. A igreja e o estádio de futebol, são abastecidos com ener- gia solar. Com o uso de energia solar, a cidade já deixou de usar mais de 200 toneladas de gás carbônico por ano. Energia Eólica: limpa, mas demorada É a energia mais limpa que existe. A chamada energia eólica, que também pode ser denominada de energia dos ventos, é uma energia de fonte renovável e limpa, porque não se acaba (é pos- sível utilizá-la mais que uma vez), e porque não polui nada. O vento (fonte da energia eólica), faz girar hélices que movimen- tam turbinas, que produzem energia. O único lado ruim que a energia eólica possui é que como depende do vento, que é um fenômeno natural, ele faz interrupções temporárias, a maioria dos lugares não tem vento o tempo todo, e não é toda hora que se produz energia. O outro lado ruim, é que o vento não é tão forte como outras fontes, fazendo o processo de produção fi car mais lento. Não são muitos os lugares que existem condições favoráveis ao aproveitamento da energia eólica, ou seja, não é todo lugar que apresentam ventos constantes e intensos. Os lugares que tem as melhores condições para atividade, são: norte da Europa, norte da África e a costa oeste dos Estados Unidos. Na maioria dos casos, essa forma de energia é usada para complementar as usinas hidroelétricas e termoelétricas. Um exemplo para mostrar como a energia dos ventos é eco- nômica, é que no Estado da Califórnia, que com o aproveita- mento dessa energia, economizou mais de 10 milhões de barris de petróleo. Energia da Biomassa: uma energia vegetal Para produzir a energia da biomassa, é preciso um grande percurso. Um exemplo da biomassa, é a lenha que se queima nas lareiras. Mas hoje, quando se fala em energia biomassa, quer dizer que estão falando de etanol, biogás, e biodiesel, esses com- bustíveis, que tem uma queima tão fácil, como a gasolina e outros derivados do petróleo, mas a energia da biomassa, é derivada de plantas cultivadas, portanto, são mais ecológicas. Para ter uma ideia de como a energia da biomassa é efi ciente, o etanol, extraído do milho, é usado junto com a gasolina nos Estados Unidos; e também, é produzido da cana de açúcar, o etanol responde metade dos combustíveis de carro produzido no Brasil. Em vários países, mas principalmente nos Estados Uni- dos, o biodiesel de origem vegetal é usado junto ou puro ao óleo diesel comum. Segundo o diretor do centro nacional de bioener- gia: “Os biocombustíveis são a opção mais fácil de ampliar-se o atual leque de combustíveis” O único problema da biomassa é que por causa da fotossín- tese (o processo pela qual as plantas captam energia solar) é bem menos efi ciente por metro quadrado do que os painéis solares, por causa desse problema, é que para ter umaboa quantidade de captação de energia por meio de plantas, é preciso uma quantida- de de terra bem mais extensa. Estima-se de que, para movimentar todos os meios de transportes do planeta só usando biocombus- tíveis, as terras usadas para agricultura teriam que ser duas vezes maiores do que já são. Para ser mais efi caz, deixando mais rápidas as colheitas, e deixando ser mais captadores de energia, cientistas estão fazendo pesquisas. Atualmente, os combustíveis extraídos da biomassa são vegetais, como o amido, o açúcar, e óleos, mas alguns cientistas, estão tentando deixar esses combustíveis líquidos. Outros estão visando às safras que gerem melhores combustíveis. E esse é o grande problema da energia da biomassa, mas para Michel Pacheco, “Estamos diante de muitas opções, e cada uma tem por trás um grupo de interesse. Para ser bastante sincero, um dos maiores problemas com a biomassa é o fato de existirem tantas alternativas“ Energia térmica dos oceanos Graças à diferença de temperatura das águas profundas e das águas que fi cam na superfície, a água marinha pode ser usada para fazer um armazenamento de energia solar, e geradora de energia elétrica. Em usinas que fazem esse “sistema”, a diferença de tempe- ratura faz um movimento em tubos circulares. Isso ocorre em lugares fechados, conectados a turbinas que estão ligadas em ge- radores, produzindo energia elétrica. Uma vantagem dessa ener- gia é que elas são renováveis, e uma desvantagem é que o custo é muito alto. O primeiro lugar que fi zeram o uso desse tipo de energia, foi nos Estados Unidos em 1979, e estão produzindo energia, até hoje. Pesquisas revelam, através de estimativas, que de toda a ener- gia gerada no planeta, 80% são de combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão e o gás natural. Nos próximos 100 anos, uma coisa que é muito provável, é que com o aumento da população, paralelamente, aumentará o uso de combustíveis fósseis. E uma coisa que não é nada provável, é que essa grande população (que na época estará maior) faça o uso de energia alternativa. Para o professor de engenharia, Martin Hoff er, o esforço de fazer as pes- soas deixarem de usar o petróleo, e começarem a usar energia alternativa, é maior do que acabar com terrorismo: “O terrorismo não ameaça viabilidade do nosso modo de vida baseado nos avan- ços tecnológicos, mas a energia, é um fator crucial”. Um exemplo de como existem energias alternativas que “adiantam” e são “eco- lógicas”, é que se se nos trocássemos uma lâmpada incandescente por uma fl uorescente, nos estaríamos economizando 225 quilos de carvão, alem de deixar de causar poluição. Os grandes problemas que parte da sociedade luta para ter a energia alternativa são os políticos e as empresas transnacionais (como a Shell, Texaco, Esso, etc.). Como a nossa sociedade é capitalista, grande parte dela não se preocupa nada em relação às consequências, querendo cada vez mais construir usinas poluido- ras, só pensando no lucro. Poderíamos usar outras fontes menos poluentes, mas, por causa do capitalismo, temos um monopó- lio do uso de energias mais poluidoras. E o que Martin Hoff er levanta é que, se a sociedade capitalista não ajudar, poderemos ser condenados a depender só dos combustíveis fósseis, cada vez mais poluentes, à medida que diminuem as reservas petroleiras e de gás, com consequência catastrófi ca no planeta: “se não tive- mos uma política energética pró-ativa, acabaremos simplesmente usando o carvão, depois o xisto, e em seguida a areia de alcatrão, sempre com um retorno cada vez menor, até que nossa civilização entre em colapso. Mas tal declínio não é inevitável. Ainda temos a possibilidade de escolher.” Sabendo que futuramente aumentará o número de pessoas, aumentando junto o uso de combustíveis fósseis. Algum dia, as grandes reservas petroleiras acabarão. Então, pesquisadores traba- lham para identifi car o próximo grande combustível que abaste- cerá esse gigantesco planeta. Para alguns especialistas, “não há ne- nhuma solução milagrosa”, para outros, aqueles mais insistentes, pensam que existem energias infi nitas no espaço, mas que para fazer na prática é impossível. A vontade de carros movidos a hidrogênio, pode dar uma impressão equivocada, porque hidrogênio não é fonte de energia. Para ele se tornar útil, o processo de seu isolamento não é com- pensatório. Atualmente o único jeito de produzir energia com hidrogênio, é com combustíveis fosseis, que é um jeito poluidor de fazer, mas estão pensando em um jeito limpo de sua produção: Apostilas UECEVEST mod4.indb 85 03/04/2011 19:18:57 GEOGRAFIA 86 UECEVEST O hidrogênio seria produzido de formas de energias que não li- beram poluição (dióxido de carbono) o que precisaria de um uso grande de energia eólica, nuclear e solar. Nos Estados Unidos, uma coisa muito estudada pelo governo, é que poderíamos pro- duzir energia com hidrogênio, usando as grandes reservas de car- vão do país, mas armazenando no subsolo o dióxido de carbono. Isso que nós acabamos de ver sobre o hidrogênio é um belo exemplo de que nós, seres humanos, somos muito capazes de poder conciliar um desenvolvimento limpo, descobrindo coisas novas, e ao mesmo tempo, preservando o planeta. Energias Renováveis As energias renováveis, são formas de energia que, após terem sido utilizadas, podem ser utilizadas novamente. Estas energias são o resultado do aproveitamento de recursos naturais como o sol e o vento, ou de resíduos como restos agrí- colas ou lixo orgânico. Além de as matérias primas dessas fontes serem abundantes, utilizá-las signifi ca não esgotá-las. Estas são a energia solar, a hidroeléctrica, a eólica, a geotérmi- ca, da biomassa, das ondas, das marés, e a energia nuclear. Os recursos renováveis representam atualmente cerca de 20% do fornecimento total de energia no mundo. Energias Renováveis Vantagens Desvantagens • Podem ser consideradas inesgotáveis à escala humana • Permitem reduzir signifi camente as emissões de CO2 • Reduzem a dependência energética da nossa sociedade aos combustíveis fósseis • Conduzem à investigação em novas tecnologias que permitam melhor efi ciência energética • Algumas têm custos elevados na sua implementação, dewvido ao fraco investimento neste tipo de energia • Podem causar impactos visuais negativos no meio ambiente • Podem gerar-se algum ruído, no caso da exploração de alguns recursos energéticos renováveis E X E R C í C I O 01. (Uespi/2005) Sobre o tema “Fontes de energia”, analise as proposições abaixo. I. A duração das usinas atômicas é bem maior que a das hidroelétricas, além de, normalmente, produzirem mais eletricidade; II. Na opinião de inúmeros cientistas, a energia solar deve-se tomar uma das principais fontes de energia do século XXI, principalmente nas áreas mais quentes da superfície da Terra; III. O carvão mineral foi a fonte de energia que exerceu papel fundamental na Primeira Revolução Industrial, ocupando o segundo lugar, em importância durante o século XX; IV. A administração da atividade’ petroleira e controle dos preços e do volume da produção do petróleo, em países como: Arábia Saudita, Argélia, Catar, Emirados Árabes, Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria e Venezuela, são realizados pela Opep. Estão corretas apenas: a) I,II e III d) I, II e IV b) II e IV e) II e III c) II, III e IV 02. (EcmaI/2002) “Sem energia não é possível o desenvolvimen- to, pois sua ausência signifi ca mais que estagnação, signifi ca in- terrupção de tudo que implique transformação ou movimento.” Vidal. p.31. De acordo com o texto e os conhecimentos sobre fontes energéticas, é possível afi rmar. I. A quase totalidade de energia gerada no mundo provém de fontes renováveis, principalmente o petróleo e o carvão mineral, recursos infi nitos na natureza; II. O consumo de energia é consequência do crescimento econômico e tecnológico, o que vale dizer que os recursos energéticosestão disponíveis de maneira equilibrada no espaço, gerando pequenas disparidades entre ricos e pobres; III. A privatização do setor energético contribui para aumentar a oferta do produto, gerar empregos, baratear preços de tarifas e garantir serviços de boa qualidade, como ocorreu no Brasil; IV. A perspectiva de esgotamento das reservas de petróleo signifi ca uma crise energética mundial, em razão do modelo econômico imposto pelo capitalismo; V. O atual racionamento de energia elétrica no Brasil não afetou seu crescimento econômico, em decorrência da grande produção dos combustíveis fósseis, da construção do gasoduto boliviano e da utilização da energia nuclear de Angra dos Reis. 03. (UFPI-2004) Considerando a crise energética atual e os riscos que proporciona para a economia e a sustentabilidade ambiental do mundo, busca-se cada vez mais energias limpas. Assinale com V (Verdadeiro) o tipo de energia considerada limpa e com F (fal- so) aquele que não o for. ( ) Energia Fóssil ( ) Energia Eólica ( ) Energia Nuclear ( ) Energia Solar 04. O processo de produção de energia se dá pela queima do carvão e do petróleo, pela força das águas, pela fi ssão do átomo. As máquinas usadas nos processos acima são, respectivamente: a) usina nuclear, usina termelétrica, usina geotérmica. b) usina termelétrica, usina hidrelétrica, usina nuclear. c) usina geotérmica, usina nuclear, usina eólica. d) usina nuclear, biodigestores, usina geotérmica. e) biodigestores, usina eólica, usina geotérmica. 05. (UFRN/2003) Analise as afi rmativas a seguir referentes ao assunto “Fontes de energia”. I. O xisto. é uma “rocha energética” estratifi cada que se encontra sempre impregnada de substâncias orgânicas e inorgânicas, podendo gerar óleos; II. O carvão mineral brasileiro tem uma distribuição geográfi ca muito limitada, sendo, de certa forma, antieconômico o seu fornecimento às regiões mais longínquas; III. A maior parte dos depósitos carboníferos da América do Sul se situa numa estreita faixa que se estende do Sul da Bahia até Santa Catarina, esses depósitos aparecem em terrenos pré-cambrianos; IV. Dos diversos tipos de carvão encontrados no Brasil, a turfa é a que é mais explorada, pois possui o maior poder calorifi co; V. A indústria de extração de carvão, muitas vezes, é responsável por graves problemas ambientais, uma vez que a degradação causada por essa atividade pode atingir o solo, o ar e a água consumida pela população. Apostilas UECEVEST mod4.indb 86 03/04/2011 19:18:58 87 UECEVEST GEOGRAFIA Estão corretas: a) I e II apenas. d) I, II e V apenas. b) III e IV apenas e) I, II, III, IV e V. c) IV e V apenas. 06. (UFC/2004) Sobre as fontes de energia utilizadas pelo ho- mem, é possível afi rmar, de forma correta, que: a) entre as fontes de energia classifi cadas como renováveis, destacam-se o carvão mineral, o petróleo, o gás natural e os minerais radioativos. b) as fontes de energia modernas, de rendimento elevado, respondem por quase metade da energia consumida atualmente no mundo. c) o petróleo foi a fonte de energia básica que garantiu a Revolução Industrial. a partir da segunda metade do século XVIII. d) as fontes de energia utilizadas variaram, através dos tempos, em função do desenvolvimento cultural e técnico-científi co das sociedades. e) o uso da energia alternativa, gerada pelo álcool, pelo sol, ou ventos, é crescente, graças ao baixo custo tecnológico necessário à sua produção. 07. (UECE/2004.1) A energia é básica para a sociedade moder- na. Leia atentamente os itens abaixo. I. As chamadas modernas fontes de energia, ou seja, as mais importantes atualmente, são: o carvão, o petróleo, a água e o átomo; II. As fontes consideradas alternativas, que estão tendo um grande desenvolvimento e devem tornar-se cada vez mais importantes; são: a biomassa e os biodigestores, o sol, o calor proveniente do centro da Terra, as marés e outras; III. O carvão mineral foi a grande fonte de energia da Primeira Revolução Industrial. O petróleo foi a principal fonte de energia do século XX e continua a desempenhar esse papel; IV. Tanto o petróleo como o carvão mineral são recursos não- renováveis, isto é, que um dia se esgotarão completamente. Eles são pouco poluidores. Assinale a alternativa verdadeira. a) I e II são certas e III e IV são erradas. b) I e IV são certas e II e III são erradas. c) I, II e III são certas e IV é errada. e) I, II e IV são certas e III é errada. 08. (FFB/2003.1) São fontes de energia poluidoras e não-reno- váveis: a) petróleo, carvão mineral e urânio. b) vento, marés e hidreletricidade. c) biogás, vento e sol. d) carvão mineral, biomassa e biodigestores. e) petróleo, marés existo betuminoso. 09. (UFPI/2003) “Provavelmente, o século XXI não terá uma única fonte de energia predominante como ocorreu no século XIX com o carvão e no século XX com o petróleo. Deverão coexistir várias fontes de energia. principalmente as renováveis e pouco po- luidoras, e aquelas de origem biológica deverão conhecer maior expansão nas próximas décadas.” José William Vezentini. 2000. Considerando o que diz o texto, indique a alternativa que rela- ciona somente exemplos de fontes de energia .pouco poluidoras. a) Energia nuclear, carvão mineral e água. b) Termoelétrica, geotérmica e petróleo. c) Hidrelétrica, gás natural e hulha. d) Energia solar, diversidade biológica e vapor. e) Biomassa, energia solar e energia eólica. 10. (FFB/2003.2) Uma empresa petrolífera deseja explorar pe- tróleo no Brasil, em áreas oceânicas. Indique em qual setor do oceano haveria maiores possibilidades de encontrar petróleo, considerando as áreas atualmente exploradas. a) Ilhas oceânicas. d) Plataforma continental. b) Ilhas vulcânicas. e) Atóis marinhos. c) Fossas marinhas. 11. (UFPI/2003) A alternativa que contém somente fontes de energia não-renováveis é: a) petróleo, carvão mineral e urânio. b) petróleo, xisto betuminoso e calor do sol. c) vento, hidreletricidade e biogás. d) carvão mineral, marés e biogás. e) marés, hidreletricidade e vento. 12. (UPE/2004) As fontes de energia, são um dos principais as- suntos estudados pela Geografi a Econômica. Sobre esse assunto é correto afi rmar: a) A energia pode ser defi nida como a capacidade de realizar trabalho ou o resultado da realização de um trabalho. b) O carvão mineral, bastante utilizado na geração de energia elétrica em diversos países do mundo, é um combustível fóssil encontrado especialmente em terrenos cristalinos pré- cambrianos, como por exemplo Escudo Brasileiro. c) A turfa é, das modalidades diversas de carvão mineral, a que apresenta um maior poder calorifi co, dai o seu alto preço no mercado internacional. d) A energia cinética dos ventos pode ser convertida em energia mecânica de rotação, através de um rotor: essa modalidade de energia só é importante em ambientes secos. e) Os países possuidores de uma rede hidrográfi ca dominantemente sazonal intermitente são os que melhor se prestam à produção de energia hidroelétrica, como, por exemplo, o Brasil e o Paraguai. 13. Associe as colunas. Coluna I A) Energia solar B) Carvão mineral C) Energia humana D) Petróleo E) Energia atômica F) Hidreletricidade Coluna II ( ) Fonte de energia largamente utilizada a partir do fi nal do século passado e também empregada como matéria-prima. ( ) A mais antiga forma de energia utilizada pelo homem. ( ) Uma forma de energia ainda em fase de pesquisa e encontrada em toda a Terra. ( ) Uma forma de energia utilizada a partir da Segunda Guerra Mundial. ( ) A fonte de energia responsável pela implantação da indústria na Inglaterra durante o século XVIII. ( ) Energia responsável pelo crescimento industrial a partir do fi nal do século passado. cujo transporte é de âmbito limitado. 14. (UFRS) A prospecção de petróleo realiza-se em quase todos os países do mundo, sendo que as perfurações são realizadas, pre- ferentemente:a) nas plataformas continentais cristalinas. b) nos planaltos e depressões basálticas. c) nas planícies de rochas metamórfi cas. d) nos vales e depressões de rochas magmáticas. e) em bacias sedimentares, continentais ou marítimas. Apostilas UECEVEST mod4.indb 87 03/04/2011 19:18:58 GEOGRAFIA 88 UECEVEST G A B A R I T O 01. c 02. IV 03. FVVV 04. b 05. d 06. d 07. c 08. a 09. e 10. b 11. a 12. a 13. c 14. D,C,A,E,B,F 15. e FONTES DE ENERGIA DO BRASIl Características Gerais O desenvolvimento do Brasil está na dependência direta da quantidade de energia de que dispõe para a produção de bens que possam ativar o processo de crescimento econômico. O Brasil, no setor energético, ainda está numa situação bas- tante precária, senão vejamos: É o terceiro país do mundo em potencial hidroelétrico, no entanto, sua capacidade de produzir energia elétrica está na de- pendência de capital estrangeiro para construir as grandes usinas geradoras de energia, pois a já existente é insignifi cante. A produção carbonífera é pequena e inefi ciente e também não possuímos reservas em quantidade e qualidade expressiva. A produção petrolífera é muito pequena, e se desconhece a pre- sença de reservas signifi cativas, embora a estrutura geológica de vá- rias bacias sedimentares demonstre possíveis reservas desse produto. Carvão Praticamente toda a produção brasileira provém dos terrenos permocarboníferos da bacia do Paraná. A quantidade produzi- da não atende às necessidades de consumo interno. Somente o carvão de Santa Catarina após misturado a carvão importados, é coqueifi cado para uso na siderurgia (Volta Redonda). No Brasil as maiores reservas situam-se no estado do Rio Grande do Sul, no vale do rio Jacuí, enquanto as maiores produ- ções se encontram no estado de Santa Catarina, no vale dos rios Tubarão e Araranguá. Principais áreas produtoras Santa Catarina: Minas Lauro Muller, Siderópolis, Uruçanga, Criciúma e Araranguá. Rio Grande do Sul: Minas (vale do Jacuí); Butiá, Bajé, São Jerônimo, Leão, Recreio e Charqueadas. Petróleo O petróleo é uma substância oleosa menos densa que a água, constituída essencialmente pela mistura de milhares de compos- tos orgânicos formados pela combinação de moléculas de carbo- no e hidrogênio – os hidrocarbonetos. O petróleo é oriundo de substâncias orgânicas resto de ani- mais e de vegetais, que se depositaram em grandes quantidades no fundo dos mares. Essa massa de detritos sob a ação do calor, da pressão das camadas que foram depositando e pela ação do tempo transformou-se em óleo e em gás. Principais áreas produtoras Continentais • BAHIA (Recôncavo Baiano): poços de Miranga, Água grande, Buracica, D. João, Taquipe e Candeias. • ALAGOAS: poços de Coqueiro Seco e Tabuleiro do Martins. • SERGIPE: poços de Carmópolis, Brejo Grande, Riachuelo e Treme. • MARANHÃO: bacia de Barreirinhas. • AMAZONAS: vale médio do rio Amazonas. Na plataforma continental ou marítima • SERGIPE: poços de Tainha, Robalo, Camocim, Caioba, Dou- rados e Guaricema. • RIO DE JANEIRO: poços de Pargo Garoupa, Namorado e Badejo. • ALAGOAS: poços de Cavala e Mero. • RIO GRANDE DO NORTE: poços de Urbana e Agulha. Curiosidade • A bacia de Campos (RJ) – produz mais de 60% da produção nacional. • As refi narias particulares são controladas pela Petrobrás. As re- fi narias que operam no Brasil são em número de onze, além de mais duas que estão sendo construídas, uma em São José dos Campos (SP) e outra em Araucária, no estado do Paraná. Como pode ser observado pelo mapa das onze refi narias em operação, nove são da Petrobrás, além de duas em construção (São José dos Campos e Araucária), também pertencentes a essa empresa. • Refi naria de Manaus (AM). • Fábrica de Asfalto de Fortaleza. • Refi naria Landulpho Alves (Mataripe/BA). • Refi naria Grabriel Passos (Belo Horizonte/MG). • Refi naria Duque de Caxias (Duque de Caxias/RJ). • Refi naria Menguinhos (RJ). • Refi naria São José dos Campos (SP). • Refi naria Pres. Bernardes (Cubatão/SP). • Refi naria União (Capuava/SP). • Refi naria do Planalto (Paulínia/SP). • Refi naria Araucária (PR). • Refi naria Alberto Pasqualini (Canoas/RS). • Refi naria Ipiranga (RS). Além das áreas (bacias) citadas anteriormente, responsáveis pela produção de petróleo no Brasil, outras estão sendo prospec- tadas pela Petrobrás, além de vários trechos da plataforma con- tinental. Quanto às áreas de “contrato de risco”, foram selecionadas em número de dez, sendo nove na plataforma continental e uma na porção continental, correspondendo a bacia do médio Amazonas. O xisto betuminoso ou, mais corretamente, o folheto piro- betuminoso é uma rocha sedimentar, impregnadas de hidrocar- bonetos. Assim sendo, o valor do xisto decorre do fato de poder fornecer óleo mineral e gás natural, uma vez industrializado. O Brasil possui grandes jazidas de xisto situando-se entre os maiores do mundo. Várias ocorrências já foram verifi cadas: vale do Paraíba do Sul até São Paulo, na bacia sedimentar do Paraná. Entretanto, devido à proporção relativamente pequena de óleo mineral que pode ser extraído desse material, estudos estão sendo realizados para avaliar a viabilidade econômica de sua ex- ploração. Para tanto, foi montada, em São Mateus do Sul (PR) a Usina – Piloto de Irati. Realizados os estudos, e apreciada a viabi- lidade do projeto, a Petrobrás, (a quem coube os estudos), deverá produzir 50 mil barris de petróleo, a partir do xisto. O potencial hidrelétrico Já sabemos que o Brasil não é auto-sufi ciente na produção de carvão mineral e de petróleo. Entretanto o potencial hidrelétrico do Brasil é um dos maiores. Segundo os últimos estudos elabo- rados, o potencial hidrelétrico brasileiro é somente superado pela China e pela Rússia. Contudo, quanto ao seu aproveitamento, ocupa o sétimo lugar no mundo, situando-se abaixo dos EUA, do Canadá, da URSS, do Japão, da Noruega e da China. Apostilas UECEVEST mod4.indb 88 03/04/2011 19:18:59 89 UECEVEST GEOGRAFIA Atualmente, a Eletrobrás reconhece a existência, no Brasil, de um potencial hidrelétrico superior a 200 milhões de quilowatts, incluindo-se aí a maioria dos rios amazônicos. Especialistas no setor afi rmam que o aproveitamento das pe- quenas quedas d’água com a instalação das mini-usinas, além de aumentar a vantagem da redução do custo de construção, dimi- nui o custo de quilowatt. Desse modo, o potencial hidrelétrico brasileiro pode ser superior a 400 milhões de kW. Percebe-se, assim, que as possibilidades brasileiras em pro- duzir energia elétrica são enormes, compensando largamente a escassez do carvão e do petróleo, até o momento. Da mesma forma, cumpre destacar que os rios do Brasil po- dem fornecer energia elétrica abundante a um preço mais baixo (cerca de um terço) que as usinas nucleares. Tal fato constitui, sem dúvida, uma segurança para o desenvolvimento do país, além de oferecer uma maior independência em relação ao exte- rior, em virtude de a tecnologia brasileira no setor hidrelétrico estar bastante desenvolvida. Energia e transportes no Brasil O principal meio de transporte no Brasil é o rodoviário, res- ponsável por quase 80% dos deslocamentos de cargas. Apesar da riqueza das nossas bacias hidrográfi cas, que em alguns casos são navegáveis sem nenhuma obra de correção, como ocorre em grande parte das bacias amazônicas e do Paraguai, e que em outros poderiam ter as partes não navegáveis corrigidas com obras de eclusas, dragagem, aprofundamento de trechos do leito, etc., O transporte hidroviário é pouco importante. Aliás, a maior parte dos 9% assinalados como transporte hidroviário no Brasil refere-se à navegação de cabotagem; apenas 1,6% corresponde à fl uvial. A negligência com o desenvolvimento das hidrovias foi tan- ta que, nos anos 1970, construiu-se a rodovia Transamazônica, paralela e relativamente próxima ao rio Amazonas, que é perfeita- mente navegável desde o Atlântico até a fronteira do Peru. Tam- bémno rio São Francisco isso ocorreu, com o relativo abandono da navegação fl uvial em favor de rodovias que chegam até as ci- dades por ele banhadas, em ares que, até o início dos anos1970, valiam-se quase exclusivamente de embarcações para o transpor- te das cargas. E a maioria das usinas hidrelétricas brasileiras foi construída sem prever uma futura navegação no trecho, sem eclu- sas que permitisse a passagem de navios. A partir do fi nal dos anos1980, foram elaborados vários projetos de desenvolvimento da navegação fl uvial, incluindo a possibilidade de construção de canais artifi ciais que ligassem a bacia do Prata (rios Paraná, Uruguai e Paraguai) e amazônica, o que permitiria a navegação do norte até o sul do Brasil e paises vizinhos (Paraguai e Argentina). Mas apenas nos anos 1990, em especial com a expansão do Mercosul (o que aumentou bastante o comércio com os países vizinhos banhados pela bacia platina), começou-se a pôr em prática alguns projetos de desenvolvimento da navegação nas bacias do Tietê e do Paraná. Em alguns tre- chos, especialmente no Tietê, isso já é uma realidade, embora, por enquanto, tenha aumentado muito pouco a participação do trans-porte fl uvial no total dos deslocamentos de cargas no Brasil. As ferrovias também já tiveram maior importância no Bra- sil. De 1950 até 2000 houve um decréscimo de quase 10 mil quilômetros nas ferrovias brasileiras, ou seja, foi maior o desa- tivamento que a construção de novas rodovias. A grande época do transporte ferroviário no Brasil coincidiu com o auge do cul- tivo do café, estendendo-se do fi nal do século XIX até meados do século XX. A partir daí, com o progressivo desenvolvimento da indústria automobilística, as ferrovias entraram em crise. Elas continuaram a ser construídas apenas em áreas e projetos espe- ciais, como para transportar minérios da Amazônia até o porto de Itaqui, no Maranhão (Estrada de Ferro Carajás), a polêmica Ferrovia Norte-Sul (na realidade Brasília-Maranhão), a Ferro- norte, a Transnordestina e a Ferroeste, todas iniciadas mais ainda incompletas por causa de falta de verbas. A enorme primazia do transporte rodoviário acarreta um ex- cessivo gasto de energia, especialmente de petróleo, que ainda é importado em grande parte. E além dos maiores custos, em comparação com o transporte ferroviário e com o hidroviário, o transporte rodoviário provoca maior poluição atmosférica e agrava os congestionamentos em algumas estradas e nas grandes metrópoles do país. Na realidade, o sistema de transportes brasileiro está obso- leto, exigindo uma reforma urgente para diminuir os custos e aumentar a qualidade. Os portos, principal via para o comércio externo, normalmente têm custos por tonelada de carga (tanto no embarque quanto no desembarque) que chegam a ser cinco vezes maiores que nos portos dos países desenvolvidos e mesmos de muitos países do Sul, como Cingapura e Hong Kong. O transporte interno, baseado fundamentalmente nas rodovias, é oneroso não só por causa dos maiores custos do deslocamento de cargas por caminhões (em comparação aos navios e trens), mas também pelo precário estado de conservação das estradas. Dados de 2000, do Ministério dos Transportes, mostram que o Brasil possui um total de 1,6 milhão de quilômetros de estradas de rodagem, sendo que apenas 160 mil quilômetros (10% do total) estão pa- vimentadas. O custo do pavimento é alto e sua qualidade baixíssi- ma: dura em média cinco anos, enquanto nos Estados Unidos e na Europa prevê-se que a pavimentação resista, em média vinte anos. Além disso, os gastos para manter ou expandir o sistema de transportes diminuíram. Nos anos 1970, gastava-se cerca de 1,5% do valor da produção econômica anual com transportes; esses gastos diminuíram para0,1% de 1999 até 2000. O governo alegava não dispor de recursos sufi cientes para esse setor, pois existiriam outras prioridades. Por isso, também nesse setor se privatizaram certas rodovias, ferrovias e portos, na esperança de que grupos particulares que viessem a comprar os direitos de cobrar pedágio ou administrar portos e ferrovias in- vestissem o necessário para modernizá-los. GEOGRAFIA AGRÁRIA (AGRICUlTURA) Agricultura e desenvolvimento Nos países desenvolvidos, o emprego maciço das mais varia- das tecnologias na agricultura produz uma forte integração entre o setor agrícola e o setor industrial. Nesse caso, utiliza-se a expres- são agricultura industrializada. Ao mesmo tempo em que atende às demandas urbano-indus- triais, a agricultura nesses países constitui um poderoso mercado de consumo para as indústrias urbanas. Tratores, semeadeiras e colhedeiras mecânicas, fertilizantes, adubos químicos e até com- putadores fazem parte do arsenal de insumos industriais que ex- plica as elevadas taxas de produtividade agrícola. Na maior parte dos países subdesenvolvidos, ao contrário, o processo de industrialização da agricultura é ainda incipiente. As plantations e a agricultura de subsistência, baseadas na utilização intensiva de mão-de-obra são predominantes na paisagem. A política agricola da União Europeia Nos países que compõem a União Europeia (UE), a agri- cultura é tributária de longas tradições históricas, muitas vezes divergentes entre si. Isso explica a extrema heterogeneidade tec- nológica que a caracteriza. A Inglaterra, berço das inovações tecnológicas que deram ori- gem à Revolução Agrícola, possuía a agricultura mais produtiva do mundo durante o século XIX. Apostilas UECEVEST mod4.indb 89 03/04/2011 19:18:59 GEOGRAFIA 90 UECEVEST Entretanto, era uma grande importadora de alimentos: parte significativa dos solos agricultáveis era utilizada como pastagens. O poder imperial e financeiro britânico facilitava a importação de matérias-primas de origem agrícola. Na França, a agricultura era menos produtiva, porém ocu- pava porções maiores do território. As pequenas propriedades camponesas abasteciam os mercados urbanos com os excedentes de sua produção. Grande parte da população vivia do trabalho agrícola: A França era autossuficiente em alimentos. Na Europa Mediterrânea, os latifúndios dominavam a pai- sagem agrícola desde a Idade Média. No século XIX, as culturas típicas da região – oliveiras e vinhas – eram praticadas em grandes propriedades, com exploração intensiva da força de trabalho. No sul da Itália o sistema típico de trabalho era a mezzandria: os camponeses sem terra entregavam metade de suas colheitas ao latifundiário. Sistemas semelhantes vigoraram na Espanha, em Portugal e nos Bálcãs. Atualmente, os países da UE apresentam níveis diferencia- dos de industrialização da agricultura. O alto preço da terra e as menores taxas de produtividade média imprimem custos de produção mais altos aos produtos agrícolas da EU, se comparados com os vigentes nos Estados Unidos. Isso explica a importância do setor nas estratégias econômicas comunitárias: mais de meta- de do orçamento da UE destina-se ao financiamento da Política Agrícola Comum (PAC). A PAC, nascida em 1962, assentou-se em três princípios bá- sicos: a unificação do mercado europeu e a fixação de um preço único por produto; a preferência de compra de produtos euro- peus e a definição de taxas comuns para as importações extra- comunitárias; e, finalmente, a ajuda direta aos produtores, através de uma ampla política de concessão de subsídios. A PAC se trans- formou em um verdadeiro escudo, através do qual os agricultores europeus puderam se proteger das flutuações do mercado mun- dial e da concorrência dos tradicionais exportadores de alimentos (Estados Unidos, Canadá e Austrália, principalmente). Por meio dos incentivos e subsídios da PAC, os países da UE tornaram-se exportadores de cereais e de carne. A França, principal potência agrícola do continente, passou a disputar mercados internacio- nais com os Estados Unidos. As plantations tropicais A agricultura em plantations nasceu durante a expansão co- lonial europeia. Os portugueses, pioneiros, introduzirama mo- nocultura açucareira em grandes propriedades nas ilhas atlânticas de colonização lusitana e, mais tarde, no litoral oriental do Brasil. Os lucros da empresa açucareira atraíram a cobiça de em- preendedores espanhóis, holandeses, ingleses e franceses, que passaram a abrir campos de cultivos de produtos tropicais em suas colônias americanas. As plantations passaram a fazer parte da paisagem do Novo Mundo. No século XVIII, as principais áreas de plantations estavam localizadas em zonas litorâneas da Guiana Inglesa (açúcar), do Nordeste do Brasil (açúcar) e das ilhas da América Central (açú- car e banana). Toda a produção era embarcada em navios com destino à Europa; assim, quanto mais perto as regiões estivessem do porto, menores os custos de transporte. No sul dos Estados Unidos, as monoculturas de algodão e de tabaco se expandiram em direção ao interior graças à presença de rios navegáveis, que facilitavam o escoamento da produção. Até a Guerra de Secessão (1861-1865) o sul dos Estados Unidos se manteve uma área típica de plantations. As plantations ainda não haviam sido instaladas na África, mas eram africanos os escravos que trabalhavam nas lavouras tropicais de exportação da América. No século XIX, a Ásia e a África entraram no mapa das plan- tations. As possessões inglesas e holandesas do sudeste Asiático se especializaram no cultivo de borracha, café, chá, açúcar e algodão para os mercados europeus. A Índia, principal área de plantations da Ásia, recebeu investimentos ingleses em ferrovias para facilitar o escoamento a sua valiosa produção agrícola. Nessa época, apenas a pequena província de Natal (na África do Sul) podia ser conside- rada uma área de plantations importante no continente africano.’ Durante o século XIX, a escravidão foi substituída por outros sistemas de exploração do trabalho na maioria das áreas de plan- tations do mundo. Em muitos casos, as plantations, passaram a recrutar mão-de-obra sazonal entre os camponeses pobres que praticavam a agricultura de subsistência. Atualmente as planta- tions cobrem vastas extensões da África, América Central e Andi- na, Brasil e Sudeste da Ásia. Os produtos tropicais deixaram de ser artigos raros no mercado internacional. O aumento das áreas de plantations amplia a oferta e provoca uma tendência de baixa dos preços. Além disso, a Europa e os Estados Unidos (maiores consumidores) podem muito bem passar sem cacau, café ou amendoim numa época de crise. Para os países produtores, cuja pauta de exportações é restri- ta, a diminuição do consumo mundial de qualquer uma dessas mercadorias pode significar a ruína econômica. Na África, por exemplo, o crescimento expressivo da agricultura de plantations nas últimas décadas tem sido acompanhado pelo agravamento da dependência econômica e da pobreza. As maiores áreas de plantations da África estão localizadas no Golfo da Guiné. O cacau é o produto mais importante: Gana, Nigéria e Costa do Marfim produzem 55% do cacau comercia- lizado no mundo. O café, a banana e o amendoim produzidos nessa região também ocupam lugar de destaque no comércio internacional. O rápido crescimento das culturas de exportação nas regiões tradicionalmente dedicados ao cultivo de subsistência provoca o agravamento da escassez alimentar. Os países do Golfo da Guiné são grandes exportadores de produtos agrícolas, mas suas populações muitas vezes não têm o que comer. Comércio mundial de alimentos Apesar de sua reduzida participação na geração da riqueza na- cional e na absorção da população ativa, o setor agrícola é objeto de uma verdadeira guerra comercial, cujos protagonistas são as gran- des potências econômicas mundiais e cujas armas envolvem, além da tecnologia, elevados subsídios aos agricultores. Três potências agrícolas controlam dois terços do mercado mundial de cereais. Estados Unidos França Canada Outros35,3% 38,8%12,9% 13% Apostilas UECEVEST mod4.indb 90 03/04/2011 19:18:59 91 UECEVEST GEOGRAFIA A agricultura norte-americana produz 13% das matérias-pri- mas e alimentos de origem agrícola e 39% dos cereais comerciali- zados no mundo. Os Estados Unidos são o maior produtor mun- dial de milho (46% do total) e soja (53% do total). A metade do trigo produzido no pais destina-se ao mercado mundial; no caso da UE, apenas 20% da produção de cereal é exportado. Os países subdesenvolvidos, incluindo aqueles nos quais o Setor Primário representa a base da vida econômica, não passam de meros coadjuvantes nessa disputa pelo mercado mundial. A elevada produtividade agrícola dos países ricos, tributária do uso intensivo de tecnologias sofi sticadas, reduz substancialmente as chances de competitividade dos países pobres. A política generalizada de subsídios agrícolas completa o ser- viço, transformando o comércio de alimentos em um mercado de oligopólios. Esse processo bloqueia o aproveitamento das imensas poten- cialidades naturais da América latina e da África, e condena mui- tos países desses continentes a uma agricultura bipartida entre as plantations e a subsistência. A REVOlUçãO GENÉTICA NA AGRICUlTURA O que é um transgênico? Os biólogos às vezes chamam os organismos transgênicos de “quimeras”, referindo-se a um ser fabuloso, formado pela união de cabra, leão e cobra, morto pelo semideus Belerofonte. Os transgê- nicos, até certo ponto, são como a quimera: uma junção de duas criaturas distintas por meio da engenharia genética. Criar um or- ganismo transgênico – seja um tomate-leão, seja um homem-cabra seja uma bactéria-cobra – signifi ca tirar um ou mais genes de um ser e colocar em outro. Se isso for feito em uma célula sexual (óvulo ou espermatozóide), todas as crias da “quimera” resultante terão esses pedaços de DNA no corpo. Um exemplo, ajuda a entender: imagine que se coloquem numa vaca gene humanos produtores de insulina. Tem-se, assim, um ruminante, que é uma farmácia viva, que pode ser usado para produzir remédio para os diabéticos. E, se os genes funcionarem nas células das tetas, a insulina pode ser simplesmente “ordenhada”, junto com o leite. Podem-se, da mes- ma forma, criar tomates, que demoram a apodrecer e aguentam mais o transporte do campo para o mercado. Essa tecnologia ainda está engatinhando. A engenharia genética, descoberta em 1973, tem apenas três décadas – e “remontar” um organismo não é tão simples quanto erguer uma ponte ou um prédio. Os seres vivos são incrivelmente complicados, e há risco considerável de os genes “estrangeiros” afetarem de maneira imprevisível os organismos em que forem introduzidos. As experiências mostram que isso ocorre com frequência. Existem casos de porcos, por exemplo, que ganha- ram genes para não engordar muito, mas tiveram artrite e outras doenças inesperadas. Além disso, não se sabe com certeza se esses genes estranhos podem ter efeito tóxico sobre os consumidores, quando o transgênico em questão é um alimento. Seja como for, não há dúvida, do ponto de vista científi co, de que essas imper- feições serão corrigidas com o tempo, à medida que se aprende a mexer nos genes ao transpantá-los de um ser vivo para outro. A alternativa contra a fome Os defensores da biotecnologia rebatem esses argumentos com base em inúmeras pesquisas que já mostraram que a tecno- logia é segura e não traz nenhum prejuízo para o meio ambiente nem para os consumidores. Além disso, argumentam os pró-transgênicos, a engenharia genética certamente pode ser uma efi ciente alternativa para redu- zir o problema da fome, que afl ige populações de todo o mundo, uma vez que as plantas geneticamente modifi cadas teriam mais re- sistência e produtividade mais alta que as espécies convencionais. Polêmica no mundo O assunto é polêmico e dividiu o mundo em dois times. Os Estados Unidos (EUA) lideram o grupo dos adeptos da biotec- nologia agrícola, enquanto Europa e Japão são contrários à no- vidade e exigem que se informe nos rótulos dos produtos se eles contêm organismos geneticamente modificados. Uma coisa é cer- ta: o veto aos transgênicos por esses países pode trazer benefícios ao Brasil, que é o segundo maior produtor mundial de soja, só perdendo para os EUA, onde o plantio do grão geneticamente alterado equivale a 70% do total (ver, tabela). Enquanto o cultivo de transgênicos continuar proibido por aqui, o mercado europeu e o japonês estarão abertos à soja brasileira. Soja transgênicas no mundo Conheça os países que mais plantam soja e quanto da produção é transgênica País Produção2000/2001 Transgênicos EUA 75,3 milhões 70% Brasil 35,5 milhões 10%* Argentina 26 milhões 90% * Embora o plantio de transgênicos não seja permitido no país, estima-se que 10% da produção de soja seja transgênica com a importação ilegal de sementes da Argentina. Embrapa. Soja: Departamento de Agricultura dos EUA, Associação Nacional de Biossegurança (AnBio) e Greenpeace. A produção agrícola de subsistência Grande parte dos agricultores de todo o mundo cultiva a terra com a fi nalidade principal de obter alimentos para a sua família: é o que chamamos de agricultura de subsistência, a qual geral- mente se relaciona com a condição de vida, caracterizada pelo isolamento, pela pobreza e pelo atraso técnico. As economias agrícolas de subsistências são geralmente policul- toras. Isso permite o seu abastecimento em toda as épocas do ano. A produção agrícola comercial Em muitas regiões do globo, a produção obtida nas proprie- dades rurais se destina principalmente a ser vendida. O agricultor está em contato permanece com o mercado, isto é, o centro que compra os seus produtos. Sistemas de Cultivo Esses sistemas são classifi cados em dois grandes grupos: os ex- tensivos e os intensivos. Os sistemas extensivos caracterizam-se por uma baixa produtividade agrícola por hectare de solo e correspon- dem a um uso limitado de meios modernos de produção. Por exem- plo, numa grande fazenda de produção de feijão em que a maior parte das tarefas é realizada por trabalhadores, com instrumentos de trabalhos adicionais (como a enxada e o arado) a produtividade do trabalho é pequena em relação à extensão de terra trabalhada. Os sistemas intensivos ao contrário, caracterizam-se por uma elevada produtividade agrícola por hectares de solo, devido à uti- lização intensiva de máquinas, de instrumentos agrícolas, de adu- bos, de semente etc. Como se vê, os sistemas intensivos exigem investimentos de capital bastante expressivos. Os principais sistemas agrícolas são: Agricultura itinerante Sistema arcaico encontrado nos países tropicais. Prática da queimada e da rotação de terras. Solos precocemente esgotados e baixos rendimentos. Ex.: a roça do caboclo brasileiro. Apostilas UECEVEST mod4.indb 91 03/04/2011 19:19:00 GEOGRAFIA 92 UECEVEST Agricultura tropical A agricultura dos países tropicais é uma das mais atrasadas do mundo, sendo as seguintes as suas características principais: • pouca ou nenhuma utilização de adubos e fertilizantes. • técnicas rudimentares • rápido esgotamento dos solos • abandono precoce da terra • baixa produtividade Os dois sistemas agrícolas mais típicos das áreas tropicais são: a roça tropical e o “plantation” (esse último será explicado no item seguinte). O sistema de roça baseia-se nas seguintes etapas: derrubada da mata / queimada (ou coivara) / limpeza e preparo da terra / plantio e colheita. Nesse sistema, o que prevalece é a fertilidade natural do solo, já que os fatores homem e técnica são fracos. (*Sistema de roça: agricultura de subsistência típica dos países tropicais.) O sistema de plantation (plantações) O sistema denominado plantation (plantações) foi introduzi- do nos países tropicais da América, Ásia e África a partir do século XVI pelos colonizadores europeus. O objetivo era o fornecimento de gêneros alimentícios e ma- térias-primas tropicais para as metrópoles europeias. O capital, os meios de transporte e a comercialização dos produtos estavam nas mãos dos capitalistas europeus, o que equivale dizer que a maior parte dos lucros ficava em suas mãos. As principais características do plantation são: • utilização de grandes propriedades. • mono cultura agroindustrial. • mão-de-obra a baixo custo, podendo ser nativa ou escrava. • produção em larga escala de produtos tropicais para os merca- dos consumidores externos. • grandes investimentos de capitais. Exemplos de plantation • NO BRASIL: cana-de-açúcar, café, cacau. • NAS ANTILHAS: cana-de-açúcar. • NA Arv1.ÉRICA CENTRAL: banana. • NA ÁFRICA (Gana e Nigéria): cacau. • NA ÍNDIA E CEILÃO: chá. • NA MALÁSIA E lNDONÉSIA: seringueira A agricultura irrigada ou de jardinagem da Ásia de Monções A agricultura das Ásia de Monções está associada a dois fa- tores primordiais: elevadas concentrações populacionais e pouca disponibilidade de terras. Há pouca terra para alimentar muita gente, decorrendo daí a necessidade de cuidados especiais para o solo a fim de que o mesmo não apenas produza sempre, mas também que a produtividade seja aumentada. A irrigação e a utilização de adubos naturais são cuidados indis- pensáveis e largamente utilizados em países como a China, a Índia e o Paquistão para a obtenção de produtos como o chá, o sorgo e principalmente o arroz, que é alimentação básica desses povos. Algumas características • Pequena disponibilidade de terras e grande subdivisão das pro- priedades • Mão-de-obra numerosa. • A irrigação e a adubação do solo bastante difundidas • Clima de monções propiciando abundantes chuvas para o cul- tivo do arroz. • Os cuidados até mesmo manuais do solo e das culturas em propriedades tão pequenas parecem justificar o uso comum de experiência como agricultura de “jardinagem” ou de “quintal” . A agricultura irrigada dos desertos quentes Nos desertos quentes a irrigação torna-se indispensável à agri- cultura. A água para a irrigação pode ser obtida de várias formas: • através de poços; • através de cisternas que são construí das para reter a pouca água que possa cair da chuva (nos oásis) • água trazida dos rios, como é o caso do rio Jordão, em Israel. • através de barragens, como é o caso da barragem de Assuã no rio Nilo (Egito), ampliando a área irrigada. Agricultura moderna dos países desenvolvidos A agricultura dos países desenvolvidos, tanto da Europa Oci- dental como da América do Norte (EUA e Canadá), apresentam em comum algumas características, tais como: • a elevada mecanização. • a larga aplicação de adubos e fertilizantes. • o caráter comercial da agricultura. A Agricultura do Brasil Observe que até agora foi utilizado o critério de tamanho da pro- priedade para definir minifúndio e latifúndio. No entanto, o gover- no, através do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Refor- ma Agrária), criou o Estatuto da Terra (lei n° 4.504, de 30/11/1964), que define minifúndio e latifúndio, utilizando não só a ideia de tama- nho da propriedade, como também a forma de exploração do solo. O Estatuto da Terra define: Minifúndio Toda propriedade de área explorável inferior ao módulo ru- ral (*) fixado para a respectiva região e tipos de exploração nela ocorrentes. Empresa rural Toda propriedade com área máxima de 600 módulos rurais, ‘explorada econômica e racionalmente. latifúndio por exploração Todo móvel cuja dimensão não exceda aquela admitida como máxima para a empresa rural, mas que seja ineficiente e inade- quadamente explorada em relação às possibilidades físicas, eco- nômicas e sociais do meio. latifúndio por dimensão Toda propriedade com área superior a 600 módulos rurais fi- xados para a respectiva região e tipos de exploração nela ocorrentes. Módulo rural é a unidade de espaço que permite, segundo as condições locais, o trabalho de 4 pessoas adultas, que lhes assegu- re a adequada subsistência. As principais relações de trabalho existentes no meio rural, são: Parceiros ou meeiros O parceiro é o trabalhador que faz parceria com o proprietá- rio. Ele trabalha a terra do proprietário(recebe, às vezes, os ins- trumentos de trabalho e as sementes) pagando-o com a metade (*meeiro) ou a terça parte da produção (terceiro). O parceiro ou meeiro não é um empregado. O proprietário não tem para com ele nenhuma obrigação trabalhista. Arrendatário É uma forma de apropriação indireta da terra, onde o arren- datário realiza um contrato de “aluguel” da terra com o proprie- tário. O arrendatário explora a terra mediante o pagamento em dinheiro de um aluguel combinado segundo o valor da principal produção. No Brasil, esse tipo de exploração é encontrado no Sudeste e no Sul, onde a terra tem maior valor e o seu aluguel, em vez da venda, representa maior lucro para o proprietário. Apostilas UECEVEST mod4.indb 92 03/04/2011 19:19:00 93 UECEVEST GEOGRAFIA Assalariados São aqueles que trabalham nas propriedades agrícolas, me- diante um pagamento de um salário. Podem ser: • Permanentes: são aqueles que trabalham regularmente nas pro- priedades agrícolas, geralmente nas médias e grandes fazendas. • Temporários: são aqueles que trabalham apenas. temporaria- mente nos estabelecimento agropecuários (mensalista, diaris- ta.), principalmente em épocas de colheita. • Mensalistas: recebem um salário mensal e em geral têm seu trabalho garantido o ano inteiro. • Diaristas: recebem um salário por dia de trabalho. O diarista representa para o proprietário uma mão-de-obra de menor cus- to, pois só é contratado para o período e trabalho mais intenso, época de colheita ou do plantio. É dentro desse grupo que en- contramos os chamados bóias-frias. SOlOS FÉRTEIS DO BRASIl Terra roxa Trata-se de um solo avermelhado ou castanho-avermelhado rico em óxido de ferro e matéria orgânica, formado pela decom- posição do basalto e do diabásio. É encontrado, principalmente no Planalto Meridional, abrangendo algumas áreas dos estados do centro¬sul do país, sobretudo Paraná e São Paulo, onde se verifi cou a extraordinária expansão cafeeira. Na área de ocorrência do solo terra roxa, cultiva-se atualmen- te, além do café, uma grande variedade de produtos agrícolas tais como algodão, amendoim, cana-de-açúcar, soja e outros produtos. Massapê (ou Massapé) É um solo escuro e pegajoso, rico em matéria orgânica e for- mado pela decomposição do gnaisse e do calcário. É encontrado na Zona da Mata Nordestina, onde desde o século XVI vem sen- do utilizado pela cultura canavieira, principalmente. Salmourão É um solo argilo-arenoso, de fertilidade média para boa, pro- veniente da decomposição de granito em climas úmidos e en- contrado em vários trechos do planalto Atlântico e no centro-sul do país. Nele cultivam-se diversos produtos como feijão, milho, mandioca etc. Solos aluviais São solos de razoável fertilidade, formados pela acumulação de segmentos e encontrados ao longo dos rios e nas várzeas inun- dáveis. Quando bem arenados e situados em terraços mais altos são mais férteis. É o solo do arroz. Os principais produtos agrícolas do Brasil Cana-de-açúcar A cultura da cana-de-açúcar no Brasil data da época colonial. A empresa agrícola canavieira no Brasil apareceu como uma so- lução para que os portugueses ocupassem efetivamente as terras descobertas e, ao mesmo tempo, mantivessem um fl uxo de bens permanentes para a Europa. De 1532 a 1600, a produção de cana-de-açúcar cresceu, con- quistando o Brasil o papel de maior fornecedor de cana-de-açúcar ao mercado internacional. Em 1660, a cana-de-açúcar, no Brasil, sofreu a primeira gran- de crise, devido à entrada no mercado internacional do açúcar das Antilhas. Cacau O cacau é um dos mais importantes produtos de exportação do país. Originário da América, chegou ao Brasil em meados do século XVII, sendo cultivado no Pará; no século XVIII foi intro- duzido no litoral sul da Bahia. O cacau adaptou-se bem às condições de solo e de clima da Bahia, expandindo-se e vindo a representar, em fi ns do século passado, o principal produto da região e do Estado. O Brasil é o segundo produtor mundial de cacau após Gana, na Africa. Do litoral sul da Bahia saem 96% da nossa produção, destacando-se Ilhéus e Itabuna. Os portos exportadores de cacau são: • Malhados, em Ilhéus. • Salvador. Café O café originário da Abissínia (atual Etiópia). Foi levado para a Europa, provavelmente pelos árabes e durante muito tempo foi aí cultivado como simples planta de jardim. Posteriormente, foi levado da França para as Antilhas e para Guiana Francesa nos primeiros anos do século XVII. Em 1727, o sargento-mor Francisco de MeIo Palheta, dirigindo-se a Caiena (Guiana Francesa) em missão ofi cial, conseguia trazer as primei- ras mudas de café, que foram plantadas em Belém do Pará. Na primeira metade do século XVIII, o café já tinha penetrado no Maranhão, e, por volta de 1770, a Bahia já possuía plantações. As plantações de café cresciam em direção a São Paulo pelos contrafortes da Serra do Mar e pelo Vale do Paraíba. Supõe-se que a introdução do café na província de São Paulo tenha por volta de 179O. O café sempre desempenhou impor- tante papel na economia brasileira. Nos últimos anos, verifi cou- se a introdução de técnicas mais modernas em algumas áreas resultando em melhor qualidade. A produção cafeeira do Brasil tem apresentado relativa instabilidade. Isso se deve ao fato de estar maior parte da produção concentrada em áreas sujeitas às diversidades climáticas. Soja O cultivo da soja desenvolveu-se no Brasil pelos imigrantes alemães no século XIX Até a década de 1960, ela permaneceu nessa região, considerada de clima mais favorável ao seu desen- volvimento, ao mesmo tempo que o pequeno consumo interno do produto não incentivava o aumento da produção. Já no fi nal da década de 1960, a soja do Brasil f.oi colocada no mercado internacional. Incentivada pela demanda externa, a produção de soja expandiu-se para os Estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul, onde passou a substituir culturas tradicionais em decadência. A evolução da soja no Brasil está na relação direta com a sua maior riqueza em óleo, comparada com os produtores tempera- dos, e pelo fato de que a nossa colheita atinge o mercado externo no período da entressafta dos grandes produtores mundiais. O Brasil é o segundo produtor mundial de soja depois dos Es- tados Unidos. As maiores produções encontram-se nos seguintes estados: • Rio de Janeiro; • Paraná; • São Paulo; Algodão A produção de algodão no Brasil encontra-se na região nor- deste, em São Paulo, Paraná e Minas Gerais, principalmente. É uma das mais tradicionais culturas agrícolas do país, quer como fornecedor de matéria-prima para a indústria têxtil, quer como fornecedor de matéria-prima para a indústria de óleos comestíveis. Apostilas UECEVEST mod4.indb 93 03/04/2011 19:19:00 GEOGRAFIA 94 UECEVEST Temos dois tipos de produção: o algodão arbóreo, predomi- nante no Nordeste, e o algodão herbáceo, encontrado no Nor- deste e Sudeste. No Nordeste, a cultura do algodão localiza-se principalmen- te, na região do Agreste, que representa a maior área cultivada e a Segunda cultura em valor de produção. No Ceará, o cultivo do algodão arbóreo tem sua maior área de ocorrência no Centro-Sul do estado, enquanto o algodão her- báceo aparece no alto vale do rio Jaguaribe e no Vale do Acaraú. Os principais produtores nacionais são: • São Paulo (algodão herbáceo); • Paraná (maior produtor nacional de algodão herbáceo); • Ceará (maior produtor nacional de algodão arbóreo) Arroz Produto de alimentação básica no Brasil, o arroz aparece principalmente nas regiões sul e sudeste. Introduzido inicialmente no norte do país (Maranhão), o ar- roz expandiu-se por todo o território nacional, principalmente para áreas densamente povoadas. Temos dois tipos de arroz cultivados no Brasil: o arroz se- queiro, que depende da estação das chuvas, e o arroz irrigado, de maiores rendimentos. A região por excelência do arroz irrigado é o Vale do Jacuí, no Rio Grande do Sul, que se destaca como a principalárea pro- dutora do país. As principais regiões produtoras de arroz são: • Rio Grande do Sul • Mato Grosso do Sul e Goiás. Milho Nativo da América, o milho é cultivado em todos os Estados brasileiros, pois adapta-se facilmente às mais variadas condições climáticas. Entre as principais variedades cultivadas ternos: péro- la, catete, goiano, cristalino etc. O milho é consumido no Brasil inteiro como produto comple- mentar da alimentação, sendo que em algumas regiões toma o lugar de produto básico. Os Estados de maior produção são os seguintes: • Paraná; • São Paulo; • Santa Catarina. O rebanho bovino A criação bovina é o tipo de pecuária mais importante no Brasil, tanto por fornecer a segunda carne mais consumida quan- to por produzir leite para as indústria de laticínios e para o con- sumo da população. O rebanho nacional - um dos maiores do mundo - soma cer- ca de 165 milhões de cabeças, segundo dados de 2000. Todavia, como a população nacional é das mais numerosas, cerca de 169, 5 milhões de habitantes em 2000, a proporção bovino/habitante é de cerca de 0,9, ao passo que na Argentina chega a 2,2, na Austrá- lia a 2,3 e no Uruguai atinge 3,0. O rebanho bovino brasileiro concentra-se no Centro-Sul e os estados com maior quantidade de cabeças de gado são Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Groso, Rio Grande do Sul e São Paulo. No Centro-Sul, sobressai ainda uma pecu- ária melhorada, com gados de raças selecionadas, ao passo que no Nordeste e na Amazônia predomina uma pecuária primitiva, com criações extensivas de gado Zebu rústico ou “crioulo”. Na realidade, no Brasil inteiro predomina a raça de bovinos zebu, originária da Índia e que se adaptou muito bem ao clima do país. Mas, em diversas áreas do centro-sul, o zebu sofreu apri- moramentos genéticos e modifi cou-se para melhor, adquirindo maior peso e crescimento mais rápido. Assim, os gados nelore, gir e guzerá, de ótimo rendimento, são o resultado de melho- ramentos e desenvolvimentos da raça zebu. Em áreas bem restri- tas notadamente no Rio Grande do Sul, cria-se gado de origem europeia, sobretudo raças holandesas e dinamarquesas, como He- retord, Palie Angus e Durhan. Outras criações Além do gado bovino, a pecuária brasileira destaca-se ainda na criação de: • Suínos: depois da avicultura e do rebanho bovino, o suíno tem o maior contingente do país, com cerca de 35 milhões de por- cos. Também é mais numeroso no Centro-Sul, destacando-se em sua criação Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. • Ovinos: os carneiros são criados principalmente no Rio Gran- de do Sul, que atualmente detém cerca de 40% dos 18 milhões de cabeças existentes no país. Depois a Bahia (17% do total), Ceará e Piauí. • Búfalos: essa criação é praticada principalmente na Amazônia, em especial no Pará (ilha de Marajó) e no Amapá, embora ve- nha se difundindo pelo Centro-Sul nos últimos anos. Esse tipo de pecuário tende a crescer no Brasil por causa da boa adap- tação dos animais ao clima, da sua elevada taxa de natalidade e do alto rendimento em carne e leite. Existe por volta de 1,5 milhão e búfalos no Brasil. • Caprinos: muito criados no Brasil, em especial no Nordeste, onde se adaptaram muito bem e são muito importantes para o fornecimento de carne e leite à população regional. Há cerca de 9 milhões desses animais no país, com cerca de 36% desse total no estado da Bahia, 17% no Piauí e 16% em Pernambuco. • Equinos: o rebanho brasileiro de cavalos, com cerca de 6,5 milhões de cabeças, é o segundo do mundo, logo após o dos Estados Unidos. Os estados com maior número de equinos são Minas Gerais e Bahía. • Aves: com cerca de 700 milhões de aves – que incluem gali- náceos, perus, patos, marrecos, gansos, codornas e outras – o Brasil possui a maior criação da América c, no mundo, é infe- rior apenas à de alguns países asiáticos e à da Rússia. A avicul- tura cresceu bastante nos últimos anos, concentrando-se em especial nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. E X E R C í C I O 01. (Uespi/2005) Com relação à agricultura moderna realizada hoje, tanto no mundo desenvolvido quanto em países subdesen- volvidos, é incorreto afi rmar que: a) as novas tecnologias genéticas utilizadas na atividade agropecuária contribuem para a ampliação do desemprego rural. b) a possibilidade de criação de culturas mais resistentes, que reduzirão o uso de agrotóxicos e fertilizantes, é um dos argumentos utilizados por aqueles que defendem a modifi cação genética de animais e vegetais. c) as condições naturais, a disponibilidade de terras e o desenvolvimento científi co e industrial foram fatores preponderantes para que o Japão se transformasse na principal potência agrícola do século XX. d) a modernização da agricultura e a baixa oferta de empregos na área rural, em relação ao crescimento demográfi co, são as principais causas dos movimentos migratórios do campo para a cidade. e) com a entrada, do capitalismo no campo, muitas propriedades se constituem em empresas, visando obter grandes lucros. Apostilas UECEVEST mod4.indb 94 03/04/2011 19:19:01 95 UECEVEST GEOGRAFIA 02. (Cefet/2005.1) Dentre as várias técnicas, desenvolvidas com o objetivo de anular, ou pelo menos minimizar, os’ problemas causados pela erosão em áreas agrícolas, encontram-se: I. o terraceamento, que consiste em fazer cortes formando degraus nas encostas das montanhas; II. curvas de nível, que consiste em plantar, entre uma fi leira e outra, espécies leguminosas, que cobrem bem o terreno; III. associação de culturas, que consiste em mudar o tipo de cultivo após a colheita; IV. associação de culturas, utilizando leguminosas que, além de evitar a erosão; garante o equilíbrio orgânico do solo. É(são) verdadeiro(s): a) apenas o item I. d) apenas os itens I e IV. b) apenas os itens II e III. e) apenas os itens II e IV. c) apenas os itens III e IV. 03. (UECE/2004.2) Uma das temáticas mais polêmicas da atua- lidade diz respeito aos transgênicos. Assinale a alternativa falsa. a) Dentre os problemas mais graves associados aos transgênicos está o do reconhecimento da propriedade intelectual das empresas que produzem e comercializam as sem estes transgênicos, permitindo a cobrança de royaltes, como já está acontecendo no Rio Grande do Sul. b) Existem poucas certezas e muitas incógnitas entre os pesquisadores do tema, sobre os reais impactos dos transgênicos para a saúde do homem e do meio ambiente. c) Não há nenhum motivo para polêmicas sobre o assunto, pois já está provado que a utilização dos transgênicos não traz nenhum mal à saúde do homem, nem a do meio ambiente. d) A expansão dos transgênicos corrobora para o processo de perda da biodiversidade inerente à introdução, em larga escala, de plantas e animais geneticamente modifi cadas. 04. (UEPB/2004) A questão a seguir trata das novas tecnologias utilizadas na agropecuária brasileira. Associe os blocos e identifi - que a reposta correta: Bloco 1 (1) Biotecnologia (2) Engenharia Genética (3) Zootecnia (4) Transgênicos (5) Lei da Biosegurança Bloco 2 ( ) Alimentos produzidos a partir de organismos vegetais e animais geneticamente modifi cados. ( ) Trabalha com organismos modifi cados geneticamente em laboratórios. ( ) Cuida de informar aos consumidores através de rótulos dos seus produtos toda segurança de consumo. ( ) Cuida das técnicas de criação e aperfeiçoamento de animais domesticados. ( ) Trabalha com o uso integrado da bioquímica, da microbiologia e da engenharia genética. Assinale a alternativa correta. a) 1, 5, 4, 2, 3 d) 4, 2, 5, 3, 1 b) 5, 4, 3, 2, 1 e) 4, 5, 1, 2, 3 c) 3, 2, 1, 5, 4 05. (Unifor/2005.2) Dentre as características da agricultura nor- te-americana pode-se citar: a) o protecionismo estatal sob forma de subsídios aos agricultores. b) os elevados impostos federais pagos pelos produtores agrícolas. c) a grande participação do setor