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RESUMO NP2: Análise funcional do comportamento Transtornos psiquiátricos Transtornos psiquiátricos são fenômenos comportamentais como quaisquer outros, o que irá classificá-los como transtornos mentais será a análise de comparação normativa do sujeito. Antes de entender a fundo é preciso analisar alguns fatores: Problemas clínicos O individuo procura o psicólogo/analista pois está com problemas ou anseia por autoconhecimento para lidar com seu cotidiano e até consigo mesmo. Quando ele aprende como seus comportamentos agem sobre o ambiente e vice-versa, o indivíduo aumenta seu conhecimento para gerar consequências, reforços e reforçadores mais potentes. Nesse sentido, “estar com problemas” refere -se a dificuldades em emitir respostas que diminuam estimulações aversivas ou que deem acesso a reforçadores. Por que essa dificuldade acontece? Pode ser por falta de repertório, falha no controle discriminativo, dificuldade em controlar a intensidade de suas respostas/comportamentos, logo não produzindo a consequência da forma desejada. Será trabalho do profissional fazer a identificação e auxiliar na modificação dos comportamentos nas relações funcionais, permitindo que o cliente alcance os reforçadores desejados e se exponha menos ou mais aos eventos aversivos. Multideterminação do comportamento Os transtornos psiquiátricos, assim como os outros fenômenos comportamentais, sofrem influência dos três níveis de seleção: filogenético, ontogenético e cultural. Logo considera-se um entrelaçamento entre os três que resulta no TP, todos agindo em diferentes formas e intensidade ao longo da HISTÓRIA DO INIDIVIDUO. Sendo assim podemos dizer que esse fenômeno é multideterminado em suas origens – de onde surgiu – e em sua manutenção. Sintomas diferentes podem ter causas iguais e sintomas iguais podem ter causas diferentes. Se os transtornos psiquiátricos são iguais em tantos sentidos com outros fenômenos, de qual forma podemos distingui-los então? Será analisado o nível de comprometimento que eles exercem na vida do indivíduo. Normalidade X Normatividade Geralmente os transtornos são definidos culturalmente por padrões morais aceitos socialmente ou não, apenas considerando a normalidade do grupo em questão. Os indivíduos que ultrapassam esses limites morais são considerados anormais, loucos e/ou psicopatológicos, sem qualquer reflexão sobre o assunto. Na análise funcional iremos tratar o paciente usando o conceito de normatividade, comparando ele com ele mesmo, considerando seu histórico ao longo do processo terapêutico. Será enfatizado a análise de contingências (avaliação funcional), entendendo as relações funcionais dos comportamentos e identificando quais merecem maior atenção, não porque são “patológicos”, mas sim porque violam expectativas sociais e trazem maior sofrimento aqueles que os apresentam. Ex: os comportamentos dentro do transtorno bipolar que afeta as relações interpessoais do indivíduo, causando assim sofrimento em sua vida. Transtorno de Ansiedade Característica: medo Estratégia: oque posso fazer para resolver Biologia: liberação elevada de cortisol causa a supressão condicionada, onde os comportamentos respondentes irão se sobrepor contra os operantes. Ex: taquicardia e hiperventilação em uma apresentação irão atrapalhar a fala e a concentração na atividade em si. Transtorno de Depressão Maior Na persistência de 5 dos sintomas abaixo durante duas semanas deverá se tornar um assunto a ser levado para um profissional de saúde mental: (1) Humor deprimido na maior parte do dia; (2) Acentuada diminuição do interesse ou prazer nas atividades; (3) Perda ou ganho excessivo de peso sem dieta; (4) Insônia ou hipersonia; (5) Fadiga ou perda de energia; (desamparo aprendido: déficit em se livrar de estímulos aversivos) (6) Sentimento de culpa excessiva ou inutilidade; (7) Capacidade diminuída de pensar ou se concentrar; (8) Pensamentos recorrentes de morte - ideação recorrente. Características que apoiam os diagnósticos acima: · Alterações no sistema neurobiológico · Intersecção entre respondente e operante Considerando as informações acima: · Os TPs são resultando do entrelaçamento entres os três níveis de seleção · Se distingue dos demais comportamentos ao se considerar o comprometimento exercido sobre o individuo · Serão classificados como TPs a partir do sofrimento gerado Tratamento: buscar novas interações do indivíduo com o meio: · Determinar condições · Prever ocorrências · Especificar consequências Terapias de Terceira Geração A terapia comportamental atualmente é dividida em três ondas/gerações. Elas acompanham a teoria behaviorista, desde Watson a Skinner. Diferença entre Teoria Comportamental e teoria cognitivo-comportamental Teorias Comportamentais: Entende que todas as ações do indivíduo são Comportamentos e são explicados pelas mesmas regras, mesmo que uns sejam mais complexos que outros, incluindo os privados (pensamentos, sentimentos). Não há uma hierarquia de importância entre eles, apenas considera-se o nível de comprometimento na vida do paciente. Teorias Cognitivas: Entende que Comportamento são apenas as R físicas ou fisiológicas, enquanto pensamentos estão em um nível diferente: entre o meio e as R do organismo, estão as cognições (pensamentos), que determinam o Comportamento. Steven Hayes foi o responsável por cunhar o tema nas discussões da teoria, denominando as 3 ondas de terapias comportamentais. Primeira onda: Terapias de modificação do comportamento e terapias comportamentais Começou com Pavlov e o condicionamento clássico, sendo este que influenciou Watson, fundador do behaviorismo metodológico. Também tivemos Thorndike estudando como as consequências agiam sobre os comportamentos. Assim veio Skinner, influenciado pelo último, fundando a teoria do Behaviorismo Radical e o estudo do condicionamento operante. Como é executada a intervenção? Foco na modificação do comportamento utilizando técnicas. Objetivo maior eram os comportamentos problema e as emoções. A relação terapêutica era menos próxima. Segunda onda: Inicia-se com Bandura, criador da teoria de aprendizagem social. Aaron Beck e outros psicólogos enfatizam o pensamento acima de outros comportamentos. Beck, insatisfeito com a psicanálise, cria a Psicoterapia Cognitiva. Outro psicanalista insatisfeito com sua teoria foi Albert Ellis, criador da terapia comportamental racional emocional. Como é executada a intervenção? Os pensamentos são a mediação entre o meio e o comportamento, são a causa dos Comportamento problemas, logo necessita-se alterar o padrão de pensamento. Porém há críticas relativas à falta de foco na ação do ambiente sobre o indivíduo. Inicia-se uma relação terapêutica mais próxima. Terceira onda: Embasadas no Behaviorismo Radical, enfatizando um ou outro ponto da teoria, importante foco no Comportamento Verbal (pensamento enquanto operante verbal). Se volta para a perspectiva contextual – relações funcionais dos comportamentos. Apesar de se ater novamente ao behaviorismo, essa teoria ainda usa termos polêmicos cognitivos. Psicoterapia Analítica Funcional - FAP Fundamentos são da AC e Behaviorismo, sendo criada por Kohlemberg e Tsai. É uma teoria que cuida dos efeitos colaterais de práticas coercitivas. A relação entre paciente e psicólogo se dá por Audiência não punitiva, sendo esta uma condição para promover intimidade e conexão, gerando o sentimento no paciente de aceitação (ele pode ser ele mesmo na sessão, sem ressalvas). A forma como o paciente age dentro da sessão será analisada de maneira a entender seus comportamentos fora dela. Oque ele faz ali dentro da sala, provavelmente faz fora, em seu cotidiano. Logo o terapeuta também serve de ambiente para o paciente. Classificação de Comportamentos: CRB1: comportamento problema CRB2: comportamento de solução CRB3: habilidade verbal de identificar as variáveis envolvidas nos próprios problemas CRBs mais comuns: (a) identificar e expressar assertivamente necessidades; (b) dar e receber feedbacks; (c) identificar e lidar com conflitos e desconfortosinterpessoais; (d) autorrevelar-se e manter proximidade interpessoal; e (e) experienciar e expressar emoções. Princípios da FAP/ 5 Regras Norteadoras: Consciência: observação e identificação dos comportamentos clinicamente relevantes em sessão, além dos Sa e Sc Coragem: ser corajoso para evocar (trazer à tona) comportamentos que gerem medo ou desconforto no terapeuta. Amor: empatia para lidar cuidadosamente com as queixas do pacientes, sendo sensível e reconhecendo suas melhoras, reforçando assim os comportamentos desejados. Behaviorismo: ¹se tornar consciente do impacto da intervenção e ²fazer análise das relações funcionais, ensinando o cliente a fazer o mesmo. Para ser uma terapeuta FAP é necessário ter supervisão de outro psicólogo da área e fazer terapia pessoal, pois a história do terapeuta exerce grande influência durante seu trabalho. Treino de habilidades: Instrução: dar orientações para o paciente sobre como executar seus comportamentos, bem como quando ele deverá ser emitido. Modelação (lembre sempre que modelação é igual imitação): dar o modelo de como realizar o comportamentos. Treino: é a orientação seguida de observação do momento de aprendizagem, assim o terapeuta poderá corrigir e avaliar a resposta emitida Feedback: após o treino é necessário reforçar o comportamento dando um feedback, assim garantindo que ele aconteça novamente ou não. Deve ser imediato. Generalização: apresentação da aprendizagem no cotidiano, se possível treinando em condições reais da queixa. Importante: Treinamento de Habilidades é da área de Análise do Comportamento Aplicada. Procedimentos de redução de medo e ansiedade: Medo: ameaça real ou percebida que gera fuga ou esquiva. É composto de comportamentos operantes e respondentes Ansiedade: antecipação de ameaça futura – estado de vigilância: pré-aversivo. Como reduzir: Treino de relaxamento Dessensibilização sistemática Dessensibilização in vivo Treino de relaxamento São estratégias para reduzir a excitação autônoma à componente dos problemas de medo e ansiedade. Comportamentos específicos de relaxamento à resultam em respostas corporais opostas à excitação autônoma. Excitação autônoma: músculos tensos; frequência cardíaca acelerada; mãos frias; respiração rápida. Quatro técnicas comuns: a) relaxamento muscular progressivo, A pessoa tensiona e relaxa sistematicamente cada um dos principais grupos musculares do corpo. Cliente à deve estar à vontade em cadeira confortável e em ambiente silencioso e o terapeuta dará instruções do procedimento: • contração dos músculos ocorre por 5 segundos e liberar a tensão abruptamente; • repetir este processo para todos os grupos musculares Final: os músculos do corpo devem estar mais relaxados do que no início do exercício b) respiração diafragmática, Respirar profundamente de maneira lenta e rítmica, usando os músculos do diafragma para levar oxigênio profundamente aos pulmões - ombros imóveis. • ficar sentado, de pé ou deitado em posição confortável, com os olhos fechados; • inspirar pelo nariz lentamente por 3-5 segundos à pulmões estejam cheios de ar; • expira-se lentamente pela boca por 3 a 5 segundos. Enquanto inspira e expira, deve-se concentrar a atenção nas ações envolvidas na respiração (sensação dos pulmões se expandindo e contraindo, fluxo de ar e movimento do abdômen) à menor probabilidade de ter pensamentos que ocasionam ansiedade c) exercícios de atenção focada Direcionar a atenção para um estímulo neutro ou prazeroso e remover a atenção dos estímulos produtores de ansiedade. • meditação: concentra-se a atenção em um estímulo visual, auditivo ou cinestésico. • imaginação guiada: deve-se visualizar ou imaginar cenas ou imagens agradáveis. • hipnose: concentra-se atenção nas sugestões hipnóticas do terapeuta ou de uma gravação - atenção fica voltada simplesmente para as palavras do terapeuta d) treino de relaxamento comportamental Aprende-se a relaxar todos os grupos musculares do corpo assumindo posturas relaxadas. Inclui componentes de outros procedimentos de relaxamento, aprendendo a respirar corretamente e a atenção está concentrada em cada um dos dez comportamentos de relaxamento envolvidos no procedimento: relaxamento da cabeça, olhos, boca, garganta, ombros, corpo, mãos e pés; permanecer em silêncio e controlar a respiração Dessensibilização Sistemática Visa reduzir respostas de medo aprendendo a relaxar enquanto imagina cenas produtoras de ansiedade descritas pelo terapeuta. Três etapas importantes: 1. habilidades de relaxamento à um dos procedimentos descritos anteriormente. 2.terapeuta e o cliente desenvolvem uma hierarquia de estímulos 3. O cliente pratica habilidades de relaxamento enquanto o terapeuta descreve cenas dessa hierarquia. Dessensibilização in Vivo É parecida com a dessensibilização sistemática, exceto pelo fato de o cliente se aproximar gradualmente ou ser gradualmente exposto ao verdadeiro estímulo produtor de medo Para usar o procedimento, o cliente: (1) aprende habilidades de relaxamento, (2) desenvolve uma hierarquia de situações que envolvem o estímulo produtor de medo (3) vivencia todas as situações da hierarquia enquanto mantém o relaxamento como uma resposta alternativa para substituir a resposta de medo Outros tratamentos: Inundação: exposição direta com o elemento que gera medo/ansiedade Modelação: mostrar explicitamente como se comportar para que haja imitação Comportamento Cognitivo Comportamento Cognitivo (pensamentos, imaginação, sonhos etc.): é como qualquer outro e na análise do comportamento vamos apenas categorizá-lo como privado. Sendo assim, para ter acesso a um comportamento privado precisaremos de um comportamento público: o comportamento verbal. Ex: para que você saiba o que seu paciente está pensando ele irá falar com você, expondo esse comportamento. Apenas uma pessoa tem acesso aos comportamentos privados: ela mesma como sua própria observadora. Nem sempre o paciente saberá explicar o comportamento cognitivo, caberá ao psicólogo identificar e descrever ele: - Qual a classe de respostas que ele pertence? (Tipos de R com a mesma função) - Em que momento e situação ocorre? - O que acontece depois? O pensamento como comportamento cognitivo pode servir de Sa em um respondente: S RResposta fisiológica pensamento Ou seja: sempre que um pensamento gerar uma resposta fisiológica entenderemos como um comportamento respondente. Ex: pensar em vômito me faz vomitar Como se encaixa na cadeia? Dentro da cadeia de comportamento cria-se uma separada para o comportamento cognitivo atuando como respondente. Intervenção: Diminuir a frequência de comportamentos excessivos, ex: pensamentos suicidas ou paranoicos; Ou aumentar comportamentos cognitivos deficitários (baixos): autoconfiança, autoeficácia... Procedimentos de Modificação do Comportamento Cognitivo Restruturação Cognitiva: Substitui comportamentos desadaptativos por outros mais adaptativos Treino de habilidades cognitivas de enfrentamento: ensino de comportamentos cognitivos que serão usados para promover comportamentos públicos desejáveis. Boa prova, meus amores <3
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