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Lara de Aquino Santos Lesões de Glândulas Salivares 1. MUCOCELE: O que é: → É uma lesão resultante de um trauma que ocasiona o rompimento do ducto de uma glândula salivar menor; → Não é considerada um cisto verdadeiro, pois não possui revestimento epitelial (se tivesse seria um cisto de retenção mucoso). Características Clínicas: → Comumente localizada em lábio inferior, ventre de língua, assoalho de boca e mucosa jugal; → Pode ocorrer em toda a cavidade oral, porém a localização mais comum é a citada acima; → São mais comuns em crianças e adultos jovens; → Se apresentam como aumentos de volume mucosos arredondados em forma de vesícula ou bolha; → São assintomáticas; → Período de remissão e recidiva é comum; → Coloração normocrômica quando a lesão é pequena, e azulada ou translúcida em lesões maiores; → É flutuante, mas algumas mucoceles são firmes à palpação; → Podem romper quando superficiais; → O palato e o trígono retromolar são regiões mais incomuns, entretanto uma variante pode se desenvolver nestas áreas e ao longo da mucosa jugal posterior (mucocele superficial). Glândulas de Blandin-Nuhn: → São as glândulas que geram a mucocele na região anterior do ventre da língua. Manobra Semiotécnica: → Tintura de tempo em pacientes menores de 10 anos; → + 10 anos: Remoção excisional. Cisto de Retenção Salivar: → Acomete pacientes com mais de 45 anos; → A saliva tende a ficar mais viscosa, fazendo com que ocorra a retenção da mesma. Histopatológico: → Exibe uma área de mucina extravasada, circundada por tecido de granulação reacional com macrófagos espumosos. Tratamento: → Remoção da lesão junto à glândula associada; → Recidivas são comuns, principalmente em região de ventre de língua. Lara de Aquino Santos 2. RÂNULA: O que é: → É um termo usado para mucoceles que ocorrem no assoalho de boca. Características Clínicas: → Se apresenta como um aumento de volume arredondado flutuante, de coloração azulada, no assoalho bucal; → Comumente derivada da glândula sublingual, mas pode estar associada também a submandibular (menos comum); → Apresenta recidiva maior comparada a mucocele. Rânula Cervical ou Mergulhante: → Variante clínica que ocorre quando a lesão cresce entre as fibras do músculo milo-hioide e produz o aumento de volume dentro do pescoço. Tratamento: → Remoção excisional da glândula sublingual e/ou marsupialização; → Importante delimitar a lesão através da anestesia (pontos), pois quando ela estoura perde-se a noção dos limites. Além de evitar a prega sublingual, onde passa o ducto de Wharton. Ductos das Glândulas Salivares Maiores: → Parótida: Ducto de Stensen – desemboca na altura do 2° molar superior; → Submandibular: Ducto de Wharton – desemboca na papila sublingual embaixo da língua; → Sublingual: Múltiplos ductos ao longo das pregas sublinguais. 3. SIALOLITÍASE: O que é: → Estruturas calcificadas no interior do sistema ductal salivar (sialólitos); → Surgem pela deposição de sais de cálcio ao redor de restos orgânicos dentro da luz do ducto. Etiologia: → É incerta, mas sua formação pode ser promovida pela sialoadenite crônica e pela obstrução parcial; → Seu desenvolvimento não está relacionado com nenhum desequilíbrio sistêmico no metabolismo de cálcio e fósforo. Características Clínicas: → Comumente associada a glândula submandibular, devido o ducto de Wharton ser longo, tortuoso e a secreção estar contra a gravidade; → Pode se formar na glândula parótida, sublingual e em glândulas salivares menores; → Ocorre em adultos jovens e adultos de meia-idade; → A obstrução pelo sialólito causa dor e tumefação episódica da glândula, gerando uma sialoadenite (inflamação da glândula salivar), que pode ser crônica ou aguda; → Apresenta palpação endurecida; Lara de Aquino Santos → Radiograficamente apresenta-se como uma massa radiopaca (radiografia oclusal da mandíbula – diminuir o tempo de exposição 0,4 – 0,5). Histopatológico: → Apresenta massa calcificada intraductal mostrando laminações concêntricas. Tratamento: → Quando estiver inflamado ou supurando é interessante prescrever antibiótico, e somente após 7 dias realizar a cirurgia; → Sialólito pequeno: Forma conservadora (massagens suaves, drogas que estimulam o fluxo salivar, aplicação local de calor ou ingestão de líquidos); → Sialólito grande: Remoção cirúrgica. SIALODENITE: O que é: → É a inflamação das glândulas salivares. Etiologia: → Bacteriana: A maioria surge como resultado da obstrução ductal (sialolitíase) ou de decréscimo do fluxo salivar; → Viral: Mais comum é a caxumba; → Não infecciosas: Baixa ingestão de líquidos, Síndrome de Sjogren, sarcoidose, radioterapia e alérgenos. Características Clínicas: → Aguda: Edema, dor, febre baixa, supuração e a pele sobrejacente pode se apresentar quente e eritematosa. É mais comum na glândula parótida e é bilateral em 25% dos casos; → Crônica: Tumefação (localizada ou ‘‘generalizada’’ - edema no rosto) e dor periódica (quando estimulada); → Necrosante subaguda: Comum em adolescentes e adultos jovens e envolve glândulas salivares menores, apresentando-se como um nódulo doloroso, recoberto por mucosa eritematosa intacta (supuração pode estar presente). Tratamento: → Sialoadenite aguda: Antibioticoterapia e a reidratação do paciente para estimular o fluxo salivar. A drenagem cirúrgica pode ser necessária se houver formação de abscesso; → Sialoadenite crônica: Se estiver associada a um sialólito consiste na remoção do mesmo; → Subaguda: Sem tratamento. SIALORRÉIA: O que é: → Não está ligada ao aumento da salivação, e sim a uma falha no controle neuromuscular de deglutir a saliva. Etiologia: → Prótese total nova, raiva, envenenamento, medicamento e etc. Lara de Aquino Santos Características Clínicas: → Comum em pacientes que necessitam de cirurgia ortognática, pacientes que possuem síndrome de Down, paralisia cerebral, paralisia do nervo facial e pacientes infantis; → Essa falha determina excesso de baba e engasgo, que podem causar constrangimentos sociais. Tratamento: → Alguns casos de sialorreia são transitórios ou discretos, e nenhum tratamento é necessário; → Recomendado realizar uma boa higiene oral para evitar lesão fúngica. XEROSTOMIA: O que é: → Sensação subjetiva de secura na boca. Etiologia: → Anti-hipertensivos: HCTZ e furosemida; → Antidepressivos: Amitriptilina; → Anticolinérgicos: Atropina; → Anti-histamínicos. Características Clínicas: → Comumente associado a pacientes pós- irradiados e com aumento da idade; → A saliva residual se apresenta de forma espumosa ou espessa; → Dificuldades para mastigar e deglutir estão presentes; → Há o aumento da prevalência de candidíase oral, em decorrência da redução na limpeza e da atividade antimicrobiana normalmente promovida pela saliva; → Maior suscetibilidade a cáries dentárias, especialmente as cáries cervicais e as cáries de raiz; → As mulheres são mais acometidas. Necessário realizar o exame (biópsia) para síndrome de Sjogren. Tratamento: → As salivas artificiais podem ajudar o paciente a ter um maior conforto (kin hidrat ou salivan apresenta um bom custo benefício – bioxtra e oralbalance custo maior). Aplicar na mucosa jugal e lábios. → A ingestão de goles de água ao longo de todo o dia se faz necessário; → Balas sem açúcar podem ser usadas na tentativa de estimular o fluxo salivar; → Sialogogo (pilocarpina). SÍNDROME DE SJOGREN: O que é: → Doença autoimune crônica sistêmica que envolve principalmente as glândulas salivares e lacrimais, resultando em xerostomia (boca seca) e xeroftalmia (secura ocular). PrimáriaX Secundária: → Primária: Xerostomia + xeroftalmia (sicca isolada); → Secundária: O paciente manifesta a síndrome sicca adicionalmente a outra Lara de Aquino Santos doença autoimune (associação mais comum é à artrite reumatoide). Características Clínicas: → Está associada a uma hipertrofia da glândula parótida, mas também pode estar associada a submandibular; → O principal sintoma oral é a xerostomia, que é causada pelo decréscimo das secreções salivares; → Acomete mais o sexo feminino e adultos de meia idade; → A língua geralmente se torna fissurada e exibe atrofia das papilas; → A mucosa oral pode se apresentar vermelha e dolorida; → As úlceras causadas por próteses e a queilite angular são comuns; → Aumento firme e difuso das glândulas salivares maiores e geralmente, esse aumento é bilateral. Diagnóstico: → Biópsia no lábio inferior. Tratamento: → Diagnóstico de apoio; → Lágrimas artificiais, sialogogos, saliva artificial. ......LESÕES TUMORAIS:..... São mais comuns em parótida; Benignas: Mais comum no lábio e palato; Malignas: Mais comum no trígono retromolar, assoalho de boca, lábio inferior e língua. LESÕES BENIGNAS: ADENOMA PLEOMÓRFICO: → Também chamado de tumor misto benigno. São derivados de uma mistura de elementos ductais e mioepiteliais. Características Clínicas: → Comumente associado a glândula parótida, mas também se manifesta na cavidade oral; → Na cavidade oral é mais comum no lábio superior, seguido de palato mole e mucosa jugal; → Se apresenta como um aumento de volume firme, indolor e de crescimento lento; → É a neoplasia de glândula salivar menor primária mais comum na infância; → Há uma discreta predileção pelo sexo feminino; → O palato é a localização mais comum, seguida pelo lábio superior e pela mucosa jugal. Tratamento: → Lesões no lobo profundo da glândula parótida: Parotidectomia total; → Lesões no lobo superficial da glândula parótida: Parotidectomia superficial, com preservação do nervo facial. TUMOR DE WHARTIN: → Acomete praticamente glândula salivar maior, sendo exclusivo da glândula parótida; → A sua patogênese é incerta. Lara de Aquino Santos Características Clínicas: → É o 2° tumor benigno mais comum da glândula parótida; → Se apresenta como um aumento de volume nodular de crescimento lento e indolor; → Tende a ocorrer bilateralmente; → As lesões podem ser firmes ou flutuantes à palpação; → Localizado frequentemente na cauda da parótida, próximo ao ângulo da mandíbula; → Geralmente ocorre em adultos idosos, com um pico de prevalência entre a 6° e a 7° décadas de vida, com marcante prevalência no sexo masculino. Tratamento: → Remoção cirúrgica. LESÕES MALIGNAS: CARCINOMA MUCOEPIDERMOIDE: → É composto de uma mistura de células produtoras de muco e células epidermoides; → A sua patogênese é incerta, embora a exposição à radiação possa ser fator de risco. Características Clínicas: → É mais comum na parótida; → Na cavidade oral é mais comum no lábio inferior, palato mole e trígono retromolar; → Coloração azulada; → Apresenta-se como um aumento de volume assintomático; → As glândulas salivares menores constituem a segunda localização preferencial, especialmente o palato. Tratamento: → É determinado pela localização, grau histopatológico e estágio clínico do tumor; → Remoção cirúrgica e radioterapia coadjuvante. CARCINOMA ADENÓIDE CÍSTICO: → É composto por uma mistura de células mioepiteliais e células ductais que pode apresentar um arranjo variado. Características Clínicas: → Pode ocorrer em qualquer glândula salivar, mas aproximadamente 40% a 45% se desenvolvem nas glândulas salivares menores – comumente em assoalho de boca e mucosa jugal; → Se apresenta como um aumento de volume de crescimento lento; → Apresenta alto índice de recidiva local e eventual metástase à distância; → A dor é o achado clínico mais comum e importante, ocorrendo antes que haja um aumento de volume clinicamente detectável; → Quando se origina no palato ou no seio maxilar geralmente exibe características radiográficas evidentes de destruição óssea. Tratamento: → Remoção cirúrgica e radioterapia coadjuvante.
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