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Anatomia das glândulas adrenais Os hormônios esteroides (endógenos), nos mamíferos, são produzidos nas glândulas adrenais (cranialmente aos rins). A camada glomerulosa do cortex é responsável por produzir mineralocorticoides, como a aldosterona, hormonio que irá regular os níveis de sódio e potássio no organismo. A camada fasciculada é a produtora dos glicocorticoides, como a cortisona, o cortisol, corticosterona. A camada reticulada é responsável por produção dos hormonios sexuais, como andrógenos e estrogênios. A medula é responsável pela produção de catecolaminas, como a adrenalina e a noradrenalina. Os corticoides são substâncias sintéticas que são baseadas nos glicocorticoides. As glândulas adrenais sofreram ação da hipófise e do hipotálamo, as adrenais para produzirem e liberarem mais ou menos hormônios, sofrem ação do ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), produzido e liberado pela hipófise anterior (adeno-hipófise), regula a produção de glicocorticoides nas adrenais. A adeno-hipofise sofre ação do hormônio liberador de corticotrofina (CRH), produzido pelo hipotálamo. Quando há altas concentrações plasmáticas de cortisol, ou seja, as adrenais estão produzindo e liberando muito cortisol, o proprio cortisol em alta quantidade no organismo faz um feedback negativo tanto na hipófise anterior, como no hipotálamo, o cortisol atua na adeno-hipofise inibindo a secreção de ACTH, e no hipotalamo, inibindo o CRH, para que as glandulas adrenais produzam menos glicocorticoides, para que as concentrações de cortisol caiam. No entanto, caso tenha-se uma situação de estresse, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenais é estimulado. Propriedades fisiológicos e farmacológicas: Os glicocorticoides produzidos pelas adrenais especificamente na zona fasciculada do cortex, possui importantes propriedades fisiológicas e farmacológicas. ➔ Inibem a reaptação e a utilização da glicose perifericamente, inibem a utilização de molecula de glicose como fonte energetica pela maior parte das células do organismo, reservando a glicose, como fonte de energia para células específicas e importantes, como os neurônios e eritrócitos. ➔ Promovem a gliconeogênese, aumentam a produção de glicose no organismo. ➔ Estimulam a lipólise, ou seja, a quebra de lipidios, para que esses lipídeos sirvam Efeitos metabólicos gerais como fonte energética para maior parte das células do corpo. ➔ Aumentam o catabolismo proteico e diminuem a spintese de proteínas, para que também as proteínas, sirvam de energiam para maior parte das células do corpo. Todos os efeitos metabólicos acabam resultando em um quadro de hiperglicemia (alta concetração de glicose no corpo), ocorre pela atuação dos glicocorticoides, especialmente do cortisol, porque é necessário ter mais energia disponível no corpo em situação de estresse. O organismo que está em situação de estresse, precisa de maior aporte energético. ➔ Diminuem a transcrição de genes que codificam fatores de adesão, consequentemente, haverá uma diminuição da ativação de neutrófilos e macrófagos inflamados. ➔ Diminuem a ativação de linfócitos T helper ➔ Inibem a enzima fosfolipase A2, que são as enzimas que quebra fosfolipídios de membrana no ácido araquidônico, por isso, inibindo a fosfolipase A2, os glicocorticoides, consequentemente, inibirão a síntese de eicosanoides (prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos – mediadores inflamatórios) ➔ Inibem a cicloxigenase (COX) a partir de um mecanismo de ação igual aos dos AINES. Os glicocorticoides atuaram na cascata inflamatória de 2 formas: ➔ Estimulam a proteína lipocortina, que inibe a fosfolipase A2, logo inibe a quebra de fosfolipídio de membrana no ácido araquidônico. ➔ Inibição direta da enzima cicloxigenase, impedindo que o ácido araquidônico seja convertido em prostaglandinas e tromboxanos. Se assemelha ao mecanismo de ação dos anti-inflamatórios não esteroidais. Através desses dois mecanismos, os glicocorticoides vão diminuir os mediadores inflamatórios. ➔ Involução de tecido linfóide ➔ Diminuem a quantidade de monócitos, linfócitos, basófilos e eosinófilos periféricos ➔ Diminuem a eficiência de fagócitos A longo prazo, os glicocorticoides, possuem efeito imunossupressor no organismo. ➔ TGI: aumentam a secreção de HCl + pepsina, favorecendo o aparecimento de distúrbios dispépticos (quadro caracterizado por um conjunto de sintomas do TGI superior, como dor, queimação e desconforto abdominal superior). ➔ Osteomuscular: reduzindo a atividade de osteoblastos e aumentando a atividade de osteoclastos, acarretando perda óssea do indivíduo. ➔ Cálcio: inibe a absorção de cálcio pelo TGI e estimulando a eliminação de cálcio pelos rins, favorecendo o quadro de osteoporose. Mecanismo de ação: O mecanismo de ação dos glicocorticoides em todos os sistemas é igual. Atua com receptores no núcleo das células. Por serem derivados do Efeitos anti-inflamatórios: Efeito imunossupressor: Efeito em outros sistemas: colesterol, são substâncias lipossolúveis, portanto atravessam facilmente a membrana celular, no citosol, os glicocorticoides se ligam as proteínas receptoras no citoplasma e este complexo glicocorticoide e proteína receptora do citoplasma se dirige até o núcleo da célula. No núcleo, o complexo “glicocorticoide e proteína receptora” se liga a uma região específica da molécula de DNA e a partir dessa ligação, o glicocorticoide pode estimular ou inibir a produção de uma série de proteínas e essas proteínas vão determinar todos os efeitos. Gatos apresentam uma menor concentração de receptores para glicocorticoides, logo são menos responsivos aos glicocorticoides. Indicações terapêuticas: Há princípios para que seja administrada os corticoides para o paciente: ➔ A dose deve ser ajustada de acordo com o paciente. Ou seja, terapia individual ➔ A corticoterapia por curto período e de efeito rápido, produz poucos efeitos adversos. Ou seja, pouco efeito imunossupressor no animal. ➔ Corticoterapia prolongada, tem maior risco de produzir efeitos adversos no animal. ➔ A seleção do melhor protocolo terapêutico, deve ser os seguintes parâmetros: atividade anti-inflamatória, atividade mineralocorticoide e meia vida plasmática. As indicações terapêuticas são: ➔ Afecções musculoesqueléticas: traumatismo, artrite e claudicação. No caso da laminite, não se deve utilizar após as primeiras 24h do quadro clínico, pois já há uma reparação tecidual natural, e pode ser atrapalhada pelos efeitos do corticóide. ➔ Afecções de pele: dermatites por lambedura (atividade anti-inflamatória); dermatites alérgicas ou parasitárias (atividade antipruriginosa); pênfigo e lúpus eritematosos (atividade imunosupressiva) ➔ Distúrbios metabólicos: cetose bovina (comum em vacas leiteiras de alta produção- corticoide induz a um quadro de hiperglicemia), mioglobinúria equina e toxemia gestacional das ovelhas. ➔ Doenças oftalmológicas: em casos de uveítes, o corticoide reduz a produção de exsudato inflamatório, evitando o glaucoma. ➔ Afecções alérgicas: atopia, dermatite alérgica à picada de pulga e hipersensibilidade alimentar. Contraindicações: ➔ Gestação (quando não se deseja induzir o parto) - os corticoides são capazes de induzir o parto no terço final de gestação de equinos e bovinos. ➔ Processos de cicatrização- a corticoterapia inibe o processo de cicatrização ➔ Diabetes mellitus ➔ Animais em fase de crescimento ➔ Uso crônico- imunossupressão Protocolos terapêuticos: ➔ Terapia padrão: duração de até 15 dias, utilização de corticoides de ação intermediária ou prolongada. Dose de indução e de manutenção com redução pelametade a cada 3 dias, visto que a corticoterapia pode causar a supressão das adrenais, de forma que produzam menos glicocorticoides, logo se tira de uma vez o glicocorticoide exogéno, a adrenal não consegue produzir cortisol de forma suficiente para o organismo e o animal sofre os efeitos da falta de cortisol endógeno. ➔ Terapia crônica: tratamento de longa duração, nos quais existe um risco maior de supressão das glândulas adrenais, visto que o eixo hipotálamo-hipofise-adrenal ficará sem funcionar por muito mais tempo, logo, administra um corticoide de ação intermediária. Há o cálculo de uma dose por 2 dias administrada de uma vez em dias alternados. ➔ Terapia intensiva curta: aplicada para ter- se menor mortalidade de animais em situações de choque e trauma crânio- espinhal, pode ser utilizado qualquer corticoide de ação curta, intermediaria e prolongada, as doses aplicadas ação de 5 a 10x maior que as usuais, a duração máxima de 48h. Corticoides sintéticos: Classificação quanto à meia-vida plasmática: ➔ Ação rápida: com inibição do eixo hipotálamo-hipófise-adrenais- por menos de 12h. Ação dos fármacos é de até 12h ➔ Ação intermediária: os corticoides de ação intermediaria atual por 12 a 36h ➔ Ação prolongada: atua no organismo por mais de 36h. Classificação quanto à atividade anti-inflamatória: ➔ Comparação dos fármacos ao cortisol/hidrocorticona
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