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ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO (AP) - TEORIAS HISTÓRICO-CRÍTICAS EM PSICOLOGIA Respostas das questões a partir da leitura do artigo indicado: Questão 1 - O que do cenário da América Latina registrado por Martín-Baró ainda se mantém nos dias de hoje e o que mudou? Como você observa os impactos do que se mantém e do que foi transformado. Resposta: Segundo Martín-Baró (1997), em relação ao cenário da América Latina, a região encontra-se estruturada de tal forma que há de um lado a maioria pobre, injustiçada, em situação de miséria e do outro a minoria abastada. O autor ressalta a desigualdade social existente na América Latina e que essa se mantém através da repressão e do controle social. Além disso, o autor aponta como cenário atual a situação de guerra ou quase guerra e a luta por transformações da realidade anteriormente citada. Também destaca o retrocesso econômico da região latino americana nos últimos anos e o investimento em material e estruturas para a guerra ao invés do investimento em áreas importantes para sobrevivência do povo. Por fim, Martín-Baró aponta que a América Latina encontra-se como parte dos Estados Unidos, em que se vê as decisões políticas serem tomadas de forma que assegurem a segurança nacional dos Estados Unidos, ignorando as necessidades do povo latino americano. Podemos perceber que a desigualdade social da América Latina ainda se mantém, porém com pequenas melhorias e guerras ainda ocorrem em certos momentos. Os impactos do que se mantém e do que foi transformado são frutos, respectivamente, das forças políticas e econômicas capitalistas da desigualdade social e das lutas pela transformação social da realidade e pelos momentos históricos vivenciados até então em cada região da América Latina. As discussões e os debates acerca das situações enfrentadas pela América Latina continuam e tendem a se intensificar. É necessário trazer as problemáticas enfrentadas nesta região para as políticas públicas que tenham como foco resolver os problemas sociais e econômicos enfrentados pela população latino-americana, pautadas nos direitos humanos e não na ideologia política de um governo. Questão 2 - Entre os pontos trazidos pelo autor em torno do processo de conscientização, descreva como seria o desenvolvimento psicossocial dos sujeitos diante de temas capitais como racismos ou misoginia, por exemplo, como se daria o real processo de conscientização dos sujeitos a respeito desses temas. Resposta: A conscientização ocorre através das relações com os outros e com a sociedade, portanto assim se daria a conscientização sobre o racismo e misoginia. A conscientização se daria ao alfabetizar-se sobre esses temas, apreender a história e a realidade das pessoas que sofreram e sofrem racismo ou misoginia e daqueles que as perpetuam. Além disso, esse processo envolveria apreender sobre os próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos racistas e misóginos e sobre como o mundo atua nessas questões. A conscientização se daria através do diálogo, através das interações com outras pessoas. A partir dela, o indivíduo adquire um saber crítico sobre si e o seu redor, entendendo, por exemplo, a origem, o que mantém o racismo e a misoginia e que essas atitudes não são naturais e são passíveis de transformação. A conscientização mudaria a relação do indivíduo com ele mesmo, com os outros e com os demais (vítimas ou perpetuadores do racismo e da misoginia). A partir da conscientização não haveria uma relação de superioridade e inferioridade entre etnias ou raças, mas sim uma perspectiva de um conjunto de seres humanos com particularidades. O desenvolvimento psicossocial se dá e se daria ao longo das experiências, vivências e das relações sociais que o indivíduo se insere. A partir do compartilhar com o outro, da troca, que o indivíduo desenvolve sua identidade e sua maneira de se relacionar com seus semelhantes. Ao formar sua identidade nesse processo de conscientização, o indivíduo racista ou misógino não se consideraria superior ao outro, mas saberia da história vivenciada por eles ao longo do tempo a relacionando com o contexto social, econômico, histórico e político da época e não com uma inferioridade dessa população (negros ou mulheres). Além disso, o indivíduo alvo do racismo ou misoginia, ao formar sua identidade nesse processo de conscientização, se apropriaria da história do seu povo, se identificaria com os seus e também não se veria como inferior e não veria o outro como superior. Além disso, o indivíduo lutaria por transformações da realidade em que vive, fugindo da atitude fatalista. A partir dessa construção de identidade, a maneira de se relacionar com os outros seria de reciprocidade, horizontalidade, respeito e muitos outros pontos positivos. Questão 3 - Das propostas trazidas por Martín-Baró, como você observa a formação crítica do profissional de saúde hoje, tendo por base o conhecimento das teorias histórico-críticas ou ainda outros pontos não abarcados por ele que você julga válidos. Resposta: O processo de formação do profissional em saúde vem sendo discutido e mudanças nas grades curriculares das instituições de formação profissional vêm ocorrendo. Entretanto, percebe-se que o processo de transformação do pensar e fazer em saúde ainda está em seu início, sendo esse marcado pelo saber acrítico. Martín-Baró aponta a necessidade da conscientização no quefazer psicológico, ressaltando a responsabilidade histórica e social que a psicologia tem com o contexto no qual está inserida, no caso a responsabilidade com a América Latina e seu povo. O processo de conscientização, que envolve se apoderar da identidade social, nacional e histórica do seu povo está sendo cada vez mais valorizado e perpetuado no meio acadêmico, mas ainda tem muito o que avançar no que se refere à prática profissional em saúde e, até mesmo, no que se refere às relações interpessoais. É necessário, portanto, que os profissionais atuais e futuros coloquem em prática os ideais das teorias histórico-críticas e não somente estudem a respeito. Vê-se, na psicologia por exemplo, a perpetuação de abordagens tradicionais nas práticas de estágios que não possuem base nas teorias histórico-críticas, mas que são as mais difundidas na academia. Um ponto a destacar é que a maioria das abordagens que orientam os trabalhos psicológicos nas diversas áreas de atuação, são frutos de contextos europeus que em quase nada se assemelham ao contexto latino-americano. É preciso oferecer ao profissional em formação a possibilidade de atuar sob uma fundamentação histórico-crítica que considere a realidade da região na qual o profissional atua. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARTÍN-BARÓ, Ignácio. O papel do psicólogo. Estudos de Psicologia (Natal), v. 2, n. 1, p. 7-27, 1997.
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