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Punibilidade: • Possibilidade de punir (Estado) • Prática de um crime Extinção de punibilidade: • Perda da pretensão punitiva (Estado) • Impossibilidade de impor pena ou sanção. Hipóteses que impedem o prosseguimento do processo: • Maioria no Art. 107, CP, e na parte especial – crimes específicos: Art. 312, §3º, CP → peculato culposo • Rol exemplificativo – outras leis podem ter suas próprias extinções de punibilidade. Pra que serve a Extinção de punibilidade: • Punir quem viole a Lei Penal • Forma de limitar o poder de punir do Estado. Como funciona: • Averiguação das causas presente no caso concreto: certidão de óbito do réu. • Verificar o cumprimento dos requisitos autorizativos da medida • Antes de ser analisado pelo Juiz, deve haver lei federal ou decreto que autorize em caso de: Anistia; Graça ou Indulto. • Existência de Lei que deixe de considerar crime determinada conduta: Abolitio Criminis. • Inércia do ofendido: Perempção. • Transcurso de um prazo legal, que impede a conduta das partes: Prescrição; Decadência. • Cumprimento dos requisitos específicos e depois analisado pelo judiciário, no caso de: Renúncia; Perdão; Retratação do acusado. Causas de Extinção de punibilidade: • Gerais (comuns) → aplicável a todos os crimes: ✓ Morte ✓ Prescrição • Específicas (particulares) → aplicável a alguns delitos: ✓ Perdão Judicial Art. 107, CP: • Morte do agente → inciso I: ✓ Lei 9.434/97 – cessação da atividade cerebral. ✓ Deve ser declarada e registrada em Cartório de Registro Civil e SOMENTE assim pode ser comprovado para o Direito. ✓ Nenhuma pena passará da pessoa do condenado – Art. 5º, XLV. ✓ Causa personalíssima de extinção de punibilidade. ✓ Pode ser comprovada e aplicada em qualquer fase do processo. • Anistia → inciso II: ✓ Se aplica a fatos sociais ✓ Fatos impuníveis por motivo de utilidade social. ✓ Competência exclusiva da União. ✓ Privativa do Congresso Nacional, com sanção do Presidente da República, mediante Lei Federal. ✓ Segundo Nucci – é concedida primordialmente a crimes políticos, porém pode ser concedida a crimes comuns, desde que não sejam os hediondos; tortura; tráfico; ilícito de drogas e terrorismo. ✓ Exclui todos os efeitos penais – principais e secundários ✓ Não exclui efeitos extrapenais – caso concedidas após a sentença condenatória, pode ter sua execução no juízo cível. • Graça: ✓ Concedida a pessoas. ✓ Doutrina: indulto individual ✓ Perdão ou Clemência realizada pelo Presidente da República – analise de caso já julgado por sentença definitiva e condenatória. ✓ Deve ser solicitada por meio de petição ✓ Podem pleiteá-la: o condenado, o Ministério Público, o Conselho Penitenciário ou a autoridade administrativa. ✓ Total ou Parcial ▪ Total: alcança toda a sanção imposta. ▪ Parcial: alcança apenas alguns aspectos da pena, podendo ser reduzida ou substituída (comutação – não gera extinção da punibilidade). • Indulto: ✓ Indulto coletivo – alcança várias pessoas. ✓ Presidente da República delimita em decreto as condições para a concessão. • Abolitio Criminis – inciso III: ✓ Nova lei determina que o fato não é mais crime. ✓ Retroage – processo criminal em andamento; em fase de recurso; já julgado definitivamente. ✓ Art. 2º CP - retroatividade da lei penal mais benéfica. ✓ Ainda podem ter consequências Civis, pois só alcança as consequências penais. • Prescrição: ✓ Perda do direito do Estado de punir/executar uma pena ✓ Transcurso do tempo previsto em lei. ✓ Ocorre antes de transitar em julgado ✓ Art. 109, CP - Prescrição da pretensão punitiva: ▪ O Estado não pode mais impor uma sanção ao acusado. ✓ Prescrição da pretensão Executória: ▪ Extinção do direito de executar a pena imposta ao réu – ocorre SOMENTE quando existe sentença condenatória e definitiva. ▪ Cálculo: • Pena máxima em abstrato. • Pena concreta já aplicada. • Decadência: ✓ Regra geral – Art. 103, CP – 6 meses pra entrar com a ação (assim eu tiver conhecimento do autor) ou Art. 100, CP – do dia que se esgota o prazo de oferecimento da denúncia. ✓ Perda do direito de ingressar com ação privada ou representação. • Perempção: ✓ Ocorre nas Ações penais privadas ✓ Particular se mantém inerte – condutas do Art. 60 CPP. ✓ Deixa de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos. ✓ Querelante falecido/incapaz – 60 dias (sucessores) ✓ Querelante deixa de comparecer sem motivo ou não formula pedido de condenação (alegações finais). ✓ Querelante for pessoa jurídica e extinta, sem sucessor. ✓ Sanção processual por inércia • Renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nas ações privadas - inciso V: ✓ Desistência da propositura da ação penal privada pelo ofendido ✓ Não depende da aceitação do acusado ✓ Ocorre antes do ajuizamento da ação – Art. 49 CPP → princípio da indivisibilidade da ação penal ✓ PERDÃO → desistência do prosseguimento da ação penal – Art. 51, CPP. ▪ oferecido pelo particular ▪ após ajuizamento da ação ▪ se estende a todos os acusados. ▪ O réu deve aceitar o perdão. • Retratação do acusado – inciso VI. ✓ Acusado reconhece o erro – retira o que havia dito ✓ Apenas em alguns crimes ✓ Não precisa aceitação da vítima. • Perdão judicial: ✓ Juiz deixa de aplicar a pena – casos previstos em lei ✓ Análise discricionária do magistrado ✓ Em alguns crimes culposos: lesão corporal; homicídio; receptação. • Suspensão Condicional do processo: ✓ Lei 9.099/95 ✓ Cumprir condições por determinado período • Reparação do dano – peculato culposo – Art. 312, §3º, CP: ✓ Reparar o dano antes da sentença condenatória • Confissão de dívida previdenciária – Art. 337-A, §1º, CP ✓ Sonegação de contribuição previdenciária ✓ Confessar antes do início da ação fiscal • Cumprimento da pena ✓ após a sentença condenatória COMUNICABILIDADE DAS CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE SE COMUNICAM A TODOS OS ENVOLVIDOS NO CRIME: • O perdão, a quem aceitar; • A abolitio criminis; • A decadência; • A perempção; • A renúncia ao direito de queixa; • A retração, no crime de falso testemunho. ATINGEM SOMENTE O ACUSADO, SEM SE COMUNICAR COM OS DEMAIS COAUTORES E PARTÍCIPES, SÃO: • A morte do agente; • O perdão judicial; • A graça, indulto ou anistia (conforme o caso); • A retratação do querelado na calúnia ou difamação; • A prescrição, conforme o caso (ex: se um acusado é menor de 21 anos, a prescrição do seu crime cai pela metade). EFEITOS DA EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE • Antes da sentença – não terá efeito penal/processual • Art. 397, inciso IV, CPP – absolvido sumariamente, sem gerar maus antecedentes. • Após a sentença condenatória – efeitos da execução penal ou da pena. • Anistia ou Abolitio criminis – crime é excluído como um todo. ______________________________________________ Sistemas de processo penal: há, basicamente, três sistemas regentes do processo penal: a) inquisitivo, b) acusatório, c) misto. O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce, também, a função de acusador; a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates orais, predominando procedimentos exclusivamente escritos; os julgadores não estão sujeitos à recusa; o procedimento é sigiloso; há ausência de contraditório e a defesa é meramente decorativa. O sistema acusatório possui nítida separação entre o órgão acusador e o julgador; há liberdade de acusação, reconhecido o direito ao ofendido e a qualquer cidadão; predomina a liberdade de defesa e a isonomia entre as partes no processo; vigora apublicidade do procedimento; o contraditório está presente; existe a possibilidade de recusa do julgador; há livre sistema de produção de provas; predomina maior participação popular na justiça penal e a liberdade do réu é a regra. O sistema misto, surgido após a Revolução Francesa, uniu as virtudes dos dois anteriores, caracterizando-se pela divisão do processo em duas grandes fases: a instrução preliminar, com os elementos do sistema inquisitivo, e a fase de julgamento, com a predominância do sistema acusatório. Num primeiro estágio, há procedimento secreto, escrito e sem contraditório, enquanto, no segundo, presentes se fazem a oralidade, a publicidade, o contraditório, a concentração dos atos processuais, a intervenção de juízes populares e a livre apreciação das provas. Nosso sistema é misto. Defendem muitos processualistas pátrios que o nosso sistema é o acusatório, porque se baseiam, certamente, nos princípios constitucionais vigentes (contraditório, separação entre acusação e órgão julgador, publicidade, ampla defesa, presunção de inocência etc.). Entretanto, olvida-se, nessa análise, o disposto no Código de Processo Penal, que prevê a colheita inicial da prova através do inquérito policial, presidido por um bacharel em Direito, que é o delegado, com todos os requisitos do sistema inquisitivo (sigilo, ausência de contraditório e ampla defesa, procedimento eminentemente escrito, impossibilidade de recusa do condutor da investigação etc.). Somente após ingressa-se com a ação penal e, em juízo, passam a vigorar as garantias constitucionais mencionadas, aproximando-se o procedimento do sistema acusatório. Ora, fosse verdadeiro e genuinamente acusatório, não se levariam em conta, para qualquer efeito, as provas colhidas na fase inquisitiva, o que não ocorre em nossos processos na esfera criminal. O juiz leva em consideração muito do que é produzido durante a investigação, como a prova técnica (aliás, produzida uma só vez durante o inquérito e tornando à defesa extremamente difícil a sua contestação e/ou renovação, sob o crivo do contraditório), os depoimentos colhidos e, sobretudo – e lamentavelmente –, a confissão extraída do indiciado. Quantos não são os feitos em que se vê, na sentença condenatória, o magistrado fazendo expressa referência à prova colhida na fase inquisitiva, desprezando o que foi obtido em juízo? Por tudo isso, ensina Rogério Lauria Tucci que “o moderno processo penal delineia-se inquisitório, substancialmente, na sua essencialidade; e, formalmente, no tocante ao procedimento desenrolado na segunda fase da persecução penal, acusatório” (Direitos e garantais individuais no processo penal brasileiro, p. 42; Do corpo de delito no direito processual penal brasileiro, p. 117 e 160; Teoria do direito processual penal, p. 38). Nosso sistema é “inquisitivo garantista”, enfim, misto. Defender o contrário, classificando-o como acusatório, é omitir que o juiz brasileiro produz prova de ofício, decreta a prisão do acusado de ofício, sem que nenhuma das partes tenha solicitado, bem como se vale, sem a menor preocupação, de elementos produzidos longe do contraditório, para formar sua convicção. Fosse o inquérito, como teoricamente se afirma, destinado unicamente para o órgão acusatório, visando à formação da sua opinio delicti, e não haveria de ser parte integrante dos autos do processo, permitindo-se ao magistrado que possa valer-se dele para a condenação de alguém. Embora não tratando diretamente do tema, convém mencionar a abalizada visão de Antonio Magalhães Gomes Filho, ao dizer que vivemos inseridos numa “cultura processual penal ainda predominantemente inquisitória, que valoriza tudo aquilo que possa ser útil ao esclarecimento da chamada verdade real” (A motivação das decisões penais, p. 234). Cite-se, ainda, o posicionamento de Marco Antonio de Barros: “Pese todo o respeito que se devota aos nobres doutrinadores, entendo que o nosso sistema de persecução penal continua sendo misto. Inquisitivo na sua fase primária, depositando no inquérito policial seu principal instrumento de perquirição do fato ilícito, sendo o procedimento resguardado pelo sigilo das investigações (art. 20 do CPP), não afeito ao princípio do contraditório e cercado pela discricionariedade da autoridade policial que o presidir (art. 14 do CPP). Acusatório, na segunda fase, porque a ação penal depende fundamentalmente da iniciativa do órgão da acusação, seja ele representante do Ministério Público (art. 129, I, da CF) ou o próprio ofendido ou seu representante legal, segundo a legitimação firmada em lei (arts. 24, 29 e 30 do CPP)” (A busca da verdade no processo penal, p. 132). Nas palavras de Geraldo Prado, “se notarmos o concreto estatuto jurídico dos sujeitos processuais e a dinâmica que entrelaça todos estes sujeitos, de acordo com as posições predominantes nos tribunais (principalmente, mas não com exclusividade no Supremo Tribunal Federal), não nos restará alternativa salvo admitir, lamentavelmente, que prevalece, no Brasil, a teoria da aparência acusatória” (Sistema acusatório, p. 195). Confira-se que nosso sistema é misto, quando se leva em conta a prova produzida no inquérito para produzir decisão jurisdicional: TJSP. “Quando a lei fala em indícios de autoria, não faz menção ao momento em que foram os mesmos obtidos, se sob o crivo do contraditório ou se antes deste, no inquérito policial. Não há qualquer impedimento em se pronunciar alguém com base em indícios obtidos em inquérito policial, até porque poderá ele, em plenário, produzir provas em seu favor, sendo, assim, respeitado o princípio da ampla defesa” (RSE 168.898-3-SP, 4.a C., rel. Sinésio de Souza, 09.10.1995, v.u.). E também: TJRS: “A prova policial só é de ser arredada se totalmente desamparada por elementos judicializados, ou se contrariada ou desmentida por estes. Se assim não for, serve para embasar, junto com os demais seguimentos probatórios, juízo condenatório” (Ap. 698562170-Santa Maria, 7.a C., rel. Luís Carlos Ávila de Carvalho Leite, 10.06.1999, v.u.).
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