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140 Unidade III Unidade III O aluno irá aprender, através de exemplos, como elaborar o projeto de pesquisa científico para posterior elaboração do seu trabalho de conclusão de curso (TCC) nos próximos semestres. Pretende‑se preparar o estudante para observar a realidade e iniciar um olhar atento para as manifestações da questão social, que é o objeto de trabalho do assistente social. Nesse momento, ele deve fazer o exercício mental do que pretende pesquisar no imenso território de problemas sociais que são desencadeados pelas relações do capital e do trabalho. Com os exemplos, o aluno poderá firmar seu caminho no cotidiano acadêmico. As diferentes disciplinas proporcionarão a capacidade para iniciar o olhar questionador sobre a importância da pesquisa em ciências sociais. Para fazer a pesquisa e para escrever a monografia do TCC, é preciso, antes, fazer um projeto de pesquisa científico que irá nortear os caminhos a serem percorridos do início ao fim do processo de construção do TCC. Projetar o que se pretende pesquisar e escrever são etapas a cumprir para a realização de um bom trabalho monográfico. A monografia nada mais é do que a escrita sobre um determinado assunto seguindo as normas da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) para a redação científica. Ao fim, o estudante perceberá que escrever um projeto de pesquisa científico é muito mais fácil do que se pensava. É como receita de bolo, que, uma vez aprendida, poderá repetir tantas vezes quanto quiser. O bolo estará sempre gostoso. O desafio da universidade é formar indivíduos capazes de buscar conhecimentos e saber diferenciar o que é senso comum e o que é ciência. Ao contrário de dominar o conhecimento, atualmente é importante desvelar o desconhecido. Nada está definitivamente pronto, acabado, a realidade está por vir. Mudanças acontecem a todo instante, por isso, se aproximar do desconhecido é uma tarefa para a ciência. O estudante não assumirá o papel de cientista, mas se aproximará de um problema para o qual ele não tem a resposta pronta, e, portanto, deve saber buscar o conhecimento pertinente, utilizando ferramentas que o leve a revelar e encontrar, ele próprio, as respostas por meio de pesquisa. Para isso, as atividades curriculares voltadas para a solução de problemas e para o conhecimento da nossa realidade tornam‑se importantes instrumentos para a formação dos nossos estudantes. É dentro dessa perspectiva que a inserção do aluno de graduação em Projetos de Pesquisa Científica se torna um instrumento valioso para aprimorar métodos e técnicas de pesquisa desejadas em um 141 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL futuro profissional de nível superior, bem como para estimular e iniciar a formação daqueles mais interessados em pesquisa. Para desenvolver um Projeto de Pesquisa, é necessário buscar o conhecimento existente na área, formular o problema de modo que alcance respostas e coletar e analisar dados para se chegar a conclusões. Aprende‑se a lidar com o desconhecido e a encontrar novos conhecimentos. A Pesquisa para o estudante chega como um “bicho‑papão” difícil de dominar. Por isso, o estudante deve entender que em vez de ter medo, deve buscar caminhos para enfrentar o desconhecido. A seleção do assunto a ser tratado na pesquisa deve ser de um tema relacionado à formação acadêmica do estudante, pois há diversas áreas do conhecimento técnico que levam o pesquisador a buscar mais aprofundamento num segmento específico de sua formação. O assunto selecionado pode ser de interesse de outras áreas do conhecimento, que observará a realidade a partir de outros prismas. Deve‑se ter uma linguagem técnica, objetiva e ética no que se fala, se escreve e se faz. O papel da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é estabelecer um padrão nacional na utilização da escrita técnica. Essas técnicas mudam constantemente, portanto, o estudante não precisa decorá‑las, mas saber usá‑las. O estudante terá, desde o início do Projeto de Pesquisa Científico e da escrita do TCC, um Professor Orientador designado pelo coordenador do curso. O orientador o auxiliará na aproximação do tema, na construção das etapas do projeto de pesquisa e depois, nos próximos semestres, a escrever a monografia, ou seja, o TCC. 7 INICIANDO A ELABORAÇÃO DO PROJETO 7.1 Observação Entendemos por demarcação científica o que é e o que não é científico. Chamamos de não ciência o que é de senso comum, a forma comum de conhecermos a realidade que é adquirida pela experiência imediata, não investigativa. É acrítico, crédulo, não problematiza a relação sujeito/objeto, quem investiga e quem é investigado. Temos uma visão geral da vida a partir do senso comum, pois não sabemos tudo de tudo. Acreditamos nas informações vindas de outras pessoas sem contestação, sem comprovação. Observação A provisoriedade processual é a marca básica da história, significando que as coisas nunca “são” definitivamente, mas “estão” em passagem, em transição. Trata‑se do “vir‑a‑ser”, do processo inacabado e inacabável, que admite sempre aperfeiçoamentos e superações (DEMO, 1987). 142 Unidade III O senso comum é a dose de conhecimento que temos para a vida cotidiana, é também uma forma válida de conhecimento, é o saber popular. A ideia é que trabalhamos com o objeto construído, e não com a realidade pura simplesmente, imediata e direta, mas com a realidade que conseguimos observar. Para fazer pesquisa, partimos de um ponto daquilo que é conhecido e observável por nós. Não como ela é, mas como a vemos, a partir da experiência do cotidiano de vida, do trabalho e da vida acadêmica. Então, o estudante pode perguntar: Que conhecimento é esse? Figura 12 É o conhecimento que formamos a partir de nossa experiência e de nossa ideologia. O mesmo fato pode ser observado de diferentes maneiras por pessoas diferentes. Estuda‑se o que é relevante para a sociedade, no entanto, a pesquisa peca, muitas vezes, por estar atrelada aos interesses do capital. A ciência busca, portanto, a realidade, o real, mas não o abstrai por inteiro, a realidade é infinita. A observação “é o núcleo originário e privilegiado da pesquisa que visa obter conclusões a partir de experiências” (CHIZZOTTI, 1995, p. 16). A observação pode ser metódica e estruturada e, para isso, deve usar técnicas de controle e classificação dos fatos observáveis. É também crescente o uso da pesquisa participante, em que o pesquisador se encontra envolvido diretamente no processo de observação na interação com o outro que constrói o conhecimento. Para uma observação científica, precisamos olhar, ler, ouvir e relatar. Seguir padrões esperados pela ciência. Sair do senso comum, já que é através da pesquisa científica que chegamos ao conhecimento científico. 143 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL Para Chizzotti (1995, p. 11): “A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o próprio homem”. O investigador é quem pesquisa, observa e reflete sobre os problemas que enfrenta, e sobre a experiência passada e atual dos homens. Busca a solução de problemas, para intervir no mundo em seu favor, para construí‑lo e reconstruí‑lo de modo adequado à sua vida. Por isso pesquisamos. Usamos a energia criativa, organizamos as possibilidades de uma ação teórica, exploratória e metodologias adequadas, para descobrir objetos que permitam olhar além das aparências, a essência. Segundo Chizzotti (1995, p. 16) A pesquisa sobre um problema determinado depende das fontes de informação sobre o mesmo. As informações podem provir de observações, de reflexões pessoais, de pessoas que adquiriam experiências pelo estudo ou pela participação em eventos, ou ainda, acervo de conhecimentos reunidos em bibliotecas, centros de documentação bibliográfica ou qualquer registro que contenha dados. A utilização adequada dessas fontes de informação auxilia o pesquisador na delimitação clara do próprio projeto, esclarece aspectos obscuros da pesquisa e o orienta na busca da fundamentaçãoe dos meios de resolver um problema. Segundo Gil (1999, p. 19) pesquisa é “o procedimento racional e sistemático que tem por objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Diferentes correntes de pesquisa trabalham a observação de acordo com linha de pensamento e técnicas específicas para problemas diferentes. O assistente social deve ter um olhar aguçado frente à realidade. Por isso, é um profissional crítico, reflexivo e com uma visão de mundo ampliada e generalista. Na prática profissional, o assistente social precisa observar a realidade, conhecer os fatos e a questão social demandatária de seus usuários, para poder fazer um projeto de intervenção. Aqui, nesse texto, não estamos falando da observação para construir uma intervenção. Estamos observando um fenômeno para podermos construir nossa monografia para a construção do TCC. De um TCC elaborado pode‑se chegar a um projeto de intervenção ou vice‑versa. Mas em nossa atividade acadêmica, por ora, vamos nos ater à construção do projeto de pesquisa científico. Ao observarmos um fato e ao o transformarmos em objeto de pesquisa, vamos iniciar nos aproximando do fenômeno e da realidade que o envolve. Ou seja, contextualizar o problema. Além disso, temos que fazer uma leitura bibliográfica de livros e revistas científicas e nos aproximarmos de autores que já escreveram sobre o tema a ser pesquisado, logo, o tema do TCC. Para observar deve‑se olhar para a realidade em forma de pergunta. O que eu quero observar? O que me leva a querer pesquisar determinado fato em detrimento do outro? 144 Unidade III Cada área do saber e cada disciplina tratam de um ou alguns objetos maiores, como: assistência social, educação, globalização, saúde, sustentabilidade, entre outros. O objeto é o ponto de partida para a elaboração de um projeto de pesquisa. No entanto, o objeto é muito amplo e genérico e precisa ser delimitado para que as etapas da mentalização e construção do projeto de pesquisa passem para o papel de forma rica, sem perder a essência. Deve, também, ser de um tamanho que possa ser observado pelo estudante, dentro de suas possibilidades de acesso a leituras indicadas, de tempo hábil e de metodologia apropriada. Observar através da pesquisa bibliográfica, exploratória, documental e da história oral permitirá ao estudante aproximar‑se do tema e fazer uma releitura crítica sobre as teorias já existentes e, se necessário, incluir como forma de observação e coleta de dados a partir de uma pesquisa de campo. Essa metodologia o encorajará a observar a realidade e a apreender parte dela, sabendo que o fenômeno pode ser observado de maneiras diferentes por pessoas diferentes. A observação irá fazer parte de todo o processo de construção do Projeto de Pesquisa Científico e posteriormente da escrita do TCC. Vamos observar um problema a partir de um exemplo prático. Todo esse texto vai basear‑se em um exemplo, por meio do qual o estudante poderá se guiar e substituí‑lo, se necessário, pelo seu objeto de pesquisa. Exemplo Um estudante iniciou o estágio supervisionado obrigatório em uma favela do Rio de Janeiro. Ao observar o campo de estágio, localizado em um Cras (Centro de Referência de Assistência Social) pertencente à prefeitura, se surpreendeu com o baixo desenvolvimento físico dos adolescentes do sexo masculino. No campo de estágio, além do profissional assistente social e do psicólogo, havia um nutricionista. Essa equipe multidisciplinar trabalhava questões pertinentes à violência entre os adolescentes do sexo masculino. Observar os adolescentes e suas famílias e acompanhar o técnico assistente social em visitas domiciliares despertou, no estagiário, uma preocupação sobre a qual queria desvelar e se aprofundar. Assim, surgiu o tema do TCC desse estudante. A observação partiu de um ponto existente, de sua experiência cotidiana. Crianças que não atingem o peso e a estatura estão, possivelmente, com deficiência de nutrientes. Então, inicia‑se a observação. Para sair do senso comum e fazer uma pesquisa com base científica, precisamos ler muitos autores que já falaram do assunto. Observar os prontuários dos adolescentes, fazer entrevistas com os técnicos da equipe multidisciplinar, com a família e, se for necessário, de acordo com os objetivos e com a metodologia da pesquisa, entrevistar os próprios adolescentes. Nesse processo, o aluno tomará para si conhecimentos já existentes sobre o assunto. Fará a leitura de livros, capítulos e artigos científicos de autores que já teorizaram sobre o assunto. Essa observação exploratória faz parte de todo o processo de conhecimento e de investigação. Se se deseja saber algo 145 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL sobre um determinado fato, procura‑se explorar o que já existe. O estudante passa, a partir daí, a fazer parte de um mundo anteriormente desconhecido. Ele vai se aproximar do real, da essência do que se tem escrito e falado sobre o tema. O conhecimento científico é metódico, sistemático e rigoroso. Se o estudante pretende escrever uma monografia sobre um determinado fato, deverá percorrer caminhos seguros que o levem ao mundo das essências, e não ao da aparência. Após a observação preliminar dos fatos, o estudante estará apto para elaborar o seu tema de pesquisa e o Projeto de Pesquisa Científico. Dando continuidade ao nosso exemplo, podemos traçar um perfil provisório que irá se materializando assim que as leituras forem se expandindo. 7.2 Tema O estudante deve refletir profundamente sobre as razões motivadoras que o levam a querer escrever um texto monográfico. A definição do tema pode ser de livre escolha? Quais as influências ligadas a tal procedimento? O tema é livre, devendo seguir as linhas de pensamento que estão no Manual de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). As influências que podem levar o estudante a se interessar por um tema podem surgir do estágio supervisionado obrigatório, ou das disciplinas já estudadas ou de uma questão social contemporânea, como já mencionamos anteriormente. O estudante ao escolher um tema precisa saber se é oportuno para a escrita do TCC. O tema é pertinente? Tem material escrito sobre o assunto? Haverá tempo hábil para a pesquisa bibliográfica e de campo? É de interesse acadêmico e da sociedade? O estudante deve lembrar que o tema deverá ser aprovado pelo professor orientador indicado pelo coordenador do curso. Segundo Aquino (2010, p. 32) o tema “é o primeiro contato do leitor com seu produto (artigo, capítulo, livro etc.). Este deve ser simples, completo, geralmente curto (10 a 20 palavras) e com o(s) nome(s) científico(s) do ser vivo sem erro(s) quando aplicável”. O tema deve ser de interesse do estudante e prazeroso. Descobrir que não gosta do tema no meio do processo será um problema, pois é mais difícil alterá‑lo. Se o assunto for interessante, mas ao fim, o aluno descobrir que não terá meios de cumprir o que deveria, por falta de bibliografia, por falta de um caso prático que seria necessário, ou por outro fator, isso será prejudicial, pois há um tempo previsto para as etapas de postagem do TCC. Assim como para as devolutivas do professor orientador que deverão ser cumpridas em cada etapa. Como o processo de escrita de uma monografia é relativamente longo, às vezes, levando mais de um ano, um problema desses, descoberto tardiamente, poderá atrasar o estudante. 146 Unidade III Assim, dedique‑se arduamente à seleção do melhor tema para seu trabalho monográfico, já que o assunto de sua monografia o acompanhará em por longa jornada acadêmica. Assim, o tema deve ser proposital aos interesses da sociedade e da vida acadêmica. Não estamos buscando pesquisas inéditas e difíceis, ao ponto de tornarem‑se um obstáculo ao estudante. Antes de tudo, deve‑se lembrar que a monografia do TCC é o exercício da escrita e pode ser concisa, seguindo os parâmetros indicados pelo Projeto Pedagógico do Curso. • Um bom tema é conciso: não entra em detalhes, provoca eatrai por meio da síntese de ideias. • O subtítulo só deverá ser utilizado para clarificar o tema: caso contrário, ele é desnecessário, pois títulos grandes podem gerar confusão. Muitos alunos buscam o tema em sua vida privada, o que pode não ser muito bom, pois envolve sentimentos, muitas vezes, não possíveis de serem administrados sem a ajuda de um psicoterapeuta. Isso pode aflorar sentimentos, muitas vezes, adormecidos ou não solucionados, por isso, é preciso tomar cuidado. O tema irá acompanhar o estudante em todo o processo de construção do conhecimento. Embora possa ser mudado ao longo da pesquisa, é algo que não pode ser inexpressivo. Continuaremos as orientações para a elaboração do Projeto de Pesquisa, por meio de um exemplo que permitirá um exercício mental para que o estudante possa substituir o exemplo pelo seu próprio tema. Vamos trazer, portanto, o tema que surge de um primeiro exercício mental de uma observação do senso comum. Exemplo Tema: Perfil nutricional de adolescentes residentes em favelas. O tema, como apresentado, é muito abrangente, por isso o estudante precisará afunilar e passar a delimitar o problema. Se isso não for feito, não conseguirá alcançar uma resposta. Sem uma pesquisa detalhada não conseguirá compreender o problema, que, de antemão, era sua visão isolada e de senso comum. O estudante resolveu ler sobre o assunto e questionar os demais técnicos da equipe multidisciplinar para poder entender o problema. Se não fizesse um exercício mental e não colocasse no papel suas ideias, não conseguiria chegar a lugar algum. Dessa forma, iniciou uma busca ao conhecimento científico em livros e artigos científicos. A leitura sem orientação e sem planejamento faria da pesquisa um estudo não científico. É preciso encontrar caminhos para se buscar as respostas de seu problema de forma ordenada e com rigor científico, para a pesquisa sair do senso comum. 147 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL A partir de então, o estudante deverá afunilar o tema. Não podemos escrever sobre um problema muito abrangente. Depois de escolhido, o estudante deve problematizá‑lo, ou seja, descobrir o que ele quer investigar? O que seria perfil nutricional? • O que conhecer? • Por que conhecer? • Para que conhecer? • Como conhecer? • Com que conhecer? • Em que local conhecer? Figura 13 Adolescentes de que idade? De qual sexo? Residentes onde? Em quais favelas? Se não afunilar o tema, o estudante não saberá de qual país, cidade, sexo, idade são os adolescentes a serem pesquisados. Assim deverá ficar o tema: Tema: Perfil nutricional de adolescentes do sexo masculino e o Serviço Social: um estudo de caso da favela X do Rio de Janeiro. 7.3 Problema Toda pesquisa deve iniciar com um problema. Sem problema, não há o que pesquisar. Um fato só se torna um fenômeno quando começamos a questionar sua veracidade. O problema é algo que causa desequilíbrio, hesitação, perplexidade e desconforto. Perguntas como a violência tem relação com as questões econômicas? O desemprego leva a desnutrição? Em que medida a violência está relacionada com questões afetivas? 148 Unidade III Toda pergunta requer uma resposta. Ao buscarmos as respostas podemos encontrá‑las, em um primeiro ensaio, no senso comum. A partir de algo conhecido que parte do senso comum, ou de algo já falado por autores respeitados, iniciamos nossas buscas às respostas. Na ciência, a busca por resposta ocorre através da pesquisa científica. Para Gil (1999, p. 50), no processo de investigação, a primeira tarefa é escolher o problema a ser pesquisado. Esta escolha, por sua vez, conduz a indagações. Por que pesquisar? Qual a importância do fenômeno a ser pesquisado? Que pessoas ou grupos se beneficiarão com os seus trabalhos? É claro que a preocupação em buscar respostas para indagações não é imune às influências e contradições sociais. O pesquisador, desde a escolha do problema, recebe influência de seu meio cultural, social e econômico. Um problema será relevante em termos científicos se conduzirem a novos conhecimentos. Para assegurar isso, você deverá iniciar uma leitura de pesquisas já realizadas sobre o assunto, o que está atual, o que caiu em desuso e o que interessa ao pesquisador. Esse levantamento bibliográfico é, muitas vezes, extenso e demorado. Podemos chamá‑lo de estudo exploratório. Segundo Gil (1999, p. 51) “a relevância social de um problema está relacionada indubitavelmente aos valores de quem a julga. O que pode ser relevante para um pode não ser para outro”. Podemos sugerir algumas orientações para a escolha do problema: • Iniciar com uma pergunta. • Ler sobre o que já se tem falado sobre o problema. • Delimitar o problema a uma dimensão viável. Nem todos os aspectos do problema podem ser pesquisados de uma só vez. • Tornar o problema o mais específico possível. • Ter clareza: clarificar os conceitos. • Ser preciso. Dentro do tema trazido pelo estagiário, em nosso exemplo, há um problema e que o estudante quer identificar. Lembre‑se de que o problema surge de uma pergunta que quer se saber respostas. Seguindo nosso exemplo, o estudante fez a seleção de um ou mais problemas aos quais pretende investigar. Portanto, deve responder às perguntas que serão feitas posteriormente no TCC, sem mais 149 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL respostas do senso comum. Essas respostas do senso comum poderão ou não ser confirmadas, isso depende de todo o resultado da pesquisa que decorrerá da elaboração do TCC. Exemplo Será que os adolescentes do sexo masculino de idade entre 10 e 13 anos e 11 meses da favela X do Rio de Janeiro têm uma dieta de valor nutricional adequado para seu desenvolvimento biológico, psicológico e social? Será que o papel do assistente social junto de políticas sociais tem sido importante para o desenvolvimento nutricional dos adolescentes do sexo masculino de idade entre 10 e 13 anos e 11 meses da favela X do Rio de Janeiro? Temos, então, duas perguntas elencadas pelo estudante e que merecem respostas pertinentes. Figura 14 Essas perguntas são os problemas levantados que serão transformados em objetivos a serem elencados no projeto de pesquisa e, depois, alcançados, ou não, no TCC. Os objetivos propostos e as hipóteses prováveis podem, ou não, ser alcançados pelo estudante em sua pesquisa. No caso do objetivo, algum problema metodológico ou de campo pode não favorecer o desdobrar da pesquisa na construção do TCC. Já a hipótese pode, ou não, ser verdadeira. Lembre‑se de que ela saiu de um ponto de vista inicial, de uma observação inicial, que poderá, ou não, ser a verdade. Essas são perguntas que serão respondidas posteriormente no TCC, que irá responder às perguntas a partir de leituras bibliográficas de autores que já escreveram sobre o tema, através de uma revisão bibliográfica, seguindo as Normas da ABNT e, se necessário, através de pesquisa de campo. 7.4 Hipótese Em todo o decorrer de nossa existência acumulamos conhecimentos, de forma que, dificilmente, diante de um problema, não tenhamos uma ou algumas hipóteses que tentam responde‑lo. A hipótese 150 Unidade III é a explicação provisória que é levantada para encaminhar a solução. Ela é como os pontos cardeais, sem os quais ficaríamos como cegos no escuro. Todos nós temos hipóteses diante dos mais diversos e diferentes fenômenos ou acontecimentos. Imagine que, ao passar por uma rua, você se depara com um número elevado de pessoas fechando a passagem. Quantas hipóteses você poderia levantar em relação à causa do fechamento da rua por várias pessoas? Essas respostas são hipóteses. A rua poderia estar fechada por motivo de greve, fila para assistir a um show. Isso vai depender de minha experiência já vivida sobre essa movimentação. Porém, no caso de um projeto de pesquisa, a hipótese deve ser comprovada, ou não, através da pesquisa, de um processo rigoroso, sistemático e metódico. Logo, para podermos comprovar a hipótese, nesse exemplo,precisamos sair do carro e observar mais de perto. Perguntar para as pessoas o motivo pelo qual estão aglomeradas. Muitas definições são dadas para o termo hipótese. Gil (1999, p. 56) define como “uma suposta resposta ao problema a ser investigado. É uma proposição que se forma e que será aceita ou rejeitada somente depois de devidamente testada”. No caso do TCC, somente ao fim de toda a escrita monográfica poderá se chegar a comprovar ou a negar a hipótese proposta. As respostas derivam das mais diversas fontes, como a partir de teorias, de pesquisas já realizadas e da intuição. Exemplo Seguindo o nosso exemplo anterior o estudante, diante de uma realidade dada em seu campo de estágio, preocupou‑se com o fato do baixo desenvolvimento físico dos adolescentes do sexo masculino. Diferentemente das meninas, os meninos tinham uma postura física mais acanhada para a idade. Surgiu, então, uma preocupação, que se transformou em um fenômeno, um problema. Ao observar mais de perto o problema, o estudante formulou perguntas, questionamentos que o levaram a se interessar em saber mais sobre o assunto. Iniciou uma busca desorganizada de ideias e pensamentos. Aos poucos, lendo sobre o assunto e conversando com os demais técnicos da equipe multidisciplinar, foi sinalizando o que estaria acontecendo com esses adolescentes do sexo masculino. Figura 15 151 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL Algumas ideias surgiram e perguntas foram formuladas em seu exercício mental. Mas, podemos ter respostas baseadas no senso comum que, posteriormente, poderão ser confirmadas ou negadas? Sim. Essas respostas a priori baseadas no senso comum, na vivência do estudante, no nosso exemplo, são chamadas de hipóteses. Para o estudante, o problema nutricional viria de um baixo poder socioeconômico das famílias onde residiam os adolescentes. Essa resposta seria uma hipótese, ou seja, a resposta provável para um determinado problema. Sobre a segunda pergunta, em relação à inserção do assistente social nas políticas de atendimento nutricional, pode‑se sugerir que não está ocorrendo uma intervenção eficaz das políticas públicas no problema em questão. Outras questões podem surgir, mas, como mencionamos, o tema deve ser afunilado, assim como os objetivos e as hipóteses. Nesse exemplo, o estudante já tem o tema delimitado, o problema e a hipótese, portanto, precisará achar os objetivos que pretende alcançar com esses estudos. 7.5 Objetivo Os objetivos constituem a finalidade de um trabalho científico, ou seja, a meta que se pretende atingir com a elaboração da pesquisa. O objetivo é aonde quero chegar com a minha pesquisa. É ele que indica o que um pesquisador realmente deseja fazer. Sua definição clara ajuda na tomada de decisões quanto aos aspectos metodológicos da pesquisa, afinal, temos que saber o que queremos fazer, para depois resolvermos como proceder para chegar aos resultados pretendidos. A pergunta transforma‑se em objetivos. O objetivo vem sempre do problema. • Qual objetivo quero alcançar? • O que pretendo alcançar com esse estudo? Podemos distinguir dois tipos de objetivos em um trabalho científico: os objetivos gerais e os objetivos específicos. Os objetivos têm função norteadora no momento da leitura e da avaliação do TCC. Isso porque um trabalho acadêmico é julgado, em grande parte, pela capacidade de cumprir os objetivos a que se propõe em suas páginas iniciais. A redação dos objetivos deve ser breve quanto ao que se pretende obter nos diversos níveis que forem pertinentes à realização da pesquisa. Tal exposição deve ser inteligível, mesmo para pessoas não especializadas no tema. 152 Unidade III Em nosso exemplo, podemos elencar alguns objetivos que irão nortear o que se pretende alcançar com a pesquisa. O objetivo geral é o elemento que resume e apresenta a ideia central do trabalho monográfico, o TCC. Ele deve expressar de forma clara qual é a intenção da pesquisa e descrever e delimitar qual será o alcance do trabalho. Tendo em vista que o objetivo geral deve definir o propósito do TCC, ele precisa conter a hipótese, ou o problema que será investigado e o tema, tornando fácil a compreensão do que se espera com o trabalho monográfico. Um aspecto importante dos objetivos geral e específico é a linguagem utilizada para sua redação. Deve‑se sempre utilizar verbos no infinitivo, no início do enunciado dos objetivos, isto é, verbos terminados em ‑ar, ‑er ou ‑ir. É preciso fazer o uso dos verbos nesse formato, pois isso facilita a compreensão e a mensuração do que se busca alcançar. Seguem alguns exemplos de verbos que podem ser utilizados pelo estudante, de acordo com a proposta do estudo, como: citar; classificar; definir; descrever; distinguir; enumerar; especificar; enunciar; estabelecer; exemplificar; expressar; identificar; indicar; medir; mostrar; nomear; registrar; relacionar; relatar; selecionar, clarificar entre outros. • O objetivo geral tem um sentido mais amplo. • O objetivo específico são frases curtas e que auxiliam no alcance do objetivo geral. • O objetivo parte do problema. Podemos acrescentar um verbo ao problema e o objetivo geral aparecerá naturalmente. O problema levantado pelo estudante em nosso exemplo se transformará em nosso objetivo de maneira clara e objetiva. Exemplo Tínhamos dois problemas em nosso exemplo inicial. Lembrando que o problema se apresenta em forma de perguntas às quais se pretendem encontrar as respostas. Vamos a elas: 1 – Será que os adolescentes do sexo masculino da favela X do Rio de Janeiro têm uma dieta de valor nutricional adequado para seu desenvolvimento biológico, psicológico e social? 2 – Será que o papel do assistente social junto de políticas sociais tem sido importante para o desenvolvimento nutricional dos adolescentes do sexo masculino de idade entre 10 e 13 anos e 11 meses da favela X do Rio de Janeiro? 153 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL Incluindo o verbo no início da pergunta e retirando o ponto de interrogação teremos o objetivo geral: • Verificar se os adolescentes do sexo masculino da favela X do Rio de Janeiro têm uma dieta de valor nutricional adequado para seu desenvolvimento biológico, psicológico e social. • Compreender se o papel do assistente social junto de políticas sociais tem sido importante para o desenvolvimento nutricional dos adolescentes do sexo masculino de idade entre 10 e 13 anos e 11 meses da favela X do Rio de Janeiro. Além do objetivo geral, o que mais quero saber com a pesquisa? Quais desdobramentos me interessam na somatória dos dados a serem coletados, na pesquisa bibliográfica e na pesquisa de campo? Os objetivos específicos permitem ao pesquisador responder suas perguntas e repostas às hipóteses de forma mais detalhada, ou seja, eles são um desdobramento do objetivo geral. Em nosso exemplo: • Descrever as condições socioeconômicas e demográficas dos adolescentes. • Avaliar a adequação calórica, proteica e de ferro da dieta ingerida em relação às respectivas recomendações nutricionais. • Identificar o estado nutricional dos adolescentes residentes na favela. • Avaliar o crescimento, o desenvolvimento físico e a composição corporal mediante a antropometria. • Analisar o papel do assistente social frente às questões nutricionais dos adolescentes residentes na favela e as políticas sociais. 7.6 Metodologia Para que um conhecimento possa ser considerado científico, é necessário identificar os caminhos a serem percorridos, utilizando o exercício mental, métodos e técnicas adequadas para um determinado fim. Que caminhos devem ser percorridos para se chegar às respostas ao problema? Tartuce (2006) aponta que a metodologia científica trata de método e ciência. Método, do grego methodos; met’hodos significa, literalmente, “caminho para chegar a um fim” é, portanto, o caminho em direção a um objetivo. Metodologia é o estudo do método, ou seja, são procedimentos estabelecidos para realizar uma pesquisa; a palavracientífica deriva de ciência, a qual compreende o conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do saber. 154 Unidade III Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos a respeito da metodologia da pesquisa científica, leia: GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. (org.). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. Disponível em: http://www.ufrgs.br/cursopgdr/ downloadsSerie/derad005.pdf. Acesso em: 6 mar. 2020. É importante salientar a diferença entre metodologia e métodos. A metodologia se interessa pela validade do caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa; portanto, não deve ser confundida com o conteúdo (teoria) nem com os procedimentos (métodos e técnicas). Dessa forma, a metodologia vai além da descrição dos procedimentos (métodos e técnicas a serem utilizados na pesquisa), indicando a escolha teórica realizada pelo pesquisador para abordar o objeto de estudo. No entanto, embora não seja a mesma coisa, teoria e método são dois termos inseparáveis, “devendo ser tratados de maneira integrada e apropriada quando se escolhe um tema, um objeto, ou um problema de investigação” (MINAYO, 2001, p. 44). A escolha do método esclarece acerca dos procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica. • Qual método de pesquisa devo escolher para meu TCC? • Quais passo preciso seguir? 7.6.1 Quanto ao método racional de abordagem Trata‑se do referencial filosófico que se propõe a explicar como ocorre o conhecimento da realidade. São alguns deles: • Método indutivo: — Empirismo: todo o conhecimento provém da experimentação. Observam‑se casos particulares da realidade e chega‑se ao geral. • Método dedutivo: — Apenas a razão leva ao conhecimento. Parte‑se de leis gerais e pode se chegar à particularidade do fenômeno. 155 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL • Método hipotético: — Dedutivo/neopositivismo: lógica mais experimentação. Chega‑se ao conhecimento a partir de hipóteses formuladas das quais se deduz a formulação do problema. • Método dialético: — Dialética marxiana: busca o significado do real a partir da realidade histórica, concreta e material das pessoas. É na história que os seres humanos ressignificam o mundo ao seu redor. História aqui é entendida não como a sucessão dos fatos, mas como luta cotidiana dos homens e mulheres para produzir suas condições materiais de existência na relação com a natureza mediada pelo trabalho e pelo modo como os seres humanos interpretam essas relações. Assim, não é a consciência, a essência, mas a relação com o meio concreto. Continuando com o nosso exercício podemos abordar nosso tema de forma dialética. Tese Antítese Síntese ∞ Figura 16 Estamos em busca do real, da verdade, da essência do problema levantado. O problema é histórico e os sujeitos fazem parte desse processo. A relação sujeito/objeto é dinâmica, o sujeito é visto como alguém que faz a história e que pode mudar o contexto. Nesse caso, podemos, a partir do estudo, mudar a realidade dos adolescentes frente à atuação do assistente social junto às políticas sociais. Essa mudança só poderá ocorrer após a publicação do TCC, caso haja interesse do estudante. 7.6.2 Quanto ao objetivo Ao escrever a metodologia de pesquisa do TCC, é muito importante falar sobre o processo de pesquisa. Existem, basicamente, três tipos: Pesquisa exploratória Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná‑lo mais explícito ou a construir hipóteses. A maioria dessas pesquisas envolve: levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; 156 Unidade III e análise de exemplos que estimulem a compreensão. Essas pesquisas podem ser classificadas como: pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL, 1999). Pesquisa descritiva A pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987). São exemplos de pesquisa descritiva: estudos de caso, análise documental, pesquisa ex‑post‑facto. Para Triviños (1987, p. 112), os estudos descritivos podem ser criticados porque pode existir uma descrição exata dos fenômenos e dos fatos. Estes fogem da possibilidade de verificação através da observação. Ainda para o autor, às vezes não existe por parte do investigador um exame crítico das informações, e os resultados podem ser equivocados; e as técnicas de coleta de dados, como questionários, escalas e entrevistas, podem ser subjetivas, apenas quantificáveis, gerando imprecisão. Pesquisa explicativa Muitos alunos, especialmente da área de Biológicas, apostam na pesquisa explicativa para enriquecer o conteúdo do TCC. Essa modalidade tem como propósito explicar fenômenos. 7.6.3 Quanto aos procedimentos São procedimentos de pesquisa os métodos apresentados a seguir: • Método histórico: consiste em investigar os acontecimentos do passado para verificar sua influência na sociedade atual. • Método comparativo: realiza comparações com a finalidade de verificar semelhanças e explicar divergências. • Método estatístico: utiliza a teoria estatística das probabilidades. Existe grande probabilidade de suas conclusões serem verdadeiras. • Método funcionalista: é um método de interpretação e investigação. Enfatiza o ajustamento entre diversos componentes de uma cultura ou sociedade. Estuda a sociedade do ponto de vista da função de cada parte da sociedade. • Método estruturalista: parte da investigação de um fenômeno concreto para o abstrato e vice‑ versa, analisa fenômenos concretos da sociedade. 157 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL • Método monográfico ou estudo de caso: estudam diferentes grupos como profissões, instituições, comunidades, com a finalidade de obter generalizações. O estudo monográfico pode abranger também um conjunto de atividades de um grupo social em particular fazendo um estudo de caso. 7.6.4 Quanto à técnica de pesquisa É possível realizar a pesquisa científica a partir de diferentes técnicas, são elas: Análise de documentos A análise de sites, softwares, revistas, jornais, livros e relatórios configuram uma análise documental. Esse método também vale quando há uma consulta de documentos legais para realizar a pesquisa, como leis, regulamentos e normas técnicas. • Documentação indireta: fazem parte dessa técnica a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. • Documentação direta: abrange a observação direta pela entrevista, ou pela aplicação de questionários e formulários utilizados na pesquisa de campo. Entrevistas Pode‑se definir entrevista como a técnica em que o investigador, na presença do pesquisado, formula perguntas, com o objetivo de colher dados que interessam ao estudo. A pesquisa é uma forma de diálogo entre o investigador e o pesquisado. A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas na pesquisa social. Permite a coleta de dados quantitativos e qualitativos quando vivencia questões subjetivas expressas de forma falada ou corporal. A entrevista tem suas limitações e todo o cuidado deve ser tomado pelo investigador frente ao sujeito. Tipos de entrevista: • Entrevista estruturada: na entrevista estruturada segue‑se um roteiro previamente estabelecido, as perguntas são predeterminadas. O objetivo é obter diferentes respostas à mesma pergunta, possibilitando que sejam comparadas. O entrevistador não tem liberdade. • Entrevista semiestruturada: na entrevista semiestruturada o pesquisador organiza um conjunto de questões (roteiro) sobre o tema que está sendo estudado, mas permite e, às vezes, até incentiva, que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo, como desdobramentos do tema principal. • Entrevista não estruturada: também denominada não diretiva, em que o entrevistado é solicitado a falar livrementea respeito do tema pesquisado. Ela busca a visão geral do tema. É recomendada nos estudos exploratórios. 158 Unidade III 7.6.5 Quanto ao objeto A pesquisa quanto ao objeto pode ser: Pesquisa bibliográfica É a mais utilizada e faz parte de todo o processo investigativo. A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia‑se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32). Pesquisa de campo A pesquisa de campo caracteriza‑se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto de pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (pesquisa ex‑post‑facto, pesquisa‑ação, pesquisa participante etc.) (FONSECA, 2002). Pesquisa ex-post-facto A pesquisa ex‑post‑facto tem por objetivo investigar possíveis relações de causa e efeito entre um determinado fato identificado pelo pesquisador e um fenômeno que ocorre posteriormente. A principal característica deste tipo de pesquisa é o fato de os dados serem coletados após a ocorrência dos eventos. A pesquisa ex‑post‑facto é utilizada quando há impossibilidade de aplicação da pesquisa experimental, pelo fato de nem sempre ser possível manipular as variáveis necessárias para o estudo da causa e do seu efeito (FONSECA, 2002, p. 32). Como exemplo desse tipo de pesquisa, pode‑se citar um estudo sobre a evasão escolar, quando se tenta analisar suas causas. Num estudo experimental, seria o inverso, tomando‑se primeiramente um grupo de alunos a quem seria dado um determinado tratamento e observando‑se depois o índice de evasão. Quando o estudante se propõe a investigar um determinado tema, mas não sabe muito sobre o assunto, ele realiza uma pesquisa exploratória e bibliográfica. Com isso ele consegue adquirir familiaridade com o tema. 159 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL O que coletar? Os dados a serem coletados são aqueles úteis para testar as hipóteses. Eles são determinados pelas variáveis e pelos indicadores. Podemos chamá‑los de dados pertinentes. Com quem coletar? Trata‑se, a seguir, de recortar o campo das análises empíricas em um espaço geográfico e social, bem como num espaço de tempo. De acordo com o caso, o pesquisador poderá estudar a população total ou somente uma amostra representativa (quantitativamente) ou ilustrativa (qualitativamente) dessa população. Como coletar? Essa terceira questão refere‑se aos instrumentos de coleta de dados, que comporta três operações: • Conceber um instrumento capaz de fornecer informações adequadas e necessárias para testar as hipóteses; por exemplo, um questionário ou um roteiro de entrevistas ou de observações. • Testar o instrumento antes de utilizá‑lo sistematicamente para se assegurar de seu grau de adequação e de precisão. • Colocá‑lo sistematicamente em prática e proceder assim à coleta de dados pertinentes. 7.6.6 Quanto ao tipo de amostragem Para se pesquisar precisamos saber a quem se destina o estudo. De modo geral, as pesquisas sociais abrangem um universo muito grande, o que torna impossível considerá‑lo em sua totalidade. Por essa razão em pesquisa social é comum trabalhar com uma amostragem, ou seja, com uma parte do todo que representa os sujeitos da pesquisa. Quando o pesquisador seleciona parte da totalidade de seus sujeitos de pesquisa, espera‑se que tenha um número significativo para a representatividade do estudo. O universo da pesquisa ou da população é um conjunto de elementos com as mesmas características, que representa a totalidade de um determinado espaço geográfico, por exemplo, o total da população da cidade do Rio de Janeiro. Para entendimento da amostra podemos elencar um subconjunto do universo ou da população alvo da pesquisa, por exemplo, as favelas da cidade do Rio de Janeiro. Podemos ainda selecionar uma amostragem de uma ou mais favelas dentro do universo de favelas. Na pesquisa social, são utilizados diferentes tipos de amostragem. A probabilística e não probabilística. A probabilística é mais rigorosa e baseia‑se em leis da matemática e da estatística. A segunda, depende apenas do critério do pesquisador, em nosso caso, o estudante. 160 Unidade III Exemplo No exemplo de nosso estudo, para localizar a população alvo, utilizou‑se de um levantamento socioeconômico já realizado pela equipe de técnicos do Cras. Dessa forma, podemos ter o número total de adolescentes nessa faixa etária. São mais de 500 adolescentes nesse perfil desejado para a pesquisa. Não haveria tempo hábil para pesquisar toda essa população, logo, a amostra seria o melhor caminho. Colocou‑se um aviso no mural do Cras informando que haveria uma pesquisa de campo e que os técnicos fariam um contato com os alunos na escola próxima onde residiam e estudavam os adolescentes. Foram selecionadas, por amostragem aleatória não probabilística, 50 famílias cujos adolescentes estudavam próximo à favela X. Para iniciar qualquer pesquisa, há a necessidade de aprovação dos pais ou responsáveis dos menores, mediante documento assinado pelos responsáveis. É preciso esclarecer se a pesquisa é de natureza básica ou aplicada e, quanto aos objetivos, se é exploratória, descritiva ou explicativa. É necessário, indicar, também, o procedimento a ser adotado: pesquisa experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisa bibliográfica, ou outro. No exemplo, a pesquisa é bibliográfica, de natureza básica e exploratória. Será adotado ainda um estudo de caso. Seria uma pesquisa aplicada, caso fizéssemos um estudo para depois ser aplicado num projeto de intervenção, o que não é o caso do nosso exemplo. A pesquisa é bibliográfica, pois serão lidos livros, artigos científicos e feitos resumos e citações que contemplarão a revisão bibliográfica. Para a pesquisa serão realizadas entrevistas e será feita a aplicação de formulários, por meio da pesquisa de campo. 7.6.7 Quanto à abordagem do problema A pesquisa qualitativa Preocupa‑se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando‑se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. 161 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL A pesquisa quantitativa Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população, os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa centra‑se na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis etc. A pesquisa quantitativa e qualitativa A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente. Em nosso exemplo, utilizaremos a pesquisa quantitativa e qualitativa. Pretende‑se buscar dados da subjetividade do sujeito de pesquisa e dados numéricos. Por isso, ao elaborarmos o instrumento de pesquisa incluiremos perguntas abertas e fechadaspara conseguirmos esses resultados. Quando o estudante pergunta como o adolescente se sente nessa condição de baixo valor nutricional, esperamos respostas objetivas de valor pessoal e de vida cotidiana. Quando se pretende elencar o valor em número podemos coletar a porcentagem per capta por família. Assim, estaremos utilizando perguntas fechadas que trarão resultados numéricos. 7.6.8 Instrumentos Questionário É um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito, pelo informante, sem a presença do pesquisador. Objetiva levantar opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas. A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta, para que a pessoa que for respondê‑lo compreenda com clareza o que está sendo perguntado. O processo de elaboração do questionário requer a observância de normas precisas, a fim de aumentar sua eficácia e validade. Em sua organização, devem‑se levar em conta os tipos, a ordem, os grupos de perguntas, sua formulação, além de tudo aquilo que se sabe sobre percepção, estereótipos, mecanismos de defesa, liderança etc. Existem três tipos de questões: fechadas, abertas e mistas. Nas questões abertas, o informante responde livremente, da forma que desejar, e o entrevistador anota tudo o que for declarado. Nas questões fechadas, o informante deve escolher uma resposta entre as constantes de uma lista 162 Unidade III predeterminada, indicando aquela que melhor corresponda à que deseja fornecer. Este último formato favorece uma padronização e uniformização dos dados coletados pelo questionário maior do que no caso das perguntas abertas. Contudo, a maior parte dos questionários apresenta uma proporção variável entre os dois tipos de questões. As questões mistas (fechadas e abertas) são aquelas em que, dentro de uma lista predeterminada, há um item aberto, por exemplo, “outros”. Formulário É o nome geralmente usado para designar uma coleção de questões que são formuladas e anotadas por um entrevistador, numa situação face a face com o entrevistado. As perguntas devem ser ordenadas, das mais simples às mais complexas; vale lembrar que as perguntas devem referir‑se a uma ideia de cada vez e possibilitar uma única interpretação, sempre respeitado o nível de conhecimento do informante. Tanto o questionário quanto o formulário, por se constituírem de perguntas padronizadas, são instrumentos de pesquisa mais adequados à quantificação, porque são mais fáceis de serem codificados e tabulados, propiciando comparações com outros dados relacionados ao tema pesquisado. O questionário e o formulário são instrumentos que se diferenciam apenas no que se refere à forma de aplicação. O questionário é preenchido pelo próprio entrevistado, e o formulário é preenchido indiretamente, isto é, pelo entrevistador. Exemplo Tema: Perfil nutricional de adolescentes do sexo masculino e o Serviço Social: um estudo de caso da favela X do Rio de Janeiro. Relembrando os objetivos: • Objetivo geral: — Verificar se os adolescentes do sexo masculino da favela X do Rio de Janeiro têm uma dieta de valor nutricional adequado para seu desenvolvimento biológico, psicológico e social. — Compreender se o papel do assistente social junto de políticas sociais tem sido importante para o desenvolvimento nutricional dos adolescentes do sexo masculino de idade entre 10 e 13 anos e 11 meses da favela X do Rio de Janeiro. • Objetivos específicos: — Descrever as condições socioeconômicas e demográficas dos adolescentes. — Avaliar a adequação calórica, proteica e de ferro da dieta ingerida em relação às respectivas recomendações nutricionais. 163 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL — Identificar o estado nutricional dos adolescentes residentes na favela. — Avaliar o crescimento, o desenvolvimento físico e a composição corporal mediante a antropometria. — Analisar o papel do assistente social frente às questões nutricionais dos adolescentes residentes na favela e as políticas públicas. Hipótese Para o estudante o problema nutricional viria de um baixo poder socioeconômico das famílias onde residiam os adolescentes. Essa resposta seria uma hipótese, ou seja, uma resposta provável para determinado problema. Sobre a segunda pergunta, em relação à inserção do assistente social nas políticas de atendimento nutricional, pode‑se pensar que não está tendo uma intervenção eficaz sobre o tema. Outras questões podem surgir, mas como orientamos o tema deve ser afunilado, assim como os objetivos e as hipóteses. Diante do nosso exemplo iremos usar vários métodos e técnicas de pesquisa. Quanto ao método racional, utilizaremos a pesquisa dialética. Vamos descrever os fatos observados e a visão do homem como sujeito construtor de sua história. Isso faz parte do processo histórico da abordagem de observação. Quanto ao objetivo, faremos uma pesquisa exploratória pela busca de fatos reais, a respeito da essência do objeto a ser pesquisado. Descreveremos a realidade observada. Quanto ao procedimento, a pesquisa usará um estudo de caso, pois abordaremos um determinado grupo de uma sociedade. Quanto à técnica usaremos a abordagem documental direta e indireta e o uso da entrevista a ser utilizada é a estruturada, pois facilita a compreensão dos dados a serem coletados. Quanto ao objetivo faremos uso da pesquisa bibliográfica composta da leitura de livros, capítulos e artigos científicos, assim como de material extraído da internet. A abordagem da pesquisa de campo será importante para a coleta de dados vindos de prontuários e do sujeito de pesquisa, que, em nosso caso, são os adolescentes do sexo masculino. Dessa forma, a metodologia começa a ser traçada, é possível ver os caminhos que deverão ser percorridos para se efetivar a pesquisa de campo. Utilizaremos, ainda, a amostragem não probabilística aleatória. 164 Unidade III Quanto à abordagem do problema, iremos utilizar a pesquisa quantiqualitativa, trazendo dados numéricos, estatísticos e subjetivos coletados a partir da pesquisa de campo, utilizando a entrevista. Os instrumentos serão os formulários a serem aplicados através da pesquisa de campo e de entrevistas. Portanto, a metodologia utilizada, nesse exemplo, será: a pesquisa exploratória, bibliográfica e de campo; o método de raciocínio empregado será: a pesquisa dialética e descritiva. Como teremos a pesquisa de campo, serão aplicadas: o formulário, a pesquisa quantitativa e a qualitativa. A amostra será não probabilística aleatória. Utilizaremos, ainda, a pesquisa documental direta e indireta. 7.7 Comitê de Ética Quando falamos em pesquisa de campo, estamos nos deparando com um assunto muito delicado e importante. Nenhuma pesquisa com seres humanos poderá ser realizada sem a aprovação do Comitê de Ética da Instituição a qual o estudante está ligado, no nosso exemplo, à UNIP. O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – UNIP é um colegiado interdisciplinar e independente que recebe e avalia projetos de pesquisa envolvendo seres humanos. Possui membros das áreas da saúde, ciências exatas, sociais e humanas, que avaliam projetos de suas respectivas áreas de conhecimento de acordo com as diretrizes e normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde. Foi criado para defender os interesses dos sujeitos em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos e científicos. A missão do CEP é salvaguardar os direitos e a dignidade dos participantes da pesquisa. Além disso, o CEP contribui para a qualidade dos trabalhos científicos ao avaliar a adequação da proposta da pesquisa, dos materiais e métodos, da abrangência das referências bibliográficas, para a discussão de conhecimento no desenvolvimento institucional e social da comunidade e para a valorização do pesquisador ao ter sua pesquisa reconhecida do ponto de vista ético e científico. De acordo com as Normas e Diretrizes Regulamentadorasda Pesquisa Envolvendo Seres Humanos – (Res. CNS 466/12, II.4), “toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa” e cabe à instituição, na qual se realizam as investigações, a constituição do CEP (UNIP, [s.d.]). Observação O estudante tem em seu ambiente acadêmico instruções sobre o Comitê de Ética. 165 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL Para a inserção do projeto na Plataforma Brasil, apenas o pesquisador responsável, que em nosso caso é o Professor Orientador do Projeto de Pesquisa Científico, pode incluir os documentos pertinentes à avaliação do Comitê de Ética. O estudante, ao postar o projeto de pesquisa no ambiente virtual acadêmico, quando estiver cursando o 6º semestre, deverá encaminhar ao professor orientador as fichas que são instrumentos para a apreciação do Comitê de Ética da UNIP. No nosso exemplo, como se trata de pesquisa com adolescentes menores de idade, é necessária também a autorização dos pais ou responsáveis. Assim teremos: • Folha de Rosto: disponível na Plataforma Brasil. • TCLE: Modelo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (a ser elaborado pelo pesquisador, conforme instruções da Res. 196/96). • Projeto de Pesquisa: elaborado pelo estudante. • Termo de anuência: documento da instituição coparticipante autorizando a realização da pesquisa, sobretudo a coleta de dados. • Demais documentos que o pesquisador julgar oportuno ou quando a pesquisa o exigir. Para o envio dos documentos para apreciação do Comitê de Ética, o Projeto de Pesquisa deverá estar pronto e nos moldes da Plataforma Brasil. 7.8 Revisão bibliográfica A revisão bibliográfica faz parte do projeto de pesquisa. É a parte em que o estudante inicia a aproximação com o tema. Para isso, ele precisa escolher leituras que respondam suas perguntas e confirmem ou não as respostas prováveis que são as hipóteses. A leitura deve ser interpretativa e crítica ao mesmo tempo. Nessa etapa, tendo em mãos o glossário, deve‑se ler pausadamente, pois é o momento de ouvir o autor. A cada parágrafo pergunte: Do que fala este parágrafo? De quem fala? Ou seja, localize a ideia central e a destaque. A cada parágrafo acrescente algo novo sobre o tema tratado. Essa prática vai oferecer o esqueleto do texto. A cada parágrafo pode‑se elaborar o esquema: anote à parte a apreensão do raciocínio do autor, a partir disso, pode‑se fazer o resumo. Lembre‑se de que a ideia é do autor, e não sua, por isso utilize as normas técnicas da ABNT para citá‑las. O trabalho com o texto não termina com sua compreensão; pode‑se, a partir dela, buscar a interpretação a problematização e a síntese. O leitor deve ter condições de relacionar pontos, comparar situações, ligar fatos, trazer outros textos lidos, estar atento à realidade e aos acontecimentos, possuir uma visão de outras áreas afins. Enfim, a problematização supõe um leitor atento e preparado, que tenha uma visão ampla e ao mesmo tempo especializado do tema em questão. 166 Unidade III A síntese é praticamente a última etapa do processo. Nela deve‑se estar tudo o que o leitor conseguiu compreender e pesquisar sobre o tema. A síntese supõe a construção de um novo texto que não deturpe o texto original e que possa acrescentar novos conhecimentos. É o resultado do amadurecimento do leitor. Ao ler um texto o estudante deve anotar o título do livro, a edição, o ano, o nome do autor e a página. Caso queira fazer citações literais, deve‑se copiar o trecho, se ele tiver três linhas ou menos, deverá ficar no corpo do texto e a parte extraída deve ficar entre aspas. Se a citação tiver mais do que três linhas, deve‑se recuar o texto em 4 cm da margem esquerda, mudar a letra para tamanho 10 e não colocar aspas. Se o nome do autor vier dentro dos parênteses deverá estar todo em maiúsculo. Trazendo, novamente, nosso exemplo, a revisão bibliográfica deverá ter no mínimo três páginas. Vamos, então, trazer algumas informações que já existem sobre o assunto: Exemplo A região metropolitana do Rio de Janeiro, localizada num dos Estados mais belos do País, atrai milhares de turistas. No entanto, apresenta um nível elevado de riqueza que não é distribuída para a população de forma geral e de maneira homogênea. A decorrência dos anos e as consequentes reestruturações das atividades econômicas tornaram possível a expansão das áreas, principalmente, com a expressiva mão de obra migrante das regiões do Norte e Nordeste, transformando a cidade num vasto conglomerado com inúmeras condições de moradias subnormais, as chamadas favelas. No Brasil, segundo Balassiano (1993), existiam na época mais de 3.471 favelas, 75% delas estavam em regiões metropolitanas. As habitações são variáveis e o tipo de material utilizado para fazer as casas, normalmente, madeira e zinco, vão sendo substituídos por alvenaria. Mas, muitas das favelas continuam sem infraestrutura adequada e continuam com um difícil acesso. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define aglomerado subnormal como sendo um conjunto de domicílios com no mínimo 51 unidades que ocupa, de maneira desordenada e densa, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e que não possui acesso a serviços públicos essenciais. A definição adotada pela ONU buscou padronizar internacionalmente a definição de favela. As favelas no Brasil iniciaram no Rio de Janeiro, não entraremos no mérito da definição, que já é, por si só, problemática. Na última década do século XIX, em 1897, surgiram as favelas nos morros da Providência e de Santo Antônio, na área central da cidade. A cidade 167 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL do Rio de Janeiro tinha problemas seríssimos de falta de moradia, mas, ainda assim, não parava de crescer. Apesar do reconhecimento consensual de que a desnutrição constitui um dos mais importantes problemas de saúde coletiva do Rio de Janeiro, com ênfase nas populações de baixa renda que formam os assentamentos urbanos das áreas faveladas, são raros os estudos voltados para essa abordagem. Na realidade, em razão dessa deficiência de informes estatísticos, praticamente se desconhece a magnitude, a gravidade e a distribuição populacional e geográfica da desnutrição energético‑proteica (DEP) nesta unidade da Federação. No Brasil, em 2002, 31% da população tinha entre 10 e 20 anos. Com a gravidade da situação socioeconômica da maioria da população, o alto contingente de adolescentes inseridos nesse contexto de pobreza pode apresentar consequências diversas no desenvolvimento, pois, de forma global, na adolescência ocorrem modificações anatômicas, fisiológicas, mentais e comportamentais. Os adolescentes constituem, em grande parte das sociedades, um dos grupos mais sensíveis aos graves problemas sociais. Yunes (2002) afirma que o estado de extrema pobreza das famílias de grupos populacionais cada vez mais numerosas, especialmente em áreas urbanas, faz com que a quase totalidade dos mecanismos, necessários à sociedade e às famílias para criar suas crianças e formar seus adolescentes, sejam cada vez mais precários. Observem que nessa parte do exemplo não são citações, e sim resumos dos textos lidos. Coloca‑se o sobrenome do autor e o ano entre parênteses. Esse mesmo autor deverá ser citado na referência: YUNES, M. A. M. Resiliência em famílias de baixa renda: as armadilhas ideológicas do discurso dos profissionais. Anuário de Psicologia Comunitária, Chile, v. 1, p. 1‑2, 2002. Já se quisermos fazer citações literais precisamos copiar o texto respeitando a ABNT: Segundo Priore (1996, p. 11) “O início dos anos 1990, em nosso meio, caracteriza‑se por tentativas de melhor estudar e entender a saúde e a nutrição do adolescente”. Vejam que essa citação é de até três linhas, então se deve colocar entre parênteses. Citar o sobrenome do autor, o ano da edição e a página. A seguir, temos uma informação muito importante sobre a localização da favela e espaço físico. Logo, a citaçãoé direta e deve ser feita da seguinte maneira: 168 Unidade III Priore (1996, p. 26) esclarece que O período etário de 10 a 14 anos, conforme apresentado anteriormente, é caracterizado por um conjunto de importantes modificações biopsicossociais, refletindo interferências sócio‑econômicas‑culturais vividas na infância, que poderão interferir intensamente nas demais fases da adolescência e na vida adulta. A citação apresentada tem mais de três linhas, portanto recua‑se 4 cm da margem esquerda, diminui‑se o tamanho da fonte para 10 e coloca‑se o sobrenome do autor, o ano da edição e a página entre parênteses. Dessa forma, o texto baseado em uma revisão bibliográfica vai sendo construído até contemplar os conceitos importantes citados no tema, nos objetivos e nas hipóteses. Assim o estudante, em nosso exemplo, não esgotou todo o referencial teórico para explicar o tema, pois precisará escrever ainda sobre: a favela; o adolescente; o serviço social e seu papel nesse espaço institucional; e o que é perfil nutricional e as políticas sociais que são ofertadas para esse segmento. Lembrete Como em nosso exemplo estamos trazendo uma parte da revisão bibliográfica, não podemos esquecer que essa revisão faz parte do projeto de pesquisa e que deverá ter aproximadamente três páginas. Para o TCC, a revisão bibliográfica deverá ter, no mínimo, 30 páginas e mais 10 páginas sobre a pesquisa de campo, se houver. A elaboração do TCC deve ter 40 páginas da introdução até a conclusão. 7.9 Ética e plágio Ética é uma palavra de origem grega. Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom, ou seja, o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana de qualificação do ponto de vista do bem o do mal. Já o plágio pode ser definido como o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual) contendo partes de uma obra que pertença a outro autor, sem colocar os devidos créditos. Segundo Lécio Augusto Ramos, professor de Metodologia da Pesquisa do curso de Comunicação Social da Universidade Estácio de Sá, há três tipos muito comuns de plágio: • Plágio integral: a transcrição, sem citação da fonte de um texto completo. 169 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL • Plágio parcial: a cópia de algumas frases ou parágrafos de diversas fontes, para dificultar a identificação. • Plágio conceitual: a apropriação de um ou vários conceitos, ou de uma teoria, que o autor de um texto apresenta. De acordo com a legislação, há outros conceitos relacionados ao plágio: • Heteroplágio: o fato de um autor apropriar‑se de obra de outra pessoa. • Autoplágio: o fato de um autor copiar trechos seus e distribuí‑los em diferentes artigos como se fossem originais. Pode ser que você não saiba, mas copiar algum texto completa ou parcialmente, sem dar os devidos créditos, ou sem a autorização do autor é crime com pena prevista em lei. O Código Penal tem uma sessão que trata especialmente dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual. Então, observar as normas da ABNT é indispensável, pois protege o aluno de configurar sua escrita como plágio e ferir a ética da redação científica. O aluno que fizer plágio em seu Projeto de Pesquisa Científico ou em seu TCC terá o trabalho de monografia considerado insatisfatório e não terá conceito para aprovação. Lembrete O estudante deve ter cuidado ao fazer a revisão bibliográfica e não fazer plágio do autor lido, pois isso é crime. 7.10 Cronograma O Cronograma do projeto de pesquisa é o plano de distribuição das diferentes etapas para a elaboração do TCC, em períodos de tempos reais. Serve a diferentes propósitos como permite verificar se o estudante tem conhecimento consistente acerca das diferentes etapas que deverá percorrer, para executar a pesquisa que planejou, e do período de tempo que deverá despender, ao fazê‑lo. Serve, também, para organizar e distribuir, racionalmente, em suas etapas, o tempo disponível para a execução da pesquisa. As etapas devem ser cumpridas de acordo com os prazos dados e inseridos no aviso do Ambiente Virtual Acadêmico (AVA). Deve ser configurado em forma de um quadro, indicando os períodos e as tarefas a serem cumpridas 170 Unidade III 7.11 Projeto Após detalharmos as etapas do Projeto de Pesquisa Científico vamos realizar a descrição do projeto e suas etapas. Projeto é uma nomenclatura para o termo técnico plano de ação. Planejamos tudo em nossa vida cotidiana, desde o horário de acordar, dormir, de realizar as tarefas de casa e do trabalho. A viagem de férias também é planejada. Temos que pensar no lugar que iremos visitar, no clima, no tipo de roupa que será apropriada, no dinheiro para levar para despesas necessárias e no lazer. Para fazermos as malas e sairmos em direção ao local de férias, precisamos pensar se iremos de carro ou se usaremos outro meio de transporte e assim por diante. Logo, para fazermos um trabalho de conclusão de curso (TCC), uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado, precisamos nos planejar, ou seja, precisamos projetar as ideias para o futuro. Então, escreveremos, primeiramente, o projeto de pesquisa científico e depois de planejadas as ações, partiremos para a escrita da monografia. Para planejar, precisamos saber o que queremos pesquisar. O tema, como dissemos anteriormente, pode advir de atividades práticas de estágio supervisionado obrigatório, de disciplinas vivenciadas no curso ou mesmo de uma questão social contemporânea de impacto social. O tema sempre pode ser mudado ao longo do trabalho, mas o estudante deve saber que tem prazos a serem cumpridos e precisar estar seguro de sua habilidade e competência para a produção da pesquisa, que deve ser coerente com o problema e com as hipóteses levantadas. O projeto é formado por etapas que irão direcionar o estudante para a construção do seu TCC. O Projeto Científico de modo geral consiste em: • Projetar: lança luz sobre o tema a ser pesquisado. • Ter rigor científico. • Superar etapas. • Preparar o estudante para outras etapas: como a elaboração da monografia do Trabalho de Conclusão de Curso. O modelo de projeto segundo a Plataforma Brasil tem as seguintes etapas: • Escolha do Objeto de pesquisa (público‑alvo). — Escolha do tema. — Formulação do problema. 171 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL — Levantamento de hipótese. — Justificativa (revisão bibliográfica). • Metodologia. • Critérios de inclusão e exclusão. • Riscos (riscos em que o sujeito pode estar exposto ao consentir em participar do presente estudo). • Benefícios (comentar os benefícios esperados direta ou indiretamente ao sujeito participante da pesquisa). • Desfecho primário (só pode haver um; deve ser definido antes do início do estudo; está atrelado ao objetivo principal da pesquisa. Exemplo: “Estima‑se que... contribuirá para...”). • Desfecho secundário (exemplo: “pretende ainda que... contribuirá para...”). • Tamanho da amostra (informar o número de sujeitos que estão previstos para participação na presente pesquisa). — Data do primeiro recrutamento (coleta de dados). — Haverá uso de fontes secundárias de dados (prontuários, dados demográficos etc.)? Caso houver, é preciso detalhar. — Dispensa o Termo de Consentimento Livre Esclarecido? Se sim, justifique. • Cronograma. • Orçamento. • Referências. • Anexos (incluir carta de informação ao pesquisado, roteiro de entrevista e questionário). • Resumo: após a elaboração do Projeto de Pesquisa Científico o estudante deverá fazer o resumo. O resumo virá logo após o tema. 7.12 Resumo Ao escrever o resumo do Projeto de Pesquisa Científico o estudante está levando o leitor, nesse caso, o professor orientador, a entender o motivo da escolha do tema. O problema levantado e as respostas prováveis, que são as hipóteses, assim como a metodologia e a justificativa da escolha do tema. Portanto, no resumo deve constar: 172 Unidade III • Tema.• Problema. • Objetivo. • Hipótese. • Justificativa. • Metodologia. • Público‑alvo. • Local. • Tempo. Dessa forma o resumo do projeto de pesquisa deve ser escrito ao fim da elaboração do projeto de pesquisa. O tema deverá trazer o assunto a ser tratado de forma sucinta. O problema é o que levou o estudante a se interessar pelo tema. Os objetivos é o que se pretende alcançar no Trabalho de Conclusão de Curso ao fim da escrita da monografia. A relevância, a originalidade e o que tem sido escrito sobre o tema fará parte da justificativa de sua escolha. A viabilidade e o interesse pessoal (por que escolheu esse problema); os objetivos e a hipótese farão parte de todo o processo necessário para o planejamento do TCC. O resumo não deverá ter mais de dois mil caracteres, e deve conter um pouco do que o leitor irá encontrar nas próximas linhas do Projeto de Pesquisa Científico. Abaixo do resumo devem estar explicitas as palavras‑chave. Segundo Aquino (2010, p. 227) “palavras‑chave é a menor parte de uma escrita científica. Em palavras‑chave deve‑se utilizar 3 ou 4 (no máximo 6) palavras importantes relacionadas à pesquisa – palavras que representam o conteúdo do artigo”. Em nosso exemplo as palavras‑chave são: Adolescente – Déficit Nutricional – Serviço Social – Políticas Sociais. 173 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL 8 MODELO DE PROJETO O nosso projeto de pesquisa deverá seguir o seguinte formato: Capa: UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NOME e RA Tema: Perfil Nutricional de Adolescentes do Sexo Masculino e o Serviço Social: um estudo de caso da favela X do Rio de Janeiro. Cidade Ano 174 Unidade III Folha de rosto: NOME e RA Tema: Perfil Nutricional de Adolescentes do Sexo Masculino e o Serviço Social: um estudo de caso da favela X do Rio de Janeiro. Projeto de Pesquisa Científico apresentado como exigência parcial para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso –TCC da disciplina Trabalho de Pesquisa em Serviço Social do Curso de Serviço Social da Universidade Paulista – UNIP. Cidade Ano 175 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL SUMÁRIO RESUMO 1 INTRODUÇÃO 2 PROBLEMA 3 HIPÓTESE 4 OBJETIVOS 4.1 Geral 4.2 Específicos 5 METODOLOGIA 6 JUSTIFICATIVA (REVISÃO BIBLIOGRÁFICA) 7 RISCOS 8 BENEFÍCIOS 9 DESFECHO PRIMÁRIO 10 DESFECHO SECUNDÁRIO 11 CRONOGRAMA 12 ORÇAMENTO 13 REFERÊNCIAS 14 ANEXOS 176 Unidade III RESUMO Este estudo pretende verificar as causas do déficit nutricional entre os adolescentes do sexo masculino da favela X do Rio de Janeiro na faixa etária de 10 a 13 anos e 11 meses no período de março a maio de 2017 e como tem se desenvolvido o papel do assistente social do Cras frente às políticas sociais de atendimento a essa questão nutricional. Será utilizada a pesquisa exploratória, bibliográfica na perspectiva dialética e será utilizada amostragem de 50 adolescentes, por meio do uso de formulários aplicados através de entrevistas. Será ainda feita a abordagem a partir da pesquisa quantiqualitativa. Levantou‑se como hipótese à causa do déficit alimentar a falta de recursos socioeconômicos das famílias desses adolescentes e a falta de políticas sociais eficientes e eficazes para solucionar essa problemática. 177 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL 1 INTRODUÇÃO O Rio de Janeiro tem se apresentado como uma das metrópoles que mais tem problemas sociais. Podemos citar várias questões como a violência, a corrupção política, a desigualdade social e o adensamento das áreas faveladas que surgiram no século XVIII. Os problemas apresentados entre a população residente em favelas vão além do que é noticiado na imprensa. As crianças e adolescentes são os mais afetados por todos os problemas sociais, econômicos, de saúde e de educação. Para os profissionais que trabalham nos morros favelados, em equipamentos sociais como exemplo o Cras (Centro de Referência de Assistência Social), outra questão é percebida: o baixo valor nutricional dietético dos adolescentes do sexo masculino na faixa etária de 10 a 13 anos e 11 meses. Esses adolescentes possuem estatura menor do que os do sexo feminino, o que comprova uma falta de alimentação adequada. A questão colocada não é a de acabar com a fome, mas de verificar o valor nutricional e dietético da alimentação, o que permite o desenvolvimento adequado para esses adolescentes. Estudar as causas que levam à diminuição de estatura irá possibilitar que novas intervenções venham a ocorrer nesses espaços a partir das políticas públicas. Percebe‑se que esses adolescentes pertencem, em sua maioria, a famílias de baixo poder aquisitivo, logo, podemos relacionar pobreza ao baixo poder nutricional e dietético. Outro ponto percebido é o papel do assistente social no Cras. O trabalho do assistente social sem dúvida nenhuma está atrelado a manifestações da questão social, que, nesse caso, é a desigualdade social dessa população. Desvelar essa questão social por meio de uma pesquisa científica permitirá que se chegue à essência do problema. No entanto, sabemos que ela não esgotará o problema, que é impossível de ser visto em sua totalidade, uma vez que a ciência se esgota diante de sua amplitude. Portanto, este estudo pretende verificar as causas do déficit nutricional entre os adolescentes do sexo masculino da favela X do Rio de Janeiro, na faixa etária de 10 a 13 anos e 11 meses, no período de março a maio de 2017; e como tem se desenvolvido o papel do assistente social do Cras frente às políticas sociais de atendimento à questão nutricional. Será utilizada a pesquisa exploratória e bibliográfica na perspectiva dialética e será utilizada amostragem de 50 adolescentes, por meio do uso de formulários aplicados através de entrevistas. Será, ainda, utilizada a abordagem quantiqualitativa. Levantou‑se como hipótese à causa do déficit alimentar a falta de recursos socioeconômicos das famílias desses adolescentes e a falta de Políticas Públicas eficientes e eficazes para essa problemática. 178 Unidade III 2 PROBLEMA Será que os adolescentes do sexo masculino de idade entre 10 e 13 anos e 11 meses da favela X do Rio de Janeiro têm uma dieta de valor nutricional adequado para seu desenvolvimento biológico, psicológico e social? Será que o papel do assistente social junto de políticas sociais tem sido importante para o desenvolvimento nutricional dos adolescentes do sexo masculino de idade entre 10 e 13 anos e 11 meses da favela X do Rio de Janeiro? 179 PROJETOS DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL 3 HIPÓTESE O baixo poder socioeconômico das famílias moradoras da favela X do Rio de Janeiro leva a um déficit nutricional dos adolescentes do sexo masculino na faixa etária de 10 a 13 anos e 11 meses. A inserção do assistente social nas políticas sociais de atendimento nutricional junto dos adolescentes do sexo masculino na faixa etária de 10 a 13 anos e 11 meses leva à intervenção eficaz junto ao Cras frente a essa problemática. 180 Unidade III 4 OBJETIVOS 4.1 Geral Verificar se os adolescentes do sexo masculino da favela X do Rio de Janeiro têm uma dieta de valor nutricional adequado para seu desenvolvimento biológico, psicológico e social. Compreender se o papel do assistente social junto de políticas sociais tem sido importante para o desenvolvimento nutricional dos adolescentes do sexo masculino de idade entre 10 e 13 anos e 11 meses da favela X do Rio de Janeiro. 4.2 Específicos ‑ Descrever as condições socioeconômicas e demográficas dos adolescentes. ‑ Avaliar a adequação calórica, proteica e de ferro da dieta ingerida em relação às respectivas recomendações nutricionais. ‑ Identificar o estado nutricional dos adolescentes residentes na favela. ‑ Avaliar o crescimento, o desenvolvimento físico e a composição corporal mediante a antropometria. ‑ Analisar o papel do assistente social frente às questões nutricionais dos adolescentes residentes na favela e as políticas públicas. 181 PROJETOS DE