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VIOLÊNCIA NA INFÂNCIA ADOLESCÊNCIA OBJETIVOS Ao final desta aula o estudante deverá: Conceituar violência doméstica/maus tratos; Reconhecer a importância da violência no aumento da morbimortalidade infantil e da mulher; Identificar os tipos de violência/maus tratos; Citar os sinais de advertência/suspeita de maus tratos; Citar os fatores que predispõem aos maus tratos (características dos agressores, da criança e do ambiente); Descrever o papel do enfermeiro na prevenção dos maus tratos (educação, assistência e pesquisa) Saber intervir em casos de crianças e adolescentes em situação de violência VIOLÊNCIA E MAUS TRATOS “O uso intencional da força física ou poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.” (OMS) A violência pode ser de vários tipos – física, psicológica, patrimonial ou sexual. Quando acontece entre pessoas de 10 a 29 anos, a OMS define o fenômeno como violência juvenil. Os termos violência, abuso e maus-tratos, são utilizados como sinônimos, mas não tem o mesmo significado, pois apresentam cargas ideológicas e históricas específicas (MINAYO, 2009). Em 2006, o Ministério da Saúde implantou em vinte e sete municípios brasileiros, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), a partir da ficha de notificação de violência doméstica, sexual e outras violências. IMPORTANTE!!!! Os maus-tratos, abuso ou violência doméstica devem ser reconhecidos como enfermidades, pois são assim identificados no Classificação Internacional de Doenças (CID), conforme abaixo. CID-10 T74 Síndrome de maus-tratos T74.0 Abandono T74.1 Sevícias físicas. Síndrome da criança espancada (SOE) T74.2 Abuso sexual T74.3 Abuso psicológico T74.8 Outras síndromes especificadas de maus-tratos. Formas mistas T74.9 Síndrome não especificada de maus-tratos. Efeitos de sevícias infligidas a crianças (SOE) A notificação dos casos de violência é compulsória para toda a rede de saúde (pública e privada). A violência contra a criança é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil. É a principal causa de morte de crianças e adolescentes a partir dos 5 anos de idade. Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes-VIVA (2006 a 2007), Situação da Violência contra a Criança e Adolescente... Crianças (0 a 9 anos de idade) Registrados 1.939 casos, 43,6% violência sexual, 38% psicológico-moral, 33% negligência-abandono e física 28,5%. Quanto ao vínculo da vítima com o agressor: a mãe foi a principal responsável (24%), seguida do pai(19%), e amigos- conhecidos (14%). Adolescentes (10 a 19 anos) Registrados 2.370 casos: 50% violências aconteceram dentro das residências, com prevalência do sexo feminino (78%). Também, 56% violência sexual, 50% psicológica-moral, 48% violência física, e negligência- abandono 13%. Entre os agressores, 21% eram desconhecidos, 20% amigos e/ou conhecidos e 12% o pai. Não se conhece ainda a magnitude real do problema, devido a alguns fatores culturais e institucionais. O pacto de silêncio nos lares, espaço socialmente sacralizado e considerado isento de violência. O atendimento às vítimas de maus-tratos se encontra pouco estruturado no país, sendo insuficiente para a demanda que chega aos serviços de saúde. Não existe o estabelecimento de normas técnicas e rotinas para a orientação dos profissionais da saúde frente ao problema da violência. Situação da Violência contra a Criança e Adolescente... Uso do castigo físico como prática pedagógica e disciplinadora (SBSP, 2011) • Disciplina, punições físicas e humilhantes = atitudes “normais”, particularmente se não provocam lesões visíveis • A prática do castigo físico é creditada pelos pais como método para ser utilizado: na correção do mau comportamento, para impor limites, para garantir o poder absoluto sobre os filhos. Castigo físico como causa de violência doméstica (SBSP, 2011) Hábito culturalmente aceito. Punição física como ação disciplinadora e educacional Pais vitimizados Pais “donos” de seus filhos Abuso de autoridade Solução de conflitos pela força Comportamento •Explosivo •Violento •Perverso https://www.youtube.com/watch?v=itFCNt4G_j8 Estudantes consultem o Manual de atendimento às crianças e adolescentes vítimas de violência da Sociedade de Pediatria de São Paulo disponibilizada no material complementar SexualFísicos Maus Tratos Psicológico Negligência Classicamente os maus-tratos/violência são divididos nos seguintes tipos: ENCAMINHAMENTOS: Casos leves e sem risco de revitimização: • retorno para moradia • notificar conselho tutelar (mediante relatório institucional elaborado por um membro da equipe interprofissional ou preenchimento da ficha de notificação de casos suspeitos ou confirmados de violências e acidentes) Casos graves ou com risco de revitimização: • internação • notificar Vara da Infância e Juventude e conselho tutelar • instituição passa a ter a guarda da vítima até decisão judicial pela Vara da Infância e Juventude Risco de revitimização: • agressor não controlável • família incapaz de proteger Maus tratos físicos: uso da força física de forma intencional, não-acidental, praticada por pais, responsáveis, familiares ou pessoas próximas da criança ou adolescente, com o objetivo de ferir, danificar ou destruir esta criança ou adolescente, deixando ou não marcas evidentes. (Deslandes, 1994) Acomete todas as faixas etárias da criança, porém predomina nos menores de três anos. Estima-se que o abuso físico seja responsável por aproximadamente 25% de todas as formas de abuso à criança. Proporcionalmente, é o maior responsável por mortalidade entre as formas de abuso à criança. (SPSP, 2011) Conceituando Maus Tratos Físicos... Fatores que predispões a maus-tratos físicos Características dos pais: Foram vítimas de maus-tratos quando crianças, Baixa idade ou imaturidade, baixa inteligência Rigidez ou inflexibilidade que correspondem a modelos familiares de imposição de disciplina, com uso freqüente de abuso físico, São famílias isoladas socialmente, Filhos de mães adolescentes, pais alcoólatras, psicopatas Características da criança: Temperamento da criança, Necessidades físicas, como estar doente ou incapacitada, Indesejada, Lembram ao genitor uma pessoa de quem ele não gosta, Prematuros Gravidez ou parto difícil. Características do ambiente: Estresse crônico; problemas de divórcio, Pobreza, desemprego, Má condição de moradia, Mudanças freqüentes, Alcoolismo e vícios em drogas, Várias pessoas vivendo juntas. Síndrome da Criança Espancada Síndrome do Bebê Sacudido Maus Tratos Físicos Síndrome de Munchausen Tipos de Maus Tratos Físicos... “Síndrome do bebê sacudido” é uma forma especial deste tipo de mau tratamento e consiste de lesões cerebrais que ocorrem quando a criança, em geral menor de 6 meses de idade, é sacudida por um adulto. Síndrome da criança espancada “se refere, usualmente,a crianças de baixa idade, que sofreram ferimentos inusitados, fraturas ósseas, queimaduras etc. ocorridos em épocas diversas, bem como em diferentes etapas e sempre inadequada ou inconsistentemente explicadas pelos pais” (Azevedo & Guerra,1989) Síndrome de Munchausen: é definida como a situação na qual a criança é trazida para cuidados médicos devido a sintomas e/ou sinais inventados ou provocados pelos seus responsáveis. Em decorrência, há conseqüências que podem ser caracterizadas como violência física e psicológica. Definindo os Tipos de Maus Tratos Físicos... Identificando Violência... A suspeita de maus-tratos contra crianças e adolescentes surge, geralmente, no momento em que se procede a Entrevista e no decorrer do Exame Físicodo paciente. Na maioria das vezes, as vítimas não possuem evidências físicas de maus-tratos. Sendo assim, o Histórico ocupa lugar relevante no esclarecimento dos casos, não apenas pelo relato da ocorrência da violência em si, como também de sintomas sugestivos de que a criança possa estar sendo vitimizada. Sempre que possível, é importante que a avaliação seja feita por equipe multiprofissional, na qual estejam incluídos, além do médico, psicólogo e assistente social. História incompatível com as lesões existentes; Lesões incompatíveis com o estágio de desenvolvimento da criança; Relatos discordantes quando o responsável é entrevistado por mais de um profissional em diferentes momentos; Relatos discordantes quando se entrevistam os responsáveis separadamente; Relatos discordantes quando se entrevista a vítima e os responsáveis separadamente; Supostos acidentes ocorridos de forma repetitiva e/ou com freqüência acima do esperado; Suposto acidente para o qual a procura de socorro médico ocorre muito tempo após o evento; Dinâmica familiar denotando falta de estrutura estável; Problemas maternos relacionados à gravidez; Relato dos pais sobre experiências próprias de terem sofrido alguma forma de violência na infância. Durante a Entrevista devem ser observadas as seguintes situações... Exame Físico... Pele e mucosas Hematomas são as lesões de pele mais freqüentemente encontradas nos maus-tratos físicos, seguidos por lacerações e os arranhões. A localização das lesões pode ser um importante indício da ocorrência de violência física. Exemplo: lesões circulares ou marcas de dedos em torno do pescoço, bem como petéquias na face e hemorragias subconjuntivais são sugestivas de enforcamento ou estrangulamento. Lesões em diferentes estágios de evolução ou presentes concomitantemente em diversas partes do corpo, bem como queimaduras “em meia”, “luva” ou em nádegas e/ou genitália, são sugestivas de lesões provocadas. Quando algum instrumento é utilizado para a agressão, pode- se identificar sua forma “impressa” na pele. O achado de escoriações, manchas ou sangramento em exame físico não relatados durante a entrevista também sugerem maus-tratos. É importante que a avaliação das lesões encontradas seja feito com detalhe, considerando tamanho, bordas, localização e cor das mesmas. Exame Físico... Esqueleto Fraturas múltiplas inexplicadas, em diferentes estágios de consolidação, são típicas de maus-tratos. As localizações mais comuns das fraturas são as extremidades. O traço da fratura também pode sugerir o mecanismo que a provocou: fraturas espiralares e fraturas transversas em ossos longos de lactentes sugerem maus-tratos. Fraturas de costelas (geralmente na região posterior, próximo à articulação costo-vertebral) podem ocorrer por compressão ou impacto. Exame Físico... Sistema nervoso central O traumatismo crânio-encefálico (TCE) provocado pode levar a dois tipos de lesão: a) externa: fraturas dos ossos do crânio lineares, deprimidas ou cominutivas; b) interna: produzida por “sacudida” ou impacto, levando a hematomas subdural ou subaracnóideo e a hemorragias retinianas; Hemorragias retinianas em menores de 3 anos, na ausência de lesões externas de TCE, são quase específicas de maus- tratos. Exame Físico... Lesões torácicas e abdominais Os traumatismos torácicos produzidos por maus-tratos são pouco freqüentes, podendo decorrer de compressão antero- posterior (“síndrome do bebê sacudido”) ou de tração violenta do braço. As lesões viscerais abdominais ocorrem em pequeno percentual das crianças maltratadas, sendo mais freqüentes em crianças acima de 2 anos. Exame Físico... Coagulograma completo; Radiografias - RX completo do esqueleto deve ser feito nas suspeitas de maus-tratos físicos em todas as crianças menores de 2 anos de idade e, em alguns casos, até os 6 anos de idade; Tomografia computadorizada e ressonância magnética - indicadas na exploração das lesões intracranianas. Exames Complementares... É, em sua maioria quase absoluta, perpetrada pela mãe da criança. Pode ser produzida por dois mecanismos diferentes: Simulação de sinais, como no caso de falsificação de amostras.(25% das ocorrências) Exemplo: adicionar sangue menstrual ou açúcar na urina da criança. Produção de sinais ou sintomas. Em 50% dos casos há indução dos sintomas e em 25%, coexistem simulação e indução. Exemplo: administrar medicamentos ou substâncias que causam sonolência ou convulsões. Mentira: quando o responsável relata o que não ocorreu Exemplo: convulsão, vômitos, febre, que a criança não aceita determinado leite ou apresenta alergias, o que pode privar a criança de alimentos ou medicamentos dos quais necessita sem motivo real; Síndrome de Munchausen. Doença com características que indicam persistência ou recidivas; Relatos de sintomas não usuais, quase sempre descritos de forma dramática; Dificuldades em classificar as queixas dentro de uma linha de raciocínio diagnóstico coerente; Sinais que surgem sempre quando a criança está com uma mesma pessoa; Os demais parentes e os profissionais só constatam o quadro já consumado; Resistência e insatisfação com o tratamento preconizado e insistência para a realização de diversos procedimentos. Deve-se suspeitar desta síndrome diante das seguintes situações: Consequências da Síndrome do Bebê Sacudido Estima-se que menos de 20% dos pacientes com síndrome do bebê sacudido têm evolução favorável e cerca de 1/3 morrem rapidamente. Os demais sobreviventes apresentam sequelas neurológicas (lesões encefálicas, atraso do DNPM, convulsões, lesões da medula espinal) ou oculares importantes (hemorragias oculares, cegueira). (SPSP, 2011) Abuso Sexual: é todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual cujo agressor está em estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado que a criança ou o adolescente. Tem por intenção estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual. (Deslandes, 1994) Conceituando Abuso Sexual... Voyerismo e Exibicionismo Abuso Sexual Exploração Sexual Tipos de Abuso Sexual... Contato Sexual VIOLÊNCIA SEXUAL (BRASIL, 2018) Entre 2011 e 2017, 1.460.326 casos de violência interpessoal ou autoprovocada foram notificados. Destes, 184.524 eram casos de violência sexual, sendo 76,5% dos casos notificados contra crianças 31,5% e contra adolescentes 45%. Houve um aumento de 83,2% nas notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes, quando comparados os anos de 2011 e 2017. 51,2% entre 1 e 5 anos 69,2% na própria residência 74,2¨% do sexo feminino 81,6% dos casos o agressor era do sexo masculino 37,0% tinham vínculo familiar com a vítima 92,4% do sexo feminino 67,8% na faixa etária 10 e 14 anos 92,4% dos casos o agressor era do sexo masculino 38,4% tinham vínculo intrafamiliar 58,2% ocorreram na residência 39,8% dos eventos tiveram caráter de repetição 37,5% dos eventos tiveram caráter de repetição CRIANÇA ADOLESCENTE Em cerca de 80% dos casos, o abusador é um dos pais ou pessoa com algum laço afetivo com a família da vítima e conhecida da criança. A identificação do abuso sexual pode ser feita mediante: Relato da vítima ou de um dos responsáveis; Constatação da existência de lesões genitais ou anais; Diagnóstico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST); Diagnóstico de gravidez. Quando há o relato da criança/adolescente ou dos responsáveis, o direcionamento do histórico torna-se mais objetivo, facilitando a abordagem. Identificando Abuso Sexual... Quando houver o relato espontâneo da criança, seu depoimento deve merecer toda a credibilidade, pois dificilmente ela seria capaz de elaborar uma falsa história de abuso sexual. No diálogo com a criança, o profissional deve ter o cuidado para que a abordagem do assunto não cause mais sofrimento à vítima. Falsas denúncias de abuso sexual também podem ocorrer, principalmenteentre casais em situação de litígio. Cuidados durante a Entrevista... https://www.youtube.com/watch?v=9l7Aq5LCsRY Na grande maioria dos casos de abuso sexual não se constatam lesões físicas evidentes. O exame deve ser sempre realizado na presença de um dos responsáveis. As crianças maiores devem ser esclarecidas previamente sobre os procedimentos que serão realizados. Deve-se proceder um exame físico completo, com atenção especial para áreas usualmente envolvidas em atividades sexuais: Boca; Mamas; região perineal e genitais; Nádegas e ânus. Cuidados durante o Exame Físico... Os sinais físicos a serem pesquisados são: Hiperemia; Edema; Hematomas; Escoriações; Fissuras; Rupturas; Sangramentos; Evidências de IST; Gravidez. O Que Pesquisar no Exame Físico? Além das conseqüências físicas, também as de ordem social, emocional e comportamental, que são mais freqüentes que as primeiras. labilidade emocional; mudanças súbitas de comportamento; comportamentos sexualizados; comportamentos autodestrutivos ou suicidas; isolamento, aversão ou desconfiança de adultos; queixas psicossomáticas; fobias; pesadelos; rituais compulsivos; dificuldades de aprendizado; fugas de casa. O Que Pesquisar no Exame Físico? Sempre que possível, coletar material que ajude a comprovar o abuso: Sangue; Pesquisa de sêmen; Células epiteliais. Apenas quando o abuso ocorreu há menos de 72 horas. Ao coletar o material para culturas e pesquisa sorológica para IST, considerar possibilidade de contato: Oral; Genital; Retal. Exames Complementares... Durante todo o procedimento de atendimento às vítimas de abuso sexual, deve-se ter cuidado com a repetição exaustiva dos exames e cuidado na forma de efetuar as perguntas, evitando a revitimização da criança ou do adolescente, que pode trazer marcas emocionais significativas. NÃO ESQUEÇA!!!! Distúrbios psicossexuais são alguns dos mais relatados, especialmente: baixa auto-estima; depressão; condutas automutiladoras e auto-aniquiladoras; tendência suicida; incapacidade de atingir o orgasmo; desprazer ou aversão sexual; redução de desejo sexual e a dispareunia; Problemas nas relações interpessoais também são associados, além de prostituição e homossexualidade feminina. Conseqüências Tardias... Abuso Psicológico: são toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito,cobrança ou punição exageradas e utilização da criança ou do adolescente para atender às necessidades psíquicas dos adultos. Atenção: Todas estas formas de maus-tratos psicológicos podem causar danos ao desenvolvimento biopsicossocial da criança. Conceituando Abuso Psicológico... Passivo Abuso Psicológico Ativo Tipos de Abuso Psicológico... É o tipo de violência mais difícil de detectar em sua forma isolada. Por outro lado, costuma estar presente concomitantemente aos demais tipos de abuso. Pode ser: Passivo: abandono emocional, negligência com os cuidados afetivos; Ativo: expressado de forma verbal ou em atitudes de ameaça, castigos, críticas, rejeição, culpabilização, isolamento. Pode ocorrer em qualquer nível sócio-econômico. Definindo os Tipos de Abuso Psicológico... Castigos excessivos, recriminações, culpabilização, ameaças; Rejeição ou desqualificação da criança ou do adolescente; Uso da criança como intermediário de desqualificações mútuas entre os pais em processos de separação; Responsabilidades excessivas para a idade Isolamento devido a mudanças freqüentes ou a proibições de convívio social. Clima de violência entre os pais e uso da criança como objeto de descarga emocional. Uso inadequado da criança como objeto de gratificação,não permitindo independência afetiva. Formas de maus-tratos psicológicos... Número elevado de filhos; Filhos não desejados; Mães adolescentes sem suporte psicossocial; Falta de recursos; Inexperiência e ignorância para cuidar dos filhos, desconhecendo suas necessidades afetivas; Antecedentes de violência familiar e ruptura familiar; Isolamento social; Antecedentes psiquiátricos; Toxicomanias. Características Comuns das Famílias... Os sintomas e transtornos que aparecem nas crianças que sofrem maus-tratos psicológicos não são específicos. Podemos encontrar: Distúrbios do crescimento e do desenvolvimento psicomotor, intelectual, emocional, social; Labilidade emocional e distúrbios de comportamento; Problemas psicológicos que vão desde a baixa auto-estima, problemas no desenvolvimento moral e dificuldades em lidar com a agressividade e a sexualidade; Distúrbios do controle de esfíncteres; Psicose, depressão, tendências suicidas. O Que Pesquisar no Exame Físico? Negligência: é ato de omissão do responsável pela criança ou adolescente em prover as necessidades básicas para o seu desenvolvimento. (Abrapia, 1997) Atos ou atitudes de omissão, de forma crônica, praticada à criança ou adolescente pelos pais ou responsáveis no tocante à higiene, nutrição, saúde, educação, proteção e afeto, apresentando-se em vários aspectos e níveis de gravidade, sendo o abandono o grau máximo. (SPSP, 2011) O abandono é considerado uma forma extrema de negligência. Conceituando Negligência... A identificação da negligência é complexa devido às dificuldades sócio-econômicas da população. Independente da culpabilidade do responsável pelos cuidados da vítima, é necessária uma atitude de proteção em relação a esta. Dois critérios são necessários para caracterizar a negligência: a cronicidade; a omissão. Considera- se que a negligência ocorre quando não se satisfazem as necessidades básicas da criança. Identificando a Negligência... Aspecto de má higiene; Roupas não adequadas ao clima local; Distúrbios de crescimento e desenvolvimento sem causa orgânica; Desnutrição por falta de alimentação, por erros alimentares persistentes devido a restrições por ideologias dos pais; Tratamentos médicos inadequados; Lares sem medidas de higiene e de segurança; Falta de supervisão da criança, provocando lesões e acidentes de repetição; Freqüência irregular à escola, escolaridade inadequada à idade, não participação dos pais nas tarefas escolares; Grandes períodos de tempo sem atividades, adolescentes com muito tempo livre sem supervisão, expostos ao provável contato com ambientes de risco. O Que Pesquisar na Entrevista e no Exame Físico? Papel do Enfermeiro: Reduzir a morbimortalidade, mediante o desenvolvimento de um conjunto de ações articuladas com outros setores, de modo a contribuir para a melhoria da qualidade de vida das crianças e jovens. Desta forma, a função do enfermeiro deve estar alicerçada em três pilares: educação, assistência e pesquisa. EDUCAÇÃO. Informar pais, mães e comunidade sobre as necessidades básicas da criança e do adolescente; Elaborar, implementar e avaliar programas de educação para grupos de pais, crianças e adolescentes, sobre prevenção de violência; Organizar grupos de estudos com profissionais de outros grupos envolvidos; Garantir a inclusão no currículo do enfermeiro questões que envolvam a violência doméstica, desde a prevenção, identificação, encaminhamento, assistência e reabilitação; Oferecer oportunidade de reciclagem para os enfermeiros nas instituições que prestam assistência à criança e adolescente, sobre o tema. ASSISTÊNCIA. Identificar sinais de violência, incluindo-se aspectos físicos, emocionais e comportamentais de crianças e adolescentes; Identificar pais e mães de risco; Encaminhar para o serviço médico e social casos suspeitos. Em situações onde não houver estes profissionais notificar diretamente ao Conselho Tutelar ou Vara da Infância; Participar das discussões e encaminhamentos junto com a equipe multiprofissional, dos casos suspeitos de violência doméstica; Prestar cuidados dos agravos de acordo com as necessidades; Incentivar atitudes de responsabilidades nasrelações afetivas e familiares; Favorecer vínculo da família com a criança o mais precocemente possível, em atitudes como pré-natal, alojamento conjunto, programa de pais participantes, dentre outros; Incentivar mudanças de crenças, tabus e valores culturais envolvendo relações de poder; Desenvolver e implementar protocolos de condutas de enfermagem destas crianças da admissão até a alta; Anotar no relatório de enfermagem e prontuário do paciente, condutas e procedimentos frente às questões envolvidas; Promover o acesso a serviço de apoio às famílias em situações de violência. Diante de qualquer tipo de maus-tratos, todos os dados obtidos a respeito da criança devem ser cuidadosamente registrados no prontuário, uma vez que a Justiça pode solicitar cópias da documentação da unidade de saúde. NÃO ESQUEÇA!!!! Estudantes consultem o Projeto São Paulo para o desenvolvimento social de crianças e adolescentes SP- PROSO Violência, bullying e repercussões na saúde disponibilizada no material complementar BULLYING Tipo de violência juvenil que tem algumas características específicas: os indivíduos (vítimas, agressores e testemunhas) se conhecem e convivem – na escola, por exemplo. Ocorre de forma repetitiva e está baseado em um desequilíbrio de poder entre vítima e agressor, desequilíbrio que pode ser em função da posição social, características físicas como cor da pele ou outros fatores. O bullying é dinâmico, ou seja, vítima e agressor podem mudar de posição e as duas situações podem inclusive se sobrepor e pode ser de vários tipos: físico, psicológico, verbal, social, patrimonial ou sexual. ENFRENTAMENTO Profissionais de Saúde Garantia do seguimento e acompanhamento em rede Formação de Grupos Realização de referencia e contra-referência; Articulação intersetorial INSPIRE (OMS, 2018) Referências: Brasil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre direitos da criança e do adolescente. Projeto São Paulo para o desenvolvimento social de crianças e adolescentes SP-PROSO - sumário executivo. Disponível em: https://sites.usp.br/sp-proso/pagina-2/ Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Guia de atuação frente a maus tratos na infância e na adolescência. 2ª Edição. Rio de Janeiro - Março de 2001; Sociedade de Pediatria de São Paulo. Manual de atendimento às crianças e adolescentes vítimas de violência/ Núcleo de Estudos da Violência Doméstica contra a Criança e o Adolescente. Coordenação: Renata Dejtiar Waksman, Mário Roberto Hirschheimer − Brasília: CFM, 2011. 172 p. Aula sobre maus tratos. Profa Daniela Montes, 2010.
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