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ORIGEM E FUNDAMENTO Professora: STELA CABRAL CLÓVIS BEVILÁQUA conceitua o direito das sucessões como “o complexo dos princípios segundo os quais se realiza a transmissão do patrimônio de alguém que deixa de existir.” Evolução histórica do direito sucessório remonta à mais alta antiguidade, sempre ligado à ideia de continuidade da religião e da família. Em Roma, na Grécia e na Índia, a religião desempenha, com efeito, papel de grande importância para a agregação familiar. Relata FUSTEL DE COULANGES, a propósito, que o culto dos antepassados desenvolve-se diante do altar doméstico, não havendo castigo maior para uma pessoa do que falecer sem deixar quem lhe cultue a memória, de modo a ficar seu túmulo ao abandono. Cabe ao herdeiro o sacerdócio desse culto. “mors omnia solvit” - a morte acaba com tudo Esse princípio se aplica ao Direito Eleitoral, Penal e de Família, de modo que os direitos políticos, a punibilidade, o casamento e o poder familiar se extinguem com a morte. Já no Direito das Sucessões é com a morte que tudo começa, pois a vida terminou, mas o patrimônio do extinto subsiste e será transferido a seus herdeiros. Dispõe o art. 1.784 do Código Civil: “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. A existência da pessoa natural termina com a morte real (CC, art. 6º). Como não se concebe direito subjetivo sem titular, no mesmo instante em que aquela acontece abre-se a sucessão, transmitindo-se automaticamente a herança aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus. Não há falar em herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da sucessão do ausente, presumindo-se-lhe a morte (CC, arts. 26 e s.). Com a morte, pois, transmite-se a herança aos herdeiros, de acordo com a ordem de vocação hereditária estabelecida no art. 1.829 do Código Civil. Na falta destes, será a herança recolhida pelo Município, pelo Distrito Federal ou pela União, na conformidade do disposto no art. 1.844 do mesmo diploma. SUCESSÃO: é a transferência de bens de uma pessoa para a outra e pode se dar duas forma: Por vontade das partes Em razão da morte. Obs: É proibido o pacto sucessório, conforme artigo 426 do CC Aquele que morre é chamado de sujeito ativo da sucessão, de cujus ou autor da herança. Os sujeito passivos são os sucessores, denominados herdeiros PROVA DA MORTE: A existência da pessoa natural termina com a morte, conforme art. 6º do CC, sendo desnecessário o reconhecimento judicial. A morte é fato jurídico, pois cria direitos e deveres para os que ficam vivos. É necessário precisar o exato instante do falecimento. É o registro do óbito que prova a morte. MORTE PRESUMIDA: Na impossibilidade de se proceder o óbito, é preciso ocorrer à prova indireta da morte. Circunstância que ensejam a declaração da morte de alguém: Ausência (art. 6º CC); Quando for extremamente provável a morte de alguém que estava em perigo de vida ( art.7º, inciso I CC); Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra ( art.7º, inciso II CC); para que haja sucessão é necessário que o herdeiro sobreviva ao hereditando. Há casos, no entanto, em que ambos falecem em condições que impossibilitam precisar qual deles morreu primeiro e se ocorreu ou não a sobrevivência do herdeiro. Essas hipóteses de morte simultânea recebem a denominação de comoriência. Não há, pois, transferência de bens e direitos entre comorientes. Por conseguinte, se morre em acidente casal sem descendentes e ascendentes, sem saber qual morreu primeiro, um não herda do outro. Assim, os colaterais da mulher ficarão com a meação dela; enquanto os colaterais do marido ficarão com a meação dele. Uma vez aberta a sucessão, dispõe o art. 1.784 do Código Civil, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros. Nisso consiste o princípio da Saisine, segundo o qual o próprio defunto transmite ao sucessor a propriedade e a posse da herança. O princípio da saisine surgiu na Idade Média e foi instituído pelo direito costumeiro francês, como reação ao sistema do regime feudal. Por morte do arrendatário, a terra arrendada devia ser devolvida ao senhor, de modo que os herdeiros do falecido teriam de pleitear a imissão na posse, pagando para tal uma contribuição. Para evitar o pagamento desse tributo feudal, adotou-se a ficção de que o defunto havia transmitido ao seu herdeiro, e no momento de sua morte, a posse de todos os seus bens. Direito das sucessões se divide em quatro partes: ◦ Sucessão em geral (arts. 1.784 a 1.828, CC) ◦ Sucessão legítima (arts. 1.829 a 1.856, CC) ◦ Sucessão testamentária (arts. 1.857 a 1.990, CC) ◦ Inventário e partilha (arts. 1.991 a 2.027, CC) Proclama o art. 1.786 do Código Civil: “A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade”. Por isso se diz que a sucessão, considerando-se a sua fonte, pode ser legítima ou “ab intestato” e testamentária. Quando se dá em virtude da lei, denomina-se sucessão legítima; quando decorre de manifestação de última vontade, expressa em testamento ou codicilo, chama-se sucessão testamentária. Por sua vez, prescreve o art. 1.788 do Código Civil: “Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos. Morrendo, portanto, a pessoa ab intestato, transmite-se a herança a seus herdeiros legítimos, expressamente indicados na lei (CC, art. 1.829), de acordo com uma ordem preferencial, denominada ordem da vocação hereditária. Costuma-se dizer, por isso, que a sucessão legítima representa a vontade presumida do de cujus de transmitir o seu patrimônio para as pessoas indicadas na lei, pois teria deixado testamento se outra fosse a intenção. A sucessão poderá ser, também, simultaneamente legítima e testamentária quando o testamento não compreender todos os bens do de cujus, pois os não incluídos passarão a seus herdeiros legítimos (CC, art. 1.788, 2ª parte). Abertura da sucessão Dispõe o art. 1.784 do Código Civil: “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. Obs: A herança se transmite ao herdeiro, ainda, que ele não tenha conhecimento da morte do autor da herança. HERANÇA: é, na verdade, um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular o falecido. Compreende, portanto, o ativo e o passivo (CC, arts. 1.792 e 1.997) A pessoa natural deixa de existir com a morte real (art. 6º, CC), momento em que a sucessão é aberta. Aberta a sucessão os bens se transmitem imediatamente aos herdeiros legítimos e testamentários. (art. 1784, CC). O art. 1.785 estabelece que : “ A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido”. E o Código de Processo Civil de 2015, no seu art. 48 estabelece que: “ Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para inventário, partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposição de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro”. a) Com a morte do de cujus, os herdeiros imediatamente tornam-se donos dos bens. b) A imissão na posse dos bens herdados ocorre imediatamente e sem nenhuma formalidade. herdeiros, mesmo sem saberem, já serão donos dos bens e terão a posse dos bens do de cujus. c) Após a morte do de cujus qualquer herdeiro terá a capacidade de defender o acervo contra atos de terceiros, mesmo que tenha direito a apenas uma fração da herança. d) Mesmo que o herdeiro não saiba que foi beneficiado, aquiloque ele herdou incorpora ao seu patrimônio e passara aos seus sucessores após sua morte. Existem quatro razões para que alguém não venha a receber herança de outrem, apesar de figurar como o herdeiro legítimo mais próximo: a) morte – premoriência ou comoriência; b) renúncia; c) indignidade; d) deserdação. II – Da indignidade – arts. 1.814 a 1.818, CC/2002. A indignidade é uma sanção que pode ser aplicada aos beneficiários de uma herança em razão da pratica de ato reprovável ou falta grave contra o de cujus ou seus familiares, conforme previsto em lei. Podem ser punidos herdeiros legítimos ou testamentários, assim como os legatários. Resguarda-se a vida, a honra e a liberdade de testar. 1- Requisitos: a) Prática de ato previsto em lei como possibilitador da exclusão - art. 1.814; Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. b) Propositura da ação de exclusão (prazo de 4 anos, a partir da abertura da sucessão), com julgamento pela procedência, art. 1.815, caput e parágrafo único; Na exclusão por indignidade a pessoa comete um dos atos previstos no artigo 1.814, e para ser declarado indigno precisa ser proposta uma ação denominada de AÇÃO DECLARATÓRIA DE INDIGNIDADE. Da deserdação – arts. 1.961 a 1.965, CC/2002 - A deserdação é uma pena civil, aplicável pelo de cujus a herdeiro legítimo, com fundamento em prática de ato reprovável ou falta grave, contra a pessoa do de cujus ou seus familiares, conforme previsto em lei. 1- Requisitos a) Prática de ato previsto em lei como possibilitador da exclusão: 1- Causas gerais, que justificam a deserdação de descendentes por ascendentes e de ascendentes por descendentes – art. 1.961 - Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão. 2- Causas especiais de deserdação de descendentes por seus ascendentes – art. 1.962 - Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. 3- Causas especiais de deserdação de ascendentes por seus descendentes – art. 1.963 - Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta; IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade. b) Cominação em testamento, com expressa declaração da causa da deserdação – art. 1.964 c) Prova (dentro de 4 anos a partir da abertura do testamento) da veracidade da causa alegada, cabendo o ônus ao herdeiro instituído ou a quem aproveite a deserdação – art. 1.965 2- Efeitos: O Código não fez referência aos efeitos da deserdação, porém, por se tratar de sanção civil, semelhante à exclusão por indignidade, entendemos serem os mesmos os efeitos, ou seja: a) Efeitos para o deserdado e demais sucessores: como pena que é, a deserdação não pode ultrapassar a pessoa do ofensor, razão pela qual são pessoais os efeitos da deserdação, assim, os herdeiros do deserdado colocam-se em seu lugar, como se ele morto fosse. - Diferenças entre indiginidade e deserdação: A indignidade pode em desfavor de herdeiros ou legatários, a deserdação somente ocorre contra herdeiros legítimos necessários; A indignidade pode ser pleiteada por interessados, a deserdação somente pode ser ordenada pelo de cujus; A indignidade decorre da lei e a deserdação decorre do testamento. Com a morte do titular do patrimônio ocorre a abertura da sucessão, assim é necessário que os bens, direito e obrigações do falecido sejam transferidos a alguém. A herança permanece como uma universalidade e assim se transfere aos herdeiros. Essa universalidade é denominada bem imóvel. O herdeiro a título universal- quer legítimo, quer testamentário- sub-roga-se abstratamente na posição do falecido, pois recebe tanto o ativo como o passivo, e dívidas referentes à parte ideal que recebeu. Sucessão universal: De acordo com o art. 1786, CC a sucessão causa mortis se dá por disposição legal ou por ato de última vontade. No primeiro caso tem-se a sucessão legítima e no segundo, a testamentária, ou seja, conforme vontade do de cujos em testamento. Sucessão legítima: É a transmissão da herança aos herdeiros indicados pela lei e sempre ocorre a título universal, ainda que por ocasião da partilha, cada um receba somente o seu quinhão. Herdeiro testamentário: Pessoa a quem o testador destina uma fração de bens, também é sucessor à título universal. Basta não receber bens individualizados. Sucessão singular: No exercício do direito de testar, o autor da herança pode: escolher seus herdeiros; destinar a integralidade ou parte de seus bens; individualizar os bens, a algum ou a todos os sucessores. Sucessão legítima: resulta da lei . Expressão muito criticada , pois não há sucessão ilegítima. Essa referência tinha a ver com a discriminação que se fazia dos filhos havidos fora do casamento que eram chamados de filhos ilegítimos. Os filhos ilegítimos não podiam ser reconhecidos e consequentemente não podiam herdar. A legítima, ou a parte preservada aos herdeiros é intangível. A lei nomina de legítima a metade dos bens da herança que pertence aos herdeiros necessários- (art. 1.846 CC). Todos os herdeiros- parentes em linha reta, colaterais até 4º grau, cônjuges e companheiros dispõe de legitimidade para suceder. CAPACIDADE SUCESSÓRIA X CAPACIDADE CIVIL LEGITIMAÇÃO PARA SUCEDER Art. 1798, CC – aplica-se à sucessão legítima e testamentária. Via de regra, todos possuem legitimação para suceder, exceto aquelas afastadas pela Lei. Art. 1798- legitima-se a suceder as pessoas nascidas ou concebidas no momento da abertura da sucessão. Legitimação para suceder por testamento § Art. 1799, CC – somente se aplica à sucessão testamentária O artigo dispõe sobre pessoas que também podem ser contempladas, desde que por testamento. O inciso I fala de filhos ainda não concebidos. Aqui verifica-se uma sucessão condicional (evento futuro e incerto). Alguém pode ser incapaz para os atos da vida civil, o que não lhe retira a capacidade para suceder. Nascituro= a personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção. (art.2º CC). Quem já foi concebido, mas ainda não nasceu tem capacidade sucessória. (art. 1.798 CC). Teoria natalista Ensina que a personalidade jurídica é adquirida apenas com o nascimento com vida. Nesse sentido, o nascituro teria apenas expectativa de direitos. Teoria concepcionista Retrata que a personalidade civil da pessoa natural já existe no nascituro, sem necessidade do preenchimento de nenhum outro requisito (como o nascimento com vida, por exemplo). Desse modo, a personalidade jurídica da pessoa natural é adquirida desde a concepção. Esse é o entendimento doutrinário majoritário, em relação à doutrina contemporânea. Adotam essa teoria: Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona, Flávio Tartuce, Maria Berenice Dias, além de outros. A identificação de quem é chamado a suceder (receber herança) se dá pelas linhas de parentesco: reta e colateral. Os primeiros a herdar são os filhos e o cônjuge; se não houver filhos e cônjuge chamam-se os pais do extinto; estes são os herdeiros necessários (1.845); finalmente convocam-se os herdeiros facultativos, que são os parentes colaterais irmãos, tios, sobrinhos e primos até o quarto grau (Parentesco, 1.594, 1.839 CC) Na linha reta, a herança desce para depois ascender, ou seja, a primeira chamada é para os descendentes. Passando para a linha colateral é necessário se indagar sobre a existência de cônjuge sobrevivente, caso não haja prossegue-se para a os colaterais até 4º grau. O Chamamento para a sucessão é feito por classes. Os de grau mais próximos precedem os mais remotos. FILHOS NETOS BISNETOS Dentre os descendente em linha reta descendente tem preferência os de primeiro grau: FILHOS. Os netos (parentes de segundo grau), só são contemplados se não existirem filhos. (art. 1834 CC) Inexistindo descendentes, os ascendentes são chamados a suceder BISAVÓS AVÓS PAIS Na classe colateral: A preferência é para os irmãos que são parentes de segundo grau. (art.1.840 CC). Irmãos germanos = filhos do mesmo pai e da mesma mãe). Meio- irmãos= (somente quando tem em comum um dos genitores). SUCESSÃO DOS DESCENDENTES Os descendentes mais próximos excluem os mais remotos, ou seja, primeiro são chamados a suceder os filhos, depois os netos, bisnetos, salvo casos em que há direito de representação. Regras da sucessão legítima para a vocação hereditária: a) só se convoca uma classe nova quando não há herdeiros na classe precedente, então, por exemplo, não se convocam os ascendentes se há descendentes (1.836 e 1.838). b) na mesma classe os mais próximos excluem os mais remotos (1.833, então não se chama o neto se existe filho, não se chama o avô se existe pai, § 1º do 1.836), salvo o direito de representação que veremos. Modos da sucessão legítima: a) Direito Próprio: sucede-se por direito próprio quando se é herdeiro da classe chamada, então o filho herda do pai por direito próprio. b) Direito de Representação: sucede-se por direito de representação quando se toma o lugar de herdeiro pré-morto (1.851) ou indigno da classe chamada (1.816); ex: o filho morre antes do pai, então o neto herda direto do avô, representando o pai pré-morto. Caso um filho do de cujos seja pré-morto (morto no momento da abertura da sucessão) mas tenha deixado filhos (netos do de cujos), estes herdarão por estirpe (direito de representação), dividindo a parte que cabia ao filho do de cujos em partes iguais a seus descendentes. Exemplo: PORÉM, SE OS DOIS FILHOS DO DE CUJOS JÁ FOREM FALECIDOS QUANDO DE SUA MORTE, OS NETOS RECEBERÃO QUOTAS IGUAIS (HERANÇA DIVIDIDA POR 5), POIS CADA UM RECEBRÁ POR CABEÇA, VEZ QUE TODOS SÃO DA MESMA CLASSE – ESTAS QUOTAS QUE PASSAM DIRETO DE AVÓS PARA NETOS SÃO CHAMADAS DE AVOENGAS. Na sucessão legítima, por opção do legislador de 2002, o cônjuge se tornou herdeiro necessário, sendo elevado à mesma condição dos filhos e dos pais do hereditando (1.845). Antigamente o cônjuge era mero herdeiro facultativo. Esta foi uma grande inovação do Código Civil. Se o hereditando é casado, seu cônjuge irá herdar junto com os filhos, a depender do regime matrimonial de bens (1.829, I); irá herdar com os ascendentes se não há filhos (1.829, II); ou irá herdar sozinho se o extinto não deixou descendentes nem ascendentes (1838). OBS: O casal precisava estar vivendo junto na época do falecimento, senão o cônjuge sobrevivente pode nada herdar (1.830). Diferença entre meação de herança: quando alguém enviúva, a depender do regime de bens, uma parte do patrimônio do morto é do sobrevivente por direito próprio e não por herança; ex: no regime da comunhão parcial, que é o mais comum na sociedade (1.640), metade dos bens é do viúvo não por herança, mas por integrar o condomínio do casal (1.658, 1.660, I). Então, exclui-se a meação do sobrevivente e o resto é herança para os herdeiros necessários, inclusive o cônjuge. Assim o cônjuge sobrevivente, a depender do regime de bens, vai receber igual a seus filhos, ou se tiver mais de três filhos pelo menos 25% da herança; se os filhos forem só do falecido, o cônjuge herda igual a eles, mesmo que sejam mais de três filhos (1.832). a) separação obrigatória de bens (1.641): o viúvo não tem meação (1.687) e nem herança (1.829, I); só lhe cabe direito real de habitação (1.831). b) separação convencional: o sobrevivente não tem meação (1.687) mas tem herança (1.829, I; obs: se seu cônjuge for rico, nunca se divorcie, espere ficar viúvo. (aqui está o verdadeiro golpe do baú). c) comunhão parcial de bens: o viúvo tem meação (1.658), mas caso se divorcie não tem direito aos bens do cônjuge (1.659, I); todavia, com a viuvez, o sobrevivente alcança estes bens por serem bens particulares do cônjuge (1.829, I, in fine). Se o falecido não deixou bens particulares o cônjuge nada herda, fica apenas com sua meação. Se o falecido só deixou bens particulares, e nada integra o patrimônio comum do casal, só haverá herança e não meação. e) comunhão universal: o viúvo tem meação de tudo (1.667), então não precisa herdar nada (1.829, I). Caso contrário seria muita fome de herança. Cônjuge concorrendo com ascendentes do hereditando: concorrendo com o sogro e a sogra o viúvo terá direito a um terço da herança, independente do regime matrimonial de bens (1.829, II, 1.837, obs: cônjuge concorrendo com os avôs do marido herda metade). Sucessão do Companheiro: Lembro que companheiro é aquele que vive em união estável, sem impedimento para se casar, então não confundam com o concubinato (1.727 CC). O Artigo 1790 CC é aplicável ao companheiro??? O Recurso Extraordinário 646721 e 878694 julgou inconstitucional o art. 1790 CC. O efeito é ex nunc. Maria Berenice Dias já lecionava nesse sentido. Logo, com base no julgado deve ser aplicado o artigo 1829 CC ao companheiro. Artigo 1.790 CC Esqueça SUCESSÃO DOS ASCENDENTES Somente serão chamados a suceder se não houver herdeiros na classe dos descendentes. Concorrerão com o cônjuge sobrevivente (art. 1836, CC). O grau mais próximo excluirá o mais remoto, mas se forem do mesmo grau e de linhas diversas, os ascendentes maternos ficarão com 50% e a outra metade caberá para os paternos. O cônjuge concorre com os ascendentes independentemente do regime de bens, mas obedece o art. 1837, CC: a) 1/3 se concorrer com os pais dos de cujos (1/3 para cada um); b) ½ se concorre com um dos pais; c) ½ se concorre com os avós ou ascendentes de maior grau. SUCESSÃO DO CÔNJUGE Na falta de ascendentes e descendentes a herança vai toda para o cônjuge sobrevivente (art. 1838, CC). Independe do regime de bens. Sucessão do Município: Não havendo parente algum, a herança vai para o Município (1.844). Todavia o poder público não é herdeiro, ele é chamado diante da ausência de parentes, a fim de que os bens do falecido não se deteriorem; o princípio da saisine não se aplica ao Município, pois é preciso aguardar a sentença de vacância (1.820). Conceito de testamento: negócio jurídico solene pelo qual alguém, nos termos da lei, dispõe de seus bens, no todo ou em parte, paradepois de sua morte (1.857). Negócio jurídico, pois, se trata de uma declaração de vontade que produz efeito jurídico; digo solene pois testamento não pode ser verbal, mas sim escrito, conforme espécies e formalidades previstas em lei. Via de regra as disposições testamentárias são patrimoniais, versam sobre os bens do extinto, mas o testamento pode conter cláusulas extra-patrimoniais, como por exemplo o reconhecimento de um filho (§ 2º do 1.857, 1.609, III), a nomeação de um tutor para um filho menor (1.634, IV) ou determinações sobre seu funeral. Características O testamento é revogável, pois o seu autor pode se arrepender, demorar a morrer, e querer mudar alguma disposição, então a liberdade de revogar é a mesma de testar (1.858). É imprescritível: um adolescente de 16 anos já pode testar (p. único do 1.860), então mesmo que ele só venha a morrer aos noventa anos, se não for revogado seu testamento continua válido. Testar é ato personalíssimo: só o hereditando pode testar, de modo individual e exclusivo (1.858). testamento é ato unilateral quanto às partes porque se forma apenas pela vontade do testador, independentemente da aceitação do herdeiro. Capacidade para testar como todo negócio jurídico, o testamento deve atender ao art. 104 do CC. quem pode testar? Qualquer pessoa física desde que lúcida (art. 1857) e maior de 16 anos (1.860 § único). Pessoa jurídica não pode testar porque não está sujeita a morte, e sua extinção ou falência interessa ao Direito Empresarial. A superveniência da capacidade do incapaz não valida o testamento. (art. 1861 do CC). A capacidade para testar é a do momento da feitura do testamento; a incapacidade superveniente não torna nulo o testamento. Quem pode adquirir por testamento? De regra todas as pessoas, físicas ou jurídicas (1.799, II e III). Animais não podem ser herdeiros ou legatários, mas podem ser encargos (ex: deixo minha herança para João com o ônus de cuidar do meu cachorro; Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; (só para uma prova objetiva) IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. Formas de testamento 1 – testamento ordinário: este pode ser usado pelas pessoas capazes em qualquer condição, e se divide em público, cerrado e particular (1.862); 2 – testamento especial: somente permitido a determinadas pessoas em situações peculiares, e se divide em marítimo, militar e aeronáutico (1.886); 3 – codicilo; o codicilo é um testamentozinho, é uma carta, é um pequeno registro deixado pelo extinto, com poucas formalidades e tratando de bens de pequeno valor (1.881). As expressões “pouca monta” e “pouco valor” referidas no art 1.881 são relativas e dependem, é claro, do tamanho da herança, a ser examinado pelo juiz, em geral cerca de 10% do patrimônio do extinto. Testamento ordinário: 1 – público: feito por qualquer tabelião do cartório de notas do país e anotado em livro próprio (1.864). vantagem é porque tal espécie é redigida pelo tabelião, ou seja, profissional habilitado, com fé pública e experiência, que dificilmente vai errar e causar nulidade ao testamento. Por ter que ser lido em voz alta, esta espécie é recomendada para os analfabetos, surdos e cegos (1.867). 2 – Cerrado: conhecido como secreto ou místico. Ao contrário do público, não é ditado pelo testador para o tabelião digitar, mas sim entregue já escrito ao tabelião para aprová-lo. Essa aprovação é aquela do art. 1.869, ou seja, é um termo onde o tabelião confirma se tratar aquele documento da vontade autêntica do hereditando. Sua vantagem é o sigilo, afinal só o testador conhece seu teor. 3 – particular: é a mais rápida, simples e fácil espécie de testamento, dispensando até o tabelião. É aberto (1.876). O testador precisa ter algum conhecimento jurídico para não cometer ilegalidades que venham a anular o ato. 4- testamento excepcional ou in extrimes, ou nuncupativo: admitido em situações emergenciais de risco iminente de perder a vida, não havendo testemunhas disponíveis, como num desastre, naufrágio, seqüestro, preso numa caverna, etc. (1.879). Tem que ser manuscrito. A doutrina o critica pois é fácil de ser fraudado. Cabe ao juiz aceitá-lo ou não. Testamento especial: 1 – marítimo: para aqueles que estão com medo de morrer em alto-mar. Curioso é que temos a vida toda para testar, vamos nos preocupar com isso logo quando entramos num navio? Inclusive porque as viagens marítimas não são mais tão longas, e mesmo a bordo temos telefone e internet (1.892). Bom, caso necessário o comandante vai corresponder ao tabelião do cartório de notas (1.888). Esse testamento precisa ser confirmado quando terminar a viagem, sob pena de caducidade (1.891). 2 – aeronáutico: essa espécie não se justifica, pois em vôos normais não há necessidade, podendo o testador aguardar algumas horas até o desembarque (1.889); e se o avião estiver em perigo, aplica-se o testamento particular excepcional acima. Ou então para alguém que passe mal dentro do avião e ache que vai morrer antes do pouso. 3 – militar: feito por militares, médicos, engenheiros, padres, repórteres, reféns e prisioneiros em época de guerra, em combate ou em cidades cercadas (1.893). O testamento militar admite a espécie nuncupativa, ou seja “in extremis” quando o militar ferido, agonizante, confia sua vontade oralmente a duas testemunhas... Depois as testemunhas terão que escrever o que ouviram do moribundo e entregar o documento ao comandante do batalhão(1.896). Disposições Testamentárias Regras gerais: O que não estiver no testamento não tem validade, assim não adianta o nome do herdeiro constar de uma escritura pública, de uma procuração, de uma declaração perante um juiz, etc., se não estiver no testamento. Respeito à vontade do falecido (arts. 112 e 1.899); nos arts. 1.902 e 1.903 o legislador presume em regras detalhistas qual seria a vontade do extinto. Espécies de disposições: 1. simples: é a cláusula pura, sem imposição de qualquer condição ou restrição, possuindo eficácia imediata face ao princípio da saisine (ex: deixo 10% de meus bens para meu amigo João, 1.897). 2. condicional: depende de evento futuro e incerto (ex: deixo minha biblioteca para minha sobrinha se ela se formar em Direito; trata-se do direito eventual a um legado condicionado a acontecimento futuro e incerto;) 3. modal: é a cláusula que tem encargo ou ônus, ou seja, possui uma pequena contraprestação a ser cumprida pelo sucessor (ex: deixarei meus bens para meu sobrinho ficando ele com a incumbência de construir uma construir uma escola. Cláusula de inalienabilidade cláusula restritiva que implica também em impenhorabilidade e incomunicabilidade, ou seja, se o testador deixar seus bens com essa cláusula, tais bens não poderão ser vendidos ou doados pelo herdeiro (inalienáveis), não poderão ser tomados pelo credor do herdeiro (impenhoráveis), e nem se transmitirão ao cônjuge do herdeiro (incomunicabilidade, 1.911). Legado legatáriodifere do herdeiro pois este herda uma fração a título universal (ex: 10% da herança, 1/3 da herança), enquanto o legatário sucede a título singular, recebendo coisa certa (ex: uma jóia, uma casa, uma cifra em dinheiro, um rebanho, um cavalo de raça, uma coleção de selos, uma loja comercial, ações, etc.) O legado é personalíssimo. Obs: legatário morre antes do testador, não haverá direito de representação em benefício dos filhos do legatário, pois a representação é exclusiva da sucessão legítima, e só pode existir legado na sucessão testamentária. Morrendo o legatário antes do testador, o legado será transferido aos herdeiros legítimos conforme 1.788 CC. Na prática é na partilha, ao final do processo de inventário, que o legatário recebe seu bem arcando com eventuais despesas (ex: impostos, frete, 1.936). Recebido o legado (ex: uma fazenda), seus frutos (ex: crias dos animais) serão do legatário desde a morte do testador, Direito de Acrescer Ocorre quando numa mesma cláusula o testador deixa bens para várias pessoas (= disposição conjunta), e uma delas não quer ou não pode receber a herança ou legado (ex: renúncia, premoriência, indignidade), hipótese em que a cota dos demais poderá aumentar com essa cota vaga (direito de acrescer, 1.941). Fideicomisso: é uma espécie de substituição onde o substituto não herda no lugar do substituído, mas após o substituído, beneficiando pessoas não concebidas ao tempo da morte do testador (ex: deixo minha casa de praia para o primeiro filho de minha sobrinha Ana, só que Ana é uma criança, então se um dia ela tiver um filho, esse concepturo será o beneficiado, 1.952; enquanto o concepturo não vem, designo meu amigo João para cuidar da casa). Se o fiduciário vender o bem a terceiros, o negócio estará desfeito se o concepturo nascer.( por isso nunca comprem uma casa sem verificar o registro no Cartório de Imóveis. O fideicomisso é um recurso legal para satisfazer o testador que quer beneficiar pessoa inexistente ao tempo da abertura da sucessão. Confia o testador que o fiduciário vai cuidar da coisa e transferi-la oportunamente ao concepturo. Obs: prazo para o nascimento é de 2 anos. Art. 1.800 §4º CC. Revogação do testamento. Só um testamento revoga outro, da mesma espécie ou não (1.969). Rompimento do testamento O rompimento é uma revogação presumida pela lei, e independe da manifestação do testador. Ocorre quando o testador tem um filho ou adota alguém após testar (1.973). Ocorre também se o testador desconhecia a existência de um filho (1.974). Presume a lei que o surgimento de um filho novo faria o testador mudar radicalmente o testamento, por isso ele fica automaticamente revogado. O alvará judicial é um instrumento muito utilizado de forma autônoma, quando não há um processo onde este autor é parte integrante, ou incidental, quando requerido dentro de um processo de inventário, geralmente para levantamento de pequenos valores deixados pelo de cujus. Em muitos casos quando o de cujus não possui bens a serem partilhados pelos herdeiros, estes podem requerer um alvará para fins de levantamento de valores que geralmente ficam depositados em conta bancária. É comum o pedido de alvará judicial para venda de bens do espólio para custear as despesas de inventário e pagamento de tributos. Obs: os herdeiros devem ser citados, mas é indeispensável a concordância dos mesmos. dispondo o art. 1.791: “A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio”. Por uma ficção legal, como vimos, a morte do titular do patrimônio, a abertura da sucessão e transmissão da herança aos herdeiros ocorrem num só momento. O art.1.791 supratranscrito e seu parágrafo único reafirmam duas ideias fundamentais do direito sucessório: a) a da devolução unitária da herança aos herdeiros; b) a noção de indivisibilidade do monte hereditário, no momento da abertura da sucessão, até a partilha final. Antes da partilha, nenhum herdeiro tem a propriedade ou a posse exclusiva sobre um bem certo e determinado do acervo hereditário. Só a partilha individualiza e determina objetivamente os bens que cabem a cada herdeiro. Julgada a partilha, diz o art. 2.023 do Código Civil, “fica o direito de cada um dos herdeiros circunscrito aos bens do seu quinhão” A herança, tanto quanto o patrimônio, é bem, classificada entre as universalidades de direito (CC, art. 91). Prescreve o art. 1.792 do Código Civil: “O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe- lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados”. O direito à sucessão aberta, portanto, como qualquer direito patrimonial de conteúdo econômico, pode ser transferido mediante cessão. A cessão de direitos hereditários é negócio jurídico translativo inter vivos, pois só pode ser celebrado depois da abertura da sucessão. O novo diploma regula a matéria nos arts. 1.793 a 1.795. Dispõe o primeiro artigo citado: “Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. Aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro anui à transmissão dos bens do de cujus, ocorrida por lei com a abertura da sucessão, confirmando-a. prescreve o art. 1.804 do Código Civil: “Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança”. Quanto à sua forma, a aceitação pode ser expressa, quando é manifestada mediante declaração escrita (CC, art. 1.805, caput); tácita, quando resulta de conduta própria de herdeiro (art. 1.805) presumida, quando o herdeiro permanece silente, depois de notificado, nos termos do art. 1.807 do CC. Art. 1808 do Código Civil estabelece que não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou termo. O herdeiro não responde por encargos que excedam o patrimônio do de cujus. Estabelece o art. 1.812 do Código Civil que são irrevogáveis os atos de aceitação ou renúncia da herança. Renúncia é o ato pelo qual a pessoa, chamada à sucessão da outra, recusa-se a aceitá-la. É ato unilateral. A Renúncia não se presume, ela deve ser declarada expressamente, que por escritura pública quer por termo nos autos do inventário. Espécies de renúncia: abdicativa e translativa ABDICATIVA: o herdeiro manifesta sua vontade de não aceitar a herança, expressamente, retornando sua quota parte para o monte, ou seja, é o “abandono" de um direito em favor dos demais herdeiros, sem indicação de qualquer beneficiário. TRANSLATIVA: Também conhecida como cessão, uma vez que consiste na transferência da herança pelo herdeiro a um terceiro, isso é, á a transferência da herança em favor de uma pessoa determinada. Pode ser a título gratuito ou oneroso. O principal efeito é afastar o renunciante da sucessão. Tal efeito retroage ao momento da abertura da sucessão. O renunciante é tido como se jamais houvesse sido herdeiro. Considera-se herança jacente aquela cujos herdeiros ainda não se conhece. Mesmo desconhecido o herdeiro adquire propriedade e a posse dos bens, desde sua abertura. Art. 1.819 do C.C: “Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamentehabilitado ou à declaração de vacância”. Se praticadas todas as diligências legais, não aparecerem herdeiros, a herança toma a denominação de vacante. Caso sejam conhecidos os herdeiros ou não se apresentarem para reclamar a herança, proceder-se-á à arrecadação para a posterior entrega dos bens aos que aparecerem. Na falta destes, ocorre a decretação da vacância. ( Art. 1.820), observados os procedimentos do (Art.743 do CPC). ASPECTOS GERAIS (Arts. 1824 / 1828, CC) É a ação que busca proteger a condição de sucessor a certa herança, ou seja, é a ação que possibilita que um herdeiro tome posse da herança que era sua de direito e que, por algum motivo, não veio a recebe- la. Pressupostos: A ação tem dupla carga de eficácia: a) declaratória da qualidade de herdeiro; b)condenatória à restituição da herança, com seus rendimentos e acessórios. Obs: a ação de petição de herança é chamada de universal , pois pretende a devolução do patrimônio por inteiro. Competência: Não ultimada a partilha a competência será do juízo universal do inventário. Acabado o inventário e feita a partilha não haverá prevenção. Legitimidade ativa: qualquer dos herdeiros. Tanto legítimos quanto testamentários. Ocorre quando o verdadeiro herdeiro foi preterido da herança, por exemplo, porque não era conhecido, era filho não reconhecido do de cujus, o testamento que o beneficiava não foi encontrado ou foi anulado. A ação é proposta pelo herdeiro preterido em face de quem ofendeu sua condição de herdeiro. O prazo prescricional é de 10 anos (art. 205, CC c/c Sum. 149, STF)a contar da abertura da sucessão O prazo prescricional não conta para os menores e quando é caso de reconhecimento da paternidade, conta a partir da sentença que a reconheceu, visto que antes disso não havia conhecimento da situação de herdeiro. ART. 1826, CC c/c 1214 / 1222, CC Reconhecido o direito hereditário, o autor da ação de petição de herança passa a gozar do direito de participar da sucessão do de cujos. Quem possui os bens indevidamente tem o dever de restituí-los ao monte, para que nova partilha ocorra. Assim, os efeitos dependerão se a posse era de boa ou má-fé. Se de má-fé, o possuidor terá: a) dever de restituir os frutos colhidos e percebidos e os que deixou de colher por sua culpa; b) direito a indenização das despesas decorrentes de produção e custeio dos frutos; c) responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa, mesmo que acidental, exceto de comprovar que mesmo se estivesse em poder do herdeiro o dano aconteceria; d) direito a indenização penas benfeitorias necessárias, sem possuir direito a retenção. Se de boa –fé, o possuidor terá: a) direito aos frutos percebidos; b) direito a uma indenização pelos gastos e prejuízos até a cessação da boa-fé; c)não responderá pela perda ou deterioração da coisa , se não deu causa; d) indenização pela benfeitorias voluptuárias, se não forem levantadas; sonegados São os bens propositadamente escondidos pelo herdeiro, inventariante ou testamenteiro a fim de não pagar o imposto de transmissão ou prejudicar outro herdeiro. A sonegação é a intenção de ocultar bens da herança. A sonegação exige dolo, cabendo ao herdeiro provar que omitiu o bem por ignorância (1.992 e 1.993). A sonegação não pode ser discutida no inventário, exigindo ação própria (1.994). Além de perder o direito ao bem sonegado, a sonegação implica também em crime de apropriação indébita do art. 168, § 1º, II do CP. É a obrigação legal dos filhos de restituir os bens recebidos em vida dos pais, a fim de que a partilha seja igual. A colação corresponde a uma conferência dos bens que o falecido doou ao filho (2.002 e 2.003). A colação só se aplica aos descendentes e cônjuge que fazem jus à legítima.