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SISTEMAS ADESIVOS Materiais dentários DEFINIÇÃO Possui o intuito de produzir uma interface suficientemente resistente entre os compósitos restauradores e o substrato dental, capaz de suportar desafios mecânicos e a tensão de polimerização. Usado principalmente para restaurações de resina. Os sistemas adesivos são compostos por condicionador ácido, primer e adesivo. Para que a adesão real de materiais restauradores à estrutura dental seja alcançada, três condições devem ser satisfeitas: • Estrutura dental sadia deve ser conservada; • Uma retenção ideal deve ser alcançada; • A microinfiltração deve ser prevenida. Um sistema de união dentinário bem sucedido deve apresentar as seguintes características: • Remoção ou dissolução adequada da camada de esfregaço de esmalte e dentina; • Manutenção ou reconstituição da rede de colágeno dentinário; • Bom molhamento; • Eficiente difusão e penetração de monômeros; • Polimerização enquanto impregnado na estrutura dentária; • Copolimerização com a matriz da resina composta restauradora. → VANTAGENS: • Possibilidade de preservar o tecido dental hígido durante o preparo cavitário; • Redução da microinfiltração na interface dente/material restaurador; • Diminuição da sensibilidade pós-operatória; • Diminuição de manchamento marginal; • Melhor distribuição do stress funcional sobre o dente através da união adesiva; • Reforço da estrutura dental enfraquecida pela perda de esmalte e dentina devido à cárie e ao preparo cavitário; • Possibilidade de confeccionar reparos de restaurações deficientes com mínimo desgaste dental; • Elemento dentinário e proteção pulpar; • Possibilidade de realizar restaurações estéticas com mínimo ou até mesmo sem desgaste dental; • Regularização da dentina e preenchimento de retenções reduzindo a necessidade de desgaste dental no preparo para restaurações indiretas. CONDICIONADOR ÁCIDO É o primeiro componente de um sistema adesivo, cuja função é tornar a superfície dentária receptiva à infiltração adesiva. Os condicionadores são ácidos relativamente fortes usados para remover a camada de esfregaço e dissolver a fase mineral permitindo a formação de retenções micromecânicas em esmalte e dentina. O ácido pode ser aplicado com auxílio de microbrush ou de seringas descartáveis, que facilitam a aplicação em áreas específicas do esmalte ou da dentina. 1. Ácido fosfórico a 37% por 15s; 2. Remoção de smear layer; 3. Aumento do diâmetro dos túbulos; 4. Aumento da permeabilidade da dentina; 5. Exposição das fibrilas colágenas. → EM ESMALTE: • Desmineralização (microporosidades); • Aumento da energia livre de superfícies; → EM DENTINA: • Remoção da smear layer (impurezas); • Aumento do diâmetro dos túbulos; • Aumento da permeabilidade da dentina; • Exposição da rede de fibras colágenas. TEMPO DE CONDICIONAMENTO Existem situações em que o esmalte dentário e a própria dentina são resistentes à ação de ácidos, o que dificulta sua desmineralização. Por exemplo, indivíduos com dentes envelhecido ou com fluorose. Nesses casos, para se obter o condicionamento adequado, o aumento do tempo e/ou a agitação do ácido durante a aplicação são recomendados. → DENTIÇÃO PERMANENTE: • Esmalte normal: 30s • Dentina: 15s • Esmalte acidorresistente: 60s → DENTIÇÃO DECÍDUA: • Esmalte normal: 15s • Dentina: 7s • Esmalte acidorresistente: 30s PRIMER É o segundo componentes de um sistema adesivo e é constituído por um solvente orgânico + monômero hidrofílico, cuja função é favorecer a penetração do adesivo, além de manter as fibras colágenas em expansão. Após o condicionamento ácido, a dentina necessita de um ambiente úmido (hidrófilo) para ser hibridizada pelo adesivo. Em razão de o adesivo ser um material hidrófobo, isto é, incompatível com a dentina condicionada, o primer, que é hidrófilo, facilita a infiltração dos monômeros. A aplicação do primer é necessária para manter a rede de colágeno hidratada ao mesmo tempo que o excesso de água é removido. → DENTINA: afinidade com substrato úmido, penetra nas porosidades e entre a rede de fibras colágena, além de evaporar o excesso de água. ADESIVOS É o último componente de um sistema adesivo, cuja função é unir o material restaurador ao dente. Ele é constituído de monômeros hidrófobos e algum diluente, que apresenta compatibilidade tanto com o primer como com a resina composta. Pode ser aplicado em dentina e em esmalte; porém, devido ao caráter hidrófobo, não é quimicamente compatível com a dentina úmida. O adesivo confere resistência física, química e mecânica, além de adequado grau de conversão. → EM DENTINA: o principal papel dos adesivos é preencher os espaços interfibrilares da rede colágena, criando uma camada híbrida e prolongamento de resina para promover a retenção micromecânica depois que as resinas são polimerizadas. Além disso, deve prevenir infiltração de fluídos ao longo da margem restaurada, já que esses materiais compõem a maior parte da camada intermediária (híbrida) entre a dentina e/ou esmalte e os compósitos restauradores. PROPRIEDADES DOS SISTEMAS ADESIVOS → Adesão – fatores que favorecem a adesão: • Superfície limpa e seca, com alta energia; • Superfícies rugosas; • Baixa tensão superficial; • Capacidade de molhamento. → Molhamento – facilidade em se espalhar superficialmente; → Adaptação íntima – evitando encapsulamento de ar ou outros materiais em seu interior; → Resistência física, química e mecânica; → Viscosidade; → Rugosidade; → Ângulo de contato. ADESÃO AO ESMALTE A disposição irregular dos prismas torna o esmalte um substrato propício à adesão, pois, após aplicação de um ácido, uma dissolução seletiva da superfície é estabelecida, tornando-o superficialmente poroso e favorável ao processo adesivo. Além de produzir microporosidades superficiais, o condicionamento ácido é responsável pelo aumento da energia superficial do esmalte, tornandoo mais receptivo ao adesivo e, assim, facilitando a difusão de monômeros para o interior desses microporos. ADESÃO À DENTINA Na dentina, o condicionamento ácido expõe uma rede de fibras colágenas ao desmineralizar a fase mineral do substrato. Assim, é por meio do encapsulamento resinoso dessas fibras que a união ao substrato dentinário é obtida; porém, devido às características inerentes de um conteúdo orgânico, elas necessitam de cuidados especiais durante o processo de hibridização. As fibras colágenas se mantem em expansão e, por assim dizer, aptas à infiltração adesiva somente quando uma situação de umidade ocorre. Em caso de secar totalmente o substrato dentinário após o seu condicionamento ácido, essas fibras colabam, prejudicando a formação da camada híbrida. Por essa O primer não precisa ser aplicado no esmalte porque não há fibras colágena; ainda, o adesivo hidrófobo consegue penetrar adequadamente nas porosidades criadas pelo condicionamento ácido. Para impedir a permeação de fluídos na camada híbrida, os adesivos devem apresentar idealmente um caráter hidrofóbico. razão, o processo adesivo necessita de um ambiente úmido, pois só assim o adesivo é capaz de infiltrar nas fibras em expansão e nos microporos criados. CAMADA HÍBRIDA E TAGS RESINOSOS → Consiste na infiltração da resina no esmalte, na dentina, ou no cemento. → Formada pela penetração da resina na região desmineralizada dos túbulos dentinários e dentina peritubular, formando um entrelaçamento entre resina polimerizada e substrato dentinário. → Age como um envoltório ácido resistente e sela a dentina, prevenindo a cárie secundária e hipersensibilidade. → Constitui um dos mecanismos mais prováveis de adesão a dentina. COMPOSIÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS → MONÔMEROS ÁCIDOS: desmineralizara estrutura dental. → MONÔMEROS HIDROFÓBICOS: apresentam maior peso molecular, são mais viscosos e conferem maior resistência mecânica e estabilidade ao material. → MONÔMEROS HIDRÓFILOS: atuam na infiltração resinosa pelo colágeno exposto. → SOLVENTES: são responsáveis pela remoção das moléculas de água residuais do preparo cavitário e por manter os componentes em solução homogênea. SISTEMA ADESIVO CONVENCIONAL Os sistemas adesivos convencionais são aqueles que empregam o passo operatório de condicionamento da superfície dentária separadamente dos demais passos, sendo geralmente realizado com o gel de ácido fosfórico a 37%, ele penetra na superfície preparada pelo primer. Os sistemas adesivos convencionais caracterizam-se pela aplicação prévia e isolada de um ácido forte, o ácido fosfórico, ou seja, quando a aplicação do ácido requerer uma etapa separada. • Em esmalte penetram nas microporosidades geradas pelo condicionamento ácido; • Em dentina penetram na superfície preparada pelo primer (camada híbrida e tasgo resinosos). A aplicação pode ocorrer de duas maneiras: → 2 ETAPAS: condicionamento ácido + primer e adesivo (combinados em um frasco). • Vantagens: ✓ Esmalte normal; ✓ Dentina; ✓ Esmalte acidorresistente. • Desvantagens: ✓ Componentes hidrófilos e hidrófobos misturados; ✓ Aplicação de múltiplas camadas; ✓ Incompatibilidade com cimentos e resinas duais; ✓ Tendência de pigmentação dos bordos da cavidade dentária. → 3 ETAPAS: condicionamento ácido + primer + adesivo (frascos distintos). • Vantagens: ✓ Ótimos resultados de resistência de união ao esmalte a à dentina; ✓ Durabilidade da adesão; ✓ Componentes hidrófilos e hidrófobos separados; ✓ Compatibilidade com materiais de presa dual/química. • Desvantagens: ✓ Várias etapas de aplicação; ✓ Técnica operatória sensível. PASSO A PASSO DE TRÊS ETAPAS 1. Condicionar o esmalte por 30s e a dentina por 15s; 2. Após a remoção do gel, deve-se lavar abundantemente (mesmo tempo de aplicação do ácido); 3. Secar o esmalte (10s) – remover resquício de umidade, em dentina a secagem deve ser moderada, visto que um pouco de umidade é necessário para manter as fibras colágenas em expansão – com papel absorvente; 4. Aplicar o primer sobre a dentina por 20s; 5. Secar com jatos de ar – afastado 10 cm da cavidade; 6. Repetir a aplicação do primer; 7. Aplicar o adesivo ativamente em esmalte e dentina e aguardar por 20 segundos; 8. Secar com leves jatos; 9. Fotopolimerizar por 20 segundos. Crédito: @dentaloves PASSO A PASSO DE DUAS ETAPAS → A adesão ao esmalte uma técnica simples; mas em dentina não é tão previsível assim; → O substrato dentinário condicionado requer a manutenção de umidade; → São necessários cuidados especiais durante a lavagem do agente condicionador e a secagem da superfície; → A aplicação do primer deve ser criteriosa, a fim de que se evapore o máximo possível de solvente e água residual presente na dentina superficial; → O adesivo de cobertura deve ser aplicado em quantidades equivalentes às dimensões da cavidade; A mistura de componentes hidrófilos e hidrófobos em uma mesma solução pode causar o fenômeno de separação de fases, devido à imiscibilidade entre compostos polares e apolares. Desse modo, poderá ocorrer a formação de uma camada híbrida heterogênea, em parte constituída pelos componentes hidrófilos e em parte pelos hidrófobos. SISTEMA ADESIVO AUTOCONDICIONANTE Os sistemas adesivos autocondicionantes dispensam o condicionamento prévio da superfície dentária com ácido fosfórico, pois apresentam um primer contendo monômeros ácidos, que removem ou modificam a smear layer, desmineralizando parcialmente a superfície dentária. De modo simultâneo, os monômeros resinosos penetram na rede de fibras de colágeno (quando em dentina) e nas microporosidades criadas no esmalte, hibridizando superficialmente os tecidos dentários. O primer geralmente é composto por monômeros ácidos. → VANTAGENS: • Menor preocupação com controle da umidade dentinária; • Melhor sistema para dentina; • PH superior às do ácido fosfórico; • União mais estável a longo prazo, da dentina com o adesivo; • Dificuldade do primer ácido em dissolver este tecido em comparação do ácido fosfórico; • Menor sensibilidade pós operatória; A não lavagem do ácido, junto com a menor agressividade do primer autocondicionante, impede a total remoção da smear layer, tornando-a constituinte da camada híbrida. Além disso, cria uma camada híbrida mais homogênea se comparada com a hibridização da técnica convencional. Ademais, a espessura dessa camada é menor, pois os primers autocondicionantes são menos agressivos que o ácido fosfórico. → INDICAÇÕES: • Especialmente para adesão à dentina; • Para adesão do esmalte deve ser precedido do condicionamento com ácido fosfórico; • Preferência a sistemas autocondicionantes de dois passos com pH intermediário (entre 1 e 2). → 1 ETAPA: ácido, primer e adesivo em um só frasco. • Vantagens: ✓ Única aplicação; ✓ Técnica pouco sensível; ✓ Tempo clínico reduzido. • Desvantagens: ✓ Resistência de união ao longo do tempo insatisfatória; ✓ Componentes hidrófilos e hidrófobos misturados. O sinal clínico de um condicionamento ácido ideal do esmalte é a aparência fosca/branco opaca obtida com a secagem do substrato. Com a lavagem e a posterior secagem, a perda de brilho superficial denotando desmineralização do esmalte é o efeito visual desejável. → 2 ETAPAS: primer acídico + adesivo – esse primer não condiciona bem o esmalte. • Vantagens: ✓ Desmineralização e infiltração monomérica simultâneas; ✓ Bons resultados de resistência de união à dentina; ✓ Dispensa a etapa de lavagem da cavidade. • Desvantagens: ✓ Desmineralização suave; ✓ Resistência de união ao esmalte pouco satisfatória; ✓ Poucos estudos clínicos de avaliação do desempenho. PASSO A PASSO DE DUAS ETAPAS 1. Condicionamento ácido prévio com ácido fosfórico em esmalte por 15s; 2. Lavar e secar esmalte; 3. Aplicar primer ácido em esmalte e dentina – com agitação de 20s; 4. Secar com jato de ar por 10s; 5. Repetir aplicação do primer/ácido; 6. Aplicar ativamente uma camada de adesivo e aguardar 20s; 7. Secar o adesivo (para ficar uma camada fina); 8. Fotopolimerizar por 20s. O primer ácido atua modificando a smear layer até alcançar a camada de dentina superficial, zona responsável pela hibridização propriamente dita.
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