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Metabolismo da Vitamina D Introdução • A vitamina D em sua forma ativa é o cal- citriol, também chamado de 1,25-(OH)2D3 (1,25-dihidroxi vitamina D); • Seus principais sítios de ação são: - Função endócrina (ação/sinalização endócrina) = função clássica: está relacio- nado com o aumento da concentração de cálcio no plasma, apresentando ação no in- testino (aumentando sua absorção), no osso (aumentando reabsorção óssea) e na urina (aumentando a reabsorção renal), sendo produzida no rim e transportada pelo sangue até seus alvos órgãos. Além disso, está en- volvido com a síntese de paratormônio na paratireoide; - Função autócrina = função não-clás- sica: é a produção do calcitriol por uma cé- lula e ação nesta mesma, em seus receptores próprios; - Função parácrina = função não-clás- sica: a molécula produzida por uma célula age na célula vizinha, sem passagem pelo sangue. Estrutura e síntese da vitamina D • A vitamina D apresenta 2 formas diferen- tes: vitamina D2 e vitamina D3, que apre- sentam fontes diferentes, com a mesma ati- vidade biológica; - Vitamina D3: chamada de colecalciferol, apresenta fonte animal; - Vitamina D2: chamada de ergocalciferol, tem origem por fungos e plantas; • A única diferença entre elas é a dupla liga- ção e o grupo metil (CH3), apresentando a mesma atividade. Ambas não são as formas ativas da vitamina D, que precisam passar por duas outras etapas de ativação; • A forma ativa tem 2 hidroxilas extras, re- cebendo uma hidroxila no carbono 25 e ou- tra hidroxila no carbono 1, tornando-se o calcitriol, que é forma ativa e apresenta 3 hidroxilas; • As duas fontes principais da vitamina D são: dieta/suplementação (D2/D3) ou pro- dução pela pele; • A exposição da pele ao sol converte o co- lesterol presente na membrana das células em vitamina D. Esta sofre duas etapas de ativação: uma no fígado (em que ela recebe uma hidroxila no carbono 25), e uma etapa no rim (que tem uma enzima que adiciona hidroxila no carbono 1); • Além do rim, outras regiões do organismo apresentam enzima capaz de adicionar hi- droxila no carbono 1, podendo haver produ- ção local; • A vitamina que é produzida pelo rim terá suas funções clássicas que estão relaciona- das principalmente com o metabolismo de cálcio. Nas outras células, tem funções não-clássicas que estão relacionadas com o sistema imune; • Deficiência de vitamina D: está relacio- nado com maior incidência de hipertensão, esclerose múltipla, doenças autoimunes, câncer de próstata, de cólon, de mama, os- teoporose, fibromialgia, doenças crônicas, pneumonia, COVID entre outras patologias. * OBS: ações não clássicas da vitamina D relacionadas com a deficiência: • 1: a célula JG (justaglomerular) é a célula produtora de renina, apresentando a enzima chamada de enzima 1-hidroxilase, e, em níveis suficientes de vitamina D (25 hidroxivitamina D), que apresenta meia- vida maior e é solicitada para avaliar as con- centrações, devendo estar acima de 30 (su- ficientes), idealmente entre 40-60. Valores acima de 20 realizam apenas a reabsorção de cálcio, não todas as outras funções. A Marianne Barone (15A) Morfofisiologia Aplicada II – Prof. Allysson C. Sampaio célula JG é a célula que secreta renina e apresenta enzima que produz forma ativa de vitamina D que age de maneira autócrina. Quando ela produz calcitriol, isso diminui a secreção de renina, então, está relacionado com uma pressão arterial mais baixa. O pa- ciente deficiente em vitamina D permite uma maior secreção de renina por essa cé- lula, aumentando a pressão arterial; • 2: macrófagos no pulmão: também produzem vitamina D local, por isso que a deficiência predispõe o indivíduo a ter mais pneumonia; • 3: células do sistema imune: a baixa quantidade de vitamina D resulta numa tem uma má regulação das células do sistema imune, por isso que predispõe a doença au- toimune. • Na quantificação da vitamina D em exa- mes laboratoriais, solicita-se a 25-hidroxi- vitamina D, que apresenta meia-vida maior que a calcitriol e permite uma melhor aná- lise; • A hipervitaminose de vitamina D é muito rara; • A classificação em quantidades suficien- tes ou deficientes dependem do local de consulta de valores, podendo estar entre 12- 30ng (nanogramas), ou até 40ng. → a equi- valência de ng para nmol é feita multipli- cando por 2,5 • Os valores necessários de ingestão por dia variam de acordo com o paciente, podendo ter quantidades maiores ou menores por cada idade, se é gestante ou não, população idosa ou adulta. A dose recomendada diária pode ser no mínimo 600UI até 4000UI para uma quantidade adequada no sangue, en- quanto outros guidelines recomendam 600- 1000UI/diários até 18 anos e 18-70 anos de 1500-2000UI, com dose máxima de 10.00UI; • Os alimentos que mais têm vitamina D são: peixes (salmão), gema de ovo, cogumelos, leite; • As quantidade diárias, em média de 1500UI/dia, não são alcançadas apenas pela dieta, devendo ter exposição da pele ao sol e suplementação; • A pele apresenta o 7-desidrocolesterol e a exposição aos raios ultravioletas do tipo B quebram o anel de colesterol. E, sabendo que, a vitamina D é um esteroide e todo es- teroide apresenta 4 anéis de carbono (anel A, B, C e D), sua exposição ao raio UV causa excitação na dupla ligação do anel B e rompe ele, formando a pré-vitamina D3, que sofre uma isomerização, resultando na vitamina D3; • O aumento do tempo da exposição da pele na luz solar resulta na fotólise da vitamina D, gerando substâncias sem ação biológica. Todo o excesso é degradado gerando foto produtos inativos. Influências na produ- ção da vitamina D • São fatores que interferem na produção de vitamina D: - Exposição a raio UV: pode ter altera- ções de acordo com o local de exposição, visto que, quanto maior a latitude no planeta, menor a exposição da pele ao Sol pelo ân- gulo que chega a luz solar (locais mais afas- tados do Equador não recebem luz solar di- retamente, apresentando uma angulação que faz com que os raios UV tenham que atravessar mais camadas de ozônio, po- dendo ser absorvidos). Além disso, influen- ciam a estação (e em países com inverno mais rigoroso) e o horário de exposição (melhores horários: 10h-15h, melhorando a produção de vitamina D por maior exposi- ção a raios UV); - Falência hepática ou renal (ativam a vita- mina D); - Quantidade de melanina: peles com maior quantidade de melanina demandam um maior tempo de exposição ao Sol, por terem uma maior absorção dos raios pelos melanócitos, diminuindo a produção da vi- tamina D; • Os raios ultravioletas são divididos em 3 tipos: UVA (mais atravessa a camada de ozônio), UVB (tem uma boa parte retida pela camada de ozônio e poluição, atin- gindo a superfície do planeta, sendo o único capaz de estimular a produção de vita- mina D) e UVC (é totalmente bloqueado pela camada de ozônio); • A cor da pele evolui como um compro- misso entre peles suficientemente claras para permitir a penetração da luz UVB para a síntese de vitamina D, mas escuras o sufi- ciente para reduzir a fotólise do folato. Este compromisso resulta em peles mais pálidas, para permitir a síntese de vitamina D, em al- tas latitudes com baixos níveis de UVB; • Os protetores solares imitam a melanina e absorvem eficientemente a radiação UVB. Um protetor solar com fator de proteção de 30 aplicado adequadamente absorve aproxi- madamente 97 a 98% da radiação UVB que atinge a pele e, portanto, reduz a capacidade da pele de produzir vitamina D3 em 97 a 98%; • A melanina é extremamente eficiente na absorção da radiação UVB e, portanto, compete com o 7-desidrocolesterol pela ra- diação solar UVB reduzindo sua conversão em pré-vitamina D3; • Tiposde pele: a pele é classificada como tipo 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Quanto mais alto o nú- mero de classificação do tipo de pele, maior é o tempo necessário de exposição aos raios UVB para produção de melanina, variando em como essa pele recebe os raios: podendo queimas ou bronzear; • Uma pessoa com pele tipo 5 e 6 (nunca queima sempre bronzeia), portanto, requer um tempo de exposição muito maior, geral- mente cerca de 5 a 10 vezes mais em com- paração com uma pessoa com pele tipo 2 (sempre queima e às vezes bronzeia). Esta é a explicação de por que as pessoas de pele escura correm um risco muito maior de de- ficiência de vitamina D. • Mesmo países que têm exposição solar grande/intensa, tem uma população com risco de deficiência, que é a posição que mantém o corpo todo coberto de roupa, aca- bando por bloqueia a produção de vitamina D. Fatores de risco para baixa vitamina D • Exposição inadequada ao sol; • Trabalho indoor (o tempo todo dentro do estabelecimento); • Uso de muita roupa; • Evitar sol em excesso (protetor solar em excesso); • Poluição do ar: bloqueia o raio UV; • Exposição através do vidro; • Alguns fatores fisiológicos: - Pigmentação da pele: quanto mais pig- mentado menor a produção; - Síndromes de má absorção intestinal; - Obesidade: a vitamina D é uma coleste- rol, com isso, quanto maior a quantidade de de gordura no corpo, mais o tecido adiposo sequestra vitamina D do seu sangue e o pa- ciente apresenta uma menor quantidade cir- culante; - Falha renal e falha hepática; - Síndrome nefrótica: é caracterizada por uma perda de proteína na urina acima de 3,5g. A vitamina D que circula no sangue, circula ligada a proteína, havendo perda re- nal junto da proteína de vitamina D; - Gestação: ocorre o sequestro da vita- mina D materna para construção óssea fetal; - Idade: a pele torna-se mais ineficiente na produção de vitamina D; • Ambientes que têm baixa exposição a raios ultravioletas: altitude maiores, esta- ção do ano (inverno); • Baixo consumo de vitamina D: dieta po- bre em vitamina D ou pouco suplemento; • Medicações: algumas medicações podem induzir uma degradação mais acelerada por ação enzimática; - Profilaxia pós exposição (PEP): coque- tel anti-HIV, em que o nível de vitamina D despenca porque esses medicamentos acele- ram a degradação da vitamina D no corpo; • Síntese reduzida pela pele: uso de prote- tor solar, pigmentação da pele, idade, esta- ção do ano, latitude, tempo do dia, pacientes com enxerto de pele para queimadura; • Biodisponibilidade diminuída: mal absor- ção ou obesidade; • Catabolismo aumentado; • Outros fatores: - Amamentação; - Síntese diminuída da 25 hidroxivitamina; - Perda urinária aumentada (por uma sín- drome nefrótica); - Síntese diminuída da 1-25 dihidroxivita- mina D, em casos de falha hepática; • Causas genéticas: raquitismo pode ser herdado. Aliás, a principal causa de defici- ência de vitamina D é o raquitismo em cri- ança e a osteomalácia em adultos; - A criança, se falta a vitamina D, reduz a quantidade de cálcio e tem sua retirada do osso, então, com o peso da criança sobre o osso em formação ocorre deformidade ós- sea (perna em valgo), apresentando alarga- mento do punho (da placa de crescimento do osso); - No adulto não tem essas deformidades, mas a matriz óssea fica bem menos calcifi- cada, geralmente apresenta mais dores ós- seas. Os sintomas são um pouco diferentes, mas a causa é a mesma; • O nível sanguíneo de vitamina D flutua conforme o tempo de exposição ao sol, quanto menos o paciente expõe, menos você produz. A exposição ao Sol é equiva- lente a ingestão de uma dose de 10.000- 25.000UI. Consequências da deficiência • Esquizofrenia e depressão; • Infecções; • Asma; • Pressão arterial alta; • Doenças autoimunes; • Fraqueza muscular; • Osteoartrite, osteoporose, osteomalácia e raquitismo; • Câncer de mama, cólon, próstata, pân- creas. Toxicidade • É extremamente raro de ocorrer; • Apenas em ingestão acima de 100.000UI por mais de 6 meses; • Pode ocorrer em: - Overdose não-intencional, como em su- plementação; - Overdose iatrogênica: suplementação por doses manipuladas acima do indicado; • Algumas doenças granulomatosas podem acabar ativando em excesso a vitamina D e resultar numa intoxicação. Excesso de vitamina D • Resulta numa hipercalcemia, que cursa com: - Calcificação nas artérias; - Calcificação nas valvas cardíacas; - Calcificação do estroma renal (nefrocal- cinose); - Formação de cálculo renal; • A vitamina D aumenta a absorção de cál- cio ao se ligar ao seu receptor nas células, atuando como fator de transcrição que, nas células intestinais, estimula a ativação de genes de canal de cálcio, genes de proteína ligadora de cálcio e genes da proteína que faz o transporte de cálcio para o sangue. Na ausência de vitamina D, o cálcio é absor- vido apenas se a dieta for rica no íon e, ainda assim, não ocorre uma absorção tão ade- quada.
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