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Teoria Geral do Turismo

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10/03/2022 02:41 Teoria Geral do Turismo
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TEORIA GERAL DO TURISMO
CAPÍTULO 1 - COMO E ONDE SURGIU
O MERCADO DE VIAGENS E SUA
CONSTRUÇÃO COMO CIÊNCIA?
Renan de Lima da Silva e Renata Xabregas Ferreira Bringel
INICIAR 
Introdução
O Turismo se apresenta como campo contemporâneo e de extrema importância
para a economia mundial. De fato, temos hoje algumas economias estritamente
baseadas e com total dependência dessa área do segmento de serviços, como é o
caso da cidade de Paris na França.
O que podemos ver hoje, analisando econômica e socialmente, é um emaranhado
de aspectos culturais e econômicos que tornam a área dos serviços como a
economia vigente e especialmente emergente do ponto de vista de
empreendimentos futuros. A grande chave pra isso tudo é uma nova revolução da
economia do ócio ou, se preferirmos, economia do lazer e da hospitalidade, na
qual o Turismo e a Hotelaria, bem como Gastronomia e Eventos, exercem um
 papel fundamental no desenvolvimento de uma nova ramificação das cadeias de
produção e gerenciamento.
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Tendo em vista tais aspectos, como o Turismo pode ser estudado de forma a se
compreender as evoluções que ocorreram nesse ambiente? Tornar o Turismo um
objeto de estudo no meio acadêmico é o melhor meio de entender seus impactos
nos mais diversos setores da sociedade? Qual seria então a contribuição do
período em que as viagens aconteciam por necessidade para o surgimento do que
conhecemos hoje como Turismo Moderno?
O presente capítulo tem como objetivo apresentar os fundamentos básicos do
Turismo, sua evolução e o entendimento de Turismo moderno e contemporâneo
globalizado, com base na contextualização dos primórdios das movimentações
que caracterizaram as primeiras viagens. Incluiremos aqui a compreensão do
ponto de vista epistêmico e científico e sua contribuição e conexão com o
desenvolvimento histórico da sociedade, cultura e economia.
1.1 Evolução conceitual do Turismo
O Turismo, como atividade, causa impactos consideráveis na economia, na
cultura, no desenvolvimento social e no meio ambiente em escala mundial. Dada
a sua tamanha importância e impacto, a Organização das Nações Unidas (ONU)
criou uma divisão para resolução de problemas, levantamento de dados e
definições para a área, conhecida como Organização Mundial do Turismo (OMT).
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De acordo com a ONU e a OMT, o Turismo é definido como atividade das pessoas
que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente habitual por não mais
de um ano consecutivo para lazer, negócios ou outros objetivos (OMT, 2003, P. 18).
No entanto, apesar de sua importância e grande impacto em diversos setores da
sociedade, ele ainda enfrenta problemas em relação à sua definição enquanto
atividade e objeto de estudo no ambiente acadêmico.
Figura 1 - Sendo o Turismo considerado atividade de impacto, a ONU lança seu olhar com o intuito de
mitigar e resolver questões relacionadas ao setor por meio da OMT. Fonte: Semmick Photo, Shutterstock,
2018.
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Com o aumento exponencial da atividade turística e sua influência em diversos
níveis da sociedade, tornou-se imprescindível o advento de um estudo mais
aprofundado que contemplasse e organizasse o meio turístico em todas as suas
vertentes, viabilizando uma definição mais concreta e fidedigna de sua essência.
Do ponto de vista teórico, portanto, o Turismo pode, por si só, representar uma
ciência que permeia várias áreas de estudo, como administração, sociologia,
economia, psicologia etc. (FARIAS; SONAGLIO, 2013).
O site da OMT, organização criada pela ONU especialmente para tratar de assuntos relacionados ao
Turismo, apresenta dados mundiais sobre a atividade, como peculiaridades de cada região e demais
informações. Além disso, a página pode ser acessada em diversas línguas. Saiba mais em:
<http://www2.unwto.org (http://www2.unwto.org)> .
À luz da administração, o Turismo compreende todo o processo de gestão por
parte de todos os componentes do trade turístico . No viés da psicologia, são
produzidas pesquisas e estudos que analisam o comportamento dos
consumidores dos serviços turísticos e da comunidade receptora, mensurando,
por exemplo, os impactos comportamentais da atividade nestes grupos sociais. Do
ponto de vista econômico, investiga-se a ascenção ou o declínio da economia de
determinada localidade dentro do contexto de organização e execução da
atividade turística, o aumento da geração de renda da localidade etc.
VOCÊ SABIA?
O termo trade está ligado ao meio em que se negociam produtos e serviços de uma forma geral.
No contexto do Turismo, não é diferente: trade turístico é o ambiente no qual se desenrolam as
negociações dos produtos turísticos. Ele é composto pelas organizações governamentais,
empresas privadas e equipamentos diretamente relacionados à atividade turística.
VOCÊ QUER LER?
http://www2.unwto.org/
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Atualmente, são quatro o número de  atividades ligadas ao campo da
hospitalidade e do lazer, sendo que cada uma delas também encontra-se
diretamente vinculada a outras áreas de forma complexa. São elas: Hotelaria,
Turismo, Eventos e Gastronomia. Nesse sentido, tendo que o cenário do Turismo
enquanto atividade de cunho econômico se mostra amplo e complexo, se faz
necessária a demonstração dos principais conceitos utilizados que são atribuídos
a ele.  
Veja a seguir a conceituação de Turismo, elaborada ao longo do século XX,
segundo Barretto (2104): 
o deslocamento de pessoas de uma determinada localidade com um
objetivo;
a permanência em um local que não seja o seu de residência;
o tempo de permanência menor do que o como possível identificação de
fixação de residência.
 
O entendimento desses princípios contribui diretamente para a percepção dos
problemas conceituais encontrados no Turismo enquanto prática e também
enquanto atividade acadêmica. Exemplo disso é que a percepção apresentada
pela OMT não é aplicada pelo Ministério do Turismo Brasileiro (MTur). No caso, os
dois órgãos seguem as principais concepções apresentadas, mas divergem quanto
aos objetivos das viagens: a OMT considera Turismo apenas as movimentações
com fins de lazer, já o MTur aceita a segmentação do Turismo de Negócios.
Mas qual é o problema dessa disparidade de métricas? A dificuldade está no
levantamento diferenciado de dados, pois se a OMT acredita num fluxo de Turismo
que não leva em consideração deslocamentos de trabalho e o Ministério brasileiro
os considera, obviamente, haverá um problema na compreensão das informações
sobre a hospitalidade: os números de entradas e saídas de turistas no Brasil para o
MTur   vai divergir dos possíveis dados internacionais que a ONU possa ter,
podendo ocorrer com outros países, visto que o Turismo é um mercado potencial
para o recebimento de eventos corporativos internacionais – e nacionais também.
Entretanto, a grande questão – e uma das mais problemáticas para as definições
de Turismo – é o binômio Turismo X Viagem. Como sabemos, algumas pessoas se
deslocam com fins de lazer, outras para estudo, mudança, visita, trabalho etc., e
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cada um desses objetivos merece um olhar diferenciado de quemé responsável
por sistematizar a viagem do cliente. Tal característica é classificada por alguns
autores do mundo acadêmico de nomadismo contemporâneo, que vem se
tornando uma tendencia a nivel mundial.   
Alguns estudos apresentam a temática do nomadismo cultural como discussão. É
o caso do livro de Olga Tulik (1998), que trata do Turismo de segunda residência e
leva em consideração o fato de que nem todas as pessoas que viajam para fins de
lazer utilizam serviços turísticos. Muitas vezes, elas também não podem ser
contabilizadas como moradores locais, já que vivem na região apenas por alguns
períodos (semanais, mensais, veraneios ou férias de inverno).
Outra pesquisa que merece atenção é a de Silva e Baptista (2017), que demonstra
como uma comunidade praiana gira em torno da cultura do surfe, a forma como
se dá o contato entre turistas e comunidade local e os abalos que o fenômeno da
segunda residência pode gerar em uma determinada localidade. Dessa forma, se
Figura 2 - Nomadismo contemporâneo aponta para um novo comportamento do consumidor dos serviços
turísticos, sempre em busca de movimento e troca de experiências. Fonte: Shutterstock, 2018.
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torna relevante ressaltar que nem toda viagem trata especificamente de Turismo.
E nem todo Turismo depende do que se espera, normalmente, como um serviço
de hotelaria ou transporte tradicional.
O que existe, no entanto, é uma vasta gama de possibilidades para o
desenvolvimento dessa atividade. As viagens de cunho religioso como Aparecida
do Norte (SP) ou mesmo Santiago de Compostela (Espanha), por exemplo,
possibilitam experiências diferenciadas. No caso brasileiro, as chamadas
excursões duram menos de 24 horas, enquanto que no modelo espanhol os
viajantes utilizam as pernas como forma de pagar promessas, sem a necessidade
de serviços de transportes. 
No livro “A Viagem: caminho e experiência”, Luiz Gozaga Godoi Trigo, contribui para o entendimento
sobre as viagens ao longo do tempo. Para o autor, o ímpeto do ser humano em querer viajar baseia-se
na sensação de novas experiências e a busca por autoconhecimento.
Não é de se estranhar, portanto, que essas questões gerem um grande problema
no fortalecimento da atividade. Barretto (2014) salienta que o que se chama de
Turismo atualmente serve para o ato em si e para o sistema que desenvolve a
função. Logo, ele se refere tanto ao fazer turismo como aos componentes que o
mantém (como agências, atrativos, hotéis e transporte etc.), gerando com isso
extrema dificuldade na própria definição do que fazer e como fazer –
diferentemente do que acontece em outra áreas do conhecimento.
Contudo, tal problema vem sendo solucionado com a adoção da nomenclatura
Sistema de Turismo para designar o desenvolvimento da atividade em sua
complexidade, compreendendo todas as áreas e cada caso como um caso
específico. A denominação Turismo, por sua vez, é aplicada à atividade social mais
ampla que envolve o segmento de mercado. Usaremos essa compreensão para o
desenvolviemtno do capítulo.
VOCÊ QUER LER?
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1.2 Construtos conceituais do Turismo 
O objetivo principal deste tópico é a abordagem da atividade turística em toda a
sua complexidade. Nesse sentido, se faz necessário o conhecimento das
terminologias técnicas para que haja entendimento quanto a seu uso e prática em
sua execução. Um exemplo de diferenciação são os termos “estrutura” e
“infraestrutura”, em que o primeiro trata de equipamentos da atividade e o
segundo dos quesitos básicos disponíveis em uma localidade para que o Turismo
seja viabilizado sem demais danos.
Além das terminologias básicas, é importante ressaltar que há uma diferenciação
nos tipos de indivíduos que consomem os produtos turísticos: os turistas. Eles são
classificados de acordo com seus interesses e propósitos em realizar viagens, o
que caracterizará, por consequência, os tipos de Turismo praticados e os
impactos específicos causados por cada modalidade nos diversos campos da
sociedade, sejam eles econômicos, sociais, ambientais, culturais, dentre outros.
1.2.1 Sujeito do Turismo 
As definições para turista são variadas, no entanto, não podemos esquecer que ele
se configura como agente principal para a prática da atividade. É a partir de seus
interesses e demonstrações de comportamento que a ação turística se molda no
intuito de atender as demandas. A   OMT (2003) classifica três tipos de visitantes
dentro do conceito “turista”: 
visitante de um dia (excurcionista) – não pernoita em alojamento no
destino;
visitante – os que viajam para ambientes diferentes do seu habitual, por
menos de doze meses consecutivos e sem o intuito de trabalhar;
viajante – realiza somente o deslocamento entre dois ou mais lugares.
 
Alguns defendem que o Turismo enquanto atividade tem como prioridade as
estruturas turísticas, hotéis e restaurantes, outros argumentam que seriam os
atrativos e as localidades. Um terceiro grupo alega que é o movimento em si, mas
a grande realidade é que o único elemento que não pode ser eliminado para que
haja Turismo é o turista. 
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SO
o surgimento da Cidade do Pecado
deserto de Mojave, a área pertencente aos indígenas Pajutes começou a ser ocupada por mórmons em
a também marcou a indexação do território pelos Estados Unidos que, em 1867, construiu o Forte Baker
over o assentamento da população. Em 1913, após a legalização do jogo, a expansão na cidade se inicia. As
nstruções de hotéis de luxo com cassinos são datadas de 1941, como os famosos “O Rancho Las Vegas” e
ronteira”. Desde então, foi a cidade que mais cresceu no país: dados apontam que o número de habitantes
enos de 40 mil na década de 1940 para 2,2 milhões de pessoas morando na região (condado de Clark) em
o podemos observar, as grandes estruturas de entretenimento são atrativas ao desenvolvimento da
urística, tornando a região propícia para a fixação de novos moradores. De forma geral, Las Vegas tem a
e de ofertar produtos novos e que causem curiosidade aos visitantes, diversificando sempre sua demanda
e consumo. Tamanha busca por turistas em potencial resultou numa variação de seu produto: jogo, álcool
ão nos anos 1930; apresentações musicais nos anos 1950; casamentos e divórcios expressos nos anos
Na atualidade, seu foco é o entretenimento familiar.
Nessa perspectiva, De la Torre (1992 apud Barretto, 2014 p. 19) indica que o turista
é um “visitante temporário, proveniente de um país estrangeiro, que permanece
no país por mais de 24 horas e menos de três meses, por qualquer razão, exceção
feita de trabalho”. Essa delimitação é também aceita pela OMT que, por sua vez,
vem trabalhando em diversos países para o desenvolvimento da atividade
turística. 
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Sendo o visitante o cerne da atividade turística, os objetivos da área circundarão a
garantia da qualidade do serviço prestado, visando à sua satisfação por meio do
preparo da localidade para o seu recebimento e com a oferta de equipamentos
necessários que agreguem valor à experiência no local. Caberá então a indagação:
de que tipo de turista estamos falando?
Considerando o Turismo como uma rede de relacionamentos, é possível classificá-
los conforme Murphy (1985, apud Barretto  2014, p. 26): 
Alocêntricos: turistas exploradores, aventureiros, que vão à procura de lugares
novos, convivendo com a população local, em núcleos turísticos. Quando o local
começa a ter mais turistas, eles o abandonam evão procurar novos locais.
Figura 3 - Turistas são movidos por diversos interesses e percepções, responsáveis por criar tendências e
demandas no ambiente turístico. Fonte: Olga 1818, Shutterstock, 2018.
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Mesocêntricos (ou mediocêntricos): viajam individualmente, mas para onde todo
mundo viaja e gostam de visitar lugares com reputação. A relação com a população
local é mais comercial.
Psicocênctricos: turistas que só viajam a lugares que lhes sejam familiares,
utilizando-se de ‘pacotes’. Deixam-se levar pela influência social. Esperam que no
núcleo turístico haja as mesmas coisas que no seu local de origem. São gregários, só
viajam em grupos.
Essa classificação contribui para o enquadramento da melhor forma dos serviços
de preparação de viagens para um turista. Logo, de maneira geral, não se indicaria
um restaurante novo ou um local alternativo para um cliente psicocêntrico, ou um
destino com fluxo massivo para um cliente alocêntrico. Mesmo assim, vale
salientar que estas definições não apontam que o turista se limitará a elas, isto é,
que haja apenas um delineamento comportamental que especifique hábitos entre
os grupos de viajantes.
Em  Cohen  (1972, apud Barreto, 2014 ), encontramos uma outra forma importante
de validação e reconhecimento. Segundo esse autor, eles podem ser divididos
entre institucionalizados e não institucionalizados. O primeiro grupo compreende
aqueles que, muitas vezes, são viajantes e nem mesmo são reconhecidos como
turistas pelos órgãos competentes a essa área, como os nômades. Já os
institucionalizados se dividem em turistas de massa e os de massa organizados,
nos quais basicamente identificamos os tipos anteriores. Trata-se, portanto, de
uma categoria complementar a anterior, mas também importante para a
compreenção do modelo. A atuação do profissional da área, o turismológo, será
então mais eficiente quando este conhecer o perfil dos turistas.
1.2.2 Definições técnicas 
Panosso Netto (2010) alega que exixtem tres definições diferentes em relação à
conceitualização do Turismo: 
visão leiga: o turismo é definido como ferramenta para descanso,
conhecimento de novos lugares, pessoas, gastronomia, fuga das
obrigações cotidianas, dentre outros;
visão empresarial: oportunidade de renda, lucros, empregabilidade,
investimentos, renovação de bens e serviços etc.;
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visão acadêmico-científica: enxerga o Turismo como uma ferramenta de
inclusão social, busca estudos para desenvolvimento de ações que
mitiguem os impactos negativos nas localidades incluídas no meio,
promove estudos interdisciplinares etc. 
 
Desse modo, para uma melhor compreensão das práticas profissionais, é
necessária a apreensão das terminologias utilizadas dentro da atividade do
Turismo. As mais usuais foram elaboradas por Boullón (2002) em meados de 1980,
sendo o texto base da área até hoje. Acompanhe a seguir a descrição de algumas
dessas definições!
Para o autor, o espaço turístico pode ser dividido de acordo com as suas
características dentro de um estado territorial. Em se tratando do território de um
país, essa subdivisão é feita em escala decrescente, na qual a maior delas é
chamada de zona turística. Cada zona pode ser subdivida em áreas turísticas,
que são resolutas entre si, devendo conter infraestrutura para o Turismo, estrutura
de comunicação e atrativos turísticos. Tais áreas, entretanto, complementam uma
sistema maior, conhecido por zona turística de uma localidade.
Atrativo turístico compõe a estrutura básica de uma localidade, juntamente com
os equipamentos turísticos, como hotéis e restaurantes. Aqui, os atrativos são o
objetivo final de interesse de um turista, ou seja, é o que gera a motivação de
deslocamento.
Atente-se também ao fato de que cada centro turístico pode ser um centro de
distribuição, estada, excursão ou escala. Como o próprio nome diz, o primeiro é
essencialmente usado como base para distribuição de excursões diurnas. Os
centros de estada têm como chamariz um único atrativo (como a praia ou termas),
enquanto que os de excursão recebem turistas por menos de 24 horas. Os centro
de escala, por sua vez, servem como ponto de conexão entre atrativos ou mesmo
mudança de transporte no decorrer na viagem.
Os núcleos turísticos seriam ainda menores que os centros e, devido à sua
incipiência, não se conectam com os outros subsistemas de uma zona turística. No
entanto, podem ser considerados um espaço potencial para o Turismo.
Cada núcleo turístico tem, consequentemente, um ciclo vital de desenvolvimento.
Suas etapas são compreendidas em: 
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ausência de turismo;
nascimento – quando se percebe o potencial local para a atividade
turística;
crescimento – quando esse destino é trabalhado para que haja fluxo
turístico;
saturação – quando o núcleo recebe mais turistas do que suporta;
declínio – quando se esgotam as atividades do Turismo em uma
localidade (podendo haver uma nova fase de descoberta nesse destino).
 
Nesse sentido, a evolução natural de um núcleo turístico é um conjunto turístico,
isto é, quando o mesmo passa a ser um subsistema no território turístico, parte de
um planejamento maior. Ainda existem os complexos turísticos que compõem
espaços para o Turismo, menores que uma zona ou uma área e maiores que um
centro turístico. Já os centros de distribuição turística atingem um nível
hierárquico maior por apresentarem algumas atratividade antes da distribuição.
A adaptação a seguir é proposta por Barretto (2014, p. 40) e demonstra a evolução
de um espaço turístico. 
Além disso, há outras duas terminologias importantes que precisamos assimilar: a
oferta turística, que são os atrativos, equipamentos e serviços a serem oferecidos
por uma localidade, e os recursos turísticos, que compõem a matéria-prima do
 Figura 4 -
Cadeia produtiva do espaço turístico. Fonte: BARRETTO, 2014, p. 40.
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Turismo, como, por exemplo, os atrativos em si. 
1.2.3 Fatores intervenientes
Como caracteriza Barretto (2014), um destino turístico é composto por atrativos de
determinada classe, cultural ou natural, e uma série de condições e serviços
básicos que, de certo modo, tornam o Turismo uma possibilidade.
Dentre os quesitos necessários para um destino turístico, estão acomodações,
recursos gastronômico e de entretenimento, transportes e suas competências,
além de infraestrutura básica de um conjunto urbano, hospitais farmácias,
estradas etc.
Ainda segundo a autora, a infraestrutura turística é composta por:
Infraestrutura de acesso (estradas, aeroportos, portos, rodoviárias, estações de
trem);
Infraestrutura básica urbana (ruas, sarjetas, iluminação pública, etc.);
Equipamentos turísticos, que são as construções que permitem a prestação dos
serviços turísticos (alojamentos, nos núcleos receptores; agências, nos núcleos
emissores; transportadoras entre ambos);
Equipamentos de apoio, que são as instalações que permitem a prestação de
serviços que não são exclusivamente turísticos, mas são quase indispensáveis para
o desenvolvimento desta atividade (rede de atenção medico-hospitalar, rede de
atenção ao automóvel, rede de entretenimento etc.) (BARRETTO, 2014, p. 41).
Veja agora um organograma que exemplifica a forma de construção da
infraestrutura turística, desde a origem até o modelo a ser seguido. 
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Ao observarmos a imagem, podemos concluir que tais fatores são primordiais para
a consolidação e, consequentemente, para a prática das atividades turísticas em
uma localidade. De fato, o desenvolvimento turístico passa, no seu ciclo de vida,
por uma série de fatores que influenciam diretamente na existência e na
manutenção da prática do Turismo, conduzindo a forma como a atividade vai se
desenvolver.
Como descrito por Rabahy (2003), os principais grandes fatores que intervêm no
desenvolvimento do Turismo podem ser divididos em três grupos: os
socioeconômicos, os culturais e os fatores técnicos. Sem dúvida, determinar quais
elementos influenciam diretamente esse desenvolvimento é extremamente
complexo, mas é possível ressaltar algumas possibilidades que levam há algumas
realidades.
Por exemplo: se observarmos o modelo de Barretto (acima), veremos que alguns
fatores como infraestrutura de acesso e infraestrutura básica não são
exclusivamente de ordem econômica. É o caso da Índia, cuja cultura local
apresenta um sistema de trânsito completamente diferente do que vemos em
outras localidades. Ainda sobre a cultura indiana, podemos considerar que o
veganismo também é fator influenciador (positivo ou negativo) para alguns
turistas sobre o ponto de vista da atratividade. 
1.2.4 Impactos
O Turismo enquanto atividade gera uma série de impactos nas localidades onde se
instala, principalmente, para as pessoas que se interligam por meio dele. Com
certeza, o Turismo é e pode ser compreendido como objeto cultural (cultura da
 Figura 5 - Fórmula para alcançar modelo
de infraestrutura turística. Fonte: BARRETTO, 2014, p. 41.
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viagem), como fundador de relações sociais e, consequentemente, como agente
produtor de cultura, geralmente, por meio de contatos culturais transformadores.
É possível dizer ainda que o Turismo pode ser visto não só pela ótica do turista,
mas também pelo olhar da comunidade visitada, em quem provoca impactos de
ordem social e/ou cultural. De maneira positiva, observamos possibilidades de
ampliação e híbridos de aprendizagem cultural, já a perda da identidade local, ou
mesmo da autoestima da comunidade por conta do contato direto com culturas
múltiplas, são vistas como pontos negativos.
Os impactos ambientais estão diretamente ligados à ordem de desenvolvimento
ou dano do ambiente natural, ou seja, do local em que o Turismo se desenvolve.
Falamos aqui da estrutura de apoio da cidade ou, o que é pior, do detrimento do
objeto de atratividade como é o caso de algumas praias e demais paraísos
naturais.
No campo econômico, os resultados são sentidos de maneira sociocultural, com
repercussão no próprio ambiente. Isso porque os impactos contribuem para a
comunidade local, podendo ser revertidos em renda pública para a manutenção
da vida urbana e também para a preservação do ambiente natural. É necessário
sublinhar que, obviamente, nem todos os impactos são positivos, sobretudo, pela
ótica local. O Turismo pode gerar problemas de aumento de preço em serviços
básicos e alavancar os valores de imóveis devido ao avanço de grandes
investidores. Nesse caso, as localidades turísticas que vivem essencialmente da
sua cultura acabam sendo prejudicadas, pois há um detrimento do seu principal
atrativo para o desenvolvimento da atividade turística.
Cabe ressaltar que o Turismo, numa nova ordem mundial globalizada, se
apresenta como ponto de extrema importância na geração de emprego e renda.
Além disso, a atividade cumpre papel importante na diminuição das intolerâncias
e do desconhecimento cultural internacional, gerando conscientização e
sensibilização não apenas para outras culturas como também para os ambientes
naturais carentes de práticas preservacionistas.
VOCÊ SABIA?
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Como o campo do Turismo é amplo, alguns pesquisadores especializaram-se em estudar os
impactos socioambientais provocados pela atividade. Alguns desses estudiosos afirmam que a
quantidade de som em uma localidade influencia no detrimento de patrimônios materiais.  
É preciso ter em mente que são esses impactos que levam diretamente à
sustentabilidade ou não de um destino turístico. Nessa perspectiva, minimizar as
repercussões negativas e ampliar os potenciais positivos tende a levar a um maior
suporte da atividade turística. Atenção: falamos aqui de uma sustentabilidade
pautada em um tripé sociocultural, econômico e ambiental.
Portanto, para que haja uma verdadeira sustentabilidade de um destino turístico,
a sociedade como um todo devem ser protegida e enaltecida e a natureza precisa
ser preservada por meio da relação consciente entre pessoas e meio ambiente. No
campo econômico, é necessário gerar emprego e renda, melhorando as condições
sociais da localidade. 
1.3 Evolução histórico-conceitual do
Turismo
O desejo de movimentação sempre foi uma característica do ser humano, dada as
primeiras movimentações dos povos nômades em busca de ambientes propícios
para se viver. Tal vontade, apesar dos povos terem passado a se desenvolver de
forma sedentária, continua sendo uma característica potencial do indivíduo, o que
o leva a ter desejo pelo conhecimento, pelo novo e por experiências que
acrescentem em suas vidas. Esse contraste ao sedentarismo é chamado, por
alguns autores, de nomadismo moderno.
VOCÊ SABIA?
Atualmente, entende-se que, mais do que o subterfúgio do Turismo enquanto luxo, as práticas de
Turismo Moderno são provenientes de um nomadismo há muito esquecido, mas ainda presente
em nós, seres humanos. Alguns pesquisadores chamam isso de “código genético cultural”.
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Buscamos, portanto, a compreensão dos hábitos de deslocamento do ser humano
e que deram origem ao que hoje chamamos de Turismo. Para tanto, precisamos
compreender o princípio dessas movimentações de viagem até chegar ao Turismo
enquanto prática social.
1.3.1 Antecedentes das viagens e do Turismo
O termo “turismo” surge do conceito inglês do século XVII,  que se referia a um tipo
especial de viagem. Segundo Barretto (2014), ele se origina da palavra “tour”, que
é de origem francesa e define conceitos ligados ao privilégio e às praticas da alta
sociedade. Correspondente ao inglês “turn”, “tour” significa volta. No que se refere
às ideias de viagens, que são tidas como antecedentes do Turismo, sua etimologia
de origem francesa é tratada como a “proto-história” do Turismo, o seja, as origens
da história da atividade turística.
Os primeiros registros de atividades que delineavam o que chamamos hoje de
viagens remotam, segundo Barretto (2014), à antiga Grécia, onde povos
sedentários se programavam para viagens com o objetivo de assistir aos
chamados Jogos Olímpicos (antecedentes da Olimpíada Moderna) e retornar após
esse acontecimento às suas comunidades.
O Turismo também pode ter sido iniciado com os Fenícios, criadores do comércio
com moedas de troca, gerando a necessidade de viagens para possibilitar o
escambo. Se analisarmos dessa forma, também encontraremos viagens ainda
mais antigas para trocas de mercadoria, trabalho ou práticas de cura, entre outras
necessidades.
Mais ainda, posteriormente, os romanos construíram estradas que eram utilizadas
para viagens ao mar, termas, campo ou mesmo montanha. Por isso, Barretto
(2014) considera que eles foram os  primeiros a viajarem com o desejo de buscar
prazer e satisfação. Com a decadência do Império Romano houve um declínio do
comércio e também desse tipo de viajem de prazer, que chegou, inclusive, a ser
extinta em um momento da história. 
1.3.2 Viagens X Migrações
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Como tratado anteriormente, o Turismo tem seus antecedentes nas viagens como
um todo, entrentanto, se faz necessária a diferenciação entre essas práticas e
aquilo que se considera Turismo. A viagem tem com princípio apenas o
deslocamento, já o Turismo implica na existência de uma infraestrutura básica
para recebimento e permanência de viajantes em um determinado lugar. Além
disso, existe uma organização política e administrativa para que essa prática
aconteça como Turismo de fato.
Não se pode deixar, também, de diferenciar essas viagens de outros tipos de
deslocamento: de forma simplificada, o homem que migrava o fazia por
necessidades, como alimentação ou condições de clima. O ato de viajar, por sua
vez, tem como pressuposto o retorno e é ele que vai gerar a distinção do que hoje
se considera Turismo do que foi apenas uma prática migratória. 
1.4 Aspectos da modernidade no
Turismo e do Turismo moderno
O Turismo enquanto objeto de estudo   e  também enquanto atividade tem seus
precedentes contemporâneos e atuais, mas foi a partir da II Guerra Mundial e da
Revolução Industrial que se modificaram as visões e os conceitos que se tinha
sobre o meio.
O que vamos estudar a seguir são, portanto, os antecedentes do Turismo e todo o
seu panorama de desenvolvimento da atividade, visando trabalhar com as
tendências do mercado na modernidade. 
1.4.1 Viagens obrigatórias
Barretto (2014) trata desse ponto da história conceitual do Turismo (viagens
obrigatórias) por conta da necessidade de compreensão da passagem do que
precedeu o Turismo até a chegada de um antecedente do que hoje denominamos
Turismo Contemporâneo. Como dito anteriormente, a autora considera que a
queda do Império Romano também significou o declínio das movimentações
instituídas por ele – e que, na proto-história do Turismo, foram consideradas
viagens de lazer.
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A principal marca do período das viagens obrigatórias são os perigos de se
locomover nessa época. Sendo assim, elas só eram realizadas se fossem realmente
obrigatórias à sobrevivência ou por alguma crença religiosa. O século V foi
marcado pelas invasões e conquistas dos chamados “povos bárbaros” nas terras
do Império Romano. O único registro de viagens existentes nessa época foi o
deslocamento dos próprios invasores. No século seguinte, começaram as
peregrinações: um grande número de pessoas viajava a Roma para visitar
santuários cristãos, concebidos cerca de dois a três séculos antes. Um pouco
depois, religiosos descobriram os caminhos de Santiago de Compostela, viajando
para lá por terra e mar. Uma peregrinação tão importante que exigiu a criação do
que hoje é considerado o primeiro guia turístico impresso da história.
Na Idade Média, a sociedade se dividiu de forma mais parecida ao modelo
econômico atual: de um lado os proprietários de terra e, do outro, aqueles que
trabalhavam nessas terras. Essa situação compreende o mesmo momento em que
surgiram o que hoje chamamos “patrimônio cultural”, sendo a igreja o primeiro
patrimônio coletivo, de propriedade de todos. Assim, pela primeira vez, aqueles
que não possuíam terras tinham direito a algo que poderia ser deixado às
próximas gerações. Nessa era, a sociedade estava ainda mais voltada ao cultivo da
terra e ainda mais sedentária. Cada feudo era autosuficiente e já não havia a
necessidade de comércio, o que deixou as antigas estradas romanas praticamente
sem uso. Além disso, os registros demonstram que viajar nesse tempo era caro,
perigoso e desconfortável. Somente pessoas com alta renda se arriscavam e em
casos estritamente necessários (pela fé e pela diplomacia), ou seja, quase
obrigatórios.
A mudança desse cenário se deve às características de fé, como as Cruzadas. Elas
aumentaram o número de viajantes peregrinos, comerciantes e soldados que, por
sua vez, fizeram surgir as pousadas (que antes trabalhavam por caridade e,
percebendo um potencial econômico, acabaram ampliando o serviço). Na mesma
época da organização das pousadas, começaram os intercâmbios universitários de
professores e, posteriormente, de alunos. Trata-se de um fato de   extrema
importância para o andamento do Turismo Moderno. Ainda no século XV,
espanhóis e portugueses protagonizaram as viagens de descoberta e levaram ao
conhecimento dos habitantes do velho continente as porções de terra até então
desconhecidas por eles. 
1.4.2 Antecedentes do Turismo moderno
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No Século XVI, existia a dificuldade de comunicação, visto que havia poucos
materiais para a sua disseminação e, quando existiam, demoravam a chegar, dada
a precariedade dos meios e redes de transportes. Assim sendo, concluiu-se que a
melhor forma de aprender sobre as culturas de outros locais era viajar. Logo,
podemos dizer que a educação foi o que deu o início às motivações para as
viagens, aproximando-as dos princípios do Turismo moderno. Tanto que muitos
pesquisadores reconhecem o Grand Tour como os primeiros registros do que se
considera Turismo hoje.
Chamamos Grand Tour essa etapa da história do Turismo em que estudantes
burgueses faziam viagens de ida e volta para outros lugares. Eles buscavam o
aperfeiçoamento cultural e educacional em outros países para, depois, assumir
altos cargos na sociedade inglesa. Esses dslocamentos eram acompanhadas por
professores particulares que, óbvio, tinham bastante conhecimento desses países,
bem como de sua língua, história e cultura.
A ideia era que essas viagens durassem cerca de três anos. Elas eram realizadas
por jovens estudantes homens e em caráter esporádico, pois tinham como
princípio real a aventura como um ritual de passagem até mais do que a educação.
Muitas vezes, esses acadêmicos vinham a falecer em virtude de duelos de espada
por reputação e honra. Os deslocamentos eram feitos por barcos, a pé ou a cavalo,
pois a ideia era proporcionar uma vivência real.
Os locais visitados no Grand Tour eram, inprescindivelmente, na Europa. Com
exceção da Espanha, todos os outros países têm algum registro de visitação dessa
época, principalmente, França, Alemanha, Itália etc. Posteriormente, a burguesia
desses outros lugares, seguindo o que era feito na Inglaterra, também passou a
enviar turistas para outras partes do continente.
Como o comércio da época também estava em expansão, surgiu a necessidade de
atender as demandas de comerciantes viajantes. É o caso do Oriente Médio, mais
precisamente do Egito, país do primeiro hotel do mundo destinado aos
comerciantes que iam para a região.
Há também registros de viagens de prazer. No século XVI, por exemplo, supõe-se
que existiam mais de 12 spas no continente Europeu, destinados a pobres e
doentes, e que mantinham  programas de entretenimento. A ideia foi copiada por
spas exclusivos para ricos, que buscavam os mesmos programas, mas longe de
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doentes e pobres. Havia também os aventureiros que pretendiam realizar grandes
feitos como atravessar montes e montanhas, atividade considerada extremamente
perigosa naquela época.
No século seguinte, começou a revolução na área de transportes: foram
promovidas melhorias nos caminhos (ainda ruins) a partir de recursos de pedágios
instalados pelos donos das terras por onde passavam algumas diligências. O
período de guerras na França tornou inviável o Turismo na região. Em outras
localidades, entretanto, cada vez mais as pessoas se organizavam ao entorno do
desenvolvimento da atividade. Paralelo a isso, começavam na Inglaterra a
Revolução Industriale seus princípios capitalistas que, posteriormente,
modificraam toda a forma de pensar sobre as viagens.
É também nessa época que se compreende cada vez mais as viagens como parte
essencial da educação europeia, de modo que se considera de extrema
importância conhecer diretamente a forma como a Europa surgiu e se
desenvolveu. Por conta dessa transformação no modo de pensar sobre a
necessidade de conhecer o Velho Continente, e após a pacificação do território, as
mulheres começaram a acompanhar seus maridos nas viagens.
As exigências postais aperfeiçoaram os meios de transportes, com foco,
principalmente, às necessidades de informação. Essa melhoria teve reflexo direto
na forma como os viajantes se organizavam, pois as empresas de serviços postais
passaram a levar não só encomendas, mas também passageiros.
Foi também nesse século que se iniciou o que ficou conhecido como turismo
romântico: paisagens retratadas pela arte em livros amplamente difundidos da
Europa, pinturas ou qualquer outra expressão de arte levavam as pessoas a
procurar esses cenários. Posteriormente, essa busca deu origem às viagens de
lazer que, no começo do século XIX, transformou as paisagens naturais de
perigosas em contemplativas. Como resutado, isso gerou uma procura por essas
localidades para o desenvolvimento do lazer e do descanso. 
1.4.3 Turismo moderno
O Turismo tal como o conhecemos é resultado de um complexo emaranhado de
acontecimentos, os quais criaram condições sociais e situações individuais que
proporcionaram as diversas possibilidades encontradas atualmente nessa
atividade. Podemos sinalizar dentre as suas principais marcas, a melhoria das
condições de transporte, provenientes do fim da I Guerra Mundial, e o novo
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ordenamento social baseado na indústria. Na mesma medida, ocorreram as ações
de Thomas Cook, o pai do Turismo Moderno, que mantém agências com seu nome
até hoje. 
No século XIX, após o advento da Revolução Industrial, os modos de transporte se
modificaram em muito por conta das viagens de trem. Inicialmente, tais viagens
eram usadas para transporte de correspondência, mas foram, cada vez mais,
utilizadas para o desenvolvimento da atividade turística. Exemplo disso é a criação
de vagões de passageiros, ocupados em um primeiro momento para o transporte
de comerciantes e, depois, por excursionistas.
Figura 6 - Agência atual de Thomas Cook, pai do Turismo moderno. Fonte: Martin Good, Shutterstock,
2018.
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Em referência às primeiras viagens que lançaram o conceito de Turismo moderno, é possível
demonstrar que a atividade ultrapassou as barreiras do universo. O soviético Yuri Alekseievitch Gagarin
foi o primeiro homem a viajar pelo espaço, em 12 de abril de 1961, a bordo da nave Vostok-1. A missão,
lançada do Cosmódromo de Baikonur, durou uma hora e 48 minutos, teve apenas uma volta em órbita
do planeta terra, a 315 km de altitude.  
Em 1841, Thomas Cook era um vendedor de bíblias que também auxiliava nas
atividades de encontros de alcoólatras anônimos. Para tanto, ele andava cerca de
15 quilômetros até chegar a esses eventos e, quando houve a necessidade de uma
viagem ainda maior, Cook decidiu organizar uma excursão para seus
apadrinhados: comprou cerca de 500 bilhetes e os revendeu, em seguida,
organizando a primeira viagem agenciada da história.
A importância de Cook se dá por ter sido o primeiro operador e agenciador de
Turismo de que se tem notícias, bem como a primeira pessoa a criar um pacote
completo de férias e oferecê-lao a terceiros. Alguns anos depois, além dos pacotes
no modelo anterior ele ainda concentrava os serviços de reserva de hotéis. Por
fim, editou um guia que contribuiu para a entrada do Turismo em uma era
industrial, no sentido comercial. No plano social, ele tornou mais acessível as
viagens a turistas de baixa renda devido ao grande número de pessoas por pacote.
A relevância de seu ato se deve à nova forma de ordenamento social que cria o
tempo do ócio em uma sociedade que não o tinha espaço para o lazer e,
consequentemente, para o Turismo. Quando as organizações sociais criam as
legislações trabalhistas, acabam por contribuir ainda mais para o
desenvolvimento da atividade turística.
Essa expansão pode ser percebida em todo o mundo. Nos Estados Unidos, houve a
criação do vagão leito, enquanto que, na Inglaterra, começava a acontecer a
navegação em alto mar – e a necessidade de levar correspondências faz com que o
transporte de passageiros passe a ser possível. Tal fato desenvolve diretamente a
atividade turística na Era Moderna.
VOCÊ O CONHECE?
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Após a I Guerra Mundial, o automóvel comprova a sua importância e inaugura a
era dos transportes terrestres (não apenas na Europa). Tanto que, em países como
Brasil e Argentina, é possível observar a criação de clubes e instituições de carros,
como o Rotary Club, além de hotéis de beira de estrada, conhecidos atualmente
como motéis.
O filme Carros, da Disney (2006), apresenta a história da Route 66, de uma forma descontraída. A
animação conta como os EUA criaram uma marca para incentivar as pessoas a utilizarem uma antiga
rota desativada caso estivessem a passeio, diminuindo assim o fluxo na autovia recém criada, e dando
condições para que as cidades da Route 66 mantivessem seu desenvolvimento.
É nesse período, entre a primeira e a segunda Guerra Mundial, que o empresário
Henry Ford desenvolve a fabricação de automóveis em grande escala, tornando o
carro um produto com valor acessível para as pessoas. Além disso, visando à
comercialização de seus veículos, o empresário passou a cedê-los aos funcionários
durante os finais de semana de folga. Tal acontecimento, ao lado das legislações
específicas do setor, marca o início da criação do tempo livre e do ócio do
trabalhador, contribuindo assim para a massificação do Turismo.
Outras causas também contribuíram para esse desenvolvimento, mas com
repercussão um pouco menor, como segurança, salubridade e alfabetização, que
não existiam anteriormente. Vimos, portanto, que uma série de fatores
transformou o Turismo em um fenômeno de massa se que este aumenta cada vez
mais.
VOCÊ QUER VER?
Síntese
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Chegamos ao final deste capítulo capazes de analisar os movimentos que levaram
à atividade turística à sua ascenção como ciência e como objeto de estudo. Além
disso, você teve a oportunidade de:
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
explorar os construtos conceituais do Turismo, como se dão as
nomenclaturas atuais da atividade turística e suas categorizações; 
visualizar os antecedentes para o surgimento da atividade turística e sua
estrutura conceitual, ressaltando a importência dos movimentos feitos
nas viagens;
exemplificar a forma e os motivos de como o Turismo se desenvolveu
enquanto atividade até a era contemporânea e como, de acordo com as
mudanças, ele passa a seguir caminhos mais elaborados. 
Bibliografia
BARRETTO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Papirus Editora, 2014.
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(http://www2.unwto.org/)>. Acesso em: 09/06/2018.
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