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COMO E ONDE SURGIU O MERCADO DE VIAGENS E SUA CONSTRUÇÃO COMO CIÊNCIA?

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COMO E ONDE SURGIU O MERCADO DE VIAGENS E SUA CONSTRUÇÃO COMO CIÊNCIA?
A ONU criou uma divisão para resolução de problemas, levantamento de dados e definições para a área, conhecida como Organização Mundial do Turismo (OMT).
De acordo com a ONU e a OMT, o Turismo é definido como atividade das pessoas que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente habitual por não mais de um ano consecutivo para lazer, negócios ou outros objetivos (OMT, 2003, P. 18).
Apesar de sua importância, o turismo ainda enfrenta problemas em relação à sua definição enquanto atividade e objeto de estudo acadêmico. Do ponto de vista teórico, o Turismo pode representar uma ciência que permeia várias áreas de estudo, como administração, sociologia, economia, psicologia etc. 
· À luz da administração, o Turismo compreende todo o processo de gestão por parte de todos os componentes do trade turístico. 
· No viés da psicologia, são produzidas pesquisas e estudos que analisam o comportamento dos consumidores dos serviços turísticos e da comunidade receptora, mensurando, por exemplo, os impactos comportamentais da atividade nestes grupos sociais. 
· Do ponto de vista econômico, investiga-se a ascensão ou o declínio da economia de determinada localidade dentro do contexto de organização e execução da atividade turística, o aumento da geração de renda da localidade etc.
O termo “trade” está ligado ao meio em que se negociam produtos e serviços de uma forma geral. No contexto do Turismo, não é diferente: Trade Turístico é o ambiente no qual se desenrolam as negociações dos produtos turísticos. Ele é composto pelas organizações governamentais, empresas privadas e equipamentos diretamente relacionados à atividade turística.
Atualmente, são quatro o número de atividades ligadas ao campo da hospitalidade e do lazer, sendo que cada uma delas também encontra-se diretamente vinculada a outras áreas de forma complexa. São elas: Hotelaria, Turismo, Eventos e Gastronomia. 
- O conceituação de Turismo, elaborada ao longo do século XX, segundo Barretto (2104) é: 
· Deslocamento de pessoas de uma determinada localidade com um objetivo;
· Permanência em um local que não seja o seu de residência;
· O tempo de permanência menor do que o como possível identificação de fixação de residência. 
A percepção apresentada pela OMT não é aplicada pelo MTur. No caso, os dois órgãos seguem as principais concepções apresentadas, mas divergem quanto aos objetivos das viagens: a OMT considera Turismo apenas as movimentações com fins de lazer, já o MTur aceita a segmentação do Turismo de Negócios. 
Com isso, os números de entradas e saídas de turistas no Brasil para o MTur vão divergir dos possíveis dados internacionais que a ONU possa ter, podendo ocorrer com outros países, visto que o Turismo é um mercado potencial para o recebimento de eventos corporativos internacionais – e nacionais também. 
Porém, a grande questão – e uma das mais problemáticas para as definições de Turismo – é o binômio Turismo X Viagem. Algumas pessoas se deslocam com fins de lazer, outras para estudo, mudança, visita, trabalho etc., e cada um desses objetivos merece um olhar diferenciado de quem é responsável por sistematizar a viagem do cliente. Tal característica é classificada por alguns autores do mundo acadêmico de Nomadismo Contemporâneo, que vem se tornando uma tendência a nível mundial.
- O livro de Olga Tulik (1998), trata do Turismo de segunda residência e leva em consideração o fato de que nem todas as pessoas que viajam para fins de lazer utilizam serviços turísticos. Muitas vezes, elas também não podem ser contabilizadas como moradores locais, já que vivem na região apenas por alguns períodos (semanais, mensais, veraneios ou férias de inverno).
- A pesquisa de Silva e Baptista (2017), demonstra como uma comunidade praiana gira em torno da cultura do surfe, a forma como se dá o contato entre turistas e comunidade local e os abalos que o fenômeno da segunda residência pode gerar em uma determinada localidade. Dessa forma, se torna relevante ressaltar que nem toda viagem trata especificamente de Turismo. E nem todo Turismo depende do que se espera, normalmente, como um serviço de hotelaria ou transporte tradicional. O que existe, no entanto, é uma vasta gama de possibilidades para o desenvolvimento dessa atividade. As viagens de cunho religioso como Aparecida do Norte (SP), por exemplo, possibilitam experiências diferenciadas.
Barretto (2014) salienta que o que se chama de Turismo atualmente serve para o ato em si e para o sistema que desenvolve a função. Logo, ele se refere tanto ao fazer turismo como aos componentes que o mantém (como agências, atrativos, hotéis e transporte etc. Contudo, tal problema vem sendo solucionado com a adoção da nomenclatura Sistema de Turismo para designar o desenvolvimento da atividade em sua complexidade, compreendendo todas as áreas e cada caso como um caso específico. A denominação Turismo, por sua vez, é aplicada à atividade social mais ampla que envolve o segmento de mercado.
CONSTRUTOS CONCEITUAIS DO TURISMO
Se faz necessário o conhecimento das terminologias técnicas para que haja entendimento quanto a seu uso. Um exemplo de diferenciação são os termos “estrutura” e “infraestrutura”, em que o primeiro trata de equipamentos da atividade e o segundo dos quesitos básicos disponíveis em uma localidade para que o Turismo seja viabilizado sem demais danos. Além das terminologias básicas, é importante ressaltar que há uma diferenciação nos tipos de turistas. Eles são classificados de acordo com seus interesses e propósitos em realizar viagens, o que caracterizará, por consequência, os tipos de Turismo praticados e os impactos específicos causados por cada modalidade nos diversos campos da sociedade. 
Sujeito do Turismo: as definições para turista são variadas e esses se configuram como o agente principal para a prática da atividade. A OMT classifica três tipos de visitantes dentro do conceito “turista”: 
· Visitante de um dia (excursionista): não pernoita em alojamento no destino; 
· Visitante: viajam para ambientes diferentes do seu habitual, por menos de doze meses consecutivos e sem o intuito de trabalhar;
· Viajante: realiza somente o deslocamento entre dois ou mais lugares.
Nessa perspectiva, o turista é um “visitante temporário, proveniente de um país estrangeiro, que permanece no país por mais de 24 horas e menos de três meses, por qualquer razão, exceção feita de trabalho”. Essa delimitação é também aceita pela OMT. 
Considerando o Turismo como uma rede de relacionamentos, é possível classificá-los como:
· Alocêntricos: turistas exploradores, aventureiros, que vão à procura de lugares novos, convivendo com a população local, em núcleos turísticos. Quando o local começa a ter mais turistas, eles o abandonam e vão procurar novos locais. 
· Mesocêntricos (ou mediocêntricos): viajam individualmente, mas para onde todo mundo viaja e gostam de visitar lugares com reputação. A relação com a população local é mais comercial. 
· Psicocênctricos: turistas que só viajam a lugares que lhes sejam familiares, utilizando-se de ‘pacotes’. Deixam-se levar pela influência social. Esperam que no núcleo turístico haja as mesmas coisas que no seu local de origem. São gregários, só viajam em grupos.
Estas definições não apontam que o turista se limitará a elas. Em Cohen, encontramos uma outra forma importante de validação e reconhecimento. Segundo o autor, eles podem ser divididos entre institucionalizados e não institucionalizados. O primeiro grupo compreende aqueles que, muitas vezes, são viajantes e nem mesmo são reconhecidos como turistas pelos órgãos competentes a essa área, como os nômades. Já os institucionalizados se dividem em turistas de massa e os de massa organizados, nos quais basicamente identificamos os tipos anteriores. Trata-se, portanto, de uma categoria complementar a anterior. 
Definições Técnicas 
Panosso Netto (2010) alega que existem três definições diferentes em relação à conceitualização do Turismo: 
· Visão leiga: o turismoé definido como ferramenta para descanso, conhecimento de novos lugares, pessoas, gastronomia, fuga das obrigações cotidianas, dentre outros;
· Visão empresarial: oportunidade de renda, lucros, empregabilidade, investimentos, renovação de bens e serviços etc.; 
· Visão acadêmico-científica: enxerga o Turismo como uma ferramenta de inclusão social, busca estudos para desenvolvimento de ações que mitiguem os impactos negativos nas localidades incluídas no meio, promove estudos interdisciplinares etc.
Para uma melhor compreensão das práticas profissionais, é necessária a apreensão das terminologias utilizadas dentro da atividade do Turismo. O espaço turístico pode ser dividido de acordo com as suas características dentro de um estado territorial. Em se tratando do território de um país, essa subdivisão é feita em escala decrescente, na qual a maior delas é chamada de Zona Turística. Cada zona pode ser subdivida em áreas turísticas, que são resolutas entre si, devendo conter infraestrutura para o Turismo, estrutura de comunicação e atrativos turísticos. Tais áreas, entretanto, complementam uma sistema maior, conhecido por zona turística de uma localidade. 
Atrativo turístico compõe a estrutura básica de uma localidade, juntamente com os equipamentos turísticos, como hotéis e restaurantes. Os atrativos são o objetivo final de interesse de um turista, ou seja, é o que gera a motivação de deslocamento. Cada centro turístico pode ser um centro de distribuição, estada, excursão ou escala. 
· Centro de distribuição: é essencialmente usado como base para distribuição de excursões diurnas;
· Centro de estada: têm como chamariz um único atrativo (como a praia ou termas);
· Centro de excursão: recebem turistas por menos de 24 horas; 
· Centros de escala: servem como ponto de conexão entre atrativos ou mesmo mudança de transporte.
Núcleos turísticos: seriam ainda menores que os centros e, devido à sua incipiência, não se conectam com os outros subsistemas de uma zona turística. No entanto, podem ser considerados um espaço potencial para o Turismo. Cada núcleo turístico tem, consequentemente, um ciclo vital de desenvolvimento. Suas etapas são compreendidas em:
· Ausência de turismo; 
· Nascimento – quando se percebe o potencial local para a atividade turística; 
· Crescimento – quando esse destino é trabalhado para que haja fluxo turístico; 
· Saturação – quando o núcleo recebe mais turistas do que suporta; 
· Declínio – quando se esgotam as atividades do Turismo em uma localidade (podendo haver uma nova fase de descoberta nesse destino).
Nesse sentido, a evolução natural de um núcleo turístico é um conjunto turístico, isto é, quando o mesmo passa a ser um subsistema no território turístico, parte de um planejamento maior. Ainda existem os complexos turísticos que compõem espaços para o Turismo, menores que uma zona ou uma área e maiores que um centro turístico. Já os centros de distribuição turística atingem um nível hierárquico maior por apresentarem algumas atratividade antes da distribuição.
Além disso, há outras duas terminologias importantes que precisamos assimilar: a oferta turística, que são os atrativos, equipamentos e serviços a serem oferecidos por uma localidade; e os recursos turísticos, que compõem a matéria-prima do Turismo, como, por exemplo, os atrativos em si.
FATORES INTERVENIENTES: Um destino turístico é composto por atrativos de determinada classe, cultural ou natural, e uma série de condições e serviços básicos. Dentre os quesitos necessários para um destino turístico, estão acomodações, recursos gastronômico e de entretenimento, transportes e suas competências, além de infraestrutura básica de um conjunto urbano, hospitais farmácias, estradas etc. A infraestrutura turística é composta por: 
· Infraestrutura de acesso (estradas, aeroportos, portos, rodoviárias, estações de trem);
· Infraestrutura básica urbana (ruas, sarjetas, iluminação pública, etc.); 
· Equipamentos turísticos (alojamentos, nos núcleos receptores; agências, nos núcleos emissores; transportadoras entre ambos);
· Equipamentos de apoio, que não são exclusivamente turísticos, mas são quase indispensáveis para o desenvolvimento desta atividade (rede de atenção médico-hospitalar, rede de atenção ao automóvel, rede de entretenimento etc.).
Os principais grandes fatores que intervêm no desenvolvimento do Turismo podem ser divididos em três grupos: socioeconômicos, culturais e técnicos. Alguns fatores como infraestrutura de acesso e infraestrutura básica não são exclusivamente de ordem econômica. É o caso da Índia, cuja cultura local apresenta um sistema de trânsito completamente diferente do que vemos em outras localidades. Ainda sobre a cultura indiana, podemos considerar que o veganismo também é fator influenciador (positivo ou negativo) para alguns turistas sobre o ponto de vista da atratividade.
IMPACTOS: O Turismo é compreendido como objeto cultural (cultura da viagem), como fundador de relações sociais e como agente produtor de cultura, geralmente, por meio de contatos culturais transformadores. É possível dizer ainda que o Turismo pode ser visto não só pela ótica do turista, mas também pelo olhar da comunidade visitada, em quem provoca impactos de ordem social e/ou cultural. De maneira positiva observamos possibilidades de ampliação e híbridos de aprendizagem cultural. Já a perda da identidade local, ou mesmo da autoestima da comunidade por conta do contato direto com culturas múltiplas, são vistas como pontos negativos. Os impactos ambientais estão diretamente ligados à ordem de desenvolvimento ou dano do ambiente natural, ou seja, do local em que o Turismo se desenvolve. Falamos aqui da estrutura de apoio da cidade ou, o que é pior, do detrimento do objeto de atratividade como é o caso de algumas praias e demais paraísos naturais. No campo econômico, os resultados são sentidos de maneira sociocultural, com repercussão no próprio ambiente. Isso porque os impactos contribuem para a comunidade local, podendo ser revertidos em renda pública para a manutenção da vida urbana e também para a preservação do ambiente natural. Nem todos os impactos são positivos, sobretudo, pela ótica local. O Turismo pode gerar problemas de aumento de preço em serviços básicos e alavancar os valores de imóveis devido ao avanço de grandes investidores. Nesse caso, as localidades turísticas que vivem essencialmente da sua cultura acabam sendo prejudicadas, pois há um detrimento do seu principal atrativo para o desenvolvimento da atividade turística. Cabe ressaltar que o Turismo, numa nova ordem mundial globalizada, se apresenta como ponto de extrema importância na geração de emprego e renda. Além disso, a atividade cumpre papel importante na diminuição das intolerâncias e do desconhecimento cultural internacional, gerando conscientização e sensibilização não apenas para outras culturas como também para os ambientes naturais carentes de práticas preservacionistas.
São esses impactos que levam diretamente à sustentabilidade ou não de um destino turístico. Nessa perspectiva, minimizar as repercussões negativas e ampliar os potenciais positivos tende a levar a um maior suporte da atividade turística. Falamos aqui de uma sustentabilidade pautada em um tripé sociocultural, econômico e ambiental. Portanto, para que haja uma verdadeira sustentabilidade de um destino turístico, a sociedade como um todo devem ser protegida e enaltecida e a natureza precisa ser preservada por meio da relação consciente entre pessoas e meio ambiente. No campo econômico, é necessário gerar emprego e renda, melhorando as condições sociais da localidade.
EVOLUÇÃO HISTÓRICO-CONCEITUAL DO TURISMO
O desejo de movimentação sempre foi uma característica do ser humano, dada as primeiras movimentações dos povos nômades em busca de ambientes propícios para se viver. Tal vontade, apesar dos povos terem passado a se desenvolver de forma sedentária, continua sendo uma característica potencial do indivíduo, o que o leva a ter desejo pelo conhecimento, pelo novo e por experiênciasque acrescentem em suas vidas. Esse contraste ao sedentarismo é chamado, por alguns autores, de nomadismo moderno.
Antecedentes das viagens e do Turismo: O termo “turismo” surge do conceito inglês do século XVII, que se referia a um tipo especial de viagem, originada da palavra “tour”, que é de origem francesa e define conceitos ligados ao privilégio e às práticas da alta sociedade. Do inglês “turn”, “tour” significa volta. Sua etimologia de origem francesa é tratada como a “proto-história” do Turismo, o seja, as origens da história da atividade turística. Os primeiros registros de atividades que delineavam o que chamamos hoje de viagens remota, à antiga Grécia, onde povos sedentários se programavam para viagens com o objetivo de assistir aos Jogos Olímpicos e retornar após esse acontecimento às suas comunidades. O Turismo também pode ter sido iniciado com os Fenícios, criadores do comércio com moedas de troca, gerando a necessidade de viagens para possibilitar o escambo. Se analisarmos dessa forma, também encontraremos viagens ainda mais antigas para trocas de mercadoria, trabalho ou práticas de cura, entre outras necessidades. Mais ainda, posteriormente, os romanos construíram estradas que eram utilizadas para viagens ao mar, termas, campo ou mesmo montanha. Por isso, Barretto (2014) considera que eles foram os primeiros a viajarem com o desejo de buscar prazer e satisfação. Com a decadência do Império Romano houve um declínio do comércio e também desse tipo de viajem de prazer, que chegou, inclusive, a ser extinta em um momento da história.
Viagens X Migrações: A viagem tem com princípio apenas o deslocamento, já o Turismo implica na existência de uma infraestrutura básica para recebimento e permanência de viajantes em um determinado lugar. Além disso, existe uma organização política e administrativa para que essa prática aconteça como Turismo de fato. Não se pode deixar, também, de diferenciar essas viagens de outros tipos de deslocamento: de forma simplificada, o homem que migrava o fazia por necessidades, como alimentação ou condições de clima. O ato de viajar, por sua vez, tem como pressuposto o retorno e é ele que vai gerar a distinção do que hoje se considera Turismo do que foi apenas uma prática migratória. 
ASPECTOS DA MODERNIDADE NO TURISMO E NO TURISMO MODERNO
O Turismo enquanto objeto de estudo e também enquanto atividade tem seus precedentes contemporâneos e atuais, mas foi a partir da II Guerra Mundial e da Revolução Industrial que se modificaram as visões e os conceitos que se tinha sobre o meio. 
· Viagens obrigatórias: a queda do Império Romano também significou o declínio das movimentações instituídas por ele – e, na proto-história do Turismo, foram consideradas viagens de lazer. A principal marca do período das viagens obrigatórias são os perigos de se locomover nessa época. Elas só eram realizadas se fossem realmente obrigatórias à sobrevivência ou por alguma crença religiosa. O século V foi marcado por invasões e conquistas dos bárbaros nas terras do Império Romano. O único registro de viagens existentes nessa época foi o deslocamento dos próprios invasores. No século seguinte, começaram as peregrinações: um grande número de pessoas viajava a Roma para visitar santuários cristãos. Um pouco depois, religiosos descobriram os caminhos de Santiago de Compostela, viajando para lá por terra e mar. Uma peregrinação tão importante que exigiu a criação do que hoje é considerado o primeiro guia turístico impresso da história. Na Idade Média, a sociedade se dividiu de forma mais parecida ao modelo econômico atual: de um lado os proprietários de terra e, do outro, aqueles que trabalhavam nessas terras. Essa situação compreende o mesmo momento em que surgiram o que hoje chamamos “patrimônio cultural”, sendo a igreja o primeiro patrimônio coletivo, de propriedade de todos. Assim, pela primeira vez, aqueles que não possuíam terras tinham direito a algo que poderia ser deixado às próximas gerações. Nessa era, a sociedade estava ainda mais voltada ao cultivo da terra e ainda mais sedentária. Cada feudo era autossuficiente e já não havia a necessidade de comércio, o que deixou as antigas estradas romanas praticamente sem uso. Além disso, os registros demonstram que viajar nesse tempo era caro, perigoso e desconfortável. Somente pessoas com alta renda se arriscavam e em casos estritamente necessários (fé e diplomacia). A mudança desse cenário se deve às características de fé, como as Cruzadas. Elas aumentaram o número de viajantes peregrinos, comerciantes e soldados que fizeram surgir as pousadas (que antes trabalhavam por caridade e, percebendo um potencial econômico, acabaram ampliando o serviço). Na mesma época da organização das pousadas, começaram os intercâmbios universitários de professores e alunos. Trata-se de um fato de extrema importância para o andamento do Turismo Moderno. Ainda no século XV, espanhóis e portugueses protagonizaram as viagens de descoberta e levaram ao conhecimento dos habitantes do velho continente as porções de terra até então desconhecidas por eles.
· Antecedentes do Turismo moderno: No Século XVI, existia a dificuldade de comunicação. Assim, a melhor forma de aprender sobre as culturas de outros locais era viajar. A educação foi o que deu o início às motivações para as viagens. Muitos pesquisadores reconhecem o Grand Tour como os primeiros registros do que se considera Turismo hoje. Chamamos Grand Tour essa etapa da história do Turismo em que estudantes burgueses faziam viagens de ida e volta para outros lugares, buscando aperfeiçoamento cultural e educacional em outros países para, depois, assumir altos cargos na sociedade inglesa. Esses deslocamentos eram acompanhados por professores particulares que tinham bastante conhecimento sobre a língua, história e cultura desses países. A ideia era que essas viagens durassem cerca de três anos. Eram realizadas por jovens estudantes homens e em caráter esporádico, pois tinham como princípio real a aventura como um ritual de passagem até mais do que a educação. Muitos acadêmicos vinham a falecer em virtude de duelos de espada por reputação e honra. Os deslocamentos eram feitos por barcos, a pé ou a cavalo, pois a ideia era proporcionar uma vivência real. Os locais visitados no Grand Tour eram, imprescindivelmente, na Europa. Com exceção da Espanha, todos os outros países têm algum registro de visitação dessa época, principalmente França, Alemanha, Itália etc. Posteriormente, a burguesia desses outros lugares, seguindo o que era feito na Inglaterra, também passou a enviar turistas para outras partes do continente. Como o comércio da época também estava em expansão, surgiu a necessidade de atender as demandas de comerciantes viajantes. É o caso do Oriente Médio, mais precisamente do Egito, país do primeiro hotel do mundo destinado aos comerciantes que iam para a região. Há também registros de viagens de prazer. No século XVI, por exemplo, supõe-se que existiam mais de 12 spas no continente Europeu, destinados a pobres e doentes, e que mantinham programas de entretenimento. A ideia foi copiada por spas exclusivos para ricos, que buscavam os mesmos programas, mas longe de doentes e pobres. Havia também os aventureiros que pretendiam realizar grandes feitos como atravessar montes e montanhas, atividade considerada extremamente perigosa naquela época. No século seguinte, começou a revolução na área de transportes: foram promovidas melhorias nos caminhos (ainda ruins) a partir de recursos de pedágios instalados pelos donos das terras por onde passavam algumas diligências. O período de guerras na França tornou inviável o Turismo na região. Em outras localidades, entretanto, cada vez mais as pessoas se organizavam ao entorno do desenvolvimento da atividade. Paralelo a isso, começavam na Inglaterra a Revolução Industrial e seus princípios capitalistas que, posteriormente, modificaram toda a forma de pensar sobre as viagens. É também nessa época que se compreende cada vez mais as viagens como parte essencial da educação europeia,de modo que se considera de extrema importância conhecer diretamente a forma como a Europa surgiu e se desenvolveu. Por conta dessa transformação no modo de pensar sobre a necessidade de conhecer o Velho Continente, e após a pacificação do território, as mulheres começaram a acompanhar seus maridos nas viagens. As exigências postais aperfeiçoaram os meios de transportes, com foco, principalmente, às necessidades de informação. Essa melhoria teve reflexo direto na forma como os viajantes se organizavam, pois as empresas de serviços postais passaram a levar não só encomendas, mas também passageiros. Foi também nesse século que se iniciou o que ficou conhecido como turismo romântico: paisagens retratadas pela arte em livros amplamente difundidos da Europa, pinturas ou qualquer outra expressão de arte levavam as pessoas a procurar esses cenários. Posteriormente, essa busca deu origem às viagens de lazer que, no começo do século XIX, transformou as paisagens naturais de perigosas em contemplativas. Como resultado, isso gerou uma procura por essas localidades para o desenvolvimento do lazer e do descanso.
· Turismo moderno: Podemos sinalizar dentre as suas principais marcas, a melhoria das condições de transporte, provenientes do fim da I Guerra Mundial, e o novo ordenamento social baseado na indústria. Na mesma medida, ocorreram as ações de Thomas Cook, o pai do Turismo Moderno, que mantém agências com seu nome até hoje. 
No século XIX, após o advento da Revolução Industrial, os modos de transporte se modificaram em muito por conta das viagens de trem. Inicialmente, tais viagens eram usadas para transporte de correspondência, mas foram, cada vez mais, utilizadas para o desenvolvimento da atividade turística. Exemplo disso é a criação de vagões de passageiros, ocupados em um primeiro momento para o transporte de comerciantes e, depois, por excursionistas. 
Em 1841, Thomas Cook era um vendedor de bíblias que também auxiliava nas atividades de encontros de alcoólatras anônimos. Ele andava cerca de 15 quilômetros até chegar a esses eventos e, quando houve a necessidade de uma viagem ainda maior, Cook organizou uma excursão para seus apadrinhados: comprou cerca de 500 bilhetes e os revendeu, organizando a primeira viagem agenciada da história. Cook foi a primeira pessoa a criar um pacote completo de férias e oferecê-lo a terceiros. Alguns anos depois, além dos pacotes no modelo anterior ele ainda concentrava os serviços de reserva de hotéis. Por fim, editou um guia que contribuiu para a entrada do Turismo em uma era industrial, no sentido comercial. No plano social, ele tornou mais acessível as viagens a turistas de baixa renda devido ao grande número de pessoas por pacote. A relevância de seu ato se deve à nova forma de ordenamento social que cria o tempo do ócio em uma sociedade que não o tinha espaço para o lazer e para o Turismo. Quando as organizações sociais criam as legislações trabalhistas, acabam por contribuir ainda mais para o desenvolvimento da atividade turística. Essa expansão pode ser percebida em todo o mundo. Nos Estados Unidos houve a criação do vagão leito. Na Inglaterra começava a acontecer a navegação em alto mar – e a necessidade de levar correspondências faz com que o transporte de passageiros passe a ser possível. Tal fato desenvolve diretamente a atividade turística na Era Moderna. Após a I Guerra Mundial, o automóvel comprova a sua importância e inaugura a era dos transportes terrestres (não apenas na Europa). Tanto que, em países como Brasil e Argentina, é possível observar a criação de clubes e instituições de carros, como o Rotary Club, além de hotéis de beira de estrada, conhecidos atualmente como motéis.
É nesse período, entre a primeira e a segunda Guerra Mundial, que o empresário Henry Ford desenvolve a fabricação de automóveis em grande escala, tornando o carro um produto com valor acessível para as pessoas. Além disso, visando à comercialização de seus veículos, o empresário passou a cedê-los aos funcionários durante os finais de semana de folga. Tal acontecimento, ao lado das legislações específicas do setor, marca o início da criação do tempo livre e do ócio do trabalhador, contribuindo assim para a massificação do Turismo. Outras causas também contribuíram para esse desenvolvimento, mas com repercussão um pouco menor, como segurança, salubridade e alfabetização, que não existiam anteriormente.

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