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PENSAMENTO CRÍTICO

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ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO NA 
VERSÃO DIGITAL!
PROFESSOR
Dr. Eduardo Sales de Lima
Pensamento 
Crítico
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3613
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3613
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. LIMA, Eduardo Sales.
Pensamento Crítico. 
Eduardo Sales de Lima.
 
Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 
288 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Pensamento 2. Crítico 3. Filosofia. 4. EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Andre Morais de Freitas
Matheus Silva de Souza
Design Educacional
Ivana Cunha Martins
Revisão Textual
Érica Fernanda Ortega
Ilustração
Natalia de Souza Scalassara
Fotos
Shutterstock
CDD - 22 ed. 101 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-310-0
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora 
Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo 
Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie 
Fukushima Head de Produção de Conteúdo Franklin Portela Correia Gerência de Contratos e Operações 
Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos 
Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora 
de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
EXPEDIENTE
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenas de cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
BOAS-VINDAS
MEU CURRÍCULO
MINHA HISTÓRIA
Olá, antes de começar essa leitura, vou me apresentar 
brevemente. 
Atuo a mais de 20 anos como professor em disciplinas de 
cunho crítico. Há quatro anos leciono na Unicesumar. Mi-
nha área de doutoramento é teologia, mas nem por isso 
minha formação e minhas aulas são estruturas dogmá-
ticas. Muito pelo contrário. Primo pelo desenvolvimento 
crítico, pelo questionamento, pela possibilidade de pensar 
“fora da caixa”. Para tanto, na minha tese de doutoramen-
to, defendo que a ideia do pecado surgiu na história como 
uma estrutura de dominação usada por vários povos além 
da experiência bíblica, influenciando as sociedades em di-
ferentes aspectos e de diferentes formas. De certa forma, 
posso dizer que sou um apaixonado pelo que faço, princi-
palmente pela possibilidade crítica.
Contudo, para que a justiça seja feita, tenho que valorizar 
o papel da minha mãe na minha formação. Ela sempre 
dizia: “- Você não deve aceitar algo só porque alguém dis-
se, ou porque alguém com diploma afirmou. Você não é 
menos, nem inferior a ninguém, todos somos iguais, todos 
temos defeitos”. Imagina que ela tinha estudado apenas 
até a quarta série. Suas palavras sempre me inspiraram a 
pensar diferente, a romper com paradigmas, a questionar 
razões e conceitos. Ela foi a maior motivação em todas as 
minhas pesquisas.
Na caminhada acadêmica, sempre procurei o conheci-
mento além dos padrões estruturais. Dessa forma, gosto 
muito de dialogar com outras formas de pensamento. As-
sim, procuro seguir o conselho de um provérbio judaico 
que impulsiona a pesquisa e o diálogo ao afirmar que “um 
texto só foi bem interpretado depois de 70 interpretações 
diferentes”. Diante disso, tenho dialogado com as ciências 
humanas, principalmente filosofia e sociologia, mas tam-
bém com a antropologia, história, linguística, geografia, 
política, economia, psicologia e procuro estar aberto para 
novas possibilidades, como a física newtoniana e o teatro, 
por exemplo. Procuro seguir o provérbio bíblico “Demais, 
filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito 
estudar é enfado da carne” (Ecle 12, 12).
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
http://lattes.cnpq.br/1801171218758828
Minhas pesquisas atuais estão relacionadas principal-
mente com as teorias pós/de-coloniais. Nesse escopo, 
minhas aulas e artigos seguem epistemologias alinhadas 
com ideais de valorização da identidade nacional e deso-
bediência epistêmica. Na filosofia e sociologia, procuro 
dialogar principalmente com Nietzsche, Foucault, Arendt 
e Quijano. Os estudos teológicos, bíblicos e arqueológi-
cos que realizei em instituições diversas, inclusive com 
pesquisas em Israel, auxiliam na compreensão estrutural 
das epistemologias que formaram as diferentes visões 
de mundo. Isso, porque a religião está muito mais imbri-
cada na realidade do que se pode imaginar.
Além da minha vida acadêmica, sou casado há 25 anos 
e tenho dois filhos já adultos. Atuo como palestrante em 
comunidades religiosas, participo e treino pessoas para 
serviços sociais e leitura crítica da Bíblia e Sociedade. 
Minha maior dificuldade é ter apenas 24 horas no dia. 
Gosto muito de trabalhos manuais, principalmente de 
marcenaria e jardinagem, também gosto de trabalhar 
com solda. Pratico esportes, corrida, voleibol, futebol, 
ping-pong e xadrez. Gosto de ler livros críticos e difíceis, 
gosto muito das críticas de Nietzsche e também de litera-
tura, como as críticas de Dostoiévski, a reflexão de Jorge 
Amado, as poesias de Fernando Pessoa e mais alguns. 
Gosto de jogar videogame e assistir séries. É até difícil 
escolher. A característica mais marcante é a criatividade. 
Assim, desde já, informo que estou aberto para refletir e 
crescer juntos, partilhando e formando novas formas de 
ver e interpretar a realidade, construindo conhecimentos 
pessoais, reais e válidos para o dia a dia. 
Formação: Doutorado pela Faculdades EST (Escola Su-
perior de Teologia), ênfase em Escrituras e Tradições 
Sagradas. Mestrado em Bíblia pela Faculdades EST, ên-
fase em leitura e interpretação da Bíblia. Especialista em 
diálogo inter-religioso pelo ITESC (Instituto Teológicode 
Santa Catarina). Bacharel pela FTSA (Faculdade Teológi-
ca Sulamericana). Formação em arqueologia em Israel. 
Professor de leitura e interpretação bíblica, teologias, 
filosofia, sociologia, arqueologia, grego e hebraico desde 
2001. Professor na Unicesumar desde 2018.
IMERSÃO
RECURSOS DE
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati-
vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
CONCEITUANDO
Ao longo do livro, você será con-
vidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este mo-
mento!
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
Como lidar com os diversos tipos e as múltiplas informações que bombardeiam nossas mentes 
todos os dias, principalmente pelas redes sociais, com suas diferentes “verdades” e as múltiplas 
respostas que todos os dias nos confrontam? 
Suponha que o ano é 1961, você é um(a) jornalista bem-sucedido(a) enviado(a) a Jerusalém 
para acompanhar e noticiar o julgamento de um nazista do alto-comando. Todos esperam que 
você seja imparcial e anseiam pela justa condenação do genocida. O problema é que durante 
o julgamento você percebe que não se tratava de um monstro como todos esperavam, mas de 
um militar que apenas seguiu as ordens de comando, sem questionar seus superiores. Alguém 
que tinha “anulado/alienado” seu senso crítico para servir a um regime político. Como você 
noticiaria tal descoberta? Decisão difícil? Será que sua impressão poderia ter sido errada? Ou, 
talvez, a pressão social esteja influenciando sua decisão?
Agora, olhando com mais cuidado, será que os diversos veículos de mídia acabaram impondo 
uma lógica disciplinadora da opinião individual, subjugando inclusive o(a) jornalista? Será que 
eu e você ainda temos a liberdade de escolher aquilo em que vamos acreditar? E os nossos 
pensamentos, são nossos ou apenas reproduções sugestionadas pelas estruturas? 
Até que ponto culturas e filosofias como o Fast Food com seus pratos de micro-ondas preparados 
em 3 minutos não construíram uma espécie de “Fast Tudo”, inclusive o “Fast Crítico”, legitimado 
pelas Reviews e análises de produtos que terceirizaram inclusive o senso crítico? E se todos 
sucumbiram à decadência do pensamento crítico, em que somos diferentes daquele general?
Alguém poderia dizer que é improvável que “todos” tenham sucumbido, mas também não é 
algo impossível. O que seria do mundo caso as estruturas de trabalho deixassem de pensar a 
realidade para viver em função do lucro? E se o senso comum fosse apenas mais um mecanismo 
de naturalização a serviço das lógicas de consumo e, inclusive, se as academias e centros de 
pesquisa também estivessem subjugados às lógicas econômicas? 
Seria possível, diante disso, a formação de um novo senso crítico capaz de interpretar as diversas 
formas de comunicação e suas implicações político-sociais? Um senso que vai além do comum, 
mas que também não é limitado pelo velho senso crítico racionalista? 
Todos os dias somos confrontados por situações que exigem posicionamentos e reflexões, 
para os quais já existem respostas prontas e rápidas. Como na situação do(a) jornalista, temos 
a opção de remar de acordo com a maré ou de ousar e enfrentar as diferenças, assim, o desafio 
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
PENSAMENTO CRÍTICO
dessa disciplina é auxiliá-lo(a) nessa jornada, em busca de construir esse “novo” senso crítico 
ainda que nosso contexto esteja mergulhado em estruturas reguladas por lógicas de consumo.
Assim, além do enfraquecimento do pensamento crítico apontado acima e das dificuldades de 
formar algo que seja próprio, é possível que você também vivencie outro problema: as diversas 
lacunas e, principalmente, o sentimento avesso ao aprendizado que as instituições de educação 
imprimem nos(as) futuros(as) universitários(as). Ou seja, as crianças iniciam seus estudos cheias 
de alegria e vontade de aprender e saem das escolas avessas à leitura e ao aprendizado. Para 
alguns, a escola é uma experiência tão traumática que, depois de se formarem, nunca mais que-
rem ler um livro ou entrar em uma sala de aula. Nesse contexto, realmente é difícil desenvolver 
algum tipo de pensamento crítico. 
Aliada a essa situação, as lógicas de consumo têm dominado toda a realidade que experimen-
tamos de forma a criar uma grande rede de condicionamentos voltados para aquisição de di-
nheiro. É a vida voltada exclusivamente para a prática promovendo o esvaziamento do espírito, 
transformando as pessoas em máquinas, ao modo do aclamado filme de Chaplin “Tempos mo-
dernos”, de 1936. No Brasil, discute-se, inclusive, sobre o banimento das disciplinas filosóficas 
e sociológicas em função de conteúdos voltados para atender às necessidades do mercado de 
trabalho. Esse mesmo “livre” mercado está escravizando o ser humano pela formatação da vida 
voltada para o consumo. E se isso não fosse o bastante, na atualidade, disputas políticas entre 
a esquerda e direita resultaram na identificação de movimentos educacionais e artísticos com 
ideais partidários, confundindo as relações. Essas políticas partidaristas têm marcado nosso 
país pelo enfraquecimento da educação, pela imposição do mercado de trabalho resultando na 
imposição contínua de um pensamento subalterno.
Em uma realidade mais próxima, você também deve estar sendo desafiado(a) a viver nesse mundo 
globalizado, com massiva presença de informações, inclusive fake’s, com novas formas de con-
sumo e de trabalho exigindo cada vez mais e tudo isso em uma espécie de disputa pelo poder 
na qual o conhecimento e a técnica fundiram-se com as lógicas de consumo. No Brasil, toda essa 
crise possui um forte agravante: a herança colonizadora imprimindo uma espécie de “complexo 
de vira-latas”, uma desconfiança generalizada que desvaloriza até mesmo a própria opinião. 
Um exemplo simples pode ser encontrado nas redações e correções ortográficas do período 
escolar. As terríveis aulas de análise sintática que marcaram tantas pessoas de forma negativa. 
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
Como as correções e castrações intelectuais do passado impactaram nosso presente? Ou ainda, 
como as difíceis e acaloradas discussões sobre política, mesmo as realizadas no âmbito familiar, 
influenciam nossa forma de pensar. Será que essas situações afetaram sua forma de pensar e de 
exercer o direito à opinião? 
Por outro lado, usar o senso crítico também não é algo tão fácil e agradável. Devido à minha crítica, 
sempre tive dificuldades nos relacionamentos, principalmente quando era mais jovem. A ausência 
de “travas na língua” me fez passar por cada situação! “Aprendi” do jeito difícil que as pessoas críticas 
geralmente são consideradas chatas e, por muito tempo, ocultei minha crítica para poder viver em 
sociedade, até entender o valor e o momento para o seu uso. 
Parece um “beco sem saída”. Se, por um lado, acrítica é abandonada, a mentalidade de massa fun-
ciona como uma estrutura formatadora da vida e, se por outro lado, enfatiza-se a crítica, a lógica 
social disciplinada pela mentalidade de massa exclui todo o diferente. O que você tem feito? Como 
tem reagido a essas estruturas e lógicas de controle social? Procure em sua experiência acadêmica 
e vivencial por momentos e situações em que tentou expressar sua opinião crítica e foi duramente 
censurado(a). Como essas crises influenciaram sua forma de ser, de pensar, falar e de se relacionar 
socialmente. Inclusive, tente fazer um teste e experimente criticar um artigo ou uma opinião política, 
por exemplo, e procure sondar seus sentimentos e entender como as opiniões te afetam.
E então? Como você avalia o seu desenvolvimento? Será que você herdou o “complexo de vira-la-
tas”? Será que tem dificuldades para escrever um texto? Tem medo de expressar suas opiniões? 
Não gosta de pessoas críticas? Como as suas experiências têm impactado sua forma de pensar e 
refletir sobre as diversas áreas do conhecimento? Aproveite o espaço abaixo, nosso Diário de Bordo, 
e esboce possíveis respostas. 
DIÁRIO DE BORDO
Essa disciplina tem como objetivo auxiliar na formação de um pensamento crítico pessoal e indi-
vidual. A proposta é auxiliá-lo(a) na escuta da própria voz dentre tantas vozes que se impõe sobre 
nós. Não pense que é uma disciplina pessoal e intelectiva, com nenhuma função profissional, pelo 
contrário, o mercado de trabalho busca por pessoas de apurado senso crítico, elas são necessárias 
para a sustentabilidade das atuais estruturas da sociedade, até mesmo das lógicas de consumo, 
ainda que as estruturas de poder não aceitem isso. O contexto de máximas da administração, por 
exemplo, orienta os(as) líderes a manterem as pessoas críticas por perto, por que têm a capacidade 
de aperfeiçoar a realidade ao seu redor e a coragem de confrontar as fraquezas de superiores.
Assim, nessa disciplina, você vai encontrar caminhos para conhecer, avaliar e desenvolver não um 
pensamento crítico geral, mas o seu próprio pensamento crítico. Para isso, inicie imediatamente, 
aproveite o máximo dos conteúdos e busque romper com as lógicas industrializadas e com as 
respostas prontas. Exercite os conhecimentos por meio de análises de livros, filmes, mesas de 
discussões com amigos(as), sempre que possível assista debates e procure avaliar as propostas. 
O desafio é utilizar os conhecimentos para confrontar as estruturas de dominação ideológica, e 
reconhecer, expressar e valorizar a sua própria voz. 
Claro que crítica não se forma no isolacionismo. Para tanto, aproveite as aproximações com outras 
ciências, lógicas e formas de saber, fazendo bom uso dos caminhos de diálogo com outras vozes 
e outros sensos, aprendendo a usar a crítica como ferramenta do pensar. De posse desse saber, é 
possível construir uma nova realidade pessoal, uma nova história que seja sua, capaz de lidar com 
as diferentes realidades que nos cercam.
Por fim, necessária ao desenvolvimento do senso crítico é a prática. De um lado, temos nossas 
experiências pessoais e, de outro, as mudanças sociais que nos impelem à dominação e/ou ao con-
fronto. E para a validade de qualquer conhecimento, é preciso que você pratique e questione suas 
práticas. Comece entendendo que a extensão dessa disciplina envolve muito mais que o mercado 
de trabalho, alcança até as relações mais íntimas. Assim, com a possibilidade de reconstrução e for-
talecimento do senso crítico, avalie sempre seu desenvolvimento, sua relação com outras pessoas, 
com outros pensamentos e lógicas. Sempre que necessário repasse os conteúdos e desenvolva as 
atividades na prática, principalmente de reescrita no Diário de Bordo e se possível na elaboração de 
mapas mentais focalizando o conteúdo central das unidades (aliás, essa é uma boa dica de estudo). 
Procure sempre observar como a formação e fundamentação crítica do pensamento contribuem 
para sua formação, inclusive as dificuldades em desenvolver e aplicar um pensamento crítico. Essa 
avaliação pessoal deve acompanhar-te sempre. 
FILOSOFIA I
13 83
141
PENSAMENTO 
CRÍTICO: 
CONTRIBUIÇÕES
DA SOCIOLOGIA
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1
3
2
FILOSOFIA II
4
5
195
PENSAMENTO 
CRÍTICO: 
SOCIOLOGIA II
247
PENSAMENTO 
CRÍTICO 
BRASILEIRO
1Filosofia I
Dr. Eduardo Sales de Lima
Para iniciar nossa jornada pelo universo do pensamento crítico, 
será preciso que você primeiro conheça com maior profundidade 
o que é argumentação. Além do senso comum, será necessário 
entender a origem, forma e desenvolvimento, o que te dará maior 
perícia na arte de argumentar. Não será algo chato e enfadonho, 
vamos traçar um caminho mais fácil e objetivo. Partiremos da 
prática para a teoria. Para isso, vou te apresentar a argumen-
tação, o silogismo, as premissas e a argumentação dedutiva e 
indutiva. Você já deve ter ouvido falar, mas, aqui, trataremos 
com um pouco mais de profundidade e objetividade. Mesmo 
parecendo muito conteúdo, isso é só o começo. Você também 
vai aprender a estudnsamento. E no fim, o melhor de tudo, vou te 
apresentar o caminho para a análise argumentativa: a validação 
da argumentação, eficaz tanto para leitura acadêmica quanto para 
a escrita científica. Bem estudado, ao término, você será capaz 
de analisar diversas formas de argumentação, inclusive algumas 
das mais complexas.
UNIDADE 1
14
O Pensamento Crítico - 
Introdução, análise de frases
Você já precisou ir para um local desconhecido sem mapa? Como é difícil. E, 
por outro lado, já entrou naquelas cidades onde tudo é sinalizado? Tem placa 
indicando até mesmo o caminho para a prefeitura da cidade. Bom, muito da 
dificuldade para escrever e entender textos acadêmicos está relacionado com a 
ausência de sinalizações. Ler e escrever sem conhecer o método de argumentação 
é como trafegar sem um mapa. Você, como eu, provavelmente também aprendeu 
a ler e escrever sem considerar a lógica da argumentação. Contudo, não precisa 
se preocupar, neste capítulo vou fornecer algumas chaves de leitura para superar 
os principais dificultadores na interpretação de argumentos diversos. 
Agora, se por ventura, você não desenvolveu o senso crítico de forma sufi-
ciente, saiba que esse é um problema social. A configuração de mundo atual em 
relação à formação do povo brasileiro contribui e impõe uma forma de pensa-
mento regrado por parâmetros externos. Desde a formação nas escolas, nos lares 
e nos locais de trabalho, no geral há pouco apoio para o desenvolvimento pessoal 
e, menos ainda, para o desenvolvimento do senso crítico. A dificuldade de ler, 
escrever e até de refletir questões críticas é fruto de uma estrutura que favorece 
lógicas comerciais em detrimento da reflexão sobre a própria vida.
Partindo de situações além da escrita e interpretação, a ausência de pensa-
mento crítico e o crescimento da indiferença são problemas comuns a todas as 
sociedades, principalmente sob a influência das lógicas de mercado. Com certeza 
você já deve ter identificado situações em que a ausência de crítica favoreceu 
algum tipo de banalização do mal. Um exemplo de banalização é o tratamento 
dos “moradores de rua”. Como profissional da área de ciências humanas e sociais, 
de que forma você abordaria essa situação? Será que realmente é um problema? 
Ou será que a mídia explora a imagem desse grupo para lucrar com o sensacio-
nalismo? Você aceitaria as propostas do politicamente correto ou questionaria o 
próprio termo “morador de rua”? Este é apenas um caso em que o pensamento 
crítico é necessário e, a partir desse, pode-se questionar até o próprio senso co-
mum e o famoso “politicamente correto”. 
UNICESUMAR
15
A epistemologia subjugada por lógicas de dominação promoveu e promove 
diversas formas de acomodação social. Você já parou para pensar no termo “mo-
rador de rua”? Será que esse termo não seria uma falácia que oculta o real sentido 
de abandono social? Nessa linha de raciocínio,será que as críticas da filósofa 
Maria Lúcia de Arruda Aranha (1993, p. 419-420) que tratam dos moradores 
como uma situação de morte social também seria sensacionalismo?
Qual o tipo de profissional você acha que atende às necessidades na nossa 
época? Eichmann, o soldado cegamente obediente, ou Arendt, a repórter e filóso-
fa política que buscou o verdadeiro problema, a ausência de crítica que inunda o 
imaginário popular? Será que a subjugação da subjetividade individual às lógicas 
de mercado desvalorizou a realidade ao nosso redor, transformando a família, os 
filhos, a vida, em moedas de troca? Como chamar a atenção da sociedade para 
os males causados pela ausência de pensamento crítico? 
Com certeza o pensamento crítico responde a diversos problemas de nossa 
época. Resta apenas o desafio de romper com estruturas ideológicas e sociais a 
fim de construir uma prática profissional e vivencial que realmente 
faça a diferença.
UNIDADE 1
16
O pensamento crítico não deve ser entendido como uma prática reclusa ao meio 
acadêmico e sem contato com a vida. A jornalista e filósofa-política Hannah Arendt, 
por exemplo, foi enviada para acompanhar um dos julgamentos mais famosos da 
história, o caso de Adolf Eichmann, considerado um dos responsáveis pelo holo-
causto judaico. Após o julgamento, Arendt noticiou sua surpresa com as respostas de 
Eichmann. Entendeu que não se tratava de um monstro, mas de um soldado cum-
prindo ordens. Uma pessoa como qualquer outra que decidiu não usar seu senso 
crítico em razão do “cumprimento do dever”. Essa realidade chocante foi retratada 
no livro Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal (ARENDT, 
1999). Podemos inferir dos textos de Arendt que existia algo pior que o Nazismo, a 
falta de reflexão crítica. Situação em que as pessoas, absorvidas pela realidade, deixa-
ram de refletir sobre suas ações e passaram a viver “seguindo a maré”. A essa postura, 
Arendt (2002, p.28) chamou de “idiotismo”, referência ao termo grego “idion” (eu, 
eu mesmo), indicando a característica de pessoas que não conseguiam enxergar 
além das próprias necessidades. A reflexão crítica é necessária para um retorno ao 
que é próprio, ao “conhece-te a ti mesmo”, a uma revisão, principalmente da ética 
nas relações. Dessa perspectiva, o papel do profissional de filosofia e sociologia é 
fundamental para o desenvolvimento de uma nação. 
Para você entender a urgência dessa proposta, o resultado da pesquisa sobre o 
Índice de Alfabetismo Funcional (INAF BRASIL, 2018, on-line) identificou que três 
em cada dez brasileiros são analfabetos funcionais. Avaliaram a população brasileira 
entre 15 e 64 anos nas habilidades de leitura e escrita. E dos 70% “alfabetizados”, 
apenas 12% foram considerados proficientes, cumprindo as exigências a contento 
(conseguem interpretar e elaborar textos). Segundo a pesquisa que mede o índice de 
leitura do povo brasileiro (IBOPE INTELIGÊNCIA, 2016, on-line) 44% da popula-
ção Brasileira é formada por pessoas que não leram nenhuma parte de um livro nos 
últimos 3 meses. Veja que esses dados apenas corroboram para o desenvolvimento 
desse “idiotismo” de mercado e apontam para a necessidade de profissionais capazes 
de formar e transformar a sociedade pela capacidade de pensar criticamente.
A partir desse exemplo, a reflexão crítica orientada pela filosofia e sociologia 
assume um papel importantíssimo,pois, por meio delas, é possível ir além das pro-
postas ideológicas convencionais, das configurações do “politicamente correto” e 
criticar os múltiplos sentidos das ações individuais e estruturais das sociedades em 
que vivemos. E não precisa ser um levante contra as estruturas de mercado, isso 
porque o próprio mercado necessita de profissionais atentos às diversas armadilhas 
UNICESUMAR
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que cerceiam a intelectualidade. Assim, seu papel como profissional dessas áreas 
supera as atividades formais e assume razão central da vida, sobre e para a vida. 
Você também precisa ter em conta a influência da colonialidade (presença da 
visão de mundo colonialista subjugando o imaginário aos ideais colonizadores). 
Parece algo distante, mas não é. Essa presença ideológica atua até mesmo pela con-
tinuidade da linguagem estrangeira (português) que compõe o cenário, o ideário 
estrutural que limita nossa imaginação, nossas opiniões e conceitos. Ou seja, o meu 
e o seu pensamento seguem padrões e lógicas dispostos segundo os parâmetros 
da linguagem. Funcionam como estruturas que exercem controle da vida. Outro 
tipo de controle presente funciona por meio da lógica de mercado. São estruturas 
limitadoras do pensamento, da imaginação e da ação criativa, subjugando toda 
realidade às lógicas de consumo.
Descrição da Imagem: Um cenário de areia de praia, um par de sapatos sociais e pegadas descal-
ças, indicando mudança de postura, valorizando elementos não estruturais.
Figura 01 – Moldes e estruturas
Se até esse momento você ainda não se preocupou com a necessidade de uma 
reflexão crítica, é possível que o caso seja mais sério do que parece. Contudo, fique 
tranquilo(a), esse é o propósito deste livro. Também espero que você já tenha 
entendido que ter senso crítico não é o mesmo que “ser do contra”, mas se propor 
a refletir e perceber outras formas e alternativas para o pensamento. Assim, eu 
vou insistir na temática e propor uma reflexão prática para você experimentar e, 
se for o caso, relembrar da prática crítica.
UNIDADE 1
18
Deste modo, do local onde você está agora, procure identificar alguma coisa, uma 
mesa, uma cadeira, um livro, uma parede, qualquer coisa. Depois procure pensar 
sobre ela. Por exemplo, a mesa. Tente desenvolver uma opinião crítica sobre ela. Co-
mece pensando em conforto, qualidade, estética, custo, coerência com o todo, cultura, 
impacto que vai gerar nas outras pessoas. Qual desses valores é o mais importante? 
Como esses valores são relacionados? Como afetam compradores e vendedores? Será 
que cabe alguma melhoria? Será que o formato da mesa sofreu alguma mudança na 
história? Se houve, quais os principais motivos das mudanças? Sociais? Culturais? 
Econômico-financeiros? Como as mesas são percebidas em outros países? Outras 
culturas? Em outras épocas? Todas essas questões fazem parte de diversas perspec-
tivas de reflexão crítica.
Então, você já tinha parado para pensar sobre as mesas? A propósito, será que os 
novos modelos de bancada de serviço, importados dos apartamentos norte-america-
nos, são coerentes com a cultura brasileira? Qual o papel da mesa na cultura brasilei-
ra? É possível que as bancadas de serviço afetem as relações sociais como a tradição 
familiar de sentar ao redor da mesa para comer juntos? Será que as residências com 
televisores e computadores individualizados por quarto não aumentam as distâncias 
e favorecem lógicas individualistas? Será que os móveis práticos surgiram, porque 
nossas vidas ficaram corridas, ou nossas vidas ficaram corridas 
por causa dos móveis práticos? 
Agora que você respondeu aos questionamentos aci-
ma, ou pelo menos tentou, o que você poderia identificar 
como necessidade para desenvolver o pensamento críti-
co? E sobre a importância? Seria necessário pensar sobre 
a vida e sobre as estruturas que nos cercam? 
Pode até não parecer, mas até o mo-
mento discorremos por diversos assun-
tos dentro da nossa temática. Nesse 
momento, antes de aprofundar-
mos em nossa disciplina, propo-
nho uma parada para continuar 
com os processos de reflexão. 
UNICESUMAR
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Abaixo está disposto um espaço para que você descreva suas compreensões e 
desenvolvimentos da caminhada até aqui. Assim, supondo as complexidades do sis-
tema educacional brasileiro e as confusões que nossas subjetividades sofrem diante 
de diversas influências, principalmente as castradoras, descreva como foi que você se 
sentiu diante dos temas apresentados, principalmente da prática com reflexão crítica 
sobre os móveis de casa. Descreve se você consegue ver a si mesmo como uma pessoa 
desenso crítico. E se você já pratica o senso crítico, quais os principais dificultadores 
para o seu desenvolvimento? Caso ainda não tenha essa prática, por quais motivos 
não tem conseguido desenvolvê-lo?
DIÁRIO DE BORDO
UNIDADE 1
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ARGUMENTAÇÃO: Frases e Proposições
Não acredito que você está lendo com pressa sem se atentar para as atividades 
propostas! Se você pulou o momento de reflexão, reduza a marcha, retorne ao 
Diário de Bordo e tente descrever suas experiências boas e ruins com o pen-
samento crítico. A seguir, pode retornar a esse momento que iniciaremos uma 
reflexão mais técnica e conceitual. Essa parte, um pouco mais densa, é necessária 
para aprofundar na análise argumentativa.
Agora vamos falar sobre a ARGUMENTAÇÃO: Frases e Proposições.
Antes de iniciar a jornada no mundo dos argumentos, vamos fazer uma parada 
para observar uma discussão de casal muito comum no cotidiano brasileiro. Leia 
com atenção porque esse texto servirá de base para análise inicial de argumentos.
A Falácia da Generalização: Briga de casal
Era fim de semana e, ainda que sem vontade, Maria foi lavar a louça. O pro-
blema aconteceu quando, num momento de descuido, derrubou um copo 
no chão. Não seria nada, se não fosse pelo fato de João, seu esposo, estar 
passando na cozinha naquele exato momento.
- Outro copo! – disse João – Não aguento mais comprar copos para essa 
casa! 
- Pra que tudo isso? – respondeu Maria – Foi só um copo.
- Só um copo? – redarguiu João, babando de raiva – “Só um copo”, você 
diz. É sempre assim – continuou –, você não dá valor em nada, não faz 
nada direito, pensa que meu dinheiro nasce em árvore. É por isso que 
sempre estamos em dificuldades financeiras, porque você é uma desas-
trada que não faz nada direito. 
Tema: Aprenda a ter sucesso 
com o Pensamento Crítico
Autores: Eduardo Sales e Lucas Rodrigues
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6167
UNICESUMAR
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- E você é um grosso! – respondeu Maria no mesmo instante – um estúpi-
do que não sabe falar com as pessoas.
Dito isso, os dois ficaram emburrados e foram para seus cantos. Meia-hora 
depois, Maria ainda estava arrumando a cozinha enquanto João, na sala, 
assistindo televisão, decidiu romper o silêncio:
- Maria, amorzinho! Pode me trazer um copo de água?
- O quê? Além de estúpido é muito folgado mesmo – pensou Maria – Mas 
ainda assim foi levar a água para o “educadinho”. 
Quando ela entrou na sala, emburrada e com a cara fechada, seu marido 
João pegou a água e, sem perceber a noção do perigo, perguntou: 
- Que cara é essa? Você tá bem, amor? 
No texto acima, há pelo menos três argumentos principais: o argumento do nar-
rador, ilustrando a irrelevância e disparidade de uma briga de casal. O do esposo, 
revelando sua indignação com a falta de cuidado da esposa, e o argumento da 
esposa questionando a grosseria e indiferença do marido. O texto também apre-
senta uma conclusão humorada em relação à alienação do marido. Argumentar 
é algo natural e está em todas as formas de discurso. Pode ser entendido a partir 
do termo “arguir”, com sentido de “perguntar”, “apresentar provas”, “demonstrar”, e 
pode ser expressada na forma escrita ou oral. Segundo uma definição introdutória 
de Carnielli e Epstein (2010, p. 3), argumentar é a tentativa de persuadir alguém. 
A análise de um determinado discurso é bem mais fácil quando desenvolvida 
a partir da escrita. No texto acima, temos uma discussão (oral) apresentada em 
forma textual. Nele você também pode perceber que um discurso argumentativo 
complexo e bem elaborado não depende necessariamente de conhecimentos sin-
táticos e gramaticais, isso porque a estrutura do discurso foi aprendida na prática, 
de forma inconsciente. Todavia, se o objetivo for transcrever um determinado 
discurso, pode ser um pouco diferente e até complexo. 
Independentemente do tipo do argumento, se oral ou escrito, para uma aná-
lise pode-se partir das orações. Em um primeiro momento, basta identificar as 
proposições (afirmações e negações) nas orações, instrumentos pelos quais é 
possível expressar opiniões. São as frases declarativas, que podem expressar opi-
niões verdadeiras ou falsas e as frases não-declarativas, que podem exprimir 
UNIDADE 1
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solicitações, desejos, dúvidas e questionamentos, ou descrições gerais. 
Exemplos de identificação de frases (declarativas ou não-declarativas):
 ■ “Maria foi lavar a louça” - não declarativa (não expressa uma opinião)
 ■ “O problema aconteceu quando, num momento de descuido, derrubou um 
copo no chão”. - declarativa (expressa uma opinião do narrador). Ou seja, 
segundo o narrador, o problema foi derrubar o copo no momento errado. 
 ■ “Outro copo! – disse João – Não aguento mais comprar copos para essa 
casa!” - declarativa (expressa uma opinião). Apresentou uma crítica ba-
seado na quantidade. 
 ■ “Pra que tudo isso? – respondeu Maria –Foi só um copo”. - Declarativa 
(expressa opinião). Está apresentando uma defesa baseada na quantidade. 
 ■ “Maria ainda estava arrumando a cozinha enquanto João, na sala assistin-
do televisão, decidiu romper o silêncio” - não declarativa.
Para fins de classificação inicial, você precisará entender que a proposição pode 
ser chamada de premissa, afirmação e asserção. Em geral, esses termos são usados 
como sinônimos para descrever uma frase declarativa que pode ser verdadeira 
ou falsa (CARNIELLI; EPSTEIN, 2010, p.4). Para tratar desse tema, o livro Ór-
ganon de Aristóteles desenvolve a classificação das afirmações (proposições ou 
premissas), analisando o uso e as regras para definição de verdade e falsidade, 
inclusive analisa a utilização de categorias universais e particulares na elaboração 
de proposições (ARISTÓTELES, 2010, p. 86-93). 
Descrição da Imagem: Foto desenhada de uma pos-
sível imagem de Aristóteles, um senhor de meia idade 
com barba e roupas gregas.
Figura 2 – Busto de Aristóteles
UNICESUMAR
23
Aristóteles (2010, p. 86) ensinou que “a proposição afirma alguma coisa de alguma 
coisa, e entendemos por negação, a proposição que nega alguma coisa de algu-
ma coisa.” Tudo que se pode afirmar também se pode negar, de forma que toda 
afirmação e negação terão os seus opostos. Dentre os diversos desenvolvimentos 
propostos em seu livro Órganon, discorreu sobre a “contradição”, situação onde 
há uma contraposição de afirmação e negação no mesmo argumento, geralmen-
te entre a primeira e a segunda premissa, mas também pode ser em uma única 
premissa. Um exemplo seria: - Eu gosto de batatas, mas não gosto de tubérculos.
Às vezes a contradição também pode ser lógica. Assim, no texto sobre a discus-
são de casal, o marido criticou a esposa de forma grosseira por causa de um copo 
quebrado e, em seguida, pediu gentilmente para a esposa trazer um copo de água.
Aristóteles também definiu a diferença entre as categorias universais (Homem, 
Mulher, seres humanos) e particulares (João, Maria). O enunciado também foi 
desenvolvido na perspectiva universal, pela utilização das palavras “tudo”, “todo”, 
“todos(as)”, “somente”, “ninguém”, “nada”. Antes de avançar, retorne ao texto sobre 
a discussão e identifique (sublinhe) possíveis contradições e utilizações de termos 
universais e particulares.
Aristóteles também desenvolveu um método de apresentar proposições in-
definidas (imprecisas). Para isso utilizou termos como “alguns”, “algumas”, “algo”, 
“alguém”, termos que, bem colocados, podem tornar as proposições verdadeiras. 
Por exemplo, no texto inicial sobre a discussão, o esposo diz: “você não faz nada 
direito”, com certeza essa afirmação é falsa. Trata-se de uma generalização que 
perde seu sentido como evidência. Essa proposta de Aristóteles é muito útil para 
a reflexão acadêmica atual, principalmente para as ciências sociais que não de-
senvolve pesquisas com precisão matemática, mas voltada para probabilidade 
estatística. Assim, a utilização de termos indeterminados nas proposições alarga 
o sentido e evita refutação de formulações taxativas. Por exemplo: 
– Todosos homens tratam as mulheres com grosseria. 
Essa afirmação é taxativa e absoluta, baseada em uma generalização. Para refu-
tação desse argumento basta que um homem seja educado e gentil com as mu-
lheres. Agora se empregarmos a correção sugerida pela proposta de Aristóteles, 
teremos o seguinte exemplo:
– Alguns homens tratam as mulheres com grosseria. 
UNIDADE 1
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Que tal uma breve verificação sobre Argumentação? Segundo a proposta de Aristóteles, 
podemos identificá-las em alguns passos principais: 
1. Premissas são proposições que afirmam ou negam alguma coisa.
2. Uma contradição é representada pelo par de proposições afirmativa e negativa no 
mesmo argumento.
3. As premissas relacionam e articulam categorias universais e particulares.
4. Proposições indeterminadas também podem ser verdadeiras.
5. As proposições podem indicar possibilidades. Essas formas são usadas para o de-
senvolvimento de hipóteses a serem verificadas.
EXPLORANDO IDEIAS
Essa afirmação é mais maleável e elástica, muito mais difícil de ser refutada. Entre-
tanto, não representa uma verdade absoluta e taxativa. E justamente por isso, sua 
verificação depende da validade das amostras, de quantos casais foram ouvidos, 
em quais regiões e faixas etárias.
Aristóteles ensina que também é possível analisar uma proposição da pers-
pectiva da possibilidade. Assim, os termos “é possível”, “não é possível” e “é neces-
sário” tornaram-se opções no desenvolvimento de proposições. No texto modelo, 
é possível identificar duas frases que articulam termos de possibilidade. Volte 
ao texto inicial sobre a discussão de casal, procure e sublinhe as duas frases que 
indicam possibilidade. 
Proposições vagas, imprecisas e ambíguas
Como você deve ter percebido, uma vez que as proposições são formadas por 
orações, é possível que haja falhas nas orações que compõem a proposição. Car-
nielli e Epstein (2010, p.13) apresentam diversas falhas nas proposições. Como em 
Aristóteles, é no estudo das frases que compõem as preposições que você poderá 
perceber se determinada proposição é vaga, imprecisa e/ou ambígua. 
Na discussão de casal no texto exemplo, você pode observar que foram usadas 
diversas frases vagas e imprecisas e, no término, uma cena ambígua. Observe o 
trecho da discussão a seguir:
UNICESUMAR
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– Outro copo! – disse João – Não aguento mais comprar copos para 
essa casa! 
– Pra que tudo isso? – respondeu Maria – Foi só um copo.
– Só um copo? – redarguiu João, babando de raiva – “Só um copo”, 
você diz. É sempre assim – continuou –, você não dá valor em nada, 
não faz nada direito, pensa que meu dinheiro nasce em árvore. É 
por isso que sempre estamos em dificuldades financeiras, porque 
você é uma desastrada que não faz nada direito. 
– E você é um grosso! – respondeu Maria no mesmo instante – um 
estúpido que não sabe falar com as pessoas.
Lendo esse intervalo, você consegue destacar as frases imprecisas? Você pode 
encontrá-las na explosão e indignação do esposo (parcialmente vagas); ele está 
falando sobre copos, mas esse realmente é o assunto em questão? Na outra frase 
dele, pode-se deduzir que o problema é dificuldade financeira. A imprecisão do 
argumento abriu margem para interpretações diversas, inclusive que a culpa era 
somente da esposa. 
As respostas da esposa também foram vagas e imprecisas. Com a frase, “Pra 
que tudo isso?”, não está claro a que se refere, então ele também não percebe que 
ela não está tratando do copo, mas da grosseria. A resposta dela foi motivada pela 
explosão e parcialidade dele. Interessante que um discurso vago e impreciso gera 
interpretações diversas e, em uma discussão, as interpretações ficam mais pessoais 
e subjetivas, aumentando o cenário de incompreensão. Como seria essa discussão 
se as frases fossem claras e objetivas? Antes de ler a possibilidade anotada abaixo, 
volte para o texto e tente imaginar como seria essa discussão se as frases fossem 
ditas com clareza.
– Outro copo! – disse João – Puxa vida! Isso me lembra que preci-
samos conversar sobre nossas finanças e encontrar meios de evitar 
desperdícios. 
– Sim – respondeu Maria –, acredito que podemos tratar de qualquer 
assunto civilizadamente, sem necessidade de agressões e grosserias.
(A discussão poderia ter acabado aqui)
Desse exercício, pode-se entender que muitas discussões surgem por dificulda-
de de expressão e entendimento. Uma espécie de mal-entendido tomado como 
UNIDADE 1
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verdade, ao modo da teoria psicanalítica de Jacques Lacan (2005, p.90). Uma 
frase vaga e imprecisa dita na hora errada pode gerar vários problemas. Existem 
várias frases vagas, como: “ser livre é muito bom!”; “Estamos fazendo o possível”; 
“Quando eu me tornar prefeito, farei o melhor!” etc. Carnielli e Epstein (2010, 
p.14) afirmam que, de certa forma, todas as frases são vagas. Por exemplo, quando 
afirmo que “o gerente chegou atrasado”, estou sendo vago e impreciso. Ele estaria 
atrasado para quê? O quanto atrasado? Chegou onde? Embora essa frase seja vaga 
e imprecisa, a partir do contexto, é possível entender do que se trata, assim, uma 
frase vaga é aquela que, conhecendo o contexto, não se é possível determinar a 
sua validade. “Às vezes não se pode ver onde começa a luz e termina a escuridão, 
mas o fato de não podermos traçar uma linha de demarcação não significa que 
não haja uma diferença entre os extremos” (CARNIELLI; EPSTEIN, 2010, p. 14).
Outro elemento que contribui para que uma frase seja clara ou vaga é a objeti-
vidade e subjetividade. Assim, uma frase é objetiva quando suas afirmações estão 
mais relacionadas a dados externos do que a percepções pessoais (preferências 
e históricos). Uma frase é subjetiva quando suas afirmações estão mais relacio-
nadas a dados internos do que externos. Um exemplo claro pode ser entendido 
a partir das opiniões sobre temperatura. No mesmo ambiente, uns sentem frio e 
outros calor, informação que não depende apenas de dados externos. Uma frase 
é subjetiva quando relaciona expressões como “penso que”, “acredito que”, “sinto 
que”. Por outro lado, a expressão matemática 2+2 = 4 é objetiva e independe de 
histórico e preferências pessoais. No entanto, não se engane, objetividade não é 
garantida de validade. Veja que a afirmação 2+2 = 5, por exemplo, é objetiva, mas 
não é verdadeira, e a afirmação, “penso que a terra circula ao redor do sol e não 
o contrário”, é subjetiva, mas retrata uma verdade.
Mas, professor, você esqueceu das frases ambíguas? Como sei que você está 
prestando atenção na leitura, é claro que não as deixaria passar. Vamos abordá-las 
a partir da discussão usada como exemplo de argumentação, no término do texto 
quando o marido quebra o silêncio:
– Maria, amorzinho, pode me trazer um copo de água? 
Nessa frase, temos uma ambiguidade lógica, vinculada às proposições anteriores. 
Antes ele agrediu a esposa e agora chama de amorzinho. Essa ambiguidade abre 
espaço para outras interpretações possíveis, como ironia e desdém. Cabe ainda 
afirmar que ambiguidade não é necessariamente oposição de ideias, mas a per-
UNICESUMAR
27
Frases vagas, imprecisas e ambíguas
Além da análise de Aristóteles que fundamenta o sentido e conteúdo das premissas, tam-
bém podemos entender que as orações que compõem as proposições podem ser vagas, 
imprecisas e ambíguas. No estudo das frases, ainda é possível identificar falhas nas ora-
ções e proposições. Assim, as frases podem ser:
1. Vagas e imprecisas, dificultam a compreensão do discurso e podem agravar discus-
sões. 
2. Frases vagas e imprecisas permitem múltiplas interpretações e dificulta a definição e 
justa compreensão do sentido. 
3. A subjetividade pode contribuir para elaboração de frases vagas e imprecisas. O ele-
mento pessoal caracteriza o discurso como opinião dependendo de diversos ele-
mentos particulares.
4. As frases também podem ser ambíguas, construções com mais de uma possibilidade 
de interpretação.
Um bom exercício é treinar a leitura a perceber frases vagas, imprecisas e ambíguas.Assim, 
sempre que for ler qualquer material procure fazê-lo de forma atenta a esses problemas.
EXPLORANDO IDEIAS
cepção de que para a proposição há mais de uma possibilidade de interpretação. 
Dentre as principais ambiguidades, estão as confusões textuais com a pessoa que 
coordena a ação. Por exemplo:
– Temos leite de castanha do Pará e de amêndoas. 
– Maria viu José de óculos.
No primeiro exemplo, são dois produtos distintos ou apenas um produto com as 
duas oleaginosas? No segundo exemplo, quem estava de óculos, Maria ou José? 
Esse é um primeiro momento na análise onde trata-se de questões introdu-
tórias como vagueza, imprecisão e ambiguidade nas proposições.
A leitura realizada até aqui forneceu condições para eu te propor um desafio. 
Que tal analisarmos um trecho extraído do livro A República de Platão? Enfim, 
eu não disse que a caminhada para desenvolver o senso crítico seria livre de de-
safios. Assim, para esse primeiro desafio, esbocei um exemplo de análise possível 
a partir do que estudamos até o momento. Antes da análise, faça uma leitura no 
UNIDADE 1
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texto abaixo e tente sublinhar elementos que indiquem se as frases são: Afirma-
tiva, Negativa, Contradição; se expressam Universalidade e Particularidade; se 
há elementos indefinidos; se expressam possibilidade e/ou hipótese; se as frases 
são vagas ou imprecisas; se a fonte de dados é objetiva ou subjetiva; se há juízo 
moral ou ambiguidades. 
Sócrates — Mas a expressão ‘senhor de si mesmo” não é ridícula? Aquele que 
é senhor de si mesmo é também, acredito, escravo de si mesmo, 
e aquele que é escravo, é também senhor, porque ambas as ex-
pressões se referem à mesma pessoa.
Glauco — Não há dúvida.
Sócrates — Esta expressão parece-me querer dizer que existem duas partes 
na alma humana: uma superior em qualidade e outra inferior; 
quando a superior comanda a inferior, diz-se que é o homem 
senhor de si mesmo — o que é, sem dúvida, um elogio; mas 
quando, devido a uma má educação ou a uma má frequência, 
a parte superior, que é menor, é dominada pela massa dos ele-
mentos que compõem a inferior, censura-se este domínio como 
vergonhoso e diz-se que o homem em semelhante estado é es-
cravo de si mesmo e corrupto.
Glauco — Parece-me sensata essa explicação.
Sócrates — Atenta agora para a nossa jovem cidade; verás uma dessas condi-
ções realizada e dirás que é com razão que se lhe chama senhora 
de si mesma, admitindo que se deve chamar moderado e senhor 
de si mesmo a tudo aquilo em que a parte superior comanda a 
inferior.
Glauco — Atento e vejo que falas verdade.
Sócrates — É claro que também descobrirás nela, em grande número e feitio, 
paixões, prazeres e dores, sobretudo nas crianças, nas mulheres, 
nos escravos e na turba de homens de baixa condição que são 
considerados livres (PLATÃO, 2005, p. 181, 431a-b).
Exemplo de análise dos argumentos no texto de Platão 
(2005, p. 181, 431a-b)
Para o texto acima, pode-se observar os seguintes apontamentos argumentativos ini-
ciais, apresentados por sessões; na análise abaixo, será explorada apenas a fala de Só-
crates, visto que para os textos atribuídos a Glauco não há comentários a acrescentar.
UNICESUMAR
29
Na primeira fala de Sócrates, o texto é afirmativo, não está apresentando uma 
proposição negativa. Utiliza conceitos e categorias universais como “senhor e 
escravo”, não trata de casos particulares; é um texto subjetivo, usa termos que 
indicam opinião baseada em crença: “acredito”.
Na segunda fala de Sócrates, o texto ainda é afirmativo; continua usando concei-
tos e categorias universais “alma humana” e não trata de casos particulares. Também 
é subjetivo, e usa termos que indicam opinião baseada em percepção “parece-me”, 
mas também usa dedução a partir de observação e trata da ambiguidade da alma.
Na terceira fala de Sócrates, temos um texto afirmativo, que usa a dedução por 
observação externa; apresenta uma particularidade ao tratar da cidade. 
Na quarta fala de Sócrates, o texto é afirmativo; propõe uma dedução a partir de 
observação externa, e trata da cidade como se fosse um caso, uma particularização.
Se você teve dificuldades, não se preocupe. Tente reler o texto e procure en-
tender o sentido. Não fique muito preso às regras, lembre-se de que, na prática, 
todos já fazemos análise das orações e proposições. Enfim, esse exercício não é 
definitivo, mas introdutório e tem por objetivo auxiliar na compreensão das frases 
que compõem as proposições. Se você entendeu bem, eu sugiro que você pegue 
outros textos e comece a praticar. Quanto mais você fizer, mais habilidoso(a) será.
ARGUMENTAÇÃO: Estrutura Lógica
A primeira skill (habilidade) para compreensão, desenvolvimento e análise da 
argumentação é o conhecimento das proposições e da importância das frases. Se 
você conseguiu analisar o texto anterior e entender, pode seguir adiante, caso não 
tenha feito, volte e faça. Ele é importante e necessário para alcançar a próxima skill. 
Seguindo nossa caminhada, passaremos a algo um pouco mais difícil, a argu-
mentação propriamente dita. Uma das principais dificuldades, não apenas durante 
o período escolar, mas também no universitário, é escrever e entender alguns 
livros. Contudo, fique tranquilo(a), você verá que não é algo tão difícil quanto 
parece. Na prática, usamos a argumentação todos os dias no discurso oral. Assim, 
observe as dicas importantes nos textos a seguir, no qual a argumentação e suas 
dificuldades serão dispostas. 
A primeira pista para desenvolver essa nova habilidade encontramos na ex-
plicação de Carnielli e Epstein (2010, p. 8): 
UNIDADE 1
30
 “ Um argumento é uma coleção de afirmações, dentre as quais uma se chama ‘conclusão’ e cuja verdade procura-se estabelecer; as outras afirmações chamam-se ‘premissas’, e essas afirmações pretendem 
conduzir à conclusão.
Mais que uma afirmação ou uma pista de leitura, esse trecho é quase um mantra. 
Você vai usar essa estrutura de argumentação em todo o seu desenvolvimento 
acadêmico. Qualquer texto que você estudar, seja da cultura pop aos clássicos da 
filosofia, os parágrafos sempre funcionam como argumentos. E cada parágrafo 
tem introdução, desenvolvimento e conclusão, sendo que, em uma perspectiva 
mais acadêmica, eles podem ser estruturados em afirmações que fundamentam 
a conclusão que pode estar no fim ou no início do parágrafo. Em ambos os casos, 
as outras proposições funcionam como defesa e fundamentação dos argumentos. 
Assim, quando você ler um livro ou escrever um parágrafo, é necessário identifi-
car as proposições e a conclusão. Exemplo:
Sócrates — Porém talvez a raça dos filósofos não seja, por assim dizer, muito 
mais fácil de conhecer do que a dos deuses. Em virtude da igno-
rância da maioria, esses varões percorrem as cidades sob as mais 
variadas aparências, contemplando, sobranceiros, a vida cá de 
baixo. Não me refiro aos pretensos filósofos, porém aos de ver-
dade. Aos olhos de algumas pessoas, eles carecem em absoluto 
de merecimento; para outros, são dignos de toda a consideração. 
Ora se apresentam como políticos, ora como sofistas, havendo, 
até, quem dê a impressão de ser completamente louco. Por isso 
mesmo, gostaria de perguntar ao nosso Estrangeiro, caso nada 
tenha a opor, como pensam a esse respeito lá por suas bandas e 
como os denominam (PLATÃO, 2003, p. 2).
Como explicado, o texto acima começa com uma proposição que carece de jus-
tificação, a conclusão é justificada pelas premissas. Nesse caso, foi usado para 
conclusão (Conc), premissa menor (Pm) e premissa maior (PM). Assim, temos: 
(Conc) “Porém talvez a raça dos filósofos não seja, por assim dizer, muito 
mais fácil de conhecer do que a dos deuses.” 
(Pm) “Em virtude da ignorância da maioria, esses varões percorrem as 
cidades sob as mais variadas aparências, contemplando, sobranceiros, 
a vida cá de baixo”. 
UNICESUMAR
31
(PM) “Não me refiro aos pretensos filósofos, porém aos de verdade. Aos 
olhos de algumas pessoas, eles carecem em absoluto de merecimento; 
paraoutros, são dignos de toda a consideração. Ora se apresentam 
como políticos, ora como sofistas, havendo, até, quem dê a impressão 
de ser completamente louco”. 
Esse exercício é importante, porque ajuda a entender que o discurso lógico não está 
limitado às formas de silogismo. Bom, esse não é exatamente um texto fácil, mas sua 
escrita define as proposições. Essa segunda habilidade é muito importante e você 
vai usá-la em toda a sua vivência acadêmica. Assim, que tal uma pausa para olhar 
um texto difícil? Será que já é possível analisar texto mais complexos? Como seria a 
estrutura argumentativa de um texto de Nietzsche, por exemplo? Será que, mesmo 
sem o contexto do autor, e apenas com o reconhecimento das frases e ordem argu-
mentativa, já é possível elaborar uma proposta de compreensão crítica? Veja o texto 
a seguir extraído do primeiro parágrafo do livro Humano, demasiado humano.
 “ 1. Já me disseram com frequência, e sempre com enorme sur-presa, que uma coisa une e distingue todos os meus livros, do Nascimento da tragédia ao recém-publicado Prelúdio a uma 
filosofia do futuro: todos eles contêm, assim afirmaram, laços e 
redes para pássaros incautos, e quase um incitamento, constante 
e nem sempre notado, à inversão das valorações habituais e dos 
hábitos valorizados. Como? Tudo somente — humano, dema-
siado humano? Com este suspiro dizem que um leitor emerge 
de meus livros, não sem alguma reticência e até desconfiança 
frente à moral, e mesmo um tanto disposto e encorajado a fa-
zer-se defensor das piores coisas: e se elas forem apenas as mais 
bem caluniadas? Já chamaram meus livros de uma escola da 
suspeita, mais ainda do desprezo, felizmente também da cora-
gem, até mesmo da temeridade. De fato, eu mesmo não acredito 
que alguém, alguma vez, tenha olhado para o mundo com mais 
profunda suspeita, e não apenas como eventual advogado do 
Diabo, mas também, falando teologicamente, como inimigo e 
acusador de Deus; e quem adivinha ao menos em parte as con-
sequências de toda profunda suspeita, os calafrios e angústias do 
isolamento, a que toda incondicional diferença do olhar conde-
na quem dela sofre, compreenderá também com que frequência, 
UNIDADE 1
32
para me recuperar de mim, como para esquecer-me tempora-
riamente, procurei abrigo em algum lugar — em alguma adora-
ção, alguma inimizade, leviandade, cientificidade ou estupidez; 
e também por que, onde não encontrei o que precisava, tive que 
obtê-lo à força de artifício, de falsificá-lo e criá-lo poeticamente 
para mim (— que outra coisa fizeram sempre os poetas? para 
que serve toda a arte que há no mundo?). Mas o que sempre 
necessitei mais urgentemente, para minha cura e restauração 
própria, foi a crença de não ser de tal modo solitário, de não ver 
assim solitariamente — uma mágica intuição de semelhança e 
afinidade de olhar e desejo, um repousar na confiança da ami-
zade, uma cegueira a dois sem interrogação nem suspeita, uma 
fruição de primeiros planos, de superfícies, do que é próximo 
e está perto, de tudo o que tem cor, pele e aparência. Talvez me 
censurem muita “arte” nesse ponto, muita sutil falsificação de 
moeda: que eu, por exemplo, de maneira consciente-caprichosa 
fechei os olhos à cega vontade de moral de Schopenhauer, num 
tempo em que já era clarividente o bastante acerca da moral; e 
também que me enganei quanto ao incurável romantismo de 
Richard Wagner, como se ele fosse um início e não um fim; tam-
bém quanto aos gregos, também com os alemães e seu futuro 
— e talvez se fizesse toda uma lista desses tambéns... Supondo, 
porém, que tudo isso fosse verdadeiro e a mim censurado com 
razão, que sabem vocês disso, que podem vocês saber disso, da 
astúcia de auto conservação, da racionalidade e superior prote-
ção que existe em tal engano de si — e da falsidade que ainda me 
é necessária para que continue a me permitir o luxo de minha 
veracidade?... Basta, eu ainda vivo; e a vida não é excogitação da 
moral: ela quer ilusão, vive da ilusão... porém, vejam só, já não 
começo de novo a fazer o que sempre fiz, como velho imoralista 
e apanhador de pássaros — falando imoralmente, amoralmente, 
“além do bem e do mal”? (NIETZSCHE, 2005, p. 4)
Difícil? Sim. Em uma tabela de dificuldade de dificuldade de 1 a 10, esse texto 
seria 11. Entretanto, há diversas razões para isso. Assim, nesse ponto de seus estu-
dos, vou te propor esse desafio: que antes de terminar essaunidade você consiga 
apresentar uma análise inicial sobre o texto acima. Para isso, nesse tópico você vai 
UNICESUMAR
33
encontrar ferramentas para auxiliar na compreensão de argumentações diversas, 
inclusive as complexas.
A primeira ferramenta já foi estudada no tópico anterior e não é suficiente 
para análise do texto acima. Seguindo nossa jornada, a próxima ferramenta, o es-
tudo da proposição e a estrutura lógica do discurso, quando bem articulados, são 
fundamentais para entendimento e elaboração de argumentações. Com linguajar 
mais acadêmico, Sacrini (2016, p. 12) define a argumentação como “uma prática 
social de defesa de tese ou proposições não evidentes por meio de justificativas 
racionais. [...] O principal instrumento para a progressão são os argumentos, es-
truturas discursivas que buscam oferecer razões para teses não imediatamente 
óbvias.” Este autor amplia o sentido do que você estudou no tópico anterior pela 
identificação da argumentação com a elaboração e identificação de teses. 
Para essa análise e argumentação, será utilizada a mesma proposta estrutu-
ral, com uma conclusão e uma ou mais premissas que justificam a aceitação da 
conclusão por uma inferência, passagem lógica entre as premissas e a conclusão. 
Sacrini (2016, p. 24) desenvolve a proposta de “inferência” para expressar a ope-
ração lógica de uma determinada argumentação. Essa inferência nada mais é que 
um processo de raciocínio identificado pelos termos “logo”, “portanto” e muitos 
outros que propõem a conclusão inferida das premissas. Parece difícil? Calma, pois 
não é. Trata-se apenas de um assunto pouco explorado. Se bem que foi elaborado 
de forma acadêmica por Aristóteles (384 a 322 antes da era cristã) com poucas 
alterações até a atualidade. 
Não adianta apenas ter a ferramenta correta, é preciso conhecer suas origens, 
funções e utilizações. Para esse olhar, vou apresentar um pouco da obra de Aris-
tóteles. A principal obra que trata dessa temática da argumentação é o livro Órga-
non. Nele ficou conhecida a Lógica Formal, que estuda os argumentos dedutivos, 
validados exclusivamente pela lógica, diferentemente da Lógica Informal, que 
estuda argumentos não-dedutivos, validados por aspectos informais. Antes de 
avançar, leia comigo como ele utilizou os termos “premissa”, “termo” e “silogismo”. 
Para Aristóteles, a premissa é a proposição, em um silogismo ela sempre é uma 
afirmação ou negação. A palavra “termo” designa os elementos que se interligam 
no silogismo. É uma noção mais técnica e pode ser designada como “termo maior”, 
“termo menor” e “termo médio”. Por exemplo, em um determinado silogismo per-
feito teríamos a primeira premissa chamada de maior (PM ou numerada 1), com 
um termo médio (sujeito) e um termo maior (predicado); uma premissa menor 
UNIDADE 1
34
Para um melhor entendimento desses “termos”, recomendo 
a leitura do Órganon de Aristóteles. Embora seja uma leitura 
filosófica, de linguagem não muito acessível, apresenta diversas 
análises e teorias fundantes para o pensamento crítico que se 
tornou um cânon da literatura acadêmica.
EU INDICO
(Pm ou numerada 2) com um termo menor (sujeito) e um termo médio (predica-
do) e uma conclusão (C ou numerada 3) com um termo menor e maior. O estudo 
dos “termos” é importante para verificação e validação dos silogismos, embora seja 
um pouco mais técnico, é muito importante. Todavia, na prática acadêmica, seja 
nas leituras e nos escritos, a utilização dos termos é um processo automatizado, 
guiado pela compreensão e significado das orações (ARISTÓTELES, 2010, p. 57). 
Veja aseguir o exemplo de silogismo perfeito com destaque dos “termos”:
(PM) Todo homem é mortal (Termos médio e maior)
(Pm) Aristóteles é homem (Termos menor e médio)
(Conc) Logo, Aristóteles é mortal (Termos menor e maior)
O exemplo acima é um silogismo perfeito, com três premissas, Maior, Menor 
e Conclusão. Segundo Aristóteles, o silogismo é uma locução, um discurso ar-
gumentativo no qual, lançadas as premissas hipotéticas, segue-se algo diferente 
como resultado, uma inferência (ARISTÓTELES, 2010, p. 112). Esse é o processo 
de elaboração científica: hipótese, premissas, inferência e resultado. Suponha que 
você vai escrever um artigo científico. Primeiro você precisa de uma hipótese a 
ser verificada. Por exemplo: “O chá de camomila pode acalmar os nervos”. Para 
verificar essa hipótese, você precisa separar um grupo de amostra e realizar a 
pesquisa. A partir dos resultados observados, você terá as premissas. Por exemplo: 
A camomila é aceita popularmente como calmante natural.
80% das pessoas que usam camomila sentem os efeitos calmantes.
Logo, a pesquisa comprovou que a camomila tem efeitos calmantes na maio-
ria das pessoas.
UNICESUMAR
35
Veja que há uma diferença entre a hipótese e o argumento. A hipótese é po-
pular, mas deixa margens de dúvida. A pesquisa é mais objetiva, consegue lidar 
com as variáveis e propor uma conclusão mais sólida. 
Aristóteles define um silogismo como imperfeito quando a conclusão não re-
sulta das premissas. Esse tipo de silogismo não está necessariamente errado, mas 
propõe conclusões que demandam de outras premissas para justificação da conclu-
são. No meio acadêmico, com poucas variações, o pensamento e a argumentação 
científica seguem esses padrões. Embora não seja tão perceptível, essa estrutura é 
configuradora do pensamento lógico em geral. Observe o exemplo no parágrafo 
abaixo extraído do Órganon de Aristóteles, tópico sobre analíticos anteriores.
 “ Uma vez delineadas essas distinções, estamos agora capacitados a indi-car por quais meios, quando e como são construídos todos os silogis-mos. Lidaremos mais tarde com a demonstração. A razão da necessidade 
de nos ocuparmos do silogismo antes da demonstração é o fato do silo-
gismo ser mais geral: a demonstração é um tipo de silogismo, mas nem 
todo silogismo é uma demonstração (ARISTÓTELES, 2010, p. 116).
O parágrafo poderia ser analisado em perspectiva de silogismo e teríamos a se-
guinte disposição:
(PM) “Uma vez delineadas essas distinções, estamos agora capacitados a 
indicar por quais meios, quando e como são construídos todos os 
silogismos”
(Pm) - “Lidaremos mais tarde com a demonstração.”
(Conc) - “A razão da necessidade de nos ocuparmos do silogismo antes da 
demonstração é o fato do silogismo ser mais geral: a demonstração é 
um tipo de silogismo, mas nem todo silogismo é uma demonstração.”
Veja que o parágrafo é escrito seguindo os princípios da lógica. Agora compare 
o parágrafo acima com um parágrafo extraído do artigo sobre o “Movimento 
sofístico na Grécia (séculos V e IV a.C.): o trabalho de ensinar”, de José Silvio de 
Oliveira, de 2018, publicado na revista Conjectura de filosofia e educação.
UNIDADE 1
36
 “ Platão está aqui se referindo à ciência que estuda o homem em sua dimensão social, política, cultural e formativa, portanto, ele está se referindo à educação dos homens! Mais que isso, quer ele saber 
quem são os mestres, ou quais são as figuras que deverão ser excluí-
das do ato da governação. Como bem sabemos, Platão propunha 
um governo de filósofos, mas o que Platão enfatiza com rigor é a 
questão política e econômica, pois ele é filho de aristocrata. Sobre 
o sentido da aristocracia, explica Pierre-Vernant (2000, p. 65): “A 
virtude aristocrática era uma qualidade natural ligada ao brilho do 
nascimento” (OLIVEIRA, 2018, p. 517)
Na perspectiva do silogismo temos:
(PM) Platão está aqui se referindo à ciência que estuda o homem em 
sua dimensão social, política, cultural e formativa, portanto, ele 
está se referindo à educação dos homens! 
(Pm) Mais que isso, quer ele saber quem são os mestres, ou quais são 
as figuras que deverão ser excluídas do ato da governação.
(Conc) Como bem sabemos, Platão propunha um governo de filóso-
fos, mas o que Platão enfatiza com rigor é a questão política e 
econômica, pois ele é filho de aristocratas.
(?) Sobre o sentido da aristocracia, explica Pierre-Vernant (2000, 
p. 65): “A virtude aristocrática era uma qualidade natural liga-
da ao brilho do nascimento.”
Se você comparar a forma de escrita dos dois textos (com mais de dois mil anos 
de diferença), verá que o método de formulação de argumentos, principalmente 
em meio acadêmico, ainda é o mesmo. Esse exemplo é muito importante porque, 
além de demonstrar como funciona o silogismo, também auxilia na elaboração e 
análise do pensamento acadêmico. O quê? Como assim? Isso mesmo. O silogismo 
pode ser usado como meio de interpretar e escrever textos acadêmicos. E se o seu 
senso crítico está apurado, como penso que esteja, você deve estar se perguntando 
sobre a proposição com o sinal (?) acima. Não se trata de uma mudança na for-
ma de escrita acadêmica, mas pode ser analisado de duas perspectivas, primeiro 
como sub-argumento para fortalecer a conclusão (provável intenção do autor). 
E segundo, da forma como foi escrito, parece não ter ligação com as premissas 
anteriores sugerindo outro parágrafo. 
UNICESUMAR
37
Embora a textualidade seja considerada a principal forma de argumentação, 
há outras formas importantes. Sacrini (2016, p.24) discorre sobre a necessidade 
atual de usar o senso crítico para lidar com a argumentação por meio de ele-
mentos visuais e sensíveis comuns nas propagandas e marketing. Sua proposta 
também não se distancia de Aristóteles, pois entende que o principal papel das 
argumentações é oferecer sustentação racional para uma tese e, como Carnielli 
e Epstein, também entende que o papel da argumentação é convencer. 
A título de teoria, além de perceber outras formas de argumentação, um di-
ferencial de sua proposta é a compreensão mais maleável da conclusão que não 
precisa ter uma verdade declarativa, pode ser uma ordem ou uma promessa, por 
exemplo. Veja os casos abaixo:
 “ Está nevando aqui e há pessoas doentes na sala. Além disso, há risco de que animais selvagens entrem na casa. Portanto, feche a porta. Nesse caso, a conclusão é uma ordem, a qual, por si só, não veicula 
nenhum valor de verdade. [...] Você cumpriu o acordo corretamente: 
levou os pacotes para além da fronteira. Você também sabe respeitar 
hierarquia. É uma pessoa leal e confiável. Portanto, eu prometo que 
você será recompensado. Nesse exemplo, a conclusão é uma pro-
messa, um ato performativo que em si mesmo não é analisável em 
termos de valor de verdade (SACRINI, 2016, p. 27).
Uma boa dica é dedicar-se ao reconhecimento de alguns marcadores para auxiliar 
na identificação e elaboração de argumentos. A seguir, apresento alguns indicado-
res gerais de premissas, comuns à maioria dos livros sobre pensamento silogístico. 
Principais Indicadores de Premissas
a) Conjunções e/ou locuções conjuntivas explicativas ou causais. Objetivo 
é fornecer razões. Exemplos: “porque”, “pois”, “como”, “já que”, “dado que”, 
“tendo em vista que”, “uma vez que” etc.
b) Advérbios e locuções adverbiais: “afinal de contas”, “enfim”, “com efeito”, 
“de fato”.
c) Expressões indicando conhecimento popular: como “é sabido que”, “deve-
-se aceitar o fato que”, “está estabelecido que”,“foi convencionado que” etc. 
d) Expressões e conjunções somatórias: “além disso”, “e”, “também” etc. 
UNIDADE 1
38
Indicadores de Conclusão 
1. Conjunções ou locuções: “logo”, “assim”, “portanto”, “consequentemente”, 
“em vista disso” etc. 
2. Expressões: “segue-se que”, “depreende-se que”, “deve-se (ou ‘é possível’) 
concluir que”, “pode-se afirmar que”, “pode-se inferir que”, “pode-se con-
cluir que”, “daí decorre que” etc.
Nessa primeira parte, mais estrutural, você pode adquirir habilidadessuficientes 
para uma análise melhor no texto de Nietzsche. Já é possível identificar a estrutura 
dos argumentos, reconhecer premissas e conclusões. No entanto, antes de voltar-
mos para a análise ainda restam três ferramentas estruturais importantes, que vão 
facilitar ainda mais a análise, são elas a contra-argumentação, os sub-argumentos 
e, principalmente, a diagramação de argumentos.
Descrição da Imagem: Desenho da silhueta de 
uma cabeça de perfil separada no meio revelan-
do a silhueta de outra cabeça dentro. Esse dese-
nho ressalta a multiplicidade e influências exter-
nas na identificação e elaboração de argumentos.
Figura 3 – Influências na argumentação
Contra-argumento e 
sub-argumento
Utilizado como estratégia de argumen-
tação, contra-argumentar é uma for-
ma de antecipar possíveis discussões 
e questionamentos ao seu argumento 
e já respondê-los antecipadamente, de 
forma a fortalecer sua tese/proposição. 
O texto de Nietzsche usa e abusa des-
sa estratégia. Para você conhecer me-
lhor essa ferramenta, o texto de Fiorin 
(2015, p.22) analisa e desenvolve a 
proposta de contra-argumentação pela 
utilização do termo “antifonia”. Um 
princípio onde “uma argumentação 
pode ser invertida por outra”, dois dis-
cursos opostos colocados lado a lado, 
apresentando pontos de vista distintos, 
sem ser identificado com um dilema.
UNICESUMAR
39
Veja a antifonia/contra-argumentação na primeira parte do texto de Nietzs-
che citado acima:
 “ Já me disseram com frequência, e sempre com enorme surpresa, que uma coisa une e distingue todos os meus livros, do Nascimento da tragédia ao recém-publicado Prelúdio a uma filosofia do futuro: 
todos eles contêm, assim afirmaram, laços e redes para pássaros in-
cautos, e quase um incitamento, constante e nem sempre notado, à 
inversão das valorações habituais e dos hábitos valorizados. Como? 
Tudo somente — humano, demasiado humano? Com este suspiro 
dizem que um leitor emerge de meus livros, não sem alguma reti-
cência e até desconfiança frente à moral, e mesmo um tanto disposto 
e encorajado a fazer-se defensor das piores coisas: e se elas forem 
apenas as mais bem caluniadas? (NIETZSCHE, 2005, p. 4).
Nietzsche usa os argumentos dos seus opositores, questiona-os e adianta uma 
resposta possível. O contra-argumento é uma técnica de argumentação que prevê 
e responde às críticas. Outro tipo comum e muito usado é o de sub-argumentos. 
Essa estrutura se organiza em forma de argumentos múltiplos que podem ser 
independentes ou interdependentes (coordenados). Na maioria das vezes, são 
usados para fundamentar as premissas. Exemplos:
Argumentação múltipla (argumentos independentes)
 ■ Deus é bom,
 ■ O diabo não presta,
 ■ Eu gozo de saúde e prosperidade, 
 ■ Logo, sou abençoado, porque sirvo a Deus e não ao diabo.
Argumentação interdependente (coordenada)
 ■ Deus é bom,
 ■ Guarda minha casa,
 ■ Fortalece a minha alma,
 ■ Livra-me do Mal,
 ■ Logo, sou abençoado, porque sirvo a Deus.
UNIDADE 1
40
Esses tipos de argumentação são muito utilizados. Na academia, a utilização da 
contra-argumentação é utilizada para fortalecer teses adiantando e respondendo 
a possíveis críticas. Os subargumentos, porém, não são muito populares em textos 
acadêmicos, isso devido à necessidade de objetividade na apresentação escrita. 
Por outro lado, nos discursos populares são muito usados como reforço para 
argumentações diversas.
Diagramação de Argumentos
Na elaboração de argumentos, a proposta aristotélica é apenas a ponta do iceberg, 
existem diversas variações possíveis. Para que você desenvolva a skill necessária, 
é preciso compreender que o pensamento lógico possui uma estrutura organi-
zada tradicional, mais simples e objetiva. Também possui estruturas mais com-
plexas que usam as contra-argumentações e os sub-argumentos (caso do texto 
de Nietzsche). Antes de enfrentar o texto de Nietzsche, vou te apresentar para a 
diagramação de argumentos. 
Exemplo 1
1. Todo homem é mortal. (Termos médio e maior)
2. Aristóteles é homem. (Termos menor e médio)
3. Logo, Aristóteles é mortal. (Termos menor e maior)
1
2
3
Nesse exemplo, o diagrama é simples e apresenta um desenvolvimento 
lógico de uma argumentação com duas premissas inter-relacionadas re-
sultando na conclusão.
UNICESUMAR
41
Exemplo 2
1. Deus é bom,
2. O diabo não presta,
3. Eu gozo de saúde e prosperidade, 
4. Logo, sou abençoado, porque sirvo a Deus e não ao Diabo.
1 2 3
4
Nesse exemplo, o diagrama assume outra disposição. Há três premissas 
que resultam na conclusão, mas essas premissas não estão interligadas, 
mas independentes.
Exemplo 3
1. Deus é bom, 
2. Guarda minha casa,
3. Fortalece a minha alma,
4. Livra-me do Mal,
5. Logo, sou abençoado, porque sirvo a Deus
1 + 2 + 3 + 4
5
No exemplo 3, há outra mudança. As quatro premissas se completam 
resultando na conclusão.
UNIDADE 1
42
Além dos três exemplos de diagramação acima, Sacrini (2016, p. 133) apresenta ou-
tras diagramações possíveis. Claro que, para a análise crítica, você não precisa decorar 
o método de diagramação, inclusive, você pode desenvolver um método próprio que 
seja mais confortável. Isso porque não há uma metodologia unificada e ortodoxa 
sobre esse tipo de análise. Ainda nesse tópico, apresento a diagramação de um texto 
complexo, extraído do livro Crítica da Razão Pura, de Immanuel Kant (2001, p. 62).
(1) Não resta dúvida de que todo o nosso conhecimento começa 
pela experiência; (2) efetivamente, que outra coisa poderia desper-
tar e pôr em ação a nossa capacidade de conhecer senão os objetos 
que afetam os sentidos e que, (3) por um lado, originam por si 
mesmos as representações e, (4) por outro lado, põem em movi-
mento a nossa faculdade intelectual e levam-na a compará-las, 
ligá-las ou separá-las, (5) transformando assim a matéria bruta das 
impressões sensíveis num conhecimento que se denomina expe-
riência? (6) Assim, na ordem do tempo, nenhum conhecimento 
precede em nós a experiência e é com esta que todo o conheci-
mento tem o seu início (KANT, 2001, p. 62, grifo nosso, adaptado 
para diagramação). 
3 4
1 + 2
5
6
No diagrama da primeira proposição, a soma das premissas (1) e (2) resultam na 
(5) que se desenvolve na (6). As premissas (3) e (4) fundamentam a premissa (2).
(7) Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, 
isso não prova que todo ele derive da experiência. (8) Pois bem po-
deria o nosso próprio conhecimento por experiência ser um com-
posto do que recebemos através das impressões sensíveis e daquilo 
que a nossa própria capacidade de conhecer (apenas posta em ação 
por impressões sensíveis) produz por si mesma, (9) acréscimo esse 
que não distinguimos dessa matéria-prima, enquanto a nossa atenção 
não despertar por um longo exercício que nos torne aptos a sepa-
rá-los (KANT, 2001, p. 62, grifo nosso, adaptado para diagramação). 
UNICESUMAR
43
3 4
1 + 2
5
8
6
9
7
O diagrama da segunda premissa inicia como contra-argumento, rompendo 
com o desenvolvimento da conclusão, apresentando outra conclusão possível 
(7) respaldada por (8) e desenvolvida em (9).
(1) Há pois, pelo menos, uma questão que carece de um estudo 
mais atento e que não se resolve à primeira vista; vem a ser esta: se 
haverá um conhecimento assim, independente da experiência 
e de todas as impressões dos sentidos. (2) Denomina-se a priori 
esse conhecimento e (3) distingue-se do empírico, cuja origem é 
a posteriori, ou seja, na experiência (KANT, 2001, p. 62, grifo nosso, 
adaptado para diagramação).
1
2 + 3
Essa última proposição é mais simples e apresenta uma premissa que resulta 
em duas conclusões possíveis.
Se você tiver problemas com números, deve estar achando que a diagrama-
ção deixou o texto mais difícil. Calma. O papel da diagramação é para identi-
ficação e compreensão de silogismos, e a prática de exercícios de diagramação 
facilitará a leitura e elaboração de argumentos. 
No texto acima, temos um silogismo complexo, com argumentos e uma 
exceção. A estrutura

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