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Distúrbios toxicológicos, 25.05.22, semana 02. · ACON Síndromes tóxicas É uma ferramenta em casos que não se sabe qual é o agente tóxico. Síndrome colinérgica aguda É muito frequente no dia a dia da toxicologia. · Neurotransmissão da acetilcolina Neurônio pré-sináptico: estímulo, despolarização, influxo de cálcio que empurra as vesículas cheias de acetilcolina para a extremidade da membrana pré-sináptica, onde irá ocorrer ruptura e extravasamento para a fenda sináptica. Fisiologicamente a acetilcolina vai se acoplar ao seu receptor colinérgico e se perpetua no SNC. Na síndrome colinérgica aguda, agentes tóxicos bloqueiam a ação da enzima acetilcolinesterase (degrada acetilcolina em colina reutilizada pelo neurônio pré-sináptico e acetato), com o bloqueio, há acúmulo da acetilcolina na fenda sináptica, o que faz com que haja hiperestimulação dos receptores colinérgicos. Os sintomas colinérgicos são causados pela atividade excessiva da acetilcolina, porém, variam de acordo com o receptor estimulado: muscarínico, nicotínico e colinérgico central. · Agentes causadores - Chumbinho (agrotóxico de uso agrícola, ilegalmente como raticida); É um inseticida do grupo carbamatos - Inseticidas organofosforados: paration, paraoxon, malation e ecotiofato; - Medicamentos: neostigmina, fiostigmina; - Ciguatoxina (peixe marinho). · Fibras, receptores e locais afetados · Sintomatologia marcante - Miose; - Bradicardia; - Acúmulo de secreções; - Fasciculação muscular. O vômito é um sinal marcante. Paciente molhado, bradicárdico e hipotenso. · Sinais e sintomas muscarínicos - Sistema respiratório: hipersecreção brônquica, rinorreia, broncoespasmo, dispneia, cianose. - Trato gastrintestinal: náuseas, vômitos, diarreia, tenesmo, dor e cólicas abdominais, incontinência fecal. - Glândulas exócrinas: sialorreia, sudorese, lacrimejamento. - Sistema cardiovascular: bradicardia, hipotensão. - Olhos: miose, visão turva, hiperemia conjuntival. Não é obrigatório ter todos os sintomas, é dependente da dose. Ocorre aumento da atividade parassimpática. Paciente pode evoluir à óbito. Usar atropina · Sinais e sintomas nicotínicos - Músculo esquelético: fasciculações, fraqueza muscular, cãibras, paralisia, tremores. - Sistema cardiovascular: taquicardia, hipertensão, palidez. Paciente pode começar com quadro nicotínico, mas como a predominância no corpo humano é muscarínico, o paciente pode evoluir com efeitos muscarínicos. Não evolui à óbito. · Sinais e sintomas do SNC - Cefaleia, ansiedade, inquietude, apatia. - Labilidade emocional. - Insônia ou sonolência, voz pastosa. - Tremor, ataxia, incoordenação de marcha. - Confusão mental, fraqueza, torpor. - Convulsões e coma nos casos graves. · Tratamento - Descontaminação: LG e LA. Se tempo hábil, sempre que tiver LA na mão, prioridade a ele, múltiplas doses, pode manter em 48 horas, a partir da terceira dose, usar catártico. PODE SER FEITO LA + ATROPINA AO MESMO TEMPO, É MELHOR. - Sintomático e suporte. - Antagonista: atropina (OF e carbamatos). efeito muscarínico cardiorrespiratório, pode levar à óbito. Atua por competição e de forma contrária da Ach, melhora FC, resseca secreção pulmonar e eleva PA. - Antídoto: pralidoxima (contrathion – OF). NÃO tem na prática · Sulfato de atropina (atropina) Ação: inibe competitivamente os efeitos muscarínicos da Ach. Atua no receptor. Apresentação: ampola de 1ml contendo 0,25mg/ml ou 0,5mg/ml. Via: EV, endotraqueal ou IM. Dose: adulto 2-5 mg IV, dobrar a dose entre 5 a 10 minutos até reverter sinais muscarínicos. Criança 0,02-0,05mg/kg até reverter sinais muscarínicos. Teste diagnóstico: 0,25 a 1mg. Atropinização efetiva: ressecamento da secreção e aumento da FC. OF: doses mais elevadas/maior tempo. Corrigir cianose (taquiarritmia). Taquicardia não é contraindicação. Síndrome anticolinérgica Agentes tóxicos que vão promover o antagonismo da acetilcolina nos receptores muscarínicos. Grande exemplo: atropina. Atua por competição, só pode usar em efeito muscarínico · Principais agentes · Medicamentos - Alcaloides beladonados: atropina. - Antiespasmódicos: hioscina, escopolamina. Princípios ativos do buscopam - Cicloplégicos: ciclopentolato, tropicamida. Colírios oftálmicos - Anti-histamínicos: dimenidrinato, prometazina. Antialérgico - Anti-parkinsonismo: biperideno, amantidina, triexifenidil. - Anti-psicóticos: clorpromazina, quetiapina. - Tricíclicos: amitriptilina, nortriptilina. - Miorrelaxantes: ciclobenzaprina. · Plantas tóxicas - Alcaloides beladonados: atropina, hioscina, hiosciamina, escopolamina. - Alcaloides anticolinérgicos: atropa belladonna (chá usado para alucinação), brugmansia spp, cestrum spp, datura spp, hyoscyamus niger, solanum spp, derivados tropânicos (alcaloides de solanáceas). · Sinais e sintomas - Ocular: pupilas dilatadas não reativas, diplopia, fotofobia, visão embaçada, aumento da pressão intraocular. - Pele e mucosas: quente e seca, rubor facial, hipertermia, língua, lábios e gargantas secas, dificuldade de deglutição. - TGI: diminuição. · Tratamento - Descontaminação: LG e LA. Overdose e tempo hábil - Sintomáticos e suporte. Medidas físicas: hipertermia. Sedação: agitação. Diazepam 5-10mg adulto (máx 30 mg total) e crianças 0,25-0,4mg/kg (máx 5mg < 5 anos e 10mg > 5 anos). Sondagem vesical: bexigoma. - Antídoto: fisostigmina (não disponível). Adultos 1-2mg, podendo repetir em 40 min. Criança 0,5mg, podendo repetir em 40min. Síndrome metemoglobinemia tóxica É causada por agentes tóxicos que vão promover a oxidação do Fe2+ da hemoglobina, passando, então, para a forma Fe3+ metemoglobina. Gera um aumento de afinidade de O2, desvia a curva de dissociação Hb para esquerda e reduz Hb livre para transporte. Na clínica os sinais e sintomas são relacionados à hipóxia. · Mecanismos de redução da MHB - Oxidação (antioxidantes): glutationa e ácido ascórbico. - Redução sistema redutase: NADP (95%) e NADH (5%). - VN 1%. - Causas: hereditários: hemoglobina M, déficit NADH-redutase. Idade < RN até 4 meses. Fatores adquiridos. · Principais agentes - Anestésicos locais e tópicos. - Sulfonamidas e sulfonas. - Dapsona. - Anilina. - Cloroquina. - Fenazopiridina. - Nitroprussiato de sódio. - Nitritos/nitratos: diarreias bactérias, solo e água contaminados. - Antineoplásico. - Metoclopramida. - Paracetamol. · Diagnóstico com base nos níveis sanguíneos e sintomas Diagnóstico diferencial: emergências cardiopatas. · Diagnóstico · Quando suspeitar? Tem O2 circulando, mas o problema é no transporte. Cianose central + baixa leitura de saturação ao oxímetro de pulso. Excluir causas cardiopulmonares. Gasometria mostra: PaO2 alta + SaO2 normal (valores bem acima daqueles indicados pelo oxímetro de pulso). Gasometria arterial: na hora de colher o sangue já observa o sangue mais escurecido, achocolatado, já sendo um sinal. Na leitura da gasometria PaO2 aumentada e Sat02 normal ou elevada. Para confirmar dosa a metemoglobina no sangue. - Oxímetro de pulso: mede absorção de luz de acordo com o comprimento de onda emitido (diferentes nos diversos tipos de hemoglobina). MH redução do cálculo de saturação. Suspender oxímetro após o diagnóstico. · Tratamento Medidas de descontaminação, se necessário. < 30% resolução espontânea em 24-72 horas. - Antídoto: azul de metileno 1%. Atua reduzindo o Fe3+, assintomático ou pouco sintoma aguarda até 72 horas. > 30% ou MhB 20% fortemente sintomático. Via: EV. Melhora em 154 in. Complicação: hemólise, cianose. Pode ser repetido. Síndrome narcótica Não é frequente, mas é importante porque as substâncias (principalmente, semi-sintéticas) muito usadas no tratamento de dor aguda. · Definição Opiáceos: são substâncias (alcalóides) derivados do ópio, como a morfina e algumas semi-sintéticas como a codeína. Opióide: são todas as drogas naturais ou sintéticas com propriedades semelhantes à morfina, incluindo peptídeos endógenos. Analgésicos e anestéticos. · Mecanismo de ação dos receptores Receptores acoplados a proteína G agem inibindo a adenilil ciclase reduz AMPc provocam abertura dos canaisde K e inibem os de Ca na membrana hiperpolarizam e reduzem a excitabilidade, propagação potencial de ação e liberação neurotransmissor. Efeito global: inibitório. · Classificação · Derivados naturais - Ópio; - Tintura de ópio; - Morfina e codeína; - Papaverina. · Derivados semi-sintéticos - Heroína; - Elixir paregórico; - Antidiarréicos (difenoxilato e loperamida). · Derivados sintéticos Usados principalmente em dor aguda após cirurgia de grande porte. - Meperidina; - Metadona; - Fentanil; - Propoxifeno, pentazocina. · Antagonistas - Naltrexona e naloxona. · Sintomatologia marcante – tríade - Miose puntiforme bilateral; - Depressão respiratória; - Depressão neurológica. · Sintomas - Depressão respiratória: hipoventilação, apneia; - Depressão neurológica: sonolência, torpor e coma; Convulsões se intoxicação por morfina, meperidina e propoxifeno - Distúrbios psíquicos e sensoriais; Euforia e disforia - Miose puntiforme bilateral; - Calor, rubor facial ou prurido (liberação histamina); - Náusea, vômito; Retardo do esvaziamento gástrico e constipação - Hipotensão arterial, taqui ou bradicardia, arritmia; - Rabdomiólise, IRA. · Tratamento - Sintomático e suporte. - LG + LA, se necessário. - Antagonista: naloxone. Naloxone: 1ml/0,4mg. Antagonista puro dos narcóticos – receptores do SNC - Adultos: 0,4 a 2mg. - Crianças: 0,03mg/kg, EV. Repetir em intervalos de minutos, se necessário. Dose máxima: 20 mg. Pode ser utilizado mesmo na dúvida. Síndrome extrapiramidal Diagnóstico diferencial de outras patologias neurológicas. · Definição É uma síndrome de alta frequência. Pode ser por tentativa de suicídio, uso terapêutico com efeito adverso. Atua no aparelho locomotor. · Relaxamento e contração muscular Há duas vias no corpo estriado: - Via dopaminérgica: relaxamento. Inibe - Via colinérgica: contratura. Estimula Fisiologicamente, a via está em equilíbrio ação muscular normal. Na síndrome extrapiramidal, por meio do agente tóxico, vai ocorrer o bloqueio dos receptores dopaminérgicos. Hiperatividade colinérgica com contração da musculatura · Principais agentes - Fenotiazínicos: Clorpromazina: sedação, manifestações anticolinérgicas e autonômicas (distúrbios extrapiramidais menos expressivos). Não significa que toda vez que for exposto, vai apresentar, tem o potencial. Tioridazina, trigluoperazina e flufenazina. - Butirofenonas: halopedirol. - Antieméticos: metoclopramida e bromoprida. · Sintomatologia marcante - Crise oculógira; - Distorção facial; - Hipertonia; - Espasmos musculares; - Parkinsonismo. Um único sinal/sintoma diagnóstico. · Sintomas · Distonias - Crise oculógira; - Espasmos de mandíbula e garganta, espasmo ou protusão de lábios e língua; - Distorções faciais, caretas, tics, movimentos mastigatórios; - Torcicolo, opistótono, contrações musculares dos membros superiores, postura bizarra. Diagnósticos diferenciais: tétano, difteria, meningite. · Parkinsonismo - Face de máscara; - Fala lenta e monótona; - Rigidez, catatonia (pode ser a única manifestação, paciente fica na posição que você colocar), gesticulação diminuída; - Postura bizarra, tremores; - Movimentos de rolar os dedos; - Oscilações rítmicas das extremidades. · Acatisia Pouco frequente em crianças. Muito frequentes em adultos que iniciaram o uso de haldol. - Desejo incoercível de se movimentar; - Incapacidade de permanecer sentado; - Movimento das pernas e sacudidas de joelho quando em posição sentada; - Ansiedade. · Tratamento - Descontaminação. - Sintomáticos e suporte. - Biperideno: 0,04mg/kg IM. Atua como antagonista, via oral não resolve, se não tiver parenteral, fazer alternativa Alternativas benzodiazepínico. Ação de relaxamento muscular. A síndrome extrapiramidal pode ocorrer até 24 horas após a última exposição. Síndrome serotoninérgica · Definição Neurotransmissor regula: humor, sono, atividade sexual, apetite, função neuroendócrina, temperatura corporal. Atua na hemostasia, excitação muscular lisa, controle cardíaco, respiratório e motor. Síndrome clínica resultante da estimulação excessiva de receptores serotoninérgicos centrais e periféricos. A depressão é uma doença frequente e uma das formas de tratar é usar medicamentos que atuam nos receptores de serotonina. Auge dos medicamentos com envolvimento da serotonina · Causas - Iatrogenia; - Interação medicamentosa; Duas ou mais substâncias que aumentem a quantidade de serotonina - Intoxicação; - Reação adversa. O diagnóstico é clínico. · Tríade Mudanças do estado mental, funções motoras e autonômicas. · Principais agentes - Inibição da monoaminoxidase (MAO); - Estimulação do receptor pós-sináptico da serotonina: dietilamida do ácido lisérgico (LSD); - Aumento da resposta pós-sináptica à estimulação causada pela serotonina: lítio. · Espectro das manifestações clínicas · Diagnóstico clínico História com uso de dois ou mais moduladores da serotonina. É de difícil diagnóstico, por isso, é importante a história positiva. · Tratamento Suspensão imediata do agente causal se for em dose terapêutica. Descontaminação gastrintestinal. Se overdose e tempo hábil Suporte respiratório e hemodinâmico. Monitorização cardíaca. Bloqueadores inespecíficos dos receptors 5-HT: ciproheptadina, clorpromazina, propranonol e metisergide. Tratamento sintomático: Convulsão ou rigidez muscular Diazepam. Hipertermia medidas físicas. HÁ e taquicardia nitroprussiato, esmolol. Síndrome simpatomimética = adrenérgica Relativamente frequente devido às drogas de abuso, principalmente, cocaína e ecstasy. · Definição Anorexígenos, estimulante, alucinógenos. É determinada por agentes que promovem estimulação da atividade simpática através de: - Aumento da liberação de catecolaminas (anfetaminas); - Bloqueio da recaptação (cocaína); - Interferência no metabolismo (inibidores da MAO); - Estimulação direta de receptor (adrenalina). Basicamente os efeitos são no SNC e cardiovascular. · Principais agentes - Anfetaminas; Caminhoneiros - Ecstasy; - Cocaína; - Teofilina; - Descongestionantes nasais; No frio é frequente o uso, nafasolina sintomatologia diferente: hipotermia, braquicardia, hipotensão, mais comum em crianças - Efedrina, pseudoefedrina; - Cafeína. Quando usada como estimulantes · Sinais e sintomas - Midríase; - Hipertermia; - Agitação psicomotora; - Alucinações, delirium; - Paranóia; - Sudorese; - Palpitação, dor precordial; - Taquicardia, arritmias nos casos graves; - Hipertensão arterial (ou hipotensão nos casos graves); - Tremores, convulsões; - Rigidez muscular, rabdomiólise, lesão renal. OBS.: cocaína: há pessoas que são mulas, ou seja, fazem o transporte da droga, ingerem vários sacos contendo a droga, se houver ruptura, é uma urgência com necessidade de laparotomia de urgência. · Tratamento Descontaminação gastrintestinal. Suporte ventilatório e hemodinâmico. Monitorização cardíaca. Tratamento sintomático: - Agitação ou convulsão Diazepam. - Hipertensão evitar betabloqueadores (provocam hipertensão paradoxal e aumenta a vasoconstrição coronariana). - Taquicardia lidocaína, bicarbonato de sódio. - Angina nitratos, bloqueador de canais de cálcio. Monitorização prolongada de sinais vitais (casos de IAM: conduta padrão, exceto quanto aos betabloqueadores). Body packers: SNG: CA, irritação intestinal. Síndrome neuroléptica maligna Relação somente com antipsicóticos, baixa incidência. · Definição Grave desordem neurológica, na maioria das vezes causada por uma reação adversa a medicamentos antipsicóticos. · Mecanismo de ação Bloqueio no receptor dopaminérgico. · Sintomas Sintomas podem progredir rapidamente e atingir seu pico em menos de 03 dias. Podem durar de 08 horas a vários dias. Sintomas musculares são provavelmente pelo bloqueio dopaminérgico. Podem ocorrer também: diaforese, aumento da temperatura corporal > 38ºC, agitação, delírio e rigidez muscular. · Diagnóstico - Sinais e sintomas; - História de uso de antipsicótico; - Aumento CPK. Dosar · Tratamento Suspensão imediata do agente causal. Medidas de descontaminação, se necessário. Antídoto: Dantrolene. Bloqueiaa liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático das células musculares levando ao relaxamento muscular. Sintomático e suporte. Hipertermia maligna · Definição Síndrome genética autossômica dominante causada por alguns anestésicos (especialmente inalatórios). - Halotano; - Enflurano; - Isoflurano; - Succinilcolina · Mecanismo de ação Envolvimento do gene do receptor de rianodina, no braço longo do cromossomo 19. · Sinais e sintomas - Hipermetabolismo; - Taquipneia; - Taquicardia; - Rigidez muscular; - Cianose; - Acidose metabólica. · Diagnóstico Biópsia muscular. · Tratamento Suspensão imediata do agente causal. Antídoto: dantrole. Bloqueia a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático das células musculares levando ao relaxamento muscular. Sintomático e suporte. · Diagnósticos diferenciais
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