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CURSO DE PSICOLOGIA Eber Hypolito Jenifer Natali da Rosa Sebastiani Lorhainne da Silva Costa Foz do Iguaçu 2022 Eber Hypolito Jenifer Natali Lorhainne da Silva Costa Foz do Iguaçu 2022 Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia do Cotidiano do curso de Psicologia do Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu Professora: Martinha Costa Rego SUMÁRIO 1. RESUMO 5 2. INTRODUÇÃO 6 3. LINGUAGEM 7 4. OBJETIVIDADE NA LINGUAGEM 7 5. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS E PLANEJAMENTO DO TRABALHO 8 6. PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO 9 7. A TECNICA DE REGISTRO CONTÍNUO CURSIVO 11 8. A TECNICA DE OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE 12 9. METODOLOGIA 13 10. ANALISE DOS RESULTADOS 14 11. CONCLUSÃO 17 12. REFERÊNCIAS 18 5 RESUMO Este trabalho tem como objetivo permitir ao graduando do Curso de Psicologia, desenvolver o domínio da observação, registro e descrição da vida cotidiana, compreensão das preconcepções que definem o fenômeno observado. O aluno graduando diante da oportunidade de praticar a observação, enriquece o seu saber, tanto no conhecimento teórico, como para a prática profissional. . O graduando também será treinado a utilizar a descrição científica dos fatos observados. Todo o trabalho foi baseado principalmente no Livro Aprendendo a Observar, das autoras Marilda Fernandes Danna e Maria Amélia Matos, que abordam a importância da definição do objetivo, do planejamento do trabalho, do protocolo e da utilização de uma linguagem objetiva e clara na elaboração de um Relatório de Observação. Palavras – chave: Observação, cotidiano, dados, registro. ABSTRACT The objective of this work is to allow the undergraduate of the Psychology Course, to develop the domain of observation, recording and description processes of everyday life, the understanding of the preconceptions that define the observed phenomenon and the critical analysis of the construction of this phenomenon as a psychological phenomenon. The graduate will also be trained to use the scientific description of observed facts. All the work was based on the book Aprendendo a Observar, by the authors Marilda Fernandes Danna and Maria Amélia Matos, who address the importance of defining the objective, planning the work, the protocol and the use of an objective and clear language in the elaboration of a Observation Report. Keywords: Observation, everyday, data, record. 6 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo, ampliar a visão sobre a importância da observação como instrumento de formação e trabalho do psicólogo, já que em sua atuação profissional, precisará da observação para coletar dados, com a finalidade de diagnosticar a situação-problema, as variáveis que afetam o comportamento e os recursos disponíveis no ambiente que o ajudarão em suas avaliações e decisões. Em muitos casos na prática profissional, o psicólogo prescindirá da elaboração de relatórios sobre comportamentos observados, que deverão obedecer a critérios científicos na sua construção. Assim, é necessário que o psicólogo ou analista aprenda a observar comportamentos verbais e não verbais e transcrever o relato em linguagem científica. Muitas são as situações em que o psicólogo utiliza a observação. Por exemplo, o psicólogo utiliza a observação, na Clínica, na Escola, nas Organizações e em laboratórios científicos. Na clínica, para investigar a queixa do paciente e possível causa. Na Escola, por exemplo, para investigar comportamentos como dificuldade de sociabilização e deficiências de aprendizagem. Nas organizações, para investigar necessidades de treinamentos e dinâmicas de grupo, dentre outras. Nos laboratórios, nas pesquisas científicas. Segundo Danna M. and Matos M. Aprendendo a Observar (2011, p12), “a observação é utilizada para coletar dados acerca do comportamento e da situação ambiental.” Ou seja, uma observação começa com a coleta de dados, mas para que servem os dados coletados? Servem para diagnosticar a situação-problema, consequentemente permite a escolha das técnicas e procedimentos a serem empregados e para avaliar a eficácia dessas técnicas e procedimentos. Porém, que cuidados é preciso observar na coleta dos dados? Primeiramente, deve-se levar em consideração o objetivo da observação, pois a definição do objetivo ajuda o investigador a selecionar inúmeras possibilidades àquelas características que transmitem a informação relevante. Outro cuidado a ser observado é que se deve coletar dados antes, durante e após, repertórios de comportamentos ou procedimentos que estão sendo avaliados. As autoras mencionadas destacam que a observação científica difere da observação casual que realizamos no nosso dia-a-dia, segundo elas “a observação científica se caracteriza por ser uma observação sistemática e objetiva.” Esta é a que 7 se atém aos fatos efetivamente observados, e busca eliminar todas as impressões pessoais e subjetivas que o observador possa ter já aquela é planejada e conduzida em função do objetivo da observação, que observa cuidados técnicos e éticos, são também realizadas em condições explicitamente especificadas e planejadas. A LINGUAGEM Segundo Danna M. and Matos M. “Para a Ciência, cujo objetivo é predizer e controlar os eventos da natureza, um fato só adquire importância e significado se é comunicado a outros fazendo uso de uma linguagem que obedece a certas características”. Mas a que características as autoras se referem? Ressaltam que um relato científico não usa o recurso de linguagem figurada, não recorre a interpretações, nem a impressões subjetivas. Portanto, a objetividade é uma característica fundamental da linguagem científica. A OBJETIVIDADE NA LINGUAGEM As autoras elaboraram as seguintes perguntas, cujas respostas encontramos na Unidade II, pág. 26 à pág. 30: “Em relação à objetividade, como característica da linguagem científica, que tipo de erros um observador menos cuidadoso comete?” Os principais erros são a utilização de termos que designem estados subjetivos, a atribuição de intenção ao sujeito e a atribuição de finalidade à ação observada. “O que significa clareza e precisão na linguagem?” Linguagem é clara quando é de fácil compreensão e é precisa quando representa as coisas observadas com exatidão. “Com relação à clareza e precisão na linguagem, que tipo de erro pode ocorrer?” Devem-se evitar termos amplos, termos indefinidos ou vagos, termos ou expressões ambíguas. “Como o observador deve proceder para registrar os fatos com linguagem cientifica?” 8 O observador deve: a) Usar verbos que identifiquem a ação exibida pelo sujeito, como correr, andar, etc. b) Usar termos que identifiquem objetos ou pessoas presentes na situação e suas características, como por exemplo: sapato, bola, homem, cor vermelha, etc. c) Usar referências físicas, que são as partes do corpo do sujeito, os objetos e pessoas presentes no ambiente e padrões de peso e medida adotados oficialmente. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS E PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS Na unidade IV as autoras abordam o tema: Definição dos Objetivos e Planejamento dos Trabalhos. Para compreensão deste tema é possível utilizar o questionário elaborado pelas autoras, que consta no final desta unidade com as seguintes perguntas: 1) Qual a primeira etapa do trabalho? Estabelecer um objetivo para qual a observação será realizada, objetivo este que deve especificar de forma clara o que se pretende com a observação. Este objetivo pode aparecer na forma de uma pergunta ou na forma de uma afirmativacom o verbo no infinitivo. A primeira forma identifica apenas o assunto de interesse e na segunda forma identifica o comportamento do observador. 2) Qual a segunda etapa do trabalho? Planejar a coleta de dados, ou seja, identificar: Quem será analisado, número e critérios para escolha dos observados; Onde será feito a observação, local e situações; A freqüência das observações, número de sessões; O tempo de observação, duração; O que será observado, ou seja, os comportamentos e os eventos ambientais; Registro amplo: expressões verbais e não verbais, bem como antecedentes e consequências destes comportamentos; Selecionar classes de comportamento; Se ater a partes do corpo; 9 Como serão registrados os dados, as técnicas de registro, amostragem. 3) Quais os critérios o observador utiliza no planejamento? O conhecimento prévio do assunto, o interesse do observador e as condições possíveis de realização do trabalho. 4) O que determina a validade das conclusões? O delineamento da pesquisa, em função das escolhas feitas pelo observador. 5) O que é validade interna e validade externa? Validade interna refere-se à consistência das declarações das amostras, isto é se as afirmações feitas são representativas da amostra. Validade externa refere-se a interpretações e generalizações da amostra para outras situações e populações. Com as perguntas e respostas acima, pode-se conhecer o objetivo, o planejamento e os critérios utilizados no planejamento e a validade das conclusões dos trabalhos. As autoras sintetizam afirmando que: “Ao planejar uma pesquisa deve-se levar em conta, além do objetivo do estudo, o conhecimento já existente do assunto, o interesse específico do observador e as condições possíveis de realização do trabalho”. O PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO Danna M. and Matos M, (2011, p.45), discorrem sobre o que é um protocolo de observação, sua finalidade e os cuidados necessários ao se coletar dados para a elaboração de um relatório de observação. O protocolo, segundo as autoras, é a folha que o observador utilizará para registrar os dados coletados. Três conjuntos de informações deverão constar, são eles: a identificação geral, a identificação das condições em que ocorrem a observação e o registro de comportamentos e situações ambientais. Na identificação geral deverão constar dados do observador e do objetivo da observação. Na identificação das condições deverão constar informações sobre “quando” e “onde” e com “quem” a observação foi realizada. No registro de comportamentos e situações ambientais deverão constar informações 10 sobre “como” a observação foi realizada, ou seja, as técnicas de amostragem e registro de dados utilizado e “o que“ foi observado. Danna M. and Matos M, (2011, p.48), salientam que “a identificação das condições em que a observação ocorre fornece ao observador elementos indispensáveis a analise e interpretação dos comportamentos” já que o número e o tipo de resposta que um organismo apresenta estão relacionados às características do organismo, como ao ambiente em que ele se encontra. Ou seja, determinados comportamentos têm maior probabilidade de ocorrer em certas circunstâncias do que em outras. Outra informação importante é a data e à hora, já que determinados comportamentos podem estar relacionados ao tempo, ou seja, ocorrem em maior ou menor intensidade quando acontecem em determinados dias ou horários. Por exemplo, comportamentos em locais de pico de movimentação de pessoas em determinado horário do dia, como exemplo clássico é o comportamento de um garçom no horário de pico, maior número de clientes dentro do restaurante, e fora do horário de pico (menor número de clientes dentro do restaurante). É também de suma importância a especificação do ambiente social, que segundo as autoras “deve-se focalizar a situação observada, isto é, identificar as demais pessoas presentes no local e descrever a atividade geral que está ocorrendo”. Nestes aspectos deve-se observar se há características comuns, como por exemplo, pessoas de uma mesma classe socioeconômica, escolaridade ou com particularidades físicas. Além disso, descrever a atividade geral que está ocorrendo no local. Danna M. and Matos M (2011, p.53), salientam que “o objetivo do estudo observacional determina o grau de detalhes com que o relato do ambiente físico, do ambiente social e do sujeito será realizado”. Segundo as autoras “a descrição do ambiente físico e social é feita através de dois recursos: o relato e o diagrama”. No relato há uma descrição verbal do ambiente e no diagrama utiliza-se a representação esquemática através de um desenho com legendas e convenções adotadas. 11 A TÉCNICA DE REGISTRO CONTÍNUO CURSIVO Danna M. and Matos M (2011, p.71), menciona que “Dentre as várias técnicas utilizadas pelo observador para o registro do comportamento e circunstâncias ambientais, destaca-se a técnica de registro contínuo cursivo”. Mas em que consiste o Registro Contínuo Cursivo? Segundo as autoras “consiste em, dentro de um período ininterrupto de tempo de observação, registrar, utilizando de linguagem científica e obedecendo à sequência temporal em que ocorrem os eventos, tais como eles se apresentam”. Nesta técnica por tanto, dois critérios são observados: o período em que a observação é efetuada, ou seja, de forma contínua, e a forma de registro, ou seja, cursivo. Sendo que esta técnica normalmente é utilizada na fase inicial de uma pesquisa ou de um trabalho, quando o observador faz o levantamento do repertório comportamental do sujeito e do ambiente. As autoras destacam os seguintes fatos que devem ser registrados através da técnica de registro contínuo cursivo: a localização, onde o sujeito se encontra no ambiente (tomando um ponto como referencial); a posição e postura do sujeito, esta que tem como referencial o próprio corpo (por exemplo: postura curva, ereta, etc.) e aquela que leva em consideração a relação com o ambiente (por exemplo: em pé, deitado); os eventos comportamentais, isto é, as ações do sujeito, que podem ser subdividido em comportamento motor (que mudam o contato físico com ele ou com o ambiente, como por exemplo: gestos, mudança de localização ou postura, locomoções, além de expressões faciais e verbais); eventos ambientais, isto é, mudanças que ocorrem no ambiente que ocorrem à observação, sendo que estes eventos podem ser mudanças no ambiente físico ou eventos sociais, que são comportamentos de outras pessoas presentes no ambiente. As autoras salientam que a dificuldade na utilização desta técnica é definir o grau de detalhamento que deve ser dado no registro. Assim, o objetivo do estudo determina a variedade e o tipo de comportamento a ser registrado. A riqueza dos detalhes depende da variedade de tipos de comportamentos que se observa e se registra simultaneamente; da velocidade que ocorrem e do grau de treinamento do observador. Algumas convenções ajudam na elaboração do registro: 1)Inicie o registro informando a localização e postura do sujeito; 12 2) Indique a pessoa que emite a ação; 3) Utilize o verbo no presente para registrar o evento; 4) No caso de verbos transitivos, indique o complemento; 5) Indique no registro em que direção a ação ocorre; 6) Use o grau normal ao se referir a objetos; 7) Registre ações que ocorrem, e não mencione as que não ocorrem. Não registre ausência de comportamento; 8) Eventos sucessivos devem ser registrados um embaixo do outro e eventos simultâneos devem ser registrados na mesma linha; 9) Terminada a observação numere os eventos registrados; 10) Anote ou grave comportamentos vocais; 11) Pode-se fornecer no registro o tempo em que os eventos ocorrem. As autoras concluem dizendo que atualmente é muito utilizado a técnica de gravaçõesem vídeos que segundo “Kreppner (2001), a utilização de vídeo garante a preservação da situação tal qual observada e permite infinitas replicações durante o processo de analise”. A TÉCNICA DA OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE Segundo Cruz Neto O. “O trabalho de Campo como descoberta e criação”. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001, observação participante é uma técnica “que se realiza do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos” O autor também observa que “O observador, enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os observados. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo contexto”. Pode-se perguntar qual a importância desta técnica? O autor responde a “importância dessa técnica reside no fato de podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de mais imponderável e evasivo na vida real.” 13 Outra pergunta é qual o papel do observador enquanto participante observador? O autor também responde “Nessa situação, o pesquisador deixa claro para si e para o grupo sua relação como sendo restrita ao momento da pesquisa de campo”. Sobre observação participante, neste trabalho, respondemos a outra questão sobre a postura por parte do observador, ou seja, como deve ser a postura do observador? Deve ter a capacidade de empatia e aceitação dele por parte do grupo, que são fatores decisivos. O autor orienta que “Um maior aprofundamento sobre o assunto pode ser buscado em Cicourel (1980), que aborda aspectos da teoria e do método em pesquisa de campo”. METODOLOGIA Em uma primeira fase, cada graduando foi orientado a observar e registrar comportamento de pessoas ou grupo de pessoas. Como critérios para seleção dos sujeitos e dos locais, todos foram escolhidos aleatoriamente. Apenas no primeiro caso observado, foi elaborado um Relatório com Linguagem do Cotidiano, que foi utilizado em uma dinâmica em sala de aula (sob a supervisão da professora Martinha), a saber, roda de exposição deste relatório, com a finalidade de treinar e analisar as dificuldades encontradas durante a observação. Ainda nesta primeira fase, foram dez horas de observação, portanto cada graduando elaborou dez relatórios de observação comportamental. Todos estes relatórios foram elaborados com a utilização da Linguagem Científica, sendo que em um deles foi elaborado um diagrama de situação e localização e em outro foi utilizado à técnica de observação participante. Na segunda fase, os ambientes escolhidos para observação, foram o da área Educacional e da área da Saúde, cada aluno precisou realizar observações comportamentais durante cinco horas no ambiente educacional e cinco horas em ambiente da saúde, sendo que para os relatórios, não foi exigida linguagem científica. 14 ANÁLISE DOS RESULTADOS A prática da observação do cotidiano proporcionou aos alunos do Curso de Psicologia, quinto período do Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu, em sua formação, uma experiência enriquecedora, pois permitiu desenvolver o domínio de processos de observação, registro e descrição da vida cotidiana. Inicialmente foi praticada a observação, sem finalidade científica, ou seja, a observação do cotidiano de pessoas ou grupo de pessoas, em diversos ambientes sociais. Prosseguindo, após esclarecimentos efetuados, através de uma roda de exposição, feitos em sala de aula, sob a direção da professora supervisora Martinha e com o estudo do material didático (Danna e Matos, 2011), passou-se à elaboração de observações do cotidiano, utilizando linguagem científica. Com a prática de sucessivas observações, a percepção de mundo se ampliou ao ser observado como diferentes eventos ambientais influenciam e modificam comportamentos, bem como as pessoas que na linguagem científica chama-se sujeito, também modifica o ambiente social. Ao desenvolver a prática da linguagem científica, foi possível aprender a elaboração de Relatórios conforme técnicas sistematizadas também se priorizaram na confecção destes relatórios definirem os objetivos de forma clara e precisa. Com o entendimento e a pratica do registro contínuo cursivo, observou-se que os eventos devem ser observados num período ininterrupto de tempo, numa sequência temporal. Entendeu-se também que ao planejar uma pesquisa deve se levar em conta, além do objetivo do estudo, o conhecimento já existente do assunto, o interesse especifico do observador e as condições possíveis de realização do trabalho. Foi possível compreender que baseado nas observações o psicólogo elabora hipóteses de diagnóstico da situação problema, identifica deficiências e variáveis que afetam o comportamento, visando optar por técnicas e procedimentos adequados ao tratamento. Com relação á utilização da técnica da OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE, realmente foi possível constatar, conforme citado anteriormente por Cruz Neto, que o “observador, enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face 15 a face com os observados. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo contexto”. No ambiente Educacional, alguns observações foram feitas com alunos durante a apresentação de trabalhos ou resenha de filmes. Nestes casos, realmente, foi possível observar “in loco” detalhes de comportamento destes alunos como segurança, timidez, motivação, organização, domínio do tema, postura e também como estes modificam o ambiente e é modificado por ele. Como exemplo, observa-se que os alunos melhor organizados, tanto na qualidade do material de estudo, que buscaram se aprofundar no aprimoramento do tema, como também que mantiveram diante de uma dificuldade uma atitude positiva, foram os que se destacaram. Estes alunos, com segurança, estabeleceram uma via de comunicação e intercâmbio com os ouvintes de forma que a transmissão de conhecimento ocorreu em ambos os sentidos, tanto do aluno apresentador do trabalho para os alunos ouvintes, como vice-versa (nos momentos próprio para perguntas e comentários). Muito enriquecedor foi também o aprendizado que obtivemos na APAE de Foz do Iguaçu-PR, uma das Instituições mais respeitadas no Brasil, que engloba tanto área Educacional quanto cuidados na área da Saúde. As observações de comportamento nesta Instituição permitiram uma visão geral sobre as interfaces, interações e dinamismos presentes na intersecção entre os comportamentos. Foi possível observar as relações existentes dentro do âmbito escolar da APAE, onde não só existe uma relação entre professor/aluno, mas entre alunos e outros profissionais que trabalham na linha de frente para que o aluno tenha um bom desempenho e acesso digno a uma boa alimentação, higiene, lazer, segurança, locomoção e bom atendimento durante seus momentos dentro da escola, pois muitos alunos vivem em situação de extrema vulnerabilidade social. O atendimento clínico fornecidos pelos setores da Saúde, como médico Psiquiatra e Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Psicólogo, Assistente Social, e na área da Educação como Professores e Atendentes que trabalham com um olhar mais atento as necessidades básicas dos alunos, fazem toda a diferença para garantir uma melhor qualidade de vida, mesmo que por algumas horas do cotidiano de cada um. Por fim, entre as dificuldades que aparecem dentro do âmbito escolar,a preparação de todos os profissionais para lidar com os principais fatores que afetam a 16 vinculação dos estudantes é um ponto crucial a ser considerado, uma vez que contextos educacionais que são capazes de lidar melhorcom as dificuldades e as necessidades dos alunos, permitem o desenvolvimento de trajetórias com maior qualidade de vida de todas as crianças e jovens adultos da APAE. No ambiente da área da Saúde, algumas observações foram em Unidades básicas de saúde, sendo que nestes casos, comportamentos de pacientes e funcionários foram observados. Foi possível observar em muitos casos, como o ambiente tem seu peso de influência no comportamento dos pacientes observados. Por exemplo, a lentidão no atendimento gera, em muitos pacientes observados, um comportamento de inquietude, ansiedade, descontentamento, portanto conseqüentemente a perda da credibilidade da Unidade de Saúde. Essa lentidão no atendimento que afeta o comportamento dos pacientes, também deixou exposto dois outros questionamentos, ou seja, quem não tem direito a um plano de saúde, recebe um atendimento público de menor qualidade? E quem tem plano de saúde, recebe um atendimento de menor qualidade do que aquele que paga consulta particular? Essa experiência no setor da saúde através do nosso relatório de observação entre as unidades de saúde de Foz do Iguaçu nos possibilitou um enorme aprendizado e um olhar mais atento com relação aos serviços prestados nos campos da saúde e um olhar mais humanizado em relação às pessoas que dependem de um serviço público de qualidade. Observa-se que, o horário de pico dos atendimentos, das UBS, influencia a qualidade do atendimento, devido ao maior fluxo de procura . Neste horário ocorrem os maiores conflitos entre as pessoas que aguardam atendimento (irritabilidade, maiores aglomerações de pessoas etc.) e as principais reclamações foram em decorrência da demora e espera pelo atendimento. A maioria dos funcionários (recepcionistas e enfermeiros principalmente) aparenta cansaço, impaciência e mau humor, neste horário. Os horários mais tranqüilos correspondem ao período da tarde. Poucas pessoas aguardam atendimento. E tanto os pacientes quanto os funcionários aparentam mais tranqüilidade entre um atendimento e outro. Foi interessante para termos tido essa possibilidade de fazer o trabalho entre unidades de saúde de diferentes bairros de Foz, pois foi possível observar o quanto o 17 comportamento das pessoas (funcionários e pacientes) muda entre uma unidade e outra. Concluímos com a certeza que prática da OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE do cotidiano também proporcionou uma experiência enriquecedora, pois permitiu um contato direto com os atores sociais, tanto no contexto EDUCACIONAL, como no contexto da SAÚDE. CONCLUSÃO O trabalho teve como fundamento a análise e o domínio dos processos de observação e a realização do trabalho através do estágio prático supervisionado. Sem duvida nenhuma a prática da observação na formação acadêmica, abriu para os alunos em sua formação, uma visão ampla, em muitos casos observar detalhes que de um modo geral passariam despercebidos. Observar e registrar os comportamentos não são uma tarefa simples de se realizar, pois exige uma série de estudos e técnicas do observador, além de uma atenção perspicaz dos eventos que ocorrem no ambiente. Encontramos algumas dificuldades para realizarmos os procedimentos. Um dos motivos foi em ter que visualizarmos sozinhos e fazermos as anotações durante as observações, mas no decorrer das aulas e com a prática, fomos nos adaptando a esse método de observação e registro. Este trabalho foi de grande importância, uma vez que nos proporcionou entender de uma maneira mais ampla e sólida acerca dos conceitos trabalhados em sala de aula. Ao término dos relatórios de observação, concluímos que como observadores também estamos sujeitos a falhas, pois as interpretações dos eventos poderão refletir na qualidade dos relatórios apresentados. Por isso, a importância dos estudos teóricos e a pratica da observação e dos registros se fizeram tão necessários, no decorrer do desenvolvimento desse estágio prático supervisionado, e com certeza, essa experiência enriquecedora, permitirá conseqüentemente como profissionais da psicologia um olhar diferenciado aos comportamentos dos pacientes. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Danna M. and Matos M. Aprendendo a Observar, Editora Edicon, 1 de janeiro de 2011. Cruz Neto O. “O trabalho de Campo como descoberta e criação”. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001
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