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· Fichamento: texto 4 (PETTER, Margarida. Linguagem, Língua, Linguística)
“O fascínio que a linguagem sempre exerceu sobre o homem vem desse poder que permite não só nomear/criar/transformar o universo real, mas também possibilita trocar experiências, falar sobre o que existiu, poderá vir a existir e até mesmo imaginar o que nem precisa nem pode existir.”
p. 11
A linguagem na sociedade vem desde tempos remotos. A exemplo: a escrituras sagradas revelam o uso da palavra (da língua) de Deus para criar o universo. Ela, além disso, é usada como forma de comunicação na sociedade, uma vez que, sem sociedade não há comunicação, e vice-versa. 
“[…] os gramáticos hindus, entre os quais Panini (século IV a.C.), dedicaram-se a descrever minunciosamente sua língua, produzindo modelos de análise […].”
p. 12
Antes mesmo de Cristo, com o uso de papiros, epístolas etc., já havia descrição da língua na civilização hindu. A comunicação entre os homens, portanto, é bem antiga e diversificada.
“O que é linguagem? Está implícito na formulação dessa pergunta o reconhecimento de que as línguas naturais, notadamente diversas, são manifestações de algo mais geral, a linguagem.” 
“Saussure considerou a linguagem heteróclita e multifacetada, pois abrange vários domínios;”
p. 13 e 14
A linguagem, nesse sentido, considera qualquer forma de comunicação dada (não somente pela língua). Assim, ela abrange todos as línguas e outras formas de comunicação. Saussure disse que ela era heteróclita, ou seja, que possui estilos e gêneros diferentes (eclética) e se “desvia” de normas estabelecidas; e multifacetada, porque possui características variadas e peculiares.
“Um estudo clássico sobre o sistema de comunicação usado pelas abelhas…”
“A mensagem se traduz pela dança exclusivamente, sem intervenção de um ‘aparelho vocal’, condição essencial para a linguagem (hoje, com as pesquisas sobre as línguas de sinais, sabe-se que as línguas não são necessariamente orais).”
“Em síntese, a comunicação das abelhas não é uma linguagem, é um código de sinais, […]”
p. 15, 16 e 17 
Émile Benveniste, linguista francês que seguiu as ideias de Saussure, propôs sua definição de linguagem dada no campo verbal, no máximo escrito, excluindo qualquer manifestação linguística que seja não verbal, como gestos, pinturas, esculturas e afins. Ele exemplificou seu ponto de vista ao comparar o modo como as abelhas e humanos se comunicam. Hoje a linguagem possui uma definição mais ampla do que a do linguista citado, uma vez que a linguagem de sinais, usada por surdos e pessoas do interesse, transmite uma variedade de ideias, irrestritas, assim como as línguas faladas (verbais). Margarida Petter acrescenta que Benveniste observou o mesmo comportamento das abelhas em outros insetos que vivem em sociedade. E, segundo ela, “a sociedade é a condição para a linguagem”. 
“Como o termo linguagem pode ter um uso não especializado bastante extenso, podendo referir-se desde a linguagem dos animais até outras linguagens – música, dança, pintura, mímica, etc. —, convém enfatizar que a linguística detém-se somente na investigação científica da linguagem verbal humana.” “[…] tornou possível conceber-se uma ciência que estuda todo e qualquer sistema de signos.” “O linguista procura descobrir como a linguagem funciona por meio do estudo de línguas específicas, considerando a língua um objeto de estudo que deve ser examinado empiricamente […]. A metodologia de análise linguística focaliza, principalmente a fala das comunidades e, em segunda instância, a escrita.”
“Muitos linguistas tomam a separação sincronia/diacronia como um rigoroso princípio metodológico:
ou se investiga o estado de uma língua ou se investiga a história de uma língua.”
p. 17, 18 e 19
Enquanto a linguagem é mais ampla, podendo considera outras formas de expressão (músicas, peças etc.) como forma de comunicação, a linguística focaliza um estudo científico restrito à linguagem verbal dos humanos. A Semiologia, ciência denominada por Saussure, ou Semiótica por Peirce, é a responsável por estudar toda forma e sistema de signos, se diferenciando da linguística, anteriormente dita a área que detém-se à língua humana. O profissional da linguística estuda a língua como ela é, por meio dela mesma na prática, não se restringindo a normas consideradas certas. Os termos sincronia e diacronia separados pelos linguistas diz repeito a, respectivamente, o estado de uma língua, suas normas, formas e talvez regras vigentes; e a história dela, que podem inserir o estudo das mudanças que podem ter ocorrido.
“A linguagem tradicional, ao fundamentar sua análise na língua escrita, difundiu falsos conceitos sobre a natureza da linguagem. Ao não reconhecer a diferença entre língua escrita e língua falada passou a considerar a expressão escrita como modelo de correção para toda e qualquer forma de expressão linguística.” “Ao compara as línguas em qualquer que seja o aspecto observado, fonologia, sintaxe ou léxico, o linguista constata que elas não são melhores nem piores, são simplesmente diferentes.”
p. 19 e 20
Desde os tempos precedentes a Cristo, a língua normativa gerou “mandamentos” da língua falada”, como foram com os hindus em relação ao Sânscrito. Temos, por exemplo, o nosso país que descreve a normativa como a forma padrão culta. O problema surge na falta de discernimento entre o “escrito” e o “falado”, inevitavelmente gerando preconceito e, assim, estigmatizando determinadas comunidades com suas normas e sotaques. Mas a linguística vem desmontado esse “politicamente correto” na fala, visto que, uma vez comparadas as línguas, percebe-se que são ambas diferentes, mas não piores entre si. 
“Mesmo se observarmos alguns fatos do português contemporâneo, verificaremos que as formas consideradas ‘erradas’ são frequentes, mesmo na fala de pessoas cultas […]” 
“A visão prescritiva da linguagem não admite, nem aceita a possibilidade de escolha, que uma forma seja mais adequada para um uso do que para outro.” “A abordagem descritiva assumida pela Linguística entende que as variedades não padrão do português, por exemplo, caracterizam-se por um conjunto de regras gramaticais que simplesmente diferem daquelas do português padrão.” 
“Com o objetivo de descrever a língua, a Linguística desenvolveu uma metodologia que visa analisar as frases efetivamente realizadas reunidas num corpus […]. O corpus não é constituído apenas de frases ‘corretas’ (como a gramática normativa), também inclui as expressões ‘erradas’, desde que apareçam na fala dos locutores nativos da língua sob análise.”
p. 20, 21 e 22
A Linguística tem buscado esclarecer as diferenças em uma língua sob análise; diferenças que podem estar ligadas a formas “erradas” na normativa, mas que é um fato dito e repedido inclusive por pessoas cultas. Essas formas consideradas erradas são subjugadas pela visão prescritiva, uma vez que esta não admite outras formas de uso de determinada língua. A visão descritiva, porém, diz que os termos que fogem da gramática são apenas elementos que diferem da norma padrão da língua. Daí entra um termo criado pela Linguística denominado corpus que inclui fatos dentro de uma língua que não precisam estar necessariamente corretos para a gramática. Chomsky acrescenta que não basta só observar e classificar os dados, é necessária uma teoria explicativa. Esta foi chamada de teoria da gramática, que trata das frases gramaticais que pertencem a língua, cujo objetivo é explicar as frases realizadas na língua proposta sob uma visão gramatical – diferente da normativa, que dita regras.