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CAPÍTULO 8: Direito Internacional público: universalismo e regionalismo · Durante séculos o Direito Internacional Público (DIP) permaneceu controlado pelas nações europeias cristãs e mercantilistas com o intuito de legalizar seus interesses. · Descentralização (universalização) do DIP devido a acontecimentos políticos como a independência de nações americanas, a admissão da Turquia no concerto da Europa além da inclusão de China, Irã, Tailândia, Afeganistão e Japão como membros da sociedade internacional e sujeitos de direitos. · Outros fatores para universalização do DIP: · multiplicação dos tratados de caráter global regulando matérias como comércio, pesca, jurisdição e privilégios consulares, extradição, etc. · estabelecimento de normas gerais de conduta dos Estados por meio das conferências multilaterais do séc. 19 · tratados multilaterais: Declaração de Paris (1856), Conferências de Haia (1899 e 1907), Tratado de Versalhes, criação da ONU. · Apesar desses avanços, a universalização do DI é ainda um ideal a ser concretizado. · O DIP, considerando o âmbito de aplicação de suas normas, divide-se em: · Direito Internacional Comum ou Universal: conjunto de princípios derivados do costume internacional que vinculam os Estados, independentemente de sua vontade expressa; E · Direito Internacional Particular ou Regional: conjunto de normas convencionais e consuetudinárias que vinculam apenas certo número de Estados. · Para André Gonçalves Pereira o Direito Convencional pode ser Geral (quando vincula grande parte dos Estados, tal como a Carta das Nações Unidas) ou Especial (composto de normas vindas de tratados estabelecendo obrigações a um número reduzido de Estados). · Dada a condição de anarquia no ambiente internacional, a ordem normativa do DI é marcada pela lentidão na formação das normas universais que devido a isso são poucas e abstratas. · Segundo Verdross, todas as normas do DIP são dispositivas, ou seja, dois Estados podem negociar qualquer matéria de seus interesses, contrariando o Direito Internacional Comum, desde que não afete os direitos de terceiros Estados. · Para a doutrina voluntarista (vontade dos Estados como pré-requisito para o DI) todas as normas devem ser dispositivas. · Art. 53 da Convenção de Viena declara que uma norma imperativa (jus cogens) do direito internacional geral não pode ser derrogada (invalidada) e só pode ser modificada por uma norma de direito internacional geral da mesma natureza posição antivoluntarista · Comissão de Direito Internacional dá como exemplos de normas imperativas as que proíbem a escravatura, a pirataria, o genocídio, as que qualificam o crime internacional, as que contêm o princípio da autodeterminação dos povos, da igualdade jurídica dos Estados, da liberdade dos mares, dos direitos fundamentais do homem. · Direitos como à vida, ao reconhecimento da personalidade jurídica, à integridade pessoal, à liberdade de consciência e de religião, à nacionalidade são tidos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos como normas imperativas com eficácia normativa erga omnes que não podem ser derrogadas. · Descumprimento de normas jus cogens configura crime internacional, salvo em situações extremas nas quais está em risco a própria sobrevivência do Estado. · Normas imperativas do DI se estendem a toda e qualquer violação, inclusive as resultantes de atos unilaterais do Estado. · A posição doutrinária majoritária aponta na direção do reconhecimento de uma subordinação do Direito Internacional Particular ao Direito Internacional Universal, sendo que a validade das normas do Direito Internacional Particular se limita ao conjunto de Estados que a ela se submetem. · O regionalismo passa para a esfera do DI a partir do momento em que se institucionaliza. · A Carta da ONU prevê que em determinado litígio, as partes devem procurar chegar a uma solução por meio de negociação, inquérito, solução judicial, ou qualquer outro meio pacífico à sua escolha. · Após a 2ª G.M. observa-se o regionalismo como expressão jurídica na formação de diversas alianças e acordos regionais. Ex.: OTAN · Dada a identidade que une as diferentes nações no sistema regional na América, foi possível formar um Direito Internacional Americano. De modo semelhante, a existência de um Direito Internacional Africano é possível devido à existência de interesses regionais comuns, pelas lutas de autodeterminação e de integridade territorial dos Estados. · Já na Ásia, a enorme diversidade cultural e religiosa, agravada por questões político-ideológicas e pela instabilidade política, inviabiliza o surgimento de um movimento pan-asiático assim como de um Direito Internacional Asiático.
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