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Simone Aparecida de Souza oliveira Semana 3 Prática escolar: Juventudes e problemas contemporâneos Falar sobre juventude é uma conversa ampla, é necessário desenvolver um diálogo entre diferentes campos do saber possibilitando a comunicação entre as diversas juventudes e suas pluralidades. O artigo fala um pouco do lugar social do jovem e de como a juventude constrói seu espaço na sociedade e como lidam com as contradições cotidianas da experiência e da expectativa. O período da vida que se apresenta entre a adolescência e a vida adulta é marcado por uma construção constante de significados e significações, o que é chamado por Dayrell de “vir a ser”. A juventude se expressa para além das formas impostas e normatizadas pela sociedade, eles recriam suas próprias formas de se expressarem, seja através da música, dança, grafite. Os espaços de lazer são fundamentais para que essa interação entre eles aconteça, contribuindo para a construção das identidades individuais e coletivas. Os jovens estabelecem relações sociais e culturais em diferentes espaços e meios de socialização: no lugar em que residem, no bairro em que vivem, no grupo social e de amigos e, em diversas formas de lazer utilizadas no tempo livre, nos locais de práticas esportivas, na rua, no shopping, nos lugares de entretenimento da cidade. Quando falamos do jovem como sujeito, estamos dizendo que ele é um ser humano aberto a um mundo de descobertas, com anseios legítimos e desejos próprios que se relaciona com outros sujeitos. Esta observação compreende o ser humano a partir do contexto no qual está inserido e conforme as trocas que ele realiza constantemente com os outros indivíduos. Ao apropriar-se dos espaços físicos os jovens produzem territorialidades transitórias utilizando-se desta como maneira para expressarem comportamentos contrários aos padrões impostos por uma sociedade excludente e injusta. E é exatamente o que vemos na entrevista dos dois jovens, João e Flavinho. Entre eles há algumas diferenças importantes. O primeiro tem um trabalho informal, tem uma boa relação de diálogo com a família. Ele não estuda, é rap. O segundo não trabalha, tem uma vida mais confortável, estuda por imposição, não tem uma boa relação de diálogo com a mãe, o pai abandonou, ele é funkeiro. Ambos querem viver da arte e propiciar uma vida confortável para suas mães, sabem dos sacrifício e abnegações delas para os criarem. Querem casar, construir uma família, ter uma condição de vida melhor. E não possuem a certeza de conseguir viver da música. Eles vivem as incertezas do futuro e as dúvidas, medos e sofrimentos do presente. A escola se mostra indiferente às suas realidades e anseios, não sendo um lugar de acolhimento, onde exista de fato interesse nas necessidades, pluralidades e interesses dos alunos, tornando-se assim um ambiente desestimulador, criando uma verdadeira barreira entre aluno e instituição. Muitas vezes a vontade desses jovens é retardar o amadurecimento com medo de assumir responsabilidades, ter um trabalho que não gostam e não os realiza enquanto indivíduos. Têm medo de ter que ser sérios e abandonar momentos de lazer, abandonar a música; muitas vezes é impossível conciliar necessidade de trabalhar para sobreviver e o prazer de trabalhar com o que se gosta. E perder a conexão com a música os assusta, porque é nela e através dela que eles desenvolvem suas relações mais importantes de convivência, de descoberta de si mesmos, de evolução. As interações acontecem sobretudo nesse meio, onde aprendem, desenvolvem suas habilidades e potencialidades, onde o medo de ser julgado é menor, onde são mais aceitos sendo eles mesmos. A música é existencialmente necessária para os jovens. É necessário pensar na importância de falar em juventudes nessa interface com música, socialização e identidades. Quando nos referimos à juventude, precisamos compreendê-la como uma categoria sócio-histórica, propondo um olhar para além da juventude como categoria física e com delimitações e critérios biológicos e etários. Para os jovens o uso da música é um meio que os ajuda na construção de sua identidade como uma espécie de companhia que lhes dá segurança no seu posicionamento na vida cotidiana. Além da música poder ter efeitos agregadores, através dos elementos emocionais e afetivos presentes nas produções musicais, ela também colabora na identificação de grupos juvenis, através de suas preferências musicais cujas características revelam valores, tradições e ideologias que são musicalmente compartilhadas no cotidiano. A música também informa sobre novos estilos de vida, modas, formas de conduta, servindo de estímulo para sonhos e anseios próprios e, com tudo isso, colaborando para construir identidades no âmbito individual e coletivo, assim como na vida pública e privada.
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