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Hemograma Introdução O hemograma é o nome dado ao conjunto de avaliações das células do sangue que reunido aos dados clínicos, permite conclusões diagnósticas e prognósticas de grande número de patologias. O hemograma consiste na avaliação da parte sólida (celular) do sangue periférico. Hemograma completo é um exame utilizado para avaliar as três linhagens sanguíneas, sendo elas: os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas, permitindo conclusões diagnósticas e prognósticas de grande número de patologias. É um dos exames de sangue mais útil e mais solicitado na prática médica. O hemograma é solicitado quando o objetivo é ter informações sobre as células do sangue, nomeadamente, leucócitos, plaquetas e hemácias. A contagem de sangue completo é um teste que avalia as células que circulam no sangue; também é conhecido como um hemograma completo (FBC), exame de sangue completo (FBE) ou painel de sangue. Ele consiste de contagem de células, tais como os glóbulos vermelhos (eritrócitos), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas; medida da Hb; estimativas do volume das células vermelhas; e estimativa de subtipos de glóbulos brancos (neutrófilos, linfócitos, basófilos, eosinófilos e monócitos). Valores de referência Os atuais valores de referência do hemograma foram estabelecidos na década de 1960, após observação de vários indivíduos sem doenças. considerado normal é, na verdade, os valores que ocorrem em 95% da população sadia. 5% das pessoas sem problemas médicos podem ter valores do hemograma fora da faixa de referência (2,5% um pouco abaixo e outros 2,5% um pouco acima). Portanto, pequenas variações para mais ou para menos não necessariamente indicam alguma doença. Obviamente, quanto mais afastado um resultado se encontra do valor de referência, maior a chance disto verdadeiramente representar alguma patologia. Para se realizar o hemograma temos dois meios de se fazer a contagem e avaliação de células, sendo eles, da forma automatizada através de computador e equipamentos eletrônicos ou através da forma não automatizada (forma manual) pela contagem através de microscópio. Cada grupo de pessoas (homens, mulheres, gestantes e crianças) têm valores diferentes de referência tidos como essencial para ser considerado normal, tendo esse valor base conseguimos identificar quando um hemograma nos dá um valor alterado, sendo o valor baixo, moderado ou alto em relação ao normal. Os valores de referência do hemograma completo, geralmente, variam de acordo com o sexo e idade do paciente. Valores de referência do hemograma feminino Parâmetros Valores de referência da mulher Valores de referência da mulher grávida Eritrócitos (1012/L) 3,9 a 5,3 3,9 a 5,6 Hemoglobina (g/dL) 12 a 16 11,5 a 16 Hematócrito (%) 35 a 45 34 a 47 Volume Corpuscular médio (fL) 78 a 94 Concentração de hemoglobina corpuscular média (g/dL) 32 a 37 Plaquetas (1019/L) 150 a 450 Leucócitos (1019/L) 4,5 a 11 Neutrófilos (%) 40 a 80 Eosinófilos (%) 0 a 5 Basófilos (%) 0 a 2 Linfócitos (%) 20 a 50 Monócitos (%) 0 a 12 Valores de referência do hemograma masculino Parâmetros Valores de referência do homem Eritrócitos (1012/L) 4,3 a 5,5 Hemoglobina (g/dL) 13,5 a 18 Hematócrito (%) 40 a 50 Volume Corpuscular médio (fL) 78 a 94 Concentração de hemoglobina corpuscular média (g/dL) 32 a 37 Plaquetas (1019/L) 150 a 450 Leucócitos (1019/L) 4,5 a 11 Neutrófilos (%) 40 a 80 Eosinófilos (%) 0 a 5 Basófilos (%) 0 a 2 Linfócitos (%) 20 a 50 Monócitos (%) 0 a 12 Eritrograma O eritrograma é o exame que avalia a série vermelha do sangue pela quantificação de valores de hematócrito (VG), hemoglobina (Hb), volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), e red cell distribution width (RDW). É o exame usado para identificação e avaliação de anemias. A análise da série vermelha contempla a quantificação de eritrócitos, hematócrito, dosagem de hemoglobina e índices hematimétricos (VCM, HCM, CHCM, RDW), bem como o exame microscópico da morfologia eritrocitária. A quantificação dos eritrócitos dará subsídios para a “classificação laboratorial das anemias” e, a seguir, a análise morfológica dos eritrócitos que auxilia na “classificação das causas e dos tipos de anemias”. Parâmetros do eritrograma - Eritrócito (HE) está relacionado com o número de hemácias contadas em determinado volume de sangue. - Hemoglobina (HB) é responsável pelo transporte de oxigênio para as células e está diretamente relacionada à função e coloração dos eritrócitos (porção proteica e porção com ferro). Hemoglobina é o pigmento de transporte de oxigênio dos eritrócitos, que é formado pelos eritrócitos em desenvolvimento na medula óssea. É uma proteína conjugada contendo quatro grupos heme e globina, tendo a propriedade de oxigenação reversível. - O hematócrito (HT) é um índice, calculado em porcentagem, definido pelo volume de todas as hemácias de uma amostra sobre o volume total desta amostra (é o percentual de sangue ocupado pelas hemácias 40%-50%). Hematócrito - Baixo: Menor quantidade de glóbulos vermelhos; - Elevado: Aumento de glóbulos vermelhos (Poliglobulia) ou desidratação (Redução do volume do plasma) - Volume corpuscular média (VCM) é o índice que ajuda na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da anemia: se pequenas são consideradas microcíticas, se grandes consideradas macrocíticas e se são normais, normocíticas. - Hemoglobina corpuscular média (HCM) mede a quantidade média de hemoglobina dentro das hemácias. - Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) indica a concentração da hemoglobina dentro de uma hemácia. Como a coloração da hemácia depende da quantidade de hemoglobina elas são chamadas de hipocrômicas (para baixas concentrações de hemoglobina), hipercrômicas (para elevada concentração de hemoglobina) e hemácias normocrômicas (no intervalo de normalidade). O CHCM difere do HCM pelo fato de que a concentração leva em conta o volume celular e o HCM apenas relaciona a hemoglobina total com o número de eritrócitos. - Variação no tamanho (volume) dos eritrócitos (RDW) é um índice que indica a anisocitose (variação de tamanho das hemácias). Dosagem de eritrócitos e plaquetas - Os analisadores que realizam contagem completa do sangue foram automatizados pelo uso do “princípio de Coulter”, que se baseia na condutividade celular, na dispersão da luz e na citometria de fluxo. - A dosagem de eritrócitos e plaquetas é realizada pelo método de impedância elétrica com foco hidrodinâmico ou dispersão da luz (branca para leucócitos e laser para hemácias e plaquetas). - Na impedância elétrica, as células sanguíneas são contadas e medidas a partir dos impulsos elétricos gerados quando são imersas em um meio condutor (solução eletrolítica); as células também são orientadas em um fluxo laminar e interceptadas uma a uma por uma corrente elétrica (mesmo sendo más condutoras de energia, quando imersas em um meio condutor podem ser contadas e medidas a partir dos impulsos elétricos gerados). O número de pulsos obtidos durante o ciclo de contagem é correspondente ao número de células contadas. Quanto maior a corrente elétrica, ou seja, a intensidade do pulso elétrico, maior é o tamanho da célula. Por esse método são contados eritrócitos, e em diferente diluição após sua lise, contam-se os leucócitos e as plaquetas. - O sistema de impedância elétrica aplicado à contagem celular, é também designado por corrente direta e tem como base o princípio de “Coulter”. Esta metodologia tem como base a medição de alterações numa corrente elétrica durante a passagem de partículas, neste caso células sanguíneas (suspensas numa solução salina, isotónica, boa condutora), através de um pequeno orifício situado entre dois eletrodos. Como as células não são condutoras de corrente elétrica, a passagem de cada célula através da abertura causa uma diferença de potencial entre os dois eletrodos. Desta alteração da corrente gera-se umpulso elétrico proporcional ao volume da célula que lhe deu origem. - As plaquetas e os eritrócitos são distinguidos com base no seu volume celular, uma vez que as plaquetas têm menor volume e que, como tal, originam um pulso de menor amplitude. O número de pulsos gerados indica o número de células. O tamanho/amplitude do pulso representa o volume/tamanho da célula. Os pulsos são analisados e classificados pelo tamanho por um analisador específico. O princípio de Coulter tem como base as mudanças na impedância elétrica produzida por partículas não condutivas suspensas em um eletrólito, à medida que elas passam por uma pequena abertura entre eletrodos. Na zona sensória da abertura, o volume de eletrólito deslocado pela partícula (célula) é medido como uma mudança em voltagem que é proporcional ao volume da partícula. Com controle cuidadoso da quantidade de eletrólito absorvido através da abertura, várias milhares de partículas por segundo são contadas e mensuradas individualmente. Células identificadas pelo tamanho incluem hemácias, leucócitos e plaquetas. A corrente alternada na faixa de frequência de rádio gera um curto-circuito na camada lipídica bipolar da membrana celular, permitindo que a energia penetre a célula. Informações sobre a estrutura celular, incluindo a composição química e o volume nuclear, são coletadas por essa técnica. Hematócrito (HT) - O hematócrito corresponde ao volume de eritrócitos por volume total de sangue, sendo expresso em L/L (U.I.) ou em percentagem. Para um mesmo número de eritrócitos podem corresponder valores de hematócritos diferentes. - No caso de desidratação, a diminuição do volume plasmático gera valores mais elevados de hematócrito; enquanto que no caso de hipervolemia os valores são menores. - Para analisar o hematócrito utiliza-se a técnica de microhematócrito, a qual corresponde ao volume compacto dos glóbulos vermelhos em relação ao volume total de sangue em um capilar de vidro, obtido após microcentrifugação de 11.000 rpm por 5 minutos. - O microhematócrito é uma técnica manual e complementar ao hemograma que permite mensurar o volume que os eritrócitos ocupam num determinado volume de sangue total. Através desta técnica é possível diagnosticar e monitorar prováveis anemias resultantes da deficiência de ferro ou sangramento recente e também policitemias resultantes de uma desidratação. Técnica do microhematócrito - Preencher um tubo capilar com sangue até ¾ da sua altura. - Fechar uma das extremidades na chama de uma lamparina (massa de modelar ou outros materiais podem ser utilizados para a oclusão do capilar). - Colocar o capilar em uma centrífuga apropriada por 5 minutos em 10000 a 12000 rpm. Hemoglobina (HB) - A análise de hemoglobina é realizada pelo método colorimétrico, no qual a concentração de hemoglobina é determinada espectrofotometricamente nos autoanalizadores através da tecnologia SLS-Hb. Nesta metodologia é utilizado um reagente de lise dos eritrócitos libertando a hemoglobina, que é oxidada a metahemoglobina por ação do SLS (laurel-sulfato-sódio) formando um complexo estável e corado (SLS-Hb) cuja absorvância é lida espectrofotometricamente a um comprimento de onda de 550nm, (variando um pouco entre os aparelhos). O valor de absorvância é proporcional à concentração de hemoglobina na amostra. Este método é influenciado pela turbidimetria da amostra, que pode ser alterada por lipemia ou por leucocitose. - A determinação da hemoglobina é importante para o diagnóstico de anemias, pois o seu valor nestas situações está diminuído. Volume corpuscular médio (VCM) - O volume corpuscular médio (VCM) corresponde à média do volume dos eritrócitos, expresso em fentolitros (fL). É um parâmetro muito usado na classificação de anemias, por estar associado a alterações no tamanho dos eritrócitos. - A anemia classifica-se como normocítica quando os valores de VCM estão dentro dos valores de referência (80-100fl), como macrocítica quando o valor de VCM é superior a 100fL (eritrócitos macrocíticos) e como microcítica quando o seu valor é inferior a 80fL (eritrócitos microcíticos). - O volume corpuscular médio é determinado pelos aparelhos automáticos mas pode também ser calculado pela fórmula: hematócritos/ número de eritrócitos x 10 Hemoglobina corpuscular média (HCM) - A hemoglobina corpuscular média (HCM) é um parâmetro correspondente ao conteúdo de hemoglobina por eritrócito. - Pode ser calculado pela seguinte fórmula, expressando o resultado em picogramas (pg ou 10-12 g): HCM = hemoglobina (g/dL) / número de eritrócitos x 10 - Os valores normais para este parâmetro são de 27-32 pg. - Quando os valores estão acima de 32 picogramas no adulto, isso indica hipercromia, de forma que a hemácia fica mais escura que o normal devido à grande quantidade de hemoglobina por hemácia, o que pode acontecer devido ao consumo elevado de álcool, uso de alguns medicamentos ou alterações de tireoide. - Quando os valores estão abaixo de 27 picogramas no adulto, é indicativo de hipocromia, em que a hemácia apresenta cor mais clara que o normal devido à menor concentração de hemoglobina por hemácia, o que pode ser devido à anemia ferropriva devido a falta de ferro, e a talassemia, que é um tipo de anemia genética. Plaquetograma As plaquetas, também conhecidas por trombócitos, são células sanguíneas formadas na medula óssea derivadas da fragmentação dos megacariócitos. Possuem forma discóide, são anucleadas (sem núcleo) e têm um tempo de vida médio de nove a doze dias. As plaquetas são fundamentais no processo inicial da hemostasia com participação na coagulação sanguínea, ou seja, funcionam como tampões formando os coágulos sanguíneos. A atuação fisiológica das plaquetas é fundamental no processo inicial da hemostasia, promovendo a agregação dessas células e a adesividade delas com as células endoteliais próximas às lesões. Durante essas atividades hemostáticas, as plaquetas funcionam como tampões e promovem o desencadeamento da coagulação sanguínea. Por essas razões a contagem total de plaquetas e a análise da sua morfologia são muito importantes. A quantidade total de plaquetas é determinada pelo volume de sangue avaliado. O valor de referência normal de plaquetas em crianças e adultos fica entre 150.000 e 450.000 mm3. - A trombocitose (plaquetoses) é indicada pelo aumento do número das plaquetas circulantes. Plaquetoses até 700000 mm3 podem ocorrer notadamente na anemia ferropriva, hemorragias agudas, inflamações e infecções crônicas, anemias hemolíticas, leucemias e policitemia vera. Entretanto há situações em que a contagem de plaquetas é superior a 700.000 podendo chegar até 3.000.000 mm3, como é o caso da trombocitemia essencial de doença mieloproliferativa que desencadeia a formação descontrolada das células precursoras das plaquetas, os megacariócitos. - A trombocitopenia (plaquetopenia) é indicada pela redução do número de plaquetas circulantes. As situações que causam plaquetopenias induzem ao sangramento (exemplo leucemias agudas, púrpuras, hiperesplenismo e Lúpus Eritematoso Sistêmico). A contagem placentária pode ser realizada pelos métodos: impedância/foco hidrodinâmico, dispersão da luz, citometria de luxo com anticorpo monoclonal específico para a superfície de plaquetas (CD61, CD41). Volume plaquetário médio - O volume plaquetário médio (VPM) é uma medida do tamanho médio das plaquetas. - Plaquetas novas são maiores, e um aumento do VPM ocorre quando aumenta a produção de plaquetas. - O VPM dá ao médico uma indicação da produção de plaquetas na medula óssea. - O volume plaquetário médio (VPM) é um marcador da função plaquetária. Níveis elevados de VPM têm sido identificados como fatores de risco independentes para o IM em pacientes com doença cardíaca coronariana. No entanto, os valores biológico e prognóstico de níveis elevados de VPM ainda são controversos. Interferentes pré-analíticos/analíticos - Idade: Criança X Adultos (eritrócitos, hematócrito, hemoglobina e volume corpuscular médio) - Sexo:mulheres X homens (eritrócitos, hematócrito e hemoglobina) - Horário da coleta: o valor do hematócrito diminui ao longo do dia (até 5%) - Jejum: não é necessário se dieta leve, mas se lipemia (aumento da turbidez da amostra) é necessário jejum de 4 horas, pois resulta numa falta elevação de hemoglobina (também ocorre se grande lipemia uma elevação dos leucócitos). Anemia A anemia é definida como síndrome caracterizada por diminuição de massa eritrocitária total. Laboratorialmente, definimos anemia como hemoglobina menor que 12 g/dl em mulheres ou 13 g/dl em homens. A investigação laboratorial inicial consiste na realização dos seguintes exames: - Hematócrito, hemoglobina e contagem de eritrócitos para avaliar o grau de anemia. Índices hematimétricos (VCM, HCM e CHCM) para determinar se os eritrócitos são, em média, normocíticos, macrocíticos (VCM > 100) ou microcíticos (VCM < 80) e se são hipocrômicos. - O aumento da amplitude de distribuição do volume dos eritrócitos (RDW) é uma medida de anisocitose. - Contagem de reticulócitos para estimar se a resposta medular sugere incapacidade da produção- ou hemólise-ou perda sanguínea recente. - Exame microscópico da distensão sanguínea (lâmina de sangue periférico) para avaliar o aspecto dos eritrócitos e as alterações concomitantes dos leucócitos e das plaquetas. Quando um paciente com anemia (hemoglobina abaixo do valor padrão) se apresenta com o VCM e HCM diminuídos, denomina-se anemia microcítica e hipocrômica; se o VCM e HCM estiverem dentro dos valores da faixa de normalidade, a anemia é normocítica e normocrômica; e se o VCM estiver elevado (não há HCM elevado) a anemia é do tipo macrocítica. Na anemia ferropriva, inicialmente ela se apresenta como normocítica e normocrômica e depois evolui para seu quadro característico sendo microcítica e hipocrômica. As anemias carências tendem a apresentar anisocitose indicado pelo RDW elevado pela a ocorrência da competição em relação ao nutriente carente carente pelos diferentes clones de eritroblastos Possíveis causas da anemia - Diminuição da produção de eritrócitos na medula; - Aumento da destruição de eritrócitos; - Perda de Sangue. A bilirrubina indireta é um marcador laboratorial capaz de diferenciar anemias por perdas de sangue e anemias por hemólise. Leucograma O leucograma é o exame que avalia os leucócitos, células de defesa do organismo, sendo também conhecidas por glóbulos brancos. É ele que quantifica o número de neutrófilos, bastões ou segmentados, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos encontrados no sangue. O leucograma avalia as contagens total e diferencial (valores relativo e absoluto) dos leucócitos, bem como a morfologia dos neutrófilos, linfócitos e monócitos, principalmente. A primeira análise do leucograma se suporta na verificação da contagem total dos leucócitos. Quando os valores dos leucócitos estão aumentados, cientificamente isto se chama leucocitose e, pode ser causada por uma infecção e até uma leucemia e, quando os leucócitos estão diminuídos, chama-se leucopenia, que pode ser causada pelo uso de medicamentos ou quimioterapia (especialmente a leucocitose deve ser adjetivada em discreta ou leve, moderada e acentuada, de acordo com os valores do leucograma). As leucocitoses ocorrem basicamente em três situações - Leucocitose fisiológica: geralmente de grau leve é comum em gestantes, RN, lactantes, após exercícios físicos e em pessoas com febre; - Leucocitose reativa: está notadamente relacionada com o aumento de neutrófilos e se devem às infecções bacterianas, inflamações, necrose tecidual e doenças metabólicas; - Leucocitose patológica: está relacionada a doenças mieloproliferativas (leucemias mielóides, policitemia vera, mieloesclerose) e linfoproliferativas (leucemias linfóides e alguns linfomas). Citometria de fluxo fluorescente - O método de contagem dos leucócitos é a citometria de fluxo fluorescente; um técnica que permite a detecção de antígenos em células ou anticorpos do sangue, a partir de uma marcação com anticorpos conjugados a uma molécula fluorescente (fluorocromos). - A citometria de fluxo é uma metodologia utilizada para o estudo morfológico, fenotípico e funcional de células através da detecção da dispersão da luz e da fluorescência emitida por moléculas (fluorocromos) ligadas às mesmas. - A molécula ou função de interesse a ser avaliada deve ser marcada com anticorpos monoclonais (AcMo) acoplados à fluorocromos ou com fluorocromos que possuam a propriedade biológica de interesse. Assim, quando as amostras marcadas são adquiridas em citômetro de fluxo, estes fluorocromos são excitados por uma radiação laser, que intercepta cada célula, e emitem um comprimento de onda (cor) que é detectado por um sensor, chamado de tubo fotomultiplicador (photomultipliers tubes - PMTs). Quanto maior o número de sensores em um citômetro, maior o número de cores (e de moléculas de interesse) que se pode avaliar. Estes sensores são capazes de converter a luz captada em sinais eletrônicos, os quais são enviados ao computador, possibilitando, através de software específico, uma análise multiparamétrica dos resultados. Esta análise é realizada através de representações gráficas da intensidade de fluorescência emitida pelo fluorocromo e as respectivas características morfológicas das células. A citometria de fluxo tipicamente usa células marcadas com um corante supravital ou fluorescente, que passam em suspensão uma por uma à frente de uma fonte de luz laser (células não marcadas também são medidas). A luz dispersa e a luz emitida são coletadas à frente da fonte luminosa e em ângulos retos, respectivamente. A informação derivada da medição da dispersão da luz quando uma célula é atingida pelo feixe laser é então usada para estimar a forma da célula, o tamanho da célula, a granularidade celular, a lobularidade nuclear e a estrutura da superfície celular. Alguns contadores de células classificam os leucócitos usando o princípio de Coulter, a condutividade celular e a dispersão de luz de células não marcadas para diferenciar os tipos celulares, enquanto outros contadores celulares usam múltiplos canais de citometria de fluxo ou uma combinação de citometria de fluxo, condutividade celular e dispersão da luz. Como a citometria de fluxo auxilia na quantificação de leucócitos - A citometria de fluxo permite a medida de múltiplas características de partículas individuais que fluem em fila única em uma corrente de fluido. - A fluorescência permite que a luz emitida por anticorpos conjugados a fluorocromos identifique uma ampla variedade de antígenos citoplasmáticos e de superfície celular. - A difração de luz (dispersão frontal e dispersão lateral) promove uma dispersão da luz em diferentes ângulos permitindo uma distinção do tamanho e da complexidade interna. Um espelho dicróico permite a passagem de luz de um determinado comprimento de onda, enquanto a luz de outros comprimentos de onda é refletida. Quais células são avaliadas na contagem diferencial da série branca Glóbulos brancos Neutrófilos - São células sanguíneas mais abundantes em relação ao sistema de defesa, sendo responsável pelo combate a bactérias e, quando os valores de neutrófilos estão altos, isto pode indicar uma infecção bacteriana. - Os bastões são os neutrófilos jovens, que foram lançados no sangue para combater uma infecção aguda e, os neutrófilos segmentados são os neutrófilos maduros. Linfócitos - Os linfócitos combatem vírus, tumores e produzem anticorpos. Quando aumentados, podem indicar uma infecção viral, HIV, leucemia ou rejeição de um órgão transplantado, por exemplo. Monócitos - São células de defesa responsáveis por fagocitar microorganismos invasores, sendo também chamados de macrófagos. Atuam contra vírus e bactérias, sem distinção. Eosinófilos - São células de defesa que são ativadas em caso de alergia ou caso o indivíduo tenha algum parasita. Basófilos - São as células de defesa que são ativadas em caso de inflamação crônica oualergia prolongada e, em um indivíduo normal, só é encontrado até 1%. Letícia Terruel
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