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1 Referência: aula da prof. Liane Prematuridade É quando o nascimento acontece antes de 37 semanas de gestação. O CID10 ainda faz a classificação do que seria um prematuro extremo (< 28 semanas). Os demais prematuros, de 28 a 36,6 semanas. • Extremo: 20 – 28,6 semanas • Moderado: 29 – 33,6 semanas • Tardio: 34 – 39,6 semanas Dados do DATASUS de 2017 chamam atenção para o nascimento de 30 milhões de crianças prematuras ou com baixo peso. São crianças que têm risco de adoecimento nos primeiros dias de vida. Em 2017, 2,5 milhões de RN morreram nos primeiros 28 dias de vida, sendo 80% com baixo peso ao nascer e 65% prematuras. Importância • Principal causa de morbimortalidade neonatal: quanto menor a idade da criança no momento do parto, maior o risco de morrer e ter doenças relacionadas com a prematuridade. • Custo financeiro e emocional: necessidade de cuidados intensivos, tempo de hospitalização é maior, uso de medicações etc. • A criança poderá vir a ter, na sua sobrevida, complicações neurológicas, de visão e audição. • Internações no primeiro ano de vida: 3 a 4 vezes mais frequentes entre os prematuros • Importância em prevenir parto prematuro: pré- natal e obstetrícia são importantes para viabilizar uma gestação o mais próxima ao termo possível. Situações de risco • Idade materna: < 16 e > 35 anos. • Baixa escolaridade materna • Ausência de pré-natal • Desnutrição • Uso de fumo, álcool e drogas • História reprodutiva de risco: partos prematuros ou baixo peso, perdas fetais ou natimorto. Isso é chamado de passado obstétrico ruim. • Pequeno intervalo entre um parto e outro • Doenças da gestação atual: diabetes, hipertensão, TORCHS (infecções perinatais), colonização por SGB (estreptococo do grupo B), doenças autoimunes. Características do PT • Baixas reservas de nutrientes: baixa reserva de glicogênio, especialmente a nível de fígado; • Altas taxas de crescimento e alto metabolismo: demanda muito do suporte extrauterino que a criança vai ter; • Estresse fisiológico e metabólico: por não estar mais no meio intrauterino, não precisar digerir alimentos, nem respirar etc. Ao mesmo tempo: • Instabilidade clínica: é preciso manter o RN estável. • Muita susceptibilidade a infecções: além da imaturidade imunológica, o meio da unidade intensiva, com procedimentos invasivos, torna a criança susceptível a infecções. • Funções fisiológicas imaturas. Aporte hídrico e imaturidade renal • Perda insensível de água: maior quanto menor a idade gestacional. 2 • Perda de peso fisiológica: 14%. • Distúrbios de sódio, potássio e cálcio. Geralmente, o RN a termo perde até 10% do seu peso na primeira semana de vida, porque ele tem muita quantidade de líquido extracelular. Só após o nascimento que ele aumenta a cornificação de pele, para diminuir essa perda insensível de água. O prematuro vai ter ainda mais água extracelular e a pele é fina/delgada, ela não tem cornificação, então a perda de água pela pele vai gerar uma perda de peso de 14% ou mais. A imaturidade renal e do SRAA vai levar a perdas renais do prematuro, de água e eletrólitos, como sódio, potássio e cálcio. Necessidades hídricas Utilizamos tabelas para calcular o aporte hídrico das 24 horas de acordo com o peso da criança no momento, bem como outros fatores, como insuficiência renal, por exemplo. • Variam de acordo com a idade gestacional, condições ambientais e estados patológicos. Quanto menor o peso, maior a necessidade de água. Isso é necessário porque a perda insensível de água vai ser maior em bebês com baixo peso. Alimentação do prematuro • Individual • De modo a evitar fadiga e aspiração por regurgitação • Modos: oral (por sucção), gavagem (dieta por sonda), endovenoso (quando a alimentação oral ou por gavagem é contraindicada) • Tipos: leite materno (da própria mãe, ordenhado e oferecido por sonda; na ausência de leite materno da mãe, pega do banco de leite) e fórmulas lácteas para prematuros. O prematuro com mais de 34 semanas ou mais de 2 kg, dependendo da situação clínica, vai poder mamar no peito (ausência de desconforto respiratório, boa saturação, RHA presente, hemodinamicamente estável). O que devemos atentar é em evitar fadiga respiratória, para que a criança não aspire por regurgitação. Portanto, em alguns casos, será necessário uma gavagem (sonda) ou alimentação parenteral. Quando iniciar dieta enteral? Estabilidade cardiopulmonar, ausência de desconforto respiratório grave, ausência de distensão abdominal. O que é nutrição enteral mínima? Dieta enteral < 20 ml/kg/dia Essa dieta serve para o quê? Não serve para nutrir a criança, nem garantir as calorias, mas ela estará recebendo nutrição parenteral precoce. Dando leite materno para dentro do tubo digestivo da criança, mesmo em quantidade mínima, é possível: evitar atrofia e achatamento de mucosa, estimular hormônios intestinais, melhorar a tolerância alimentar, ganhar peso mais rápido, reduzir tempo de hospitalização e diminuir níveis de bilirrubina. A dieta vai gradualmente sendo aumentada a cada 24 horas, permitindo um ganho de peso mais rápido e diminuindo o tempo de hospitalização. Coloniza o intestino da criança com flora de lactobacilos vivos. A criança elimina mecônio e, através dele, a bilirrubina, reduzindo a circulação enterohepática dessa substância. É importante porque essa seria uma das situações presentes para o aparecimento de icterícia. Com a enteral mínima a criança não está nutrida, mas é melhor do que não receber nada. Depois que passar de 20 ml por kg por dia, já não é enteral mínima, começa a fazer desmame da parenteral e aumenta a enteral. Pontos da nutrição do prematuro • Extremo baixo peso: nutrição parenteral, nutrição enteral mínima, terapia nutricional mista, aditivo de leite materno (LM) ou fórmula pré, fórmula pós alta. • Muito baixo peso: nutrição parenteral, nutrição enteral, terapia nutricional mista, aditivo do LM ou fórmula pré, LM fórmula / pós alta ou fórmula de partida. 3 • Baixo peso: nutrição enteral ou LM, leite materno ou fórmula de partida. Os aditivos de leite materno e a fórmula de prematuro garantem maior quantidade de cálcio, fósforo e calorias ao leite materno, porque essa criança vai ganhar peso mais rápido que a criança a termo. A criança de baixo peso vai ficar sem parenteral, fica um tempo com sonda e já passa para o leite materno exclusivo ou para uma fórmula de partida. • Dieta enteral por gavagem: o leite desce por gravidade da seringa. Não pode empurrar com êmbolo, senão vai levar uma pressão muito grande para o estômago e o bebê vai acabar regurgitando. • Dieta enteral por sucção nutritiva: a sonda fica no dedo do profissional. A criança recebe a dieta que vem da seringa, mas está sugando o dedo do profissional, então ela faz um certo esforço. É importante para que ela aprenda a sugar e passe para o peito da mãe; é um processo de transição. • Dieta enteral por translactação: a sonda fica na aréola da mãe. A seringa não fica alta, ela fica na altura do peito. A criança precisa fazer uma força maior para sugar o leite. Para a mãe produzir leite, é necessário o estímulo da sucção, então a translactação é importante para a mãe aumentar a produção láctea e a criança aprender a mamar no peito. Como avaliar a tolerância à dieta? • Distensão abdominal? Regurgitações/vômitos? • Atenção para enterocolite necrosante: suspender a dieta nesses casos. A criança fica com a sonda aberta. Enterocolite necrosante Criança com quadro séptico que compromete perfusão intestinal. A criança, com o alimento presente no intestino, vai ter distensão de alça visível no raio X. A criança poderá ter, nas fezes, a pesquisa do sangue oculto positiva, porque a mucosa lesada passasangue para o intestino da criança. Em uma evolução desse sofrimento intestinal, depois das alças ficarem distendidas, a criança pode ter perfuração de alça com pneumoperitôneo. Antes disso, na lesão de mucosa intestinal, o ar do tubo digestivo penetra na submucosa, dissecando a parede intestinal, apresentando um sinal radiológico denominado sinal da pneumatose intestinal. • Laboratório: sangue oculto nas fezes. • Raio X: distensão de alças intestinais, pneumatose intestinal e pneumoperitôneo. O raio X mostra a parede intestinal edemaciada, ou seja, branca, e dentro da parede branca, há uma linha preta, que indica a presença de ar. É o sinal da pneumatose intestinal. A conduta é suspender dieta enteral, fazer dieta parenteral total e ATB. Havendo perfuração intestinal, a criança tem que ir para o bloco cirúrgico, a fim de fazer ressecção da alça intestinal perfurada. Conclusões • A prematuridade vem aumentando em todo o mundo e a sobrevida de extremos prematuros é cada vez maior. • Prematuros apresentam maior risco de desenvolver doenças imunopreveníveis é frequente o atraso no início do calendário vacinal desta população. • Alguns esquemas vacinais precisam ser adaptados nessas crianças. • Estímulo ao aleitamento materno, não exposição ao tabaco, frequência tardia a creches e berçários e imunização adequada da criança e da família são fundamentais na prevenção de doenças em prematuros. Transição e adaptação da vida intra para extrauterina 4 • Fluxo sanguíneo diminuído nos pulmões fetais: desvio do fluxo sanguíneo pulmonar através do canal arterial, para outras regiões que não os pulmões. Dentro do útero, o pulmão está colabado e cheio de líquido, as arteríolas pulmonares estão fechadas e a pressão pulmonar está elevada. O canal arterial tem a finalidade de desviar o sangue do pulmão para a aorta, já que não está havendo ventilação pulmonar. É necessário que o sangue continue indo para o pulmão para garantir a nutrição pulmonar. Grande parte desse sangue vai ser desviado através do canal arterial. Através disso, garante- se que mais sangue oxigenado vá para mais órgãos do corpo do feto. Quando a criança nasce, o ar entra e a criança ventila, empurrando o líquido para fora, agora temos oxigênio dentro do alvéolo. Assim, as arteríolas pulmonares dilatam. O sangue mais rico em oxigênio é um dos fatores que vai promover o fechamento por constrição do ducto arterioso, que depois fecha com fibrose também. Então essa é a transição da circulação fetal para a da vida extrauterina. Circulação fetal A veia umbilical passa através do ducto venoso, tem a cava inferior, que vai cair no átrio direito. Através do canal arterial, o sangue é desviado da pulmonar para a aorta, que vai descendo e nutrindo todo o corpo da criança. Depois volta para a placenta e a mãe que faz a ventilação do feto, trazendo novamente sangue oxigenado pela veia umbilical. As artérias umbilicais levam sangue não oxigenado, e a veia umbilical traz o sangue oxigenado. Intrauterinamente, a criança tem alta resistência vascular pulmonar, porque as arteríolas pulmonares estão contraídas, com baixa perfusão pulmonar. • Feto: alta resistência vascular pulmonar com baixa resistência vascular sistêmica. O forame oval desvia sangue do átrio direito para o esquerdo, porque a câmara direta tem mais pressão. O pulmão tem RVP elevada, então o lado direito fica com mais pressão. Assim, o fluxo de sangue vai ser átrio direito-átrio esquerdo pelo forame oval e pulmonar-aorta pelo canal arterial. Isso garante boa oxigenação cerebral e miocárdica, porque o sangue oxigenado sai das câmaras direitas para a esquerda sem passar pelo pulmão. • Recém-nascido: após clampeamento do cordão umbilical, a resistência vascular sistêmica aumenta, fazendo com que o ventrículo esquerdo tenha mais pressão. O pulmão se expande, com vasodilatação das arteríolas pulmonares, caindo a pressão vascular pulmonar. O forame oval e o canal arterial se fecham. 5 Asfixia • É mais comum em pré-termos. Ocorre quando a criança não ventilou adequadamente ao nascer, por pulmão imaturo ou deficiência de surfactante, por exemplo. A asfixia leva a hipóxia e acidose, que são duas situações que provocam vasoconstrição das arteríolas pulmonares. Isso faz com que a pressão do pulmão permaneça elevada e o canal arterial permaneça aberto. A asfixia no nascimento, portanto, causa persistência da circulação fetal, com hipertensão pulmonar. São situações reversíveis com o tempo e com o tratamento. Problemas neonatais associados aos RNPT • Infecções • Retinopatia da prematuridade • Osteopenia da prematuridade 1. Retinopatia da prematuridade • Mapeamento de retina: PT com IG ≤ 32 semanas ou PN ≤ 1500 g, SDR, sepse, transfusões sanguíneas ou HIV. • Primeiro exame entre 4 e 6 semanas de vida • Fisiopatologia: oscilações no fornecimento de oxigênio provoca desarranjo no crescimento e formação de vasos anômalos da retina. A retina está em desenvolvimento na vida intrauterina. O desenvolvimento dos vasos da retina é do centro para a periferia. Eles se completam próximo das 37 semanas, no RN a termo. Se a criança nasce prematura, com oscilações no fornecimento de O2 (sepse, choque, baixa PA, má perfusão), então isso vai levar a um desarranjo no crescimento e amadurecimento dos vasos da retina, que ficam tortuosos, ocorrendo neoformação vascular e podendo dar descolamento de rotina. É por isso que é rotina que os prematuros com menos de 32 semanas e peso ao nascer menor que 1500 g com desconforto respiratório, sepse, hemorragia intraventricular, sejam avaliados por oftalmologista com dilatação de pupila. Faz entre 4 e 6 semanas de vida, pelo tempo da fisiopatologia – é preciso um tempo mínimo para se alterar o padrão vascular da retina. Uma vez feito o diagnóstico de retinopatia, o oftalmologista agenda as próximas avaliações. Existem classificações e indicação de tratamento com laser. 2. Osteopenia da prematuridade • Desmineralização dos ossos que acomete prematuros de extremo baixo peso. • PN < 1500 g: 30% • PN < 1000 g: 60% • Pico mineralização óssea ocorre por volta das 32 a 36 semanas de idade gestacional. Quanto menor a idade gestacional, menor a mineralização óssea do esqueleto da criança. Causas • Oferta de cálcio e fósforo menor que a necessária para alta taxa de metabolismo ósseo do prematuro. • Nutrição parenteral prolongada • Uso de corticoide e diurético • Deficiência de vitamina D • Complementação de cálcio e fósforo deve garantir a mineralização óssea semelhante à intrauterina. A clínica é muito semelhante a um raquitismo: fraqueza muscular, hipotonia, fraturas ósseas espontâneas (mais tardio), diminuição crescimento linear, bossa frontal, craniotabes, rosário raquítico, sulco de Harisson. Diagnóstico laboratorial • Triagem: 6 semanas de vida • Fósforo sérico < 3,5 mg/dl • Cálcio: normal ou alto • Fosfatase alcalina > 800 UI/L 6 Diagnóstico radiológico • Rx ossos longos: alargamento epifisário, osteopenia, epífises em taça, rarefação metáfises. • Os sinais só aparecem: 40% de perda mineral. Profilaxia / tratamento • Fortificar leite materno para prematuros com peso < 1500 g (*FM 85) • Usar fosfato tricálcico manipulado se impossibilidade de fortificante do leite materno. o Oferta Ca:P (2:1) 150 mg Ca e 75 mg P • Vitamina D: 400 UI/dia • Fórmula infantil para prematuro: se não tiver no leite materno exclusivo, usa essa fórmula, que já vai garantir o cálcio e o fósforo. É feita em toda criança com menos de 1,5 kg, com fortificante de leite materno. Sobrevida de RN prematuro Depende: qualidade do pré-natal, assistência ao parto, idade gestacional no parto, estrutura do atendimento neonatal e complicaçõesna evolução. Seguimento do prematuro • Alimentação • Vitaminas, ferro e zinco • Crescimento • Desenvolvimento • Imunizações • Prevenção da infecção por VSR na época endêmica – de abril a agosto (vírus sincicial respiratório): é um vírus que, em uma criança a termo, causa bronquiolite, mas em prematuro pode matar. o Anticorpo monoclonal Palivizumabe: garantida pelo ministério da saúde. Rolinho em volta do bebê: contenção facilitada. Fica como se fosse um útero. Soninho: musicoterapia Ownt môdeusoooo na redinha esse pinguinho de gente, eu encho de cheiroooooo
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