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1 Eletrônica 2 Eletrônica ............................................................................................................................... 4 Capitulo 1 – Bandas de Energia ............................................................................................. 4 Capitulo 2 – Materiais Semicondutores Intrínsecos ............................................................... 9 2.2 - Condução Elétrica nos Semicondutores ................................................................... 10 2.3 - Semicondutores Tipo N e P ...................................................................................... 10 Capitulo 3 – Diodo semicondutor ......................................................................................... 14 3.2 – Polarização da junção PN ........................................................................................ 17 3.3 - Conceito de Reta de Carga ....................................................................................... 20 3.4 – Modelos de diodos ................................................................................................... 21 3.5 – Teste de diodos ........................................................................................................ 25 Capitulo 4 – Circuitos com diodos ....................................................................................... 33 4.1 – SINAL SENOIDAL ................................................................................................ 33 4.2 – Circuitos retificadores ............................................................................................. 36 4.2.1 – Transformadores ............................................................................................... 36 4.22 –Retificador de meia onda .................................................................................... 38 4.23 –Retificador de onda completa com derivação central ......................................... 41 4.24 –Retificador de onda completa em Ponte ............................................................. 45 4.25 –Filtro capacitivo .................................................................................................. 49 Capitulo 5 – Diodos Especiais .............................................................................................. 54 5.1 Zener ........................................................................................................................... 54 5.2 Diodo zener como regulador de tensão ................................................................ 56 5.3 Circuito regulador de tensão com carga ............................................................... 61 5.31 Carga fixa e tensão de entrada constante .............................................................. 63 5.32 Carga variável e tensão de entrada constante ....................................................... 64 5.33 Carga fixa e tensão de entrada com ripple ............................................................ 66 5.34 Carga variável e tensão de entrada com ripple ..................................................... 68 5.4 LED (Diodo Emissor de Luz) ..................................................................................... 70 5.5 Fotodiodo e Optoacoplador ........................................................................................ 71 5.51- Fotodiodo ............................................................................................................ 71 5.52- Optoacoplador ..................................................................................................... 72 Capitulo 6 – Transistores Bipolares...................................................................................... 79 6.1 – Funcionamento dos transistores NPN e PNP .......................................................... 80 6.2 – Efeito de Amplificação ............................................................................................ 82 6.3 – Configurações básicas ............................................................................................. 83 6.31-Configuração base comum (BC) .......................................................................... 84 6.32- Configuração emissor comum (EC) .................................................................... 89 6.33- Ganho de corrente EC versus ganho de corrente BC .......................................... 91 6.34- Configuração coletor comum (CC) ..................................................................... 93 6.35- Os limites dos transistores ................................................................................... 93 Capitulo 7 – Polarização dos transistores bipolares ............................................................. 99 7.1 – Ponto quiescente ...................................................................................................... 99 7.2 – Reta de carga ......................................................................................................... 100 7.3 – Circuito de polarização em base comum ............................................................... 100 7.31 – Determinação da reta de carga......................................................................... 101 7.32 – Circuito de polarização em base comum com uma fonte de alimentação. ...... 103 7.4 – Circuito de polarização em emissor comum.......................................................... 104 7.41 – Circuito de polarização em emissor comum com corrente de base constante . 105 3 7.42 – Influência da temperatura no comportamento dos transistores ....................... 106 7.43 – Circuito de polarização EC com corrente de emissor constante ..................... 108 7.44– Circuito de polarização EC com divisor de tensão e base ................................ 110 7.441– Determinação da reta de carga........................................................................ 111 7.5 – Circuito de polarização em Coletor comum .......................................................... 113 Capitulo 8– Transistor com chave ...................................................................................... 124 Capitulo 9– Fundamentos de amplificadores ..................................................................... 129 9.1 – Parâmetros de um amplificador ............................................................................. 129 9.11 – Ganhos de corrente, tensão, potência e defasagem ......................................... 129 9.12 – Capacitores de acoplamento ............................................................................ 131 9.13 – Amplificadores em cascata .............................................................................. 132 9.14 – Impedância de entrada e saída ......................................................................... 132 9.15 – Curva de resposta em freqüência ..................................................................... 133 9.16 – Decibel ............................................................................................................. 134 9.17 – Tipos de amplificadores................................................................................... 137 4 Eletrônica Capitulo 1 – Bandas de Energia Um átomo e formado por elétrons que giram ao redor de um núcleo composto por prótons e nêutrons, sendo que o número de elétrons, prótons e nêutrons são diferentes para cada tipo de elemento químico. Os elétrons giram em órbitas ou níveis bem definidos, conhecidos como K, L, M, N, O, P e Q, como mostra a figura 1.1. Figura 1.1 - Modelo atômico de Bohr. Quanto maior a energia do elétron, maior é o raio de sua órbita. Assim, um elétron da órbita Q tem mais energia que um elétron da órbita P. Este por sua vez, tem mais energia que um elétron da órbita O e assim por diante. A energia de cada um das órbitas pode ser esquematizada como mostraà figura 1.2. Figura 1.2 – Níveis de energia de um átomo. A mecânica quântica estuda de forma profunda esta relação entre os raios das órbitas possíveis, os níveis de energia correspondentes e o numero máximo de elétrons permitido em cada órbita. 5 No entanto, para o estudo de materiais semicondutores é necessário, apenas, entender que um elétron precisa estar a uma determinada distância (órbita) do núcleo e com uma determinada velocidade (energia cinética) para que a força centrífuga Fc, orientada radialmente e para fora do átomo, equilibre-se com a força eletrostática Fe, entre ele e o núcleo, tornando-o estável, como mostra a figura 1.3. Figura 1.3 – Estabilidade de um elétron numa determinada órbita. Estas condições de estabilidade dos elétrons em determinadas órbitas fazem com que em cada uma delas seja possível um número máximo de elétrons, como mostra a figura 1.4. Figura 1.4 – Número máximo de elétrons em casa órbita. A ultima órbita de um átomo define sua valência, ou seja, a quantidade de elétrons desta órbita que pode se libertar do átomo através do bombardeio de energia externa (calor, luz, etc) ou se ligar a outro átomo através de ligações covalentes (compartilhamento dos elétrons da ultima órbita de um átomo com os elétrons da ultima órbita de outro átomo). Esta órbita mais externa recebe o nome de órbita de valência ou banda de valência. Os elétrons da banda de valência são os que têm mais facilidade de sair do átomo. Em primeiro lugar, porque ele tem uma energia maior e em segundo lugar, por estarem a uma distância maior em relação ao núcleo do átomo, a força de atração eletrostática e menor. Com isso, uma pequena quantidade de energia recebida faz com que eles se tornem livres, formando uma banda de condução e sendo assim capazes de se movimentar pelo 6 material. São estes elétrons livres que, sob a ação de um campo elétrico(DDP, Tensão elétrica), formam a corrente elétrica. Como mostra a figura 1.5. Figura 1.5 – Elétrons livres, banda de condução e corrente elétrica. Da mesma forma, caso a banda de valência não possua o número máximo de elétrons permitido, é ela a responsável pelas ligações covalentes com outros átomos de forma a torna a ligação atômica estável. O fato de essas órbitas estarem a distâncias bem definidas em relação ao núcleo do átomo, faz com que entre uma órbita e outra exista uma região onde não é possível existir elétrons, denominada banda proibida. O tamanho dessa banda proibida na ultima camada de elétrons define o comportamento elétrico do material, como na figura 1.6, onde três situações diferentes são representadas. Figura 1.6 – Isolantes, Condutores e semicondutores. A figura 1.6 mostra que em cada um dos casos a banda proibida tem um tamanho diferente. No primeiro caso, um elétron, para se liberar do átomo, tem que dar um salto de energia muito grande. Desta forma, pouquíssimos elétrons têm energia suficiente para sair da banda de valência e atingir a banda de condução, fazendo com que a corrente elétrica nesse material seja sempre muito pequena. Esses materiais são chamados isolantes. No segundo caso, um elétron pode passar facilmente da banda de valência para a banda de condução sem precisar de muita energia. Isso acontece principalmente nos materiais metálicos, onde a própria temperatura ambiente é suficiente para o surgimento de uma grande quantidade de elétrons livres. Esses materiais são os condutores. O terceiro e ultimo caso é um intermediário entre os dois outros tipos de materiais. Um elétron precisa dar um salto para sair da banda de valência e atingir a banda de condução, mas o salto é pequeno. Esses materiais são chamados semicondutores. 7 Estas diferenças entre os diversos materiais podem ser explicadas em função de vários fatores: • Composição química – caracteriza os elementos químicos que forma o material; • Ligação química – caracteriza o tipo de ligação que une os elementos químicos desse material; • Forma de organização estrutural – caracteriza a forma como os átomos desses elementos se organizam entre si (estrutura amorfa, quando estão desorganizados; estrutura cristalina, quando estão organizados). Todos esses fatores determinam o número de órbitas e a intensidade das forças de atração e repulsão das cargas elétricas presentes nos átomos. EXERCÍCIOS: 1. O que faz com que os elétrons permaneçam estáveis em órbitas bem determinadas? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 2. Qual é a órbita de valência de um átomo? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 3. O que é e como é formada a banda de condução de um átomo? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 4. O que é banda proibida? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 5. O que define o comportamento elétrico dos materiais isolantes, condutores e semicondutores?Justifique. 8 _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 9 Capitulo 2 – Materiais Semicondutores Intrínsecos Existem vários tipos de matérias semicondutores. Os mais comuns e mais utilizados são o silício (Si) e o germânio (Ge). Estes dois elementos caracterizam-se por serem tetravalentes, ou seja, por possuírem quatro elétrons na camada de valência, como mostra a figura 2.1. Figura 2.1 – Átomos de silício e germânio Por serem tetravalentes, cada um de seus átomos pode realizar quatro ligações covalentes com outros quatro átomos. Por uma questão de simplicidade e para que se possa compreender melhor, vamos observar as ligações covalentes em representações planas, como a figura 2.2. Figura 2.2 – Representação plana dos semicondutores. Existem matérias (Si, Ge, GaAs e Inp) são chamados de semicondutores, intrínsecos ou puros, pois se encontram em seu estado natural. 10 Hoje em dia, o silício é o material mais utilizado já que é bastante abundante na natureza (pode ser obtido a partir do quartzo que é encontrado na areia da praia e na terra), portanto é mais barato. Por causa disso, e também pela sua larga utilização na fabricação de dispositivos, que daqui para frente, o semicondutor de referência será o Silício. 2.2 - Condução Elétrica nos Semicondutores Uma tarefa importante é a compreensão de como e possível à condução elétrica nos semicondutores. A figura 2.3 mostra um elétron que se libertou do átomo por ter recebido energia suficiente, tornando-selivre. O átomo fica, então, com uma ligação incompleta e, como ele perdeu um elétron, esta ionizada positivamente. Figura 2.3 – Formação de um íon positivo Após um determinado tempo, observando-se novamente a estrutura deste semicondutor, pode-se constatar que aquele íon positivo “andou”, como mostra a figura 2.4. Figura 2.4 – Movimento do íon positivo 2.3 - Semicondutores Tipo N e P 11 Quando num cristal de silício é acrescentada uma quantidade de átomos de uma material pentavalente (com cinco elétrons na camada de valência) como, por exemplo, o arsênio (As), o antimônio (Sb) e o fósforo (P), estes elementos estranhos, também chamados de impurezas, assumem a mesma estrutura do cristal de silício fazendo, cada impureza, quatro ligações covalentes com seus átomos vizinhos mais próximos, como mostra a figura 2.5. Figura 2.5 – Cristal de silício com impurezas pentavalentes. Por serem pentavalentes, um dos elétrons da camada de valência de cada átomo fica sem participar das ligações, tornando-se livre. Por isso, as impurezas pentavalentes são chamadas de impurezas tipo N. Desta forma, o número de elétrons livres é maior que o número de lacunas (geradas pelo calor a temperatura ambiente), ou seja, neste semicondutor os elétrons livres são os portadores majoritários, e as lacunas são portadores minoritários, como mostra a figura 2.6. Figura 2.6 – Semicondutor Tipo N. 12 Como os elétrons livres são cargas elétricas negativas, este semicondutor é chamado de tipo N. Da mesma maneira, se as impurezas acrescentadas são de átomos de um material trivalente (com três elétrons na camada de valência) como, por exemplo, o alumínio (Al), o boro (B) e o gálio (Ga), as ligações covalentes formação lacunas como mostra a figura 2.7. Figura 2.7 - Cristal de silício com impureza trivalente. Por isso, as impurezas trivalentes são chamadas de impurezas tipo P. Desta forma, o número de lacunas é maior que o número de elétrons livres (gerados pelo calor a temperatura ambiente), ou seja, neste semicondutor as lacunas são portadores majoritários e os elétrons livres são portadores minoritários, como mostra a figura 2.8. Figura 2.8 – Semicondutor Tipo P. Como as lacunas podem ser consideradas cargas elétricas positivas, este semicondutor é chamado tipo P. Os cristais semicondutores N ou P, por conterem impurezas são também denominados semicondutores extrínsecos. A técnica de se acrescentar impurezas ao semicondutor para aumentar tanto o número de elétrons livres quanto o número de lacunas é chamada de dopagem e, por isso, a impureza também é chamada de dopante. 13 No caso dos semicondutores III-V (GaAs e InP), não existe um processo de dopagem propriamente dito. Os semicondutores tipo N e P, no caso do GaAs, são obtidos através do aumento da dose de Ga (para tipo N) e de As (para tipo P). EXERCÍCIOS: 1. O que é um semicondutor intrínseco e extrínseco? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 2. O que uma material pentavalente e Trivalente? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 3. Quando se faz uma dopagem com um material pentavalente se introduz que tipo de portador? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 4. O que é dopagem? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 5. Na dopagem trivalente o material fica sendo chamado de P ou N? Porque? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 14 Capitulo 3 – Diodo semicondutor A partir dos semicondutores tipo N e tipo P, são possíveis construir diversos dispositivos, entre eles o diodo semicondutor, com aplicações extremamente importantes para o projeto de sistemas eletrônicos. O diodo semicondutor é constituído basicamente por uma junção PN, ou seja, pela união física de um material tipo P (cujos portadores majoritários são lacunas) com um tipo N (cujo portador majoritários são elétrons), como mostra a figura 3.1. Figura 3.1 – Junção PN Efetuando-se esta união, o excesso de elétrons do material tipo N tende a migrar para o material tipo P, visando tanto o equilíbrio eletrônico – equilíbrio das densidades de elétrons nos dois materiais – como a estabilidade química – cada átomo do material tipo N que perde um elétron fica com oito elétrons na sua camada de valência, o mesmo acontecendo com cada átomo do material tipo P que tem a sua lacuna ocupada por este elétron. Este fenômeno da ocupação de uma lacuna por um elétron e chamado de recombinação, como mostra a figura 3.2. Figura 3.2 – Recombinação elétron – lacuna. Como o processo de recombinação ocorre inicialmente na região próxima à junção, um fenômeno interessante acontece: a formação de uma camada de depleção. Depleção significa diminuição ou ausência e, neste caso, esta palavra corresponde à ausência de portadores majoritários na região próxima à junção PN. Este fenômeno acontece à medida que os átomos do material tipo P próximos a junção recebem os primeiros elétrons preenchendo suas lacunas, no lado N forma-se uma região de íons positivos (falta de elétrons) e no lado P uma região com íons negativos (excesso de elétrons), dificultando ainda mais a passagem de elétrons do material tipo N para o material tipo P. 15 Assim, a partir de um certo momento, este fluxo de elétrons cessa e esta região ionizada (camada de depleção) fica com ausência de elétrons e lacunas, que são os responsáveis pele corrente elétrica, como mostra a figura 3.3. Figura 3.3 – Camada de depleção. Como a camada de depleção fica ionizada, cria-se uma diferença de potencial na junção chamada de barreira de potencial, cujo símbolo e Vγ, como a figura 3.4. Figura 3.4 - Barreira de potencial. Esta diferença de potencial Vγ, a 25ºC é de aproximadamente 0,7V para os diodos silício e 0,3 v para os diodos de germânio. A figura 3.5, a seguir, mostra duas propriedades da junção PN. 16 Figura 3.5 – Gráficos: carga e portadores versus junção. O gráfico 3.5a indica a situação da carga elétrica ao longo da junção, no qual observa-se que a camada de depleção tem carga negativa no lado P e positiva no lado N. O gráfico 3.5b mostra a quantidade de portadores majoritários e minoritários presentes em cada parte da junção. Cada lado do diodo semicondutor recebe um nome: o lado P chama-se ânodo (A) e o lado N chama-se cátodo (K). O nome ânodo vem do ânion e cátodo vem do cátion. Figura 3.6 - Símbolo elétricodo diodo semicondutor. Na análise feita até aqui, não se levou em consideração a quantidade de impurezas que cada material recebe. Normalmente, é acrescentado cerca de um átomo de impureza para cada cem mil átomos de semicondutor. Essa quantidade pode variar de um dispositivo 17 para outro e, num mesmo dispositivo, o lado N pode ter uma concentração de impurezas diferente em relação ao lado P. 3.2 – Polarização da junção PN Aplicando-se uma tensão nos terminais do diodo, a camada de depleção se modifica, alterando também as características da barreira de potencial. Estas modificacões dependem do sentido da polarização do diodo. POLARIZAÇÃO DIRETA A polarização direta ocorre quando o potencial positivo da fonte se se encontra ligado no lado P e o potencial negativo no lado N, como mostra a figura 3.7. Figura 3.7 – Polarização Direta. Com VCC > Vγ , os elétrons do lado N ganham mais energia porque são repelidos pelo terminal negativo da fonte, rompem a barreira de potencial Vγ e são atraídos para o lado P, atravessando, assim a junção. No lado P, eles recombinam-se com as lacunas, tornando-se elétrons de valência, mas continuam deslocando-se de lacuna em lacuna, pois são atraídos pelo terminal positivo da fonte, formando-se uma corrente elétrica de alta intensidade (Ip ou If), fazendo com que o diodo semicondutor se comporte como um condutor ou uma resistência direta RD muitíssimo pequena como mostra a figura 3.8. Figura 3.8 – Comportamento do diodo na polarização direta. 18 POLARIZAÇÃO REVERSA A polarização reversa ocorre quando o potencial negativo da fonte se se encontra ligado no lado P e o potencial positivo no lado N, como mostra a figura 3.9. Figura 3.9 – Polarização reversa. Por causa da polarização reversa, os elétrons do lado N são atraídos para o terminal positivo e as lacunas para o terminal negativo da fonte. Com isso, formam-se mais íons positivos no lado N e os íons negativos no lado P, aumentando, assim, a camada de depleção e, conseqüentemente, a barreira de potencial. A barreira de potencial aumenta até que sua diferença de potencial se iguale à tensão da fonte de alimentação (VCC). Portanto, quanto maior a tensão de fonte, maior a barreira de potencial. Por outro lado, existe uma corrente muito pequena formada pelos portadores minoritários (elétrons no lado P e lacunas no lado N); muitos deles criados continuamente pela energia térmica a temperatura ambiente. Essa pequena corrente elétrica é chamada corrente reversa (Ir) estando limitada aos portadores minoritários, ou seja, ela não aumenta proporcionalmente à tensão reversa aplicada ao diodo, sedo considerada desprezível na grande maioria dos casos. Assim o diodo se comporta como se fosse um circuito aberto ou uma resistência reversa Rr altíssima. Como mostra a figura 3.10. Figura 3.10 – Comportamento do diodo na polarização reversa. Portanto, o diodo semicondutor é um dispositivo que conduz apenas quando está polarizado diretamente. Para facilitar a compreensão do funcionamento do diodo semicondutor, pode-se descrever graficamente o seu comportamento elétrico através de uma curva característica que mostra a corrente em função da tensão aplicada, como se vê na figura 3.11. 19 Figura 3.11 – Curva característica do diodo semicondutor. Este gráfico mostra que para tensões negativas (polarização reversa) a corrente é praticamente nula, caracterizando uma resistência elétrica muito alta, sendo esta tensão limitada por VBR (tensão de ruptura ou breakdown voltage). Para tensões positivas (polarização direta), até Vγ a corrente é baixa, mais acima de Vγ, ela passa a ser bastante alta, caracterizando uma resistência elétrica muito baixa, sendo esta corrente elétrica limitada por IDM ou IFM. Esta curva também mostra que, como todo dispositivo elétrico e eletrônico, o diodo semicondutor tem determinadas características e limitações que são especificações dadas pelos fabricantes. Principais especificações do diodo semicondutor: • Como a junção PN possuir uma barreira de potencial natural (Vγ), na polarização direta só existe corrente elétrica se a tensão aplicada ao diodo VD for: VD ≥ Vγ • Na polarização direta, existe uma corrente máxima que o diodo pode conduzir (IDM ou IFM) e uma potência máxima de dissipação (PDM ou PFM), cuja relação é: PDM = VD . IDM • Na polarização reversa, existe uma tensão reversa máxima que pode ser aplicada ao diodo chamada tensão de ruptura ou breakdown voltage (VBR). • Na polarização reversa, existe uma corrente muito pequena denominada corrente reversa (IR). Exemplo: O diodo de código 1N4001 tem as seguintes especificações dadas pelos fabricantes: Corrente Direta Máxima IDM 1A Corrente de Fuga IR 10µA Tensão de Ruptura VBR 50V Potência Máxima PDM 1W 20 3.3 - Conceito de Reta de Carga A ligação de um diodo a uma fonte de alimentação deve ser feita sempre se utilizando um resistor limitador em série, para protege-lo contra a corrente máxima, como mostra a figura 3.12, no qual o resistor limitador é o próprio resistor de carga RL [ R- resistor; L – Load (Carga em Inglês)]. Figura 3.12 – Diodo ligado com resistor de carga (polarização direta). Denomina-se ponto de trabalho ou ponto quiescente(Q) do diodo os valores de tensão VD e corrente ID aos quais ele esta sendo submetido num circuito. O ponto Q pode ser obtido através da curva característica do diodo, na qual traça-se uma reta de carga. Figura 3.13 – Reta de carga e ponto quiescente do diodo. Para traçar a reta de carga, faz-se: • Determina-se a tensão de corte VC (tensão no diodo quando ele esta aberto); VC = VCC • Determina-se a corrente de saturação IS (corrente no diodo quando ele esta em aberto); L CC S R V I = • Traça-se a reta de carga sobre a curva característica do diodo; • O ponto quiescente (VD e ID) corresponde exatamente às coordenadas do ponto Q, onde a reta de carga intercopta a curva característica do diodo. 21 • Pode-se, também, calcular a potência de dissipação do diodo pela equação: DDD xIVP = Exemplo: Dada a curva característica de um diodo, mostrada abaixo, determinar o seu ponto quiescente e sua potência de dissipação, sabendo-se que ele esta ligado em série com um resistor de 50 Ω e alimentado por uma fonte de 2,2V. Primeiramente, deve –se determinar a reta de carga: VVV CCC 2,2== mA R V I L CC S 4450 2,2 === Traça-se agora a reta de carga sobre a curva característica do diodo: Assim, o ponto quiescente resultante é: VD = 1,2 V e ID = 20 mA Finalmente, a potência dissipada pelo diodo vale: mWIVP DDD 2410202,1 3 =××=×= − 3.4 – Modelos de diodos Idealmente, o diodo é um dispositivo que bloqueia toda a passagem de corrente num sentido e permite a passagem no outro. Sempre que o valor da tensão presente no circuito for muito maior que Vγ, pode-se considerar o diodo como um elemento ideal. 22 Porém, quando o valor de Vγ não for desprezível, é necessária a utilização de um modelo para o diodo, ou seja, a sua substituição por um circuito equivalente para que os cálculos relativos aquela circuito possam ser realizados com maior precisão. A vantagem de se utilizar um modelo esta no fato de que este facilita os cálculos em circuito mais complexos, tornando-os mais simples do que o trabalho feito a partir da curva característica e reta de carga. Existem basicamente três modelos para o diodo, que devem ser utilizados de acordo com as características do circuito e precisão desejada para os cálculos. MODELO 1 – DIODO IDEAL Este modelo considera o diodo comportando-se com um condutor na polarização direta e com um circuito aberto na polarização reversa, como mostra a figura 3.14. Figura 3.14 – Modelo-1: Diodo ideal MODELO 2 – DIODO COM Vγ Este modelo considera o diodo comportando-se como um condutor em série com uma bateria de valorVγ na polarização direta, e como um circuito aberto na polarização reversa, como mostra a figura 3.15. Figura 3.15 – Modelo-2: Diodo com Vγ. 23 MODELO 3 – DIODO COM Vγ e RD (modelo linear) Este modelo é o mais próximo do real e considera o diodo comportando-se como um condutor em série com uma bateria de valor Vγ e uma resistência RD correspondente à inclinação de sua curva característica na polarização direta, e como um circuito aberto na polarização reversa, como mostra a figura 3.16. Figura 3.16 – Modelo-3: Diodo com Vγ e RD Exemplos: Para efeito de comparação, estes exemplos mostram os resultados dos cálculos das correntes num diodo, utilizando-se os três modelos em duas condições diferentes de circuitos: CIRCUITO-1: MODELO-1: 24 MODELO-2: MODELO-3: Neste caso, percebe-se que as diferenças entre os resultados obtidos são pequenas em relação à ordem de grandeza da corrente no diodo e, portando, qualquer modelo pode ser adotado, dependendo apenas da precisão desejada. CIRCUITO-2: 25 MODELO-1: MODELO-2: MODELO-3: Neste caso, percebe-se que as diferenças entre os resultados obtidos na corrente no diodo são quase da mesma ordem e, portanto, o modelo-3 deve ser o preferido, pois a corrente resultante e certamente a próxima do valor real. 3.5 – Teste de diodos A condição de um diodo semicondutor pod3e ser rapidamente determinada utilizando-se (1) um multímetro digital com função de teste de diodos, (2) função ohmímetro de um multímetro. (1) FUNÇÃO DE TESTE DE DIODOS (multímetro digital) Um multímetro digital com a opção de teste de diodo é mostrado na figura 3.17. Observe o pequeno símbolo de diodo com opção abaixo do seletor de função/escala. Quando colocado nessa posição e conectado da forma mostrada na figura 3.18a, o diodo deve estar no estado “ligado” (on) e o display fornecerá uma indicação de tensão de polarização direta, como por exemplo: 0,67V (para o Silício). O medidor tem uma fonte de corrente constante interna (em torno de 2 mA) que proporciona um valor de tensão, conforme mostra a figura 3.18b. Uma indicação 1 ou OL 26 obtida realizando-se as conexões mostradas na figura 3.18a revela um diodo aberto (defeituoso). Se as pontas de prova do medidor forem invertidas, deverá ocorrer uma indicação 1 ou OL, devido à equivalência de circuito aberto para o diodo. Portanto, em geral, uma indicação OL em ambas as direções indica um diodo aberto ou defeituoso. Figura 3.17 - multímetro digital com capacidade de verificar o estado do diodo. Figura 3.18 – Verificando um diodo no estado de polarização direta 27 (2) FUNÇÃO DE TESTE DE DIODOS (multímetro analógico) Na seção 3.4 vimos nos modelos de diodos que os diodos apresentam uma certa resistência em polarização direta, e essa resistência é bem baixa em polarização direta comparada ao valor encontrado em polarização reversa. Portanto, se medirmos a resistência de um diodo utilizando as conexões indicadas na figura 3.19a, poderemos esperar um valor relativamente baixo. A indicação resultante do ohmímetro será uma função da corrente estabelecida através do diodo pela bateria interna (geralmente 1,5V ou 9V) do medidor. Quanto maior a corrente, menor o valor da resistência. Para a situação de polarização reversa, o valor lido deve ser bem alto, exigindo uma escala para a medida de alta resistência no medidor, conforme mostra a figura 3.19b. Uma leitura de resistência elevada, obtida com ambas as polaridades, obviamente indica um comportamento de circuito aberto (dispositivo defeituoso), enquanto uma leitura de resistência muito baixa, obtida com ambas as polaridades, indica que o dispositivo será provavelmente em curto-circuito. Figura 3.19 – Testando um diodo com um ohmímetro 28 EXERCÍCIOS: 1-) O que é recombinação e porque ela ocorre? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 2-) O que é Camada de depleção e como ela se forma? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 3-) O que é barreira de potencial e qual o seu valor para os diodos de silício e germânio? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 4-) O que acontece com os portadores majoritários na polarização direta? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 5-) Porque os portadores majoritários não circulam pelo diodo na polarização reversa? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 6-) O que é Corrente reversa? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 29 _________________________________________________________________________ 7-) Explique quais são as principais especificações do diodo semicondutor. Desenhe a curva característica sem escala e coloque essas especificações na curva. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 8-) Determine a reta de carga, o ponto quiescente e a potencia dissipada para os circuitos a seguir, dada à curva característica abaixo. CURVA CARACTERÍSTICA: CIRCUITO-1: CIRCUITO-2: CIRCUITO-1 30 CIRCUITO-2: 9-) Esquematize os três modelos dos diodos dos circuitos-1 e circuito-2 para o exercício 8, calculando, inclusive, o valor de RD e determine os pontos quiescentes resultantes com uma análise dos resultados (Quer dizer, qual o melhor modelo a ser utilizado, sem dificultar muito os cálculos). 10-) O circuito abaixo apresenta um problema, identifique-o, propondo uma solução. 31 11-) No circuito abaixo, admitindo que a tensão para acender uma lâmpada é 10 V, qual delas vai acender, leve em consideração o modelo-1 de diodos. Condições: 0 até 10V não acende. 10 até 12 V acende. 12V até ∝(infinito) queima.12-) Utilizando o mesmo circuito acima, se trocarmos as lâmpadas de 10V para lâmpadas de 5V, Quais lâmpadas acenderão para o Modelo-2 de diodos? condições: 0 até 5V não acende. 5 até 6 V acende. 6V até ∝(infinito) queima. 13-) Ainda para circuito acima, trocando as lâmpadas para uma lâmpada de 6V e 120mW, qual delas vai acender, utilize o modelo-3 de diodos. RD = 10· condições: 0 até 5,9V não acende. 6 até 8 V acende. 8,1V até ∝(infinito) queima. 32 PESQUISAS: Para entregar na próxima semana: • Especificações elétricas dos diodos 1N4004 e 1N914; • Especificações elétricas de qualquer diodo de Germânio. 33 Capitulo 4 – Circuitos com diodos Agora que estamos familiarizados com o diodo semicondutor, podemos passar às suas aplicações. O diodo semicondutor tem suas principais aplicações em circuitos de corrente alternada, por esse motivo vamos estudar um pouco sobre os sinais senoidais e principais características uma abordagem mais profunda sobre o assunto será dada no curso de eletricidade. 4.1 – SINAL SENOIDAL Um dos sinais alternados mais comuns é o senoidal, encontrado nas tomadas convencionais de sua residência. Esse sinal senoidal pode ser representado matematicamente por: θsen×= VpicoV Sendo: V: o valor instantâneo da tensão; Vpico: o valor máximo da função senoidal, que no gráfico e representado pelo ponto XP, - XP; sen θ: função matemática seno que precisa de um ângulo (teta) para calcular o valor. Na figura 4.1 vemos a função senoidal num gráfico de x versos θ, sendo XP o valor de pico da função. Figura 4.1 – Função senoidal no domínio angular. Alguns conceitos são necessários, para entender melhor o funcionamento da função senoidal. Forma de onda: Gráfico de uma grandeza, como a tensão na figura 4.2, em função de uma variável como o tempo, posição, graus, radianos, temperatura, entre outras. Valor instantâneo: Amplitude de uma forma de onda em um instante de tempo qualquer. E esta representada na figura 4.2 por letras minúsculas (e1 e e2). 34 Amplitude de pico: Valor máximo de uma forma de onde em relação ao valor médio. É representado por letras maiúsculas na figura 4.2 (Em), para fontes de tensão é Vpico. Valor de pico: Valor máximo de uma função medido a partir do nível zero. No caso da forma de onda vista na figura 4.2, a amplitude de pico é o valor de pico. Valor de pico a pico: Diferença entre os valores dos picos positivos e negativos, isto é, a soma dos módulos das amplitudes positiva e negativa, VpicoVPP ×= 2 . Valor RMS: As ondas senoidas não apresentam alterações de período e freqüência, porém podem oscilar a amplitude, entre o valor máximo (Valor de pico) e um valor mínimo. Para calcular quanto de energia realmente é entregue aos equipamentos que serão ligados a essa fonte de energia, usa-se um método matemático chamado RMS (R- Raiz, M- média, S-quadrada). Para os sinais senoidais, podemos calcular o valor VRMS através da fórmula: 2 Vpico =VRMS Podendo ainda se calcular o valor de pico usando a fórmula inversa: 2×= VRMSVpico Forma de onda periódica: Forma de onda que se repete continuamente após um certo intervalo de tempo constante. A forma de onda vista na figura 4.2 é periódica. Período (T): Intervalo de tempo entre repetições sucessivas de uma forma de onda periódica (T1 = T2 = T3 na figura 4.2), enquanto pontos similares sucessivos podem ser usados para determinas o período T. Ciclo: Parte de uma forma de onda contida em um intervalo de tempo igual a um período. Os ciclos definidos por T1, T2 e T3 na figura 4.2 podem parecer diferences na figura 4.3, mas como estão todos contidos em um período, satisfazem a definição de ciclo. Freqüência (F): O número de ciclos que ocorrem em 1 segundo. A freqüência da forma de onda vista na figura 4.4a é 1 ciclo por segundo, e a figura 4.4b 2,5 ciclos por segundo. No caso de uma forma de onda cujo período é 0,5 segundos (veja figura 4.4c), a freqüência é 2 ciclos por segundo. A unidade de freqüência é o HERTZ(Hz), onde: 1 Hertz (Hz) = 1 ciclo por segundo (c/s) Temos ainda a relação entre a freqüência e o Período, já que o período e o tempo que o ciclo demora a acontecer: T F 1 = ou F T 1 = 35 Figura 4.2 – Parâmetros importantes de uma tensão senoidal. Figura 4.3 – Definições de ciclo e período de uma forma de onda senoidal. Figura 4.4 – Ilustração do efeito d mudança de freqüência sobre o período de uma forma de onda senoidal No domínio do temporal, temos que transformar o θ em tempo, para isso temos a velocidade angular, isto é, quantos ângulos se têm em unidade de tempo: t θ ω = onde: θ = ângulo da função senoidal (radianos) ω = velocidade senoidal (radianos/segundo – rad/s) t = tempo (segundos – s) Assim para transformar θ em tempo, inverte-se a formula acima da seguinte forma: t×= ωθ E a forma de onda que era: 36 θsen×= VpicoV Fica: )sen( tVpicoV ××= ω É necessário aprendermos a representação senoidal em função do tempo porque é essa função que vamos trabalhar no osciloscópio (aparelho de medidas de forma de onda em função de tempo). 4.2 – Circuitos retificadores A geração e distribuição de energia elétrica são feitas na forma de tensões senoidais, porém muitos aparelhos eletrônicos são alimentados por tensões contínuas. Sendo assim, necessitam de circuitos que transformam tensões alternadas em tensões contínuas. Estes circuitos são denominados retificadores. Outro parâmetro importante a ser observado é que os circuitos têm tensões mais baixas do que as tensões oferecidas pela tomada, assim antes de ser ligado a um retificador as tensões tem que ser abaixadas, esse trabalho e realizado pelo transformador. Utilizado o retificador é necessário eliminar as variações da tensão contínua para que a mesma se torne efetivamente constante, o que é feito através de filtros ou circuito reguladores de tensão. A este conjunto de circuitos dá-se o nome e fonte de tensão ou fonte de alimentação contínua, como mostrado na figura 4.5: Figura 4.5 – Diagrama de blocos de uma fonte de alimentação. Portando, este tópico será iniciado com uma breve análise dos transformadores, em seguida serão estudados os circuitos retificadores e terminará com o estudo dos filtros capacitivos, o que será suficiente para o projeto de pequenas fontes de alimentação. Já, no capítulo seguinte, estudaremos um dispositivo derivado do diodo semicondutor chamado diodo zener que, como será visto, será utilizado para o projeto de reguladores de tensão bastante simples melhorando o desempenho da fonte de alimentação. 4.2.1 – Transformadores Os transformadores, como o próprio nome diz, transformam a energia, podendo abaixar ou aumentar a amplitude do sinal, nos nossos estudos estaremos utilizando o sinal senoidal. O transformador utiliza o efeito magnético criado na bobina (enrolamento de fios) do primário, que é canalizado no entreferro excitando a bobina do secundário, fazendo com que surja uma tensão nos terminais do enrolamento. 37 Esse efeito magnético será estudado com detalhes no curso de eletricidade. Existem vários tipos de transformadores, porém para o estudo dos retificadores, apenas dois interessam: • Transformador abaixador de tensão Transformador esse que entrando uma tensão alta no primário sairá uma tensão baixa no secundário. Abaixo vemos o símbolo elétrico do transformador e onde se encontra: o Tensão do primário(V1); o Corrente do primário(I1) ; o Quantidade de voltas de fios no primário(N1); o Tensão do secundário(V2); o Corrente do secundário(I2) ; o Quantidade de voltas de fios no secundário(N2); Figura 4.6- Transformador abaixador de tensão A relação de tensão que entra no primário e sai do secundário é calculada através da fórmula abaixo que relaciona, a quantidade de energia e a quantidade de voltas de fios enrolados em cada lado do transformador. 21 2 1 N N V V = para tensão 2 1 1 2 N N I I = para corrente Ainda podemos fazer uma relação de potência para o transformador IDEAL (sem perdas por aquecimento e desconsiderando a resistência do primário). 21 PP = , como IVP ×= podemos escrever: 2211 IVIV ×=× Exemplo: Determinar o número de espiras do secundário de um transformador projetado para reduzir a tensão da rede de 110V para 12V RMS, sabendo-se que ele possui 1000 voltas de fio no enrolamento primário(N1). 38 V1= 100V V2=12V N1= 1000 voltas Portanto: 2 1 2 1 N N V V = � 2 1000 12 110 N = � 110 121000 2 × =N � voltasN 1092 = • Transformador com derivação central no secundário. Este transformador funciona como se tivesse dois secundários e, portanto, as relações entre tensões, correntes e número de espiras são as mesmas que as do transformador visto anteriormente. Porém, os terminais centrais dos dois enrolamentos secundários são interligados, fazendo com que as suas tensões sejam defasadas de 180º, como mostram as formas de onda V2a e V2b na figura 4.7. Figura 4.7 – Transformador com derivação central no secundário. 4.22 –Retificador de meia onda O mais simples dos retificadores é o retificador de meia onda. A sua constituição básica é um diodo em série com uma carga RL, como mostra a figura 4.8. Figura 4.8 – Retificador de meia onda. Pelo circuito do retificador de meia onda, vê-se que durante o semiciclo positivo de V2, o diodo conduz (polarização direta), fazendo com que a tensão de saída seja igual à de 39 entrada, menos a tensão Vγ, que é a tensão de condução do diodo, sendo VγSi=0,7V e VγGe=0,3V. Porém, no semiciclo negativo, o diodo corta (polarização reversa), fazendo com que a tensão de saída seja nula e a tensão de entrada caia toda em cima do diodo, como mostra a figura 4.9. Figura 4.9 – Formas de onda num retificador de meia onda, lembrando que a tensão na saída perde sempre a tensão do diodo Vγ. Como a forma de onda na carga não é mais senoidal, o seu valor médio deixa de ser nulo, embora a freqüência seja a mesma da tensão de entrada, podendo ser calculado por: Diodo ideal, modelo 1: π picoV Vmedio 2 = ; Diodo com Vγ, modelo 2: π γ )V2( − = picoV Vmedio Assim, pode-se calcular a corrente média na carga (igual à corrente média no diodo) da seguinte forma: RL Vmedio edio =Im 40 Onde Vmedio é a tensão media da carga, Imedio é a corrente média da carga e o RL é a resistência da carga ( L – Load � carga). Então, para que o diodo não queime, ele deve suportar tanto esta corrente média, quanto à tensão de pico reversa, ou seja: edioIdiodo Im≥ e picoVsaVpicorever 2≥ Exemplo: A figura 4.10 mostra um transformador com tensão no secundário de 12VRMS ligado a um retificador de meia onda (diodo de silício) com uma carga de 10Ω. Considerando o valor de Vγ do diodo (modelo 2), determinar: a) Tensão média da carga; b) Corrente média na carga; c) Especificações do diodo; d) Formas de onda na carga e no diodo. Figura 4.10 - Retificador de meia onda. a) A tensão de pico na saída do transformador vale: 2 2 2 picoV RMSV = � 2122 ×=picoV � VpicoV 172 = Considerando Vγ, a tensão média na carga vale: π γ )V2( − = picoV Vmédio � π )7,017( − =Vmédio � VVmédio 2,5= b) RL Vmédio édio =Im � 10 2,5 Im =édio � mAédio 520Im = c) Como a corrente no diodo é igual à da carga e com no semiciclo negativo toda a tensão do transformador cai sobre o diodo, suas especificações devem ser as seguintes: mAIdiodo 520≥ e VsaVpicorever 17≥ 41 d) 4.23 –Retificador de onda completa com derivação central O retificador de onda completa faz com que tanto o semiciclo positivo quanto o negativo caiam sobre a carga sempre com a mesma polaridade. Usando um transformador com derivação central, isto é possível através do circuito mostrado na figura 4.11. Figura 4.11 – Retificador de onda completa com derivação central. Durante o semiciclo positivo, o diodo D1 conduz e o diodo D2 corta, fazendo com que a tensão na carga seja positiva e igual à tensão na carga seja positiva e igual à tensão no secundário superior do transformador (V2a), como mostra a figura 4.12(a). Durante o semiciclo negativo, o diodo D1 corta e o diodo D2 conduz, fazendo com que a tensão na carga tenha a mesma polaridade que a da situação anterior e a mesma amplitude, como mostra a figura 4.12(b). 42 Figura 4.12 – Comportamento do retificador de onde completa com derivação central. Assim, as formas de onda na carga e nos diodos ficam como mostra a figura 4.13. Figura 4.13 – Formas de onda no retificador onda completa com derivação central 43 Neste caso, a freqüência da tensão de saída dobra de valor e, portanto, a tensão média na carga também dobra. Por outro lado, como a tensão de pico utilizada é a tensão entre o terminal mais externo e o terminal central de derivação, isto é, V2picoa ou V2picob. Diodo com Vγ : π γ ))2(2(2 VpicoaV Vmédia ×−× = Diodo ideal: π )22( picoaV Vmédia × = A vantagem deste retificador esta na especificação do diodo e na qualidade da retificação. Com a tensão média na carga pode-se calcular também a corrente média: RL Vmédia édia =Im Em relação às especificações dos diodos, tem-se uma grande vantagem neste circuito. Como cada diodo conduz corrente somente em um semiciclo, a corrente que eles devem suportar e metade da corrente média da carga. Por outro lado, a tensão de pico reversa que os diodos devem suportar é a tensão total de pico do secundário, já que as suas duas metades somam-se sobre os diodos quando estes estão cortados, Assim: 2 Imédia Idiodo ≥ , picoaVsaVpicorever 22 ×≥ , ou picobVsaVpicorever 22 ×≥ , ou ainda otalpiVsaVpicorever cot2≥ Exemplo: A figura 4.14 mostra um transformador com derivação central e tensão total no secundário de 4VRMS ligado a um retificador de onda completa (diodos de Silício) com uma carga de 10Ω. Considerando o valor de Vγ do diodo (modelo2), determinar: a)Tensão média na carga; b)Corrente média na carga; c)Especificações do diodo; 44 Figura 4.14 – Retificador de onda completa com derivação central a) A tensão de pico na saída do transformador vale: 24222 ×=×= RMSVpicoV � VpicoV 66,52 = Como o valor de pico utilizado na fórmula é metade do valor de pico calculado acima: 2 66,5 2 2 2 == picoV picoaV � VpicoaV 83,22 = Considerando Vγ = 0,7 V do silício, a tensão média na carga vale: ππ γ ))7,02(83,2(2))2(2(2 ×−× = ×−× = vpicoaV Vmédia � VVmédia 91,0= b) mA RL Vmédio édio 04,91 10 91,0 Im === c) 2 Imédio Idiodo ≥ � mAIdiodo 51,45≥ otalpiVsaVpicorever cot2≥ � VsaVpicorever 66,5≥ 45 4.24 –Retificador de onda completa em Ponte A figura 4.15 mostra o circuito do retificador de onda completa em ponte, assim chamado por utilizar uma ponte de diodos, tendo algumas vantagens em relação aos anteriores. Figura 4.15 – Retificador de onda completa em ponte Durante o semiciclo positivo, os diodos D1 e D3 conduzem e os diodos D2 e D4 cortam, transferindo, assim, toda a tensão de entrada para a carga, como mostra a figura 4.16. Figura 4.16 - Comportamento do retificador de onda completa em ponte no ciclo positivo. Durante o semiciclo negativo, os diodos D2 e D4 conduzem e os diodos D1 e D3 cortam, fazendo com que toda a tensão de entrada caia sobre a carga com a mesma polaridade que a do semiciclo positivo, como mostra a figura 4.17. 46 Figura 4.17 - Comportamento do retificador de onda completa em ponte no ciclo negativo. Assim as formas de onda na carga e nos diodos ficam como mostra a figura 4.18. Figura 4.18 – Formas de onda no retificador de onda completa em ponte 47 Como neste caso a freqüência da tensão de saída dobra de valor,a tensão média na carga também dobra, ou seja: Diodo ideal: π picoV Vmédia 22 × = Diodo com Vγ: π γ ))2(2(2 VpicoV Vmédia ×−× = Neste circuito, a tensão de pico na carga corresponde à tensão de pico da saída do transformador e, portanto, a tensão média final é o dobro da tensão média obtida pelos retificadores anteriores caso o mesmo transformador seja utilizado. Em relação ao retificador que utiliza o transformador com derivação central, para obter o mesmo rendimento em termos de tensão média, este transformador teria que fornecer no secundário, o dobro da tensão fornecida pelo transformador utilizado pelo retificador em ponte, resultando num custo muito maior do que utilizando dois diodos a mais pelo retificador em ponte. Além disso, devido à grande utilização das pontes de diodos, estas podem ser encontradas comercialmente num único encapsulamento, reduzindo o tamanho do circuito e facilitando o projeto. Com a tensão média na carga pode-se calcular também a sua corrente média: RL Vmédia edia =Im Em relação às especificações dos diodos, como cada diodo conduz corrente somente num semiciclo, a corrente que eles devem suportar corresponde à metade da corrente média na carga. Quanto à tensão reversa, os diodos devem suportar a tensão de pico do secundário. Assim: 2 Imédia Idiodo ≥ e picoVsaVpicorever 2≥ Exemplo: A figura 4.19 mostra um transformador com tensão no secundário de 25VRMS ligado a um retificador de onda completa em ponte (diodos de silício) com uma carga de 10Ω. Determine: a)Tensão média na carga; b)Corrente média na carga; c)Especificações do diodo; 48 Figura 4.19 – Retificado de onda completa em ponte. a) A tensão de pico na saída do transformador vale: VVRMSpicoV 5,3422522 =×=×= Assim, a tensão média na carga vale: V VpicoV Vmédia 65,21 ))7,02(4,35(2))2(2(2 = ×−× = ×−× = ππ γ b) A RL Vmédia édia 16,2 10 64,21 Im === c) 2 Imédia Idiodo ≥ � 2 16,2 ≥Idiodo � AIdiodo 08,1≥ picoVsaVpicorever 2≥ � VsaVpicorever 4,35≥ 49 4.25 –Filtro capacitivo Para que a fonte de alimentação fique completa, falta ainda fazer a filtragem do sinal retificado para que o mesmo se aproxime o máximo possível de uma tensão contínua e constante. A utilização de um filtro capacitivo é muito comum nas fontes de alimentação que não necessitam de boa regulação, ou seja, que pode ter pequenas oscilações na tensão de saída. Um exemplo é o eliminador de bateria, cujo o circuito bem todo montado na caixinha que vai ligada à rede elétrica. A figura 4.20 representa uma fonte de alimentação formada por um transformador ligado a um retificador de onda completa em ponte, com capacitor de filtro de saída em paralelo com a carga. Figura 4.20 – Fonte de alimentação. A filtragem do sinal retificado pode ser explicada, analisando-0se o gráfico da figura 4.21. Figura 4.21 – Forma de onda na saída da fonte de alimentação. Com o primeiro semiciclo do sinal retificado, o capacitor carrega-se através dos diodos D1 e D3 até o valor de pico. Quando a tensão retificada diminui, os diodos que estavam conduzindo ficam reversamente polarizados fazendo com que o capacitor se descarregue lentamente pela carga RL. 50 Quando, no segundo semiciclo, a tensão retificada fica maior que a tensão no capacitor, os diodos D2 e D4 passam a conduzir carregando novamente o capacitor até o valor de pico, e assim sucessivamente, formando uma ondulação denominada ripple. A descarga do capacitor é lenta devido à constante de tempo RL x C, ou seja, quanto maior o capacitor ou a resistência de carga, maior a constante de tempo e menor o ripple. Porém, mesmo com o ripple, percebe-se que a filtragem aumenta o valor médio da tensão de saída, que será chamada de Vmediafiltrada. O valor de pico a pico do ripple pode ser calculado pela equação abaixo: CRLf radaVmediafilt Vripple ×× = Onde: o Vmediafiltrada = tensão média na carga após a filtragem; o F = freqüência da ondulação (depende do tipo de retificador); o RL = Resistência na Carga; o C = Capacitor do filtro. Assim, para o projeto de uma fonte de alimentação deve-se antes, estipular a tensão média de saída e o ripple desejados para, em seguida, calcular o capacitor necessário para a filtragem, as especificações dos diodos e as especificações do transformador. Exemplo de aplicação: Projeto de uma fonte de alimentação Projetas uma fonte com tensão de entrada e 110VRMS, 60Hz e tensão média de saída de 5 V com ripple de 0,1V, para alimentar um circuito que tem uma resistência de entrada equivalente a 1KΩ. Utilizar o retificador de onda completa em ponte. O valor do capacitor do filtro pode ser calculado pela equação: F CRLf radaVmédiafilt Vripple µ417 1,01000120 5 = ×× = ×× = Neste caso, será utilizado um capacitor eletrolítico comercial de 470µF, o que acarretará numa pequena redução do ripple, melhorando o desempenho da fonte. Para definir as especificações (Idiodo e Vpicoreversa) dos diodos, é preciso calcular a corrente média na carga e a tensão de pico no secundário do transformador. Assim, a corrente média na carga vale: mA RL Vmédia édia 5 1000 5 Im === O valor da tensão de pico na carga pode ser aproximado para: V Vripple adaVmédiafiltaVpiconac 05,5 2 1,0 5 2 arg =+=+= 51 Como a tensão de pico na carga é pequena, devemos considerar as perdas no diodo Vγ, e como a carga tem uma resistência muito maior que a resistência do diodo RD, esta pode ser desprezada. Assim o modelo 2 para os diodos é perfeitamente adequado para os cálculos neste projeto. No retificador em ponte, deve-se considerar, então, uma queda de tensão de 2 x Vγ (dois diodos). Assim, a tensão de pico no secundário do transformador deverá ser de: γV2arg2 ×+= aVpiconacpicoV � 7,0205,52 ×+=picoV � VpicoV 45,62 = Portanto, as especificações dos diodos deverão respeitar as seguintes condições: 2 Im édia Idiodo ≥ � 2 105 3−× ≥Idiodo � mAIdiodo 5,2≥ picoVsaVpicorever 2≥ � VersaVpi 45,6cov ≥ Finalmente, é necessário determinar as características do transformador. A tensão RMS no secundário é: V picoV RMSV 56,4 2 45,6 2 2 2 === O transformador tem que ser dimensionado para uma potência maior que a de trabalho. Como a corrente na carga e praticamente constante já que o ripple é pequeno, a potência de trabalho do transformador pode ser estimada por: daédiafiltrapicoVPtrafo Im2 ×= � mWPtrafo 25,3210545,6 3 =××= − Portanto, o transformador utilizado deve ter as seguintes especificações: VRMSV 1101 = VRMSV 6,42 = mWPtrafo 25,32≥ Assim o circuito da nossa fonte de alimentação fica como mostra a figura 4.22. 52 Figura 4.22 – Fonte de alimentação projetada. Exercícios propostos: 4.1 A figura abaixo mostra um transformador com relação de espiras N1/N2 = 55 e com tensão no primário de 110VRMS ligado a um retificador de meia onda (diodo de Germânio) com uma carga de 40Ω. Considerando o valor de Vγ do diodo (modelo 2), determine: a) As formas de onda das tensões na carga e no diodo com suas respectivas amplitudes; b) A tensão média na carga; c) A corrente média na carga; d) As especificações do diodo. 4.2 A figura abaixo mostra um transformador com tensão no secundário de 30VRMS ligado a um retificador de onda completa com derivação central (diodo de silício) com uma carga de 300Ω. Utilizando o modelo 1 para os diodos, determine: a) As formas de onda das tensões na carga e nos diodos com suas respectivas amplitudes; b) A tensão média na carga; c) A corrente média na carga; d) As especificações do diodo. 4.3 Refaça os cálculos dos exemplos 41-42 e 45-46, utilizando o modelo 1 para os diodos. Compare e analise os resultados obtidos. 4.4 Refaça o exercício proposto 4.2, utilizando um retificador de onda completa emponte. 53 4.5 Analise o circuito abaixo e determine a forma de onda no capacitor C2. Projetos: o Projetar uma fonte com tensão de entrada de 110VRMS 60Hz e tensão média de saída de 15V com ripple de 0,5V, para alimentar um circuito que tem resistência de entrada equivalente de 500Ω. Utilizar o retificador de onda completa com derivação central. o Redimencionar os dispositivos do exemplo de aplicação da página 48-49, utilizando um retificador de meia onda. o Projetar uma fonte de alimentação que substitua a bateria de um aparelho eletrônico formada por duas pilhas de 1,5V e que tem um consumo de potência máximo de 7,5mW. O ripple deve ser de no máximo 0,15V. Utilizar o retificador de sua escolha. 54 Capitulo 5 – Diodos Especiais No capítulo anterior, vimos algumas das diversas aplicações do diodo semicondutor. Porém, em todas elas for explorada apenas a sua propriedade de conduzir corrente elétrica num único sentido, ou seja, quando ele está polarizado diretamente. Mas o diodo possui outras propriedades que, com pequenas alterações nas suas características físicas, podem ser aproveitadas para outros tipos de aplicações. 5.1 Zener O diodo zener é um dispositivo semicondutor que tem quase as mesmas características que o diodo normal. A diferença esta na forma como ele se comporta quando polarizado reversamente. No diodo normal, quando polarizado reversamente, se a tensão reversa é muito grande, os portadores minoritários são acelerados pelo campo elétrico até atingirem uma velocidade tão alta que, colidindo com outros átomos, sua energia e suficiente para gerar novos pares elétron-lacuna que, por sua vez, são também acelerados gerando outros pares elétron-lacuna e assim sucessivamente. Este fenômeno, denominado efeito avalanche ou efeito zener, consiste, portanto, num aumento repentino da corrente reversa, dissipando uma potência suficiente para causar a ruptura da junção PN, danificando o diodo. A tensão na qual o efeito zener ocorre é chamada tensão de ruptura ou de Breakdown voltage (Vbreakdown), como mostra a figura 5.1. Figura 5.1 - Efeito Zener no diodo normal O diodo zener é construído com uma para de dissipação de potência suficiente para suportar o efeito avalanche. Assim, a tensão na qual este efeito ocorre é denominada tensão zener (Vz) e pode variar em função do tamanho e do nível de dopagem da junção PC. Comercialmente, são encontrados diodos zener com Vz de 2V até 200V. A figura 5.2 mostra o símbolo do diodo zener e a sua curva característica. 55 Figura 5.2 – Símbolo e curva característica do diodo zener. Pela curva característica do diodo zener, observa-se que a tensão reversa Vz mantém-se praticamente constante quando a corrente reversa esta entra Izm (corrente zener mínima) e Izm (corrente de zener máxima). Nesta região, o diodo zener dissipa uma potência Pz que pode ser calculada por: IzVzPz ×= Especificações do diodo zener As principais especificações do diodo zener são: 1)Vγ - tensão de condução na polarização direta (Vγ = 0,7V para o silício, e Vγ=0,3V para o germânio). 2) Vz – tensão zener (dada pelo fabricante). Como Vz sofre uma pequena variação em função de Iz, o fabricante fornece um valor obtido por uma corrente de teste Izt. 3)Izmax – corrente de zener máxima (dada pelo fabricante). 4)Izmin – corrente de zener mínima. Caso não seja dado o valor de Izmin, considera-se como sendo 10% de Izmax, ou seja: max1,0min IzIz ×= 5)Pzmax – potência zener máxima (dada pelo fabricante). O diodo zener dissipa esta potência quando sua corrente atinge o valor Izmax, ou seja: maxmax IzVzPz ×= 6)Rz – resistência zener (dada pelo fabricante). Esta resistência reflete a pequena variação de Vz em função de Iz e pode ser calculada por: Iz Vz Rz = na região linear Mas, qual a utilidade do diodo zener? Como Vz permanece praticamente constante na polarização reversa, a grande aplicação do diodo zener é de, nesta região, pode atuar como regulador de tensão. 56 5.2 Diodo zener como regulador de tensão Considerando-se o circuito da figura 5.3, no qual o diodo zener encontra-se polarizado reversamente por uma fonte de tensão de entrada VE e uma resistência limitadora de corrente Rs, pode-se determinar a tensão Vz e a corrente Iz no diodo zener analiticamente através da segunda lei de kirchhoff: Figura 5.3 – Diodo zener polarizado reversamente e equação do circuito utilizando a 2º lei de kirchhoff. Modelos para o diodo zener A equação mostrada na figura 5.3, considera a tensão zener constante para corrente entre Izmin e Izmax, ou seja, adota um modelo ideal para o diodo zener, como mostra a figura 5.4. Figura 5.4 – Modelo ideal do diodo zener. Porém, se a precisão desejada para os cálculos de Vz e Iz for maior, pode-se utilizar o modelo linear que leva em consideração a resistência zener Rz, ficando a equação da seguinte forma: Figura 5.5 – Modelo linear do diodo zener e equação do circuito. Como a variação da tensão zener é muito pequena, normalmente ela é desconsiderada nos cálculos. Por outro lado, como é possível determinar Vz e Iz graficamente naturalmente os resultados obtidos levam em consideração estas variações, e isto pode ser feito pela reta de carga, traçada a partir dos seguintes pontos: 57 o Tensão de corte Vzenercorte (para Iz = 0): VEVenercorte = o Corrente de saturação Izenersaturação (Para Vz=0): RS VE raçaoIzenersatu = Na figura 5.6, tem-se, assim, a reta de carga traçada sobre a curva característica do diodo zener na região reversa. Figura 5.6 – Curva característica e reta de carga do diodo zener. OBSERVAÇÃO: • Notar que a curva característica, os pontos da reta de carga são negativos, pois o diodo esta trabalhando na região reversa. Desta forma, o ponto quiescente Q do diodo zener pode ser determinado pela intersecção da curva característica com a reta de carga, correspondendo aos valores da tensão Vz sobre o diodo zener e a corrente Iz que passa por ele. Supondo-se que a tensão de entrada aumente para um valor VE’ ou a resistência diminua para um valor Rs’, isto acarretará um deslocamento do ponto quiescente, denominado agora Q, como mostrado na figura 5.7. Figura 5.7 – Deslocamento do ponto quiescente. 58 Assim, pode-se perceber que para ambos os gráficos, mesmo que a corrente no diodo zener tenha aumentado para Iz’, a tensão sobre ele permanece praticamente constante, já que Vz =Vz’. Por isso o diodo zener é chamado de regulador de tensão. Mas, pelas especificações do diodo zener analisadas anteriormente, existem limites máximos e mínimos para a tensão de entrada VE e para a resistência limitadora de corrente Rs, dentro das quais o diodo zener mantém a tensão de saída constante e não corre o risco de se danificar. Limites de VE e Rs, para se determinar estes limites, duas considerações devem ser feitas: 1) O diodo zener não regula caso a corrente que passa por ele seja menor que a corrente zener mínima Izmin. Esta condição limita o valor mínimo da tensão de entrada (VEmin) e o valor máximo da resistência limitadora de corrente (Rsmax), ou seja: VzIzRsVE +×= minmaxmin 2) O diodo zener se danifica caso a corrente que passa por ele seja maior que a corrente zener máxima Izmax, ou caso a potência dissipada por ele seja maior que a potência zener máxima Pzmax. Esta condição limita o valor máximo da tensão de entrada (Vemax) e o valor mínimo da resistência limitadora de corrente (Rsmin), ou seja: VzIzRsmimVE +×= maxmax Observação Como apenas os valores relativos ao diodo zener são dados pelos fabricantes, os valores máximo e mínimo de tensão de entrada são obtidos fixando-se Rs e os valores máximo e mínimo da resistência limitadora de corrente são obtidos fixando-se VE. Exemplos: a)Dados o circuito abaixo e a curva característica do diodo zener, determinar o seu ponto quiescentee a potência dissipada por ele no circuito. Figura 5.8 – Circuito com diodo zener, curva característica e reta de carga. 59 Determinação da reta de carga: VVEeVzenercort 15== mA Rs VE raçãoIzenersatu 30 500 15 === Graficamente, determina-se o ponto quiescente do diodo zener: VVz 5= mAIz 20= Assim, a potência dissipada pelo diodo zener no circuito é de: mWIzVzPz 10010205 3 =××=×= − b)O que acontece se a fonte de alimentação do exemplo anterior diminuir para 10V? Primeiramente, é necessário determinar a nova reta de carga: VVEeVzenercort 10== mA Rs VE raçãoIzenersatu 20 500 10 === Graficamente, determina-se o novo ponto quiescente do diodo zener: Figura 5.9 – Circuito com diodo zener, curva característica e reta de carga. Assim: VVz 5= mAIz 10= Desta forma, a potência dissipada pelo diodo zener no circuito passa a ser de: mWIzVzPz 5010105 3 =××=×= − Conclusão: o diodo continua regulando em 5V, mas dissipa metade da potência já que sua corrente é metade da obtida no circuito do exemplo anterior. c)Determinar analiticamente os pontos quiescentes do diodo zener e a potência dissipada por ele nos circuitos dos exemplos a e b. Pelo circuito do exemplo a, tem-se que: VVz 5= 60 VzIzRsVE +×= � 550015 +×= Iz � mAIz 20 500 )515( = − = mWIzVzPz 10010205 3 =××=×= − Pelo circuito do exemplo b, tem-se que: VVz 5= VzIzRsVE +×= � 550010 +×= Iz � mAIz 10 500 )510( = − = mWIzVzPz 5010105 3 =××=×= − d) Dados o circuito abaixo e as especificações do diodo zener determinar os valores máximo e mínimo da tensão de entrada para que o diodo zener funcione como um regulador de tensão: Figura 5.10 – Circuito com diodo zener e suas especificações Primeiramente, é necessário determinar as especificações de corrente do diodo zener: mA Vz Pz Iz 26,161 2,6 1max max === mAIz 20min = Assim, as tensões máxima e mínima de entrada são: VVzIzRsVE 6,82,61020120minmin 3 =+××=+×= − VVzIzRsVE 55,252,61029,161120maxmax 3 =+××=+×= − Conclusão: Para Rs =120Ω � VVEV 55,256,8 ≤≤ e) Dados o circuito abaixo e as especificações do diodo zener, determinar os valores máximo e mínimo da resistência limitadora de corrente para que o diodo zener funcione como um regulador de tensão: 61 Figura 5.11 – Circuito com diodo zener e suas especificações. Primeiramente, é necessário determinar as especificações de corrente do diodo zener: mA Vz Pz Iz 84,164 1,9 5,1max max === Como Izmin não foi fornecida, adota-se: mAIzIz 48,161084,1641,0max1,0min 3 =××=×= − Assim, os valores máximo e mínimo da resistência limitadora são: VzIzRsVE +×= minmax � Ω= × − = − = − 965 1048,16 )1,925()( max 3Izmim VzVE Rs VzIzRsVE +×= maxmin � Ω= × − = − = − 5,96 1084,164 )1,925( max )( min 3Iz VzVE Rs Conclusão: Para VE=25V � Ω≤≤Ω 9655,96 Rs 5.3 Circuito regulador de tensão com carga As aplicações do circuito regulador de tensão são, principalmente: • Estabilizar uma tensão de saída para uma carga fixa a partir de uma tensão de entrada constante; • Estabilizar uma tensão de saída para uma carga variável a partir de uma tensão de entrada constante; • Estabilizar uma tensão de saída para uma carga fixa a partir de uma tensão de entrada com ripple; • Estabilizar uma tensão de saída para uma carga variável a partir de uma tensão de entrada com ripple. As duas primeiras aplicações visam, principalmente, a estabilização num valor menor da tensão de uma bateria ou de uma fonte de alimentação já estabilizada, e as duas 62 ultimam aplicações visam, principalmente, a estabilização de fontes de alimentação com ripple, como aquela, projetada no final o capítulo 4. Ainda, pelas características de última aplicação acima, pode-se afirmar que se trata do caso mais geral, pois tanto a tensão de entrada quanto à carga são variáveis. Figura 5.12 – Fonte de alimentação estabilizada com carga variável. Assim, faz-se necessária uma análise mais detalhada do circuito regulador de tensão quando neste é ligada uma carga. Basicamente, o projeto de um regulador de tensão com carga consiste no cálculo da resistência limitadora de corrente Rs, conhecendo-se as demais variáveis do circuito, a saber: características da tensão de entrada (constante ou com ripple), características da carga (fixa ou variável), tensão de saída (valor desejado) e especificações do diodo zener. Figura 5.13 – Circuito regulador de tensão com carga. Este circuito possui três equações fundamentais: Equação da corrente de entrada: IRLIzIsaida += Equação de tensão de saída: IRLRLVRLVz ×== Equação de regulação: VzIsaidaRsVE +×= A partir destas equações, é possível projetar reguladores de tensão para as quatro aplicações citadas anteriormente. 63 5.31 Carga fixa e tensão de entrada constante A figura 5.14 mostra um circuito regulador de tensão com carga fixa e tensão de entrada constante. Figura 5.14 – Circuito regulador com carga fixa e tensão de entrada constante. O valor do resistor Rs deve satisfazer as condições dadas pelas especificações do diodo zener. Corrente zener mínima Izmin: Como RL e Vz são constantes, tem-se um valor mínimo para Isaida. IRLIzIsaida += minmin Esta condição limita RS a um valor máximo Rsmax. VzIRLIsRsVE ++×= )min(max � )min( )( max IRLIz VzVE Rs + − = Corrente zener máxima Izmax: Neste caso, tem-se um valor máximo para Isaida. IRLIzIsaida += maxmax Esta condição limita RS a um valor mínimo Rsmin. VzIRLIsRsVE ++×= )max(min � )max( )( min IRLIz VzVE Rs + − = Assim, tem-se que Rs deve ser: maxmin RsRsRs ≤≤ Exemplo de aplicação: Redução da tensão de uma fonte para uma carga fixa. Determinar Rs do regulador de tensão utilizado para que uma fonte de 12V possa ser ligada em um circuito que represente uma carga de 1KΩ e cuja tensão de alimentação seja de 5,6V. 64 Figura 5.15 – Redutor de tensão com carga fixa. Condição de Izmin: mAIzIz 10101001,0max1,0min 3 =××=×= − mA RL Vz IRL 6,5 1000 6,5 === Ω= ××× − = + − = −− 410 )106,51010( )6,512( )min( )( max 33IRLIz VzVE Rs Condição de Izmax: Ω= ××× − = + − = −− 61 )106,510100( )6,512( )max( )( min 33IRLIs VzVE Rs Portanto, Rs deve ser: Ω≤≤Ω 41061 Rs Valor comercial escolhido: Rs=330Ω Fixado o valor de Rs, pode-se calcular a potência dissipada por ele no circuito: mW Rs VzVE Rs Vrs s 124 330 )6,512()( Pr 222 = − = − == Portanto, Rs pode ser um resistor de 1/2W. 5.32 Carga variável e tensão de entrada constante A figura 5.16 mostra um circuito regulador de tensão com carga variável e tensão de entrada constante. Figura 5.16 – Circuito regulador com carga variável e tensão de entrada constante. 65 O valor do resistor Rs deve satisfazer as condições dadas pela variação desejada para a carga e pelas especificações do diodo zener. Corrente zener mínima Izmin: Como Rs é variável e Vz é constante, esta condição é mais crítica no caso de RL assume seu valor mínimo RLmin, ou seja, quando a corrente na carga é máxima IRLmax e a corrente Isaida é mínima. maxminmin IRLIzIsaida += Esta condição limita Rs a um valor máximo Rsmax: VzIRLIzRsVE ++×= max)min(max � max)( )( max IRLIzmim VzVE Rs + − = Corrente zener máxima Izmax: Neste caso, esta condição é mais crítica no caso em que RL assume seu valor máximo RLmax, ou seja, quando a corrente na carga é mínima IRLmim e a corrente Isaida e máxima. minmaxmax IRLIzIsaida += Esta condição limita Rs a um valor máximo Rsmax: VzIRLIzRsVE ++×= min)max(min � min)max( )( min IRLIz VzVE Rs + − = Assim, tem-se que Rs deve ser: maxmin RsRsRs ≤≤ Exemplo de aplicação: Redução da tensão de uma fonte para uma carga variável. Para a mesma fonte do exemplo de aplicação anterior e utilizando
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