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Curso de Interações Medicamentosas MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido é dado a seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores MÓDULO II TÓPICOS DE TOXICOLOGIA DO MEDICAMENTO Podemos descrever a Toxicologia como a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de substâncias químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de prevenir o aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas substâncias químicas. Toxicidade é a capacidade, inerente a um agente químico, de produzir maior ou menor efeito nocivo sobre os organismos vivos, em condições padronizadas de uso. A Toxicologia dos medicamentos pode ser definida como o estudo dos efeitos nocivos produzidos pela interação de medicamentos com o organismo, decorrentes do uso inadequado ou da susceptibilidade individual. Para que uma intoxicação ocorra, não basta à substância ter toxicidade alta, pois em todas estas fases, uma série de fatores pode influenciar na ocorrência ou não da intoxicação, veja abaixo (lembramos para quem desejar se aprofundar no assunto temos o curso de Toxicologia Geral já disponível no Portal). FATORES QUE INFLUENCIAM NA TOXIDADE • Fatores relacionados com o ambiente a) Temperatura, pressão, radiações, outros (luz, umidade, etc.). • Fatores ligados ao agente químico a) Fatores envolvidos na formulação (veículos, adjuvantes); b) Grau de pureza; c) Propriedade físico-química (solubilidade, grau de ionização, coeficiente de partição óleo/água, pKa, tamanho molecular, estado físico, etc.). • Fatores relacionados com o organismo a) Estados emocionais, estados patológico; 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores b) Sexo, estado hormonal, idade, peso corpóreo; c) Estado nutricional, dieta; d) Fatores imunológicos; e) Espécie, linhagem, fatores genéticos. • Fatores relacionados com a exposição a) Via de introdução; b) Dose ou concentração; c) Duração. CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS Inicialmente deve-se diferenciar efeito indesejável de efeito adverso. Efeito indesejável: Em um medicamento, todos os outros efeitos, que não o desejado, são indesejáveis ou colaterais, para aquela indicação terapêutica. Entretanto, estes efeitos indesejáveis podem ser desejáveis para uma outra indicação terapêutica do mesmo medicamento. Exemplo: O Misoprostol (análogo sintético das prostaglandinas, inicialmente utilizado no tratamento da úlcera péptica, causava contração uterina como efeito colateral, hoje, tem seu uso restrito aos hospitais e é utilizado na indução do parto). Efeitos Adversos ou nocivos: Como o próprio nome diz, são adversos para o bem-estar do sistema biológico por resultarem em disfunção orgânica. Podem ser originados por fatores químicos, físicos, biológicos ou mecânicos. Efeitos Tóxicos: São os efeitos adversos causados por substâncias químicas. Assim, todo o efeito tóxico é indesejável e/ou nocivo. Os feitos Tóxicos podem ser assim classificados: Reações Idiossincráticas ou Idiossincrasias Químicas 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores São reações ou respostas quantitativamente anormais a certas substâncias químicas, provocadas por alterações genéticas. O indivíduo pode ter uma resposta adversa com doses baixas (não-tóxicas) ou então ter uma resposta extremamente intensa com doses mais elevadas. Exemplo: Sensibilidade a fenilalanina por indivíduos fenilcetonúricos. Reações Alérgicas ou Alergia Química São reações adversas que ocorrem somente após uma prévia sensibilidade do organismo ao toxicante, ou a um produto quimicamente semelhante. Na primeira exposição do organismo a substância age como um hapteno. Este promove a formação dos anticorpos, que em duas ou três semanas estão em concentrações suficientes para produzir reações alérgicas em exposições subseqüentes. Alguns toxicologistas não concordam que as alergias químicas sejam efeitos tóxicos, já que elas não obedecem ou apresentam uma curva dose-resposta (elas não são dose dependente como a grande maioria dos efeitos tóxicos). Como a alergia química é um efeito indesejável e adverso ao organismo, tem sido reconhecido como efeito tóxico. Efeitos Imediatos, Crônicos e Retardados: Efeitos imediatos ou agudos são aqueles que aparecem imediatamente após uma exposição aguda, que ocorre, no máximo, em 24 horas. Efeitos crônicos são aqueles resultantes de uma exposição crônica, ou seja, exposição a pequenas doses, durante vários meses ou anos, O efeito crônico pode advir de dois mecanismos: a) somatória ou acúmulo do agente tóxico no organismo: a velocidade de eliminação é menor que a de absorção, assim ao longo da exposição o AT vai sendo somado no organismo, até alcançar um nível tóxico. b) somatória de efeitos: ocorre quando o dano causado é irreversível e, portanto, vai sendo aumentado a cada exposição, até atingir um nível detectável; ou, então, quando o dano é reversível, mas o tempo entre cada exposição é insuficiente para que o organismo se recupere totalmente. 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Efeitos retardados são aqueles que só ocorrem após um período de latência, mesmo quando já não mais existe a exposição. Exemplo: Efeito carcinogênico que têm uma latência a 20-30 anos. Efeitos Reversíveis e Irreversíveis A reversibilidade de um efeito depende, via de regra, da capacidade do tecido lesado em se recuperar. Assim, lesões hepáticas são geralmente reversíveis, já que este tecido tem grande capacidade de regeneração, enquanto as lesões no sistema nervoso central (SNC) são geralmente irreversíveis, uma vez que as células nervosas são pouco renovadas. Efeitos Locais e Sistêmicos O efeito local refere-se àquele que ocorre no local do primeiro contato entre o toxicante e o organismo. Já o sistêmico exige a absorção e distribuição da substância, de modo a atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor biológico. Existem substâncias que apresentam os dois tipos de efeitos. (Ex: benzeno, chumbo tetraetila, etc.). Algumas vezes uma lesão local intensa pode levar ao aparecimento de um efeito sistêmico. Ex: queimaduras intensas com ácidos podem levar a uma lesão renal, devido à perda excessiva de líquidos. Efeitos Resultantes da Interação de Agentes Químicos Este é o que tem mais interesse neste nosso estudo sobre Interações Medicamentosas. O termo interação entre substâncias químicas é utilizado todas as vezes que uma substância altera o efeito de outra. A interação pode ocorrer durante a fase de exposição, toxicocinética ou toxicodinâmica. Como conseqüência destas interações podem resultar diferentes tipos de efeitos: a) Efeito Aditivo ou Adição. É aquele produzido quando o efeito final dos dois agentes é igual à soma dos efeitos individuais, que aparecem quando eles são administrados separadamente (1 + 1 = 2). Ex: inseticidas organofosforados. b) Efeito Sinérgico ou Sinergismo: Ocorre quando o efeito dos agentes químicos combinados é maior do que a soma dos efeitos individuais (1 + 1 = 10). Ex: a34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores hepatotoxicidade. Resultante da interação entre tetracloreto de carbono e álcool é muito maior do que aquela produzida pela soma das duas ações em separado, uma vez que o etanol inibe a biotransformação do solvente clorado. c) Potenciação: Ocorre quando um agente químico, que não tem ação sobre um determinado órgão, aumenta a ação de um outro agente sobre este órgão (0 + 1 = 10). Ex: o isopropanol, que não é hepatotóxico, aumenta excessivamente a hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono. d) Efeito Antagônico ou Antagonismo: Ocorre quando dois agentes químicos interferem um com a ação do outro, diminuindo o efeito final. É, geralmente, um efeito desejável em Toxicologia, já que o dano resultante (se houver) é menor que aquele causado pelas substâncias separadamente. Existem vários tipos de antagonismo: • Antagonismo químico ou neutralização: Ocorre quando o antagonista reage quimicamente com o agonista, inativando-o. Este tipo de antagonismo tem um papel muito importante no tratamento das intoxicações. Ex: agentes quelantes como o EDTA, BAL e penicilamina, que seqüestram metais (As, Hg, Pb, etc.) diminuindo suas ações tóxicas. • Antagonismo funcional: Ocorre quando dois agentes produzem efeitos contrários em um mesmo sistema biológico atuando em receptores diferentes. Ex: barbitúricos que diminuem a pressão sangüínea, interagindo com a norepinefrina, que produz hipertensão. • Antagonismo não-competitivo, metabólico ou farmacocinético: E quando um fármaco altera a cinética do outro no organismo, de modo que menos AT alcance o sítio de ação ou permaneça menos tempo agindo. Ex: bicarbonato de sódio que aumenta a secreção urinária dos barbitúricos; fenobarbital que aumenta a biotransformação do inseticida paraoxon, diminuindo sua ação tóxica. 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • Antagonismo competitivo, não-metabólico, ou farmacodinâmico: Ocorre quando os dois fármacos atuam sobre o mesmo receptor biológico, um antagonizando o efeito do outro. São os chamados bloqueadores e este conceito é usado, com vantagens, no tratamento clínico das intoxicações. Ex: Naloxona, no tratamento da intoxicação com opióides. EFEITOS E INTERAÇÕES DE MEDICAMENTOS EM GRUPOS ESPECIAIS DE PACIENTES As condições físicas do paciente são determinantes para que ocorram os efeitos das interações decorrentes de medicamentos. Neste sentido, os idosos são as vítimas potenciais da múltipla prescrição. Essa parcela da população sofre com muitas vezes com os efeitos colaterais de apenas um medicamento. É preciso uma avaliação mais profunda sobre as condições físicas do paciente, para que não haja risco de uma interação medicamentosa mais severa. Os mais idosos, ao lado dos recém-nascidos, são os mais afetados pelos efeitos contrários produzidos pelas interações medicamentosas. De um lado está o organismo já enfraquecido, do outro, um organismo ainda não totalmente preparado e amadurecido. Existem diversos tipos de interações que estão ligadas às condições do próprio paciente. Neste caso, as pessoas consumidoras de álcool, os diabéticos e os que apresentam problemas de tireóide, por exemplo, podem desenvolver interações com determinados medicamentos, enquanto outros sem esses problemas, mas com a mesma prescrição, não serão vítimas dos efeitos de interação. Fatores internos e externos podem estimular o aparecimento dos efeitos do uso de diversos tipos de drogas ao mesmo tempo. Os pacientes com alterações nos rins, no fígado, ou com determinados hábitos alimentares e até mesmo submetidos à poluição do ar, possuem peculiaridades que aumentam os riscos da interação. No caso dos alimentos, a quantidade e o tipo ingeridos podem prejudicar a missão do medicamento no organismo. Os alimentos, muitas vezes assim como os medicamentos são passíveis de provocar interações medicamentosas. A quantidade de fatores relacionados às condições dos pacientes é grande. 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Não podemos também esquecer das complicações iatrogênicas. Doenças ou complicações iatrogênicas, são aquelas decorrentes da intervenção da equipe de saúde, seja esta intervenção certa ou errada, mas da qual resultam conseqüências prejudiciais para a saúde do paciente. Levy et al., 1980 conclui que as reações medicamentosas são a principal causa de manifestações iatrogênicas em todas as faixas etárias, mas, embora todos estejam sujeitos a riscos iatrogênicos, esses riscos são maiores em pacientes hospitalizados e, notadamente nos idosos. Vários fatores podem ser considerados como responsáveis pela maior incidência da iatrogenia em idosos. Em pacientes hospitalizados verifica-se que a freqüência de reações medicamentosas iatrogênicas é três a sete vezes mais observada nos idosos em relação aos mais jovens (Nolan e O'Malley, 1988). Entre os medicamentos causadores de iatrogenia, predominaram os quimioterápicos, digitálicos, neurolépticos e antiinflamatórios não hormonais. Iatrogenia relacionada a medicamentos foi evidenciada em 32,1% dos episódios iatrogênicos (Carvalho-Filho e col. 1996). Uma das razões para maior incidência da iatrogenia em idosos é a maior sensibilidade deles aos medicamentos. Também importam as modificações da farmacocinética e farmacodinâmica das drogas determinadas pelo envelhecimento, a multiplicidade de diagnósticos, a utilização freqüente de medicamentos associados, o emprego cada vez maior de medicamentos mais agressivos e sofisticados. REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTOS Conforme a Resolução - RDC nº 140, de 29 de maio de 2003, podemos descrever o conceito de Reação Adversa a Medicamentos (RAM), como qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial, não intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou para a modificação de uma função fisiológica. 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores A grande colaboradora para identificação das RAM´s tem sido a Notificação Voluntária, que pode ser descrito como o ato universalmente adotado na Farmacovigilância que consiste na coleta e comunicação de reações indesejadas manifestadas após o uso dos medicamentos.O notificador deverá não só comunicar as suspeitas de reações adversas como também as queixas técnicas relativas ao medicamento. O PAPEL DA FARMACOVIGILÂNCIA E DA FARMACOEPIDEMIOLOGIA A Farmacoepidemiologia é uma área de grande importância social, dado o seu potencial de contribuição para a redução dos gastos com a saúde, diretamente, através da racionalização do uso de medicamentos e, indiretamente, pela redução dos agravos iatrogênicos. Pode ser definida como a aplicação dos conhecimentos de epidemiologia, métodos e raciocínio no estudo de efeitos (benéficos e adversos) e uso dos medicamentos em populações humanas. Ela visa descrever, explanar, controlar e predizer os efeitos e usos dos tratamentos farmacológicos em um tempo, espaço e população definidos, (HARTZEMA, 1997). O Cebrim – Centro Brasileiro de Informações em Medicamentos, ligado ao Conselho Federal de Farmácia, cita como contribuições da farmacoepidemiologia: • Informações que suplementam os estudos pré-marketing - melhor quantidade de incidência da reação adversa e efeitos benéficos conhecidos: a) alta precisão; b) realizada em pacientes previamente não estudados, por exemplo,idosos, crianças e mulheres grávidas; c) modificada por outras drogas e/ou outras doenças; d) relativa a outras drogas utilizadas com a mesma indicação. • Novos tipos de informações não detectadas nos estudos pré-marketing: a) Descoberta de uma reação adversa ou efeito benéfico previamente não observado (efeitos incomuns ou efeitos retardados); b) Modelos de utilização da droga; c) Efeitos devidos á superdosagem; 38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores d) Implicações econômicas da droga utilizada. • Contribuições gerais da farmacoepidemiologia: a) Reassegura sobre a segurança da droga; b) Cumpre as obrigações legais e éticas. Farmacovigilância é a “ciência relativa à detecção, avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados a medicamentos”. Reação adversa a medicamentos é qualquer efeito nocivo, não intencional e indesejado de uma droga observada com doses terapêuticas habituais em seres humanos para fins de tratamento, profilaxia ou diagnósticos, (OMS, 2002). Desta forma as ações de farmacoepidemiologia e farmacovigilância, tem um papel fundamental para identificação e entendimento das Reações Adversas a Medicamentos, não-previstas nas bulas dos medicamentos, colaborando ainda mais para melhor conhecimento dos medicamentos e por conseqüência de suas interações medicamentosas vindo a somar esforços para o uso racional de medicamentos. 39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores INTERAÇÕES MEDICAMENTOS E ÁLCOOL O etanol, sob a forma de bebida alcoólica, constitui a substância psicoativa mais consumida no mundo todo. Atualmente, o alcoolismo constitui o maior problema de saúde pública em muitos países, inclusive no Brasil. Dados estatísticos mostram a magnitude dessa problemática, pois, só nos Estados Unidos da América, cerca de 18 milhões de indivíduos adultos apresentam alterações físicas e/ou mentais decorrentes do consumo de álcool. O consumo excessivo e crônico de etanol ocasiona comprometimento cerebral, e de órgãos como o fígado, coração e pâncreas, levando à incapacidade física e intelectual. Ademais, as deficiências nutricionais, particularmente as vitamínicas, comuns em alcoólatras, são responsáveis por síndromes neuropsiquiátricas como a psicose de Korsakoff, a polineuropatia e a encefalopatia de Wernicke. O etanol é um depressor do sistema nervoso cerebral, sob o ponto de vista farmacológico. Em doses moderadas, o etanol tem efeito euforizante, semelhante ao de barbitúricos. Essa desinibição é resultante da depressão de sistemas inibitórios. Com o aumento da dose, evolui para fala incompreensível, diminuição de acuidade visual e mental, incordenação motora, perda de consciência, coma e letalidade. A ação depressora do etanol se exerce de modo não-seletivo, pois não há referência sobre a existência de receptores específicos do etanol no SNC. Atua especialmente sobre estruturas polissinápticas do sistema reticular ativador ascendente e certas áreas do córtex, ocasionando perda de integração entre diversos setores cerebrais. Doses moderadas de etanol provocam vasodilatação periférica com ruborização e perda de calor, acarretando a instalação de hipotermia, que pode levar à morte, dependendo das condições climáticas. Doses moderadas de etanol, no aparelho digestivo, estimulam as secreções gástrica e salivar. Por outro lado, concentrações elevadas de etanol provocam inflamação da mucosa gastrintestinal. A liberação do hormônio antidiurético pela hipófise posterior gera ao etanol efeito diurético. Inibe a gliconeogênese, podendo levar à grave hipoglicemia, quando os depósitos de glicogênio estiverem depletados. Aumenta a síntese de colesterol e induz 40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores aumento de lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), causa da hiperlipidemia alcoólica. • Efeitos metabólicos do álcool. - Elevação de lactato e de acidose metabólica. Como o lactato inibe a secreção renal de ácido úrico, pode precipitar ataques de gota; - O aumento do nível de NADH, estimula a síntese de ácidos graxos no fígado, enquanto a oxidação via ciclo de Krebs está bloqueada; - Acúmulo de Triglicerídios neutros no fígado e lipidemia; - O aumento de NADH e a diminuição de piruvato provocam redução de gliconeogênese. Consequentemente, se o suprimento de glicogênio hepático estiver depletado pela falta de uma ingesta alimentar adequada, o etanol causará hipoglicemia; - A ingestão crônica e acentuada de álcool aumenta não somente a oxidação, mas também o consumo de O2. Consequentemente, o risco de hipóxia no fígado está aumentado causando necrose das células hepáticas nos alcoólatras; - Outros numerosos efeitos do etanol são produzidos em outros tecidos. O etanol possui absorção ao longo de todo o trato gastrintestinal. Devido à sua elevada lipossolubilidade, difunde-se rapidamente no tecido nervoso e atravessa facilmente as barreiras placentárias e hematoencefálica. Um indivíduo ingerindo 1 g/kg de etanol apresentará um nível sangüíneo de aproximadamente 0,1 %. Existe correlação entre as alterações fisiológicas e a alcoolemia. A partir de 0,05%, começam a ocorrer às alterações comportamentais, sendo que a intoxicação se instala com o nível sangüíneo de aproximadamente 0,15%. A elevada incidência de alcoolismo e o fato de muitos alcoólatras não serem reconhecidos como tais, torna bastante complexo o estudo das interações entre etanol e fármacos. Tanto o consumo agudo, como o crônico de etanol interferem com as doses requeridas de medicamentos prescritos com muita freqüência, como os hipoglicemiantes, os antibióticos, os anticonvulsivantes, os anticoagulantes, os anti-histamínicos, os diuréticos e muitos outros. 41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Indivíduos embriagados, alcoólatras ou não, apresentam elevada sensibilidade aos fármacos, enquanto os alcoólatras ou consumidores habituais de bebidas alcoólicas, quando sóbrios, são tolerantes aos fármacos, notadamente aos depressores do sistema nervoso central, havendo necessidade, por exemplo, de maior dose de anestésico para a indução de anestesia geral. As interações entre etanol e fármacos levam a alterações de parâmetros farmacocinéticos ou farmacodinâmicos ou de ambos e, resultando no aumento ou na diminuição dos efeitos farmacológicos e colaterais do etanol e de outros fármacos. ♦Farmacocinética • Ao Nível de Absorção O etanol apresenta boa absorção no trato gastrintestinal, pele e pulmão. Vapores de etanol podem causar intoxicação letal, por inalação. Após administração oral, a alcoolemia apresenta 2 picos característicos: o primeiro, correspondente à absorção gástrica e o segundo (maior), correspondente à absorção intestinal. A absorção se processa por difusão lipídica, sendo cerca de seis vezes maior no intestino delgado do que no estômago. O uso do etanol estimula a secreção gástrica ácida, desnatura certos fármacos, retarda o esvaziamento gástrico e facilita a dissolução de fármacos lipossolúveis, causando, ocasionalmente, a absorção de substâncias que, em outras circunstâncias, não sofreriam absorção. Na presença de etanol no organismo o metabolismo de muitas drogas como benzodiazepínicos, barbitúricos, tetraciclinas, antidepressivos, hipoglicemiantes orais, etc. estão com o seu metabolismo diminuído, podendo exacerbarseus efeitos. Seu consumo em excesso interfere com a absorção de nutrientes essenciais, levando a deficiências minerais e vitamínicas. Uma das moléstias mais graves, decorrentes do alcoolismo, é a encefalopatia de Wernicke, que, dentre outras deficiências, está associada a uma deficiência acentuada de tiamina (vitamina B1). 42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Interações que alteram a absorção gastrointestinal Principais Fármacos Mecanismos e Significância Clínica Conseqüências Antibióticos: penicilina ↓ absorção ↓ nível plasmático canamicina ↑ absorção ↑ nível plasmático Vit. hidrossolúveis ↓ absorção B1 (tiamina) beribéri cerebral B2 (riboflavina) B6 (piridoxina) anemia normoblástica B12 (cianocobalamina) anemia megaloblástica ác. fólico (PGA) fraqueza, cansaço, dispnéia, leucopenia ác. pantotênico parestesias nas extremidades, cãibras musculares Vit. Lipossolúveis: ↓ absorção A ↑ susceptibilidade às infecções cegueira noturna D (calciferol) osteomalácia E (tocoferol) edema, dermatite escamosa K hemorragia, hipoprotrombinemia Carboidratos: ↓ absorção Xilose D-glicose Aminoácidos ↓ absorção Ác. acetilsalicílico ↑ irritação mucosa hemorragia gastrintestinal Nitroglicerina ↑ absorção hipotensão Toxinas industriais: ↑ absorção Vapores Hg ↑ toxicidade 43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Chumbo ↑ toxicidade Niclosamida ↑ absorção Fumantes ↑ absorção ↑ incidência de câncer Tetracloroetileno ↑ absorção ↑ toxicidade Minerais: ↓ absorção Mg hipomagnesemia Fe anemia, enteropatia Zn componente de enzimas Cu componente de enzimas Ca hipocalcemia (↑) aumenta (↓) diminui Fonte: Medicamentos e suas Interações. Seizi Oga Os fármacos, por sua vez, podem modificar a cinética da absorção do etanol. Assim, fármacos que interferem na motilidade intestinal, no esvaziamento gástrico ou na função secretória, interferem também na absorção do etanol. Interferência de fármacos na absorção do etanol Fármacos Principais Mecanismos Significância Clínica Anticolinérgicos ↓ absorção etanol ↓ nível plasmático etanol Cafeína Epinefrina Anfetamina Amitriptilina (↓) diminui Fonte: Medicamentos e suas Interações. Seizi Oga • Ao Nível de Distribuição Apresenta rápida distribuição por todo o compartimento aquoso do organismo, atravessando facilmente todas as barreiras. Atravessa também a barreira placentária, sendo que filhos de mães alcoólatras apresentam dependência física e síndrome de abstinência ao etanol. 44 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Como a interação entre etanol e fármacos, em nível de proteínas plasmáticas, não apresenta significância clínica, uma vez que a fixação do etanol às proteínas plasmáticas é baixa (0-25 %). • Ao Nível de Biotransformação No organismo, 90-98% do etanol sofre oxidação, principalmente no fígado, a uma taxa de 6-8 g (7,5-10 ml) de etanol/hora. O metabolismo extra-hepático do etanol é pequeno; somente 2-10% são eliminados pelos rins e pelos pulmões. O etanol pode ser metabolizado por três caminhos diferentes, através de enzimas localizadas em diferentes compartimentos subcelulares, como: - álcool-desidrogenase (ADH), encontrada no citossol; - sistema microssômico de oxidação do etanol (MEOS), localizado no retículo endoplasmático liso; - catalase, encontrada nos peroxissomas. A álcool-desidrogenase do fígado humano existe sob múltiplas formas moleculares, resultantes da combinação de oito diferentes subunidades. O grau de complexidade das isoenzimas ADH do homem não tem paralelo em nenhuma outra espécie do reino animal. Através do álcool-desidrogenase, o etanol é oxidado a acetaldeído. O acetaldeído, por sua vez, é convertido a acetato através da aldeído-desidrogenase, encontrada na mitocôndria. O acetato é liberado na circulação sangüínea, sendo oxidado, nos tecidos periféricos a CO2 e H2O. Em condições normais, MEOS e catalase têm pequena participação na biotransformação do etanol. Entretanto, o consumo crônico de etanol leva a um aumento adaptativo de MEOS, verificando-se uma correlação entre o aumento de sua atividade e a proliferação do retículo endoplasmático liso. Dessa forma, a participação de MEOS na metabolização do etanol é significante em consumidores crônicos de bebidas alcoólicas. No processo de oxidação do etanol gera-se um excesso de equivalentes reduzidos sob a forma de NADH (nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido) livre no citossol e na mitocôndria. Esse incremento, na razão NADH/NAD, parece ser responsável por grande parte das complicações hepáticas e metabólicas do alcoolismo. 45 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores O consumo de álcool de forma aguda reduz temporariamente o metabolismo de fármacos biotransformados pelo sistema oxidase de função mista (sistema citocromo P- 450). Em contraste, o consumo de álcool, por tempo prolongado, resulta em aceleração da biotransformação de fármacos, em decorrência da indução de enzimas hepáticas. A indução enzimática resultante do consumo crônico de etanol pode ser parcialmente mascarada pela inibição, se o etanol estiver presente no organismo do indivíduo. Além do metabolismo oxidativo, outros metabolismos de fármacos sofrem interferência do etanol. Assim, após uma única dose de etanol, a acetilação é aumentada, enquanto a conjugação com o ácido glicurônico é inibida. A gravidade da injúria hepática, causada pelo álcool, também interfere no grau de indução ou de inibição enzimática. Indivíduos que são consumidores crônicos de bebidas alcoólicas desenvolvem tolerância ao etanol e a outros fármacos (tolerância cruzada). Essa tolerância é devida, em parte, à adaptação do sistema nervoso central (tolerância farmacodinâmica) e à indução enzimática (tolerância metabólica). Assim, os alcoólatras, quando sóbrios, necessitam de doses maiores que os abstêmios para evidenciar efeitos farmacológicos de anticoagulantes; anticonvulsivantes, antidiabéticos, antimicrobianos e outros fármacos biotransformados pelo sistema oxidase de função mista. Tendo em vista que a tolerância persiste por vários dias ou mesmo semanas, após a interrupção do consumo abusivo do álcool, esses fármacos devem ser prescritos em doses maiores para pacientes em fase de recuperação do alcoolismo. Interferência aguda do etanol na biotransformação de fármacos Fármacos Principais Mecanismos Significância Clínica Diazepam ↓ N-desmetilação ↑ depressão central Clobazam Clordiazepóxido Clorazepato Metadona Pentobarbital ↓ biotransformação ↑ depressão central 46 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Metaqualona Hidrato de cloral Tricloroetileno Difenidramina Isoniazida ↑ N-acetilação hepatite Paracetamol ↓ biotransformação ↓ hepatoxicidade em Overdose Meprobamato ↓ biotransformação ↑ depressão central Doxiciclina Tetraciclina Sulfadimidina ↑ acetilação Disopiramida ↓ N-desalquilação Procainamida ↑ N-acetilação Propranol ↑ Meia-vida Tetracl. carbono ↑ metabólito reativo ↑ hepatotoxicidade Tolbutamida ↓ biotransformação hipoglicemia Dextropropoxifeno ↓ biotransformação ↑ depressão central Antidepressivos↓ biotransformação ↑ depressão central tricíclicos Fonte: Medicamentos e suas Interações. Seizi Oga Interferência crônica do etanol na biotransformação de fármacos Fármacos Principais Mecanismos Significância Clínica Antipirina ↑ biotransformação ↓ efeito Clorofórmio, ↑ biotransformação ↑ hepatotoxicidade Paracetamol Pentobarbital, ↑ biotransformação ↓ efeito Meprobamato, Doxiciclina, Tolbutamida, 47 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Imipramina, Fenitoína, Warfarina, Propranolol, Rifampicina Isoniazida ↑ biotransformação ↑ hepatotoxicidade Testosterona ↑ biotransformação Vitamina A ↑ biotransformação cegueira noturna, disfunção renal e hepática Vitamina D ↑ biotransformação (↑) aumenta (↓) diminui Fonte: Medicamentos e suas Interações. Seizi Oga • Inibidores de Álcool-desidrogenase A álcool-desidrogenase é uma enzima que contém Zn e é encontrada no citossol. Essa enzima promove a oxidação de etanol a acetaldeído. Alguns fármacos inibem a álcool-desidrogenase, promovendo acúmulo de etanol no organismo e levando à exacerbação de seus efeitos. Inibidores de álcool-desidrogenase Fármacos Principais Mecanismos Significância Clínica Ácido etacrínico, Inibição enzimática ↑ efeito do etanol Fenilbutazona, Clorpromazina, Hidrato de cloral, 4-metil-pirazol (↑) aumenta Fonte: Medicamentos e suas Interações. Seizi Oga 48 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • Inibidores de Aldeído-desidrogenase É uma enzima encontrada na mitocôndria. Essa enzima, juntamente com o cofator NAD, é a principal responsável pela biotransformação do acetaldeído a acetato. O metanol e o etilenoglicol constituem outros álcoois metabolizados por álcool- desidrogenase e aldeído-desidrogenase. O metanol é oxidado a aldeído fórmico e ácido fórmico, podendo ocasionar grave acidose e até cegueira. O etilenoglicol é oxidado a ácido oxálico, cuja precipitação nos rins pode ser letal por falência renal. Alguns inibidores da aldeído-desidrogenase como o dissulfiram e a cianamida cálcica são utilizados como coadjuvantes no tratamento do alcoolismo crônico. Esses fármacos bloqueiam a passagem do aldeído para o ácido, elevando em 5-10 vezes a concentração sangüínea do acetaldeído e desencadeando a síndrome do acetaldeído ou síndrome de Antabuse. Essa síndrome caracteriza-se por intensa vasodilatação, inicialmente da face, cefaléia, dificuldade respiratória, náusea, vômito e taquicardia. Reações agudas podem levar à repentina hipotensão, com perda de consciência. O tratamento com o dissulfiram pode acarretar interações medicamentosas potencialmente perigosas, pois este interfere com o sistema oxidase de função mista e inibe a biotransformação de antidiabéticos, anticonvulsivantes, benzodiazepínicos, antimicrobianos e outros fármacos. A cianamida cálcica tem a vantagem de inibir a aldeído-desidrogenase de forma reversível, com recuperação de cerca de 80% da atividade enzimática no período de 24 horas, e de não interferir no sistema oxidase de função mista. Certos fármacos, como alguns antiparasitários, hipoglicemiantes e antimicrobianos, são inibidores da aldeído-desidrogenase, desencadeando a síndrome do acetaldeído na presença de etanol. Portanto, pacientes sob terapia com esses fármacos devem ser alertados quanto à possibilidade de ocorrência da síndrome de acetaldeído, se consumirem bebida ou alimento contendo álcool. 49 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Inibidores da aldeído-desidrogenase Fármacos Principais Mecanismos Significância Clínica Dissulfiram, Inibição enzimática Reação de Antabuse Cianamida cálcica (Carbimida cálcica), Metronidazol, Griseofulvina, Tolbutamida. Fentolamina, Cloranfenico/, Quinacrina, Cefalosporinas Fonte: Medicamentos e suas Interações. Seizi Oga ♦ Farmacodinâmicas Estes mecanismos ainda são pouco elucidados. A ingestão concomitante de álcool e fármacos depressores do sistema nervoso central resulta em efeito depressor aditivo ou mesmo sinérgico, constituindo, com freqüência, grave ameaça à vida. Nessas circunstâncias, a morte pode advir por falência cardiovascular, depressão respiratória ou grave hipotermia. Interações farmacodinâmicas Fármacos Principais Mecanismos Significância Clínica Nitroglicerina ↑ vasodilatação hipotensão' Barbitúricos ↑ depressão central, coma, letalidade Dextropropoxifeno ↑ depressão respiratória, morte Glutetimida ↑ depressão central Meprobamato ↑ depressão central 50 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Etinamato ↑ depressão central Mianserina ↑ depressão central Paraldeído depressão central Metaqualona ↑ depressão central Fenciclidina Antidepressivos efeitos cardiotóxicos, Tricíclicos convulsão, coma, depressão respiratória e coma hipotérmico (em idosos) Cannabis (maconha) ↓ capacidade psicomotora Benzodiazepínicos grave sedação Anfetaminas ↓ capacidade motora Cafeína ↓ capacidade motora anti-histamínicos ↓ capacidade psicomotora e alerta Anticonvulsivantes ↓ capacidade psicomotora e alerta (↑) aumenta (↓) diminuição Fonte: Medicamentos e suas Interações. Seizi Oga ♦ Interações Diversas Diversas substâncias, presentes em bebidas alcoólicas, também apresentam interações clinicamente significantes. Assim, pacientes sob tratamento com IMAO (inibidor de monoamino oxidase) correm o risco de sofrer crise hipertensiva aguda se consumirem certos tipos de vinho, como o vinho Chiante, contendo tiramina. Na presença de concentrações elevadas de etanol, há aumento no nível plasmático de ácido úrico, podendo desencadear crise gotosa. O etanol interfere com a gliconeogênese hepática, levando a hipoglicemia. O cobalto, adicionado à cerveja como estabilizador de espuma pode provocar cardiomiopatia. 51 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores O ferro, presente em muitos vinhos, pode depositar-se nos tecidos. Interações diversas Fármacos Principais Mecanismos Significância Clínica Tiramina antidepressivos IMAO crise hipertensiva (vinhos) Cobalto (cerveja) cardiomiopatia Ferro (vinhos) deposição nos tecidos K+, Mg++ ↓ nível plasmático ↑ sensibilidade a cardiotônicos destes cátions ↑ arritmias espontâneas Metab. glicose inibe gliconeogênese hipoglicemia Ácido úrico gota Puromicina C fígado gorduroso Ácido ascórbico ↑ ADH ↑ eliminação do etanol (vit. C) Cimetidina ↓ biotransformação ↑ intoxicação etanólica Leite ↓ abs. etanol ↓ intoxicação etanólica Ác. acetilsalicílico sangramento gastrintestinal (↑) aumento (↓) diminuição Fonte: Medicamentos e suas Interações. Seizi Oga ♦ Carcinogenicidade e Mutagenicidade O consumo de álcool, de forma abusiva, está associado ao aumento da incidência de câncer nos tratos respiratório e alimentar, além de agravar os riscos de câncer do fígado, intestino grosso, pâncreas e mama. Os mecanismos envolvidos nesses eventos são complexos, considerando que as bebidas alcoólicas possuem, por si só, composições complexas e nem sempre bem definidas, podendo conter pequenas quantidades de substâncias carcinogênicas. A interação de álcool e tabaco aumenta a incidência de câncer do trato digestivo superior,devido parcialmente ao efeito indutor enzimático do etanol, promovendo a conversão de substâncias 52 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores pró-carcinogênicas. Além disso, as deficiências nutricionais, associadas ao abuso do álcool, contribuem para o aumento dessa incidência, aumentando a susceptibilidade aos carcinogênicos e interferindo no sistema imune, particularmente nas respostas mediadas pelos linfócitos T. ------ FIM MÓDULO II ----- FATORES QUE INFLUENCIAM NA TOXIDADE REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTOS O PAPEL DA FARMACOVIGILÂNCIA E DA FARMACOEPIDEMIOLOGIA INTERAÇÕES MEDICAMENTOS E ÁLCOOL Interferência de fármacos na absorção do etanol
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