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D. Tributário - Prof Fernando Castellani

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Página 1 de 62 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Professor: Fernando Castellani 
 
 
Direito Tributário 
11 de fevereiro de 2010 
 
 
Como estudar o Direito Tributário: 
- CF (artigos 145 a 162, 177 e 195); 
- Código Tributário Nacional (todo); 
- Ler uma bibliografia básica: (sinopse jurídica da editora Saraiva) 
ou (direito esquematizado da editora método). 
 
 
I. Introdução 
 
O Direito Tributário, como todo ramo do direito, nasce na 
Constituição Federal, porém, especificamente quanto a este ramo, 
há matérias específicas que tornam o seu estudo diretamente 
constitucional. 
 
Dentre todas as regras constitucionais, a mais relevante é a que 
estabelece a Competência Tributária, que pode ser conceituada 
como a aptidão para a instituição de tributos. 
 
 
II. Competência 
 
Dentre todas as regras constitucionais tributárias, a mais relevante 
é a que estabelece a Competência, que pode ser conceituada como 
a aptidão para a instituição de tributos. 
 
Frise-se que a Constituição Federal não cria ou institui tributos, ela 
se limita a estabelecer quais os tributos devem ser criados e os 
distribui a cada ente competente, que deverá exercer esta 
competência por meio de lei. 
 
Ainda, é a Constituição Federal que determina as limitações ao 
poder de tributar, que nada mais é do que regras que disciplinam o 
exercício da competência. 
 
Página 2 de 62 
O exercício da competência se dá por meio da lei do ente 
competente, momento em que se efetiva instituição do tributo. A 
partir disto, haverá a previsão de uma possível ocorrência que, se 
verificada, dará nascimento da obrigação tributária. 
 
A conduta, descrita na lei, tem que se materializar – ocorrência do 
fato gerador (=situação possível, descrita na norma tributária), que 
se verificado, dará ensejo ao nascimento de uma relação jurídica, 
denominada obrigação tributária, que é a relação entre o sujeito 
ativo, sujeito passivo e o objeto, vinculado ao tributo. 
 
Neste sentido, afirma-se que ocorrido o fato gerador, nasce a 
obrigação tributária. 
 
- Sujeito ativo: aquele que ocupa a posição de credor – ente 
competente ou aquele que recebeu a delegação da capacidade 
tributária ativa. 
 
- Sujeito passivo: aquele que deve cumprir o conteúdo da norma 
(contribuinte ou o responsável tributário). 
 
- Objeto: algo vinculado ao tributo (nem toda obrigação tributária 
representa o dever de pagar tributo). 
 
O CTN exige que este fato gerador e esta obrigação sejam 
documentados, formalizados, por um procedimento específico, 
denominado Lançamento Tributário. 
 
Neste contexto, para que o devedor possa cumprir a obrigação ou 
para que o fisco possa tomar as medidas coercitivas, é preciso que 
esta obrigação seja formalizada documentalmente. 
 
Lançamento Tributário = é o procedimento específico de 
documentação do fato e do nascimento da obrigação. 
 
Para o CTN, o lançamento transforma a obrigação em Crédito 
tributário, devendo ser uma atividade vinculada e obrigatória. 
 
O lançamento se materializa em algumas situações por atos do 
sujeito ativo ou do sujeito passivo. 
 
O crédito é constituído para ser extinto pelo pagamento, isto é o que 
o sistema espera, mas nem sempre é o que acontece. 
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III. Causas modificativas do crédito tributário 
 
1- Causas de suspensão da exigibilidade – previstas artigo 151, 
CTN: causas impeditivas da cobrança do crédito. 
 
2- Extinção do crédito: situações que implicam no desaparecimento 
da relação jurídica tributária têm como principal hipótese o 
cumprimento da obrigação pelo pagamento – artigo 156, do CTN 
prevê todas as hipóteses. 
 
3- Exclusão do crédito – Por definição são causas impeditivas da 
própria formalização do crédito tributário (artigo 175, CTN), que são 
duas: isenção e anistia. 
 
Com o lançamento, constitui-se o crédito tributário, se não for 
verificada nenhuma das hipóteses acima, o fisco deverá tomar as 
medidas para a exigência forçada do crédito, através da execução. 
 
Primeiramente, se dá a inscrição do crédito na dívida ativa, que é 
um controle de legalidade feito pela administração. Assim, se extrai 
uma certidão deste cadastro específico que atesta a existência de 
um crédito (= CDA) pela qual o fisco efetua o ajuizamento ação de 
execução fiscal, entrando na fase processual de exigência do 
crédito tributário. 
 
 
IV. Conceito de Tributo 
 
A arrecadação de tributo é uma das formas de transferência de 
riqueza para o Estado, que precisa de recursos para o custeio para 
o desempenho de suas atividades. 
 
Para que esta transferência de riqueza ao estado seja considerada 
tributo, requer a existência de requisitos específicos, previstos no 
artigo 3º, do CTN: 
 
Art. 3º: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em 
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua 
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada”. 
 
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Assim, pela simples decomposição do referido artigo, consegue-se 
identificar os 5 requisitos: 
 
i) Prestação pecuniária – se refere ao nascimento da obrigação, 
não ao seu cumprimento. É caracterizada mediante valor 
específico, utilização de uma base de cálculo e uma alíquota. 
- O CTN, devido à sua redação infeliz gerou a idéia de que a 
prestação pecuniária pode ser expressa em moeda ou algo que 
pode ser quantificado em moeda. Ora, qualquer coisa pode ser 
expressa em moeda. Assim em virtude desta redação, entendeu-se 
que, no Brasil poderia haver tributo in natura ou mediante trabalho 
humano (serviço militar obrigatório, mesário, etc.). 
- Hoje, superada a discussão, o tributo deve ser expresso em 
moeda. 
 
ii) Compulsória – a obrigação tributária tem um surgimento 
independente da vontade das partes. Não se refere ao 
cumprimento. Nasce da ocorrência do fato gerador. O elemento 
vontade se exaure na decisão por praticar ou não o fato gerador. 
Praticado o fato gerador, nasce a obrigação tributária, neste 
sentido, prestação compulsória. 
 
iii) Não sancionatória – Tributo e multa não se confundem. Quando 
o CTN diz que tributo não pode ser sanção de ato ilícito, quer dizer 
que tributo só pode ter como fato gerador situação específica, não 
incide sobre fato ilícito, que é pressuposto para a sanção, não para 
tributação. 
- Cuidado com a regra do non olet, aqui, o que se tem é a 
irrelevância para o direito tributário acerca da pesquisa dos 
antecedentes do fato gerador. 
- Ex. Tráfico de drogas: não incidirá ICMS sobre a venda da droga, 
mas ao auferir recursos, havendo o surgimento de disponibilidade 
de renda, haverá incidência do tributo sobre a renda, independente 
da sua origem. 
 
iv) Prestação legal – princípio da legalidade, somente a lei pode 
instituir, alterar ou extinguir tributo. Sua norma de base deve ser, 
obrigatoriamente, veiculada por meio de lei. 
 
v) Cobrança vinculada – a prestação tributária deve ser cobrada 
mediante o caminho e o procedimento previsto em lei, ou seja, o 
credor tributário tem que obedecer o previsto na legislação, não tem 
discricionariedade para escolher a exigência. Neste sentido, 
Página 5 de 62 
plenamente vinculada representado pelo ajuizamento da ação 
específica. 
 
Por isto, o STJ entende que o fisco não tem legitimidade para 
pleitear a falência do devedor tributário, vez que não há previsão 
para o fisco proceder à cobrança por meio do pedido de falência. 
 
O protesto da CDA é lícito, desde que previsto em lei instituída pelo 
ente competente, passando, assim, a ser plenamente vinculada. 
 
 
 
V.Características da Competência Tributária 
 
Partindo-se do pressuposto de que a competência é a aptidão 
legislativa dos entes tributantes para a instituição de tributos, 
distribuídas pela Constituição, verifica-se que deve ser exercitada 
pela lei do ente competente,obedecendo seguintes regras e 
características específicas : 
 
- Exclusividade – a distribuição de competência feita pela CF se dá 
de forma rígida, ao se atribuir parte da competência a determinado 
ente, implica na incompetência automática dos demais. 
 
A Competência tributária é requisito para a autonomia financeira 
dos entes, garante sua própria fonte de custeio, que advém da sua 
exclusividade. 
 
OBS: Exceção de cunho constitucional – artigo 154, II – Impostos 
Extraordinários de Guerra: Estabelece que a União poderá criá-los 
incidindo sobre qualquer fato gerador, inclusive sobre os fatos 
geradores de outros entes. Trata-se de situação excepcional que 
exige declaração de guerra. 
 
- Indelegabilidade – a aptidão legislativa não é passível de 
delegação. Um ente não pode delegar para outro a função de 
instituir tributos ou de legislar. Diferentemente da competência, 
existe a Capacidade Tributária Ativa, esta sim, é delegável. Às 
vezes, por opção constitucional, às vezes, por lei. 
 
A capacidade é um conceito mais restrito que competência: é a 
aptidão para a prática dos atos de cobrança e fiscalização do 
crédito tributário. 
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Regra geral: quem tem competência, tem capacidade tributária 
ativa, mas somente esta é delegável. 
 
O ente que detém competência pode delegar a capacidade. 
 
Nos termos do artigo 7º, do CTN, só pode ser delegada para outras 
pessoas jurídicas de direito público, o que afasta a delegação para 
pessoas de direito privado e pessoas físicas. 
 
No entanto, a resolução n.º 3/2006, do senado, permite a prática de 
endosso mandato (ato de tranferência da posse do título para os 
atos de cobrança) – referida resolução está com a eficácia 
suspensa por liminar em ADIN, valendo a regra do art. 7º, do CTN. 
 
- Inalterabilidade: inalterável pela legislação infraconstitucional, 
mas emenda constitucional pode versar sobre competência 
tributária, retirando um tributo de um ente para outro. 
 
Importante ressaltar que a doutrina é pacífica no sentido de que 
Emenda Constitucional pode versar sobre matéria tributária, desde 
que não haja supressão total de competência: uma emenda que 
retire a competência de um dos entes, comprometeria a sua 
autonomia financeira, pressuposto para sua independência, 
desrespeitando o princípio da isonomia entre os entes, neste 
sentido, tal emenda estaria alterando cláusula pétrea, ferindo o 
pacto federativo. 
 
- Facultatividade do exercício: o ente recebe a atribuição de 
competência, mas ele só institui o tributo por opção política, cria se 
quiser. (ex. IGF, de competência da União, não exercida até hoje). 
 
Exceções: 
1. ICMS: doutrinariamente, se alega que é de instituição obrigatória 
por todos os entes, sob o argumento artigo155, § 2º, X, CF, 
estabelece que a desoneração depende de lei complementar, 
assim, a regra é a oneração. Outros dizem que a obrigatoriedade se 
dá para garantir a regra da não cumulatividade. 
 
2. Lei de Responsabilidade Fiscal: o artigo 11, da lei, determina 
que os entes tributantes devem proceder uma gestão fiscal 
responsável, instituindo todos os tributos de sua competência. 
 
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Parágrafo Único: Os Estados, DF e Municípios, que não instituírem 
todos os impostos de sua competência, ficam sujeito a uma 
sanção: proibição de receber repasses de verba federal. Disto 
resulta que estes entes têm a obrigação de instituir os impostos. 
 
Atenção: o repasse aqui vedado, são os repasses de verbas 
políticas, voluntárias, não valendo para os repasses constitucionais 
(repasses para saúde, educação, etc.). 
 
Próxima aula: Espécies tributárias e suas principais 
características. 
 
 
 
FIM DA AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Página 8 de 62 
 
Direito Tributário 
11 de março de 2010 
 
 
I. Espécies Tributárias 
 
- Impostos 
- Taxas 
- Contribuições de melhoria 
- Empréstimo Compulsório 
- Contribuições Especiais 
 
Parte da doutrina - mais tradicional - entende que no nosso sistema 
somente são admitidas três espécies tributárias: Impostos, taxas e 
Contribuições de melhoria. 
 
Para estes, o empréstimo compulsório e contribuições especiais 
são tributos, mas estão dentre uma das três espécies (imposto, taxa 
ou contribuição de melhoria) a depender do seu fato gerador. 
 
Neste sentido, dependendo do fato gerador escolhido pelo 
legislador, o Empréstimo Compulsório e as Contribuições especiais 
serão inseridos a uma das três espécies tributárias. 
 
Outra parte, mais moderna, entende que os tributos dividem-se em 
cinco espécies, posição esta seguida pelo Supremo. 
 
Dizer que são espécies diferentes, deve existir o critério 
classificatório: Nos termos do artigo 4º, do CTN: a espécie tributária 
é definida pela natureza jurídica do seu fato gerador. Em outras 
palavras, o fato gerador do tributo define a sua espécie. 
 
Fato gerador é a situação prevista na lei para incidência da regra 
tributária. 
 
Regras para classificação: 
 
Irrelevância para a Classificação: Artigo 4º, inciso I, do CTN: 
estabelece a irrelevância da denominação atribuída pelo legislador. 
Neste sentido, em razão da inexistência de técnica do legislador, 
que pode criar uma taxa e chamar de imposto, não importa a sua 
denominação, mas sim o fato gerador. 
Página 9 de 62 
 
Se o legislador institui um tributo e dá a denominação equivocada, a 
mera utilização indevida da denominação não gera a ilegalidade ou 
inconstitucionalidade da tributação, ou seja, não impede a 
tributação. 
 
O que eventualmente poderá gerar é a determinação de utilização 
de regime jurídico indevido. 
 
 
Definição de Espécie 
Artigo 4º, II: É irrelevante para definição da espécie tributária a 
destinação legal do tributo; em outras palavras, é irrelevante o 
destino da receita arrecadada pelo tributo. 
 
Referido dispositivo traz a idéia de independência entre o direito 
tributário e o direito financeiro. A destinação não gera 
conseqüências para a definição da espécie tributária. 
 
Esta determinação, nitidamente, não foi recepcionada pela CF/88, 
visto que para esta, a destinação do tributo, em algumas espécies, 
é o elemento essencial do tributo: Contribuições Sociais, os 
Empréstimos Compulsórios. 
 
Disto, verifica-se que o dispositivo não foi recepcionado pela CF. 
 
 
 
 
1. IMPOSTOS 
 
Regras gerais: O imposto tem previsão constitucional, no artigo 145, 
I e no CTN, no seu artigo 16: 
 
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma 
situação independente de qualquer atividade estatal específica, 
relativa ao contribuinte. 
 
1.1 Conceito 
 
Imposto é a modalidade de tributo que tem por fato gerador uma 
situação independente de qualquer atividade estatal. 
 
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A grande característica do imposto é ter por fato gerador algo que 
não tem atividade estatal, assim, é um tributo não 
contraprestacional, ou seja, o imposto incide sobre situações que 
não envolvem participação do estado. 
 
É o imposto que demonstra o poder de império do estado, pois 
incide sobre uma situação. 
 
O Imposto é denominado como Tributo não vinculado, vez que seu 
fato gerador é não vinculado à atividade estatal. 
 
Os impostos se sujeitam à regra de ausência de destinação, regra 
constitucional, prevista no artigo 167, IV. Assim, por vedação 
constitucional, o imposto não pode ser arrecadado com destinação 
prévia. 
 
Cuidado: A receita terá uma destinação dentro do orçamento, o 
que é vedado é a destinação prévia ou antecipada. Neste sentido, é 
completamente inconstitucional a criação de imposto 
para custear as atividades do estado no campo da saúde, por 
exemplo. 
 
Razão: o imposto é, por excelência, o tributo para formar o 
orçamento geral do ente, que serão utilizados com base nos 
critérios da discricionariedade,da conveniência, da liberdade do 
administrador. Se toda receita arrecadada entrasse com 
predestinação prévia, haveria comprometimento da autonomia do 
ente. 
 
 
1.2 Classificações dos Impostos 
 
1ª classificação: 
- Impostos reais ou objetivo 
- Impostos pessoais ou subjetivos 
* Impostos reais - São aqueles cuja incidência se dá sobre 
determinado bem individualmente considerado (Ex.IPTU). 
* Impostos pessoais – São aqueles cuja incidência se dá 
analisando a totalidade das relações jurídicas do sujeito passivo, 
não se dirige ao bem, mas ao sujeito (exemplo: Imposto Sobre a 
Renda). 
 
2ª Classificação 
Página 11 de 62 
Esta classificação leva em consideração a possibilidade ou não de 
transferência do ônus financeiro ou do preço do tributo: 
* Impostos diretos: Impostos cujo encargo econômico é suportado 
pelo próprio sujeito passivo. 
* Impostos Indiretos- são todos aqueles cujo encargo financeiro ou 
econômico do tributo é transferido para um terceiro, diferente do 
sujeito passivo. (Ex: ICMS e IPI). 
 
Imagine-se uma operação que incida ICMS: o sujeito passivo é o 
alienante da mercadoria (o que promove a circulação); mas, pela 
sistemática do ICMS, o imposto que incide sobre a operação é 
embutido no preço que o adquirente paga (juridicamente, o 
adquirente paga o preço: mas embutido no preço está o ICMS). 
 
No ICMS, o adquirente do produto, ao pagar o preço, paga, 
indiretamente, o imposto. 
 
3ª Classificação 
Com base na competência, os impostos são classificados em: 
- Impostos Federais - podem ser ordinários, previstos no artigo 
153; residuais e extraordinários. 
- Impostos Estaduais / Distrito Federal: que possuem 
competência de criar os impostos ordinários, nos termos do artigo 
155, da Constituição Federal. 
- Impostos Municipais – impostos elencados no artigo 156, da 
Constituição Federal. 
 
OBS: Por previsão constitucional expressa (artigo 147, CF), o 
Distrito Federal cumula competência tributária, ocupando dúplice 
competência, podendo criar os tributos dos estados e dos 
municípios. Justificação: o Distrito Federal cumula competência por 
imposição do princípio da isonomia. Como não existe a divisão do 
Distrito Federal em municípios, todos os atos praticados não seriam 
tributados por tributos municipais. Neste sentido, para evitar esta 
situação de violação à isonomia, houve a cumulação de 
competência. 
 
- Imposto Ordinário: é o imposto comum, que não depende de 
nenhuma situação especial para sua instituição, depende apenas 
da utilização e do respeito ao processo legislativo específico. 
Impostos Ordinários Federais: II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, IGF. 
Impostos ordinários Estaduais: ICMS, IPVA, ITCMD. 
Página 12 de 62 
Impostos ordinários Municipais: ISS, IPTU, ITBI (transmissão 
onerosa entre vivos de bens imóveis). 
 
Conforme anteriormente citado, o Distrito Federal cumula 
competência para instituição dos estaduais e municipais. 
 
Impostos residuais 
Nos termos do artigo 154, da Constituição Federal, União poderá 
instituir: 
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo 
anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato 
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta 
Constituição; Diante do determinado no artigo transcrito, verifica-se 
que a União e, somente a União, poderá criar os Impostos 
residuais. Trata-se de um imposto diferente dos já previstos. 
 
Este imposto residual deve respeitar os seguintes requisitos: 
1. Definição de fato gerador e base de cálculo diferentes dos já 
previstos, sob pena de não ser imposto novo. 
2. Utilização de lei complementar - requisito diferente da regra geral, 
que determina instituição de tributo por lei ordinária ou medida 
provisória. 
3. Sujeição ao princípio da não cumulatividade. Princípio que 
implica em desoneração tributária, que diminui o impacto do tributo. 
 
Atenção: não há limitação quantitativa para a criação dos impostos 
residuais, desde que respeitados os requisitos constitucionais. 
 
Impostos Extraordinários 
Ainda, o mesmo artigo 154, em seu inciso II, determina que a união 
poderá instituir: 
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos 
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência 
tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as 
causas de sua criação. 
 
Os impostos extraordinários serão criados somente pela união. 
 
São impostos que dependem de uma situação extraordinária ou 
excepcional, ou seja, exigem como condição legitimadora da 
competência uma das seguintes situações: 
 
Página 13 de 62 
- guerra externa ou na sua iminência - por intermédio de lei 
ordinária ou medida provisória, com vigência imediata, não se 
sujeita ao princípio da anterioridade. 
 
Este imposto poderá incidir sobre qualquer fato gerador de imposto, 
inclusive repetidos (ex. sobre a renda - IR extraordinário, ICMS - 
extraordinário, etc.). 
 
Celebrada a paz encerrando-se a guerra, encerrando a situação 
extraordinária, o imposto extraordinário deve ser gradativamente 
extinto (imposto temporário, pois pressupõe uma situação 
excepcional). 
 
A supressão tem que ser gradativa, diminuindo a alíquota até zerar, 
pelo período máximo de cinco anos, contados da celebração da 
paz, segundo o artigo 76, do CTN. 
 
Trata-se de tributação do mesmo fato, autorizada 
constitucionalmente. 
 
As receitas auferidas por este imposto não tem a obrigatoriedade de 
se destinar à guerra. Conforme dito, a Constituição Federal proíbe a 
destinação dos impostos (artigo 167, IV). 
 
 
2. TAXAS 
 
Conceito 
A taxa está prevista constitucionalmente no artigo 145, incido II e no 
artigo 77 e seguintes do CTN; pode ser conceituadas como 
modalidade de tributo cujo fato gerador é uma situação diretamente 
vinculada a uma atividade estatal específica. 
 
É um tributo cujo fato gerador exige a presença estatal, diretamente 
vinculada ao sujeito passivo - relação nitidamente 
contraprestacional. Neste sentido, tem que existir uma atividade 
estatal diretamente focada no sujeito passivo. 
 
A atividade estatal que permite a instituição da taxa divide-se em: 
* Exercício do Poder de Polícia 
* Prestação do Serviço Público 
 
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A competência tributária das taxas é definida pela competência 
administrativa do ente. 
 
Será competente para instituir a taxa o ente competente para 
exercer o poder de polícia ou para prestar o serviço público. 
 
São tributos com destinação específica, voltando-se à manutenção 
dos serviços ou ao poder de polícia que legitima a sua instituição. 
 
Princípio ou Regra da retributividade aplicado às taxas: 
Previsão constitucional no artigo 145, §2º estabelece que as taxas 
não podem ter base de cálculo própria de impostos. Regra para 
definição do valor da taxa ou quantificação do tributo. 
 
Pela regra da retributividade, o objetivo da taxa é mera retribuição, 
no sentido de ressarcir ou recompor os gastos, devendo ter um 
valor aproximado ao custo da atividade estatal. 
 
O que leva à conclusão de que a taxa não pode ser calculada com 
base na capacidade contributiva do contribuinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DA AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Página 15 de 62 
 
Direito Tributário 
22 de abril de 2010 
 
 
 
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
 
2) Taxas 
(art. 145, II da CF e arts. 77 e ss. do CTN) 
 
A) Taxa de Polícia 
É a modalidade de taxa na qual a atividade estatal específica é o 
exercício do poder de polícia. Nesse contexto, entende-se por poder 
de polícia (art. 78 do CTN) o poder de fiscalização e toda atividade 
de disciplina ou regulamentação do exercício de direitos. 
 
“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração 
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou 
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de 
interessepúblico concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos 
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de 
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização 
do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.” 
“Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de 
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites 
da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se 
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou 
desvio de poder.” 
 
A doutrina, de maneira unânime, afirma que a taxa só pode ser 
cobrada diante do uso efetivo do poder de polícia. O STF, todavia, 
entendeu que a taxa de polícia também pode ser cobrada diante da 
fiscalização potencial (taxa anual de renovação de alvará 
independente de fiscalização). 
 
Ressalva: É possível essa fiscalização desde que haja pelo menos 
uma estrutura administrativa de fiscalização em funcionamento, ou 
seja, para cobrar deve ter um setor responsável pela fiscalização, 
etc. 
 
 
Página 16 de 62 
STF - AI 654292 AgR / MG - MINAS GERAIS 
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 
EMENTA: TRIBUTÁRIO. TAXA DE LICENÇA E FISCALIZAÇÃO 
PARA LOCALIZAÇÃO, INSTALAÇÃO E FUNCIONAMENTO. 
CONSTITUCIONALIDADE. EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. 
CONTROLE. ELEMENTOS DA BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE 
IMPOSTOS. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE. RECURSO 
PROTELATÓRIO. MULTA. AGRAVO IMPROVIDO. 
I - Constitucionalidade de taxas cobradas em razão do serviço 
de fiscalização exercido pelos municípios quanto ao 
atendimento às regras de postura municipais. 
II - Presunção a favor da administração pública do efetivo 
exercício do poder de polícia, que independe da existência ou 
não de órgão de controle. Precedentes. 
III - Constitucionalidade de taxas que, na apuração do montante 
devido, adote um ou mais dos elementos que compõem a base de 
cálculo própria de determinado imposto, desde que não se verifique 
identidade integral entre uma base e a outra. 
IV - Recurso protelatório. Aplicação de multa. 
V - Agravo regimental improvido. 
Decisão - A Turma negou provimento ao agravo regimental no 
agravo de instrumento, com imposição de multa, nos termos do voto 
do Relator. Unânime. Ausente, justificadamente, o Ministro 
Menezes Direito. 1ª Turma, 30.06.2009. 
 
 
Tal entendimento decorre de uma interpretação analógica da 
disciplina conferida à taxa de serviço, para a qual a Constituição 
dispõe que pode ser cobrada por contraprestação efetiva ou 
potencial. 
Observação: Mesmo diante da negativa do poder público em 
relação ao objetivo da fiscalização, será devida. 
 
Valor - retributividade nas taxas (regra para definir o valor da taxa): 
as taxas não podem ter base de calculo própria de impostos – art. 
145, parágrafo segundo da CF. Assim, as taxas são tributos que 
não se sujeitam a capacidade contributiva. 
 
Taxa de fiscalização da CVM – cobrada daqueles que operam no 
mercado de valores mobiliários. Esta taxa tem seu valor definido 
pelo capital social da sociedade. Poderia se dizer que esse 
dispositivo viola o 145, parágrafo segundo da CF porque tem por 
base de calculo o capital social. O STF, porém, entendeu que essa 
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taxa é constitucional. Entendeu que a capacidade contributiva, o 
elemento que mede a capacidade contributiva pode ser utilizado 
como elemento acessório para definição do valor da taxa (pode ser 
utilizado como elemento indireto para definição do valor da taxa). 
 
Súmula vinculante nº 29 retrata a realidade acima exposta: “É 
constitucional a adoção no calculo do valor da taxa de um ou mais 
elementos da base de calculo própria de determinado imposto, 
*desde que não haja integral identidade entre uma base e outra” 
(grifo nosso). 
 
* Desde que o elemento típico de imposto seja um elemento indireto 
para medir a atividade estatal. 
 
 
B-) Taxa de serviço 
É a modalidade de taxa na qual a atividade estatal é a prestação de 
um serviço público. 
 
O art. 145, II da CF estabelece a possibilidade de taxa de serviço 
diante de serviços públicos, específicos e divisíveis, de utilização 
efetiva ou potencial. 
 
Conceitua-se serviço público como o serviço prestado sob regime 
de direito publico, portanto por determinação legal, prestado por 
força de lei; ou pela iniciativa privada, mediante concessão. O 
serviço será considerado público em razão de sua natureza, e 
não em função de quem presta, portanto, mesmo se prestado 
mediante concessão, ele continua sendo um serviço público. 
 
Ser específico e divisível significa que o serviço é prestado 
individualmente, para um número determinado ou determinável de 
pessoas, passível de medição individual. Não esquecer que a 
medida da taxa tem que ser razoável, e não exata, e o razoável, às 
vezes, pode ser presumido. Exemplos: coleta de lixo e de esgoto, 
transporte público. 
 
Estado pode prestar serviço de natureza privada quando explora 
atividade econômica. 
 
Quando isso ocorrer, ainda que prestado pelo estado, jamais 
teremos o pagamento mediante taxa. 
 
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Assim, o serviço público geral e indivisível não pode ser 
remunerado por taxa, pois prestado para toda a coletividade, por 
exemplo, iluminação pública; recapeamento de via, segurança 
pública, ensino público, etc. 
 
Serviço público geral e indivisível é aquele no qual não há como 
identificar a utilização individualizada, impassível de mensuração 
individualizada. 
 
Observação: Não existe taxa de iluminação. Hoje há uma 
contribuição especial para custeio da iluminação pública. 
 
A taxa de serviço também pode ser cobrada em razão do uso em 
potencial em algumas *circunstâncias específicas. Uso potencial é o 
uso que se presume diante da mera disponibilização. 
 
*Estarmos diante de um serviço de utilização compulsória (lembrar 
que o serviço público é serviço de prestação compulsória, mas não 
de utilização compulsória); ou seja; quando por detrás de seu uso 
houver interesse de preservação da coletividade e, além disso, esse 
serviço deve estar em efetivo funcionamento (o serviço deve estar 
acessível). 
 
ATENÇÃO: Diferenciação entre taxa e tarifa 
Os serviços privados prestados pela iniciativa privada são 
logicamente remunerados por preços privados. A dúvida surge 
quando se trata da prestação de serviços públicos. O STF, 
analisando o art. 175 da Constituição Federal, entendeu que a 
definição da política tributária foi delegada à lei do ente competente, 
logo, a escolha entre remuneração por taxa ou tarifa caberá ao 
respectivo ente tributante (depende da lei que regula o serviço 
público). 
 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou 
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de 
licitação, a prestação de serviços públicos. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre: 
[...] 
III - política tarifária; 
 
A escolha de uma ou outra modalidade de remuneração é relevante 
para definir qual o regime jurídico correspondente. Quando se fala 
em taxa, fala-se em tributo, implicando em sujeição ao regime 
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tributário. Já a tarifa, se submete ao regime tarifário, sensivelmente 
menos rígido. 
 
Por isso, na prática, a maioria dos entes acaba por adotar pelo 
regime mais simples. 
 
O STF, ao apreciar a questão em debate, definiu também uma 
classificação dos serviços públicos para fins tributários, dividindo-os 
em: 
* Propriamente estatais - são serviços que somente podem ser 
prestados pelo próprio Estado, não se sujeitando, portanto, à 
concessão. Só podem ser remunerados por taxa. 
- Exemplo: Prestação jurisdicional. 
* Essenciais ao interesse público - estão nesta categoria 
compreendidos aqueles serviços que podem ser prestados, tanto 
pelo Estado quanto pela iniciativa privada, mediante concessão. 
São serviços de utilização compulsória, ao passoque representam 
interesse da coletividade que só poderão ser remunerados por taxa, 
quer pelo uso efetivo, quer pelo uso potencial (por exemplo, coleta 
de lixo e a coleta de esgoto). 
* Não essenciais ao interesse público - também podem ser 
prestados ou pelo Estado ou pela iniciativa privada, mediante 
concessão, mas sua utilização é facultativa (a não utilização não 
gera prejuízo à coletividade). É nesse grupo que incide a 
interpretação do STF acerca do art. 175 da CF, pois podem ser 
remunerados por taxa ou por tarifa (por exemplo, transporte, 
energia, telefonia). 
 
Cuidado: A validação da tarifa não quer dizer necessariamente a 
invalidação da taxa! STF fez ainda uma outra súmula vinculante 
sobre taxa: a nº19, que afirma: “A taxa cobrada exclusivamente em 
razão dos serviços públicos de coleta, remoção, tratamento ou 
destinação de lixo e resíduos provenientes de imóveis não viola o 
artigo 145, II da CF”. 
 
ATENÇÃO: Pedágio 
O pedágio tem previsão constitucional no art. 150, V da CF (artigo 
que trata das limitações constitucionais ao poder de tributar). Este 
dispositivo determina que é proibido estipular tributo, interestadual 
ou intermunicipal, de forma a limitar o tráfego de pessoas e bens, 
salvo no caso de pedágio pela utilização das vias conservadas pelo 
Poder Público. 
 
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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União,aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios”: 
[...] 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio 
de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança 
de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; 
 
Pela interpretação literal do dispositivo, pode se concluir que o 
pedágio é tributo. O STF entendeu ser taxa de serviço, não pela 
utilização da via, mas pela utilização potencial de serviços como 
guincho, resgate, atendimento médico etc. 
 
A lei que regula a utilização e exploração da estrada pode 
estabelecer se o pedágio adotará o regime de taxa ou de tarifa. 
 
 
3) Contribuições de melhoria (art. 145, III da CF e arts. 81 e ss., 
CTN) 
 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
[...] 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. 
 
A contribuição de melhoria também encontra disciplina no Decreto-
Lei nº. 195/67 (recepcionado pela CF de 88). 
 
Contribuição de melhoria é a modalidade de tributo que tem por fato 
gerador uma situação indiretamente vinculada a uma atividade 
estatal. Em outras palavras, é a modalidade de tributo cujo fato 
gerador é uma obrigatória atividade estatal vinculada de maneira 
indireta ao sujeito passivo. 
 
A atividade estatal necessária é a realização de uma obra pública. 
Obra pública é uma obra realizada pelo ente, ou por ele custeada, 
com o objetivo de fruição coletiva. Tal obra pública deve gerar uma 
conseqüência jurídica para alguns sujeitos passivos (vinculação 
indireta), qual seja a valorização imobiliária (se dá de acordo com 
critérios legais). 
 
O tributo será instituído apenas em relação àqueles indivíduos que 
tiverem valorização de seus imóveis pela realização da obra 
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pública. Assim, a contribuição de melhoria tem o objetivo de 
socializar o ganho indevido decorrente da valorização do imóvel. 
A contribuição de melhoria não tem o objetivo de custear a obra, 
pois a realização desta requer prévia dotação orçamentária. Além 
do mais, tal tributo só pode ser instituído com a efetiva valorização 
imobiliária, o que ocorre apenas com a conclusão da obra. 
 
A competência tributária é dada em função da competência do ente 
administrativamente responsável pela realização da obra. 
 
Nos termos do CTN, a fixação do valor da contribuição de melhoria 
deve respeitar 02 critérios (art. 81, CTN), não podendo ultrapassar: 
o valor da efetiva valorização do imóvel (limite individual) e o custo 
efetivo da obra (limite global). 
 
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos 
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de 
suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de 
obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como 
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo 
de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DA AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Tributário 
06 de maio de 2010 
 
 
 
Contribuição de Melhoria 
 
A definição do valor da Contribuição de Melhoria deve respeitar: 
- Limite individual - é limite calculado para cada imóvel - o valor da 
Contribuição de Melhoria não pode ser superior à valorização do 
imóvel. 
 A valorização, para fins de contribuição de melhoria, não é 
preço de mercado, mas aquela definida pelos critérios legais, ou 
seja, é a valorização retratada pela lei (valor venal). 
- Limite global - o total arrecadado pelo ente, com a cobrança da 
contribuição de melhoria não pode ser superior ao custo efetivo da 
obra. 
Realizada a obra pública, a soma do valor individual, relativo à 
valorização dos imóveis, não pode ser superior ao valor 
efetivamente gasto coma obra - é um limite de arrecadação. 
 
 
4. Empréstimos Compulsórios 
Os empréstimos compulsórios têm sua previsão no art. 148, da 
Constituição Federal e art. 15, do CTN. 
 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir 
empréstimos compulsórios: 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de 
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de 
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, 
"b". 
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de 
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que 
fundamentou sua instituição. 
 
4.1. Conceito 
A Constituição Federal, quando define o Empréstimo Compulsório, 
não define o seu fato gerador, limita-se a estabelecer as hipóteses 
autorizadoras para o exercício da sua competência. 
 
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É a modalidade de tributo que poderá ser criado diante das 
hipóteses autorizadoras expressamente previstas na Constituição. 
 
Hipóteses autorizadoras, para criação do exercício da competência, 
estabelecidas no artigo 148, incisos I e II, da CF: 
- Guerra externa; 
- Calamidade; 
- Investimento público urgente e relevante. 
 
Os Empréstimos Compulsórios necessitam, para a sua criação, 
uma destas hipóteses autorizadoras, somente diante destas 
situações específicas, poderão ser instituídos. 
 
Em razão da ausência de previsão constitucional, o Empréstimo 
Compulsório terá por fato gerador a situação escolhida e definida 
pela lei instituidora, que tem a liberdade para defini-lo, o que 
permite a estipulação de fatos geradores de outros tributos (IR, 
ICMS, ISS, etc. ). 
 
O Empréstimo compulsório é um tributo exclusivamente federal, 
obrigatoriamente instituído por meio de lei complementar. 
 
É um tributo restituível, o valor pago a título de Empréstimo 
Compulsório deve ser obrigatoriamente devolvido ao sujeito 
passivo, por determinação constitucional, visto que no momento em 
que denomina de “empréstimo”, pressupõe a devolução. 
 
OBS: O dever de restituição decorre simplesmente da utilização da 
nomenclatura “empréstimo”. Observe-se que o nome dado ao 
tributo pela lei é irrelevante, contudo, a nomenclatura constitucional 
tem que ser observada. 
 
OBS: O artigo 110, do CTN confirma a conseqüência de ser 
restituível - regra de interpretação, que decorre da própria 
hermenêutica - estabelece que quando a CF utiliza um conceito de 
direito privado para definir competência, a lei tributária não pode 
alterar o seu conteúdo, alcance e significado. 
 
Pagoo Empréstimo Compulsório, há a garantia constitucional da 
devolução, no momento definido pela lei instituidora. 
 
A rigor, inclusive com manifestação do STF, quando a lei institui o 
Empréstimo Compulsório, já deve estabelecer o momento da 
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restituição, mas não há limite prévio na CF que estabeleceria um 
limite é o princípio da razoabilidade. Em tese, um empréstimo com 
prazo de restituição de 50 anos, não seria razoável. 
 
Para o supremo esta restituição tem que ser em dinheiro e com, 
pelo menos, correção monetária (manutenção). Nada impede que a 
lei estabeleça correção monetária, acrescida de juros. 
 
O Empréstimo Compulsório é um tributo cujas receitas são 
destinadas constitucionalmente, ou seja, o destino do dinheiro 
arrecadado tem destinação específica: nos termos do transcrito art. 
148: devem ser destinados para a situação legitimadora. 
 
 
5. Contribuições Especiais (art. 149, 149-A) 
 
5.1. Contribuições Sociais 
5.2. Contribuições de Interesse de Categoria Profissional e 
Econômica 
5.3. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico 
5.4. Contribuições para o Custeio de Iluminação Pública 
 
São criados por meio de lei complementar: Imposto sobre grandes 
fortunas, impostos residuais. 
 
Em regra, a Constituição Federal também não define o Fato 
Gerador das contribuições especiais - diante disto, será utilizada a 
destinação do produto arrecadado. A CF define as contribuições 
especiais por sua destinação, é a que qualifica as contribuições. 
 
Contribuições especiais são modalidades de tributo destinadas ao 
custeio de uma atividade específica, prevista na Constituição. 
 
São tributos qualificados pelo seu destino, destinação do produto. 
 
Características similares das contribuições especiais: 
1ª. São tributos qualificados pela destinação, ou seja, suas receitas 
são obrigatoriamente destinadas. 
2ª. A ausência da definição constitucional do fato gerador, regra 
geral. Assim, aplicam-se todas as conseqüências discutidas no EC: 
(exceto contribuições do art. 195, CF). 
- Liberdade de estipulação pelo legislador - o fato gerador será 
aquele que a lei instituidora definir. 
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3ª. Em regra, estas contribuições especiais são de competência 
federal, salvo duas exceções que serão tratadas posteriormente. 
4ª. Regra geral, as contribuições especiais são instituídas por lei 
ordinária, salvo uma exceção que exige lei complementar (art. 195, 
§4º, CF). 
 
DRU 
Desvinculação das Receitas da União - por emenda constitucional, 
nas ADCT, estabelece que 20% da receita das contribuições são 
desvinculados da sua destinação constitucional, passam a ser de 
livre utilização. 
 
 
5.1. Contribuições Sociais 
Contribuição social é a modalidade de contribuição destinada ao 
custeio das atividades do estado no campo social. 
 
A constituição define estas atividades, quando define a ordem social 
do estado, que pode ser definido, em resumo, como sendo as 
atividades do estado vinculadas a assistência, previdência, saúde e 
educação. 
 
Estas contribuições sociais se dividem em: 
- Contribuições sociais para a seguridade social - seguridade é 
o conjunto de atividades sociais vinculadas à assistência, 
previdência e saúde. 
 
As contribuições sociais representadas pelo art. 195, da CF, que 
traz as contribuições para a seguridade social, representam a 
primeira exceção à previsão de que não tem fato gerador. 
 
COFINS - receita - Fato Gerador. 
 
Lucro - Contribuições sobre o lucro - Fato Gerador. 
 
Auferir rendimento - Fato Gerador. 
 
Concurso de prognósticos - tributação sobre prêmios. 
 
Sobre a importação de bens ou serviços. 
 
Estas contribuições para a seguridade são denominadas de 
contribuições ordinárias. 
Página 26 de 62 
 
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a 
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o 
disposto no art. 154, I. 
 
O transcrito §4º, do art. 195, estabelece a possibilidade de 
instituição de contribuições para a seguridade residual - respeitada 
a regra dos impostos residual - art. 154, CF: fato gerador novo, lei 
complementar, princípio da não cumulatividade. 
 
- Contribuições gerais - são contribuições destinadas ao custeio 
das atividades vinculadas a educação. São exemplos destas 
contribuições: (Contribuição para salário educação - art. 212,§5º, 
CF, Contribuições do art. 240, da CF - contribuições para o sistema 
“S”- tem por objetivo custear o ensino profissionalizante). 
 
Art. 149, § 1º: Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, 
em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, 
cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores 
titulares de cargos efetivos da União. 
 
Referido artigo estabelece uma regra para as contribuições para a 
seguridade: dentro da seguridade, as destinadas ao sistema 
previdenciário - existe a regra especifica: Os estados, os municípios 
e o Distrito Federal podem instituir contribuições previdenciárias 
para manutenção do regime previdenciário próprio para os seus 
funcionários públicos. 
 
 
5.2. Contribuições de Interesse de Categoria Profissional e 
Econômica 
Estas contribuições são destinadas ao custeio das atividades 
vinculadas a determinadas categorias profissionais e econômicas. 
 
Também chamadas de contribuições corporativas, são 
representadas por dois grupos: 
 
- Sistema de representação - contribuições destinadas ao custeio 
do sistema representativo - são as destinadas ao custeio do sistema 
sindical - contribuição Instituída por lei - art. 578, da CLT, que 
estabelece que todo membro de categoria profissional e econômica, 
tem que recolher determinado valor - devida por todo membro da 
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categoria, independente de ser sindicalizado ou não. Sindicato 
representa e busca para a categoria como um todo. 
 
OBS.: Esta contribuição não se confunde com a contribuição 
confederativa, cobrada pelo sindicato, definida pela assembléia 
geral, devida apenas pelos efetivamente sindicalizados - súmula 
666, do STF. Precedente normativo 119, do TST 
 
- Sistema de fiscalização e regulamentação profissional – 
contribuições destinadas ao custeio do sistema de fiscalização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DA AULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Tributário 
09 de junho de 2010 
*Aula ministrada pelo professor CAIO BARTIRE 
 
 
LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR 
= Competência tributária negativa 
 
As limitações ao poder de tributar podem ser: 
- explícitas (a partir do artigo 150 da CF); 
- implícitas (decorrem da hermenêutica, da interpretação). 
 
A hermenêutica constitucional trata das limitações ao poder de 
tributar implícitas. São elas, por exemplo: bitributação, invasão de 
competência. 
 
Bitributação Bis in idem 
Entes diferentes cobram mais de 
uma vez o mesmo tributo. 
O mesmo ente pública cobra 
duas vezes. 
 
 
1) PRINCIPIOLOGIA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIA 
 
Celso Antônio Bandeira de Melo - Princípios são os mandamentos 
nucleares de todo o sistema jurídico. 
 
Roque Carraza – Princípios são os alicerces onde se estruturam as 
normas jurídicas. Logo violar um princípio é algo mais grave do que 
violar uma norma jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Página 29 de 62 
PRINCÍPIOS 
Onivalentes Plurivalentes Monovalentes 
São os princípios 
considerados 
princípios valores, ou 
seja, são princípios 
aplicáveis a toda e 
qualquer ciência, não 
apenas à ciência do 
direito. 
 
EX: ética e justiça 
são valores 
aplicáveis a qualquer 
ciência. 
São princípios que 
dentro de uma 
mesma ciência são 
aplicáveis em mais 
de uma área. 
 
EX: o princípio da 
legalidade, artigo 5º,II da CF é um 
princípio 
fundamental, mas 
não se aplica apenas 
ao direito 
constitucional. 
São princípios que 
dentro de uma 
determinada ciência 
são aplicáveis em 
apenas uma área 
específica. 
 
EX: princípio da não 
cumulatividade, que 
se aplica apenas ao 
direito tributário. 
 
 
1.1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O princípio da legalidade, em matéria tributária, pode ser analisado 
sobre duas óticas: 
- sentido amplo: artigo 5º, II, CF. 
- sentido estrito: chamado de “estrita legalidade”: artigo 150, I, CF 
c/c artigo 97, CTN. 
 
Toda a instituição e toda a majoração de tributos só pode ser 
realizada mediante LEI. 
 
Mas LEI em qual sentido? Formal ou material? 
- Lei em sentido formal  a lei passa a ter uma formalidade legal, 
porém o seu conteúdo necessariamente não é de uma lei, é 
conteúdo de ato administrativo. EX: lei orçamentária. 
- Lei em sentido material  a lei é oriunda do Poder Legislativo, 
contendo em seu bojo uma norma geral, abstrata e impessoal. 
 
A CF cria tributo? 
- Resposta: NÃO. A CF se preza a estabelecer o rol de tributos a 
serem instituídos e quem são os entes dotados de competência 
tributária. 
 
 
a) EMENDA CONSTITUCIONAL 
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É possível EC instituir tributo? 
- Resposta: De acordo com precedentes do STF, notadamente da 
Ministra Ellen Gracie: se um tributo pode ser instituído por lei, numa 
questão de hierarquia a EC poderia instituir o tributo desde que haja 
a definição dos seus aspectos de incidência tributária. Embora 
possível não é uma coisa que aconteça no mundo fático. 
 
ATENÇÃO: Uma EC que viesse a suprimir uma repartição de 
receitas tributárias pode ser declarada inconstitucional pois afronta 
uma cláusula pétrea. 
- A finalidade de repartir receita tributária é dar um equilíbrio ao 
chamado federalismo fiscal. O Brasil é uma república federativa 
(união indissolúvel de estados membros para a formação do Estado 
Federal, no que os estados tem autonomia e o Estado Federal 
soberania). Essa autonomia pode ser política, administrativa e 
financeira. Autonomia financeira significa que o ente tem que ter 
dinheiro para realizar gastos públicos. O ente que mais arrecada no 
país é a União, mas o ente que mais gasta em serviços públicos 
não é a União, por isso ela precisa repassar parte do que recebe 
para Estados, Municípios e o DF. 
- Se a EC suprime a repartição de receitas, porque a limitação ao 
poder de tributar é uma cláusula pétrea reflexa, segundo o STF. 
 
Limitações ao poder de tributar são cláusulas pétreas (artigo 
60, § 4º, IV, CF). 
 
A EC pode inserir tributo novo na CF? 
- Resposta: SIM. 
- EX: EC 39/02. Admitiu a instituição de contribuição de custeio 
- EX: EC 41/2003. Artigo 149, § 1º, CF. Estado – DF – Município. 
Inseriu a contribuição para o custeio do regime previdenciário dos 
servidores. 
 
 
b) LEI COMPLEMENTAR 
 
LC pode instituir tributo desde que haja expressa previsão 
constitucional. 
 
EX: artigo 148 da CF – empréstimo compulsório. 
 
O artigo 146 da CF fala sobre a função da LC. O rol deste artigo 
trata de numerus clausus ou numerus abertus? 
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- Resposta: Rol exemplificativo, ou seja, as matérias previstas no 
artigo 146 da CF necessariamente devem ser tratadas via LC, salvo 
a possibilidade de outras matérias dispostas na CF em matéria 
tributária que também dependam de lei. 
 
ARTIGO 146, I, CF 
É possível, em matéria tributária, a existência de um conflito de 
competência no plano lógico? 
- Resposta: Quem define a competência é a CF, que o fez de forma 
exaustiva. Então no plano lógico não é possível existir conflito, 
apenas se um ente invadir a competência do outro, o que gera uma 
afronta à limitação implícita ao poder de tributar. 
 
ARTIGO 146, II, CF 
Quem limita o poder de tributar é a CF. LC não pode limitar nada. A 
LC vai regular a limitação. 
- O artigo 150, IV, alínea “c” da CF traz uma limitação ao poder de 
tributar, tendo que ser tratado via LC. 
 
ARTIGO 146, III, CF 
Normas gerais em matéria de legislação tributária é campo para LC 
Federal. 
- Norma geral tem que ser tratada pela União, justamente porque a 
finalidade da ordem geral é fazer com que os demais entes 
observem a mesma sistemática naquele determinado tema. 
- A CF traz alguns temas que devem ser tratados necessariamente 
por LC. 
- Artigo 146, III, a, CF: 
- A Lei 5.172/66 é o CTN a partir do Ato Complementar 36/67. O 
CTN é lei ordinária no seu sentido formal. Pela teoria da recepção, 
o CTN foi recepcionado com status de lei complementar em seu 
sentido material. 
- Toda modificação que se faça no CTN só pode ser feita através de 
LC. 
- As grandes modificações no CTN ocorreram através da LC 104 e 
da LC 118. 
 
Definição de tributo – artigo 3º, CTN. 
Espécies tributária – artigo 5º, CTN (artigos 15, 77 e 81, CTN). 
Impostos nominados – artigo 19 e seguintes do CTN. 
Fato gerador – artigo 19 e seguintes do CTN. 
Base de cálculo – artigo 19 e seguintes e artigo 121 
Obrigação – artigo 113 
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Lançamento – artigo 142 
Crédito – artigo 139 
Prescrição – artigo 174 
Decadência – artigo 173 
 
------- 
 
A lei 8.212/91 trouxe o plano de custeio da previdência social. Os 
artigos 45 e 46 dessa lei tratam do prazo decadencial e 
prescricional de contribuição previdenciária, dizendo que o INSS 
tem o prazo de 10 anos para lançar e de 10 anos para cobrar, ou 
seja, o INSS tem 20 dias para fazer a cobrança de contribuição 
previdenciária. 
 
Contribuição social é uma espécie de tributo. 
 
A lei 8.121/91 é uma lei ordinária que trata de crédito tributário 
colocando um prazo maior do que a própria norma geral, o CTN. 
 
Essa matéria foi objeto de repercussão geral. O STF entendeu que 
se a contribuição previdenciária é uma espécie de tributo, ela deve 
observar as regras gerais acerca de prescrição e decadência. 
 
O STF adotou a súmula vinculante nº 8 para solucionar esse caso, 
tornando inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que 
versam sobre prescrição e decadência de crédito tributário. 
 
Então se aplica o prazo do CTN. 
 
Quando o STF declara uma inconstitucionalidade, na regra geral 
existe efeito ex tunc. 
 
O impacto orçamentário na União ter que repetir os valores pagos a 
maior por 5 anos de créditos tributários seria enorme. 
 
Então o STF modulou os efeitos de constitucionalidade (lei 9.868/98 
– 2/3 dos ministros = 8 ministros) dando efeitos ex nunc a essa 
súmula vinculante nº 8. 
 
---- 
 
Página 33 de 62 
O artigo 146, III, alínea c da CF diz que cabe à CF dar um 
tratamento diferenciado ao ato cooperativo das sociedades 
cooperativas. 
 
A lei 5.764/71 fala da política nacional do cooperativismo. Seu artigo 
79 define ato cooperativo. 
 
O artigo 5º, incisos XVII a XXI da CF traz um incentivo a todas as 
formas de associativismo e cooperativismo. 
 
O artigo 982, parágrafo único do CC determina que a cooperativa é 
uma sociedade simples, sendo regida pelo artigo 997 e seguintes 
do CC. 
 
O artigo 1.093 da CC trata também da sociedade cooperativa. 
 
Não temos uma LC Federal que verse sobre tratamento 
diferenciado das cooperativas. 
 
Se a LC Federal não deu tratamento diferenciado ao ato 
cooperativo, os Estados podem fazer através de LC Estadual? 
- Resposta: SIM. O artigo 24, § 3º da CF dita que na ausência de lei 
federal os Estados exercem uma competência legislativa plena. 
 
Se a LC Federa aparece após a existência da LC Estadual, o que 
acontece? 
- Resposta: Artigo 24, § 4º da CF. As normas já existentes 
contrárias à LC Federal revogam-se. 
 
------------------ 
 
ARTIGO 146, III, alínea d, CF 
O artigo 170, IX da CF e o artigo 179 da CF já tratavam desse 
assunto, não sendo uma novidade o assunto trazido pela EC 
42/2003 na alínea d citada. 
 
O ME e uma EPP precisa ser tratada de forma diferente porqueo 
primado da nossa CF é a livre concorrência, a livre iniciativa. 
 
Então esse tratamento diferenciado preserva a isonomia. 
 
É a LC 123/2006 que trata da unificação do estatuto da ME e da 
EPP, bem como trata do chamado Simples Nacional. 
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Logo temos sim uma LC Federal que dá tratamento diferenciado e 
preferencial à ME e à EPP. 
 
----------------- 
 
c) LEI ORDINÁRIA 
 
Regra geral compete à LO fazer a majoração e a instituição de 
tributos. LC só o faz quando a CF assim o determina. 
 
Atos normativos podem instituir tributos? 
- Resposta: é uma celeuma na atualidade. 
 
------------------------------- 
 
MEDIDA PROVISÓRIA 
 
Artigo 62, CF. 
 
A MP é um ato normativo em regra expedido pelo presidente da 
república, que observada a questão da relevância e da urgência 
trata de um determinado assunto passando imediatamente ao crivo 
do Congresso Nacional, que terá o prazo de 60 (sessenta) dias, 
prorrogado por igual período para transformar a MP em lei. 
 
A EC 32/2001 inseriu no artigo 62 da CF o § 2º, dizendo que MP 
pode instituir ou majorar impostos em alguns casos. 
 
IGF – artigo 153, VII, CF. 
 
 
 
 
 
FIM DA AULA 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Tributário 
10 de junho de 2010 
 
 
 
2ª contribuição especial  Contribuições de interesse de 
categoria profissional destinadas aos órgãos de fiscalização e 
regulamentação profissional 
 
Estamos falando aqui em órgãos de fiscalização e regulamentação, 
órgãos que estabelecem normas éticas para conduta profissional, 
são aqueles conselhos profissionais. 
 
EX: CRM (conselho regional de medicina), CREA (conselho 
regional de engenharia e arquitetura). 
 
A anuidade paga pelo profissional a esses órgãos é um tributo 
destinado ao custeio do sistema de fiscalização e regulamentação 
profissional. 
 
EX: pagamento realizado pelo advogado à OAB a título de 
anuidade. 
 
Por posição do STJ, uma posição sem muita razoabilidade, não tem 
natureza jurídica tributária a contribuição do advogado à OAB, sob a 
argumentação de que a OAB tem uma atuação diferenciada à dos 
outros órgãos de fiscalização e regulamentação profissional. 
 
Não é razoável a posição do STJ porque existe a interpretação de a 
contribuição apenas do advogado para a OAB não ter natureza 
jurídica não tributária. APENAS para o advogado existe essa 
exceção. 
 
Independente dessa crítica, usar essa posição do STJ nos 
concursos. 
3ª contribuição especial  CID (Contribuição e Intervenção no 
Domínio Econômico) 
 
É uma contribuição destinada a custear as atividades interventivas 
do Estado (União) na economia, no domínio econômico. 
 
Página 36 de 62 
É um tributo cujo objetivo é a intervenção estatal na atividade 
econômica. 
 
É um tributo de competência exclusivamente federal, e a União tem 
sim interesse em praticar atos de intervenção em determinados 
setores da economia, isso para controlar e regular determinados 
setores. 
 
Atos de intervenção na economia podem ocorrer de duas formas: 
- intervenção por ato direto = intervenção direta 
- intervenção por ato indireto = intervenção indireta 
 
* Intervenção direta 
É uma intervenção que se dá pela própria exploração da atividade 
econômica. A União diretamente explora a atividade econômica 
através de empresas públicas e de sociedades de economia mista. 
Assim a União participa da definição do preço do produto ou serviço 
que existe no mercado. 
- A União não pode praticar atos de intervenção direta em todos os 
setores. Não pode pela própria limitação física, ou o Estado 
democrático seria um Estado socialista, e não pode porque a 
própria CF não deixa. A CF expressamente estabelece que a 
exploração da atividade econômica cabe à iniciativa privada, 
apenas excepcionalmente podendo ser explorada pelo poder 
público. Logo a exploração direta é excepcional, é exceção. 
 
* Intervenção indireta 
A intervenção indireta é a intervenção normativa. Essa intervenção 
normativa pode ser para a regulamentação do setor, para a 
fiscalização do setor ou para a tributação do setor. 
- A tributação é um meio de intervenção na atividade econômica 
porque a tributação impacta diretamente no preço do produto ou 
serviço ofertado. 
- A CF estabelece que existe um tributo específico só para praticar 
atos de intervenção indiretos. 
- ICMS e IPI geram reflexos em todos os setores de atividade 
econômica. Enquanto isso a CID é uma forma indireta de tributação 
pontual, existe para setores específicos, por isso ela é uma forma 
de intervenção indireta. 
- EX: CID sobre transporte marítimo, CID sobre o minério de ferro. 
- A CID só pode ser cobrada das pessoas que exploram o setor que 
sofre a intervenção indireta. Assim a CID sobre o setor de 
Página 37 de 62 
mineração só gerará efeitos sobre quem explora esse setor, quem 
comercializa e distribui. 
- A CID é um tributo cujo sujeito passivo é a pessoa que explora a 
atividade objeto da intervenção. 
- Os consumidores não pagam CID-combustível, eles pagam sim o 
preço do combustível. No mundo fático o valor do tributo está 
embutido no preço; portanto há um reflexo econômico.. No mundo 
jurídico isso significa que os consumidores não pagam o CID-
combustível. 
- A CID sobre a atividade de exploração e comercialização de 
combustíveis é a única CID com previsão constitucional. Artigo 177, 
§ 4º, CF. 
- Só existem duas contribuições sociais com o fato gerador definido 
na CF: as contribuições sociais e a CID-combustível. 
 
Art. 177. Constituem monopólio da União: 
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás 
natural e outros hidrocarbonetos fluidos; 
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; 
III - a importação e exportação dos produtos e 
derivados básicos resultantes das atividades previstas 
nos incisos anteriores; 
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem 
nacional ou de derivados básicos de petróleo 
produzidos no País, bem assim o transporte, por meio 
de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás 
natural de qualquer origem; 
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o 
reprocessamento, a industrialização e o comércio de 
minérios e minerais nucleares e seus derivados, com 
exceção dos radioisótopos cuja produção, 
comercialização e utilização poderão ser autorizadas 
sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c 
do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição 
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 49, de 2006) 
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais 
ou privadas a realização das atividades previstas nos 
incisos I a IV deste artigo observadas as condições 
estabelecidas em lei.(Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 9, de 1995) 
§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995) 
Página 38 de 62 
I - a garantia do fornecimento dos derivados de 
petróleo em todo o território nacional; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 9, de 1995) 
II - as condições de contratação; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 9, de 1995) 
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do 
monopólio da União; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 9, de 1995) 
§ 2º - A lei disporá sobre o transporte e a utilização de 
materiais radioativos no território nacional. 
§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de 
materiais radioativos no território 
nacional.(Renumerado de § 2º para 3º pela Emenda 
Constitucional nº 9, de 1995) 
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no 
domínio econômico relativa às atividades de 
importação ou comercialização de petróleo e seus 
derivados, gás natural e seus derivados e álcool 
combustível deverá atender aos seguintes requisitos: 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
I - a alíquota da contribuiçãopoderá ser: (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
b)reduzida e restabelecida por ato do Poder 
Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 
150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, 
de 2001) 
II - os recursos arrecadados serão destinados: 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte 
de álcool combustível, gás natural e seus derivados e 
derivados de petróleo; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 33, de 2001) 
b) ao financiamento de projetos ambientais 
relacionados com a indústria do petróleo e do gás; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) 
c) ao financiamento de programas de infra-estrutura 
de transportes. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 33, de 2001) 
 
 
 
Página 39 de 62 
4ª contribuição especial  CONTRIBUIÇÕES PARA O CUSTEIO 
DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA 
 
É a modalidade de contribuição especial destinada ao custeio do 
serviço público de iluminação pública. 
 
É um tributo qualificado pela destinação. 
 
Esta contribuição é extremamente criticada pela doutrina pela sua 
motivação, pelo o que gerou a sua instituição, a motivação para a 
sua criação. 
 
Essa contribuição teve a competência para a sua criação 
introduzido na CF pela EC 39, que introduziu o artigo 149-A. 
 
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão 
instituir contribuição, na forma das respectivas leis, 
para o custeio do serviço de iluminação pública, 
observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 39, de 2002) 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da 
contribuição a que se refere o caput, na fatura de 
consumo de energia elétrica.(Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 39, de 2002) 
 
 
Essa EC foi motivada por uma pressão que os municípios fizeram 
sobre o Congresso Nacional por força de uma decisão do STF. 
 
Antes da criação dessa contribuição muitos municípios instituíam 
taxa de iluminação pública. Iniciou-se a discussão judicial sobre a 
sua legalidade e o STF, de maneira acertada, reconheceu a 
inconstitucionalidade da taxa de iluminação pública, isso sob o 
argumento de que iluminação pública é um serviço geral e 
indivisível, e taxa pressupõe serviço público específico e divisível. 
 
Assim que o STF pacificou seu entendimento, o Congresso editou a 
EC 39 criando uma nova competência tributária, a contribuição 
especial para o custeio do serviço de iluminação pública, de 
competência dos municípios e DF, porque são esses dois entes que 
prestam o serviço de iluminação pública. 
 
Página 40 de 62 
A crítica a esse tributo existe porque se entendeu que é uma afronta 
à própria separação dos poderes. Assim que o STF decidiu, o 
Congresso fez uma EC para derrubar a decisão. Por isso se fala em 
“ditadura do legislativo”. 
 
O próprio STF já reconheceu a constitucionalidade da EC 39. o STF 
reconheceu que a ampliação da competência é constitucional, mas 
uma série de municípios, quando exercitam a competência, o fazem 
de forma a violar a CF, isso porque alguns municípios, por exemplo, 
instituíram que essa contribuição teria um valor específico para 
consumidores residenciais, e outro valor para consumidores não 
residenciais. 
 
O STF reconheceu apenas que a ampliação da competência é 
constitucional. 
 
ATENÇÃO: Não existe no Brasil taxa de iluminação pública. Existe 
sim contribuição especial para o custeio da iluminação pública. 
 
Para fins de concursos: é uma contribuição especial, constitucional, 
reconhecida pelo STF e introduzida através da EC 39. 
 
O artigo 149-A da CF, em seu parágrafo único, estabelece que é 
facultado a inclusão da contribuição da fatura de energia elétrica. A 
CF não está dizendo que o fato gerador dessa contribuição é o 
consumo de energia elétrica. De maneira desnecessária, a CF está 
dizendo que o lançamento tributário dessa contribuição pode se dar 
na fatura de energia elétrica, logo o parágrafo único trata de 
lançamento tributário. 
Tema: LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE 
TRIBUTAR 
 
 
I) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
 
1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O princípio da legalidade, em matéria tributária, pode ser analisado 
sobre duas óticas: 
- sentido amplo: artigo 5º, II, CF. 
- sentido estrito: chamado de “estrita legalidade”: artigo 150, I, CF 
c/c artigo 97, CTN. 
 
Página 41 de 62 
Toda a instituição e toda a majoração de tributos só pode ser 
realizada mediante LEI. 
 
Mas LEI em qual sentido? Formal ou material? 
- Lei em sentido formal  a lei passa a ter uma formalidade legal, 
porém o seu conteúdo necessariamente não é de uma lei, é 
conteúdo de ato administrativo. EX: lei orçamentária. 
- Lei em sentido material  a lei é oriunda do Poder Legislativo, 
contendo em seu bojo uma norma geral, abstrata e impessoal. 
 
A CF cria tributo? 
- Resposta: NÃO. A CF se preza a estabelecer o rol de tributos a 
serem instituídos e quem são os entes dotados de competência 
tributária. 
 
 
a) EMENDA CONSTITUCIONAL 
É possível EC instituir tributo? 
- Resposta: De acordo com precedentes do STF, notadamente da 
Ministra Ellen Gracie: se um tributo pode ser instituído por lei, numa 
questão de hierarquia a EC poderia instituir o tributo desde que haja 
a definição dos seus aspectos de incidência tributária. Embora 
possível não é uma coisa que aconteça no mundo fático. 
 
ATENÇÃO: Uma EC que viesse a suprimir uma repartição de 
receitas tributárias pode ser declarada inconstitucional pois afronta 
uma cláusula pétrea. 
- A finalidade de repartir receita tributária é dar um equilíbrio ao 
chamado federalismo fiscal. O Brasil é uma república federativa 
(união indissolúvel de estados membros para a formação do Estado 
Federal, no que os estados tem autonomia e o Estado Federal 
soberania). Essa autonomia pode ser política, administrativa e 
financeira. Autonomia financeira significa que o ente tem que ter 
dinheiro para realizar gastos públicos. O ente que mais arrecada no 
país é a União, mas o ente que mais gasta em serviços públicos 
não é a União, por isso ela precisa repassar parte do que recebe 
para Estados, Municípios e o DF. 
- Se a EC suprime a repartição de receitas, porque a limitação ao 
poder de tributar é uma cláusula pétrea reflexa, segundo o STF. 
 
Limitações ao poder de tributar são cláusulas pétreas (artigo 
60, § 4º, IV, CF). 
 
Página 42 de 62 
A EC pode inserir tributo novo na CF? 
- Resposta: SIM. 
- EX: EC 39/02. Artigo Admitiu a instituição de contribuição de 
custeio 
- EX: EC 41/2003. Artigo 149, § 1º, CF. Estado – DF – Município. 
Inseriu a contribuição para o custeio do regime previdenciário dos 
servidores. 
 
 
b) LEI COMPLEMENTAR 
 
LC pode instituir tributo desde que haja expressa previsão 
constitucional. 
 
EX: artigo 148 da CF – empréstimo compulsório. 
 
O artigo 146 da CF fala sobre a função da LC. O rol deste artigo 
trata de numerus clausus ou numerus abertus? 
- Resposta: Rol exemplificativo, ou seja, as matérias previstas no 
artigo 146 da CF necessariamente devem ser tratadas via LC, salvo 
a possibilidade de outras matérias dispostas na CF em matéria 
tributária que também dependam de lei. 
 
ARTIGO 146, I, CF 
É possível, em matéria tributária, a existência de um conflito de 
competência no plano lógico? 
- Resposta: Quem define a competência é a CF, que o fez de forma 
exaustiva. Então no plano lógico não é possível existir conflito, 
apenas se um ente invadir a competência do outro, o que gera uma 
afronta à limitação implícita ao poder de tributar. 
 
ARTIGO 146, II, CF 
Quem limita o poder de tributar é a CF. LC não pode limitar nada. A 
LC vai regular a limitação. 42 minutos.- O artigo 150, IV, alínea “c” da CF traz uma limitação ao poder de 
tributar, tendo que ser tratado via LC. 
 
ARTIGO 146, III, CF 
Normas gerais em matéria de legislação tributária é campo para LC 
Federal. 
- Norma geral tem que ser tratada pela União, justamente porque a 
finalidade da ordem geral é fazer com que os demais entes 
observem a mesma sistemática naquele determinado tema. 
Página 43 de 62 
- A CF traz alguns temas que devem ser tratados necessariamente 
por LC. 
- Artigo 146, III, a, CF: 
- A Lei 5.172/66 é o CTN a partir do Ato Complementar 36/67. O 
CTN é lei ordinária no seu sentido formal. Pela teoria da recepção, 
o CTN foi recepcionado com status de lei complementar em seu 
sentido material. 
- Toda modificação que se faça no CTN só pode ser feita através de 
LC. 
- As grandes modificações no CTN ocorreram através da LC 104 e 
da LC 118. 
 
Definição de tributo – artigo 3º, CTN. 
Espécies tributária – artigo 5º, CTN (artigos 15, 77 e 81, CTN). 
Impostos nominados – artigo 19 e seguintes do CTN. 
Fato gerador – artigo 19 e seguintes do CTN. 
Base de cálculo – artigo 19 e seguintes e artigo 121 
Obrigação – artigo 113 
Lançamento – artigo 142 
Crédito – artigo 139 
Prescrição – artigo 174 
Decadência – artigo 173 
 
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A lei 8.212/91 trouxe o plano de custeio da previdência social. Os 
artigos 45 e 46 dessa lei tratam do prazo decadencial e 
prescricional de contribuição previdenciária, dizendo que o INSS 
tem o prazo de 10 anos para lançar e de 10 anos para cobrar, ou 
seja, o INSS tem 20 dias para fazer a cobrança de contribuição 
previdenciária. 
 
Contribuição social é uma espécie de tributo. 
 
A lei 8.121/91 é uma lei ordinária que trata de crédito tributário 
colocando um prazo maior do que a própria norma geral, o CTN. 
 
Essa matéria foi objeto de repercussão geral. O STF entendeu que 
se a contribuição previdenciária é uma espécie de tributo, ela deve 
observar as regras gerais acerca de prescrição e decadência. 
 
Página 44 de 62 
O STF adotou a súmula vinculante nº 8 para solucionar esse caso, 
tornando inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que 
versam sobre prescrição e decadência de crédito tributário. 
 
Então se aplica o prazo do CTN. 
 
Quando o STF declara uma inconstitucionalidade, na regra geral 
existe efeito ex tunc. 
 
O impacto orçamentário na União ter que repetir os valores pagos a 
maior por 5 anos de créditos tributários seria enorme. 
 
Então o STF modulou os efeitos de constitucionalidade (lei 9.868/98 
– 2/3 dos ministros = 8 ministros) dando efeitos ex nunc a essa 
súmula vinculante nº 8. 
 
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O artigo 146, III, alínea c da CF diz que cabe à CF dar um 
tratamento diferenciado ao ato cooperativo das sociedades 
cooperativas. 
 
A lei 5.764/71 fala da política nacional do cooperativismo. Seu artigo 
79 define ato cooperativo. 
 
O artigo 5º, incisos XVII a XXI da CF traz um incentivo a todas as 
formas de associativismo e cooperativismo. 
 
O artigo 982, parágrafo único do CC determina que a cooperativa é 
uma sociedade simples, sendo regida pelo artigo 997 e seguintes 
do CC. 
 
O artigo 1.093 da CC trata também da sociedade cooperativa. 
 
Não temos uma LC Federal que verse sobre tratamento 
diferenciado das cooperativas. 
 
Se a LC Federal não deu tratamento diferenciado ao ato 
cooperativo, os Estados podem fazer através de LC Estadual? 
- Resposta: SIM. O artigo 24, § 3º da CF dita que na ausência de lei 
federal os Estados exercem uma competência legislativa plena. 
 
Página 45 de 62 
Se a LC Federa aparece após a existência da LC Estadual, o que 
acontece? 
- Resposta: Artigo 24, § 4º da CF. As normas já existentes 
contrárias à LC Federal revogam-se. 
 
------------------ 
 
ARTIGO 146, III, alínea d, CF 
O artigo 170, IX da CF e o artigo 179 da CF já tratavam desse 
assunto, não sendo uma novidade o assunto trazido pela EC 
42/2003 na alínea d citada. 
 
O ME e uma EPP precisa ser tratada de forma diferente porque o 
primado da nossa CF é a livre concorrência, a livre iniciativa. 
 
Então esse tratamento diferenciado preserva a isonomia. 
 
É a LC 123/2006 que trata da unificação do estatuto da ME e da 
EPP, bem como trata do chamado Simples Nacional. 
 
Logo temos sim uma LC Federal que dá tratamento diferenciado e 
preferencial à ME e à EPP. 
 
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c) LEI ORDINÁRIA 
 
Regra geral compete à LO fazer a majoração e a instituição de 
tributos. LC só o faz quando a CF assim o determina. 
 
Atos normativos podem instituir tributos? 
- Resposta: é uma celeuma na atualidade. 
 
------------------------------- 
 
MEDIDA PROVISÓRIA 
 
Artigo 62, CF. 
 
A MP é um ato normativo em regra expedido pelo presidente da 
república, que observada a questão da relevância e da urgência 
trata de um determinado assunto passando imediatamente ao crivo 
Página 46 de 62 
do Congresso Nacional, que terá o prazo de 60 (sessenta) dias, 
prorrogado por igual período para transformar a MP em lei. 
 
A EC 32/2001 inseriu no artigo 62 da CF o § 2º, dizendo que MP 
pode instituir ou majorar impostos em alguns casos. 
 
IGF – artigo 153, VII, CF. 
 
------------------------ 
 
 
2) PRINCÍPIO DA ANTERIORIEDADE 
= Princípio da não surpresa 
 
Artigo 150, III, alíneas “b” e “c”, CF. 
 
Art. 150, CF. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
III - cobrar tributos: 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que 
haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, 
observado o disposto na alínea b; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
 
Pelo princípio da anterioridade, a lei tributária não pode ter vigência 
imediata. Daí vem a idéia da não surpresa. 
 
Essa vigência não pode ser imediata para se evitar que uma nova 
tributação surpreenda o sujeito passivo. Isso porque a tributação 
nova gera impacto na sua atividade, e ele precisa ter um tempo 
para se preparar para essa nova tributação. 
 
Essa regra NÃO vale para toda lei tributária. 
 
O âmbito de aplicação do princípio da anterioridade é específico. Se 
veda a vigência imediata quando estivermos diante de uma lei 
tributária que majore carga tributária, seja aumento porque instituiu 
tributo novo, seja aumento porque aumentou tributo já existente. 
 
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Logo o princípio da anterioridade só se aplica às leis tributárias que 
oneram o sujeito passivo. 
 
Leis tributárias que impliquem em desoneração tributária, lei que 
revoga um tributo, lei que diminui uma alíquota ou base de cálculo, 
podem ter vigência imediata. 
 
O princípio da anterioridade é uma proteção para o sujeito passivo, 
e não para o FISCO. 
 
Nada impede que uma lei que diminui tributo estabeleça a sua 
vigência, que ela entre em vigor apenas no próximo ano. 
 
A lei que cria tributo, mesmo que diga em seu último artigo que tem 
vigência imediata, por aplicação da CF terá que aguardar para 
entrar em vigor apenas no ano seguinte. 
 
Lei tributária que majora a carga tributária tem regulamentação da 
sua vigência de forma constitucional. 
 
Lei tributária que diminui a carga tributária tem regulamentação da 
sua vigência de forma legal. 
 
Lei tributária que 
majora tributo 
 
 
 
 
Vigência determinada pela CF. 
Lei tributária que 
diminui tributo 
 
 
Vigência determinada pela própria 
LEI. 
 
 
Doutrinariamente sempre se disse que se aplicava o princípio da 
anterioridade na revogação de benefício, por exemplo, na 
revogação de isenção. Isso tem lógica, pois revogar uma isenção 
tem o mesmo efeito prático que instituir um tributo. O STF 
concordava com essa posição. 
 
O STF, hoje,

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