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GESTÃO DE PESSOAS Ficha Catalográfica DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Gestão de Pessoas São Paulo 2018 FICHA TÉCNICA Prof. José Fernando Pinto da Costa Presidência da Mantenedora Prof. Dr. Décio Correa de Lima Vice-presidência Executiva Prof. José Fernando Pinto da Costa Reitoria Sthefano Bruno Pinto da Costa CEO Profa. Me. Patrícia Paiva Goncalves Bispo Diretoria de EaD Prof. Me. Fernando Henrique Ferreira Coordenador Pedagógico Profª. Me. Ana Carolina Veronico Coquemala Coordenadora de Área Felipe Galesi Raimo Coordenador AVA Profª. Me. Ana Carolina Veronico Coquemal Revisor de Conteúdo Rogério Batista Furtado Cordenador de Conteúdo Giovanna Messias Aléo Sabrina Santos Ribeiro Web Designer Profª. Me. Valéria Feitosa de Moura Autoria APRESENTAÇÃO Car@ Alun@, A gestão de pessoas é uma atividade essencial para o alcance dos objetivos de uma empresa, independentemente de sua área de atuação ou de sua estrutura organizacional. Esta é uma ação relevante não apenas para a adequação às questões trabalhistas, mas sobretudo para a realização de atividades estratégicas essenciais à organização. Ao longo das 8 aulas que compõem essa disciplina você conhecerá e compreenderá os principais conceitos, políticas e práticas da gestão de pessoas na atualidade, de modo que, ao final do conteúdo você será capaz de relatar a importância da Gestão de Pessoas para a organização, reconhecer todos os subsistemas Gestão de Pessoas e seu inter- relacionamento e será capaz de identificar e alinhar objetivos individuais, organizacionais e sociais. Bons estudos! INTRODUÇÃO À GESTÃO DE PESSOAS 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10 2. UM POUCO DE HISTÓRIA: A EVOLUÇÃO DA ÁREA ........................................... 10 Era Industrial Clássica ............................................................................... 11 Era Industrial Neoclássica ......................................................................... 13 Era da Informação ..................................................................................... 13 Competências Do Gestor De Recursos Humanos .................................... 16 3. A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS ..................................................... 17 4. O RH COMO COMPONENTE ESTRATÉGICO ...................................................... 18 5. ENFOQUE SISTÊMICO DA GESTÃO DE PESSOAS ............................................. 18 6. REVISÃO DA AULA ............................................................................................. 20 7. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 21 1 8 9 AULA 1 INTRODUÇÃO À GESTÃO DE PESSOAS Conhecer o histórico da Gestão de Pessoas e compreender sua importância para as organizações; Compreender a Gestão de Pessoas como um processo estratégico; Compreender o enfoque sistêmico da Gestão de Pessoas. 10 1. INTRODUÇÃO Globalização. Inovação. Competitividade. Informação. Conhecimento. Esses são alguns dos fatores que influenciam às organizações contemporâneas. Nesse contexto, mudança é a palavra de ordem para que as organizações possam se manter no mercado e prosperar. As mudanças sempre existiram, no entanto, a velocidade e intensidade com que ocorrem estão cada vez maiores. Nesse contexto, umas das áreas que mais sofre mudanças é a área de recursos humanos (CHIAVENATO, 2014), portanto, o objetivo dessa aula é apresentar o histórico da Gestão de Pessoas e demonstrar como essa área assumiu importância sem precedentes para as organizações. Atualmente, a Gestão de Pessoas nas organizações é entendida como um processo estratégico e sistêmico responsável por garantir diferencial competitivo para as organizações, conforme você poderá aprender nessa aula! 2. UM POUCO DE HISTÓRIA: A EVOLUÇÃO DA ÁREA A área de Gestão de Pessoas é extremamente contingencial e situacional, ou seja, é extremamamente influenciada pelos fatores que envolvem organizações e pessoas, como por exemplo, o contexto ambiental da organização, sua cultura, sua estrutura organizacional, suas funções e atividades, etc. Por isso, a área passou por tantas transformações ao longo dos anos, inclusive de nomenclatura. Em muitas organizações, a denominação administração de recursos humanos (ARH) está sendo substituída por expressões como gestão de pessoas (GP), gestão com pessoas, gestão do talento humano, gestão de parceiros ou de colaboradores, gestão de competências, gestão do capital humano ou administração do capital intelectual (CHIAVENATO, 2014). Nessa disciplina, os termos Administração de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas são utilizados como sinônimos. Conforme, já mencionado, a ARH sofre influência do contexto, portanto, os fatos marcantes do mundo do trabalho e as mudanças e transformações que influenciam o comportamento das pessoas nas organizações permitem compreender as práticas de Gestão de Pessoas. A história das organizações e do mundo do trabalho pode ser dividida em três eras distintas: a ERA INDUSTRIAL CLÁSSICA, a ERA INDUSTRIAL NEOCLÁSSICA e a ERA DA INFORMAÇÃO (ROMERO; COSTA E SILVA; KOPS, 2013). Desse modo, torna-se pertinente apresentar a história da ARH a partir dessas três eras. 11 FIQUE ATENTO O termo RH ou GP pode significar departamento, conjunto de práticas organizações ou profissão: 1. RH como função ou departamento: é a unidade operacional como órgão de staff, isto é, como prestador de serviços nas áreas de recrutamento, seleção, treinamento, remuneração, comunicação, higiene e segurança do trabalho, benefícios, etc. 2. RH como um conjunto de práticas de recursos humanos: aqui RH se refere ao modo como a organização opera suas atividades de recrutamento, seleção, treinamento, remuneração, benefícios, comunicação, higiene e segurança do trabalho. 3. RH como profissão: os profissionais que trabalham em papéis diretamente relacionados com recursos humanos: selecionadores, treinadores, administradores de salários e benefícios, engenheiros de segurança do trabalho, médicos do trabalho, etc.1 Era Industrial Clássica A Era Industrial Clássica teve início logo após a Revolução Industrial e se estendeu até meados de 1950. É nessa época que houve o grande processo de industrialização, tornando as tarefas organizacionais mais volumosas e complexas com foco na eficiência e padronização, exigindo especialização das pessoas para produzir mais com menores custos. As pessoas eram consideradas recursos, da mesma forma que máquinas, equipamentos e capital, na valorização de três fatores de produção: natureza, capital e trabalho (ROMERO; COSTA E SILVA; KOPS, 2013). É nesse contexto que surge a ARH com a denominação de Relações Industriais. Os Departamentos de Relações Industriais (DRI) atuavam como órgãos conciliadores entre a organização e as pessoas, para abrandar ou reduzir o conflito industrial entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas, até então considerados incompatíveis e irreconciliáveis. O DRI, tentava articular o capital e o trabalho, que apesar de interdependentes eram conflitantes e necessitavam de um interlocutor para buscar o entendimento entre ambas as partes (CHIAVENATO, 2016; ROMERO; COSTA E SILVA; KOPS, 2013). 1 Fonte: Chiavenato,2014 12 FIQUE ATENTO Fatores de produção são o conjunto de elementos indispensáveis a um processo produtivo, seja ele de um bem ou de um serviço. Apesar de novas teorias econômicas acrescentarem outros elementos, tradicionalmente divide-se os fatores de produção em três elementos essenciais: Terra: O elemento terra inclui não apenas as áreas de cultivo ou construção, mas todos os recursos naturais que estão acima e abaixo dela. Esse conceito engloba, portanto, as florestas, as minas, a água, o ar e a energia. Trabalho: O fator trabalho inclui tanto as horas de trabalho empregadas na produção como também o conhecimento, a técnica e as capacidades daqueles que participam do processo. Esse elemento também costuma ser chamado de recursos humanos. Capital: O elemento capital se refere ao conjunto de elementos materiais que apoiam a produção, como as máquinas industriais, os equipamentos de informática e de telecomunicações, os meios de transporte e as instalações, dentre outros. Em suma, o capital equivale aos bens de produção.2 Na Era Industrial Clássica as organizações adotaram uma estrutura burocrática, piramidal e centralizadora, com ênfase na departamentalização, na centralização das decisões hierárquicas e na valorização de regulamentos para disciplinar e padronizar o comportamento das pessoas. As mudanças foram lentas e o ambiente, conservador, assim, a cultura organizacional procurava conservar as tradições e os valores (ROMERO; COSTA E SILVA; KOPS, 2013). SAIBA MAIS Escrito, dirigido e interpretado por Charles Chaplin, Tempos Modernos é um filme que retrata a vida urbana nos Estados Unidos no ano de 1930, demonstrando os modos de produção industrial baseados na divisão e especialização do trabalho na linha de montagem. O site Cinema Livre disponibiliza o filme na Web de forma gratuita e legalizada. Acesse o site e assista 3 2 Fonte: https://www.dicionariofinanceiro.com/fatores-de-producao/ 3 http://cinemalivre.net/filme_tempos_modernos_1936.php. Acesso em 15/06/2018 http://cinemalivre.net/filme_tempos_modernos_1936.php 13 Com o passar do tempo, o conceito de Relações Industriais foi ampliado e por volta da década de 1950, passou a ser denominado Administração de Pessoal. O foco já não era apenas intermediar as desavenças e reduzir os conflitos, mas sobretudo administrar as pessoas de acordo com a legislação trabalhista vigente e administrar a relação com os sindicatos. Era Industrial Neoclássica A Era Industrial Neoclássica teve início após a segunda guerra mundial e envolve o período entre as décadas de 1950 e 1990. Por volta da década de 1960, o conceito teve nova ampliação, passando a ser denominado como Administração de Recursos Humanos (ARH). A legislação trabalhista permaneceu inalterada e tornou-se gradativamente obsoleta, enquanto os desafios das organizações cresceram desproporcionalmente. Os departamentos de recursos humanos visualizavam as pessoas como recursos vivos e inteligentes e como fatores determinantes do sucesso empresarial. A tecnologia passou por um intenso desenvolvimento e começou a influenciar o comportamento das organizações e das pessoas (CHIAVENATO, 2016; ROMERO; COSTA E SILVA; KOPS, 2013). A velocidade da mudança aumentou progressivamente, o mercado de local passou para regional e internacional, acentuando a competitividade entre as organizações. As visões sistêmica, multidisciplinar e holística dominaram a teoria administrativa. Assim, os modelos burocrático, funcional, centralizador e piramidal se tornaram rígidos e vagarosos demais para acompanhar as instabilidades das mudanças e transformações. O novo modelo de organização matricial promoveu uma melhora na arquitetura das organizações, mas não foi suficiente, pois não conseguiu remover a rigidez da estrutura burocrática vigente (CHIAVENATO, 2016; ROMERO; COSTA E SILVA; KOPS, 2013). Era da Informação Período que começou no início da década de 1990 e dura até a atualidade, caracterizado pela globalização da economia, forte competitividade no mundo dos negócios, mudanças rápidas, imprevistas, turbulentas e inesperadas e o dinamismo do ambiente. A tecnologia da informação, integrando televisão, telefone e computador, são partes integrantes desse novo cenário (CHIAVENATO, 2016; ROMERO; COSTA E SILVA; KOPS, 2013). 14 Nesse contexto, as organizações bem-sucedidas são aquelas que administram COM as pessoas como parceiras, e não como meros recursos. As pessoas passaram a ser consideradas fundamentais para o sucesso organizacional. Aliás, os únicos recursos vivos e inteligentes que as organizações dispõem para enfrentar os desafios pela frente, por isso são um poderoso ativo que impulsionam a competitividade organizacional. Assim, as pessoas passaram a ser tratadas como agentes ativos e proativos, dotados de inteligência e criatividade, iniciativa e decisão, habilidades e competências, e não apenas de capacidades manuais, físicas, musculares ou artesanais (CHIAVENATO, 2016). O capital financeiro deixou de ser o recurso mais importante, cedendo lugar ao conhecimento. Na era da informação, o colaborador migrou do setor industrial para o setor de serviços, e o trabalho manual foi substituído pelo trabalho mental, indicando o caminho para uma era da pós-industrialização baseada no conhecimento e no setor terciário. Na era da informação, as organizações requerem agilidade, mobilidade, inovação e mudanças necessárias para enfrentar as ameaças e oportunidades em um ambiente de intensa mudança e turbulência. A estrutura organizacional baseia-se em equipes multifuncionais, com foco nos negócios e resultados organizacionais (ROMERO; COSTA E SILVA; KOPS, 2013). EXEMPLIFICANDO Em 1494, Luca Pacioli, um monge veneziano muito apreciador da matemática, publicou o Summa de Arithmetica, Geometrica, Proportioni et Proportionalità, o primeiro livro sobre contabilidade. Pacioli criou um sistema de registros financeiros (de entradas e saídas de capital, compra e venda, etc.) em um modelo de dupla entrada, permitindo a gestão contábil nos moldes atuais. Agora, passados mais de meio milênio, está surgindo um novo paradigma que diz que o esquema de Pacioli não funciona mais nos dias atuais. Ele foi bolado para lidar com créditos e débitos a respeito de bens físicos mensuráveis de modo quantitativo ou financeiro. Ocorre que nas modernas organizações onde o conhecimento é o principal recurso produtivo, a contabilidade tradicional não funciona. A premissa é que as velhas aferições de medidas numéricas e quantitativas sobre ativos tangíveis não são mais suficientes para lidar com ativos intangíveis, invisíveis e incomensuráveis. 15 A razão: na atualidade, os principais componentes de custo de um produto são pesquisa e desenvolvimento (P&D), ativos inteligentes e serviços. O velho sistema de contabilidade que aponta o custo do material e da mão de obra no trabalho não tem aplicabilidade nessas situações. As coisas mudaram e o que perturba as mentes dos contadores é a dificuldade em medir o principal ingrediente da nova economia: o capital inteligente, o ativo intangível que envolve habilidade, experiência, conhecimento, informação e competência. O capital inteligente está na cabeça das pessoas, não no bolso do patrão. E como medir o capital intelectual, a nova riqueza do mundo atual? A moeda do futuro certamente não será a financeira, mas a intelectual. E como ficará a contabilidade do futuro? A nova realidade é que os bens mais valiosos das organizações bem- sucedidas são intangíveis, como a competência organizacional, know-how tecnológico, reputação, conhecimento do mercado, lealdade do cliente, moral das pessoas, cultura corporativa, atuação dos stakeholders, alianças estratégicas, etc4. É importante frisar, que diferentes autores apresentama evolução da área de formas diferentes. Uma abordagem, também interessante é a proposta por Chiavenato (2014), conforme apresentado na Figura 1. Figura 1: Os saltos gradativos da área de RH 5 4 Fonte: Chiavenato, 2014 5 Fonte: Chiavenato, 2014 ARH • Pessoas como recursos produtivos • Tratamento padronizado e uniforme • Busca de atividade física ou intelectual • Era industrial • Ênfase operacional • Tipo de trabalho • Manutenção do status quo • Trabalho isolado Gestão de Pessoas • Pessoas como seres humanos • Tratamento individualizado e personalizado • Busca de atividade física e mental • Era da Informação • Ênfase tática • Trabalho mental • Criatividade • Colaboração Gestão de Talentos • Pessoas como provedoras de competências • Tratamento individualizado e personalizado • Busca de atividade intelectual • Era do conhecimento • Ênfase estratégica • Trabalho intelectual • Inovação • Participação ativa e proativa 16 Competências Do Gestor De Recursos Humanos Conforme você aprendeu sobre o histórico da área de ARH, as tendências que afetam as organizações impactam diretamente a forma de trabalho dessa área e, portanto, dos profissionais de RH. Diante desses novos desafios os Gestores de Recursos Humanos precisam ser posicionadores estratégicos, auxiliando na criação das estratégias da empresa; precisam ser ativistas de credibilidade, demonstrando liderança e outras competências que lhes possibilitem ser admirados e ouvidos, além de serem ativos, oferecendo pontos de vista, assumindo desafios; devem ser construtores organizacionais, criando um ambiente de trabalho significativo e alinhando a estratégia, a cultura, as práticas e o comportamento; devem ser agentes de mudança, responsáveis por iniciar e manter a mudança; precisam ser inovadores e integradores de RH, desenvolvendo talentos e a otimização do capital humano por meio do planejamento e da análise da força de trabalho; e, por fim, devem ser defensores de tecnologia, conectando pessoas por meio da tecnologia (DESSLER, 2014). Essas competências são sintetizadas na Figura 2. Figura 2: Competências do Gestor de Recursos Humanos6 6 Fonte: Dessler, 2014 17 3. A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS Como você já pôde perceber, as pessoas são o diferencial competitivo das organizações, tornando os conceitos dessa área relevantes para todos os gestores nas organizações. Como gestor, você sempre terá que buscar o melhor desempenho, compreender como gerenciar pessoas pode ajudá-lo a garantir a obtenção de melhores resultados. Lembre-se de que você poderia fazer tudo certo como um gerente: planos brilhantes, desenhar bons organogramas, configurar modernas linhas de montagem e usar sofisticados controles na contabilidade, e ainda falhar, por exemplo, ao contratar as pessoas erradas ou por não estimular a motivação dos subordinados. Outro fator que torna o estudo da Gestão de Pessoas essencial, é que você pode se tornar um Gerente de Recursos Humanos. Isso mesmo! Mesmo que você não tenha escolhido especificamente o curso de Gestão de Recursos Humanos, você pode se tornar gerente dessa área pois muitas organizações nomeiam profissionais que não são de RH para serem seus principais executivos dessa área, pois muitas organizações pensam que essas pessoas podem ser mais bem preparadas para integrar as atividades de recursos humanos da empresa (como políticas de remuneração), com as necessidades estratégicas da empresa (como alinhar os incentivos aos executivos a metas corporativas). EXEMPLIFICANDO Um banco instalou um software especial que facilitou o trabalho de seus representantes de atendimento ao cliente. No entanto, ele não adaptou o trabalho dos representantes. O novo sistema de software ajudou os representantes a atender mais demandas; por outro lado, esse banco não viu grandes avanços de desempenho. Um segundo banco instalou o mesmo software. Contudo, buscando aproveitá-lo melhor, ele também melhorou os recursos humanos de sua equipe e atualizou o trabalho dos representantes de atendimento ao cliente. Esse banco lhes ensinou como vender mais serviços, deu-lhes mais autoridade para tomar decisões e elevou seus salários. Aqui, o novo sistema de computador elevou significativamente a venda de produtos e a rentabilidade, graças aos representantes de atendimento ao cliente recém- treinados e capacitados. Práticas como essas de valor agregado de recursos humanos melhoram o desempenho do empregado e a rentabilidade da empresa7. 7 Dessler, 2014 18 Você quer ser empreendedor? Então, está aí, mais um motivo para conhecer os conceitos de Gestão de Pessoas. Os dados estatísticos indicam que a maioria das pessoas que se formar na faculdade, nos próximos anos, atuará em pequenas empresas ou criará pequenas empresas. Nesse caso, é muito provável que você administre sua própria empresa, sem gerente de recursos humanos, tornando essencial que você seja capaz de recrutar, selecionar, treinar, avaliar e remunerar os funcionários. Enfim, conhecer os conceitos de Gestão de Pessoas irá contribuir para que você evite muitos erros comuns nas organizações, como por exemplo, ter funcionários que não desempenham o seu melhor, contratar a pessoa errada para a função, ter alta rotatividade, colocar a empresa em ações na justiça por conta de práticas discriminatórias, fazer com que a empresa seja citada por práticas inseguras, ter baixa eficácia por falta de treinamento, cometer quaisquer práticas trabalhistas injustas (DESSLER, 2014). 4. O RH COMO COMPONENTE ESTRATÉGICO Considerando a importância das pessoas para a organização, gerir pessoas e competências humanas representa uma questão estratégica. E, portanto, não deve ser de responsabilidade de apenas um departamento. Diante da mudança, incerteza, imprevisibilidade e competitividade às quais as organizações estão expostas, o monopólio da ARH quanto a responsabilidade de gerir pessoas está desaparecendo, bem como o seu antigo isolamento e distanciamento das principais decisões e ações estratégicas da empresa. Um mundo novo e diferente está se oferecendo para a ARH. E nunca a ARH foi tão necessária como neste momento de mudança e transição. Só que o seu papel está se tornando diferente, amplo, inovador e, sobretudo, estratégico. 5. ENFOQUE SISTÊMICO DA GESTÃO DE PESSOAS O estudo do relacionamento entre pessoas e organizações deve considerar esses elementos como classes de sistemas abertos, ou seja, elementos que estão em contínua interação com seus respectivos ambientes. Esse conceito é útil para visualizar não somente os fatores ambientais internos e externos como um todo integrado, mas também o lugar e 19 as relações dos subsistemas que o compõem. A ênfase está em juntar, não mais em separar. O foco não está mais nas tarefas- que são detalhes -, mas nos processos que transitam de ponta a ponta. Não mais nos meios, mas nos fins e resultados. Não mais em cargos individualizados, separados e confinados, mas no trabalho conjunto feito em equipes autônomas e multidisciplinares. É o holismo: focar o todo e não as suas partes (CHIAVENATO, 2014). A ARH pode ser visualizada como um sistema cujo processo envolve seis subsistemas interdependentes: o de provisão, o de aplicação, o de recompensa, o de manutenção, o de desenvolvimento e finalmente, o de monitoração de recursos humanos. As políticas de recursos humanos estão geralmente assentadas em como cuidar de cada um desses seis subsistemas. Cada subsistema de RH é detalhado no quadro 1. Subsistema Descrição Processos de prover pessoas Utilizados para incluir novas pessoas na empresa. Podem ser denominadosprocessos de provisão ou de suprimento de pessoas. Incluem recrutamento e seleção de pessoas. Processos de aplicar pessoas Utilizados para desenhar as atividades que as pessoas realizarão na empresa, orientar e acompanhar seu desempenho. Incluem desenho organizacional e desenho de cargos, análise e descrição de cargos, orientação das pessoas e avaliação do desempenho. Processos de recompensar pessoas Utilizados para incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades individuais mais elevadas. Incluem recompensas, remuneração e benefícios, e serviços sociais. Processos de desenvolver pessoas Utilizados para capacitar e incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal das pessoas. Envolvem treinamento e desenvolvimento das pessoas, gestão do conhecimento e gestão de competências, aprendizagem corporativa, programas de mudanças e desenvolvimento de carreiras e programas de comunicações e consonância. Processos de manter pessoas Utilizados para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas. Incluem administração da cultura organizacional, clima, disciplina, higiene, segurança e qualidade de vida e manutenção de relações sindicais. 20 Processos de monitorar pessoas Utilizados para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar resultados. Incluem banco de dados e sistemas de informações gerenciais. Tabela 1: Subsistemas de Recursos Humanos8 6. REVISÃO DA AULA Nessa aula você aprendeu que a Gestão de Pessoas evoluiu em consonância com os desafios e contexto das organizações e que, atualmente é vista como um fator estratégico para as organizações, sendo importante ser compreendida por todos os gestores para que possam aumentar o desempenho das organizações, gerenciar departamento de recursos humanos ou para administrar suas próprias organizações. Você pode identificar também que os Gestores de Recursos Humanos precisam ser posicionadores estratégicos, ativistas de credibilidade, construtores organizacionais, agentes de mudança, inovadores e integradores de RH e devem ser defensores de tecnologia. Por fim, você também aprendeu que a Gestão de Pessoas deve ser entendida como um sistema aberto, cujo processo envolve seis subsistemas interdependentes: o de provisão, o de aplicação, o de recompensa, o de manutenção, o de desenvolvimento e finalmente, o de monitoração de recursos humanos. 8 Elaborado pela autora com base em Chiavenato (2014) 21 7. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos nas organizações. 4ª edição. Barueri, SP: Manole, 2014. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de recursos humanos: fundamentos básicos. 8. ed. São Paulo: Manole, 2016. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. 9ª ed. Rio de janeiro: Elsevier, 2009. DESSLER, Gary. Administração de Recursos Humanos. Tradução Cecília Leão Oderich; Revisão Técnica Álvaro Pequeno e Denise Delboni. 3ª. Ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. ROMERO, Sonia Mara Thater; COSTA E SILVA, Selma França da; KOPS, Lucia Maria. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: Intersaberes, 2013. 22 AGREGAR PESSOAS: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 2. MERCADO DE TRABALHO E MERCADO DE RECURSOS HUMANOS ................... 4 3. RECRUTAMENTO .................................................................................................... 9 Fontes de recrutamento ............................................................................... 14 4. SELEÇÃO DE PESSOAL ......................................................................................... 17 Técnicas de seleção ..................................................................................... 18 5. RESUMO DA AULA ................................................................................................. 21 6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 22 2 2 3 AULA 2 AGREGAR PESSOAS: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Refletir sobre os conceitos de mercado de recursos humanos e mercado de trabalho e sua influência nas práticas organizacionais; Compreender os processos de recrutamento e seleção de pessoal; Conhecer as técnicas de recrutamento e seleção de pessoas. 4 1. INTRODUÇÃO O subsistema de provisão de pessoal contempla as atividades de recrutamento e seleção, que são responsáveis pelo ingresso das pessoas na organização. São processos que consistem em buscar adequação entre as competências que a organização necessita e as competências que estão disponíveis no mercado de Recursos Humanos. Entender como essa busca de adequação ocorre, considerando as necessidades e o contexto atual das organizações é o objetivo principal dessa aula. Para atingir esse objetivo você precisa compreender os conceitos de mercado de recursos humanos e mercado de trabalho, os conceitos de recrutamento e seleção, bem como conhecer algumas das práticas para realizar essas atividades com eficiência e eficácia! Vamos lá! 2. MERCADO DE TRABALHO E MERCADO DE RECURSOS HUMANOS O Mercado de Trabalho é composto pelas organizações que oferecem vagas de emprego. Assim como em qualquer outro mercado, o mercado de trabalho é influenciado pela lei da oferta e da demanda, portanto, quando o número de vagas de emprego é maior que a procura por emprego, considera-se que o mercado de trabalho está em oferta. Quando o número de vagas de trabalho é menor do que a procura por emprego, considera-se que o mercado de trabalho está em procura. Há também a possiblidade de equilíbrio, quando o número de vagas de emprego é equivalente a procura por emprego (CHIAVENTAO, 2014; LOTZ; BURDA, 2015). As situações de oferta e procura do mercado de trabalho de trabalho são ilustradas na Figura 1. Enquanto o mercado de trabalho é composto pela oferta de empregos, o Mercado de Recursos Humanos (RH) é composto pelos indivíduos que estão aptos ao trabalho, ou seja, é composto pelas pessoas que possuem condições de trabalhar e/ou já estão trabalhando. Desse modo, pode-se categorizar os candidatos no mercado de RH em reais e potenciais. Os candidatos reais são aqueles que efetivamente estão procurando oportunidades de trabalho (estando ou não empregados) e os candidatos potenciais são aqueles que não estão procurando oportunidades de emprego, mas têm condições de preenche-las satisfatoriamente (CHIAVENATO, 2009). Assim, como o Mercado de Trabalho, o Mercado de RH também é influenciado pela lei da oferta e da demanda, conforme é possível visualizar na Figura 2. 5 Figura 1: As situações de oferta e demanda do mercado de trabalho1 Por que é importante compreender a dinâmica do Mercado de Trabalho e do Mercado de RH? Por que as situações de oferta e demanda influenciam o comportamento dos candidatos e as práticas de gestão de pessoas. Veja como com as informações e exemplos a seguir! Quando a oferta de oferta de empregos é maior do que o número de candidatos, a mão de obra se torna um recurso escasso para a organização e, portanto, mais valioso, desse modo, as organizações tendem a investir em políticas que retenham seus colaboradores, pois a necessidade de busca de novos candidatos para vagas de emprego podem representar grandes transtornos, seja porque a empresa terá dificuldade em encontrar candidatos 1 Elaborada pela autora, 2018 6 qualificados, mas também porque, nesse contexto, os candidatos podem escolher, e issoos torna mais exigentes em relação à organização, selecionando aquelas empresas que oferecem melhores salários, benefícios sociais, entre outros (LOTZ E BURDA, 2015) Figura 2: As situações de oferta e demanda do mercado de recursos humanos2 EXEMPLIFICANDO Narciso trabalhava no RH de uma empresa de consultoria em TI (tecnologia da informação) que atendia diversos clientes no Brasil. Para atender um cliente que possuía equipamentos muito antigos, Carlos Norberto, gestor da área, solicitou a Narciso a contratação de um profissional altamente qualificado no sistema. Então, a organização abriu um processo de recrutamento, inicialmente por meio de contatos com colegas da área; depois, em escolas e jornais da cidade; na sequência, em diversos jornais do país; mas nada parecia funcionar. Nenhum candidato se apresentava. Após sete meses de procura, encontraram uma pessoa interessada, mas de outra cidade e com pretensão salarial consideravelmente acima da faixa ofertada 2 Elaborada pela autora, 2018 7 pela empresa. Porém, como esta necessitava urgentemente do profissional, submeteu-se à exigência dela, e o contrato de trabalho foi fechado com um salário 110% acima do que havia sido proposto inicialmente.3 Em um cenário contrário, em que há escassez de oportunidade de emprego, os candidatos se submetem a salários menores e postos de trabalho inferiores à sua qualificação. Os quadros 1 e 2 demonstram como a situação de oferta e demanda do Mercado de Trabalho impactam as políticas das organizações e os candidatos. SAIBA MAIS “Aceito qualquer coisa”: Para voltar ao mercado, desempregados se sujeitam a cargos e salários menores. Nessa reportagem Ingrid Fagundez da BBC Brasil em São Paulo demonstra que com oportunidades escassas, desempregados estão procurando vagas fora de suas áreas, com exigências e salários menores. Segundo agências de emprego e especialistas do setor, a tendência é predominante nas contratações. Para ter acesso todas as informações saber mais, acesso toda a reportagem4 3 Lotz e Burda, 2015 4 https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160225_desempregados_qualificados_if Acesso em 22 jun 2018 https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160225_desempregados_qualificados_if 8 Quadro 1: Impactos do Mercado de Trabalho nas políticas organizacionais5 5 Chiavenato, 2014 9 Quadro 2: Impacto do mercado de trabalho nos candidatos6 3. RECRUTAMENTO O recrutamento é um processo que visa atrair candidatos nas fontes de recrutamento identificadas e localizadas no mercado de recursos humanos. é um conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos e oferecer competências para a organização. É basicamente um sistema de informação por meio do qual a organização divulga e oferece ao mercado de RH as oportunidades de emprego que pretende preencher. [...] A função do recrutamento é a de suprir a seleção de pessoal com a matéria-prima básica (candidatos) para seu funcionamento adequado (CHIAVENATO, 2009). Para ser eficaz, o recrutamento deve atrair um contingente de candidatos suficiente para abastecer adequadamente o processo de seleção que vem logo a seguir. O recrutamento 6 Chiavenato, 2014 10 envolve um processo que varia conforme a organização, no entanto, o processo de recrutamento começa com a emissão da requisição de empregado: o órgão requisitante (linha) é quem toma a decisão de recrutar candidatos. FIQUE ATENTO Competência é uma palavra associada ao senso comum e utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar algo. No fundo, ela representa uma integração e coordenação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que, na sua manifestação, produzem uma atuação diferenciada. A competência individual é um repertório de comportamentos capazes de integrar, mobilizar, transferir conhecimentos, habilidades, julgamentos e atitudes que agregam valor económico à organização e valor social à pessoa que a possui. Em cada indivíduo, a competência é construída a partir de suas características inatas e adquiridas7. FIQUE ATENTO Como qualquer atividade da ARH, o recrutamento de pessoal é uma responsabilidade de linha e uma função de staff. Mas o que isso significa? Significa que a responsabilidade e a tomada de decisão com relação ao processo de recrutamento é do gestor da área que possui a vaga e os profissionais da área de RH são consultores no processo. É comum, que por falta de tempo ou de preparo, o órgão de recrutamento recebe, por delegação, a incumbência de prestar serviços e consultoria para os demais órgãos da organização, mas estes sempre permanecem detentores das decisões a respeito do assunto. Essa dinâmica ocorre para todos os processos de RH: os profissionais da área são responsáveis pela contratação, motivação, remuneração, pela gestão das pessoas, enquanto o departamento de RH funciona como staff, ou seja, como consultor, apoio para os setores8. A decisão de linha é oficializada por meio de uma espécie de ordem de serviço, geralmente denominada requisição de empregado (RE) ou requisição de pessoal (RP) (CHIAVENATO, 2009). Como o recrutamento visa abastecer o processo seletivo de candidatos com potencial para preenchimento da vaga, é necessário buscar os candidatos certos no 7 Chiavenato, 2014 8 Chiavenato, 2009 11 lugar certo. Para isso, os profissionais de RH precisam verificar se o recrutamento será interno, externo ou misto. EXEMPLIFICANDO Em um bairro elegante de uma capital brasileira, um grupo de amigos decidiu empreender no segmento de gastronomia. Adquiriram um imóvel em uma esquina, planejaram o conceito do empreendimento, decoraram os ambientes com classe e sofisticação, pesquisaram receitas deliciosas da culinária nacional e internacional e preocuparam-se com a carta de vinhos e com todos os detalhes que um empreendimento dessa natureza requer. Foi então que iniciaram o processo seletivo. A estratégia utilizada para a captação de candidatos foi uma placa na frente do estabelecimento, que informava: "Contratamos chef de cozinha, garçons e auxiliar para serviços gerais". Será que os amigos irão conseguir um número de candidatos suficientes para selecionar o mais adequado para a qualificação esperada para o ambiente que montaram? Provavelmente não! Que estratégia você utilizaria para recrutar os melhores profissionais para atender as necessidades desse novo restaurante?9 O recrutamento interno é aquele em os candidatos recrutados para a vaga já são funcionários da organização. O recrutamento externo é aquele em que os candidatos estão no mercado e não fazem parte da organização. O recrutamento misto contempla candidatos internos e externos. As características do recrutamento interno e externo são apresentadas na Figura 3. 9 Lotz e Burda, 2015 12 Figura 3: Características do recrutamento interno e externo10 O recrutamento interno e o recrutamento e externo apresentam uma série de vantagens e desvantagens para a organização, conforme é possível verificar nas figuras 4 e 5. Figura 4: Vantagens e desvantagens do recrutamento interno11 10 Chiavenato, 2014 11 Elaborada pela autora com base em Chiavenato (2014) 13 Figura 5: Vantagens e desvantagens do recrutamento externo12EXEMPLIFICANDO Conecta, rede social corporativa usada pela concessionária de energia Elektro desde 2014, ganhou uma nova função que tem ajudado na movimentação interna do pessoal. Lançada em fevereiro, a ferramenta permite que os empregados apontem os cargos de interesse e as áreas onde querem trabalhar. Por meio de testes online, o sistema mostra o percentual de match que o profissional tem com a função, utilizando um cruzamento de dados parecido com o do Tinder, famosa rede social de relacionamentos. Quanto maior a porcentagem, mais preparada está a pessoa. Assim, o interessado que atenda aos requisitos pode ser chamado para substituir temporariamente alguém que está saindo de férias — aproveitando o período para aprender sobre o cotidiano da área. "Dessa forma, o funcionário tem mais subsídios para dizer se aquela posição realmente o interessa", diz Bruno Szarf, gerente executivo de RH. Caso a substituição tenha sido positiva, o funcionário passa a fazer parte do plano de sucessão daquele cargo. Somente em 2016, 41% dos empregados da Elektro foram promovidos ou movimentados internamente graças ao empurrão da Conecta13. 12 Elaborada pela autora com base em Chiavenato (2014) 13 VOCÊRH, 2016 14 Fontes De Recrutamento As fontes de recrutamento são os mecanismos que a organização utiliza para divulgar as oportunidades de trabalho aos candidatos. Quando o processo de recrutamento for interno, a empresa pode utilizar os quadros de avisos, intranet, reuniões de equipe, e-mail, revista interna, e outros meios de comunicação utilizados pela organização para divulgação de informações aos seus colaboradores. Quando a empresa opta por realizar o recrutamento externo ou misto, existem diversas fontes de recrutamento. A seguir são listadas as principais fontes indicadas por Lotz e Burda (2015): • Anúncios em jornais, revistas, rádio e televisão: essa é uma fonte de recrutamento que tende a ser quantitativa, uma vez que se dirige ao público em geral. Para potencializar a eficácia dos anúncios, recomenda-se a publicação de anúncios em jornais e revistas especializados, para que possa atingir o público- alvo da vaga que se pretende preencher. • Apresentação espontânea: apresenta rapidez e menor custo para a organização. Os currículos que chegam até a empresa devem ser arquivados no banco de dados de candidatos. Para ser eficaz é importante que a organização estimule a entrega espontânea de currículos, para garantir um número adequado de candidatos para as vagas. • Associações ou órgãos comunitários: oferecem baixo custo para a organização. Por meio das associações comunitárias, pode-se ter acesso a pessoas residentes em determinadas áreas ou bairros. São exemplos igrejas, associações de bairro, organizações não governamentais (ONGs). • Agências de recrutamento: existe uma variedade de organizações especializadas em recrutamento de pessoal para atender a pequenas, médias ou grandes empresas. Podem dedicar-se a pessoal de nível alto, médio ou baixo ou a pessoal de vendas, bancos ou ainda a operários para atividade industrial. Algumas agências se especializam em recrutamento de engenheiros, pessoal de processamento de dados, secretárias, etc. O recrutamento por meio de agência especializada é um dos mais caros, embora seja compensado pelos fatores tempo e rendimento. A maior parte das agências cobra uma taxa correspondente a um salário ou 120 a 180% do salário do funcionário admitido, conforme o seu nível. As agências que atuam no mercado de executivos de alto nível têm seus honorários fixados na base de 15 a 20% de remuneração anual prevista para o candidato, pagáveis em três ou quatro parcelas a partir da data do contrato de 15 prestação de serviços, excluídos os anúncios em jornais ou demais despesas que se façam necessárias. As principais vantagens da utilização da agência como veículo de recrutamento são: todo o atendimento e a triagem dos candidatos são processados pela agência, rapidez, confidencialidade (a identidade da empresa solicitante é mantida em segredo) • Banners e placas na frente ou na entrada da organização: é uma fonte que apresenta baixo custo; contudo, o resultado está atrelado a um conjunto de fatores, tais como localização da empresa, facilidade de acesso, movimento de pessoas, proximidade das fontes de recrutamento, entre outros. Essa fonte de recrutamento é comumente utilizada para recrutar colaboradores de nível operacional. • Boca a boca: a empresa divulga sua vaga aos colaboradores, solicitando a estes que repassem a seus contatos. Essa modalidade ocorre na informalidade, uma vez que não existe a obrigatoriedade por parte da empresa — os colaboradores avisam espontaneamente a possíveis interessados. Apresenta baixo custo, alto rendimento e rapidez. • Contatos com outras empresas: empresas clientes, fornecedoras, parceiras ou que atuam no mesmo mercado podem ser uma grande fonte de recrutamento e cooperação mútua. Os contatos entre empresas chegam a formar cooperativas de recrutamento. • Feiras de empregos: as cidades realizam eventos para ajudar na empregabilidade da população, e várias agências de emprego e empresas participam, ofertando suas vagas e muitas vezes já encaminhando os candidatos para entrevistas. É uma das formas mais rápidas e de maior volume para o banco de candidatos. As feiras ocorrem também em instituições de ensino. • Headhunters (ou caçadores de talentos): são profissionais ou empresas que "caçam" profissionais no mercado de trabalho com características diferenciadas. Utilizam cadastro atualizado de profissionais especializados. Os headhunters são geralmente contratados quando a vaga em questão requer um profissional de alta qualificação. • Indicações/networking: uma das fontes de recrutamento mais utilizadas. Algumas organizações adotam a prática de oferecer prêmios em dinheiro para colaboradores que indicam candidatos, caso se efetive a contratação e a permanência por um período estabelecido pela empresa. Indicar alguém para trabalhar na empresa equivale a oferecer uma espécie de aval sobre a idoneidade 16 de seu indicado e o comprometimento de quem indica. Por essa razão, as pessoas tendem a ser criteriosas com suas indicações, o que favorece a qualidade destas. • Órgãos de classe: fonte de recrutamento que oferece ganhos à organização, uma vez que o custo é baixo e permite o acesso a profissionais altamente especializados. • Sindicatos: modalidade que oferece ganhos à organização, além do baixo custo. Oportuniza acesso aos profissionais do ramo, uma vez que aos sindicatos se encontram filiados os membros das categorias profissionais (trabalhistas) ou económicas (patronais). • Órgãos governamentais: o governo tem órgãos que cuidam da empregabilidade da população e proporcionam candidatura a diversas vagas existentes no mercado. As empresas informam dados do perfil necessário e as atividades a realizar, e então os candidatos são encaminhados às entrevistas. Esse serviço é gratuito tanto para a população quanto para as empresas. • Redes sociais: as redes sociais permitem que diversos indivíduos mantenham contato por meio de comunidades virtuais de acordo com seus interesses. • Site da própria empresa: uma prática muito comum é a organização disponibilizar em seu site uma área intitulada "Trabalhe conosco", por meio da qual o candidato envia seu currículo, que passa a fazer parte do banco de dados e pode ser facilmente consultado quando houver necessidade de preenchimento de vaga. • Transportes públicos: uma das grandes fontes de recrutamento operacional é o anúncio em transportes coletivos, com cartazes tanto nos terminais quanto no interior dos veículos. Esse tipo de divulgação realizado mediante autorização da administração de transportes públicosda cidade. • Universidades, faculdades e escolas profissionalizantes: o objetivo desta modalidade de recrutamento é atrair estagiários, trainees e profissionais qualificados (pós-graduação, MBAs, mestrados e doutorados). A divulgação pode ocorrer por meio de cartazes, palestras, feiras de estágio, parcerias entre empresa e instituição de ensino para visitas técnicas, entre outros meios. Existem diversas fontes de recrutamento para se chegar ao público-alvo e atrair o maior número possível de candidatos qualificados para a vaga oferecida pela organização, sendo comum a combinação de duas ou mais dessas fontes. Os fatores custo e tempo são fundamentais na escolha da fonte e do meio de divulgação mais indicado para a situação. Quando a organização tem urgência na contratação de candidatos, tende a optar por técnicas 17 que demandam maiores investimentos. Contudo, a organização que desenvolve recrutamento externo contínuo dispõe de candidatos a um custo significativamente reduzido (LOTZ; BURDA, 2015). 4. SELEÇÃO DE PESSOAL A seleção é um processo de comparação entre duas variáveis: requisitos exigidos pelo cargo versus características oferecidas pelos candidatos. “A seleção tem por objetivo colocar a pessoa certa no lugar certo por meio da escolha de candidatos que apresentem maiores possibilidades de desempenhar adequadamente as funções de acordo com as necessidades da organização” (LOTZ; BURDA, 2015, p. 123). O primeiro passo do processo seletivo consiste na obtenção de informações sobre o cargo a preencher ou a definição das competências requeridas pela organização (pela análise do cargo, da requisição de empregado etc.). O segundo passo consiste na obtenção de informações sobre os candidatos, pela aplicação de técnicas de seleção como: a entrevista, as provas de conhecimentos ou de capacidade e os testes psicológicos, os testes de personalidade e as técnicas de simulação. Assim o processo de seleção pode encadear essas técnicas de seleção em estágios sequenciais (um, dois, três ou mais), dependendo da acuracidade e precisão que se pretende alcançar. A avaliação dos resultados da seleção pode ser feita por meio de certos indicadores genéricos ou pelo quociente de seleção (CHIAVENATO, 2014). O processo de seleção pode ser representado pela Figura 6. 18 Figura 6: Fluxo do processo de seleção14 Para que o processo de seleção seja bem-sucedido, é necessário que ele se apoie em critérios de referência. Um dos principais critérios de referência para o processo seletivo é a descrição e análise do cargo, que constituem o levantamento dos aspectos intrínsecos (conteúdo do cargo) e extrínsecos (fatores de especificações que retratam os requisitos que o cargo exige do seu ocupante) do cargo. Permitem informações sobre os requisitos e as características que o candidato deve possuir. Com essas informações, o processo de seleção pode se concentrar na pesquisa e na avaliação desses requisitos e nas características dos candidatos que se apresentam (CHIAVENATO, 2014). A descrição e a análise do cargo proporcionam as bases para comparar os candidatos e serão abordadas nas próximas aulas! Técnicas de seleção As técnicas de seleção são os instrumentos utilizados e aplicados para realizar a comparação entre as características dos candidatos e as características requeridas pelo 14 Chiavenato, 2014 19 cargo. É preciso identificar quais técnicas ou qual conjunto de técnicas será mais adequado para predizer o desempenho do candidato no cargo. Algumas das principais técnicas de seleção são apresentadas a seguir (CHIAVENATO, 2009; LOTZ; BURDA, 2015). • Entrevista: a entrevista é a técnica de seleção mais utilizada nas organizações. É um instrumento de alta relevância para o processo seletivo e, por esse motivo, deve ser conduzida por um profissional bem preparado. De outro modo, pode resultar em distorções que comprometem significativamente a escolha do candidato. Os pontos positivos e negativos do uso da entrevista no processo de seleção são apresentados na Figura 7. Figura 7: Prós e contras da entrevista de seleção15 • Testes: são diversas as possibilidades de testes a serem aplicados aos candidatos no processo seletivo (e na identificação potencial de desenvolvimento do colaborador quando já está no desempenho de suas funções na organização). O teste ou conjunto de testes a serem aplicados no processo seletivo são definidos em virtude da função que o colaborador irá desempenhar, tendo em vista as competências necessárias. São exemplos os testes psicológicos, testes de conhecimentos geral e específicos. 15 Elaborada pela autora com base em Chiavenato (2014). 20 • Técnica de simulação: as técnicas de simulação procuram passar do tratamento individual e isolado para o tratamento em grupos e do método exclusivamente verbal ou de execução para a ação social. Seu ponto de partida é o drama, que significa reconstituir em cima de um palco — contexto dramático — no momento presente, no aqui e agora, o acontecimento que se pretende estudar e analisar o mais proximamente do real. Assim, o protagonista, ao dramatizar uma cena, assume um papel (role playing) e permanece em um palco circular rodeado por outras pessoas — contexto grupal — que assistem à sua atuação e podem vir ou não a participar da cena. FIQUE ATENTO O que é preciso saber para entrevistar candidatos? As questões mais importantes para que o gerente possa se preparar para uma entrevista de seleção são: Qual é o aspecto mais importante da pessoa que se pretende admitir Quais são os outros aspectos importantes que também requerem atenção? Como o cargo foi desempenhado no passado? Por qual razão o cargo está vago? O cargo tem uma descrição escrita? Quais são as maiores responsabilidades inerentes ao cargo? Qual é a autoridade que o gerente tem sobre o cargo? Como definir seus objetivos? Quais são as projeções da organização para os próximos 5 anos? Quais as necessidades para alcançar essas projeções? Quais são as maiores forças e fraquezas da organização? Quais são as maiores forças e fraquezas da área de atuação em questão? Quais são as maiores forças e fraquezas dos produtos da organização? Como se poderia identificar a posição competitiva da organização diante dos concorrentes? Quais são as maiores forças e fraquezas dos concorrentes? Como se visualiza o futuro desse mercado? Existem planos para novos produtos ou serviços nessa área? O que o gerente poderia falar sobre as pessoas que se reportam a ele? O que se poderia falar sobre as outras pessoas em posições-chave? O que se poderia falar a respeito dos subordinados? Como se definiria a filosofia de administração? Quais são as oportunidades para os funcionários continuarem sua educação? 21 Como se está visualizando a pessoa que preencherá esse cargo? Quais as competências individuais do candidato? 16 5. RESUMO DA AULA Nessa aula você aprendeu que o mercado de trabalho é composto pelas vagas de emprego, enquanto o mercado de recursos humanos é composto pelos candidatos. A situação de oferta e demanda influenciam as práticas organizacionais e o comportamento das pessoas na organização. Desse modo, quando há muitos candidatos a organização pode tornar o processo seletivo mais criterioso. Você também aprendeu que recrutamento e seleção fazem parte de um processo maior que é o de suprir e prover a organização de talentos e competências necessários à sua continuidade e sucesso em um contexto altamente dinâmico e competitivo. O processo de recrutamento tem como objetivo abastecer o processo de seleção que será o responsável por identificar o candidato certo para a vaga a ser preenchida. O recrutamentopode ser interno, externo ou misto. Algumas das fontes de recrutamento são: anúncios em jornais, revistas, rádio e televisão, apresentação espontânea, associações ou órgãos comunitários, agências de recrutamento, headhunters (ou caçadores de talentos), indicações/networking, redes sociais, site da própria empresa, universidades, faculdades e escolas profissionalizantes. Para que o processo de seleção seja bem-sucedido, é necessário que ele se apoie em critérios de referência, como a descrição de cargos. A seleção ocorre por meio da utilização de instrumentos utilizados e aplicados para realizar a comparação entre as características dos candidatos e as características requeridas pelo cargo, como por exemplo, as entrevistas, técnicas de simulação e testes. 16 Chiaventao, 2014 22 6. REFERÊNCIAS CHIAVENTAO, Idalberto. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agregar talentos à empresa. 7ª ed. Barueri, SP: Manole, 2009 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos nas organizações. 4ª edição. Barueri, SP: Manole, 2014. FAGUNDEZ, Ingrid. “Aceito qualquer coisa”: Para voltar ao mercado, desempregados se sujeitam a cargos e salários menores. 2016. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160225_desempregados_qualificados_ if Acesso em 22 jun 2018 LOTZ, Erika Gisele; BURDA, Jocely Aparecida. Recrutamento e Seleção de Talentos [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2015. VOCÊRH. Tinder de Carreira. Revista Você RH. São Paulo: Editora Abril. Ed. 47, p. 5. Dez. 2016. 23 APLICAR PESSOAS 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 2. ORIENTAÇÃO DE PESSOAS .................................................................................... 4 Métodos para promover a socialização ........................................................ 5 3. MODELAGEM DO TRABALHO ................................................................................ 8 Procedimento para análise de cargos ......................................................... 10 Redesenho de cargos ................................................................................... 11 Métodos de coletas de dados sobre os cargos .......................................... 12 4. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ........................................................................... 13 Responsabilidade pela avaliação do desempenho .................................... 14 Métodos de Avaliação de Desempenho ...................................................... 16 4.2.1. Método de escolha forçada .......................................................... 16 4.2.2. Método de incidentes críticos ...................................................... 17 4.2.3. Método Comparativo ..................................................................... 17 4.2.4. Método da escala gráfica .............................................................. 18 5. RESUMO DA AULA ................................................................................................. 20 6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 21 3 2 3 AULA 3 APLICAR PESSOAS Conhecer os principais métodos de socialização organizacional; Compreender o procedimento para descrição e análise de cargos; Refletir sobre os benefícios e os métodos da avaliação de desempenho. 4 1. INTRODUÇÃO Após realizar o recrutamento e a seleção de pessoas, é necessário posicionar as pessoas em seus cargos e realizar a avaliação de seu desempenho. Essas são atividades realizadas no subsistema de aplicação de recursos humanos, que contempla três processos: orientação de pessoas, a modelagem do trabalho e avaliação de desempenho. Para que a pessoa possa compreender os papéis que lhe são atribuídos, ela passa pelo processo de orientação, denominado socialização organizacional, isto é, por um processo de aprendizagem dos valores, normas e comportamentos requeridos pela organização. Esses papéis, atribuídos as pessoas nas organizações, são denominados cargos. Para que se obtenha sucesso na gestão de pessoas é necessário conhecer as exigências que os cargos impõem a seus ocupantes, ou seja, torna-se necessária a análise de cargos. Para que as organizações alcancem o sucesso planejado, é necessário que avaliem constantemente seus resultados enquanto eles são gerados. Nesse contexto, a avaliação de desempenho das pessoas torna-se essencial. Cada um desses processos é detalhado nessa aula. 2. ORIENTAÇÃO DE PESSOAS A orientação das pessoas é o primeiro passo para a adequada aplicação nas diversas atividades da organização. Trata-se de posicionar as pessoas em suas atividades na organização e esclarecer o seu papel e objetivos. Após terem sido recrutadas e selecionadas, as pessoas são admitidas na organização e passam a ser ocupantes de cargos. No entanto, para que haja efetividade no desempenho do cargo, é necessário integrar as pessoas à cultura, sistema e contexto organizacionais. Ou seja, é preciso realizar a socialização organizacional. A socialização organizacional procura estabelecer junto ao novo participante as bases e premissas pelas quais a relação colaborador-empresa irá funcionar, demonstrando ao colaborador como ele pode contribuir para o sucesso do negócio, qual seu horário de 5 trabalho, quais atividades deve desempenhar, quais regras e regulamentos deve atender, quais rumos deve seguir, quais são as metas. Assim, a organização busca induzir a adaptação do comportamento do indivíduo às suas necessidades e objetivos (CHIAVENATO, 2009). FIQUE ATENTO Cultura organizacional é a maneira costumeira ou tradicional de pensar e fazer as coisas, que são compartilhadas por todos os membros da organização e que os novos membros devem aprender e aceitar para serem aceitos no serviço da organização. É um padrão de assuntos básicos compartilhados que um grupo aprendeu como maneira de resolver seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que funciona bem a ponto de ser considerado válido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação aos seus problemas. A essência da cultura de uma organização provém da maneira como a organização faz negócios, a maneira como trata clientes e empregados, o grau de autonomia ou liberdade que existe nos departamentos ou escritórios e o grau de lealdade expressado pelos empregados a respeito da organização.1 Métodos para promover a socialização Existe uma ampla variedade de meios que as organizações utilizam para promover a socialização de membros novos e antigos, a seguir serão apresentados os cinco métodos de socialização mais utilizados, conforme Chiavenato (2014). FIQUE ATENTO O processo de socialização, pode ser realizado também para funcionários antigos na organização. Como, por exemplo, nos momentos em que a organização faz uma grande mudança na cultura organizacional ou quando o funcionário é promovido para trabalhar em um novo setor da organização. 1 Fonte: Chiavenato, 2014, p. 154-155 6 1. Planejamento do processo seletivo: nesse modelo de socialização, durante as entrevistas de seleção é apresentado ao candidato seu futuro ambiente de trabalho, a cultura predominante na organização, os colegas de trabalho, as atividades a executar, os desafios e recompensas em vista, o gerente e o estilo de gestão existente etc. Assim, antes mesmo que o candidato seja aprovado, ele obtém informações sobre o funcionamento da organização ecomo se comportam as pessoas que nela convivem. EXEMPLIFICANDO Há três anos, a rede francesa de produtos de beleza Sephora pretendia pular de nove para 21 lojas no Brasil, o que significaria triplicar a quantidade de funcionários. Contudo, Silene Rodrigues, vice-presidente de RH, identificou uma falha no processo de boas-vindas que aumentava a taxa de turnover e dificultava a atração de profissionais. Para resolver a questão, a executiva colocou o pessoal das áreas administrativas para trabalhar alguns dias nas lojas. A ideia era proporcionar aos candidatos a mesma experiência dos clientes, conectando-os com a marca. "Somos uma empresa de varejo diferenciado, com uma infinidade de produtos, e baseada numa cultura de ensinar e se divertir com a consumidora", diz Silene. Agora qualquer pessoa que ingresse na Sephora no Brasil segue o mesmo ritual. Em dias de muitas vendas, como a Black Friday, os empregados do escritório também vão para as unidades.2 2. Conteúdo inicial da tarefa: ao invés de atribuir tarefas inicialmente fáceis para o novo funcionário, o gerente pode-lhe atribuir tarefas relativamente desafiadoras e capazes de proporcionar-lhe sucesso no início de sua carreira na organização, pois novos funcionários que recebem tarefas relativamente complicadas estão mais preparados para desempenhar as tarefas posteriores com mais sucesso. Com essa prática, o funcionário principiante tende a internalizar altos padrões de desempenho e expectativas positivas a respeito de recompensas resultantes de desempenho excelente. 3. Papel do gerente: o gerente deve agir como tutor ou pode indicar um supervisor que desempenhe esse papel junto ao novo funcionário, que o acompanhe e oriente 2 Fonte: VOCÊRH, 2016, p. 7/14 7 durante o período inicial de trabalho na organização. Cabe ao tutor realizar três funções junto ao novo funcionário: transmitir uma descrição clara da tarefa a ser realizada; suprir todas as informações técnicas sobre como executar a tarefa e proporcionar ao novo funcionário a retroação adequada sobre a qualidade de seu desempenho. Para executar sua função com sucesso, os supervisores devem possuir alto grau de segurança pessoal para que para que não se sintam ameaçados pela falha ou pelo sucesso dos novos funcionários e dotados de muita paciência para lidar com os novos e inexperientes recrutas. 4. Grupos de trabalho: ao invés de atribuir a integração do novo funcionário, o gerente pode designar que a equipe em que o funcionário vai trabalhar desempenhe esse papel. A aceitação pelo grupo é fonte crucial de satisfação das necessidades sociais. Além disso, os grupos de trabalho têm forte influência sobre as crenças e atitudes dos indivíduos a respeito da organização e sobre como eles devem se com- portar. Por isso, o gerente deve designar os novos funcionários para atuar em grupos de trabalho que possam realmente provocar impacto positivo e duradouro. 5. Programas de integração: são programas intensivos de treinamento inicial destinados aos novos membros da organização, para familiarizá-los com a linguagem usual da organização, com os usos e costumes internos (cultura organizacional), estrutura de organização (as áreas ou departamentos existentes), principais produtos e serviços, a missão da organização e os objetivos organizacionais etc. Quase sempre, os programas de integração constituem o principal método de aculturamento dos novos participantes às práticas correntes da organização. Sua finalidade é fazer com que os novos participantes aprendam e incorporem certos valores, princípios, normas e padrões de comportamento que a organização considera imprescindíveis e relevantes. 8 EXEMPLIFICANDO Em um programa de integração normalmente possui os seguintes itens: Assuntos organizacionais a) A missão e os objetivos básicos da organização. b) As políticas, isto é, os meios pelos quais os objetivos deverão ser alcançados. c) Como a organização está estruturada: o que cada unidade ou departamento faz. d) Arranjo físico das áreas de utilização do novo membro. e) Os principais produtos e serviços realizados pela organização. f) Regras e regulamentos internos. g) Procedimentos de segurança no trabalho. Benefícios oferecidos pela organização a) Horário de trabalho, de descanso e de refeições. b) Dias de pagamento e de adiantamentos salariais. c) Benefícios sociais oferecidos pela organização. Apresentações a) Aos superiores e aos colegas de trabalho. Deveres do cargo a) Responsabilidades básicas confiadas ao novo participante. b) Tarefas do cargo. c) Objetivos do cargo. d) Visão geral do cargo. A socialização organizacional constitui o esquema de recepção e boas-vindas. Na realidade, a socialização representa uma etapa de iniciação particularmente importante para moldar um bom relacionamento no longo prazo entre o indivíduo e a organização. Reduz o tempo de adaptação do novo funcionário ao seu novo ambiente de trabalho e acelera sua produtividade. Mais ainda: funciona como elemento de fixação e manutenção da cultura organizacional (CHIAVENATO, 2014). 3. MODELAGEM DO TRABALHO A modelagem do trabalho é realizada por meio da análise e descrição de cargos. Análise de cargos é o procedimento por meio do qual você determina as atribuições dos 9 cargos que está analisando e as características das pessoas que serão contratadas para eles. A análise de cargos produz informações para as descrições de cargos (uma lista de tarefas envolvidas no trabalho) e as especificações de cargos (perfil adequado para sua realização, isto é, qual "tipo" de pessoa contratar para o trabalho). Praticamente todas as ações relacionadas a gestão de pessoas e talentos (entrevista de candidatos, treinamento e avaliação dos funcionários, por exemplo) dependem de uma visão clara das especificações do trabalho e quais características e habilidades são necessárias para realizá-lo de maneira satisfatória (DESSLER, 2014). Para realizar a análise de cargos é necessário o levantamento das seguintes informações (DESSLER, 2014).: · Atividades do cargo: informações sobre as atividades do trabalho em si: limpeza, venda, ensino ou pintura. Essa lista também pode incluir como, por que e quando o trabalhador executa cada atividade. · Perfil pessoal: informações sobre as características pessoais que o trabalho exige: percepção, comunicação e condicionamento físico (para levantar peso ou caminhar longas distâncias). · Máquinas, ferramentas, equipamentos e recursos de trabalho: informações sobre as ferramentas utilizadas, os materiais processados, o conhecimento tratado ou aplicado (como finanças ou leis) e a prestação de serviços (como aconselhamento ou solução de problemas). · Padrões de desempenho: informações sobre o desempenho esperado (em termos de níveis de qualidade e produção para cada atividade, por exemplo). · Contexto de trabalho: informações sobre condições de trabalho, horário de trabalho, incentivos e, por exemplo, o número de pessoas com quem o empregado normalmente interage. · Competências: informações como conhecimentos ou habilidades (educação, formação e experiência profissional) e atributos pessoais necessários (aptidões, personalidade e interesses). 10 FIQUE ATENTO Análise de cargos é o procedimento para a determinação dos requisitos e competências necessárias para a realização de um trabalho e do perfil da pessoa que deve ser contratada. Descrição de cargos é o detalhamento de requisitos, responsabilidades, relações de subordinação, condições de trabalho e responsabilidades de supervisão - resultante da análise de cargos. Especificações de cargos é o detalhamento das "necessidades humanas" , treinamento necessário, habilidades, perfil, e assimpor diante - também resultante da análise de cargos.3 Procedimento para análise de cargos Dessler (2014) sugere 6 passos para a análise de cargos: Passo 1: decida como você vai usar a informação. Algumas técnicas de coleta de dados, como entrevistas com os empregados, são interessantes para definir as descrições de cargos. Outras técnicas, como o questionário de análise de cargos, fornecem avaliações com valores em pontos para cada posto de trabalho e podem ser utilizadas para comparar os cargos para fins de bonificação. Passo 2: Revise informações relevantes, como organogramas, fluxogramas de processos e descrições de cargos. Organogramas mostram a divisão de cargos em toda a organização e onde cada um se encaixa. O gráfico deve mostrar o nome de cada cargo e, por meio de linhas de interligação, quem se reporta a quem e com quem o encarregado do cargo se comunica. O fluxograma de processo fornece uma imagem mais detalhada do fluxo de trabalho inerente ao cargo, particularmente o fluxo de entradas e saídas do cargo que você está analisando. SAIBA MAIS O organograma é um gráfico que representa a estrutura organizacional de uma empresa. Eles representam as relações hierárquicas ou divisão de 3 Fonte: Dessler, 2014 11 setores e cargos que existem nessa organização. Para conhecer os componentes de um organograma acesso o link4 Passo 3: Selecione cargos representativos. O próximo passo na análise de cargos é decidir em quais posições concentrar-se. Por exemplo, não é necessário analisar cargos de 200 operários quando uma amostra de dez cargos é suficiente. Passo 4: Analise o cargo coletando dados sobre atividades, condições de trabalho, bem como perfil pessoal e habilidades necessárias para realizar o trabalho. Na verdade, "analisar" 0 cargo envolve várias etapas. Especificamente: cumprimentar os funcionários; explicar brevemente os papéis de cada um nesse processo, o processo em si e a análise de cargos; gastar cerca de 15 minutos em entrevistas com os funcionários para chegar a um acordo sobre um resumo básico do trabalho, identificar áreas de responsabilidade, como "contatar clientes potenciais" e, com os funcionários, identificar deveres/tarefas dentro de cada área, de maneira interativa. O próximo tópico apresenta métodos de coleta de informações para análise de cargos. Passo 5: Verifique as informações da análise de cargos com o funcionário que realiza as atividades e, também com o seu supervisor imediato. Essa etapa visa confirmar se a informação que você compilou (por exemplo, sobre as principais atribuições do cargo) está correta e completa, e se será aceita pelos funcionários. Passo 6: Desenvolva uma descrição e uma especificação de cargos A descrição do cargo apresenta deveres do trabalho, atividades e responsabilidades, bem como as suas características importantes, como condições de trabalho. A especificação de cargo resume "necessidades humanas", treinamento necessário, habilidades e perfil necessário para o trabalho. Redesenho de cargos Modernamente, os cargos estão sendo ajustados e adequados ao crescimento profissional das pessoas: é o que chamamos enriquecimento ou ampliação dos cargos. Além disso, os cargos estão deixando de ser individuais e confinados socialmente para se 4 Fonte: https://blog.luz.vc/o-que-e/modelos-de-organogramas/ https://blog.luz.vc/o-que-e/modelos-de-organogramas/ 12 transformar em atividades de equipes com elevado teor social. Tudo para melhorar a qualidade de vida no trabalho, isto é, o grau de satisfação das pessoas com sua atividade e com sua organização. Ampliação de cargo significa atribuir aos trabalhadores outras tarefas relacionadas ao cargo. Assim, o trabalhador que, anteriormente, só ajustava uma peça na linha de montagem também pode ajustar outras. O enriquecimento profissional, significa redesenhar os cargos de modo que aumentem as oportunidades de o trabalhador experimentar noções de responsabilidade, realização, crescimento e reconhecimento. Isso é possível por meio da delegação de poder, por exemplo, dando ao trabalhador as competências e a autoridade para inspecionar o trabalho, em vez de ter supervisores para isso (CHIAVENATO, 2014). Métodos de coletas de dados sobre os cargos Existem três métodos básicos para a coleta de dados sobre os cargos: entrevista, questionário e observação. Um quarto método é apresentado na literatura como a combinação dos métodos anteriores. A seguir esses métodos são apresentados, conforme informação de Chiavenato (2014) 1. Observação direta: A colheita de dados sobre o cargo é feita através da observação visual das atividades do ocupante pelo analista de cargos. Enquanto a participação do analista de cargos na colheita de dados é ativa, a participação do ocupante é passiva. 2. Questionário. A colheita de dados sobre o cargo é feita através do preenchimento do questionário de análise de cargo pelo ocupante ou pelo seu superior. A participação do analista de cargos na colheita de dados (preenchimento do questionário) é passiva e a participação do ocupante (que o preenche) é ativa. Esse é o método mais rápido e econômico. 3. Entrevista direta. A colheita de dados sobre o cargo é feita através de entrevista entre o analista e o ocupante do cargo, através de perguntas e respostas verbais. A participação tanto do analista e do ocupante na colheita de dados é ativa. 4. Métodos mistos. Cada método de análise tem suas características, vantagens e desvantagens. Para neutralizar as desvantagens e tirar o maior proveito possível das vantagens, a opção é utilizar métodos mistos: combinações ecléticas de dois ou mais métodos de análise. 13 4. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO A avaliação do desempenho é uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa no cargo e o seu potencial de desenvolvimento futuro. Toda avaliação é um processo para estimular ou julgar o valor, a excelência e as qualidades da pessoa. A avaliação das pessoas que desempenham papéis na organização pode ser feita através de várias abordagens que recebem denominações, como avaliação do desempenho, avaliação do mérito, avaliação dos funcionários, relatórios de progresso, avaliação de eficiência funcional etc. A avaliação do desempenho proporciona benefícios para a organização e para as pessoas. Para a organização a avaliação possibilita conhecer as necessidades e habilidades internas, ou seja, com base nos dados o R.H. pode tomar decisões referentes aos salários, benefícios, plano de carreira, treinamento ou até mesmo demissão, objetivando sempre o desenvolvimento da empresa. Do ponto de vista do funcionário, a avaliação possibilita que este conheça seus pontos fortes e seus pontos de melhoria. Sendo assim, a avaliação com um feedback bem aplicado possibilita o desenvolvimento do funcionário. SAIBA MAIS Feedback é um processo de ajuda para mudanças de comportamento; é comunicação a uma pessoa, ou grupo, no sentido de fornecer-lhe informações sobre como sua atuação está afetando outras pessoas. Feedback eficaz ajuda o indivíduo (ou grupo) a melhorar seu desempenho e, assim, alcançar seus objetivos. Para conhecer dicas sobre feedback acesse o link.5 Para que alcance os objetivos desejados a avaliação de desempenho precisa atender às seguintes linhas básicas: • A avaliação deve cobrir não somente o desempenho dentro do cargo ocupado, como também o alcance de metas e objetivos. Desempenho e objetivos devem ser tópicos inseparáveis da avaliação do desempenho. 5 Fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/como-dar-um-bom-feedback-em-cinco-passos/91360/ http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/como-dar-um-bom-feedback-em-cinco-passos/91360/
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