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Introdução à Antropologia: Campos e Subcampos

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1ª AULA
ANTROPOLOGIA
Significa estudo do homem
Campos da Antropologia – biológicos, socioculturais, arqueológicos ou linguísticos –, articulam-se entre si em busca da compreensão do homem, da humanidade e de suas produções.
A princípio, a antropologia dividiu-se em duas principais áreas de estudo: a biológica e a cultural, as duas dimensões básicas do ser humano.
Sendo assim, temos como principais subcampos da antropologia a Antropologia Biológica e a Antropologia Cultural. Posteriormente, devido a razões práticas, mais duas áreas ganharam destaque o suficiente para ganharem espaço como subcampos propriamente ditos: a Arqueologia e a Antropologia Linguística. E, ainda, ultimamente, temos a Antropologia Aplicada.
Antropologia biológica
A Antropologia biológica procura compreender o homem como ser biológico, estudando principalmente sua origem, sua evolução, suas variações e sua constituição física. Busca desenvolver um conhecimento antropológico com ênfase nas características físico-biológicas das populações humanas, tanto antigas como modernas, levando em conta também a interação entre biologia e cultura, ou seja, o ser humano como um organismo biológico dotado de capacidade simbólica num contexto sociocultural.
· Antropologia biológica possui os seguintes subcampos:
· Paleoantropologia(estudo dos hominídeos antigos, com base em seus fósseis e artefatos);
· Antropologia forense (aplicação da antropologia biológica no âmbito legal)
· Osteologia (estudo dos ossos);
· Antropologia nutricional (estudo baseado na nutrição humana);
· Primatologia (estudo dos primatas);
· Genética das populações humanas;
· Variação biológica humana;
· Paleopatologia(patologia dos antigos hominídeos);
· Bioarqueologia.
Antropologia sociocultural
A antropologia sociocultural estuda as adaptações socioculturais dos grupos humanos, tanto contemporâneos quanto extintos, aos diversos estímulos que encontraram no decorrer de sua história. Em outras palavras, a antropologia cultural estuda a diversidade cultural humana, sejam elas contemporâneas ou extintas, procurando compreender o homem enquanto ser cultural e social. É também denominada de Antropologia Social, Antropologia Cultural ou Etnologia.
O foco está no estudo principalmente de sua produção cultural, agrupamentos e relações sociais, comportamento e desenvolvimento social.
A antropologia sociocultural possui, entre outros subcampos:
· Antropologia da música e Etnomusicologia;
· Antropologia das religiões;
· Mitologia;
· Antropologia histórica;
· Antropologia Linguística;
· Etnografia e Etnologia (estudos étnico-culturais);
· Folclorologia (estudos folclóricos).
· De todos os subcampos da antropologia biológica e sociocultural, dois se destacaram a ponto de atualmente serem considerados por muitos profissionais como campos propriamente ditos da antropologia: a Arqueologia e a Linguística ou Antropologia linguística.
Arqueologia
A arqueologia é a investigação das sociedades humanas através do estudo de vestígios materiais por elas deixados (artefatos).
Embora a imagem do profissional em arqueologia mais difundida seja a de seu trabalho nas escavações, seu trabalho é muito mais complexo e extenso. Ele necessita interpretar os vestígios materiais que encontra contextualizá-los e cruzar informações com uma grande variedade de áreas, utilizando uma abordagem interdisciplinar, de modo que encontre respostas que possam construir conhecimento a respeito das sociedades que estuda.
A arqueologia é imprescindível para investigar os agrupamentos humanos ágrafos (sem escrita), ou qualquer outra sociedade extinta. Sua importância para a antropologia é imensa.
Através do estudo arqueológico, a antropologia pode conseguir informações acerca dessas sociedades, das quais a maioria não pode ser observada e estudada através de técnicas etnográficas normais, pelo fato das mesmas não existirem mais, nem deixaram vestígios escritos.
Arqueologia pré-histórica
Estuda grupos humanos que não possuíam escrita. Essas sociedades são chamadas de ágrafas.
Arqueologia histórica
Estuda grupos humanos que possuíam escrita.
Linguística
O estudo da Antropologia linguística tem seu ponto fundamental na busca da compreensão das particularidades da comunicação humana e no estudo das relações de linguagem em suas estruturas, origens e variações/diversidades.
Além de um aprofundado estudo da linguagem em si, a antropologia linguística utiliza-se do estudo da mesma como importante ferramenta de análise sociocultural de um grupo ou conjunto de grupos humanos e suas interações.
Isso porque a linguagem é o elemento de base na transmissão e interação cultural entre os indivíduos, ou seja, é através da linguagem que os indivíduos, ou grupos de indivíduos, conseguem interagir dinamicamente suas experiências, organizá-las e transmiti-las em forma de cultura. Seja através da linguagem oral, escrita ou simbólica.
A antropologia necessitou especializar-se em campos distintos. Seu objeto de estudo, o homem e a humanidade, é complexo e impossível de se compreender de uma maneira fragmentada.
Como vimos, o homem é um ser biológico e cultural por natureza, portanto é necessário que os campos da antropologia, sejam eles, biológicos, socioculturais, arqueológicos ou linguísticos, articulem entre si como uma disciplina única: a antropologia.
Na investigação antropológica, temos, então, a busca da compreensão do homem, da humanidade e de suas produções, além de uma necessidade de movimentação contínua de especialização, reintegração recíproca e interdisciplinaridade entre os campos de estudo antropológicos e suas ciências afins. Vejamos:
Especialização
Necessidade da ciência antropologia em especializar seus campos de estudo a nível de obter um conhecimento mais profundo nas dimensões culturais e biológicas do homem.
Reintegração recíproca
Necessidade de unir os conhecimentos desses campos com o objetivo de obter um conhecimento mais completo e totalizante.
Interdisciplinaridade
Necessidade de compartilhar conhecimento com ciências afins como História, Geografia humana, Genética, Sociologia, Geologia, Primatologia.
A antropologia se faz, com todo esse movimento, uma ciência dinâmica que atua nos mais diversos níveis humanos e acadêmicos. Apesar de sua identidade dominante entre as ciências sociais, a Antropologia transita também nas ciências humanas e naturais.
2ª AULA
CIÊNCIAS NATURAIS X CIÊNCIAS SOCIAISCiências Naturais versus Ciências Sociais
As Ciências Naturais estudam fatos ou eventos que presumivelmente têm causas simples e que são facilmente isoláveis. Esses fenômenos seriam, por isso mesmo, recorrentes e sincrônicos. Logo, simplicidade, sincronia e repetitividade são suas características fundamentais.
A matéria-prima da Ciência Natural, portanto, é todo o conjunto de fatos que se repetem e têm uma constância verdadeiramente sistêmica, já que podem ser vistos, isolados e, assim, reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, como em um laboratório, por exemplo.
A prova ou teste de determinada teoria pode ser feito por dois observadores diferentes, situados em locais distintos.
O laboratório assegura, de certo modo, a condição de objetividade.
As Ciências Sociais Estudam fenômenos complexos, situados em planos de casualidade e determinação complicados. Nos eventos que constituem a matéria-prima do antropólogo, do sociólogo, do historiador, do cientista político, do economista e do psicólogo, não é fácil isolar causas e motivações exclusivas. Até mesmo quando o “sujeito” está apenas desejando realizar uma ação aparentemente inocente e simples.
A matéria-prima das Ciências Sociais são eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados tendo, por causa disso, a possibilidade de mudar seu significado de acordo com o ator, com as relações existentes em um dado momento e, ainda, com sua posição numa cadeia de eventos anteriores e posteriores.
Os eventos que servem de foco ao cientista social são fatos que não estão mais ocorrendo entre nós ou que não podem ser reproduzidos em condiçõescontroladas.
De todas as diferenças entre as Ciências Naturais e as Ciências Sociais, a mais fundamental é que: as Ciências Sociais trabalham com fenômenos que estão bem perto de nós, eventos humanos, ou seja, fatos que nos pertencem integralmente.
Relação entre sujeito e objeto
Nas Ciências Sociais, é possível jogar com a dicotomia clássica da ciência: a relação entre sujeito e objeto. Nessa perspectiva, as teorias e os métodos científicos são os mediadores que permitem uma aproximação entre as duas partes.
O antropólogo Roberto DaMatta procura situar a Antropologia no centro epistemológico de um movimento relativizador. Quando uma teoria é apresentada ao objeto, não só se abre a possibilidade de relativização dos parâmetros epistemológicos, como também faz nascer um plano de debate inovador: aquele formado por uma dialética entre o fato interno com o fato externo.
1. As ciências naturais estudam fatos simples e eventos que, presumivelmente, têm causas simples e que são facilmente isoláveis. Tal fato nos permite apontar que os fenômenos estudados pelas ciências naturais são:
a) casuais e sincrônicos.
b) complexos e sincrônicos.
c) recorrentes e diacrônicos.
d) recorrentes e sincrônicos.
2. Sobre a diferença entre as Ciências Sociais e as Ciências Naturais, é correto afirmar que:
a) a matéria-prima da ciência natural, portanto, é todo o conjunto de fatos que não se repetem e não têm uma constância verdadeiramente sistêmica, fenômenos complexos, situados em planos de casualidade e determinação complicados.
b) a matéria-prima da ciência social, portanto, é todo o conjunto de fatos que não se repetem e não têm uma constância verdadeiramente sistêmica, fenômenos complexos, situados em planos de casualidade e determinação complicados.
c) a matéria-prima da ciência social, portanto, é todo o conjunto de fatos que se repetem e têm uma constância verdadeiramente sistêmica, já que podem ser vistos, isolados e, assim, reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório.
d) a matéria-prima da ciência natural, portanto, é todo o conjunto de fatos que não se repetem e não têm uma constância verdadeiramente sistêmica, já que não podem ser vistos, isolados e, assim, reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório.
3ª AULA
SOCIAL X CULTURAL
De acordo com Roberto DaMatta (2010), para que seja feita uma reflexão sobre a realidade social humana de forma mais fecunda, é necessária a distinção das categorias social e cultural. Embora sejam categorias de análise, e que podem ser vistas de forma complementar, as categorias social e cultural precisam ser aplicadas separadamente ao objeto de estudo.
Assim, o primeiro passo consiste em descartar a visão eclética segundo a qual os dois fenômenos são a mesma coisa (a realidade humana), e que suas diferenças existem apenas em função da posição do investigador.
A diferenciação entre o social e o cultural é fato na prática antropológica, seja ela erudita ou ingênua.
Tradição
"Sem uma tradição, uma coletividade pode viver ordenadamente, mas não tem consciência de seu estilo de vida. (...) E a consciência é um “armazém” de paradigmas e regras de ação, todas colocadas ali pelo meu grupo e minha biografia nesse grupo."
DaMatta, 2010.
Mas o que seria essa tradição?
De acordo com o autor, uma tradição viva seria o conjunto de escolhas que necessariamente excluem formas de realizar tarefas e de classificar o mundo. Dessa forma, ter tradição significaria vivenciar as regras de forma consciente (e responsável), colocando-as dentro de uma forma qualquer de temporalidade.
No caso das tradições culturais autênticas, o processo é dialético e existe uma interação complexa, recíproca, entre regras e o grupo que as realiza na sua prática social: as regras vivem o grupo, e o grupo vive as regras. Esse duplo vivenciar e conceber permite a singularização, valorização e preenchimento do tempo, tornando-o visível, significativo e, muitas vezes, precioso.
Cultura
Ainda de acordo com DaMatta, a tradição torna as regras passíveis de serem vivenciadas, abrigadas e possuídas pelo grupo que as inventou e adotou. De tal modo que, numa sociedade humana, seus membros acabam por perceber sua tradição como algo inventado especialmente para eles, uma coisa que lhes pertence.
As sociedades de formigas e abelhas nada deixam que as individualize. Quando desaparecem, sobra apenas a ação violenta sobre o ambiente natural. E é impossível reconstruir o comportamento de seus indivíduos e de seus grupos a partir dessas sobras.
Sociedades sem tradição são sistemas coletivos sem cultura. Estão submetidos às leis e às normas universais, impermeáveis à passagem do tempo das gerações.
Podemos dizer que sociedades sem cultura apenas acontecem com “animais sociais”.
Para Roberto Da Matta, é necessário distinguir o conceito de cultura do conceito de sociedade. Para tanto, o primeiro passo consiste em descartar a visão eclética segundo a qual os dois fenômenos são a mesma coisa. Nesse sentido, é correto afirmar que:
A cultura pode existir sem sociedade, embora não possa existir uma sociedade sem cultura.
Uma se reflete na outra, uma é o espelho da outra, mas nunca uma pode reproduzir integralmente a outra.
4ª AULA
Literatura "etnográfica" sobre a diversidade cultural (séculos XVI-XIX)
Até o século XIX, o saber antropológico esteve presente nos relatos de viagens dos cronistas, viajantes, soldados, missionários e comerciantes que discutiam, em relação aos povos que conheciam, a maneira como estes viviam a sua condição humana, como cultivavam os seus hábitos, suas normas, suas características, como interpretavam os seus mitos, os seus rituais, a sua linguagem. São, principalmente, descrições das terras (fauna, flora, topografia) e dos povos "descobertos" (hábitos e crenças).
Nesse caso, temos os primeiros relatos sobre a alteridade.
Evolucionismo social
Marcada pela discussão evolucionista, a antropologia do Século XIX privilegiou o Darwinismo Social, que considerava a sociedade europeia da época como o apogeu de um processo evolucionário, em que as sociedades aborígines eram tidas como exemplares “mais primitivos”.
Os temas e conceitos trabalhados pelo Evolucionismo Social estão relacionados à unidade psíquica do homem, à crença de que as sociedades evoluíram das mais "primitivas" para as mais "civilizadas", à busca das origens (perspectiva diacrônica) e ao desenvolvimento de estudos de parentesco, religião e organização social. Essa escola também é marcada pela substituição do conceito de raça pelo de cultura.
 Escola sociológica francesa (século XIX)
A partir da obra de Émile Durkheim, os fenômenos sociais passaram a ser definidos como objetos de investigação socioantropológica. Apenas com a publicação do seu livro "As regras do Método Sociológico", em 1895, que começou-se a pensar que os fatos sociais seriam muito mais complexos do que se pretendia até então.
No final do século XIX, juntamente com Marcel Mauss, Durkheim se debruça nas representações primitivas, estudo que culminará na obra "Algumas formas primitivas de classificação", publicada em 1901. É neste momento que inaugura-se então a denominada "linhagem francesa" na Antropologia.
A característica marcante dessa escola é a definição dos fenômenos sociais como objetos de investigação socioantropológica. Os principais temas e conceitos com os quais trabalha dizem respeito à ideia das representações coletivas, aos conceitos de solidariedade orgânica e mecânica, e às formas primitivas de classificação (totemismo).
É marcada pela busca do fato social total (biológico + psicológico + sociológico) e pela sustentação da troca e da reciprocidade como fundamentos da vida social (dar, receber, retribuir).
MO
Funcionalismo (século XX – anos 20)
O Funcionalismo também se inspirava na obra de Durkheim e advogava um estreito paralelismo entre as sociedades humanas e os organismos biológicos (na forma de evolução e conservação), porque, em ambos os casos, a harmonia dependeria da interdependência funcional das partes.
As funçõeseram analisadas como obrigações, nas relações sociais. A função sustentaria a estrutura social, permitindo a coesão fundamental dentro de um sistema de relações sociais.
As principais características dessa Escola são o modelo de etnografia clássica (Monografia), a ênfase no trabalho de campo (Observação participante) e a prática da sistematização do conhecimento acumulado sobre uma cultura. Os temas e conceitos que sustentam o Funcionalismo estão baseados na direção do estabelecimento da Cultura como totalidade e no interesse pelas Instituições e suas funções para a manutenção da totalidade cultural.
Culturalismo norte-americano (século XX – anos 30)
Também conhecida como particularismo histórico, esta escola estadunidense rejeita, de maneira marcante, o evolucionismo que dominou a antropologia durante a primeira metade do século XX.
O debate proposto por esta corrente gira em torno da ideia de que cada cultura tem uma história particular e que a difusão cultural se processa em várias direções. Cria-se o conceito de relativismo cultural enxergando a evolução como fenômeno que pode decorrer do estado mais simples para o mais complexo.
As principais características da escola estadunidense são o denominado método comparativo, a busca de leis no desenvolvimento das culturas e no estudo da relação entre cultura e personalidade. Sustenta-se pela ênfase na construção e identificação de padrões culturais (patterns of culture) ou estilos de cultura (ethos).
Estruturalismo (século XX – anos 40)
Também denominado como Antropologia estrutural, o Estruturalismo nasce na década de 40, tendo como grande teórico Claude Lévi-Strauss.
Essa escola centraliza o debate na ideia de que existem regras estruturantes das culturas na mente humana e assume que estas regras constroem pares de oposição para organizar o sentido.
Para fundamentar o debate teórico, Lévi-Strauss recorre a duas fontes principais: a corrente psicológica criada por Wilhelm Wundt e o trabalho realizado no campo da linguística, por Ferdinand de Saussure, denominado Estruturalismo. Influenciaram-no, ainda, Durkheim, Jakobson (teoria linguística), Kant (idealismo) e Marcel Mauss.
Antropologia interpretativa (século XX – anos 60)
Fundada por Clifford Geertz, também é denominada como antropologia hermenêutica. Uma das metáforas preferidas para definir a antropologia interpretativa é a leitura das sociedades enquanto textos ou como análogas a textos.
A antropologia interpretativa analisa a cultura como hierarquia de significados, pretendendo que a etnografia seja uma "descrição densa", de interpretação escrita, cuja análise torne-se possível por meio de uma inspiração hermenêutica. Para isso, é crucial a compreensão da leitura que os "nativos" fazem de sua própria cultura.
Antropologia pós-moderna ou crítica (século XX – anos 80)
Na década de 80, o debate teórico na Antropologia ganhou novas dimensões. Muitas criticas às outras escolas surgiram, questionando o método e as concepções antropológicas.
No geral, esse debate privilegiou algumas ideias: a primeira delas é que a realidade é sempre interpretada, ou seja, vista sob uma perspectiva subjetiva do autor. Portanto, a antropologia seria uma interpretação de interpretações.
A Antropologia contemporânea privilegia a discussão acerca do discurso antropológico, mediado pelos recursos retóricos presentes no modelo das etnografias; politiza a relação observador-observado na pesquisa antropológica, questionando a utilização do "poder' do etnógrafo sobre o "nativo". É marcada também pela consistente crítica aos paradigmas teóricos e da "autoridade etnográfica" do antropólogo.
A5
5ª AULA
O conceito de cultura
Diversidade cultural
Desde a antiguidade, tem-se tentado explicar as diferenças de comportamento entre os homens, a partir das diversidades genéticas ou geográficas. Atualmente, esta é uma ideiacientificamente refutada. As características biológicas não são determinantes das diferenças culturais.
Se uma criança brasileira for criada na França, por exemplo, ela crescerá como uma francesa, aprendendo a língua, os hábitos, as crenças e os valores dos franceses.
 O ambiente físico também não explica a diversidade cultural.
Os lapões e os esquimós, por exemplo, vivem em ambientes muito semelhantes os lapões habitam o norte da Europa, e os esquimós, o norte da América. Era de se esperar que eles tivessem comportamentos semelhantes, mas seus estilos de vida são bem diferentes.
Antecedentes históricos do conceito de cultura
Desde o final do século XVII, o termo germânico kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. Ambos os termos foram sintetizados por Edward Tylor (1832-1917) no vocábulo inglês culture.
"tomado em seu amplo sentido etnográfico [culture] é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade."
(LARAIA, 2005).
Com essa definição, Tylor abrangia em uma só palavra todas as possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos. O conceito de cultura, pelo menos como utilizado atualmente, foi, portanto, definido pela primeira vez por Tylor. No entanto, o que ele fez foi formalizar uma ideia que vinha crescendo na mente humana.
Escola evolucionista
Na época histórica de seu aparecimento como ciência, a antropologia sofreu a influência da ideia dominante no mundo científico: o evolucionismo, consagrado pela publicação de A origem das espécies, deCharles Darwin, em 1859.
Por isso, na segunda metade do século XIX, a nascente ciência concebeu os diferentes grupos humanos como sujeitos em desenvolvimento. Acreditavam que as distintas sociedades evoluiriam todas na mesma direção, passando por etapas e fases de desenvolvimento e diferenciação cultural inevitáveis e escalonadas, seguindo uma transformação que levaria do simples ao complexo, do homogêneo ao heterogêneo, do irracional ao racional.
a cultura é o conjunto de saberes adquiridos e compartilhados pelos homens em sem processo histórico.
6ª AULA
Do ponto de vista antropológico, a primeira definição de cultura foi formulada por Edward Tylor.
No primeiro parágrafo de seu livro Primitive culture (1871), Tlylor procurou demonstrar que cultura pode ser objeto de um estudo sistemático, pois trata-se de um fenômeno natural que possui causas e regularidades, permitindo um estudo objetivo e uma análise capazes de proporcionar a formulação de leis sobre o processo cultural e a evolução.
Por um lado, a uniformidade que tão largamente permeia entre as civilizações pode ser atribuída, em grande parte, a uma uniformidade de ação de causas uniformes, enquanto, por outro lado, seus vários graus podem ser considerados como estágios de desenvolvimento ou evolução..."
Tylor buscava apoio nas ciências naturais, pois considerava a cultura como um fenômeno natural e, vivendo na segunda metade do século XIX, se defrontava com a ideia da natureza sagrada do homem.
Mais do que a preocupação com a diversidade cultural, Tylor preocupava-se com a igualdade existente na humanidade. A diversidade era explicada por ele como o resultado da desigualdade de estágios existentes no processo de evolução.
Deve-se observar que a produção de Tyler ocorreu no mesmo período em que a Europa impactava-se com o livro A origem das espécies, de Charles Darwin. Logo, a recente Antropologia foi dominada pela estreita perspectiva do evolucionismo unilinear, e a década de 1960 do século XIX foi rica em trabalhos com essa orientação.
Uma série de estudiosos tentou analisar, sob esse prisma, o desenvolvimento das instituições sociais, buscando, no passado, as explicações para os procedimentos da atualidade.
Franz Boas e o Método comparativo
A principal reação ao evolucionismo, denominada Método comparativo, inicia-secom Franz Boas (1858-1949). A sua crítica ao evolucionismo está disposta em seu artigo "The Limitation of the Comparative Method of Anthropology, no qual atribuiu à antropologia a execução de duas tarefas:
1 -reconstrução da história de povos ou regiões particulares
2- comparação da vida social de diferentes povos, cujo desenvolvimento segue as mesmas leis
Antes disto, insistiu na necessidade de ser comprovada, antes de tudo, a possibilidade de os dados serem comparados. E propôs, em lugar do método comparativo puro e simples, a comparação dos resultados obtidos através dos estudos históricos das culturas simples e da compreensão dos efeitos das condições psicológicas e dos meios ambientes.
Kroeber e o estudo sobre o homem e a cultura
Alfred Kroeber, em seu artigo O Superorgânico (1949), mostrou como a cultura atua sobre o homem, ao mesmo tempo em que se preocupou com a discussão de uma série de pontos controversos, pois suas explicações contrariam um conjunto de crenças populares. Como o próprio título de seu trabalho indica, Kroeber procurou demonstrar que, graças à cultura, a humanidade distanciou-se do mundo animal. Mais do que isso, o homem passou a ser considerado um ser que está acima de suas limitações orgânicas.
A preocupação de Kroeber era evitar a confusão, ainda tão comum, entre o orgânico e o cultural. Para isso, ele mostrou que o homem criou o seu próprio processo evolutivo no decorrer de sua história e, sem se submeter a modificações biológicas radicais, ele tem sobrevivido a numerosas espécies, adaptando-se às mais diferentes condições naturais.
01
A cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do homem e justifica as suas realizações.
02
O homem age de acordo com os seus padrões culturais, e seus instintos foram parcialmente anulados pelo longo processo evolutivo pelo qual passou.
03
A cultura é o meio de adaptação aos diferentes ambientes ecológicos. Ao invés de modificar o seu aparato biológico para isso, o homem modifica o seu equipamento superorgânico.
04
Em decorrência da afirmação anterior, o homem foi capaz de romper as barreiras das diferenças ambientais e transformar toda a terra em seu habitat.
05
Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que agir através de atitudes geneticamente determinadas.
06
Como já era do conhecimento da humanidade, desde o Iluminismo, é o processo de aprendizagem (socialização ou endoculturação) que determina o seu comportamento e a sua capacidade artística ou profissional.
07
A cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores. Esse processo limita ou estimula a ação criativa do indivíduo.
Em relação à cultura, Kroeber ainda destaca o conceito de gênio. De acordo com ele, ao gênios são indivíduos altamente inteligentes que têm a oportunidade de utilizar o conhecimento existente ao seu dispor, construído pelos participantes vivos e mortos de seu sistema cultural e criar um novo objeto ou uma nova técnica.
Nessa classificação, podem ser incluídos os indivíduos que fizeram as primeiras invenções, tais como o primeiro homem que produziu: o fogo através do atrito da madeira seca, o arco e a flecha, a primeira máquina capaz de ampliar a força muscular etc.
: 
7ª AULA
A origem da cultura
Como o homem adquiriu este processo extrassomático denominado de cultura que o diferenciou de todos os animais e lhe deu um lugar privilegiado no planeta? A resposta se deve a alguns fatores, tais como:
 Leslie White afirma que a passagem do estado animal para o humano ocorreu quando o cérebro do ser humano foi capaz de gerar símbolos. De acordo com ele:
01 -Toda cultura depende de símbolos. É o exercício da faculdade de simbolização que cria cultura, e o uso de símbolos que torna possível o seu perpetuação. Sem o símbolo, não haveria cultura, e o homem seria apenas animal, não um ser humano.
02 - O comportamento humano é o comportamento simbólico. Uma criança do gênero Homo torna-se humana somente quando é introduzida e participa da ordem de fenômenos superorgânicos que é a cultura. E a chave deste mundo, e o meio de participação nele, é o símbolo.
03- Todos os símbolos devem ter uma forma física, pois do contrário não podem penetrar em nossa experiência. No entanto, o seu significado não pode ser percebido pelos sentidos, ou seja, para perceber o significado de um símbolo, é necessário conhecer a cultura que o criou
O homem não é apenas o produtor da cultura, mas, também, num sentido especificamente biológico, o produto da cultura. A cultura desenvolveu-se simultaneamente com o próprio equipamento biológico que caracteriza a espécie humana, ou seja: bipedismo, volume cerebral, uso das mãos e produção de cultura.biológico que caracteriza a espécie humana, ou seja: bipedismo, volume cerebral, uso das mãos e prod
Teorias modernas sobre cultura
Uma das tarefas da antropologia moderna tem sido a reconstrução do conceito de cultura, fragmentado por numerosas reformulações. Apresentaremos o esquema elaborado pelo antropólogo Roger Keesing em seu artigo Theories of Culture (1974), no qual classifica as tentativas modernas de obter uma precisão conceitual.
A teoria idealista de cultura de Keesing se divide em três diferentes abordagens:
Cultura como sistemas cognitivos
Baseia-se na análise de modelos construídos pelos membros da comunidade a respeito do próprio universo.p
 Cultura como sistemas estruturais
Tem como mais importante representante Lévi-Strauss, que define cultura como um sistema simbólico, que é uma criação acumulativa da mente humana. O seu trabalho tem sido o de descobrir, na estruturação dos domínios culturais (mito, arte, parentesco e linguagem), os princípios da mente que geram essas elaborações culturais.
a espécie humana, ou seja: bipedis
Cultura como sistemas simbólicos
É a posição desenvolvida nos Estados Unidos, principalmente pelos antropólogos Clifford Geertz e David Schneider.
Como conclusão, podemos afirmar que essa discussão cnão pode ser esgotada aqui, e que "uma compreensão exata do conceito de cultura significa a compreensão da própria natureza humana, tema perene da incansável reflexãochumana." (LARAIA, 2005)
Exercício
1. Quais foram os fatores que permitiram ao homem diferenciar-se dos animais e produzir cultura?
A visão tridimensional; o cérebro mais volumoso e complexo (inteligência humana); a utilização das mãos (habilidade manual) e o bipedismo (posição ereta). 
2. De acordo com Leslie White, quando ocorre a passagem do estado animal para o humano? 
No momento em que o cérebro do ser humano foi capaz de gerar símbolos.
 3. Como é dividida a teoria idealista de cultura de Keesing?, v
A teoria idealista de cultura de Keesing se divide em três diferentes abordagens: cultura como sistemas cognitivos, cultura como sistemas simbólicos e cultura como sistemas estruturais. 
4. De acordo com Laraia, como podemos ter uma compreensão exata do conceito de cultura? 
A compreensão exata do conceito de cultura apenas se esgotaria com a compreensão da própria natureza humana. 
O
8ª AULA 
8
A Visão de Mundo do Homem: Cultura e Etnocentrismo
A visão de cultura condiciona a visão de mundo do homem
No livro O Crisântemo e a Espada (1972), Ruth Benedict diz que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas.
A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. Por isso, discriminamos o comportamento desviante.
O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado da operação de uma determinada cultura.
Portanto, podemos entender o fato de que indivíduos de culturas diferentes podem ser facilmente identificados por uma sériede características, tais como o modo de agir, vestir, caminhar, comer, sem mencionar a evidência das diferenças linguísticas, o fato de mais imediata observação empírica.
Mesmo o exercício de atividades considerado como parte da fisiologia humana pode refletir diferenças de cultura, como, por exemplo, o riso.
Dentro de uma mesma cultura, a utilização do corpo é diferenciada em função do sexo.
As mulheres sentam, caminham, gesticulam etc. de maneiras diferentes das do homem. Essas posturas femininas são copiadas pelos travestis.
Todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização do mesmo, ao invés de ser determinada geneticamente (todas as formigas de uma dada espécie usam os seus membros uniformemente), depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo.
Etnocentrismo
O homem vê o mundo através de sua cultura e tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.
O etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade ou mesmo a sua única expressão.
É comum assim a crença no povo eleito, predestinado por seres sobrenaturais para ser superior aos demais. Tais crenças contêm o germe do racismo, da intolerância e, frequentemente, são utilizadas para justificar a violência praticada contra os outros.produto da cultura. A cultura desenvolveu-se simultaneamente com o próprio equipamento biológico que carac espécie A dicotomia “nós e a outra” expressa em diferentes níveis a tendência de um povo se sobrepor ao outro.
Dentro de uma mesma sociedade, a divisão ocorre sob a forma de parentes e não parentes. Os primeiros são melhores por definição e recebem um tratamento diferenciado.
A projeção dessa dicotomia para o plano extra grupal resulta nas manifestações nacionalistas ou formas mais extremadas de xenofobia. O ponto fundamental de referência não é a humanidade, mas o grupo. Daí a reação, ou pelo menos a estranheza, em relação aos estrangeiros.
 A cultura e o plano biológico
A cultura interfere na satisfação das necessidades fisiológicas básicas e pode condicionar outros aspectos biológicos como, até mesmo, decisões sobre a vida e a morte dos membros do sistema.
Comecemos pela reação oposta ao etnocentrismo: a apatia.
Em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, numa dada situação de crise, os membros de uma cultura abandonam a crença nesses valores e, consequentemente, perdem a motivação que os mantém unidos e vivos.
Em nossa própria história, são encontrados diversos exemplos dramáticos do tipo de comportamento em que os membros de uma cultura perdem a motivação que os mantém unidos e vivos.
Os africanos removidos violentamente de seu continente (ou seja, de seu ecossistema e de seu contexto cultural) e transportados como escravos para uma terra estranha habitada por pessoas de fenotípica, costumes e línguas diferentes, perdiam toda a motivação de continuar vivos.
Entre os africanos removidos de seu continente, muitos cometiam suicídio e outros acabavam sendo mortos pelo mal que foi denominado de banzo. Traduzido como saudade, o banzo é, de fato, uma forma de morte decorrente da apatia.
 Podemos agora nos referir a um campo que vem sendo amplamente estudado: as doenças psicossomáticas. Essas doenças são fortemente influenciadas pelos padrões culturais.
 9ª AULA
Multiculturalismo e Diversidade Cultural
O multiculturalismo
Falar de multiculturalismo é falar do manejo da diferença em nossas sociedades. No entanto, isso ainda é pouco para definir as implicações do termo, que não remete apenas a um discurso em defesa da diversidade de formas de vida existentes nas sociedades contemporâneas mas também a um conjunto de aspectos fortemente ligados entre si e que carregam a marca de um processo contencioso.
Entre esses aspectos podemos citar:
A diversidade cultural
A respeito da diversidade cultural, há de se considerar que a crescente sensibilidade para o tema da diferença e sua articulação em termos socioculturais, sob a forma de uma reivindicação de direitos para grupos subordinados, se liga a um descentramento da cultura ocidental que assume duas modalidades paradoxais:
1
a matriz colonialista e imperialista
2
a recusa aos modelos modernizadores
Matriz colonialista e imperialista
A matriz colonialista difundiu-se mundo afora entre os séculos XVI e início do século XX, levando com ela modelos de organização social, desenvolvimento e mudança política que em larga medida se institucionalizaram no atual sistema de estados nacionais e numa economia mundial dominada inteiramente pelo capitalismo.
te biológico, o produto da cultura. A cultura desenvolveu-se simultaneamente com o próprio equipamento biológico que Práticas, valores e instituições historicamente construídas a partir da modernidade europeia e norte-americana se espalharam pelo mundo, tornaram-se ideais de progresso e emancipação, mas também se impuseram onde a resistência se fez mostrar. No processo imperialista, uma intrincada composição de agentes "metropolitanos" e locais encarregou-se de dobrar a resistência.
Isso acabou forjando uma uniformidade que atendia pelo apelo da Nação em busca de seu futuro no "mundo moderno", atribuindo lugares aos que se posicionavam (contra ou a favor) frente às formas concretas de implementação dos projetos de modernização.
Esse descentramento do Ocidente que leva ao modelo do estado nacional e à trajetória da modernização representa o grau zero das disputas multiculturais.
Recusa aos modelos modernizadores
A história do século XX foi acumulando uma crescente desconfiança, e a recusa aos modelos modernizadores sofre, a partir dos anos 60, grande pressão de movimentos sociais e intelectuais. Observa-se uma importante inflexão através desses movimentos de contestação política e cultural, ocorridos em várias partes do mundo, os quais contribuíram para deslegitimar, questionar e enfrentar a ideia hegemônica de Ocidente.
 Globalização
Mais recentemente, uma nova onda de expansão ocidental, capturada pela ideia de globalização, tem se formado. Embora o caráter desse processo seja altamente disputado, ele parece intensificar o duplo descentramento ao mesmo tempo em que reforça o paradoxo entre suas duas modalidades.
Ao mesmo tempo em que a globalização representa certa forma de interconexão e interpenetração entre regiões, estados nacionais e comunidades locais que está marcada pela hegemonia do capital e do mercado, ela também se faz acompanhar por uma potencialização da demanda por singularidade e espaço para a diferença e o localismo.
 O discurso multiculturalista, neste sentido, beneficia-se de como impulsiona a globalização, embora em direções nem sempre favoráveis às falas dominantes sobre a mesma.
Como já dissemos, sob diversas formas, o multiculturalismo está envolvido num contencioso, numa disputa que vai além do manejo de uma diversidade que simplesmente se dá como mera constatação empírica.
Para além ou na base das demandas lançadas ao Estado, ao mercado e a outros atores sociais, há movimentos de retorno ao passado, de reconstrução ou de invenção de identidades coletivas. Além disso, há cobranças por redefinição de padrões societários. E esses movimentos disputam entre si ou articulam-se de formas surpreendentes, mas também instáveis e parciais.
Observa-se uma vinculação das demandas multiculturais com a problemática dos direitos. O discurso sobre a legitimidade das diferenças e a necessidade de reparação tem aparecido, simultaneamente, como uma tentativa de "pacificar" o caráter mais "truculento" da emergência desses novos atores sociais que postulam uma identidade de base cultural e de aprofundamento da disputa, uma vez que claramente há reivindicações de poder envolvidas.
O interculturalismo
1
intraculturalismo
Fenômeno que ocorre quando umacultura assimila completamente outra.
2
interculturalismo
Refere-se à interação entre culturas de uma forma recíproca, favorecendo o seu convívio e integração numa relação baseada no respeito pela diversidade e no enriquecimento mútuo.
A expressão interculturalismo também define um movimento que tem como ponto de partida o respeito pelas outras culturas, superando as falhas de relativismo cultural, ao defender o encontro, em pé de igualdade, entre todas elas.
Dado que não se pode considerar que qualquer cultura tenha atingido o seu total desenvolvimento, o diálogo entre os povos de diferentes culturas é o meio de possibilitar o enriquecimento mútuo de todas elas. Assim, o interculturalismo propõe que se aprenda a conviver num mundo pluralista e se respeite e defenda a humanidade no seu conjunto.
No entanto, seus opositores defendem que, quando adotado na prática, o interculturalismo pode ser danoso às sociedades e particularmente nocivo às culturas nativas.
É necessária a existência de valores interculturais para podermos viver em conjunto, isto é, chegarmos a consenso e a um conjunto de valores universalmente respeitados, tais como a tolerância, a aceitação e o respeito mútuos. Hum
10ana, ou seja: bipedismo, volume cerebral, uso das mãos e produção de cultura. O homem não é apenas o produtor da cult, 10ª AULA
 
Desafios ao multiculturalismo: o lugar da identidade no contexto global
Seria preciso admitir que a emergência da identidade como preocupação, como reação ou como projeto já estava implicada num movimento de proporções internacionais. Durante os anos 80 e 90, as demandas multiculturais tomaram-se decididamente globais em sua extensão e disseminação.
Assim como o terreno da globalização é disputado, também o é o das identidades coletivas passíveis de constar na lista dos atores "legítimos" do multiculturalismo.
Mais do que uma emergência pura e simples, tomando a forma de diferenças cuja positividade seria indisputável, as identidades reivindicadoras de práticas multiculturais estão simultaneamente em processo de construção e em disputa pelo reconhecimento dos agravos e cenários onde sua postulação cobra ares de objetividade incontestável.
O fato, porém, de que não podemos simplesmente escolher quais manifestações identitárias poderiam fazer parte da “listapor nos parecerem mais aceitáveis ou progressistas – , e de que há identidades reativas, intolerantes e fechadas em si mesmas, nos adverte para alguns desafios que, postos a estas identidades, estendem-se também às chamadas "novas identidades" e ao multiculturalismo.
Multiculturalismo no Brasil
A miscigenação dos credos e culturas ocorrem no Brasil desde os tempos da colonização. Uma das principais características da cultura brasileira é esta diversidade.
O processo imigratório teve grande importância para a formação desta cultura. O Brasil incorpora em seu território culturas de todas as partes do mundo. Podemos dizer que este processo de imigração começou em 1530 quando os portugueses deram início à colonização do Brasil.
Os primeiros imigrantes não-portugueses que vieram para o Brasil foram os africanos, que eram utilizados como escravos nas lavouras de café.
Graças ao rápido desenvolvimento das plantações de café, no Brasil colonização intensificou-se a partir de 1818, quando para cá vieram imigrantes de fora de Portugal à procura de oportunidades.
Vieram entre outros:
· alemães;
· eslavos;
· italianos;
· árabes;
· turcos;
· japoneses e
· suíços.
O caso brasileiro é complexo, porque aqui se desenvolveu um processo colonizador cuja característica fundamental foi a mestiçagem cultural. A riqueza cultural e étnica do país não é levada em consideração no quotidiano, tendendo ao estereótipo e à disseminação de preconceitos.
· desafio da abertura: Tradicionalmente, a ideia de identidade era associada a um "seu-próprio" que não se dividia com outros, que se pretendia proteger dos outros e que determinava uma uniformidade interna entre os "portadores" de tais atributos.
· desafio da reflexividade: A "ameaça" de invasão, destruição ou subordinação que a inserção nos fluxos globais representa para as identidades localistas ou a resposta ao desafio da abertura tem cobrado que a identidade trabalhe sobre si mesma: recomponha-se, investigue-se, critique a si mesma e elabore estratégias para sua atuação e suas relações com outras.
· desafio da política: As identidades são construções tanto no sentido histórico, como no sentido da ação estratégica; elas são o resultado de uma série de operações e investimentos coletivos.
· desafio do pluralismo: O desafio está na produção de uma tolerância ativa das diferenças no contexto da "consciência possível" da comunidade nacional, da cultura regional e local , ou seja, assumindo-se que nunca será possível tolerar todas as diferenças, nem impedir que o intolerável reapareça.
O caso brasileiro é complexo, porque aqui se desenvolveu um processo colonizador cuja característica fundamental foi a mestiçagem cultural. A riqueza cultural e étnica do país não é levada em consideração no quotidiano, tendendo ao estereótipo e à disseminação de preconceitos. Os nordestinos, por exemplo, são tidos como ignorantes no sul do país, como "gente" inferior, pouco inteligente, feita para o trabalho braçal ou outros sem qualificação que exija cultura e quociente intelectual razoável.
1ª AULA
 
ANTROPOLOGIA
 
Significa estudo do homem
 
Campos da Antropologia 
–
 
biológicos, socioculturais, arqueológicos ou linguísticos 
–
, articulam
-
se entre si em busca da 
compreensão do homem, da humanidade e de suas produções.
 
A princípio, a antropologia 
dividiu
-
se em duas principais áreas de estudo: a biológica e a cultural, as duas dimensões básicas do 
ser humano.
 
Sendo assim, temos como principais subcampos da antropologia a Antropologia Biológica e a Antropologia Cultural. 
Posteriormente, devido a razõ
es práticas, mais duas áreas ganharam destaque o suficiente para ganharem espaço como 
subcampos propriamente ditos: a Arqueologia e a Antropologia Linguística. E, ainda, ultimamente, temos a Antropologia 
Aplicada.
 
Antropologia biológica
 
A Antropologia 
biológica procura compreender o homem como ser biológico, estudando principalmente sua origem, sua 
evolução, suas variações e sua constituição física. Busca desenvolver um conhecimento antropológico com ênfase nas 
características físico
-
biológicas das popu
lações humanas, tanto antigas como modernas, levando em conta também a interação 
entre biologia e cultura, ou seja, o ser humano como um organismo biológico dotado de capacidade simbólica num contexto 
sociocultural.
 
·
 
Antropologia biológica possui os seguint
es subcampos:
 
·
 
Paleoantropologia(estudo dos hominídeos antigos, com base em seus fósseis e artefatos);
 
·
 
Antropologia forense (aplicação da antropologia biológica no âmbito legal)
 
·
 
Osteologia (estudo dos ossos);
 
·
 
Antropologia nutricional (estudo baseado na nutr
ição humana);
 
·
 
Primatologia (estudo dos primatas);
 
·
 
Genética das populações humanas;
 
·
 
Variação biológica humana;
 
·
 
Paleopatologia(patologia dos antigos hominídeos);
 
·
 
Bioarqueologia.
 
Antropologia sociocultural
 
A antropologia sociocultural estuda as adaptações 
socioculturais dos grupos humanos, tanto contemporâneos quanto 
extintos, aos diversos estímulos que encontraram no decorrer de sua história. Em outras palavras, a antropologia cultural 
estuda a diversidade cultural humana, sejam elas contemporâneas ou exti
ntas, procurando compreender o homem enquanto 
ser cultural e social. É também denominada de Antropologia Social, Antropologia Cultural ou Etnologia.
 
O foco está no estudo principalmente de sua produção cultural, agrupamentos e relações sociais, comportamen
to e 
desenvolvimento social.
 
A antropologia sociocultural possui, entre outros subcampos:
 
·
 
Antropologia da música e Etnomusicologia;
 
·
 
Antropologia das religiões;·
 
Mitologia;
 
·
 
Antropologia histórica;
 
1ª AULA 
ANTROPOLOGIA 
Significa estudo do homem 
Campos da Antropologia – biológicos, socioculturais, arqueológicos ou linguísticos –, articulam-se entre si em busca da 
compreensão do homem, da humanidade e de suas produções. 
A princípio, a antropologia dividiu-se em duas principais áreas de estudo: a biológica e a cultural, as duas dimensões básicas do 
ser humano. 
Sendo assim, temos como principais subcampos da antropologia a Antropologia Biológica e a Antropologia Cultural. 
Posteriormente, devido a razões práticas, mais duas áreas ganharam destaque o suficiente para ganharem espaço como 
subcampos propriamente ditos: a Arqueologia e a Antropologia Linguística. E, ainda, ultimamente, temos a Antropologia 
Aplicada. 
Antropologia biológica 
A Antropologia biológica procura compreender o homem como ser biológico, estudando principalmente sua origem, sua 
evolução, suas variações e sua constituição física. Busca desenvolver um conhecimento antropológico com ênfase nas 
características físico-biológicas das populações humanas, tanto antigas como modernas, levando em conta também a interação 
entre biologia e cultura, ou seja, o ser humano como um organismo biológico dotado de capacidade simbólica num contexto 
sociocultural. 
 Antropologia biológica possui os seguintes subcampos: 
 Paleoantropologia(estudo dos hominídeos antigos, com base em seus fósseis e artefatos); 
 Antropologia forense (aplicação da antropologia biológica no âmbito legal) 
 Osteologia (estudo dos ossos); 
 Antropologia nutricional (estudo baseado na nutrição humana); 
 Primatologia (estudo dos primatas); 
 Genética das populações humanas; 
 Variação biológica humana; 
 Paleopatologia(patologia dos antigos hominídeos); 
 Bioarqueologia. 
Antropologia sociocultural 
A antropologia sociocultural estuda as adaptações socioculturais dos grupos humanos, tanto contemporâneos quanto 
extintos, aos diversos estímulos que encontraram no decorrer de sua história. Em outras palavras, a antropologia cultural 
estuda a diversidade cultural humana, sejam elas contemporâneas ou extintas, procurando compreender o homem enquanto 
ser cultural e social. É também denominada de Antropologia Social, Antropologia Cultural ou Etnologia. 
O foco está no estudo principalmente de sua produção cultural, agrupamentos e relações sociais, comportamento e 
desenvolvimento social. 
A antropologia sociocultural possui, entre outros subcampos: 
 Antropologia da música e Etnomusicologia; 
 Antropologia das religiões; 
 Mitologia; 
 Antropologia histórica;

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