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Infecções de vias aéreas inferiores Diagnóstico diferenciais Layane Silva VIAS AÉREAS INFERIORES: parte localizada abaixo da laringe, inclui: traqueia, brônquios e pulmões. anatomia o coronavírus já era descrito, mas sofreu mutação e mudou sua infectividade, produzindo um quadro mais exuberante, bem como sua capacidade de transmissão. entre os agentes menos frequentes estão: varicela-zóster, enterovírus, citomegalovírus, Epstein-Barr virus, herpes simples, vírus da caxumba e do sarampo e hantavírus - o metapneumovírus humano, o bocavírus e o SARS-CoV-2 (associado à SARA grave). a pesquisa usual de vírus cobre os mais comuns: VSR, influenza e, mais recentemente, coronavírus, sendo esse o “painel viral completo” encontrado no SUS, mas não é feito de rotina - sendo mais comum em hospitais particulares no sul e sudeste. Os vírus são os principais agentes etiológicos das infecções de vias aéreas no geral, inclusive das pneumonias, em crianças < 5 anos, sendo os principais: vírus sincicial respiratório (agente da bronquiolite viral aguda), influenza, parainfluenza, adenovírus e rinovírus - por serem os mesmos vírus das IVAS, em um quadro de tosse, febre e taquipneia (pneumonia) precedida por um quadro gripal simples suspeita-se de uma infecção viral que “desce” para o trato respiratório inferior a depender da resposta imune. etiologia As infecções respiratórias agudas (IRA) são as patologias mais frequentes na infância, compreendem �⁄� de todas as doenças e mortes entre crianças nos países em desenvolvimento, sendo que 2-3% das IRA evoluem para infecção do parênquima pulmonar, sendo que 10-20% dessas evoluirão para óbito por não terem tido acesso ao tratamento adequado em tempo hábil ou durante internação hospitalar. A maior causa de óbito nas infecções de trato respiratório é a pneumonia, são 4 milhões de < 5 anos de idade que morrem por ano nos países em desenvolvimento - em 2017, 800 mil crianças morreram de pneumonia, esses números, no entanto, caíram em comparação aos anos anteriores, nos quais eram 15 milhões de mortes por IRA e 3 milhões por pneumonia. epidemiologia A OMS estabeleceu protocolos a serem seguidos para as IVAI, principalmente pneumonia, de maneira mais incisiva. No Brasil, IRA é a primeira causa de internamento e a segunda causa de óbito em crianças < 5 anos, logo após mortes causadas por acidentes. Porque os números caíram? Incluem desnutrição, baixa idade, baixo peso ao nascer, história de pneumonia, cardiopatias, fibrose cística, baixas condições socioeconômicas, condições sanitárias e de higiene precárias – baixa cobertura vacinal, desmame precoce e poluentes intradomiciliares. fatores de risco espera-se que uma criança que frequenta escola/creche adoeça cerca de 8-12 vezes por ano com IVAS, geralmente concentrando-se no período de maio-julho. O intuito de colocar o filho em uma creche é principalmente permitir que ambos os pais trabalhem, essa situação é a realidade predominante no nosso país, mas não seria o ideal, pois essa ida precoce à creche deixa a criança mais exposta, aumentando a frequência de IVAS e, pela imaturidade do sistema respiratório nessa idade (via aérea menos calibrosa, tosse inefetiva, movimento mucociliar menos coordenado), evoluindo para IVAI. permanência em creche Considerando o sistema imunológico das crianças, seria 4 anos, pois a partir desse momento a probabilidade e/ou frequência de IVAS cai drasticamente, contudo, do ponto de vista do desenvolvimento neuropsicomotor, a interação social e o brincar dessa criança na creche/escola (por volta dos 2 anos de idade) é importante para a aquisição de habilidades, como motricidade grosseira e fina. idade ideal para frequentar creche Até os 5 anos, o risco para infecção por pneumococo (Streptococcus pneumoniae) é alta, por isso o calendário vacinal contempla os principais germes, a vacina anti- pneumocócica era 7-valente, passou a ser 10-valente pelo sus e até 13-valente em alguns particulares - o que diferencia é a quantidade de sorotipos na vacina - essa ampliação determinou uma diminuição da ocorrência de pneumonias nessa população, principalmente as pneumonias complicadas. Outra vacina importante é contra a Haemophilus influenzae (tipo B), presente na pentavalente. programa nacional de imunização Layane Silva Sintoma frequentemente encontrado na prática pediátrica, sendo o principal sintoma associado aos quadro de vias aéreas inferiores - crianças saudáveis apresentam até 11 episódios de tosse a cada 24 horas, mesmo na ausência de doenças do trato respiratório - causa angústia, pois afetam negativamente o sono, e preocupação nos pais pelo medo da criança morrer asfixiada ou ser portador de doença pulmonar permanente - além de estar relacionada com absenteísmo escolar e falta ao trabalho, sendo uma das principais causas de uso inadequado e desnecessário de medicação na faixa etária pediátrica. A tosse protege as vias aéreas das crianças, impede a entrada de microorganismos, corpos estranhos e alimentos e ajuda a remover as secreções, portanto, a tosse é um mecanismo que resguarda as vias aéreas - ela é, também, um sintoma presente em várias patologias, sendo considerada aguda até 2 semanas, subaguda até 4 semanas e crônica acima de 4 semanas. tosse Tossir é um importante reflexo de defesa do TR que visa eliminar secreções e agentes agressores das vias aéreas, em conjunto com o sistema mucociliar, células fagocitárias, enzimas e imunoglobulinas, forma uma barreira contra agressores que atingem o aparelho respiratório, assim, a tosse e o sistema mucociliar são os principais mecanismos de depuração para proteção das vias aéreas inferiores contra a entrada de partículas oriundas do meio ambiente. BENEFÍCIOS: eliminação das secreções das vias aéreas, proteção contra a aspiração de elementos, secreções e corpo estranho e proteção contra arritmias potencialmente fatais. MALEFÍCIOS: pode estar envolvida na disseminação de microrganismos presentes nas vias aéreas, possibilitando a transmissão de diversas doenças, e pode ser sintoma de alerta para doença pulmonar ou extrapulmonar grave. O ato de tossir é iniciado pela estimulação dos receptores da tosse localizados na mucosa das vias aéreas superiores, até a bifurcação dos brônquios de calibre médio, seios paranasais, conduto auditivo externo, membrana timpânica, pleura, pericárdio, diafragma, estômago e esôfago. mecanismo Os receptores da tosse estão localizados nas vias aéreas altas (laringe até carina) e nos brônquios, e podem ser estimulados por mecanismos químicos (gases), mecânicos (secreções, corpos estranhos), térmicos (mudanças bruscas de temperatura) e inflamatórios (asma, fibrose cística). Podem haver receptores para tosse na cavidade nasal e seios maxilares (N. trigêmeo aferente), faringe (N. glossofaríngeo aferente), canal auditivo externo e membrana timpânica, pleura, estômago (N. vago aferente), pericárdio e diafragma (N. frênico aferente), além do esôfago. Assim, a tosse pode ser desencadeada por receptores químicos sensíveis aos ácidos, ao calor e aos compostos capsaicina (maior sensibilidade das vias aéreas distais) e receptores mecânicos por meio do toque ou deslocamento de partículas (maior sensibilidade das vias aéreas proximais). Seus impulsos seguem via ramos aferentes transversais do N. vago para “centro da tosse” na medula e núcleo do trato solitarius, que está sob o controle dos centro corticais superiores - esse centro produz um sinal que se desloca pelos eferentes do vago, frênico e nervos motores espinhais até a musculatura expiratória para produzir a tosse, além de estimular os músculos do esfíncter pélvico, que contraem-se para evitar incontinência urinária. Se o paciente tem história de contato com irmão que adoeceu recentemente, deve-se mudar os agentes suspeitos para os da faixa etária do irmão (germes atípicos). germes por faixa etária na asma, ocorre broncorreatividade pela inflamação, sendo a tosse um sintoma originado de um mecanismo- reflexo do brônquio. atosse alérgica é desencadeada após o estímulo por um aeroalérgeno, geralmente naqueles pacientes que já possuem rinite alérgica ou outros quadros alérgicos prévios - nesse caso são utilizados antialérgicos, como anti-histamínicos. O mecanismo consiste em: (1) inspiração do ar, (2) contenção (“segurar”) o ar, e (3) expiração com alta pressão, o que empurra a secreção para cima para ser eliminada pela boca ou deglutida, impedindo-a de ir para o pulmão. Desse modo, está sob controle voluntário e involuntário, sendo dividido nas seguintes fases: Fase inspiratória: inalação rápida, que produz volume necessário para tosse eficaz. Fase compressiva: fechamento da laringe, combinado à contração dos músculos da parede torácica, diafragma e parede abdominal, resultando em aumento rápido da pressão intratorácica. Fase expiratória: a glote se abre, resultando em alto fluxo expiratório e no ruído característico da tosse, o fluxo elevado de ar traz o muco das vias aéreas de modo a promover sua remoção da árvore traqueobrônquica. i. fases do mecanismo Layane Silva aspirativas, alergias, história familiar de asma, dermatites, rinite, contato e/ou exposição a fatores ambientais, contato com doentes com tuberculose, bronquite, fibrose cística, discinesia ciliar, medicamentos utilizados (tempo de uso, resposta e efeito colateral). Questionar fatores de exposição ambiental, história de alergia parental e na criança, doenças respiratórias prévias, melhora com uso de medicamento e aspiração de corpo estranho, idade e circunstâncias de início, história neonatal, existência de malformações congênitas, sintomas associados à alimentação pela possibilidade de síndromes i. investigação diagnóstica a maior parte dos episódios de tosse em pré-escolares é causada por infecção respiratória e asma. Inclui quadros de tosse com evolução subaguda e crônica, aspiração de corpo estranho e asma dominante, deve-se excluir DRGE, gotejamento retronasal, sinusite e patologias menos frequentes se tosse intensa e/ou frequente, ou quando há indícios de atraso no crescimento, escarro purulento, colapso pela dispneia, hipoxemia, dor torácica ou hemoptise. ii. diagnóstico diferencial Inicialmente, é necessário estabelecer o tempo de duração da tosse (aguda, subaguda e crônica), características (seca - sem secreções, causada por asma, aspiração de corpo estranho e irritantes inalatórios; irritativa - pode ser paroxística, estridulosa e ladrante; produtiva - presença de secreção, ocorre em infecções virais, bacterianas, discinesia ciliar primária, fibrose cística, fístulas traqueoesofágicas, DRGE e infecções respiratórias recorrentes), eficácia (eficaz - desempenha sua função de toalete do aparelho respiratório pela maior fase inspiratória; ineficaz: presença de fatores que interfiram no reflexo da tosse ou alterem sua capacidade de limpeza da via respiratório, aumenta risco de atelectasia, pneumonia recorrente e doença crônica das vias aéreas por aspiração e retenção de secreções) - no começo, essa tosse pode vir associada a alguns sinais e sintomas e eles que vão indicar o mecanismo da tosse. história clínica Tipo, intensidade, interferência com o sono e outras atividades do dia, duração e aspecto da secreção (purulenta, sanguinolenta, piossanguinolenta, rósea, aquosa), volume expectorado por dia, eliminação de moldes brônquicos, horário preferencial (matinal, vespertina, noturna), fatores desencadeantes ou de piora, fatores de melhora, sinais e sintomas concomitantes e sinais e/ou sintomas de cardiopatia - com isso, a tosse pode ser classificada como específica (existência de indicadores que sugerem a presença de causa subjacente) ou inespecífica (tosse seca crônica sem indicadores específicos). iii. caracterização da tosse Layane Silva a criança com infecção respiratória perde muito líquido, por isso, deve-se reidratar o paciente, sem exagerar, uma vez que muito líquido também não é interessante. O exame físico deve incluir: análise do crescimento ponderoestatural, desenvolvimento neurológico e malformações da caixa torácica e do abdome, indícios de doença sistêmica, grave e crônica, e alterações dermatológicas, cardíacas e abdominais que sugiram doença sistêmica, semiologia respiratória (inspeção, palpação e ausculta). Um alimento que é frequentemente associado à asfixia em crianças, mas que é frequentemente oferecido: amendoim inteiro, em grão, pois é facilmente aspirado - abaixo dos 4 anos, apenas pasta de amendoim ou amendoim amassado. Sibilo: obstrução da via aérea, seja por broncorreatividade ou processo infeccioso. Crépito: produção de líquido intra alveolar (crépitos finos) ou presença de líquido na via aérea (crépitos grosseiros). Ronco: reverberação do ronco, ar entrando de maneira desordenada. (o ar entra de maneira fluida, em movimento circular até chegar o pulmão, se no meio do caminho há algo que faça o ar passar de maneira mais agitada, ocorre a reverberação) - o mais comum na pediatria é o ronco de transmissão, que ocorre quando há obstrução em via aérea superior e se escuta no pulmão, ou seja, a infecção não está lá, mas o som chega até lá. iv. diferença entre sibilo, crépito e ronco A tosse deve ser tratada quando incomoda o sono, sendo comum que a tosse piore à noite, pela questão gravitacional da posição de decúbito e diminuição da atividade de clearance mucociliar durante o sono. Na faixa pediátrica, há melhora com consumo de mel, que não é indicado abaixo de 1 ano, e é controverso seu uso abaixo dos 2 anos de idade pela quantidade de açúcar na composição. Assim, para crianças abaixo de 1 ano recomenda-se: lavagem nasal + fisioterapia respiratória para remoção mecânica da secreção. quando tratar? alguns desses xaropes são à base de codeína, que não é indicada para crianças pequenas. Em crianças < 1 ano não é indicado o uso de xarope, principalmente aqueles que alteram o sensório (ou seja, a maioria), além disso não faz sentido fluidificar a secreção de uma criança que não consegue expectorar, visto que a depuração em criança dessa idade é feita manualmente por um adulto, através da lavagem nasal com soro fisiológico. i. porque o xarope não funciona? Considerada a primeira infecção da criança, geralmente, é o primeiro episódio de “cansaço”/dispneia. bronquiolite viral aguda A partir do quinto dia, é comum que pacientes com IVAS apresentam desconforto respiratório, ou seja, há uma piora clínica e passem pela avaliação clínica, na qual o paciente geralmente está em bom estado geral, mas há ausculta rica (crépitos, roncos e sibilos) às custas de um pulmão reagente e inflamado, mas sem característica bacteriana. história clínica indicar fisioterapia se sinais de desconforto respiratório e, se não for possível realizar domiciliar, deve-se internar. Inclui “paciência, amor, carinho e fisioterapia”, ou seja, sem evidência de melhora após várias tentativas (corticoide, broncodilatador, nebulização hipertônica), manter apenas medidas de suporte: hidratação, alimentação equilibrada, repouso e fisioterapia respiratória. tratamento A síndrome do lactente chiador é a manifestação de um grupo heterogêneo de distúrbios respiratórios ou não, benignas e transitórias ou com evolução desfavorável e prognóstico mais grave, assim, o “bebê chiador” é a criança com < 2 anos que passa a ter > 3 episódios de sibilo após um quadro de infecção respiratória no período de 6 meses ou persistência do sintoma por > 1 mês, pode ser desencadeada por quadros virais ou por atividades. Sibilo: ruídos adventícios pulmonares agudos e contínuos, causados por obstrução parcial das grandes vias aéreas. sibilância recorrente pós-viral FATORES ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS - Imaturidade e formato da caixa torácica: diâmetro anteroposterior do tórax é semelhante ao latero-lateral, o que dificulta o movimento de elevação das costelas; a complacência aumentada dificulta manter o parênquima expandido, predispondo a atelectasia; a inserção do diafragma é mais horizontal, causando contração muscularmenos eficiente com aumento do trabalho respiratório. - Vias aéreas: aumento da resistência ao fluxo nas pequenas vias aéreas, predispondo a obstrução e colabamento, quando inflamadas ou expostas a irritantes, levando a hiperinsuflação pulmonar, alteração na relação ventilação- perfusão e aumento do trabalho respiratório. - Parênquima: há menos poros de comunicação entre os alvéolos (poros de Khon) e os bronquíolos alveolares (canais de Lambert), o que diminui a ventilação colateral e predispõe a atelectasia; o parênquima é mais rígido, o que aumenta o trabalho respiratório e predispõe a evolução para falência respiratória. FATORES IMUNOLÓGICOS A imaturidade do sistema imunológico no primeiro ano de vida, influenciada pelo potencial genético e por fatores ambientais e relacionados com o desenvolvimento infantil, implicam na suscetibilidade à sibilância. ANTECEDENTES FAMILIARES E PESSOAIS DE ATOPIA A presença de atopia é o fenótipo mais associado às formas mais graves de sibilância na infância. GÊNERO MASCULINO Há maior prevalência de sibilância entre meninos pelo menor tamanho das vias aéreas em relação ao tamanho dos pulmões e menor fluxo expiratório forçado no primeiro ano. INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS Crianças que tiveram IVAS no primeiro trimestre de vida tem maior risco de sibilância pelos menos 1 vez e de sibilância recorrente. BAIXA RENDA Observa-se maior exposição a fatores de risco ambientais. TABAGISMO PASSIVO E POLUIÇÃO AMBIENTAL O tabagismo passivo pré e/ou pós-natal representa maior risco, pois a exposição materna à fumaça de cigarro durante a gestação altera o desenvolvimento pulmonar fetal, causando diminuição da função pulmonar e aumentando o risco de sibilância nos primeiros anos de vida. fatores predisponentes A sibilância é produzida pela obstrução em grandes vias aéreas, quando o fluxo de ar, elevado nesses locais, passa por uma zona de semi obstrução, produzindo uma vibração na parede da via aérea que se transmite ao ar circundante, caracterizando som agudo contínuo (sibilo). Podem haver outras formas de obstrução como: compressão extrínseca de grandes vias aéreas por cistos, gânglios ou massas, obstrução intrínseca da via aérea por corpo estranho ou tumor e flacidez da via aérea por malacia congênita ou adquirida. fisiopatologia é uma das principais causas de encaminhamento e internação hospitalar, em 2017, houveram 1.117.779 internações hospitalares ocorreram em crianças < 5 anos. causa mais frequente de doença respiratória na hospitalização (31,5%), complicações perinatais (23,5%) e doenças infecciosas/parasitárias (14,7%). Sibilância com sinais de alerta para diagnóstico alternativo à asma Sibilância sem sinais de alerta para doença de base Há sinais de alerta como: sintomas no período neonatal, crises de sibilância mais graves com necessidade de ventilação mecânica, pneumonias recorrentes, desnutrição, engasgo e tosse de início súbito, diarréia crônica ou esteatorréia, vômitos e sintomas alimentares, contato com o bacilo da tuberculose ou sinais de imunodeficiência. Ao exame físico pode haver: comprometimento do estado nutricional, estridor, deformidade torácica, baqueteamento digital, sopro cardíaco ou outros sinais de doença consumptiva. Nesse caso, a abordagem diagnóstica tende a ser mais invasiva e específica para um dos grupos sindrômicos. Consiste no diagnóstico de asma, que perpassa avaliação das manifestações compatíveis com a asma, como episódios recorrentes de tosse, sibilos e dificuldade respiratória noturna e matinal, além de determinar a frequência, intensidade das crises e resposta a broncodilatadores, relato de internamentos prévios, histórico de atopia ou doenças respiratórias e condições do ambiente domiciliar. diagnóstico Corticóide inalatório, pode ser feito por nebulização, apesar da ausência de precisão na dose inspirada e na perda para o meio, além da dificuldade de manter a criança parada - pode-se também usar a bombinha, que, em < 7 anos, pode ser substituída pelo espaçador (máscara acoplada para que a criança inspire por cerca de 12 segundos). tratamento Significa “inflamação dos pulmões”, é uma doença do trato respiratório inferior causada por um agente infeccioso, causando inflamação dos tecidos de um ou de ambos os pulmões, e que traduz uma resposta do hospedeiro ao agente agressor. pneumonia 2015: estimativa de 921 mil mortes por PAC na infância; 2017: 800.000 crianças com < 5 anos de idade, a maioria delas em países de baixa e média renda, morreram secundariamente a uma infecção respiratória baixa; pneumonia que ocorre em crianças não hospitalizadas no último mês, não colonizadas por germes hospitalares e, sim, por aqueles provenientes do meio domiciliar, escolar e comunitário, é a causa mais comum de morbidade e mortalidade em bebês e crianças com < 5 anos, cuja prevenção consiste em vacinas conjugadas contra H. influenza tipo b e pneumococo, e estratégias de manejo, como as diretrizes da OMS para o Manejo Integrado de Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), causaram declínio constante na incidência e mortalidade por pneumonia. pneumonia adquirida na comunidade Layane Silva A infecção de via aérea inferior (IVAI) em bebês e crianças pode ser causada por vírus e bactérias, cuja prevalência é incerta pois a etiologia microbiana é determinada com pouca frequência, devido à dificuldade em diferenciar a infecção da colonização e, à falta de testes laboratoriais diagnósticos confiáveis. Os agentes etiológicos que causam pneumonia variam com a idade, doenças subjacentes, maturidade, condição do sistema imunológico, além das estações do ano (sazonalidade), destaca-se as infecções virais, principalmente vírus sincicial respiratória (VSR), identificados a partir da reação em cadeia da polimerase (PCR), entre as bactérias estão: Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Haemophilus influenzae tipo B (Hib) e Staphylococcus aureus (S. aureus). etiologia A etiologia bacteriana sofre alterações relacionadas com a idade: até 3 dias após o nascimento suspeita-se de pneumonia adquirida intraútero (estreptococos do grupo B, E.coli e L. monocytogenes), a partir dos 3 dias de vida considerar S. aureus, S. epidermidis e gram-negativos, entre 1-3 meses, lembrar da pneumonia afebril do lactente (Chlamydia trachomatis e Ureaplasma urealyticum), depois dos 3 meses identificá-se S. pneumoniae, H. influenza (tipo B e não tipável) e S. aureus, em pré-escolares há envolvimento do M. pneumoniae. Entre os vírus, destacam-se: vírus sincicial respiratório (VSR) - principal agente viral, identificado 15-40% dos casos de PAC ou bronquiolite com maior risco em < 2 anos, pode causar PAC isolada ou associada a outros vírus e/ou bactérias - influenza A e B (< ⅓ das PACs virais), parainfluenza 1, 2 e 3, adenovírus, metapneumovírus e bocavírus. As vias aéreas estão continuamente expostas a microrganismos que atingem as áreas mais distais por inalação ou aspiração, por isso, cabe ao epitélio das vias respiratórias a formação de uma barreira mecânica e um sistema sentinela para detecção dos patógenos e estimulação da resposta imunológica, estes mecanismos de depuração para proteção das vias aéreas com relação à entrada de partículas procedentes do meio externo são: clearance mucociliar e a tosse, a qual ocorre por meio do ato reflexo. Quando os macrófagos alveolares não eliminam os patógenos invasores, o estímulo antigênico persiste, ocorrendo liberação de citocinas, que atraem mais neutrófilos para o sítio de infecção - no caso da pneumonia fisiopatologia bacteriana, em geral, há história prévia de infecção respiratória alta que evolui com surgimento de febre elevada, calafrios, dor pleurítica e abdominal, cujos sinais se mantêm com a participação de citocinas (IL-1, TNF, IL-6, IL-8 e INF-alfa). Em resposta à lesão pulmonar direta, o TNF induz aumento da circulação do fluxo sanguíneo pulmonar, de permeabilidade vascular e d expressão das moléculas de adesão na superfície de pequenos vasos, levandoao influxo de polimorfonucleares (PMN) - reação caracterizada pela migração de PMN, componentes do complemento, mediadores da ação vascular e elementos da resposta imune adaptativa, assim, o ar presente nos alvéolos é substituído por exsudato inflamatório rico em proteínas e que contém microrganismos. Em seguida, ocorre congestão intensa dos capilares septais com aumento da permeabilidade capilar, seguida da mobilização de PMN e hemorragia interalveolar (hepatização vermelha), além da presença de leucócitos onde havia ar, surge edema da mucosa, que leva à oclusão parcial dos brônquios e alvéolos, resultando em diminuição da pressão de oxigênio alveolar, que leva à hipoventilação com desequilíbrio da ventilação- perfusão e hipoxemia arterial. A avaliação inicia pela história clínica em busca da etiologia e a reavaliação a cada 2 dias é OBRIGATÓRIA enquanto o paciente estiver sintomático, pois 80% das crianças evoluirão com uma coinfecção, ou seja, com colonização bacteriana pós infecção viral. Ex.: se a história demonstra um quadro gripal evoluindo para taquipneia, indica mais um quadro viral. Ex.: se a criança subitamente começou com febre, tosse e taquipnéia, pensa-se em um quadro mais agressivo. I. ABORDAGEM Layane Silva FEBRE + TOSSE + TAQUIPNEIA quadro clínico crianças com doença grave e aspecto tóxico, devem realizar hemograma, eletrólitos, testes de função hepática, renal e hemocultura. marcadores inflamatórios não são capazes de diferenciar entre pneumonia viral e bacteriana em crianças, mas são usados durante a evolução da doença como marcadores prognósticos. Devem ser feitos testes rápidos, à beira do leito, como swab de nasofaringe para vírus respiratórios, a fim de reduzir o uso desnecessário de métodos de imagem e antimicrobianos. exames complementares bebês muito pequenos com infecção por C. trachomatis, B. pertussis ou Ureaplasma podem não ter febre. crianças podem manifestar apenas diminuição do apetite e agitação e os menores de 5 anos costumam ter um pródromo de febre baixa e rinorreia, devido a uma infecção viral prévia das vias aéreas superiores, antes de apresentar sintomas do TRI. crianças mais velhas podem referir dor torácica tipo pleural ou rigidez da nuca (cada uma delas relacionada ao envolvimento do lobo). crianças com < 2 meses: são pacientes com pneumonia grave, com tosse e dificuldade respiratória, frequência respiratória elevada (> 60 mov/min), com ou sem tiragem subcostal, devem ser internadas para tratamento hospitalar. crianças com > 2 meses com pneumonia: manifestam apenas FR aumentada para a idade e requerem tratamento ambulatorial com antibioticoterapia. crianças com > 2 meses com pneumonia grave: manifestam FR aumentada com presença de tiragem subcostal e devem ser encaminhados para internação hospitalar. o quadro clínico é variado e inespecífico, de acordo com agentes etiológicos, idade da criança, tamanho do inóculo e resposta imunológica do indivíduo, cursa com febre de início agudo, taquipneia e tosse (quadro clássico). As PAC podem ser classificadas de acordo com a idade em: ii. diagnóstico Útil na avaliação de pacientes internados, pouco específico para PAC, mas pode mostrar leucocitose em caso de pneumonia bacteriana e a presença de anemia ou plaquetopenia pode orientar outras intervenções ou sugerir a hipótese de síndrome hemolítico-urêmica. i. hemograma valores elevados de PCT onde há identificação viral podem sugerir coinfecção bacteriana. a melhora nos valores de PCT durante o tratamento podem ser marcadores objetivos de cura clínica. níveis de PCT < 0,25 ng/mL estão associados à baixa probabilidade de PAC bacteriana ou PAC de menor gravidade - PCT < 0,1 ng/mL tem alto valor preditivo negativo e exclui PAC bacteriana. Hemograma com contagem diferencial, velocidade de hemossedimentação (VHS), proteína C reativa (PCR) e procalcitonina (PCT) - esta é marcador sensível para infecção bacteriana. ii. provas de atividade inflamatória indicada apenas se o paciente não tiver boa evolução com tratamento antimicrobiano. iii. hemocultura Solicitar testes para Influenza e outros vírus respiratórios, que ajudam a identificar PAC de etiologia viral e reduzem o uso de antimicrobianos. iv. pesquisa viral Útil para agentes como M. pneumoniae e C. pneumoniae e pneumococo, mas o diagnóstico é retrospectivo. v. sorologia vi. radiografia de tórax Deve ser realizado em pacientes com hipoxemia/hipóxia, com esforço respiratório, e os que não apresentam boa resposta ao tratamento para avaliar complicações. suspeita de pneumonia complicada com derrame pleural (redução de timpanismo na percussão, som em macicez sugestivo de derrame pleural), pneumonia necrotizante, empiema, pneumotórax, escavação, pacientes com quadro clínico ruim e toxemia. casos graves que demandam internação - pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade. pacientes com febre + tosse + taquipnéia sem sinais de complicações devem realizar Rx quando for estabelecido o tratamento antibiótico (suspeita de pneumonia bacteriana), de suporte (suspeita de pneumonia viral) ou se houver piora clínica. se após a reavaliação (48 horas) o paciente se mantiver igual, pede-se Rx para verificar se existe complicação. Como o diagnóstico de pneumonia é clínico, a radiografia é usada apenas se caso houver: - Sugestivo de pneumonia bacteriana: consolidação alveolar, pneumatocele, derrames pleurais, abcessos. - Sugestivo de vírus da pneumonia atípica: imagens intersticiais, associadas a vírus, Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae. No caso de pneumonia bacteriana, a falha de resposta ao tratamento (terapêutica) é 72 horas, antes desse período, o paciente pode apresentar febre, taquipneia, piora da tosse e os demais sintomas - se houver piora progressiva, deve-se solicitar Rx. I. indicação Layane Silva O uso de imagem deveria ser restrito aos casos mais graves, doença de evolução prolongada ou recorrente apesar do tratamento, suspeita de aspiração de corpo estranho ou malformações congênitas, e pode ser considerado em crianças < 5 anos, que apresentam febre, leucocitose sem causa aparente, casos que não apresentam boa evolução em doenças de vias aéreas superiores ou nos casos de pneumonia redonda, apesar de não ter precisão para definir a etiologia das PACs. Pneumonia oculta: achados de infiltrados radiológicos em 5- 19% de crianças com febre sem taquipneia e hipoxemia, angústia respiratória ou sinais de infecções de vias aéreas inferiores. radiografia O pulmão deve ser visualizado de forma tridimensional, por isso, solicita-se a radiografia PA (posteroanterior) e perfil (direito ou esquerdo), já que a alteração pode estar atrás do coração que é radiopaco, por isso deve-se lateralizar a imagem - além disso, o Rx tem que ser de boa qualidade técnica e os campos pulmonares devem estar dentro da imagem, incluindo caixa torácica, clavícula, fígado, coração e estômago. Na radiografia, o ar é radiotransparente (preto) e líquidos e massas aparecem brancos, portanto, os campos pulmonares são mais escurecidos e o coração é branco, e, um bom Rx deve ser feito quando o paciente está em inspiração (diafragma retificado), atentando para o desalinhamento da clavícula (falso diagnóstico de hiperinsuflação) e não pode ser feito com o paciente rodado (falso adensamento na área cardíaca), sua penetração ideal permite visualizar até a vértebra T1, traqueia e a carina (bifurcação da traquéia), e, na visão lateral, pode-se avaliar coração e do lado direito as 3 cissuras dos 3 lobos. ii. visualização do pulmão A abordagem das PACs não complicadas deve ser feita nas seguintes etapas: 1. lembrar da alta prevalência da PAC em crianças < 5 anos, valorizar os critérios diagnósticos e excluir os diagnósticos diferenciais - principalmente, se sibilância associado à taquipneia, lembrar de pneumonia viral, bronquiolite e crise de asma. 2. elencar fatores de risco para quadros de evolução desfavorável (pneumonia grave e potencialmente fatal): desnutrição,comorbidades, baixa idade no momento da doença, baixas condições socioeconômicas – baixo nível de escolaridade dos pais, renda familiar na linha da pobreza, condições sanitárias e de higiene precárias – baixa cobertura vacinal, desmame precoce e poluentes intradomiciliares. 3. iniciar antibioticoterapia ao nível domiciliar ou hospitalar 4. garantir consulta de reavaliação após 48 a 72h do início do tratamento ou a qualquer momento se houver piora clínica para toda criança em tratamento domiciliar. 5. incentivar a prevenção: aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses de vida, eliminação do tabagismo passivo, orientação quanto a noções de higiene (ex: lavagem das mãos) e à vacinação contra agentes importantes, como o pneumococo e o vírus da influenza. TRATAMENTO CONSOLIDAÇÃO: desenho denso e contínuo (branco). Infiltrado: desenho similar a um algodão desfiado, que corresponde a trama vascular do pulmão desenhada, pode ser periférico, central ou difuso. CISURITE: apresenta risco maior quando é possível observar a cisura (divisão entre os lobos) bem delimitada, o que indica passagem da pleura. NÓDULO: imagem circular de borda grossa, sem nível líquido, pode ser sólido (branco), cístico e pode ser uma imagem inicial de um abscesso - no 36o dia é observado uma imagem cicatricial. ABSCESSO: imagem circular de borda grossa, com nível líquido embaixo. BOLHA DE AR: imagem circular de borda bem definida e fina, pode estar associada a um processo de pneumonia. PNEUMATOCELE: bolha de ar por trás do coração. DERRAME PLEURAL: aumento do líquido na base, fazendo uma forma de C (sinal do menisco), pode ser co-inflamatório e quando há em empiema pode indicar uma infecção mais grave que necessita de drenagem, para diferenciar as 2 pode-se pedir um Rx em Laurell (paciente deitado de lado), se houver empiema, o pus espesso não vai escorrer, já se houver derrame, o líquido escorre e retifica. iii. achados no raio x A pneumonia será tratada com antibiótico quando for de etiologia bacteriana ou quando evoluir de forma atípica, por isso, deve-se avaliar estado geral, febre insistente e frequente, taquicardia e recusa alimentar - sinais que indicam quadro mais grave de infecção bacteriana - nesse caso, se for possível reavaliar a criança dentro de 24 ou 48 horas deve-se aguardar, caso contrário, deve-se estabelecer antibiótico. A escolha do antibiótico também perpassa a avaliação clínica, assim se o paciente tiver uma ausculta I. USO DO ANTIBIÓTICO pulmonar com ruídos adventícios mais localizados corrobora infecção bacteriana, no caso de acometimento bilateral e difuso é mais comum pneumonia viral. Layane Silva A maioria das pneumonias, são tratadas com penicilinas (Amoxicilina, Ampicilina), mas, quando se suspeita de infecção por germes atípicos utiliza-se macrolídeos (Azitromicina, Claritromicina e Eritromicina). ii. drogas de escolha se infecção pelo M. pneumoniae ou C. pneumonia é recomendado acrescentar macrolídeo à amoxicilina. se suspeita de S. aureus resistente à penicilina, substituir o antibiótico por clindamicina ou linezolida. hipoxemia (saturação de oxigênio < 92%); desidratação ou incapacidade de manter a hidratação ou alimentação por via oral; desconforto respiratório moderado a grave: frequência respiratória >70 rpm para pacientes < 12 meses de idade e > 50 rpm para crianças maiores; dificuldade em respirar (gemência, batimento de asas nasais, retrações ou apneia); aparência tóxica; Suporte ambulatorial: orientar cuidadores quanto à abordagem da febre e da dor, manutenção de hidratação e alimentação adequadas, identificação de sinais de piora clínica, e quanto ao retorno para reavaliação em 48-72 horas. HOSPITALAR: deve ser individualizada com base na idade, condições clínicas subjacentes e fatores clínicos que conferem gravidade à doença, sendo recomendada internação quando: Se houver dispneia (desconforto respiratório) com batimento de asa de nariz, tiragem em fúrcula, tiragens costais e tiragem subdiafragmática nessa ordem observa-se dificuldade na passagem do ar de fora para dentro, já, na ordem contrária, há dificuldade na saída do ar (tiragem subdiafragmática, costal, em fúrcula e, por fim, batimento da asa do nariz). Os sinais de PAC que indicam gravidade e necessidade de internação: saturação de oxigênio < 92%, abolição do murmúrio vesicular, com possibilidade ou confirmação radiológica de complicações, como derrame pleural (DP) e empiema, desnutrição grave, sonolência, rebaixamento do nível de consciência e recusa alimentar. UTI: se o paciente estiver com quadro séptico ou necessitar de oxigênio em alto fluxo (> 35%). iv. sinais de gravidade doenças subjacentes (doença cardiopulmonar, síndromes genéticas, distúrbios neurológicos); complicações (derrame/empiema, pneumonia necrotizante, abscesso). crianças com resistência à penicilina devem ser tratadas com ampicilina intravenosa, na dose de 50mg/kg/dose de 6 em 6 horas, ou com penicilina cristalina 150.000 UI/Kg/dia de 6 em 6 horas. como segunda opção há a associação de amoxicilina com inibidores da beta-lactamase (clavulanato ou sulbactam) ou cefuroxima por VO ou IV; ceftriaxona ou a cefotaxima para crianças gravemente doentes, não totalmente imunizadas contra o pneumococo ou infectadas pelo HIV; gentamicina na dose 7,5 mg/kg/dia de 12 em 12 horas associada à penicilina cristalina ou ampicilina para lactentes < 2 meses; azitromicina 10 mg/kg/dia dose única durante 5 dias, ou claritromicina 7,5 mg/kg/dose 12 em 12 horas, durante 10 dias se pneumonia atípica. O tratamento continuará sendo com amoxicilina por via oral na dose de 50 mg/kg/dia de 8 em 8 ou de 12 em 12 horas, durante 07 dias e, caso criança seja incapaz de aceitar fluidos ou antibióticos orais e/ou apresentar sinais de septicemia ou pneumonia complicada, recomenda-se antibióticos por via intravenosa - além disso, para crianças com saturação de oxigênio < 92% se recomenda oxigenoterapia sob cânulas nasais, dispositivos de entrega de alto fluxo ou máscara facial. para crianças com reações de hipersensibilidade não mediadas por IgE, pode-se utilizar penicilina, cefalosporinas de segunda ou terceiras gerações. para crianças com reações de hipersensibilidade tipo 1 (mediada por IgE) recomenda-se, clindamicina ou macrolídeo. quando a criança não mostra sinais de melhora após 48- 72 horas de tratamento, caracteriza-se falha terapêutica aos antibióticos convencionais. AMBULATORIAL: criança sem sinais de gravidade e com boas condições clínicas deve ser tratada em seu domicílio, e a antibioticoterapia se baseia no conhecimento dos principais agentes infecciosos em cada faixa etária, situação clínica e região, sendo administrado por VO para crianças de 2 meses a 5 anos, na dose de 50 mg/kg/dia, de 08/08 horas ou 12/12 horas, máximo 04 g/dia, durante 07 dias. Em caso de pneumonia atípica, recomenda-se eritromicina (40 mg/kg/dia de 06 em 06 horas, máximo 02 g/dia, durante 07 a 10 dias; claritromicina (15 mg/kg/dia de 12 em 12 horas, máximo 1 g/dia, durante 07 a 10 dias; ou azitromicina (10mg/kg/dia dose única ao dia, durante 5 dias). iii. esquema de tratamento farmacológico Considera-se pneumonia complicada aquela que faz derrame pleural, abscesso pulmonar, empiema ou necrose pulmonar, essas pneumonias complicadas são mais raras e vêm acompanhadas de alterações pulmonares perceptíveis no exame físico (alteração no murmúrio, macicez à percussão); além disso, podem ter um quadro clínico mais grave. Observa-se que a criança não está evoluindo bem quando à avaliação há um quadro clínico que não melhora, sinais de gravidade ou falha terapêutica (sem melhora do quadro em até 72h do início da antibioticoterapia). pneumonia complicada O internamento tem como objetivo fornecer suporte (hidratação parenteral e fisioterapia respiratória), não é necessário troca na terapia antimicrobiana (apenas por disponibilidade mas mantendo a mesma classe), mas pode haver mudança na via de administração (ATB venoso) - a troca do antibiótico será feitamediante falha terapêutica. manutenção ou troca de antibiótico abcesso pulmonar Pensar na doença: principalmente se febre, tosse e taquipnéia. Pensar nos fatores de risco para os quadros graves Iniciar terapêutica: não atrasar a terapêutica em um quadro de febre + tosse + taquipneia no qual não há certeza se essa criança será reavaliada, mas não deve-se prescrever antibiótico para IVAS, sempre diferenciar o quadro clínico Incentivar a prevenção. Frente à um quadro de pneumonia aguda, o Departamento Científico de Pneumologia da Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceu 4 passos importantes para os cuidados com a pneumonia, são eles: 1. 2. 3. 4. Além disso, deve-se implementar intervenções de água, saneamento, higiene e na redução da poluição do ar em ambientes fechados. Layane Silva O fumo passivo pode causar danos ao epitélio respiratório, assim como o tabagismo ativo, dessa forma, crianças cujos contactantes fumam possuem maior chance de desenvolver uma pneumonia complicada. tabagismo É essencial o incentivo à vacinação: Streptococcus pneumoniae (pneumococos), Haemophilus influenzae tipo B, coqueluche (tosse convulsa) e sarampo (é comum complicar com pneumonia por favorecer a coinfecção). 12/11 - dia mundial contra pneumonia D0: dose extra entre 6-12 meses; PNI: 2 doses aos 12 e aos 15 meses; Campanha: dose para crianças de 6 meses a 5 anos e profissionais de saúde - se a última dose tiver sido tomada a pelo menos 30 dias, deve-se aplicar a dose de campanha. vacinação contra sarampo corticoide inalatório pode ser feito para crianças asmáticas. corticoide sistêmico é restrito para COVID grave, com evidência de processo inflamatório importante. O quadro de COVID na faixa pediátrica é similar a síndrome gripal, quadro de IVAS, podendo evoluir para quadro de pneumonia viral, não há indicação de antibioticoterapia precoce, uso de corticoide, antialérgico ou xarope. pneumonia e covid manejo em 4 passos Pode ser um achado isolado ou uma complicação da pneumonia, que necessita de internamento, há formação de uma cápsula ao redor e o antibiótico tem dificuldade de romper e ser absorvido por essa cápsula, dificultando o tratamento do paciente, por isso, deve-se ampliar o espectro ou realizar procedimento cirúrgico para drenar esse abscesso ou uma lobectomia - a escolha fica a critério do cirurgião após avaliação da imagem.
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