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Dinâmica de Grupo com adolescente UNIFENAS - Faculdade de Psicologia - Campus de Varginha Disciplina: Psicologia dos Processos Grupais Docente: Flaviana Néias Bueno A psicoterapia analítica de grupo é a terapia de escolha na adolescência, por corresponder à natural inclinação dos adolescentes de procurar no grupo o continente para suas ansiedades existenciais. Através do interjogo de identificações projetivas propiciado pelo grupo terapêutico, pode o adolescente adquirir insight de aspectos de sua crise transicional o que viabiliza a passagem por esta etapa evolutiva. Knobel (1971) nos chama a atenção para o funcionamento dos adolescentes em grupo sobre o processo de identificação entre si. A fácil adesão aos objetos substitutivos dos imagos familiares na busca de uma maior autonomia do ego e o simultâneo incremento das identificações , possibilita que técnicas grupais sejam tão promissoras com os adolescentes. A grupoterapia com adolescentes faz referência ao emprego de técnicas acessórias, com o intuito de franquear novas e mais amplas vias de acesso ao hermético mundo interno de nossos pacientes adolescentes. O uso de dramatizações é uma via para se obter o maior número de insights inconscientes. O objetivo primordial de um grupo terapêutico de adolescentes é: a superação do sentimento de vergonha e a recuperação da espontaneidade (infantil) perdida. O sentimento de vergonha é o eixo gravitacional em torno do qual giram todas as vicissitudes do processo puberal (vergonha do corpo, das pulsões sexuais, da fala bitonal, do gesto sem jeito, do saber o que falar, entre outras). A recuperação da espontaneidade visa a expressão de conteúdos inconscientes através do uso de dinâmicas e dramatizações. O clima de descontração e animação que lembra a infância, viabiliza a elaboração de conteúdos recalcados na infância e que podem retornar na adolescência. É importante, contudo, que se faça uma distinção entre essa disposição do terapeuta de adolescente em participar de uma “brincadeira terapêutica” e o terapeuta assumir sistematicamente uma atitude “pseudo-adolescente”, falando, vestindo-se ou comportando-se como um adolescente durante a sessão. Essa atitude ocorre num grosseiro erro técnico. Há um fenômeno que, pela intensidade e alcance psicoterápico que adquire nos grupos de adolescentes, merece referência . Trata-se do efeito mobilizadora de insight obtido pelas interpretações dos próprios pacientes. Os grupos espontâneos de adolescentes se formam a partir de uma necessidade básica de desvincular-se do grupo familiar de origem e testar, em novas relações objetais com os seus pares, os padrões adaptativos na idade adulta. O coordenador do grupo de adolescentes deve ser flexível, permitindo que novas relações e reflexões ocorram no campo grupal. Permitir interpretações obtidos pelos próprios pacientes mobiliza efeitos terapêuticos mais significativos. A identidade adolescente, como forma transicional que é entre a infância e a fase adulta é carregada por angústias confusionais determinadas pelo estado de caos transitório vigente. Mediante a tal demanda são realizadas projeções e introjeções a figura do coordenador do grupo. O adolescente se exprime essencialmente através da linguagem verbal e não verbal, linguagem de ação e expressão, que demandam manejo e interpretação por parte do terapeuta. A psicoterapia grupal com adolescentes leva vantagem quando comparada a individual devido aos seguintes fatores: A natural e espontânea tendência formação de grupos na adolescência. A menor resistência a abordagem grupal de temas fobígenos nos pacientes adolescentes. O efeito mobilizador do insight propiciado pelas identificações projetivas. A diluição das angústias persecutórias vivenciadas na situação transferencial (vergonha e espontaneidade). A criação no grupo de um clima propício ao intercâmbio e confronto de experiências, permitindo aos seus componentes uma melhor identificação dos limites entre o Eu e o Outro. A terapia grupal proporciona a participação ativa, descoberta do novo a ousadia em experimentar. Estimulando a criatividade possibilita-se aos adolescentes desenvolver habilidades para lidar com os conflitos internos e com as situações diversas na vida. Podemos concluir que a grupoterapia é a técnica psicoterápica de maior amplitude para a adolescência... … pois o grupo é a matriz dinâmica adequada para o adolescente adquirir insight da condição e viscissitude peculiares a crise normativa desta etapa evolutiva, podendo elaborar os lutos pelas perdas e preparar-se para a vida adulta.
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