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Nicolas Martins 2025.1 - Anatomia Patológica II PATOLOGIAS BENIGNAS DE MAMA ANATOMIA E FUNÇÃO A mama é um anexo do aparelho reprodutor feminino que se localiza na parede torácica anterior sobre o músculo peitoral. É um órgão constituído por um componente glandular ( lóbulos mamarios ) que se unem formando lobos mamários que se distribuem na periferia do tecido mamário Os lóbulos são sustentados e repousam sobre o estroma composto por tecido conjuntivo rico em gordura e tecido fibroso que forma traves conjuntivas. A mama é sustentada por uma fáscia superficial anterior e pelos ligamentos de cooper. ⇒ As glândulas mamárias apresentam 2 sistemas importantes em seu parênquima: ductal e lobular. À nível de parênquima, esses sistemas se localizam ao longo de toda extensão mamária. Os lóbulos se localizam, principalmente, na região periférica da mama, e recebem pequenos ductos que se transformam em ductos menores e ramificados que drenam para o mamilo. ⇒ Drenagem linfática principal é para a cadeia axilar e em menor porcentagem para a cadeia mamária interna. É importante destacar a importância da drenagem linfática chamando atenção, principalmente, dos tumores malignos e também em relação ao linfonodo sentinela. ⇒ Os linfonodos sentinela são aqueles primeiros linfonodos da cadeia ganglionar linfática a receberem metástase tumoral. Portanto, quando avaliamos esse linfonodo através de corantes, ou radiotraçadores durante a cirurgia de uma paciente portadora de um tumor maligno, a importância principal dessa avaliação, vai ser a adoção de uma conduta terapêutica adequada. Sendo assim, aquelas pacientes que não têm os linfonodos iniciais da cadeia linfática (linfonodo sentinela) comprometidos por uma neoplasia, serão submetidas a uma abordagem menos radical, mais econômica, sem a realização do esvaziamento axilar. Já as pacientes que apresentam comprometimento do linfonodo sentinela, serão submetidas ao esvaziamento axilar como forma de complementar as cirurgias radicais delas. ⇒ É importante também falar da divisão didática em que as mamas são submetidas, principalmente, em quadrantes. A região central, denominamos de região retroareolar. (as lesões malignas se encontram principalmente localizadas no quadrante superior externo). PATOLOGIAS DISFUNÇÕES DO DESENVOLVIMENTO São alterações mamárias congênitas que são, de modo geral, pouco frequentes. ● Atenia = Ausência congênita do complexo aréolo-mamilar. ● Mamilos e mamas supranumerárias = mama e tecido mamário ao longo da linha mamária desde a axila ao períneo - tecido mamário axilar acessório ● Inversão mamilar congênita = Tecido mamilar invertido. Pode ocorrer em algumas alterações inflamatórias, mas principalmente, em patologias mamárias malignas ( alguns carcinomas podem cursar sendo em alguns casos um sinal clínico de neoplasias ) ● Macromastia = Hipertrofia juvenil levando ao aumento das mamas INFLAMAÇÕES Alterações do tecido mamário podendo possuir forma aguda ou crônica ● Mastite aguda = Desenvolve-se quando bactérias, geralmente Staphylococcus aureus, ganham acesso ao tecido mamário através dos ductos. Relacionado as primeiras semanas de lactação ( puerpério ) onde as bactérias invadem a mama pela fragilidade do tecido mamário - fissuras e erosões… Em resumo, é uma patologia que possui ligação com a amamentação onde pela formação de fissuras e lesões e ulcerações do mamilo deixa a mama mais suscetível ao acometimento bacteriano de forma local ou difusa PRINCIPALMENTE O S.AUREUS Correlacionam-se com o Carcinoma inflamatório que é uma condição onde as células neoplásicas infiltram os vasos linfáticos e causam o bloqueio desses vasos causando Linfangite carcinomatosa deixando a pele hiperemiada e rugosa. Pacientes com lesão inflamatório e não lactantes → Investigar lesões tumorais ● Mastite periductal = Abscesso subareolar recorrente, metaplasia escamosa dos ductos lactíferos (doença de Zuska). Cursa com processo inflamatório importante. Encontrada em mulheres tabagistas sendo o fumo principal etiologia - Relaciona-se com Tabagismo - Principal fator desencadeante: Metaplasia escamosa do ducto mamário - A queratinização do epitélio se prolonga dos mamilos para o interior dos ductos. Esses ductos podem romper gerando trajeto fistuloso Epitélio cuboidal → metaplasia escamosa → espessamento e acúmulo de material queratinizado → obstrução → reação inflamatória importante e abscesso Pode ocorrer processo inflamatório sobrejacente com a ruptura do ducto CLINICAMENTE = Nódulo na região aréolo-papilar, massa com fistulização subareolar TRATAMENTO = Remoção do ducto acometida e da região fistulizada buscando evitar recidiva ● Ectasia Ductal = Área de ectasia ductal - dilatação ductal formado pelo espessamento de secreções mamárias que pode levar a obstrução → Processos inflamatórios adjacente → Áreas endurecidas que fazem DDX com carcinoma mamário - Inflamação crônica granulomatosa - Dilatação do ducto preenchido por material amorfo rico em Histiócitos vacuolados - Presença de linfócitos, histiócitos, plasmócitos e células multinucleadas - Massa periareolar - Cursa com reação inflamatórios → Fibrose → Áreas endurecidas CLINICA: Massa periareolar com derrame papilar amarelo esverdeado ● Esteatonecrose = Necrose gordurosa do tecido gorduroso da mama secundário a algum processo - Relacionam-se a traumas ou cirurgias prévias - Com o trauma há a lesão da membrana e liberação de material gorduroso onde é encontrado ácidos graxos livres que formam microcalcificações ( Ác. graxos + Cálcio ) que formam os sabões de cálcio e microscopicamente a necrose em pingo de vela - Com os ácidos graxos livres alguns vasos podem ser lesados causando tecido gorduroso necrótico e inflamação subsequente ⇒ Inicialmente = Infiltrado inflamatório agudo ⇒Posteriormente = Histiócitos vacuolados, linfócitos, plasmócitos, células gigantes multinucleadas com fagocitose de gordura ● Mastopatia linfocítica = Lobulite linfocítica esclerosante ou mastopatia diabética - Relacionada com pacientes com DM1 - se destaca por apresentar um estroma conjuntivo, colagenoso, denso e endurecido que é importante para DDX com carcinoma mamário, pois o mesmo costuma apresentar lesões firmes devido desmoplasia do tecido tumoral - Paciente com desordem autoimune: DI, Tireoidite de Hashimoto… - Microscopia: Infiltrado inflamatório perilobular com densa esclerose - Consistências endurecida → DDX com neoplasias malignas ( Sofre desmoplasia ) ● Mastites granulomatosas = Primários ou secundárias. Um exemplo é a reação a implantes de silicone, levando a uma reação devido a esse “corpo estranho”. Patologias sistêmicas como sarcoidose, e granulomatose de Wegener, podem seguir o curso causando o envolvimento da mama. - Infiltrado inflamatório crônico rico em histiócitos e células gigantes de corpo estranho em meio ao tecido conjuntivo fibroso LESÕES EPITELIAIS BENIGNAS 1. Alterações mamárias não-proliferativas ( Alterações fibrocísticas e funcionais benignas da mama ) 2. Doenças mamárias proliferativas SEM atipia 3. Doenças mamárias proliferativas COM atipia DOENÇAS MAMÁRIAS NÃO PROLIFERATIVAS Cistos, metaplasia apócrina, Fibrose, Adenoso ( aumento do número de ácinos lobulares ), Adenoma lactacional 1. Cistos São tumores relacionados a doenças mamárias não proliferativas que se destacam como uma Alteração Funcional Benigna da Mama (AFBM). - Tríade das AFBM: dor mamária cíclica, espessamentos mamários e cistos Podem se romper liberando o conteúdo e gerar um processo inflamatório crônico que pode acabar culminando na fibrose. Microscopia: Áreas de dilatação cística, Metaplasia apócrina células com citoplasma amplo, eosinofílico, cistos com conteúdo amorfo, basofílico, fibrose acentuada no estroma e adenoso, Microcalcificações concêntricas intraluminais ( Leite de cálcio ) Fibrose do estroma intralobular que passa a ser mais denso e hialinizado ⇒ Mazoplasia. Adenose = aumento do número de ácinos por lóbulo mamário 2. Adenoma Lactacional Áreas de Hiperplasia focalnodular secretora em uma paciente em fase de lactação. Hiperplasia de lóbulos e glândulas com alterações secretoras, não é uma neoplasia verdadeira, recebendo o nome de adenoma pelo aspecto nodular que acaba desenvolvendo 3. Adenoma Tubular É uma neoplasia benigna de origem de epitélio glandular sendo caracterizado por ser uma massa firme, circunscrita e solitária com vários tipos de túbulos revestindo o epitélio típico ( Túbulos embalados) DOENÇAS MAMÁRIAS PROLIFERATIVAS 1. Hiperplasia ductal sem atipia Quando há mais de duas camadas celulares no revestimento ductal = Hiperplasia epitelial - Hiperplasia ductal LEVE = De 3 a 4 camadas de células acima da membrana basal, não aumenta o risco para câncer mamário - Hiperplasia MODERADA/FLORIDA = Ducto revestido por mais de 4 camadas acima da membrana basal, com uma frequência de mitoses e presença de células apócrinas - RISCO DE EVOLUÇÃO PARA CÂNCER INVASOR OBS.: Alterações proliferativas não são alterações neoplásicas / malignas, mas apresentam um risco subsequente para carcinoma invasor 2. Adenose esclerosante Aumento dos ácinos por lóbulos e esses ácinos crescem e irão distorcer a configuração lobular levando a maior celularidade central, microcalcificações intraluminais. Existe uma fibrose entre ácinos levando a distorção e se tranformando em tubulos mais estreitos porém a configuração periferica é mantida - Apresentam risco de câncer mamário - Macroscopia: Áreas de contorno irregular - consistência amolecida e com centro esbranquiçado - de contorno irregular ou espiculada que pode confundir clinicamente com carcinoma espiculado - Precisa fazer histopatológico!!! pois apresenta projeções irregulares com presença de cistos, hiperplasia ductal, metaplasia escamosa e pequenos extravasamentos papilomatosos 3. Lesão esclerosante complexa - Fibrose, adenose, proliferação papilomatosas, cistos, cicatriz radial… CICATRIZ RADIAL: Tem uma importância clínica, pois crescem formando nódulos não muito volumosos, mas apresentam contornos irregulares ou espiculados que podem confundir, aos exames de imagem, com carcinoma mamário. Portanto, é necessário a análise histopatológica para que seja feito o diagnóstico diferencial com CA de mama. - AUMENTAM RISCO PARA NEOPLASIA 4. Papilomas Eixos conjuntivos e se projetam para dentro da luz do ducto e se divide em: Papilomas ductais solitários e múltiplos - Papilomas ductais solitários - Crescem dos Ductos mamárias, centrais sendo intraductais ou intracisticos que crescem e se dilatam formando verdadeiros cistos → Apresentam Derrame papilar sanguinolento e podem apresentar torção do pedículo, infarto e derrame papilar Localizam-se centralmente na mama, nos principais e mais volumosos ductos mamários. São responsáveis pela descarga papilar sanguinolenta ou serossanguinolenta. Geralmente as pacientes apresentam nódulos palpáveis em região retroareolar - Papilomas múltiplos Micro Papilomas nos ductos mais periféricos Se distinguem de carcinoma que apresentam conformação papilífera por meio da Biopsia mamaria Crescimento papilomatoso com presença de duas camadas de células ( Mioepiteliais e epiteliais luminais ) - Diferente dos carcinomas papilíferos Consegue-se diferenciar lesões malignas ( Carcinomas papiliferos ) e lesões benignos ( papilomas ) se a biopsia apresentar proliferação papilomatosa no interior dos ductos dilatados, presença de dupla camada de células (Mioepiteliais e luminais) → Micropapilomas - localizam-se preferencialmente em ductos menores ( Crescimentos da lesões nodulares no interior de pequenos ductos dilatados ) - Múltiplos papilomas preenchendo pequenos ductos císticos = Papilomatose intra-ductal 5. Hiperplasia ductal atípica Semelhança com carcinomas in situ da mama, porém não preenchem todos os critérios histopatológicos necessários. - Hiperplasia ductal atípico ( HDA ) Semelhança histológica ao carcinoma “in situ” Extensão mais limitada dentro dos ductos As células não são completamente monomórficas como é observado no carcinoma “in situ” Risco de evolução para câncer de mama ( Especialmente se estiver história familiar ) Acometimento multifocal - Ambas mamárias estão em risco Crescimento de grande número de células que não preenchem a luz do ducto tentando formas aspecto mais cribiforme, mitoses mais frequentes e microcalcificações - Hiperplasia lobular atípica ( HLA ) Semelhante ao carcinoma lobular “in situ” - não distendem mais que 50% dos àcinos dentro dos lobulos - pode se distender dos ductos Aumentando o risco de desenvolver CA invasivo > 50% dos ácinos preenchidos = Carcinoma “in situ” TUMORES ESTROMAIS 1. FIBROADENOMA É o tumor benigno mais prevalente da mama feminina. Sua incidência é maior em mulheres jovens que se encontram em período reprodutivo (20 a 35 anos, mais comum antes dos 30 anos). É uma neoplasia que apresenta um comportamento responsivo a hormônios, principalmente ao estrogênio. Portanto, esses tumores aumentam durante a gravidez, e uma regressão e calcificação distrófica pós menopausa quando os níveis hormonais caem. Apresenta-se como tumor palpável de consistência fibroelástica, móvel, indolor, com rápido crescimento inicial que posteriormente se estabiliza. Pode ser único, múltiplo ou subsequente a outro fibroadenoma em uma mama ou em ambas as mamas. É uma neoplasia que apresenta tamanho variável, e é bifásica, ou seja, constituída tanto por tecido estromal, quanto por tecido epitelial glandular. Tumor com estroma conjuntivo hialinizado com focos de calcificação grosseira !!! Crescimento estromal - O componente neoplásico é ESTROMAL que cresce estimulando a proliferação do componente epitelial que ira crescer em permeio ao estroma e ficará envolvido por uma cápsula fibrosa Aspecto do estroma: Mixoide e edematoso. O crescimento lesão vem do ESTROMA INTRALOBULAR - o estroma cresce e cria padrões: - Padrão canalicular - Ductos comprimidos pela invaginação do estroma - Padrão pericanalicular - espaços glandulares comprimidos Macroscopia: Tamanho variado bem circunscrito, consistência fibroelástica, coloração branco-acizentada, aspecto fundilhado Microscopia: Estroma delicado e frequentemente mixoide padrão pericanalicular e intracanalicular, proliferação de tecido glandular e conjuntivo sem atipias 2. TUMOR FILÓIDE Tumor que surge do estroma intralobular, mas diferente do fibroadenoma, ele ocorre em uma faixa etária mais tardia (6ª década de vida) Apresenta um padrão variável de crescimento. Pode ser classificado como tumor benigno, borderline e maligno. No entanto, a maioria desses tumores apresenta um comportamento benigno e deve ser removido em sua totalidade com uma pequena margem de segurança para evitar a recidiva. Cura na excisão Quando malignos podem se metastatizar por Via hematogênica Macroscopia: Grandes, consistência amolecida, coloração pardo-rosada/vinhosa, áreas de ulceração e protrusão degeneração cística, aspecto heterogêneo, superfície multinodular Microscopia: Crescimento rápido do estroma que faz protusão para o interior do lúmen gerando um aspecto FOLIÁCEO, aumento do número de mitoses, diminuição de componentes epiteliais, extensas áreas de invasão - Classificação do estroma Celularidade Anaplasia das células Número de mitoses Presença ou não de bordas infiltrativas DIAGNÓSTICO PAAF: diferenciação de nódulos císticos e nódulos sólidos. Core biopsy: avaliação de nódulos sólidos que apresentam microcalcificações agrupadas, densidades assimétricas e distorção do parênquima visíveis à mamografia. Mamotomia: esclarecimento de lesões não-palpáveis, possibilitando a coleta de maior quantidade de material. Biópsia cirúrgica: padrão-ouro para estudar a histopatologia das lesões, sendo empregado e falsos negativos pela core biopsy ou mamotomia, mas suspeitos clinicamente.
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