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1 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 1 GESTÃO DE PROJETOS On-line 1ª Edição Gestão de Projetos Unidade 1 Gestão de Projetos Introdução da Unidade Olá, estudante! Seja bem-vindo à disciplina Gestão de Projetos, que abordará temas sobre as noções e fundamentos de plano, programa e projetos, bem como os elementos básicos de constituição e construção de proje- tos, alguns tópicos especiais em projetos e o gerenciamento de pro- jetos com base nas práticas do PMI. Na Unidade 1, você estudará as noções e os fundamentos de plano, programa e projetos; sendo assim, ao final da primeira aula, espera- mos que você consiga diferenciar plano de programa e de projeto, identificar as principais características de um projeto, entender o papel do gerente de projetos e compreender os ciclos de vida de um projeto. A seguir, na Unidade 2, você estudará os elementos básicos de constituição e construção de projetos. Esperamos que, ao concluir essa aula, você esteja apto a entender a aplicabilidade do Termo de Abertura do Projeto (TAP), do Plano de Gerenciamento do Projeto (PGP) e da Estrutura Analítica do Projeto (EAP), conhecer a linha de base do projeto, aprender a coletar requisitos para projetos, di- ferenciar premissas de restrições e identificar as partes interessadas de um projeto. 4 Chegando na Unidade 3, você conhecerá um pouco mais dos tópi- cos especiais em projetos. Nessa unidade de estudo, esperamos que você possa conhecer as áreas de gerenciamento de projetos à luz do PMBOK, PRICE2, gestão ágil de projetos e SCRUM, além de en- tender as etapas do planejamento de projetos dentro das fases de iniciação, planejamento, execução, monitoramento/controle e en- cerramento. Por fim, a Unidade 4 abordará o gerenciamento de projetos com base nas práticas do PMI (Project Management Institute). Nessa uni- dade de estudo, você terá condições de aprender a gerenciar pro- jetos com base nas práticas do PMI, compreender como deve ser o gerenciamento da integração, do escopo, do cronograma, dos cus- tos, da qualidade, dos recursos, das comunicações, dos riscos, das aquisições e das partes interessadas de um projeto, além de com- preender o gerenciamento de projetos com base nas metodologias ágeis e SCRUM. Pronto(a) para essa jornada? Desejamos a você ótimos estudos! Objetivos de aprendizagem: • Diferenciar plano de programa e de projeto. • Identificar as principais características de um projeto. • Entender o papel do gerente de projetos. • Compreender os ciclos de vida de um projeto. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 5 1.1 Plano x programa x projeto Você sabe a diferença entre plano, programa e projeto? Vejamos, primeiro, o conceito de plano de projeto. Cavalcanti (2016) propõe uma interdisciplinaridade para o plano de um projeto, o qual conflui em três esferas: perspectiva empresarial, técnica/executiva e clien- te. Figura 1.1: Plano do projeto Fonte: Adaptada de Cavalcanti (2016, p. 12). Observe que a Figura 1.1 mostra que o plano do projeto é o resulta- do da interseção entre essas três áreas. Você deve focalizá-las com o intuito de enxergar as expectativas do empreendedor, do cliente e da equipe do projeto, ou seja, você deve dispor da: Perspectiva empresarial Perspectiva do cliente Perspectiva técnica e executiva Plano do projeto Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 6 1. Perspectiva empresarial: visão do empreendedor (ou patroci- nador). 2. Perspectiva do cliente: visão do cliente (ou usuário). 3. Perspectiva técnica e executiva: visão da equipe técnica e executiva do projeto (GP, engenheiros, programadores, dentre outros profissionais relacionados ao projeto). Cada um desses elementos demanda uma certa harmonia entre am- bos, gerando um ou mais documentos que você, futuro gerente de projetos (GP), pode chamar de “Plano do Projeto”. Geralmente, esse plano engloba documentos técnicos, gerenciais e legais, que podem representar os objetivos e requisitos, a solução a ser adotada e os recursos que poderão ser utilizados, dentre outras informações. A priori, para se definir o plano do projeto, o que chamamos de “re- quisitos” podem ser determinados pelo cliente; a equipe executiva determina as soluções técnicas; e o patrocinador, os recursos. Con- segue perceber a importância da inter-relação dessas áreas? Note que é preciso harmonizá-las para que um projeto se torne viável. E esse papel compete a você, futuro GP. Em linhas gerais, observe as características de cada uma das pers- pectivas abordadas anteriormente: Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 7 Portanto, o plano do projeto será formado por um acervo de docu- mentos gerenciais e legais que representam o entendimento clien- te-patrocinador-gerente sobre o objetivo e entregáveis (por exem- plo, na forma de uma proposta comercial elaborada em detalhes). Entretanto, o plano do projeto também demanda documentos que devem ser utilizados de forma mais estrita por parte da equipe exe- cutora, como o detalhamento do escopo, do cronograma de exe- cução das atividades, dos meios para controlar os custos e a qua- lidade etc. Compete ao patrocinador fazer a interface entre cliente e equipe, sem, no entanto, servir de empecilho à boa comunicação entre as partes. A partir do momento em que tudo isso tiver sido absorvido e deci- dido, compete, ainda, esclarecer outro aspecto muito importante: quais são as melhores tratativas para mudanças no plano? Sim, pla- nos podem mudar! Mesmo que tenhamos um plano, isso não quer Perspectiva empresarial: Inclui aspectos mercadológicos, concorrenciais e oportunidades, além de objetivos de negócio, como margem de lucro. Perspectiva do cliente: Diz respeito aos requisitos de qualidade, às funções esperadas para o produto e ao nível de desempenho desejado. Perspectiva técnica e executiva: Vale-se das possibilidades de solucionar algo tecnicamente, restrições tecnológicas, regulatórias, de prazo e custo, e como se dá a interação desta com as outras duas perspectivas. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 8 dizer que não poderá haver necessidade de ajuste. Pela própria na- tureza de um projeto, podem ocorrer incertezas, seja em menor ou maior escala, e é por isso que um dos aspectos muito estudados na contemporaneidade, na área de gestão de projetos, é o gerencia- mento dos riscos. É aí que você começa a entender que os planos de projetos não são estáticos, mas podem sofrer demanda por alterações, o que poderá ser feito com base na aprovação das partes interessadas. Contudo, mesmo que haja o máximo de cuidado, é fundamental que se faça uma avaliação criteriosa dos impactos que podem ocorrer nos de- mais aspectos gerenciais do projeto (por exemplo, readequação de custos, elasticidade nos prazos, impactos sobre a qualidade etc.). De forma análoga a um voo aéreo comercial com saída do Rio de Janeiro com destino a São Paulo, mesmo que a rota inicial já esteja determinada com precisão e que seja seguida durante o voo, ocor- rências inesperadas podem existir. Por exemplo, o fechamento do aeroporto de São Paulo em razão de aspectos climáticos, que obri- garão o piloto a alterar a rota para um destino alternativo. Assim como ao GP, compete ao piloto, nesse caso, ser bastante preciso em recalcular o tempo de voo, considerar o combustível de que dis- põe no tanque da aeronave, entre outros aspectos. O próximo elemento dessa seção de estudo é o programa, que pode ser definido como um agrupamento de projetos, subprogra- mas e atividades de programas relacionados, gerenciados coorde- nadamente com o intuito de se obter benefícios que não estariam disponíveis se eles fossem gerenciados de forma individual. Os pro- Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 9 gramas podem envolver elementos detrabalho relacionados fora do escopo dos projetos distintos do programa. Um programa sem- pre terá projetos, mas o projeto pode (ou não) ser parte de um pro- grama (CAVALCANTI, 2016). Observe a Figura 1.2: Figura 1.2: Programa versus projeto Fonte: Elaborada pelo autor (2018). Quando falamos em gerenciamento de programas, estamos nos referindo à aplicação de conhecimentos, de habilidades, de ferra- mentas e técnicas a um determinado programa, com o intuito de atender aos seus requisitos e conseguir benesses que, antes, não estavam disponíveis no gerenciamento de projetos individuais. Quando os projetos estão dentro de um programa, eles relacionam- se entre si por meio do resultado comum ou da sua capacidade co- letiva. Caso o relacionamento entre os projetos seja somente o de um cliente, fornecedor, tecnologia ou recurso compartilhado, o GP deve gerenciá-los como um portfólio de projetos, mais amplo, e não como um programa (CAVALCANTI, 2016). Programa ProgramaProjeto Projeto Projeto Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 10 Quando você se encontrar diante do desafio de gerenciar progra- mas, saiba que será preciso focar nas interdependências do projeto e na determinação das melhores estratégias e abordagens. Segundo Cavalcanti (2016), as ações relacionadas a essas interdependências podem incluir: • solucionar restrições e/ou conflitos de recursos que impactem em mais de um projeto do programa; • alinhar de forma organizacional e/ou estratégica, com o intuito de impactar positivamente nas metas e objetivos do projeto e programa; • solucionar problemas e gerenciar mudanças dentro de uma es- trutura de governança compartilhada. Para conhecer mais sobre o gerenciamento de portfólios, acesse o livro de Norberto Almeida, “Metodologia de gerenciamento de portfólio: te- oria e prática”, disponível em: <https://bit.ly/2S- RIVZZ>. A obra foca bastante em gerenciamen- to de portfólios. Vale a leitura! Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 11 Pois bem, chegamos à definição de projeto, o qual representa um esforço temporário aplicado para a criação de resultados, produ- tos ou serviços. Quando falamos que um projeto é temporário, isso representa que há datas de início e fim predeterminadas e, portan- to, existe uma previsão de duração. Os projetos podem ter curta duração, quando são poucas as semanas ou meses nos quais ele se estende, ou mesmo longa duração, podendo durar vários anos, conforme a sua natureza. Embora um projeto se estenda por mui- tos anos, em razão de atrasos ou algum tipo de problema, deve ser concebido para ter uma duração finita, com data para conclusão. Acompanhe esse exemplo: em uma empresa, cria-se um programa de redução de custos, cujo escopo é a redução dos custos da organização em 25% do orçamento de 2018. Com isso, pode- se criar vários projetos que podem ter um GP. O gerente do programa deve se responsabilizar em atingir a meta do programa (no nosso exem- plo, redução de 25% do orçamento da organiza- ção), e cada projeto individual que faz parte do programa impactará no alcance da meta. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 12 O Project Management Institute (PMI) define projeto como sendo um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos projetos indica que eles têm um início e um término definidos (PMI, 2013). Figura 1.3: O GP e sua equipe de projeto Fonte: Plataforma Deduca (2018). Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 13 Por definição, os projetos não podem se configurar como ferramen- tas recorrentes e ininterruptas, ou seja, não podem ter uma rotina que siga um padrão do início ao fim. Mesmo que um projeto tenha estrutura semelhante à de outros projetos já desenvolvidos, sempre haverá algo de único nele, por exemplo, os stakeholders, pessoas que vão colocá-lo em execução, um novo cliente, situações econô- micas adversas e, até mesmo, organizacionais. Principalmente em O Guia PMBOK®, principal publicação do PMI, foi atualizado para representar as melhores prá- ticas em gestão de projetos. Cada área de co- nhecimento traz uma seção com abordagens para ambientes ágeis, iterativos e adaptativos, descrevendo como essas práticas se integram nas configurações do projeto. O guia também dará mais ênfase ao conhecimento estratégico e de negócios – incluindo a discussão de do- cumentos de negócios em gerenciamento de projetos –, às informações sobre o Triângulo de Talentos do PMI (PMI Talent Triangle™), bem como às habilidades essenciais para o sucesso no mercado atual. Vale a pena conhecê-lo. Dis- ponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/Guia- PMBOK6edicao.aspx>. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 14 projetos de pesquisa, nos quais o desenvolvimento e a inovação sempre almejam resultados inéditos e que ainda não foram planeja- dos e executados. Em virtude de almejarem resultados ainda não vistos, inéditos ou com um toque de inovação, projetos são uma atividade organiza- cional cujo caráter é temporário; é uma ferramenta fundamental para se propor novos caminhos nas organizações, seja pelo desen- volvimento de novos produtos ou serviços, adotando novos siste- mas de gestão, ou mesmo criando um conteúdo para um programa de capacitação e desenvolvimento de seus colaboradores. Em con- trapartida, há organizações que naturalmente operam desenvol- vendo projetos de forma contínua, como empreiteiras, em que cada obra a ser executada é tida como um novo projeto. Agora que você já conhece a diferença entre plano, programa e projeto, que tal conhecer seus tipos? Vamos lá! 1.1.1 Tipos de projetos Em organizações em que há prática do desenvolvimento de vários projetos simultaneamente, é fundamental que haja uma classifica- ção destes, como forma de orientação para a distribuição de re- cursos e determinação de prioridades. Uma vez que você classifica adequadamente um projeto, há maiores chances de se desenvolver as melhores abordagens de gestão desses projetos. Para Cavalcanti (2016), projetos podem ser classificados de acordo com vários critérios, dentre eles: Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 15 • Quantidade: a quantidade de recursos que tenham relação di- reta com finanças, pessoas e materiais. • Incerteza: o grau de incerteza ou risco técnico, de gerencia- mento ou que diga respeito às leis. • Estratégia: a importância estratégica para o cliente ou para a própria organização que irá executar o projeto. Uma classificação fundamental e que pode te ajudar na classifica- ção de projetos está representada na Figura 1.4; note que há duas dimensões de classificação: uma com base na complexidade e, ou- tra, na incerteza do projeto. Figura 1.4: Tipos de projetos Fonte: Adaptada de Cavalcanti (2016, p. 4). A complexidade está voltada para questões gerenciais, as quais representam dificuldades do gestor em gerir projetos. Por exemplo, quando há um grande número de pessoas envolvidas em um proje- to, há um elemento de complexidade na sua gestão. Outro exemplo: uma grande quantidade de entregas e de atividades é outro ele- mento que configura complexidade no gerenciamento do projeto. Projetos com prazos mais longos e com muitas dependências de IV - Projetos complexos e bem-defindos I - Projetos complexos e incertos III - Projetos simples e bem-definidos II - Projetos simples e incertos + Incerteza técnica - Incerteza técnica Complexidade Gerencial Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 16 fornecedores externos, uma equipe separada física e geografica- mente, ou mesmo diversos clientes com visões distintas sobre os objetivos do projeto também são elementos de complexidade. Ob- serve que esses são exemplos de complexidadena gestão de proje- tos. Já a incerteza diz respeito às questões técnicas do projeto, ou seja, ao nível de dificuldade técnica, de inovação e atingimento dos obje- tivos no projeto. Por exemplo, se, inicialmente, não houve uma boa definição do escopo do projeto ou se essa definição se dará ao lon- go do projeto; se serão adotadas tecnologias inovadoras para resol- ver problemas técnicos; ou se a solução técnica ainda não foi iden- tificada; ou se ainda não há certeza sobre a disponibilidade de uma tecnologia-chave que possa solucionar tecnicamente o problema; todos esses são elementos que configuram incertezas em projetos. Ainda observando as informações da Figura 1.4, veja exemplos de situações que se apresentam em cada tópico da figura: 1. Projetos complexos e incertos: imagine que você gerencie uma equipe de engenheiros da NASA e seja responsável por condu- zir um projeto que levará uma equipe de astronautas a Netuno. Sabe-se que a solução técnica para essa missão espacial ainda não é conhecida e precisa ser desenvolvida. Vários engenheiros e técnicos compõem a equipe, existem muitas atividades con- correntes, uma infinidade de produtos intermediários a serem gerados e o prazo foi determinado em razão dos períodos fa- voráveis para aproximação entre a Terra e Netuno. 2. Projetos simples e incertos: imagine que você seja o gestor de uma agência de web designers e foi contratado por um clien- te para conduzir um projeto de desenvolvimento de sua home page. Seu cliente deseja que elementos e funcionalidades sejam customizados, mas o próprio cliente ainda não sabe exatamen- te como imagina seu produto final. Note que há baixa comple- Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 17 xidade do ponto de vista gerencial, mas uma certa indefinição dos objetivos, escopo ou solução para a criação dessa home page. 3. Projetos simples e bem-definidos: podemos citar como exem- plos de projetos gerencialmente menos complexos e com ob- jetivos, escopo e solução técnica bem-definidos a criação de um site de e-commerce de roupas infantis para um cliente com poucas opções de customização e funcionalidades, bem básico; outro exemplo seria a organização de uma festa de aniversário de pequeno porte, que acontece, anualmente, no mesmo local. 4. Projetos complexos e bem-definidos: mesmo que um projeto tenha objetivos, escopo de solução e técnica bem-definidos, ainda assim pode ser complexo. Vejamos esses exemplos: a construção de um shopping; a organização e realização de um evento de grande porte, como as Olimpíadas, entre outros. Você só conseguirá classificar determinado projeto em um desses tipos se estiver atento ao tipo de abordagem gerencial demandada em cada um deles, sempre de acordo com sua complexidade e in- certeza. Projetos do Q3 podem utilizar uma abordagem de gestão relativamente simples e padronizada, em alguns casos até informal. Projetos do Q1 e Q4, por outro lado, requerem mais experiência e planejamento da equipe gestora. Proje- tos do Q1 e Q2 podem utilizar uma abordagem de gestão tanto simples quanto sofisticada, mas que deve ser flexível o suficiente para acomodar alterações nos objetivos ou es- pecificações do projeto com o tempo. (CAVALCANTI, 2016, n.p). Podemos, ainda, classificar um projeto de acordo com a natureza do cliente, se interno ou externo. Projetos internos são, geralmente, projetos nos quais a própria instituição investe, ou que demandam melhorias dentro da organização, como a criação de uma nova linha de produção em uma fábrica de calçados. Já os projetos externos, Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 18 geralmente, estão relacionados a vendas para os clientes, como a realização de obras de cunho público ou privado, executadas, em geral, por empreiteiras. Você conheceu os tipos de projetos com base em sua complexida- de e incerteza; agora, é hora de listarmos as principais característi- cas de um projeto. 1.2 Principais características de um projeto Projetos podem ser dos mais variados possíveis, alterando desde o escopo, os objetivos, as necessidades do cliente, o orçamento etc. No entanto, dois elementos sempre serão comuns em projetos: os aspectos temporais e os individuais. Acompanhe o que Rabechini Junior (2015) lista como exemplos de projetos: • a organização e execução de uma festa de aniversário; • a organização e realização de um congresso; • a construção de um prédio residencial; • a implantação de um programa de desenvolvimento e treina- mento de colaboradores de uma empresa; • o desenvolvimento de uma nova linha de produtos de beleza; • uma missão espacial ao planeta Netuno; • a reforma da sua casa; • a escrita de um artigo sobre gerenciamento de projetos; • a implantação de um programa de controle de qualidade em uma indústria siderúrgica. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 19 Figura 1.5: A essência de um projeto Fonte: Plataforma Deduca (2018). Também podemos listar outras peculiaridades comuns em projetos: • geram valor para os stakeholders; • demandam recursos; • realizam uma ou mais entregas; • possuem riscos; • demandam a assinatura de um contrato. O termo stakeholders tem a seguinte definição: em inglês stake significa interesse, participação, risco. Holder significa aquele que possui. Assim, stakeholder também significa parte interessada ou interveniente. Disponível em: <https://www. significados.com.br/stakeholder/>. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 20 Agora que você já conhece os tipos de projetos, como classificá-los e as características comuns a eles, convidamos você a conhecer o papel daquele que irá gerir todas essas informações: o Gerente de Projetos. 1.3 O papel do gerente de projetos De acordo com Cavalcanti (2016), o GP é a pessoa, escolhida pela organização, que se responsabilizará pelo alcance dos objetivos tra- çados para o projeto. É comum que os gerentes de projetos não se- jam contratados apenas para contribuir com o trabalho do projeto, mas, sobretudo, para maximizar o valor e efetividade de todos os que os cercam, em especial a equipe do projeto, assegurando resul- tados satisfatórios para as partes interessadas: patrocinador, cliente e usuários (stakeholders). Resumidamente, as habilidades de um GP podem ser reunidas em quatro grandes categorias, conforme ilustra a Figura 1.6. Figura 1.6: Áreas de habilidades dos Gerentes de Projeto Fonte: Adaptada de Cavalcanti (2016, p. 16). Pessoas Adminis- tração Técnica Gestão do Projeto Local Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 21 Gerenciamento de pessoas: demonstrar habilidades interpessoais, liderança, motivação; comunicação efetiva; poder de negociação, resolução de conflitos e tomada de decisões; senso de confiança e entrosamento na equipe do projeto; capacidade de aconselhamento (coaching). Gerenciamento do local do projeto: habilidades acerca da cultura e do comportamento das pessoas dentro da organização; capacidade de perceber o ambiente de negócios; detectar as pessoas que com- põem as partes interessadas do projeto; conciliar interesses; respei- tar as diferenças culturais de cada membro da equipe do projeto; estar atento aos aspectos culturais e políticos do contexto do proje- to. Conhecimentos administrativos: conhecimentos e competências na área de gerenciamento de projetos, de finanças, de leis e contratos; noções trabalhistas, fiscais, logísticas, de estratégias de planejamen- to; capacidade de se comunicar adequadamente com as pessoas envolvidas no projeto. Conhecimentos técnicos: pôr em prática todos os conhecimentos técnicos de que dispõe para conduzir o projeto, supervisionar sua qualidade, corrigir rumos do projeto, a fim de atender às necessida- des do cliente. Você deve estar se perguntando: “E se eu não dispuser de todas essas habilidades, mas apenas dealgumas delas?”. Fique tranqui- lo(a)! Embora as habilidades interpessoais dependam de forma mais direta das características da personalidade do indivíduo, a maioria Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 22 das competências pode ser facilmente adquirida por você em trei- namentos e capacitações; além do que, ao adquiri-las, você poderá aprimorá-las com suas experiências. Quando o assunto é gerenciamento de projetos, é essencial que o GP e sua equipe dominem uma metodologia, pois ela será o fio con- dutor do projeto. É importante determinar a metodologia que será adotada na gestão do projeto, bem como dominá-la em cada con- texto, considerando o tipo, as características e o porte do projeto. Espera-se que os gerentes demonstrem conhecimentos técnicos na área de execução, mesmo não sendo obrigatória, mas desejável, vis- to que essa é uma característica de bons gestores: conhecer o pro- jeto de forma técnica e conhecer as melhores práticas para geren- ciá-lo. Se o contrário acontece, temos um risco: quando o GP tem conhecimentos técnicos suficientes, mas pouca experiência na exe- cução de projetos, pode acontecer de imprimir maior esforço nas questões técnicas e perder o foco nas questões de gestão, levando o projeto ao fracasso. A competência técnica pode, em certos ca- sos, ser responsabilizada a alguém que tenha meios para assumir a liderança técnica do projeto. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 23 Figura 1.7: Gerente de Projeto Fonte: Plataforma Deduca (2018). Certamente você finalizará esse tema de estudo e ainda não encon- trará as respostas corretas para o melhor gerente de projeto, pois ainda não há um consenso sobre o assunto, podendo variar de acor- do com cada contexto organizacional. Em tese, o conhecimento O que você considera ser mais importante no perfil de um gerente de projetos: os conheci- mentos técnicos ou a experiência em gerencia- mento de projetos? Será que o ideal é combinar as duas habilidades? Na prática, o que, geral- mente, é priorizado? Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 24 sobre gerenciamento de projetos permite ao GP lidar com projetos de diferentes áreas, visto que não é pré-requisito de um gerente de projetos atuar diretamente nas atividades técnicas do projeto. Em contrapartida, deve-se procurar perfis que tenham alguma especia- lização técnica. Em algumas situações, isso é determinado pela le- gislação, como um engenheiro mecânico responsável legal em uma indústria automobilística, por exemplo. Mesmo que um projeto não tenha um GP com conhecimento técnico, é fundamental que ele se cerque de profissionais tecnicamente competentes, o que seria me- nos complicado se ele já dispusesse de algum tipo de experiência técnica ou se conhecesse outros profissionais do setor em questão. De acordo com Cavalcanti (2016), há pesquisas fundamentais acer- ca do desempenho de GP que mostram que tanto conhecimentos técnicos quanto habilidades de gestão são importantes e esperadas, havendo uma pequena vantagem para as competências interpesso- ais, que podem ser o diferencial em projetos nos quais o GP precisa lidar com muitas pessoas. Pois bem, agora que você já sabe o que será esperado de você, fu- turo GP, que tal adentrar no contexto do ciclo de vida de projetos? Para você, qual o peso das habilidades interpes- soais se comparadas aos conhecimentos for- mais em gerenciamento de projetos? Para você, o que é mais importante: um GP com conheci- mento de uma metodologia de gestão ou outro com habilidades para liderar pessoas ou motivá- las? Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 25 Todo projeto tem um início, um meio e um fim, não é mesmo? Va- mos, então, entender um pouco mais sobre isso. 1.4 O ciclo de vida de um projeto A ideia de ciclo, de algo que começa, evolui e termina, não parece um tanto sugestiva para você? Pois bem, essa mesma visão aplica -se no contexto do gerenciamento de projetos. Um conceito bas- tante utilizado em gestão de projetos é o ciclo de vida do projeto (CVP). De acordo com Cavalcanti (2016), o ciclo de vida de um pro- jeto nada mais é que uma divisão em fases (ou etapas) aplicadas em projetos para facilitar o entendimento e o acompanhamento acerca de sua evolução, além de melhor organizar as entregas par- ciais e finais, criando, assim, pontos focais de controle para checa- gem temporal. A ideia de ciclo de vida de um projeto é bastante intuitiva, o que nos remete à ideia de evolução ao longo de um determinado espa- ço de tempo. Conforme o projeto evolui em sua preparação, avança para a fase de planejamento, desta para a de execução e controle e, por último, para a de encerramento. A ideia de ciclo de vida o ajudará no desenvolvimento das entregas, na visualização das con- clusões de forma sequenciada. Ao final de cada etapa, geralmente, temos o que chamamos de “marcos” do projeto, ou seja, os momen- tos-chave das entregas parciais. Por exemplo, em uma obra de engenharia, é relativamente fácil identificar as grandes etapas que se sucedem, tais como fundações, estrutura, alvenaria e acabamentos. Pode haver sobreposição entre Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 26 essas etapas no tempo, mas as entregas de cada uma são bem cla- ras, assim como seus objetivos. Outra abordagem referente ao ciclo de vida enfatiza mais as fases gerenciais e menos os aspectos técnicos ou entregas de cada etapa. A Figura 1.8 ilustra esse processo em forma de fases, denominado de “Ciclo de Vida da Gestão do Projeto” (CVGP). Figura 1.8: Ciclo de vida de um projeto Fonte: Adaptada de Cavalcanti (2016, p. 21). Note que há cinco fases: iniciação, planejamento, execução, contro- le e encerramento. Cada uma delas é composta por processos, os quais possuem um fluxo, conforme representado na Figura 1.9. Fase de Iniciação (Preparação) Fase de Encerramento (Conclusão) Fase de Planejamento Fase de Execução Fase de Controle Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 27 Figura 1.9: Visão de distribuição do esforço ao longo do tempo do ciclo de vida do projeto Fonte: Adaptada de Cavalcanti (2016, p. 39). No eixo x (Ciclo de Vida do Projeto), nota-se uma possível distri- buição temporal da duração e esforço envolvido nos processos de cada fase. Observa-se que há sobreposições entre as fases do CVGP durante o projeto, o que é comum, pois, ao mesmo tempo em que há atividades planejadas, outras estão sendo executadas, ou- tras controladas, e assim por diante. N ív el d e es fo rç o in ic ia çã o Pl an ej am en to Ex ec uç ão Co nt ro le En ce rr am en to Ciclo de vida do Projeto Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 28 No eixo y (Nível de Esforço), é perceptível que cada fase demanda determinado volume de esforço do GP e sua equipe. Geralmente, as fases que mais demandam esforço são as fases de execução e pla- nejamento. Ainda analisando o ciclo de vida do projeto, agora sob a ótica das relações cíclicas entre os grupos de processos, temos a Figura 1.10, na qual a dimensão do tempo é algo irrelevante. Note que, nor- malmente, há uma única fase para os processos de iniciação e de encerramento, o que não acontece nas demais; o ponto central do ciclo é um processo que demanda a interação das fases, como as fases de planejamento, execução e controle. Figura 1.10: Visão de distribuição do esforço ao longo do tempo do ciclo de vida do projeto Fonte: Adaptada de Cavalcanti (2016, p. 40). Aprender sobre todas as áreas de conhecimentos e processos con- tidos em cada uma delas é fundamental, e uma das ferramentas Processo de iniciação Processos de planejamento Processos de controle Processos de execução Processos de Encerramento Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programae projetos 29 indicadas para o gerenciamento de projetos é o Guia PMBOK®, que já está em sua sexta edição. Mas tome cuidado ao utilizar todas as ferramentas que o guia propõe e tenha cautela para não burocrati- zar demais o andamento do seu projeto. 1.4.1 O início: a formalização do projeto (project charter) Todo começo de projeto demanda um brainstorming, uma tempes- tade de ideias. E, para colocá-las no papel, é preciso que o GP e sua equipe filtrem as principais informações que darão início ao projeto, sintetizando-as em algum tipo de relatório. O início de um projeto pode se dar de diferentes formas, a depen- der de cada tipo de organização e, além disso, ser percebido pelas partes interessadas (stakeholders) de formas distintas também. Não são muitas as empresas que possuem processos que definem o iní- cio de um projeto – daí a importância de as pessoas ligadas ao ge- renciamento estabelecerem seu início de maneira mais formal. Indicação de leitura: para fazer o download de um dos fluxos mais utilizados em gestão de pro- jetos, veiculado por meio do Guia PMBOK sexta edição, acesse: <https://ricardo-vargas.com/pt/ downloads/download-file/15087/15089>. São esses mesmos cinco processos estudados aqui, mas, agora, sob a ótica do PMI. Vale a pena con- ferir! Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 30 Para formalizar o início de um projeto, o GP e sua equipe podem re- correr a um relatório denominado project charter. Há organizações que se utilizam de outras denominações, tais como: proposta de projeto, termo de referência de projeto, contrato de projeto, solici- tação de projeto autorizada, termo de abertura do projeto – TAP. O project charter contém elementos que dão subsídios para que você reconheça formalmente as necessidades de utilização dos recursos, além das premissas e restrições que podem envolver a execução de um projeto. Veja algumas das informações que são essenciais nesse documento: título, objetivo, premissas, restrições, resultados almejados, escopo macro, organização dos stakeholders, riscos, entre outros pontos. Vejamos o exemplo do projeto da casa das irmãs Ana e Cecília, na Figura 1.11. Figura 1.11: Project charter para a construção da casa de Ana e Cecília Fonte: Plataforma Deduca (2018). Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 31 Cecília, a irmã mais velha, é funcionária em um escritório de conta- bilidade, e Ana, a irmã mais nova, estudante de graduação no cur- so de Gestão de Projetos. Ana conhece um pouco sobre project charter e pode ajudar a dupla nessa empreitada. Vamos aos fatos: uma das primeiras ações para a elaboração do project charter foi analisar as características das necessidades que ambas possuem: construir uma nova casa para morarem. Analisados os requisitos, Ana recorreu ao modelo de project charter que colocar entre vír- gulas e começou a pensar nas informações que deveriam constar nesse documento. Assim, quando Cecília retornasse do trabalho, poderiam discutir melhor sobre ele. Imediatamente, surge a primeira dúvida: quem será o gerente do projeto? Os professores do seu curso já disseram que cada projeto só pode ter um gerente. Em seguida, Ana pensou: e o patrocina- dor, quem será a pessoa mais indicada? Ana sabe que quem pa- trocina um projeto deve investir e arcar com as questões financei- ras para viabilizá-lo. Dúvidas como essas, normalmente, podem surgir no início de um projeto e devem ser solucionadas o quanto antes, pois os papéis de cada envolvido no projeto devem estar bem definidos, para que não haja conflitos e tudo fique bem claro. Ana aprendeu que os patrocinadores são os investidores de um projeto (em contex- tos empresariais, podem ser diretores, supervisores da alta gerên- cia, clientes internos, entre outros). Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 32 Lembre-se sempre de que patrocinadores são pessoas que apre- sentam interesse nos resultados de um projeto, ok?! Pois bem, na maioria das vezes, um patrocinador tem a importante função de angariar os recursos necessários ao projeto, de modo que seja possível solucionar problemas que o GP não tem condições de solucionar. Já o GP deverá ser o executivo do projeto, aquele que bota a mão na massa, que faz a roda girar. Ana começou a entender o que deveria preencher no campo “ge- rente do projeto” e no campo “patrocinador”, pois acreditava que a pessoa mais indicada para ser o patrocinador era Cecília, já que ela trabalha e dispõe de recursos financeiros para custear o proje- to. Caberia, portanto, à Ana ser a gerente do projeto, uma vez que ela, como aluna do curso, acredita reunir as competências neces- sárias para gerir o projeto da construção da casa. Sem esperar Ce- cília para discutir suas dúvidas, resolveu ir em frente e preencher o título do projeto: Casa Ana & Cecília. Em seguida, começou a escrever o objetivo do projeto. Tentou digitar vários, mas não ficou satisfeita com nenhum! Eis alguns de- les: • sair do aluguel; • adquirir mais espaço com ambientes integrados; • construir uma casa com padrões de sustentabilidade; • organizar as decisões durante a construção e tomar ações adequadas etc. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 33 Foi então que Ana começou a perceber a importância de ter um bom project charter e que esse documento precisa ser bem elabo- rado, para que tenha uma função gerencial. Agora, Ana começou a perceber que ter um charter de projeto é mais do que saber sobre sua importância, seus benefícios ou mesmo conhecer visualmen- te seus diversos modelos – sua visão de charter era, na realidade, muito acadêmica. Com a necessidade de preencher para poder utilizá-lo gerencialmente, a coisa mudou. Para se ter um bom project charter, pensou Ana, é preciso reunir informações estratégicas que podem não ser fáceis de se conse- guir. Pensando nas empresas que a dupla precisará contratar, ima- ginou quais informações seriam necessárias, como planejamento estratégico, análise do setor, tecnologias envolvidas etc. Refletindo sobre esses pontos, Ana começou a pensar em infor- mações sobre construção civil, autorizações do poder público mu- nicipal, escritórios de engenharia, entre outras, que pudessem ser listadas em seu charter. Quando Cecília voltou do trabalho, Ana resolveu compartilhar com ela suas dúvidas no preenchimento correto do documento. Foi aí que as irmãs se reuniram e passaram a discutir os requisitos e in- formações. Fizeram algumas suposições e Ana continuou a preen- cher o charter. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 34 As irmãs decidiram, de comum acordo, que Ana seria a gerente do projeto e Cecília a patrocinadora. O título permaneceu o mesmo e o objetivo passou a ser o seguinte: construir uma casa de 2 quar- tos, em 12 meses, com orçamento de R$ 400 mil. Além disso, che- garam a um consenso de que parte da casa deveria ser destinada a uma pequena área de lazer com churrasqueira e forno, tudo re- gistrado na planta. Feito isso, começaram a pensar nas premissas, nas restrições e nos riscos envolvidos. Confusão geral! Entendiam que tais infor- mações eram essenciais para o charter, mas preenchê-lo não era tão simples assim. Após refletirem por um bom tempo e pesquisarem nos livros de Ana, chegaram a um denominador comum: a. premissa: fatores incertos que iriam tomar como certos, inde- pendentemente do que acontecesse; b. restrição: elementos que poderiam, de alguma forma, limitar o projeto; c. risco: elementos relacionados às incertezas. Ana recordou, também, o que seu professor havia lhe ensinado: restrições do projeto sempre se relacionam diretamente com seu escopo, uma vez que impõem limites às opções da equipe. Já as premissas são condições que, em um primeiro momento, se não forem de fato verdades, representarão risco àexecução do proje- to, por não terem sido consideradas em seu escopo. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 35 Ana e Cecília ficaram exaustas com essas análises e levaram algu- mas horas preenchendo o project charter, sabendo que, a partir de agora, precisariam aprová-lo com os executores do projeto. Tam- bém acharam que as fronteiras não ficaram bem definidas e resol- veram acrescentar um item como não escopo e deixar mais claras as questões ambientais. Veja só como ficou o project charter da dupla: Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 36 Quadro 1.1: Modelo de project charter Fonte: Adaptado de Rabechini Junior (2015, p. 66). Nome do projeto Gerente Patrocinador Casa Ana & Cecília Ana Gerente Ana Cecília Patrocinador Cecília 06/11/2018 Construir uma casa de dois quartos, em 12 meses, com orçamento de R$ 400 mil Objetivo Benefícios Prazo Premissas Espaço Macro Estrutura básica da equipe Identificação de riscos Aprovações Deixar de pagar aluguel; ter mais espaço, integrando ambientes; ter patrimônio próprio; melhorar a qualidade de vida. 12 meses Custo R$ 400 mil Ter terreno Restrições Tamanho do terreno Prazo e custos serviços preliminares; documentação (planta, habite-se, registro prefeitura etc.); construção civil; acabamento; serviços complementares; gerenciamento do projeto. Patrocinador: Cecília Gerente do projeto: Ana Plano econômico; aumentos abusivos no setor de construção civil. Modelo Engenharia, Arquitetura e Construção S/C Ltda. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 37 Assim como no caso de Ana e Cecília, depois de aprovado um pro- jeto, o próximo passo é fazer um esboço do seu escopo, registran- do as possibilidades de suas entregas, sempre levando em conta as estratégias de resultados. Você, futuro GP, e sua equipe devem reunir elementos suficientes (charter e escopo preliminar) para, então, partirem para a primeira fase do projeto: a iniciação. Ao começar essa fase, você deve tomar alguns cuidados: procure sempre formalizar a comunicação da exis- tência de um projeto dentro da organização; para isso, proponha uma reunião para distribuir e armazenar as documentações neces- sárias ao gerenciamento do projeto. A organização da reunião de partida de projeto (ou reunião de ki- ck-off, como é conhecida no meio) deve mostrar a preocupação em se administrar um empreendimento. Reuniões como essa devem considerar uma agenda, uma lista das partes interessadas presen- tes, uma preparação de material e, fundamentalmente, uma preocu- pação em buscar comprometimento dos participantes. De acordo com Rabechini Junior (2015), quanto à agenda, as pre- ocupações de alguns autores convergem para algumas situações, conforme mostra o Quadro 1.2. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 38 Quadro 1.2: Exemplos de preocupações SITUAÇÃO DESCRIÇÃO RECEPÇÃO DOS STAKEHOLDERS MOMENTO DE DESCONTRAÇÃO PARA “QUEBRAR O GELO” ENTRE OS PARTICIPANTES, BEM COMO FAZER UMA INTRODUÇÃO, POR SI MESMOS. DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS FORMALIZAÇÃO DO INÍCIO DO PROJETO, INTEGRANDO OS PARTICIPANTES E ESTIPULANDO METAS, EXPECTATIVAS E RESULTADOS. DETERMINAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DO PROJETO PROPOSTA E INCORPORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA A GESTÃO DO PROJETO. APRESENTAÇÃO DO CHARTER E ESCOPO INICIAL DEMONSTRAR QUE A PREOCUPAÇÃO COM O PLANEJAMENTO E O CONTROLE DO PROJETO ESTÃO DEFINITIVAMENTE INICIADOS. FORMAR COMPROMETIMENTO LEVANTAR A OPINIÃO DAS PARTES INTERESSADAS NO PROJETO, POR MEIO DE DECLARAÇÕES EXPLÍCITAS DELAS PRÓPRIAS, VISANDO AO COMPROMETIMENTO DOS STAKEHOLDERS. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 39 PRÓXIMOS PASSOS APRESENTAR UM CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO NO QUAL ESTEJAM DETALHADAS TODAS AS ATIVIDADES A SEREM EXECUTADAS, ALÉM DAS DATAS DAS PRÓXIMAS REUNIÕES. Fonte: Adaptado de Rabechini Junior (2015). Competirá a você, enquanto gerente de projetos, conduzir a reunião de partida (ou reunião de kick-off), o que não te impede de bus- car ajuda de outras pessoas envolvidas diretamente para facilitar a reunião, caso precise, mas lembre-se de que a responsabilidade em conduzi-la deve ser sua. Procure sempre registrar cada momento da reunião e, para isso, uma boa ferramenta de registro são as atas, as quais devem ser elaboradas ao longo da reunião e distribuídas logo em seguida. Caso o GP tenha um perfil mais analítico e introspecti- vo, sugere-se a nomeação de um facilitador, no sentido de conduzir a equipe integrando todos os participantes. Finalizada essa primeira reunião, que demarcará o início do projeto, é preciso ter claros os próximos passos, para que o comprometi- mento das partes seja positivo. Nesse sentido, a informação passa a ser sua principal aliada, e você deverá fazer uso dela para se comu- nicar com as partes interessadas no projeto. Conhecidas as ações iniciais de um projeto, é hora de seguirmos viagem para a etapa “meio”. Na próxima seção, você conhecerá al- gumas dicas para monitoramento do plano do projeto. Boa leitura! Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 40 1.4.2 O meio: a composição e o monitoramento do plano de projeto O Plano de Gerenciamento de um Projeto (PGP) é o documento re- sultante de um processo de planejamento, representado em um úni- co documento, de forma integrada, cujo papel principal é agregar informações de outros planos (planos auxiliares), de forma coerente e consistente. Uma vez iniciado o projeto, o GP deve encorajar sua equipe a criar os planos subsequentes (por exemplo: Plano de Gerenciamento das Comunicações; Plano de Gerenciamento das Partes Interessadas; Registro das Partes Interessadas), a partir do charter e de um es- copo preliminar. Nesse momento, passa-se a se preocupar com o detalhamento do trabalho do projeto, dos prazos, custos, qualidade, risco, recursos etc. Essas preocupações devem estar expressas nes- ses planos que, por sua vez, deverão ser integrados ao PGP. Geralmente, um bom PGP é aquele que agrega os planos das áreas de conhecimento descritos no PMI com as demais preocupações envolvidas no âmbito de um projeto. Sua composição deve levar em conta, em um primeiro momento, os elementos organizacionais de onde o projeto estará inserido. Assim, na introdução do PGP, será preciso conhecer a missão da organização, bem como seus obje- tivos, metas e estratégias e como o projeto estará nivelado a tudo isso. Nesse contexto, as partes interessadas deverão saber (JU- NIOR, 2015): a. quais metas deverão ser alcançadas com o projeto; b. quais objetivos deverão ser alcançados; c. quais estratégias devem ser adotadas para o alcance dos obje- tivos. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 41 Torna-se fundamental considerar, na elaboração do PGP, o desen- volvimento integrado das áreas de conhecimento, cujo ponto focal é, sem dúvida, a Work Breakdown Structure (WBS – é o mesmo que Estrutura Analítica do Projeto - EAP). Por meio da EAP, o gerente de projeto poderá consolidar a integração do gerenciamento de um projeto, e é dela que se originam os insumos para programação do cronograma, além de permitir associar responsabilidades a quem for de direito. É por meio dela que a gestão dos riscos encontra os indícios de fontes geradoras e a gestão do projeto se consolida. Com a EAP em mãos, você terá meios para integrar as informações com base em seus pacotes de trabalho, além de munir-se de infor- mações que irão ajudá-lo a responder a uma série de questões. O Quadro 1.3 mostra alguns tipos de integração e questões associadas a serem desenvolvidas pelo GP e sua equipe. Quadro 1.3: Tipo de integração e as áreas de conhecimento ESCOPO X PRAZO TODOS OS PACOTES DE TRABALHO ESTÃO COBERTOS NA PROGRAMAÇÃO DOS TEMPOS? ESCOPO X RECURSOS HUMANOSTODOS OS PACOTES DE TRABALHO APRESENTAM-SE COM OS DEVIDOS RESPONSÁVEIS? É POSSÍVEL ASSOCIAR QUEM FAZ O QUÊ? PRAZO X RECURSOS HUMANOS DADA UMA PROGRAMAÇÃO NECESSÁRIA, É POSSÍVEL ASSOCIÁ-LAS ÀS DISPONIBILIDADES DE RECURSOS? Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 42 ESCOPO X CUSTOS TODOS OS PACOTES DE TRABALHO APRESENTAM CUSTOS DE MÃO DE OBRA E AQUISIÇÕES? RECURSOS HUMANOS X CUSTOS É POSSÍVEL IDENTIFICAR OS DESEMBOLSOS DE RECURSOS HUMANOS E AQUISIÇÕES? RECURSOS HUMANOS X COMUNICAÇÃO OS INTERESSADOS ESTÃO RECEBENDO INFORMAÇÕES ADEQUADAS? PRAZO X SUPRIMENTOS QUANDO E ONDE DEVEM CHEGAR AS AQUISIÇÕES? QUALIDADE X PRAZO QUANDO E COMO FAZER AS INSPEÇÕES NO PROJETO? QUAIS VARIÁVEIS DEVEM SER MEDIDAS AO LONGO DO PROJETO? PRAZO X RISCO QUANDO FAZER AS AVALIAÇÕES DE RISCO? CUSTO X RISCO QUAIS OS CUSTOS DOS EVENTOS INCERTOS? ESCOPO X PRAZO X CUSTO OS INDICADORES DE RESULTADO DO PROJETO PODERÃO SER GERENCIADOS? EXISTE UM SISTEMA DE INDICADORES (EVMS) PREVISTO PARA SER UTILIZADO NO GERENCIAMENTO DO PROJETO? CUSTO X ESCOPO QUAL O CUSTO DAS MUDANÇAS? COMUNICAÇÃO X PRAZOS HÁ UMA PROGRAMAÇÃO DE REUNIÕES DO PROJETO, SEGUNDO O PLANEJAMENTO DE AVANÇOS? Fonte: Adaptado de Rabechini Junior (2015, p. 69). Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 43 De posse das integrações listadas no quadro anterior, você deverá comunicar à equipe seu conteúdo, levantando as possíveis neces- sidades de ajustes. Feito isso, basta aprová-lo com o(s) patrocina- dor(es) do projeto. Os planos de projeto mais conhecidos, normalmente, con- têm apenas os cronogramas físicos que revelam como será controlada a agenda do projeto. No entanto, uma aborda- gem gerencial mais profissional requer controle e acompa- nhamento de vários outros elementos, além do monitora- mento da qualidade, da troca prevista de informações, da recepção de tecnologia etc. (RABECHINI 2015, n.p.) Assim, faz-se necessário produzir um documento (plano) contendo todos os produtos que irão possibilitar o acompanhamento do pro- jeto. A reunião para aprovação do plano do projeto deve ser plane- jada cuidadosamente, evitando problemas que possam interferir no sucesso do projeto. Como na reunião de partida, os cuidados de- vem ser tomados visando ao comprometimento dos stakeholders, agora em maior número. É necessário registrar que muitos projetos chegam a esse estágio um pouco desgastados, sendo que muitos não têm fôlego para continuar. Sabe-se que, no momento dessa reunião, existe um mar- co implícito do ciclo de vida de um projeto que poderá revelar sua continuidade. Sabe-se, também, que os custos, daqui para frente, serão cada vez maiores, necessitando de controles rígidos. A dinâmica do projeto toma outra frequência; o ambiente passa a ser de execução, e não mais de planejamento. Isso faz uma grande diferença, à qual o gestor deve estar atento, pois os impactos nos Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 44 resultados são, agora, evidentes e reais. Em uma linguagem mais popular, pode-se dizer que o projeto, a partir da aprovação do seu plano, passa a ficar mais “nervoso” (RABECHINI 2015). A execução de um projeto deverá ser acompanhada do plano e, sendo assim, a equipe deve estar atenta aos primeiros movimentos. Há uma diferença tênue entre acompanhamento e controle de pro- jetos que, se bem elucidada, pode ajudá-lo a encarar sua gestão de forma bastante profissional. Por meio da análise das informações geradas pelo sistema do projeto, você e sua equipe devem tomar decisões que mantenham o projeto nos trilhos. De acordo com Rabechini Junior (2015), duas abordagens, em ter- mos de gerência profissional, devem ser adotadas pelos gerentes de projeto: Terminaremos nossa viagem com a etapa final de um projeto: seu encerramento. Acompanhe na próxima seção! Abordagem pautada no trabalho desenvolvido e no registro do andamento desse trabalho: Neste caso, os gerentes, dotados de informações sobre os custos, os prazos e o escopo, anunciam as decisões do projeto às partes interessadas, tanto quantitativa quanto qualitativamente. Abordagem baseada nas relações humanas: Muitos GPs depositam suas energias nas boas relações com os stakeholders, fazendo com que os resultados do projeto sejam alcançados gradativamente. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 45 1.4.3 O fim: não se esqueça de formalizar o encerramento do projeto Para viabilizar o encerramento de um projeto, é preciso muita orga- nização. Para Rabechini Junior (2015), embora possa ser conside- rada a fase de um projeto que menos é levada a sério, muitas orga- nizações conquistam fatias significativas de mercado por realizá-la adequadamente e dispenderem a atenção que essa fase merece. Tais organizações mostram-se mais competitivas, uma vez que dis- põem de mais informações estratégicas antes de seus concorrentes. O encerramento do projeto deve ser marcado por um evento que formalize o fechamento de todas as suas ações. Essa etapa tem de ser planejada, sobretudo no que diz respeito às informações a se- rem armazenadas. O PMI (2013 apud RABECHINI, 2015) considera que o encerramento de um projeto deve ser feito sob dois grupos de procedimentos: 1. Fechamento de cada fase do projeto: cabe, aqui, armazenar os dados referentes às análises de sucesso/fracasso de cada fase do projeto, arquivar as informações sobre as diversas gerências do projeto, registrar as lições aprendidas e divulgar os procedi- mentos para acesso ao banco de dados do projeto. 2. Fechamento dos contratos realizados durante o desenvolvi- mento do projeto: cabe, aqui, o encerramento formal dos con- tratos, a verificação dos itens de notas pendentes e a progra- mação de pagamentos posteriores ao projeto. Acompanhe, por meio da Figura 1.12, um fluxo que descreve o pro- cesso de encerramento. A figura mostra todas as suas ações e isso poderá ser útil a você na hora do fechamento administrativo do seu projeto. Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 46 Figura 1.12: Processo de encerramento de projeto Fonte: Adaptada de Rabechini (2015, p. 74). Preparar a documentação de encerramento Organizar os arquivos do projeto Encerrar os relatórios de controle de projeto: cronograma e �nanças Registrar a avaliação das equipes e dos indivíduos do projeto Encerrar as ordens de serviço, contratos e obrigações com fornecedores e clientes Avaliar o gerenciamento dos riscos Checar os indicadores (margens, físicos, �nanceiros etc.) Organizar a documentação (atas, qualidade, registro de revisões etc.) Desenvolver relatório �nal Preparar reunião de encerramento Realizar reunião de encerramento Desativar os sites do projeto Unidade 1 - Noções e fundamentos de plano, programa e projetos 47 Síntese Chegamos ao final desta unidade e esperamos que você tenha con- seguido estabelecer a diferença entre plano, programa e projeto, identificar as principais características de um projeto, entender os papéis que caberão a você na gestão de projetos e compreender os ciclos de vida de um projeto. Aplique esses conhecimentos em sua vida profissional e mostre que você é um ótimo gestor de projetos. Aqui, você teve contato com as principais características de um projeto e os seus tipos, além de conhecer, com mais detalhes, os papéis que competem a um GP. Você também conheceu as quatro grandes categorias que agrupam as habilidades de um gerente de projetos e, para concluir, estudou as premissas do ciclo de vida de um projeto, bem como suas fases sintetizadas em início, meio e fim. Até a próxima! Referências Bibliográficas ALMEIDA, N.; ALMEIDA, F. Metodologia de gerenciamento de por- tfólio: teoria e prática. Rio de Janeiro: Brasport, 2013. Disponível em: <https://bit.ly/2SRIVZZ>. Acesso em: 13 nov. 2018. CAVALCANTI, F. R.P. Fundamentos de gestão de projetos. São Paulo: Atlas, 2016. PMI. Project Management Institute. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®). 5. ed. Pensilvânia, EUA: Project Management Institute, 2013. ______. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Proje- tos (Guia PMBOK®). 6. ed. Pensilvânia, EUA: Project Management Institute, 2017. Disponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/GuiaPM- BOK6edicao.aspx>. Acesso em: 13 nov. 2018. RABECHINI JUNIOR, R. Fundamentos em gestão de projetos: cons- truindo competências para gerenciar projetos. São Paulo: Atlas, 2015. Quer saber mais sobre o UniCEUB? Fique por dentro das nossas novidades. Acesse: uniceub.br Endereço da sede: SEPN 707/907 - Campus do UniCEUB Asa Norte Brasília - DF - CEP 70790-075 • Telefone: (61) 3966-1200 E-mail: central.atendimento@uniceub.br Afinal, meu jeito de aprender é único. Meu jeito de aprender é UniCEUB.