Aula nº. 13. Remuneração e salário

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DIREITO DO TRABALHO I
 PROFESSOR:
 Francisco Valdece Ferreira de Sousa
 valdece@fvadvogados.adv.br
 DIREITO DO TRABALHO I
Aula nº. 13
Remuneração e Salário.
01.- Introdução
O termo tem origem no latim salarium argentum, "pagamento em sal" – forma primária de pagamento oferecida aos soldados do Império Romano. 
Nas sociedades capitalistas, salário (ou capital variável no conceito de Marx), é o preço oferecido pelo capitalista ao empregado pelo aluguel de sua força de trabalho por um período determinado, geralmente uma semana ou um mês, ou por unidade de produção.
Segundo os economistas neoclássicos, os salários são determinados pela produtividade marginal do trabalho.
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O salário é a contraprestação devida ao empregado pela prestação de serviços, em decorrência do contrato de trabalho.
Já a remuneração é a soma do salário contratualmente estipulado (mensal, por hora, por tarefa etc.) com outras vantagens percebidas na vigência do contrato de trabalho como horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, insalubridade, comissões, percentagens, gratificações, diárias para viagem entre outras.
Remuneração e Salário.
A onerosidade é um dos elementos fático-jurídicos que caracterizam a relação de emprego, aflorando do contrato de trabalho com o recebimento, pelo empregado, de um conjunto de parcelas econômicas que lhe são entregues pelo empregador em retribuição aos serviços por ele prestados, ou simplesmente em razão da existência da relação de emprego.
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Remuneração e Salário.
02.- Remuneração / Salário. Conceitos.
Existe uma grande controvérsia em relação ao real significados dos vocábulos remuneração e salário. José Martins Catharino afirma que salário e remuneração têm o mesmo significado, que uma ou outra representa o conjunto de parcelas que o trabalhador recebe como contraprestação pelo trabalho que desenvolve.
Outros há que entendem ser a remuneração o gênero do qual o salário é uma das espécies. 
Uma terceira vertente amplia a diferenciação entre as duas figuras, haja vista que o texto do artigo 457 da CLT, cujo teor segue abaixo transcrito:
CLT, Art. 457 - compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
De qualquer sorte, a interpretação que melhor atende os objetivos e a própria função do Direito do Trabalho é de que somente terá natureza salarial/remuneratória as parcelas retributivas habituais devidas e pagas diretamente pelo empregador ao empregado; admitindo, como exceção, que a média das gorjetas habitualmente recebidas integre-se ao salário contratual. 
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03.- Salário. Denominações impróprias.
Salário de contribuição - corresponde ao padrão remuneratório da pessoa filiada à Previdência Social, sobre o qual incidirá a alíquota correspondente para efeito de recolhimento da contribuição previdenciária.
Salário de benefício - é o parâmetro utilizado pela Previdência Social para efeito de pagamento de prestação previdenciária ao segurado. 
Salário maternidade - Figura de origem previdenciária que se refere à renda mensal paga à segurada gestante durante o período em que se afasta do trabalho em gozo da licença maternidade. 
Salário família - parcelas monetárias devidas pela Previdência Social ao trabalhador de baixa renda em função de seus dependentes, sejam pessoas inválidas, sejam menores de 14 anos.
Salário Educação - recolhimento parafiscal a ser efetuado pelo empregador em favor da União Federal.
Salário mínimo de referência - expressa em desuso. 
Salário social - expressão de cunho eminentemente social.
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04.- Salário. Denominações próprias.
Salário mínimo - o menor parâmetro salarial que se pode pagar a um empregado.
Salário profissional - é o menor parâmetro salarial que se pode pagar a um empregado no contexto de determinadas profissões - médico, dentista, farmacêutico, etc. 
Salário normativo - é o menor parâmetro salarial que se pode pagar a um empregado por força de ACT, CCT ou sentença normativa. 
Piso salarial - traduz a patamar mínimo de contratação em certas categorias, luz do respectivo instrumento normativo.
Salário básico ou salário base - compreende-se a contraprestação salarial fixa principal paga pelo empregador ao empregado, despojada das demais parcelas salariais que a ela frequentemente se somam (adicionais, gratificações, comissões, etc.)
Salário isonômico - representa a noção de contraprestação salarial em razão da identidade ou equivalência no exercício das funções e serviços no cenário da relação de emprego. 
Salário social - expressão de cunho eminentemente social.
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05.- Salário. Composição e distinções.
A análise da composição do salário revela a presença de distintas parcelas pagas diretamente pelo empregador ao empregado com caráter de retribuição, que podem ser classificadas em três grupos distintos, a saber:
I Parcelas salariais tipificadas - são aquelas previstas em regra legal, ainda que dela não recebam tipificação rigorosa. Trata-se de salário básico, abonos, percentagens, adicionais, gratificações habituais, inclusive 13º. salário, comissões. 
II Parcelas salariais não tipificadas - são aquelas instituídas pela criatividade privada, embora, após elaboradas, submetam-se às regras trabalhistas cabíveis. Ex. bônus, prêmios, gueltas, etc. 
III Parcelas salariais dissimuladas - são parcelas que, não tendo originalmente previsão do empregador para cumprimento de função salarial (aparentemente não o façam), cumprem efetivamente esse papel, de modo disfarçado, na prática contratual trabalhista. São as diárias para viagem e ajuda de custo fraudulentas.
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06.- Características do salário.
Conforme sistematização doutrinária, as características do salário sâo: 
I - Caráter alimentar - deriva do papel socioeconômico;
II - Caráter forfetário - traduz a circunstância de ser obrigação absoluta do empregador, independentemente da sorte do empreendimento;
III - Indisponibilidade - não pode ser objeto de renúncia ou transação lesiva;
IV - Irredutibilidade - não pode ser reduzido;
V - Periodicidade - é marca essencial do salário, na qualidade de obrigação de trato sucessivo. No Direito Brasileiro, a parcela salarial básica não pode ser calculada e paga por além do parâmetro temporal mensal;
VI - Persistência ou continuidade - prestação de trato sucessivo, de tal que nem a teoria da imprevisão no mesmo força maior seriam capazes de desobrigar o empregador de responder por sua obrigação de pagar;
VII - Natureza composta - o salário compõe-se não apenas de um salário básico, como também, regra geral, de diversas outras parcelas, a exemplo de comissões, prêmios, adicioais, etc.;
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06.- Características do salário.
Conforme sistematização doutrinária, as características do salário sâo: 
…
VIII -Tendência à determinação heterônoma - é fixado mediante o exercício da vontade unilateral ou bilateral das partes contratantes;
IX - Pós-numeração (postnumeratio) - os salários são parcelas devidas e pagas depois de ultrapassada a dilação temporal correspondente a seu cômputo (hora, dia, semana, quiznena, mÊs);
X - Caráter sinalagmático e comutativo - desponta do fato de a parcela salarial contrapor-se à obrigação obreira de prestar os serviços contratados ou de, pelo menos, colocá-los à disposição do empregador;
XI - Proporcionalidade - a quantificação do salário, via de regra, obedece uma formula em que se combinam a aptidão profissional do trabalhador e o quadro de ofertas disponíveis de trabalhadores com idêntica
aptidão. 
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07.- Classificação do salário.
Os salários podem ser classificados segundo distintas tipologias, restando certo que quatro são as mais comuns, quais sejam: 
quanto ao posicionamento original da parcela no conjunto do Direito;
quanto à origem de fixação da parcela remuneratória;
quanto à forma de pagamento da parcela; 
quanto ao modo de aferição do salário.
08.- Modos de aferição.
Salário por unidade de tempo,
Salário por unidade de obra,
Salário tarefa.
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09.- Meios de pagamento salarial.
O Direito do Trabalho autoriza o pagamento do salário em pecúnia ou em bens ou serviços, designados sob o epíteto genérico de utilidades.
Caracterização do salário utilidade - a caracterização da entrega de bens ou serviços como salário utilidade tem como pressupostos a habitualidade (repetição uniforme em certo contexto temporal) e o objetivo contraprestativo (È preciso que a utilidade seja fornecida preponderantemente com intuito retributivo) do fornecimento.
O papel da forma jurídica confessora da utilidade - A norma jurídica contida em lei, ACT, CCT ou sentença normativa pode negar caráter salarial a serviço ou bem que estipula poder ou dever ser ofertado pelo empregador ao empregado. É o que ocorre em relação ao fornecimento de alimentos, exemplificativamente, se fornecido para viabilizar a prestação de serviços (Plataforma marítima, lugar inóspito, etc.), ou ainda, se fornecida nos moldes previstos no PAT Programa de Alimentação do Trabalhador.
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10.- Rol de utilidades pertinentes.
A CLT apresenta um rol meramente exemplificativo de utilidades passíveis de apropriação salarial, a exemplo da alimentação, vestuário, moradia, etc.
Diversamente, ha expressa exclusão legal no conjunto desse rol; bebidas alcoólicas, cigarros e drogas nocivas.
11.- Repercussões da utilidade no Contrato de Trabalho.
O salário utilidade, quando reconhecido, passa a integrar o salário base, produzido reflexos nas parcelas trabalhistas de 13º. salário, FGTS, férias, aviso prévio etc., sendo computada, ainda, no salário de contribuição mensal do obreiro perante a Previdência Social.
Cumpre anotar, por oportuno, que a legislação vigente exige que o obreiro receba em dinheiro pelo menos 30% do valor da remuneração. 
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12.- Parcelas salariais.
Salário básico - é a contraprestação fixa.
Abono - antecipação salarial compensável.
Adicionais legais - insalubridade, periculosidade, noturno.
Adicionais convencionais - por tempo de serviço, adicional de boa permanência, etc. 
Gratificações - parcela que o empregador paga em razão de evento ou circunstância tida como relevante pelo empregador (Convencionais) ou por imposição legal
13º. Salário - Gratificação natalina decorrente de texto legal.
Comissões - parcela paga pelo empregador em razão de uma produção alcançada pelo obreiro no contexto do CT. Normalmente paga a vendedores ou pracistas.
Prêmios - Parcela que o empregador paga em razão de evento ou circunstância por ele considerada relevante e vinculada à conduta individual do obreiro.
Ajuda de custo, dirias de viagem, aluguel de veículos, etc.
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13.- Parcelas peculiares ao contrato do atleta proissional.
Luvas - retribuição material paga pela entidade empregadora na celebração ou renovação do contrato. Tem natureza salarial.
Bichos - Parcela econômica variável e condicional.
Direito de Imagem - pagamento pela cessão do direito de uso da imagem do atleta pela participação individual em obra coletiva.
Direito de Arena - correlacionada ao direito de imagem, corresponde à cota parte devida aos atletas em razão do valor que a equipe recebe pela autorização da transmissão dos eventos esportivos.
14.- Sistema de garantias salariais.
I - Proteções jurídicas quanto ao valor do salário.
Irredutibilidade salarial.
Correção salarial (Data base).
Patamar salarial mínimo imperativo.
Piso salarial estadual.
Salário profissional.
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14.- Sistema de garantias salariais.
II - Proteções jurídicas contra abuso do empregador.
Do pagamento: 
 Tempo - até o 5º. dia útil do mês subsequente ao da prestação;
 Lugar - no local de trabalho
 Meios - moeda nacional.
Irredutibilidade salarial.
Intangibilidade salarial.
III - Proteções jurídicas contra discriminações na relação de…
Isonomia.
Substituição.
Terceirização.
IV - Proteções jurídicas contra credores do empregador.
Caráter alimentar do salário.
V - Proteções jurídicas contra credores do empregado.
Impenhorabilidade do salário.
Inviabilidade da cessão do crédito salarial.
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Remuneração e Salário.
Se a dúvida está lhe desafiando e você não agir, as dúvidas crescerão. Desafie as dúvidas com ação e você crescerá. Dúvida de ação são incompatíveis.
 John Kanary